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Brasília, 11 a 19 de dezembro de 2017 Nº 888

Data de divulgação: 11 de janeiro de 2018


Este Informativo, elaborado com base em notas tomadas nas sessões de
julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos de decisões proferidas pelo
Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja
uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a publicação
do acórdão no Diário da Justiça.

SUMÁRIO
Plenário
Acordo de colaboração premiada e delegado de polícia
Embargos de declaração em embargos de declaração e efeitos infringentes - 3
Imunidade formal do Presidente da República e aplicabilidade a codenunciados
1ª Turma
Empresas Públicas e execução de débitos via precatório
Lei de Anistia e prescrição de crimes de lesa-humanidade - 2
Repercussão geral e reclamação: impossibilidade
2ª Turma
“Habeas corpus” e medida cautelar de afastamento de cargo público
Inovações Legislativas
Outras Informações

PLENÁRIO

DIREITO CONSTITUCIONAL – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Acordo de colaboração premiada e delegado de polícia


O Supremo Tribunal Federal iniciou o julgamento de ação direta de inconstitucionalidade
ajuizada contra os §§ 2º e 6º do art. 4º (1) da Lei 12.850/2013, que conferem legitimidade ao
delegado de polícia para conduzir e firmar acordos de colaboração premiada.

Após o voto do ministro Marco Aurélio (relator), que julgava improcedente o pedido e
dos votos dos ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Roberto Barroso, Rosa Weber,
Luiz Fux e Dias Toffoli, que o julgavam parcialmente procedente, nos termos de seus votos, o
Tribunal, por unanimidade, ao acolher proposta do relator, deliberou adiar o julgamento para sua
continuação com a presença de todos os integrantes da Corte.

(1) Lei 12.850/2013: “Art. 4º (...) § 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério
Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério
Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse
benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-lei nº 3.689,
de 3 de outubro de 1941. (...) § 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a
formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a
manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu
defensor”.

ADI 5.508/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13 e 14.12.2017. (ADI-5508)


Parte 1: Parte 1:
Parte 2: Parte 2:
Parte 3: Parte 3:
Parte 4:

1
DIREITO PENAL – APLICAÇÃO DA PENA

Embargos de declaração em embargos de declaração e efeitos infringentes - 3


O Plenário concluiu julgamento de embargos de declaração interpostos em face de acórdão
proferido em ação penal na qual os embargantes foram condenados por fraude em licitação (v.
Informativos 820 e 838 ).

Constatado o empate na votação, a Corte deliberou conhecer dos embargos de declaração de


dois dos corréus, e os acolher, em parte, com efeitos modificativos; e rejeitar os embargos de
declaração de outro dos corréus, porém aplicando-lhe o disposto no art. 580 do Código de
Processo Penal (1).
Afirmou que, na linha de precedentes do Tribunal, verificado o empate no julgamento de
ação penal, deve prevalecer a decisão mais favorável ao réu.

Vencido, no ponto, o Ministro Marco Aurélio, que entendeu aplicável o art. 13, IX, “a”, do
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (2).

Assim, prevaleceu o voto proferido em assentada anterior pelo Ministro Dias Toffoli, no
sentido de que teria havido “bis in idem” quanto à valoração negativa da conduta social e da
personalidade dos embargantes. Os mesmos elementos que majoraram a culpabilidade também
justificaram a negativação de suas condutas sociais e personalidades. Desse modo, deve-se decotar
da pena-base a referida valoração negativa.

Igualmente, ainda na primeira fase da dosimetria, foram consideradas favoráveis aos


embargantes as consequências do crime, pois “os procedimentos licitatórios se aperfeiçoaram por
preços de mercado, tendo sido as obras e os serviços realizados”. Apesar desse reconhecimento, o
vetor não teria repercutido na pena.

Vencidos os Ministros Cámen Lúcia (relatora), Edson Fachin, Roberto Barroso, Rosa Weber
e Luiz Fux, que rejeitavam os embargos de declaração.

(1) CPP: “Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por
um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros”.
(2) RISTF: “Art. 13. São atribuições do Presidente: IX – proferir voto de qualidade nas decisões do Plenário,
para as quais o Regimento Interno não preveja solução diversa, quando o empate na votação decorra de ausência de
Ministro em virtude de: a) impedimento ou suspeição”.

