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Opções metodológicas
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Vencedor do prêmio Pulitzer em 2014
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Roth, 1979, p. 295). Além de que, pela moldura teórica da hipótese do agenda-setting
(McCombs & Shaw, 1972) e do modelo da dependência (DeFleur & Ball-Rokeach,
1976), notamos respectivamente a influência dos media sobre a agenda pública e a
dependência dos cidadãos em relação aos media.
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mundo da vida cotidiana se autoproclama e quando um de seus indivíduos queira
contestá-lo é necessário um deliberado esforço (p. 41) e, agregado a isso, comumente
há pouco interesse por parte dos indivíduos em ir além do conhecimento pragmático
necessário para a própria realidade, assim a validade do conhecimento da vida
cotidiana de cada um é suposta certa por si (p. 64).
Dessa forma, observar e analisar o influência mediática nas decisões políticas
acerca do impeachment não pode ser uma tarefa cotidiana executada pelo público,
pois este precisaria de um tremendo esforço para contestar a realidade que se supõe
correta: que cada esfera (mediática, pública e política) cumpre o seu papel de forma
isonômica e sem interesses que beneficiem a si ou corporações que fazem parte ou
interferências externas. Assim, estudar esse cenário exige um processo analítico e rigor
científico e acadêmico.
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se às normas de um grupo ou significados de uma comunidade (p. 319). Por isso, a
importância dos media como instituição que norteia e explica as diferentes realidades.
Sendo este um trabalho exploratório, traz perspectivas e ideias que devem ser
traduzidas numa linguagem e formas que permitam o trabalho sistemático de recolha e
análise de dados, de observação ou experimentação (Quivy & Campenhoudt, 1995, p.
15). A construção de um modelo de análise (ver figura 2) exemplifica a conexão entre a
problemática e o objeto de estudo e, a partir do modelo, serão definidas hipóteses
operacionais para testar a sua veracidade.
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Figura 1. Modelo de análise
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a) Objectivos operacionais
Esta técnica assume como objetivo geral entender a percepção da opinião
pública brasileira sobre a influência da agenda midiática (a) sobre si em relação ao
processo de impeachment no Brasil em 2016; e (b) sobre o próprio processo
de impeachment. Os objectivos operacionais assentam em:
I. Observar como a população se informa sobre política para, então, analisar a
permeabilidade da agenda midiática na agenda pública.
II. Inferir os hábitos informativos dos cidadãos: se é um consumidor passivo ou
ativo/ crítico das notícias e/ou se cria opiniões próprias e conteúdo novo a
partir delas.
IV. Perceber como os inquiridos enxergam a influência dos media sobre o processo
de impeachment.
VI. Utilizando a perspectiva do third person effect, que advoga que “as pessoas vão
tender a superestimar a influência que a comunicação de massa tem no
comportamento e nas posturas dos outros” (Davison, 1983, p. 3), perceber
como (e se) as pessoas acham que são influenciadas pelos media e como agiria
essa mesma influência nos demais cidadãos.
b) Universo e tipo de amostra
IV. Com a devida proporção territorial, pelo produto interno bruto – PIB;
V. E predominante no setor de serviços, seguido pelo setor da indústria e
nos dados correspondentes ao PIB per capita, onde a curva de crescimento é
semelhante, se iniciando cerca dos 22.500 reais e se aproximando dos 30.000 ao
decorrer da década.
Dessa forma, buscou-se maior homogeneidade entre os dados no universo
estudado e precisão científica.
