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Definição:

É o direito de gozar temporária e plenamente uma coisa ou um direito alheio sem alterar
a sua forma ou substância, assim o estabelece o art. 1439 do C.C.

Importa salientar que a figura do usufruto permite a existência de um direito sobre


direitos, visto que o usufruto pode incidir sobre coisas ou direitos ( créditos,
universalidades e direitos intelectuais ).

Características:

 É dentro dos direitos reais de gozo menores, o mais amplo, relativamente aos
poderes que permite ao seu titular, é o direito que mais se aproxima do direito de
propriedade;
 Como direito de gozo, atribui poderes de usar, fruir e administrar;
 Tem quatro aspectos fundamentais:
I. Temporaneidade;
II. Plenitude de gozo;
III. Obrigação de presevar a forma e a substância da coisa;
IV. Respeito pelo destino económico da coisa.

I. art. 1443 do C.C.

Traduz o caractér transitório do direito de usufruto, isto é, trata-se de um direito


concebido de forma transitória.

São determinados limites do usufruto:

- a vida do usufrutuário;

-30 anos, tratando-se, o usufrutuário de pessoa colectiva.

II.

Abrange todas as utilidades que a coisa é susceptível de proporcionar.

Nota: O art. 1446 do C.C. define quais os poderes que integram o direito do
usufrutuário. Esta disposição é supletiva, isto é, só é aplicável na falta de
disposição no título constitutivo.

O art. 1445 do C. C. estabelece que, as matérias do art. 1446 e ss do C.C. podem


ser objecto de disposição no título constitutivo, o que não significa que o título
constitutivo possa dispôr livremente em sentido contrário às regras estabelecidas
na lei.

Ex:

Uma claúsula que retire ao usufrutuário, o poder de admnistrar, é nula, não tem
eficácia real, porque constituiria uma restrição ao direito, então tem, quando
muito eficácia obrigacional ( art. 1306 do C.C. ).Por outro lado, se se retirasse,
no título constitutivo, os poderes de usar, então, já não teríamos sequer
usufruto, mas apenas uma figura parcelar.E por fim, não faria muito sentido,
que no título constitutivo, se viesse conceder, ao titular do usufruto, poderes de
destruir a coisa, até porque, findo o usufruto, é obrigação do usufrutuário,
devolver a coisa, tal como se encontrava. Entende-se que o título constitutivo,
pode alterar o destino económico da coisa, isto é, constituindo um direito de
usufruto sobre uma coisa que tinha um determinado destino económico se, no
título constitutivo, não se vier alterar tal destino, não poderá o usufrutuário
dar-lhe, posteriormente, destino diferente. Nada impede que o título constitutivo
do usufruto, permita ao usufrutuário de vir alterar o destino económico da
coisa. Assim, pode-se concluir que o destino económico da coisa, não é
característica essencial do usufruto, uma vez que pode ser alterado, mediante
autorização do proprietário de raiz.

III. arts.1439, 1446, 1468, 1475, 1482 e 1483 do C.C.

Prof. Menezes Cordeiro:

Entende que o usufrutuário tem o poder de alterar a forma e a substância da


coisa, invocando a possibilidade de realizar reparações ordinárias e
extraordinárias (art. 1472 e 1473 do C.C. ). Resta saber, até que ponto, é que a
realização de reparações, pode ser considerada como alteração de " forma e
substância da coisa ".

Prof. Penha Gonçalvez e doutrina tradicional:

Entende que a obrigação de conservar a forma e substância da coisa, é


imperativa, não podendo ser afastada pela vontade das partes, no título
constitutivo.

Nota: Uma coisa é a obrigação ser afastada pelo título constitutivo, outra é ser
afastada por uma situação concreta, aqui é preciso ter em atenção que não existe
uma sanção, que directamente esteja estabelecida para a violação da obrigação
de conservação de forma e substância da coisa. Prevê-se unicamente a situação
de uma alteração de forma ou substância, que implique mau uso e nesses casos,
quando o usufruto se extinguir, não há lugar a qualquer indemnização.

IV-Respeito pelo destino económico da coisa.

É a menos relevante.

Direito de usufruto vs direito de propriedade :

O direito de usufruto distingue-se do direito de propriedade, em vários


aspectos:

- É um direito que alcança a possibilidade de retirar do objecto e fazer suas,


todas as utilidades que a coisa é susceptível de proporcionar, tendo como limite
a impossibilidade de alterar a forma e a substância. / o direito de propriedade,
como direito de gozo, alcança o poder de usar, fruir e abusar, o que permite ao
proprietário alterar a forma e a substância, isto é, usa e frui de modo totalmente
livre.