AP 565 ED-ED/RO, rel. min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgamento em
14.12.2017. (AP-565)

DIREITO CONSTITUCIONAL – IMUNIDADE FORMAL

Imunidade formal do Presidente da República e aplicabilidade a codenunciados


A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, “caput”, da Constituição Federal (1)
(2), tem por finalidade tutelar o exercício regular dos cargos de Presidente da República e de
Ministro de Estado, razão pela qual não é extensível a codenunciados que não se encontram
investidos em tais funções.
Essa é a orientação do Plenário ao dar parcial provimento a agravos regimentais interpostos
contra decisão, por meio da qual, diante da negativa de autorização por parte da Câmara dos
Deputados para instauração de processo penal em face do Presidente da República e de Ministros
de Estado, fora determinado o desmembramento dos autos em relação a diversos investigados não
detentores de foro por prerrogativa de função no Supremo Tribunal Federal, determinando-se a
remessa dos autos ao competente juízo de primeira instância.
Nessa medida, a Corte ordenou a remessa dos autos à Seção Judiciária do Distrito Federal,
para livre distribuição, vencidos, tão somente quanto à destinação a ser dada aos autos, os

2
Ministros Edson Fachin (relator), Roberto Barroso, Rosa Weber e Cármen Lúcia (Presidente), que
os remetiam à 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba.
A Corte registrou que o regime de imunidades previsto na Constituição Federal, por se
tratar de exceção à norma de responsabilização por atos que afrontem regras dispostas no
ordenamento jurídico positivo, não admite interpretação extensiva, sendo legítima a incidência
apenas nas restritas hipóteses elencadas pelo Poder Constituinte. Assim, assentado o caráter
restritivo das imunidades formais previstas no art. 86, “caput”, e art. 51, I, da Constituição
Federal, a negativa de autorização por parte da Câmara dos Deputados impede o processamento da
denúncia, exclusivamente, em relação ao Presidente da República e aos Ministros de Estado
denunciados, sendo inviável a extensão dos efeitos de tal decisão, de natureza eminentemente
política, aos agravantes que não se encontram investidos nos referidos cargos.
Por outro lado, na linha de entendimento já sedimentado no Supremo Tribunal Federal,
deve-se proceder, como regra, ao desmembramento dos inquéritos e ações penais originárias no
tocante a coinvestigados ou a corréus não detentores de foro por prerrogativa de função,
admitindo-se, apenas excepcionalmente, a atração da competência originária quando se verifique
que a separação seja apta a causar prejuízo relevante, aferível em cada caso concreto.
Em acréscimo, observou-se que, considerada a autonomia do delito de organização
criminosa, eventuais crimes praticados no âmbito desta não ensejam, necessariamente, o
reconhecimento da conexão para processo e julgamento conjuntos. Essa autonomia é extraída da
parte final do preceito secundário do tipo previsto no art. 2º da Lei 12.850/2013 (3), na qual o
legislador ordinário, após estabelecer a sanção abstrata ao delito de organização criminosa,
ressalva as reprimendas correspondentes às infrações penais praticadas pelo grupo organizado.
Na espécie, não se verificou qualquer prejuízo no desmembramento dos autos em relação
aos não detentores de foro por prerrogativa de função no Supremo Tribunal Federal, sendo
incorreto afirmar que tal medida representaria a responsabilização indireta do Presidente da
República e dos Ministros de Estado em relação aos quais a denúncia encontra-se suspensa por
decisão da Câmara dos Deputados. Isso porque vige no ordenamento jurídico-penal pátrio o
princípio da responsabilidade subjetiva, como corolário do Direito Penal do fato, adequado ao
plexo de garantias vigente no Estado Democrático de Direito. Tal sistemática impõe ao órgão
acusatório o ônus da prova acerca dos elementos constitutivos do tipo penal incriminador, nos
termos do art. 156 do CPP (4), a ser exercido no seio do contraditório estabelecido em juízo, em
respeito à clausula do devido processo legal.
Assim, no que tange à acusação do delito de organização criminosa, caberá ao Ministério
Público Federal produzir os elementos de prova capazes de demonstrar, em relação a cada um dos
acusados, a perfeita subsunção das condutas que lhes são atribuídas ao tipo penal que tutela o bem
jurídico supostamente violado, em especial o seu elemento subjetivo, composto pelo dolo de
promover, constituir, financiar ou integrar organização criminosa.
No tocante à remessa dos autos ao juízo de primeira instância, prevaleceu o entendimento
do Ministro Alexandre de Moraes no sentido de não haver que se falar em prevenção relativamente
à 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba, dado que os fatos apurados naquele juízo
não teriam relação direta com a matéria investigada nos inquéritos ora em julgamento.
Na mesma oportunidade, o Plenário rejeitou pedido formulado da tribuna pela defesa de
dois dos agravantes para que se transformasse a prisão provisória que lhes fora imposta em prisão
domiciliar. Segundo a Corte, o processo específico em que se discute a matéria não estaria em
pauta, ausentes elementos mínimos necessários à apreciação do pleito defensivo. Vencido, no
ponto, o ministro Marco Aurélio, que deferia o pedido.