Dentro dessa amostra, decidiu-se estratificá-la pelo critério de renda mensal
baseado na hipótese do knowledge gap, já que este critério económico apresenta
grande disparidade no país e com forte influência para a percepção e análise crítica das
mensagens passadas pelos media (Tichenor, Donohue e Olien, 1970). Sobre a hipótese
dno knowledge gap em si, Gaziano (1983), avaliando 58 outros estudos que testam a
hipótese, chega à conclusão que a renda é um critério substancial para entender a
opinião dos indivíduos e, em geral, (1) quanto maior o nível de educação, maior o
conhecimento sobre temas diversos, ou seja, quanto maior a renda, será mais provável
que aquele indivíduo tenha mais conhecimento e, também, opinião crítica sobre o
tema e (2) quanto maior a divulgação sobre um determinado tema nos media, menor
será o knowledge gap, ou seja, os indivíduos com uma renda menor terão mais acesso
à informação e opinião sobre temas de importância social a partir do media agenda-
setting. Dessa forma, o critério de renda torna-se fundamental para perceber a opinião
pública brasileira a respeito do tema.
Weakliem e Andersen (2005) realizaram um estudo em vários países (entre eles
o Brasil) questionando e associando a opinião pública à distribuição de renda através
da análise de pesquisas feitas pelo World Values Surveys e pelo International Social
Science Programme e, entre as conclusões dos pesquisadores, estão que (1) a opinião
de pessoas de renda mais alta "importa" mais do que a opinião de pessoas de renda
mais baixa, ou seja, socialmente a opinião daqueles que detêm maior poder
econômico é considerada mais importante e passa a ser seguida pelos outros, além de
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lhe creditarem maior sabedoria assumindo que por ter uma renda maior, esses
indivíduos seriam mais intelectuais e, além disso, (2) os efeitos da opinião pública são
mais fortes em regimes democráticos, ou seja, nos regimes democráticos, como não há
de surpreender, há mais espaço para debate e formação de uma opinião pública crítica
por parte da sociedade.
Estas conclusões influenciam diretamente o cenário aqui estudado, visto que há
uma grande disparidade de distribuição de renda no Brasil que alcança o Coeficiente
Gini2 de 0,50, conforme Relatório da Distribuição Pessoal da Renda e da Riqueza da
População Brasileira (2016).
Somado ao Coeficiente Gini, é possível observar o cenário de disparidade de
distribuição a partir dos salários declarados em 2015 (anexo X) e a comparação entre
quantos indivíduos se encaixam em casa quadrante.
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Medida de desigualdade social desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini, e publicada no
documento "Variabilità e mutabilità" ("Variabilidade e mutabilidade" em italiano).
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Tabela 1: Renda mensal familiar em Recife, no ano de 2015
Sendo assim, após recorrer à literatura e aos dados estatísticos, foi possível
estratificar a amostra da pesquisa (400 inquiridos) conforme o critério de distribuição
de renda, exemplificado na tabela 2.
Tabela 2: Proporção de inquiridos por renda na amostra representativa
a. Dimensões do questionário
O inquérito elaborado conta com 20 perguntas divididas em 3 sessões
principais: Caracterização Sociodemográfica, Informação Política e Impeachment (ver
apêncide X) e foi aplicado através da plataforma do google drive.
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Antes da aplicação do questionário para a amostra, foi realizado um pré-teste
(ver apêndice X), a fim de testar a aplicabilidade do inquérito e minimizar os erros.
VI. Entrevistas
A entrevista em profundidade é escolhida, por ser mais flexível e aberta
(Sampieri, Collado & Lucio, 2006, p. 381), com guião semi-estruturado, para que os
pontos mais importantes não deixem de ser comentados, mas também não haja
restrições para possíveis complementos significativos por parte dos entrevistados. Para
isso, foram escolhidos atores envolvidos neste desfecho do cenário político e
estudiosos que possam somar outros pontos de vista à pesquisa.
Por ser um processo indutivo que tem como foco a fidelidade ao universo de
vida cotidiana dos sujeitos (Alves & Silva, 1992, p. 61), ou seja, se aproxima
consideravelmente do cenário real experienciado pelos entrevistados, a entrevista se
insere no estudo como método de pesquisa para agregar conhecimento, descobertas e
conclusões junto com os outros métodos aplicados anteriormente.
a. Objetivo geral
Entender o cenário do impeachment e atuação dos media a partir de diferentes
pontos de vista e perspectivas.