- É um direito sobre coisa alheia. / o direito de propriedade é um direito sobre


coisa própria.

- Tem a ver com o " todo ", que tem como limite a preservação da res, isto
porque ele pode retirar todos os benefícios, até começar a implicar alterações de
forma ou substância. / à contrario, nao tem como limite a preservação da res,
tendo até a possibilidade de destrui-la.

- É um direito temporário. / É um direito tendencialmente perpétuo.

- É um poder de usar e fruir, limitado pela regra de um bom pai de família, isto
é, tem de agir diligentemente.

- É um direito, onde o usufrutuário tem de respeitar o destino económico da


coisa.

Modalidades:

A - Quanto aos sujeitos:

- Singular;

- Plural: Art. 1441 do C.C.

• Usufruto simultâneo: estamos perante uma comunhão de direitos à imagem e


semelhança da comunhão do direito de propriedade. É uma situação de
comunhão, onde a universalidade dos benefícios abrange em concreto cada
direito e onde estes últimos têm de ser repartidos.

• Usufruto sucessivo: é uma situação em que num determinado título


constitutivo se atribui o direito de usufruto a mais do que uma pessoa, só que de
forma diferida em termos de exercício. Exerce um quando acabar o exercício de
outro.Aqui, já não dá lugar a uma situação de comunhão.Esta modalidade de
usufruto só pode surgir por via testamentária ou contratual.

Ex:

Estabeleceu-se um direito de usufruto por termo certo de dez anos, a favor de A,


para depois B exercer também por dez anos.A morre ao fim de cinco anos, B
começa a exercer o seu direito mais cedo. Esta questao prende-se com o direito
de acrescer.

Prof. Penha Gonçalvez

Só há direito de acrescer se o proprietário se limitar a nada dizer,isto é, se o


título constitutivo nada diz.
B - Quanto ao objecto:

O legislador fala em usufruto de coisas e em usufruto de direitos.

- Quanto ao usufruto de coisas, o legislador, não faz quaisquer restrições em


relação à natureza desse objecto (pode ser móvel ou imóvel).

-Quanto ao usufruto de direitos coloca-se a questão da admissibilidade de


direito sobre direito.Este problema é maior nos direitos reais, uma vez que é
muito difícil admitir-se um direito real sem estarmos perante uma coisa certa e
determinada. A doutrina acabou por admitir a existência do direito de
propriedade em relação às universalidades do direito. O usufruto de direitos são
situações reais para as quais não há uma regulamentação geral, são situações
pontuais, especiais.

Modalidades de constituição:

( art. 1440 do C.C. )

O usufruto pode constituir-se por:

1- contrato

2- testamento

3- usucapião

4- disposição legal

1- É a via mais directa e normal de constituição do usufruto. A doutrina costuma


dividir em duas espécies:

a) contrato " per translationem ";

b) contrato " per deductionem ".

A via contratual tanto pode ser onerosa ou gratuita.

e. Traduz a situação em que o proprietário não transmite a propriedade, mas


constitui o direito de usufruto sobre a coisa a favor de outrém, isto é, o proprietário
onera, o seu direito de propriedade em favor de um direito de usufruto. Corresponde à
imagem, em que o proprietário, constitui a favor de determinada pessoa um direito de
usufruto, a partir daí, por mero efeito do contrato (art. 408 ), essa pessoa adquire a
titularidade do direito de usufruto e o proprietário assume a obrigação de entregar a
coisa para que o usufrutuário possa exercer o seu direito. Mas também surgem efeitos
obrigacionais, porque quem transmite adquire a obrigação de entregar a coisa e o outro
de a pagar.
f. É a situação inversa, isto é, corresponde à situação em que o proprietário aliena a
propriedade, mas conserva para si o direito de usufruto. O proprietário transmite o
direito de propriedade a outrém e reserva para si o direito de usufruto, de onde resulta
que há a transmissão da propriedade mas não a obrigação de entregar a coisa, porque ele
retém para si o direito de usufruto. Art. 1464 do C.C.

2- O proprietário deixa em testamento o usufruto a uma pessoa e a propriedade a


outra.