(1) CF/1988: “Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus
membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado”.
(2) CF/1988: “Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou
perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade”.
(3) Lei 12.850/2013: “Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa,
organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às
demais infrações penais praticadas”.
(4) Código de Processo Penal de 1941: “Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém,
facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II – determinar,
no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto
relevante”.

3
Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em
14 e 19.12.2017. (INQ 4483 e INQ 4327)

PRIMEIRA TURMA
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO – LIQUIDAÇÃO/CUMPRIMENTO/EXECUÇÃO

Empresas Públicas e execução de débitos via precatório


As empresas públicas e sociedades de economia mista não têm direito à prerrogativa de execução
via precatório.
Esse é o entendimento da Primeira Turma, que, por maioria, negou provimento a agravo
regimental em recurso extraordinário.
A agravante, empresa pública constituída com capital integralmente pertencente ao Estado do
Paraná e prestadora de serviço público, sustentava ter direito à execução de débitos via precatório,
consoante o art. 100 (1) da Constituição Federal (CF).
A Turma entendeu pela aplicação do art. 173, §1º, inciso II (2), da CF, o qual submete a empresa
pública ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
comerciais, trabalhistas e tributários. Assim sendo, observou incongruente considerar os bens integrantes
do patrimônio de empresas públicas, enquanto pessoas jurídicas de direito privado, como bens públicos, a
fim de gozar das vantagens decorrentes.
Vencido o ministro Alexandre de Moraes, que deu provimento ao agravo, por entender que
empresa pública prestadora de serviços tem direito à execução via precatório.

(1) Constituição Federal: “Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e
Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à
conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
abertos para este fim. ”.
(2) CF: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
definidos em lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo
sobre: (...) II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
comerciais, trabalhistas e tributários; ”.

RE 851711 AgR/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12.12.2017. (RE-851711)

DIREITO PENAL – EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE

Lei de Anistia e prescrição de crimes de lesa-humanidade - 2


O crime de sequestro, por ser permanente, não prescreve enquanto não for encontrada a pessoa ou o corpo.
Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, deferiu a extradição, requerida pelo
governo argentino, referente à atuação de indivíduo em práticas delituosas durante a ditadura militar argentina.
O extraditando, que à época era militar da marinha argentina, foi acusado de participação em crimes de
sequestro, tortura e eliminação de pessoas no período compreendido entre 1976 e 1983 (vide Informativo 882).
Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Alexandre de Moraes, que indeferiram a extradição por
entenderem que, apesar da dupla tipicidade dos fatos imputados (no Brasil e na Argentina), não se verifica o
requisito da dupla punibilidade, haja vista a não ratificação pelo Estado brasileiro da Convenção Interamericana
sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas, que prevê a imprescritibilidade dos delitos de lesa-humanidade.
Dessa forma, aplica-se o prazo máximo de vinte anos para prescrição, previsto no Código Penal brasileiro no art.
109, I (1).
Além disso, afirmou ser inválida a alegação da procuradoria sobre a permanência dos crimes de sequestro,
por se tratar de situação de desaparecimento. Nesse sentido, conforme o art. 1º da Lei 9.140/1995 (2), afastou a
adequação típica ao crime de sequestro e considerou presumida a morte dos indivíduos sequestrados, já que
extremamente provável.