b. Objetivos específicos
I) Questionar a permeabilidade da agenda mediática na agenda política e
agenda pública;
II) Perceber a mudança da opinião pública, que elegeu Dilma Rousseff em
outubro de 2014 e aprovou o processo de impeachment menos de dois anos depois;
III) Indagar sobre a possibilidade das elites económicas e políticas induzirem
assuntos à agenda mediática;
IV) Interpelar sobre a conexão entre a agenda mediática sobre a temática
do impeachment e as manifestações a favor do impedimento – hipótese do agenda-
setting.
a) Painel de entrevistados
Com o propósito de entender melhor os acontecimentos sociais e as diferentes
perspectivas envolvidas no assunto, foram realizadas tentativas e entrevistas conforme
o painel de entrevitados (tabela X):
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Tabela 3:Painel de entrevistados
VII. Análises
A análise de conteúdo inclui fases, que são: (1) a pré-análise, que inclui a
escolha, composição e justificação do corpus, bem como o período em que os dados
devem ser recolhidos), (2) a leitura flutuante e (3) o tratamento dos resultados,
inferências e interpretação.
a. Objetivos operacionais:
1) Perceber a incidência de notícias relacionadas ao impeachment em
relação aos demais temas mencionados no período de recolha de dados;
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2) Analisar a linguagem, direcionamento (favoravél, desfavorável ou
neutro) e ideologias trasnmitidas nessas mensagens relativas ao impeachment.
3) Observar aspectos presentes na agenda mediática compadamente aos
aspectos verificados nos inquéritos e análise da opinião pública
b. Análise de conteúdo
O emprego da análise de conteúdo nas ciências sociais é cada vez maior devido
à capacidade de conciliar o rigor metodológico e a profundidade inventiva (Quivy &
Campenhoudt, 1995). Esta técnica é utilizada com o obejtivo de sistematizar e
categorizar os dados coletados e, assim, estudá-los de forma eficaz. É utilizada, nesta
investigação, como um conjunto de técnicas de análise das comunicações (Bardin,
2009, p. 31).
A análise de conteúdo é uma técnica que “visa a sistematização de informação,
de acordo com a aplicação de processos de codificação, categorização e inferência
permitindo um alcance analítico de natureza quantitativa e/ou inferencial, consoante
os objetivos e técnicas de análise” (Espírito Santo, 2010, p. 66).
Opta-se pela análise temática e categorial, atendendo a que nos interessa o
tema e a organização do corpus em categorias. Recorre-se a uma pós-codificação, pois
as categorias são definidas a partir das especificidades do corpus e apuradas na leitura
flutuante. Assim, as dimensões de categorias analisadas foram divididas em conteúdo e
forma (conforme apêndices X e X).
Esta codificação foi feita a fim de tratar o corpus. Dessa forma, foi efetuada uma
transformação (seguindo regras precisas) do material recolhido numa representação
do conteúdo, possibilitando esclarecer características da mensagem (Bardin, 2009, p.
103). A partir da análise de conteúdo, foi realizada a análise estatística descritiva e
inferencial, recorrendo a alguns testes de independência.
VIII. Pré-análise
I) Escolha, composição e justificaçao do corpus e período de recolha de
dados
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Figura 4. Descrição do tráfego do portal UOL em maio 2016
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Respeitando as regras da (1) exaustividade, ou seja, levando em consideração
todos os elementos do corpus, (2) da representatividade, ao analisar os media da
televisão, jornal impresso, revista, media digitais e media internacionais, (3) da
homogeneidade, já que o corpus foi definido através dos critérios de circulação e
audiência e, assim, os materiais de análise são homogêneos no critério da escolha e
não apresentam demasiada singularidade fora desses critérios, e (4) da pertinência,
visto que são os media de maior impacto no país e o tema abordado se refere a todo o
cenário político nacional (Bardin, 2009, pp. 96-98), foi definida a codificação utilizada
para a análise de conteúdo.
a. Análise do discurso
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necessária uma certa conversão do olhar e da atitude para poder reconhecê-lo e
considerá-lo em si mesmo” (Foucault, 1986 , p. 126).
X. Hipóteses
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