3- Aplicam-se as regras da aquisição de um direito por via da usucapião, tendo


como pressuposto a posse em termos de usufruto. É um efeito que pode resultar
da posse formal.

4- Vigora nos ordenamentos de raiz romanística visando dar cobertura a algumas


situações particulares.Esta questão da disposição da lei, significa, a instituição
de usufruto legal. Os arts. 1893 e 2146 do C.C., antes da reforma de1977,
falavam em usufruto legal, agora falam em administração de bens ou bens
subordinados a um determinado regime de administração.

Isto poderia aparentar que, de momento a previsão de constituição de usufruto


por disposição legal está vazia, mas tal não acontece.

Ex. 1:

B tem o usufruto de um automóvel,tem um acidente que destroi o automóvel,

o automóvel possuia um seguro contra todos os riscos.

O proprietário prefere a indemnização, em vez de outro automóvel.

O que acontece ao usufruto?

- art.1481 do C.C., o usufruto permanece, mas agora sobre a indemnização.

- Se o seguro foi feito pelo usufrutuário, ou se foi ele que pagou os prémios do
mesmo, e o automóvel foi destruido, a indemnização é devida ao proprietário,
mas B, enquanto usufrutuário, continua a usar e a fruir, só que agora da
quantia entregue pela companhia de seguros.

- O direito de usufruto deixa de ser um direito real para passar a ser um direito
sobre um crédito.

- O usufrutuário não pode afectar a quantia recebida, apenas tem direito aos
frutos que daí advenham.

- Existe assim uma extinção do direito de usufruto sobre o automóvel e,


mediante disposição de lei, dá-se o nascimento do direito de usufruto sobre a
indemnização.
Ex.2:

Situação de mau uso.

Efectivamente, o usufrutuário está obrigado a respeitar a forma, a substância e o


fim económico da coisa. O usufrutuário que não o faça, só será sancionado se
houver mau uso da sua parte ( art. 1482 do C.C. ).

Poderes e deveres do usufrutuário:

Os poderes que compõem o conteúdo do direito de usufruto estão previstos no


arts 1439 e 1444 do C.C. e que são desde logo:

- poder de exigir do proprietário que a coisa lhe seja entregue;

- poder de ceder a outrém o gozo da coisa usufruida, mediante trespasse;

- poder de onerar o direito de que se é titular, através da utilização de outros


direitos reais;

Ex:

Hipoteca do direito de usufruto.

Estes dois poderes podem ser restringidos por vontade das partes, mediante
claúsula inscrita no título constitutivo.

- poder de constituir servidões, com o limite de as mesmas só funcionarem


enquanto se mantiver o usufruto. Art. 1460 nº 1, fala do usufrutuário e
estabelece a possibilidade de no título constitutivo, o próprio proprietário,
estipular uma claúsula em que o usufrutuário nao pode constituir nenhuma
servidão.

Nota: o Prof. González diz que se pode e que a claúsula tem eficácia real e assim
será, a menos que o título constitutivo estipule de forma diferente.

Mas o direito de usufruto não comporta só poderes para o usufrutuário, visto que
tal como qualquer outro direito comporta também deveres, deveres esses que
são:

-deveres de inventário (cumprimento correcto do dever de restituição da coisa


findo o usufruto ) e de caução ( visa criar as condições necessárias ao
provimento de quaisquer danos na coisa ou de qualquer outra indemnização e
pode ser dispensado pelas partes no título constitutivo ) previstos no art. 1468 do
C.C..

-dever de, ao gozar e administrar a coisa, agir como um bom pai de família ( art.
1446 do C.C. ).

- dever de restituir a coisa findo o usufruto ( art. 1443 do C.C. ).


Trespasse do usufruto

O direito de usufruto é um direito subjectivo patrimonial. Porém, entre os


direitos patrimoniais, é um dos poucos que não é livremente transmissível. Na
realidade, só existem dois direitos subjectivos patrimoniais intransmissíveis –
o direito de usufruto e o direito de uso e habitação. Este é absolutamente
intransmissível e aquele é apenas relativamente intransmissível, na medida em
que a sua intransmissibilidade é apenas mortis causa, ou seja, o direito de
usufruto não é transmissível por morte mas sim inter-vivos.

É a esta transmissibilidade inter-vivos que se refere o art. 1444 do C.C..

Este trespasse, por um lado, não constitui uma verdadeira transmissão e, por
outro lado, o poder de trespassar bem como o de onerar, podem ser retirados no
título constitutivo. Isto significa que o poder de trespassar e o poder de onerar
não são características do tipo.

