Você está na página 1de 5

CARREIRA JURÍDICA

Direito Tributário
Renato de Pretto

2. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA, EM MOEDA (iv) Exceções ao pagamento em pecúnia: art.


OU CUJO VALOR NELA SE EXPRIMA 156, XI, CTN (dação em pagamento em bem
imóvel) e art. 162, CTN (cheque ou vale
(iii) art. 141, CTN x criação por normas locais postal, estampilha, papel selado ou por
de outras formas de extinção do crédito processo mecânico);
tributário (*). (v) títulos da dívida pública? Não, mas
possível eventual compensação (art. 170,
- Extinção do crédito tributário por lei estadual CTN);
ante decurso do prazo para apreciação de (vi) valor expresso em indexador (ex.:
defesa administrativa: nova forma de UFESP): possibilidade - art. 24, I, CF.
tratamento da decadência –
inconstitucionalidade da norma regional (*): 3. NÃO SE CONSTITUI SANÇÃO DE ATO
ILÍCITO
“Norma do Estado de Santa Catarina que (i) ≠ multa (receita derivada também) -
estabelece hipótese de extinção do crédito finalidades distintas;
tributário por transcurso de prazo para (ii) natureza tributária da multa (art. 113,
apreciação de recurso administrativo fiscal. CTN): obrigação tributária principal (*);
(...) A determinação do arquivamento de
processo administrativo tributário por decurso Art. 113, CTN. A obrigação tributária é
de prazo, sem a possibilidade de revisão do principal ou acessória.
lançamento equivale à extinção do crédito § 1º A obrigação principal surge com a
tributário cuja validade está em discussão no ocorrência do fato gerador, tem por objeto o
campo administrativo. pagamento de tributo ou penalidade
pecuniária e extingue-se juntamente com o
Em matéria tributária, a extinção do crédito crédito dela decorrente.
tributário ou do direito de constituir o crédito
tributário por decurso de prazo, combinado a (iii) execução fiscal (art. 2º, caput, Lei nº
qualquer outro critério, corresponde à 6.830/80) – abrangência de dívidas tributárias
decadência. Nos termos do Código Tributário e não tributárias (*);
Nacional (Lei 5.172/1966), a decadência do
direito do Fisco ao crédito tributário, contudo, Art. 2º, Lei nº 6.830/80:
está vinculada ao lançamento extemporâneo Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública
(constituição), e não, propriamente, ao aquela definida como tributária ou não-
decurso de prazo e à inércia da autoridade tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de
fiscal na revisão do lançamento originário. 1964, com as alterações posteriores, que
Extingue-se um crédito que resultou de estatui normas gerais de direito financeiro
lançamento indevido, por ter sido realizado para elaboração e controle dos orçamentos e
fora do prazo, e que goza de presunção de balanços da União, dos Estados, dos
validade até a aplicação dessa regra Municípios e do Distrito Federal.
específica de decadência. O lançamento
tributário não pode durar indefinidamente, sob (iv) desapego à origem remota – teoria do non
risco de violação da segurança jurídica, mas a olet - art. 118, I, CTN (*) (*).
Constituição de 1988 reserva à lei - irrelevância da ilicitude subjacente;
complementar federal aptidão para dispor
sobre decadência em matéria tributária. Viola Art. 118, I, CTN:
o art. 146, III, b, da CF, norma que estabelece A definição legal do fato gerador é
hipótese de decadência do crédito tributário interpretada abstraindo-se:
não prevista em lei complementar federal.” I - da validade jurídica dos atos efetivamente
(STF, ADI 124, Rel. Min. Joaquim Barbosa, praticados pelos contribuintes, responsáveis,
julgamento em 1º-8-2008, Plenário, DJE de ou terceiros, bem como da natureza do seu
17-4-2009). objeto ou dos seus efeitos;