4
Desse modo, ao reconhecer a impunibilidade, no Brasil, de fatos semelhantes ocorridos no período da
ditadura militar, presente a anistia bilateral, ampla e geral versada na lei 6.683/1979, e a prescrição dos delitos,
apontou a inviabilidade da entrega do extraditando.

(1) Código Penal: “Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no §1º do art. 110 deste
Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em vinte anos, se o máximo da pena é
superior a doze”.
(2) Lei 9.140/1995: “Art. 1º. São reconhecidos como mortas, para todos os efeitos legais, as pessoas que tenham participado, ou tenham
sido acusadas de participação, em atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, e que, por este motivo,
tenham sido detidas por agentes públicos, achando-se, deste então, desaparecidas, sem que delas haja notícias”.

Ext 1270/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em
12.12.2017. (Ext-1270)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO – RECURSOS

Repercussão geral e reclamação: impossibilidade


É inviável reclamação com fundamento em afronta ao julgado da ADC 16.
Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, negou provimento a agravo
regimental em reclamação.
No caso, a agravante, empresa pública, havia sido condenada ao pagamento de verbas
trabalhistas inadimplidas por empresa contratada na condição de tomadora de serviços.
Argumentou violada a autoridade da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na
Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 16 (DJE de 8.9.2011), que entendeu
constitucional o art. 71, §1º (1) da lei nº 8.666/1993 (Lei de Licitações).
A Turma pontuou que a tese firmada na ADC 16, no que toca à sua eficácia vinculante, foi
plenamente substituída com o julgamento do RE 760.931 (DJE de 11.9.2017) que, ao apreciar o
(Tema 246 ) da repercussão geral, firmou entendimento de que o inadimplemento dos encargos
trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos
termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93.
Desse modo, assentou inviável reclamação com fundamento nesse julgado, e que eventual
má aplicação dessa nova tese acerca da responsabilidade subsidiária da Administração Pública
pelos débitos trabalhistas de contrato deve ser impugnada, inicialmente, por meio de recursos, nos
termos do art. 988, §5º, II (2), do Código de Processo Civil (CPC).
Vencidos os ministros Marco Aurélio e Alexandre de Moraes, que deram provimento ao
agravo para julgar procedente a reclamação e cassar o acórdão reclamado na parte que atribui
responsabilidade subsidiária a empresa pública. Afirmaram ser viável o ajuizamento de reclamação
por ofensa ao decidido na ADC 16.

(1) Lei 8.666/1993: “Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e
comerciais resultantes da execução do contrato. § 1o A inadimplência do contratado, com referência aos encargos
trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem
poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o
Registro de Imóveis. ”
(2) Código de Processo Civil: “Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:
(...)
§ 5º É inadmissível a reclamação:
(...)
II – Proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida
ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as
instâncias ordinárias. ”.

Rcl 28623 AgR/BA, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 12.12.2017. (Rcl-28623)