Questão que se suscita é a de saber se o direito de usufruto pode ser objecto


de hipoteca?

Segundo os arts. 688 alínea e) e 699 do C.C., o usufruto constitui objecto idóneo
de hipoteca. Se a lei não dissesse expressamente, seria duvidoso que o usufruto
pudesse ser objecto de hipoteca, uma vez que o usufrutuário não é proprietário.

Para saber se um usufruto pode ser objecto de hipoteca há que:

1º Saber se o usufruto pode ser objecto de hipoteca.

2º Verificar se o título constitutivo do usufruto inclui poderes para onerar.

3º Recorrer às regras gerais sobre o usufruto.

O trespasse não é uma verdadeira transmissão e tal ideia consubstância-se no


que diz o art. 1444 nº 2 do C.C. Esta disposição significa que o verdadeiro
usufrutuário é sempre o usufrutuário original, o adquirente do direito de usufruto
é apenas uma pessoa que o vai substituir no uso e fruição, sem que haja uma
verdadeira transmissão do direito. O primeiro usufrutuário é sempre o
responsável perante o proprietário de raiz.

Ex:

O título constitutivo continha uma claúsula que retirava ao usufrutuário o poder


de administrar.Esta claúsula teria eficácia meramente obrigacional e, portanto,
não teria eficácia relativamente a terceiros. Logo, o substituto do usufrutuário
não estaria obrigado a ela.

Podemos então dizer que aquele que substitui o usufrutuário, só está obrigado
às claúsulas com eficácia real, pois estas são eficazes em relação a terceiros.
É primordial salientar outra questão importante:

Nós sabemos que, de acordo com o art. 1443 do C.C., o usufruto não pode
exceder a vida do usufrutuário, mas o que sucede quando existe trespasse?

Embora pela transmissão do direito o terceiro que o adquiriu seja agora o


usufrutuário, a verdade é que a expectativa do proprietário está em que o
usufruto se extinga por morte do primeiro usufrutuário.

Ex:

A, constitui em favor de B um direito de usufruto que este último, por sua vez,
trespassou a C.

Quando C morre o direito de usufruto não se extingue, mas o direito que B


transmitiu a C também não se extingue, o usufruto do segundo usufrutuário - C
– transmite-se por morte aos seus herdeiros até que B morra ou até ao termo do
prazo pelo qual o trespasse foi constituído ( art. 1476 nº 1 alínea a) do C.C. ).

Se B viesse a falecer antes de C, como quem falece é usufrutuário originário,


quer a transmissão do direito, quer o próprio direito de usufruto, se extinguem,
retornando o direito que é objecto do usufruto à esfera jurídica de A.

Casos especiais de usufruto:

1º Quase-usufruto ou usufruto de coisas consumíveis ( art. 1451 do C.C. )

O regime geral do usufruto impede o seu titular de alterar a substância da coisa


que é objecto deste direito. Sendo o objecto do direito de usufruto uma coisa
consumível, haverá necessáriamente uma alteração de substância, que se traduz
na própria destruição da coisa.

No domínio do código anterior, discutia-se se esta característica levaria à


transformação do usufruto de coisas consumíveis num direito de propriedade.
Note-se que a resposta positiva nunca foi totalmente aceite. Considerava-se,
antes, que o facto do usufrutuário destruir o objecto do seu direito se devia
exclusivamente à natureza desse objecto. Por natureza, o uso dessas coisas
destroi-as e o uso está ao alcance do usufrutuário. Coisa consumível é aquela
cujo uso importa a sua destruição .

Ex:

Combustíveis.

O que difere de coisas deterioráveis. ( o art. 1452 do C.C. fala nelas ).

Ex:

O automóvel não é consumível mas é deteriorável.


Estariamos, portanto, ainda no domínio do poder de usar que corresponde ao
conteúdo do direito de usufruto.

2º Usufruto de universalidades de animais ( art.1462 do C.C. )

O conceito de universalidade é uma pluralidade de coisas móveis com destino


unitário.

A estrutura do direito de usufruto em geral vai no sentido de permitir ao


usufrutuário o maior aproveitamento possível da coisa. No entanto, com o
objectivo de proteger e preservar a propriedade de raiz, a lei coloca alguns
limites a esta característica ( um desses limites é, por exemplo, a regra do bom
pai de família ).