“Non olet” e atividade ilícita:

www.cers.com.br 1
CARREIRA JURÍDICA
Direito Tributário
Renato de Pretto

É possível a incidência de tributação sobre que se tributa é o aumento patrimonial e não


valores arrecadados em virtude de o próprio tráfico. Nesse caso, a ilicitude é
atividade ilícita, consoante o art. 118 do circunstância acidental à norma de tributação.
CTN. Com base nessa orientação, a 1ª Turma No caso de importação ilícita, reconhecida a
conheceu parcialmente de habeas corpus e, ilicitude e aplicada a pena de perdimento, não
na parte conhecida, por maioria, denegou a poderá ser cobrado o imposto de importação,
ordem. Na espécie, o paciente fora já que ‘importar mercadorias’ é elemento
condenado pelo crime previsto no art. 1º, I, da essencial do tipo tributário. Assim, a ilicitude
Lei 8.137/1990 e sustentava a atipicidade de da importação afeta a própria incidência da
sua conduta, porque inexistiria obrigação regra tributária no caso concreto.” (STJ, 2ª T.,
tributária derivada da contravenção penal do REsp 984.607/PR, Rel. Ministro CASTRO
jogo do bicho (Decreto-Lei 6.259/44, art. 58). MEIRA, out/08).
O Min. Dias Toffoli, relator, assinalou que a
definição legal do fato gerador deveria ser - Princípio do “non olet” e princípio da
interpretada com abstração da validade vedação à autoincriminação:
jurídica da atividade efetivamente praticada,
bem como da natureza do seu objeto ou dos RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA A
seus efeitos. Ressaltou que a possibilidade de ORDEM TRIBUTÁRIA. SONEGAÇÃO
tributação da renda obtida em razão de FISCAL. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA NÃO
conduta ilícita consubstanciar-se-ia no AUTO-INCRIMINAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA.
princípio do non olet. Assim, concluiu que o RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. O
réu praticara sonegação fiscal, porquanto não princípio “nemo tenetur se detegere” refere-se
declarara suas receitas, mesmo que à garantia da não auto-incriminação, segundo
resultantes de ato contravencional. O Min. o qual ninguém pode ser forçado, por
Luiz Fux aludiu ao caráter sui generis da qualquer autoridade ou particular, a fornecer
teoria geral do direito tributário. Acrescentou involuntariamente qualquer tipo de informação
que seria contraditório o não-pagamento do ou declaração que o incrimine, direta ou
imposto proveniente de ato ilegal, pois indiretamente. Trata-se de princípio de caráter
haveria locupletamento da própria torpeza em processual penal, já que intimamente ligado à
detrimento do interesse público da satisfação produção de provas incriminadoras. Já o
das necessidades coletivas, a qual se daria princípio “pecunia non olet” carrega consigo a
por meio da exação tributária. Vencido o Min. idéia de igualdade de tratamento entre as
Marco Aurélio, que concedia a ordem por pessoas que tenham capacidade contributiva
entender que recolhimento de tributo semelhante, independentemente da maneira
pressuporia atividade legítima. (STF, HC utilizada para alcançar essa disponibilidade
94240/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 23.8.2011). econômica, isto é, não importa se o
rendimentos tributáveis tenham ou não fonte
*CUIDADO* lícita. Cuida-se de princípio de direito
STJ: “ (...) 2. O art. 118 do CTN consagra o tributário. Tais princípios não se contrapõem,
princípio do ‘non olet’, segundo o qual o seja pela questão topográfica em que se
produto da atividade ilícita deve ser tributado, encontram no direito, seja porque um não
desde que realizado, no mundo dos fatos, a limita ou impossibilita a aplicação do outro,
hipótese de incidência da obrigação tributária. até mesmo porque o princípio “pecunia non
3. Se o ato ou negócio ilícito for acidental à olet” despreza a origem da fonte econômica
norma de tributação (= estiver na periferia da tributável - se lícita ou ilícita. 2. A
regra de incidência), surgirá a obrigação necessidade de se recolher impostos surge
tributária com todas as consequências que com o fato de se auferir renda, pouco
lhe são inerentes. Por outro lado, não se importando se essa renda é lícita ou ilícita,
admite que a ilicitude recaia sobre elemento não ensejando, por isso mesmo, qualquer
essencial da norma de tributação... ingerência no princípio da não auto-
incriminação, do contrário dificilmente se
4. Assim, por exemplo, a renda obtida com o vislumbraria a prática de crimes contra a
tráfico de drogas deve ser tributada, já que o ordem tributária, que geralmente estão