SEGUNDA TURMA

DIREITO PROCESSUAL PENAL – HABEAS CORPUS

5
“Habeas corpus” e medida cautelar de afastamento de cargo público
O “habeas corpus” pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal
diversas da prisão. Com base nessa orientação, ao concluir o julgamento conjunto de duas impetrações, a
Segunda Turma, por maioria, concedeu a ordem para revogar a suspensão do exercício da função pública
de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Amapá e demais medidas cautelares pessoais
impostas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O Colegiado rejeitou, por maioria, a preliminar de inadequação da via eleita, suscitada sob o
argumento de inexistir ameaça à liberdade de locomoção.
Asseverou que, no caso, discute-se a ideia de proteção judicial efetiva e que a ação de “habeas
corpus” deve ser admitida para atacar medidas criminais que, embora diversas da prisão, afetem
interesses não patrimoniais importantes da pessoa física.
Se, por um lado, essas medidas são menos gravosas do que os encarceramentos cautelares, por
outro, são consideravelmente onerosas ao implicado. Mais do que isso, se descumpridas, podem ser
convertidas em prisão processual.
Enfatizou que, caso fechada a porta do “habeas corpus”, restaria o mandado de segurança. Nos
processos em primeira instância, talvez fosse suficiente para conferir proteção judicial recursal efetiva ao
alvo da medida cautelar. No entanto, naqueles de competência originária de tribunal, confundem-se, na
mesma instância, as competências para decretá-la e para analisar a respectiva ação de impugnação. Isso,
na prática, esvazia a possibilidade de impugná-la em tempo hábil.
No mérito, a Turma considerou que, conquanto o feito seja complexo, as medidas vigem por prazo
excessivo, sem amparo em fatos excepcionais que justifiquem seu alongamento. Apenas na fase de ação
penal, o afastamento dura mais de dois anos.
Vencido o ministro Edson Fachin. No tocante ao conhecimento, compreendeu que as imposições
cautelares não acarretam gravame ao direito de locomoção dos pacientes. Quanto ao mérito, denegou a
ordem. Entendeu que a marcha processual não ultrapassou os limites da razoabilidade.

HC 147303/AP, rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 18.12.2017. (HC-147303)


HC 147426/AP, rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 18.12.2017. (HC-147426)

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos Julgamentos por meio


eletrônico*
Em curso Finalizados
14.12.2017
Pleno 13.12.2017 1 5 66
19.12.2017
1ª Turma 12.12.2017 — 1 81 137
2ª Turma 12.12.2017 18.12.2017 4 70 237

* Emenda Regimental 51/2016-STF. Sessão virtual de 8 de dezembro de 2017 a 02 de fevereiro


de 2018.

INOVAÇÕES LEGISLATIVAS
A DE 11 DE DEZEMBRO DE 2017 A 11 DE JANEIRO DE 2018

Lei nº 13.540, de 18.12.2017- Altera as Leis 7.990, de 28 de dezembro de 1989, e 8.001, de 13


de março de 1990, para dispor sobre a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos
Minerais (CFEM). Publicada no DOU, Seção 1, Edição 242, p. 2, em 19.12.2017

Lei nº 13.545, de 19.12.2017- Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
Decreto-Lei n o 5.452, de 1 o de maio de 1943, para dispor sobre prazos processuais. Publicada
no DOU, Seção 1, Edição 243, p. 10, em 20.12.2017

6
Lei nº 13.546, de 19.12.2017- Altera dispositivos da Lei n o 9.503, de 23 de setembro de 1997
(Código de Trânsito Brasileiro), para dispor sobre crimes cometidos na direção de veículos
automotores. Publicada no DOU, Seção 1, Edição 243, p. 10, em 20.12.2017

Lei nº 13.575, de 26.12.2017- Cria a Agência Nacional de Mineração (ANM); extingue o


Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM); altera as Leis n os 11.046, de 27 de
dezembro de 2004, e 10.826, de 22 de dezembro de 2003; e revoga a Lei n o 8.876, de 2 de
maio de 1994, e dispositivos do Decreto-Lei n o 227, de 28 de fevereiro de 1967 (Código de
Mineração). Publicada no DOU, Seção 1, Edição 247, p. 1-4, em 27.12.2017

Lei nº Lei nº 13.603, de 9.1.2018- Altera a Lei n o 9.099, de 26 de setembro de 1995, para
incluir a simplicidade como critério orientador do processo perante os Juizados Especiais
Criminais. Publicada no DOU, Seção 1, Edição 7, p. 2, em 10.1.2018

OUTRAS INFORMAÇÕES
A DE 11 DE DEZEMBRO DE 2017 A 11 DE JANEIRO DE 2018

Decreto nº 9.255, de 29.12.2017 - Regulamenta a Lei nº 13.152, de 29 de julho de 2015, que


dispõe sobre o valor do salário mínimo e a sua política de valorização de longo prazo. Publicado
no DOU, Seção 1, Edição 249, p. 2, em 30.12.2017
Secretaria de Documentação – SDO
Coordenadoria de Jurisprudência Comparada e Divulgação de Julgados – CJCD
CJCD@stf.jus.br

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