No que diz respeito ao usufruto sobre universalidades de animais vigora uma


regra destinada precisamente a preservar a propriedade de raiz, limitando a
fruição do objecto do direito.

O objecto deste direito de usufruto é uma universalidade composta por várias


coisas ( animais ) que dão os seus frutos ( as crias ). Assim, no sentido da
preservação da res a lei prevê que se, na vigência do direito de usufruto,
desaparecerem algumas cabeças, o usufrutuário terá de substitui-las, é uma regra
de reintegração da totalidade, pela qual se sacrifica o direito pleno de uso do
usufrutuário, em favor da preservação da res.

Ex:

Um rebanho ( é a raiz ), o leite e as crias ( frutos e proventos ).

3º Usufruto de créditos ( arts 1464 a 1467 do C.C. )

Em relação a esta figura o problema que se põe é o seguinte:

-Trata-se de um direito de usufruto como direito real ou de uma figura


obrigacional?

Nos termos do art. 1464 do C.C., neste caso, o objecto do direito de usufruto é o
capital e os frutos do mesmo.

Dado que a fruição tem como fruto um contrato de natureza obrigacional


discute-se se dele poderá nascer um direito real.

No caso do art. 1464 ou do art. 1465, a raiz é o montante de capital que é do


proprietário e o usufruto incide sobre esse capital.

Outra coisa é o objecto ser uma relação creditória.


Ex:

Se A tiver um crédito e constituir um direito de usufruto sobre esse crédito,


sobre os juros e não sobre o capital, isto é mais complicado, porque fez-se
nascer um direito real de um direito creditório.

Ex:

Uma coisa é o usufruto ser sobre o capital ( 10 000 euros é a raiz ), outra coisa
é o usufruto ter como objecto não os 10 000 euros, mas o direito à remuneração
dos mesmos, depositados no banco.

Aqui é que a doutrina tem reservas em aceitar este usufruto como direito real. A
importância prática disto é muito reduzida uma vez que o regime destas
situações está todo no Código.

No caso do usufruto de capitais postos a juros não há nada de anormal, porque


aqui existem todos os elementos do direito de usufruto:

- objecto

O capital aplicado.

- os frutos

Os juros.

É, no entanto, difícil de aceitar estarmos perante um direito de usufruto, no caso,


usufruto de juros ou rendas, porque normalmente, constituí-se um direito real
que arranca de uma relação jurídica obrigacional. Não se pode fazer sair de uma
relação jurídica creditória um direito real, uma vez que são estruturas
completamente diferentes.

Não há aqui a possibilidade de reunião destes elementos que são fundamentais


ao direito de usufruto.

A autonomia do beneficiário é praticamente nula, pois o benefício depende da


relação jurídica creditória que está na dependência dos contraentes da mesma.

Outra referência, é o caso do art. 1481 que, de alguma maneira é também


discutível, que é o seguro de coisa destruída.

Ex: Imaginando uma casa e um rebanho, que estavam cobertas por um seguro,
mas que se vem a destruir. Na sequência dessa destruição o seguro tem de
pagar a indemnização.

O que a doutrina discute, é no caso do usufrutuário ter direito a beneficiar de


alguma maneira, da indemnização do seguro, se há ou não a extinção do direito
de usufruto e nascimento de um direito de usufruto novo ou será a transferência
do mesmo usufruto, agora para outra realidade ou a extinção do usufruto e
nascimento de uma relação creditória. Tem que se referir a inerência - o vínculo
indissociável entre o direito e a coisa – e uma das consequências da extinção do
direito real, a extinção do direito.

Extinção do usufruto

O usufruto extingue-se por qualquer uma das formas enunciadas no art. 1476 nº
1 do C.C.

ÍNDICE

Prefácio
.....................................................................................................................pag. 1

Direito de usufruto:
definição....................................................................................pag. 2

" " " : características...........................................................................pag. 3

Direito de usufruto vs Direito de


propriedade...........................................................pag. 4

Modalidades.............................................................................................................
.pag. 5

Modalidades de
constituição.....................................................................................pag. 6

Poderes e deveres do
usufrutuário.............................................................................pag. 8

Trespasse do usufruto
...............................................................................................pag. 9

Casos especiais de
usufruto.....................................................................................pag. 12

Extinção do
usufruto...............................................................................................pag. 15

Bibliografia.............................................................................................................
pag. 16

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