www.cers.com.br 2
CARREIRA JURÍDICA
Direito Tributário
Renato de Pretto

ligados ao cometimento de outros delitos, 3) Contribuição de Melhoria;


como por exemplo, contra o sistema 4) Empréstimos Compulsórios;
financeiro nacional. 3. Recurso especial 5) Contribuições Especiais
desprovido. (STJ, REsp 1208583/ES, Rel. 5) Contribuições Especiais:
MIN. LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, 5.1) Sociais: - gerais;
julgado em 04/12/2012, DJe 11/12/2012). - de seguridade social;
5.2) de intervenção no domínio econômico;
4. COBRANÇA POR MEIO DE ATIVIDADE 5.3) de interesse de categorias
ADMINISTRATIVA PLENAMENTE profissionais/econômicas;
VINCULADA 5.4) CIP/COSIP.
(i) obrigação do lançamento (art. 142, p.ú,
CTN) (*); 2. Quanto à competência impositiva

Art. 142, CTN: Compete privativamente à (i) Tributos federais, estaduais e municipais;
autoridade administrativa constituir o crédito (ii) DF: competência cumulativa ou múltipla ou
tributário pelo lançamento, assim entendido o competência impositiva dobrada (artigos 147,
procedimento administrativo tendente a parte final e 155, CF).
verificar a ocorrência do fato gerador da
obrigação correspondente, determinar a Art. 147, CF. Competem à União, em
matéria tributável, calcular o montante do Território Federal, os impostos estaduais e, se
tributo devido, identificar o sujeito passivo e o Território não for dividido em Municípios,
sendo caso, propor a aplicação da penalidade cumulativamente, os impostos municipais; ao
cabível. Distrito Federal cabem os impostos
Parágrafo único. A atividade administrativa de municipais.
lançamento é vinculada e obrigatória, sob
pena de responsabilidade funcional. 3. Quanto à vinculação à atuação estatal
(ii) liminar: suspensão apenas da exigibilidade (i) Tributos vinculados (caráter retributivo ou
do crédito tributário (art. 151, IV e V, do CTN) comutativo) e não vinculados (caráter
mas não da obrigação do lançamento (STJ) contributivo);
(*). (ii) art. 4º, CTN: derrogação (*);
- relevância da correlação do fato
ICMS – PRAZO DECADENCIAL – gerador com a base de cálculo;
LANÇAMENTO NÃO EFETUADO – LIMINAR - relevância da destinação legal da
CONCEDIDA. A Fazenda Pública tem o arrecadação nos empréstimos compulsórios e
prazo decadencial de cinco anos para nas contribuições especiais;
constituir o crédito tributário pelo lançamento,
sem o qual não há que se falar em suspensão Art. 4º, CTN. A natureza jurídica específica
ou interrupção do prazo. A medida liminar do tributo é determinada pelo fato gerador da
concedida em mandado de segurança não respectiva obrigação, sendo irrelevantes para
tem o condão de paralisar o lançamento, mas qualificá-la:
sim a sua exigibilidade, ou seja, a sua
cobrança. O Judiciário pode anular o I - a denominação e demais características
lançamento já constituído, mas não impedir a formais adotadas pela lei;
sua constituição. (STJ –REsp no 157.908-SP). II - a destinação legal do produto da sua
arrecadação.
CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS
(iii) Relevância da destinação – art. 9º, Lei nº
1. Quanto às espécies 4.320/64 e S. 353, STJ (*) (*).
- Teoria pentapartide ou quinquipartide (STF)
(*): Art. 9º, Lei nº 4.320/64. Tributo é a receita
derivada instituída pelas entidades de direito
1) Impostos; público, compreendendo os impostos, as
2) Taxas; taxas e contribuições nos termos da

www.cers.com.br 3
CARREIRA JURÍDICA
Direito Tributário
Renato de Pretto

Constituição e das leis vigentes em matéria STF (ADI 2.059/PR):


financeira destinando-se o seu produto ao
custeio de atividades gerais ou específicas 1. Preceito contido em lei paranaense, que
exercidas por essa entidades. destina 0,2% [zero vírgula dois por cento]
sobre o valor do título do imóvel ou da
S. 353, STJ: As disposições do Código obrigação, nos atos praticados pelos cartórios
Tributário Nacional não se aplicam às de protestos e títulos, registros de imóveis,
contribuições para o FGTS. títulos e documentos e tabelionatos, ao Fundo
de Reequipamento do Poder Judiciário —
4. Quanto à função FUNREJUS não ofende o art. 167, inciso IV,
da Constituição do Brasil. Precedentes. 2. A
(i) Fiscal; norma constitucional veda a vinculação da
(ii) extrafiscal (exemplos – benefícios receita dos impostos, inexistindo, na
fiscais: contratação de funcionários Constituição, preceito análogo pertinente às
com mais de 40 anos – STF, ADI taxas. Pedido julgado improcedente.
1.276 - constitucionalidade; desconto
de IPVA para não infratores – STF, (ii) Coincidência de base de cálculo de
ADI 2301 - constitucionalidade); imposto e contribuição – possibilidade (*)
(iii) parafiscal.
“não se aplica às contribuições sociais novas
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS a segunda parte do inciso I do artigo 154 da
Carta Magna, ou seja, que elas não devam ter
1. IMPOSTOS (arts. 16/76, CTN) fato gerador ou base de cálculos próprios dos
impostos discriminados na Constituição”
(i) Conceito (STF; RE 231096; MG; Primeira Turma; Rel.
- Princípio da solidariedade social Min. Moreira Alves; Julg. 02/03/1999; DJU
(“revelações de riqueza do contribuinte”); 21/05/1999; p. 00032);
- princípio da não-afetação do produto
da arrecadação dos impostos (art. 167, IV, - Outro precedente: STF, RE 228.321-RS,
CF) ≠ taxas (*); rel. Min. Carlos Velloso, 01.10.98.
- afetação dos impostos
pela lei orçamentária anual; (iii) Art. 146, III, “a”, CF (uniformidade de
incidência tributária): lei complementar para
Art. 167, CF. São vedados: Fato Gerador, Base de Cálculo e
Contribuintes (*);
IV - a vinculação de receita de impostos a
órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a Art. 146, CF. Cabe à lei complementar:
repartição do produto da arrecadação dos
impostos a que se referem os arts. 158 e 159, III - estabelecer normas gerais em matéria de
a destinação de recursos para as ações e legislação tributária, especialmente sobre:
serviços públicos de saúde, para manutenção
e desenvolvimento do ensino e para a) definição de tributos e de suas espécies,
realização de atividades da administração bem como, em relação aos impostos
tributária, como determinado, discriminados nesta Constituição, a dos
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e respectivos fatos geradores, bases de cálculo
37, XXII, e a prestação de garantias às e contribuintes;
operações de crédito por antecipação de
receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como (iv) Princípio informador: capacidade
o disposto no § 4º deste artigo; contributiva
- possível aplicação a todas as
espécies tributárias (STF, RE176.382) e S.
667, STF;

www.cers.com.br 4
CARREIRA JURÍDICA
Direito Tributário
Renato de Pretto

2. TAXAS (arts. 77/80, CTN)


(i) Conceito – art. 145, II, CF (*).

Art. 145, II, CF: A União, os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:
(...)
II - taxas, em razão do exercício do poder de
polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial,
de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição;

www.cers.com.br 5

Você também pode gostar