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CENTRO DE ARTES
CURSO DE ARTES VISUAIS - LICENCIATURA
2017/2
Pelotas, 2018
Suzanne Valadon - Marie-Clémentine Valadon
Bessines, França
23 Setembro 1865
7 Abril 1938
Paris, França
Pós-impressionismo e Simbolismo
Quando Valadon era uma adolescente, fez amizade com alguns artistas que
moravam no bairro Montmartre de Paris. Esses artistas ajudaram Valadon a obter um
emprego como acrobata no circo Mollier. Em março de 1880, Valadon caiu de um trapézio
ao praticar seu numero e machucou suas costas. Depois de várias semanas de
recuperação, ela nunca mais pode se apresentar nos circos devido à lesão sofrida.
Quando Valadon se recuperou 1880, ela chamou a atenção do pintor Pierre Puvis
de Chavannes, foi o inicio da carreira de Valadon como modelo de artista. Nos próximos
sete anos, Valadon posou para várias pinturas de Puvis.
Durante meados dos anos 1880, Valadon produziu muitos desenhos com cenas de
rua. Seu trabalho artístico foi auxiliado por Toulouse-Lautrec, para quem muitas vezes
modelou e com quem teve um caso amoroso. Para aprimorar suas técnicas a artista
observava os trabalhos dos artistas para quem ela modelava. Em 1890, ela se tornou
amiga do pintor Edgar Degas, depois de ver alguns dos trabalhos de Valadon, Degas
encorajou a amiga a ser uma artista, ele acabou comprando algumas de suas peças e
ajudando-a a começar sua carreira como pintora.
Em 1920, Valadon atingiu seu pico como artista produziu pinturas e desenhos em
um ritmo acelerado, e em 1920 foi eleito para o Salon d'Automne. E em 1924, Valadon
assinou um contrato com a galeria de arte Bernheim-Jeune, permitindo que ela voltasse a
viver no conforto financeiro. Em 7 de abril de 1938, Valadon estava pintando em seu
cavalete quando ela sofreu inesperadamente um AVC. Ela morreu no hospital apenas
algumas horas depois, aos 72 anos.
Produção artística:
As obras de Suzanne Valadon estão consolidadas com um estilo que remete aos
conhecidos artistas de quem foi amiga. Mas apesar de essa influência ser bastante nítida,
sua obra não deixa de ter os aspectos mais pessoais da artista. Vivendo em uma época
em que as mulheres serviam muito mais como modelos do que ao reconhecimento e
destaque no campo artístico, Valadon consegue ascender em sua carreira devido ao
talento que apresenta e dedicação em seu trabalho. A temática que se percebe como
pauta em seus trabalhos ao longo da vida, é o corpo. Pode-se especular sobre a
influência que sua queda teve em suas intenções de ser artista circense, o que pode ser
um aspecto determinante da produção de um artista de qualquer área.
Para além das questões já citadas, nota-se em sua vasta e rica produção, um olhar
bastante atento aos corpos que pintava, que em sua maioria não eram cânones de beleza,
mas corpos diversificados, com as formas o mais parecidas possível com as formas
comuns e outra característica forte de sua produção são os retratos de mulheres em
poses descontraídas, com uma aura de captura do momento. Algumas de suas obras
causam certa confusão nos retratos feitos de adolescentes, perceptível nos nus com a
ausência de pelos pubianos ou seios, cenas de banho e em que há mais de uma pessoa
enquadrada naquela cena de nu. Há também uma prevalência de obras de mulheres e
em cenas de interior.
Nude Arranging Her Hair. 1916
Nascida em Paris em 1911 Louise Bourgeois foi criada pelo seu pais trabalhavam
com restauração de tapeçaria. Louise trabalhava na oficina de seu pai ajudando nos
reparos da tapeçaria.
Em 1924 seu pai teve um caso com sua professora, isso acabou afetando muito
seu psicológico. No ano de 1930, Louise entra na faculdade de Sorbonne para estudar
matemática e 1935 ela se forma e começa a estudar artes em Paris. Em 1938 conheceu
seu marido Robert Goldwater, um historiador de arte americano, em Paris se casaram e
se mudaram para Nova York em 1938, o casal criou três filhos.
Produção Artística:
Apesar de Bourgeois ser mais reconhecida por suas esculturas monumentais, foi
uma artista de todas as áreas, o que se percebe de cara na catalogação de seu trabalho
no site do MoMA, cujo acervo é dividido em sessões temáticas e/ou técnicas, indo de
Abstraction, passando por Animal and Insects, Motehrhood and Family, Objects, Spirals,
Spiders a Words, entre outras categorias. O trabalho da artista não possui características
marcantes que abranjam todas as produções, em cada técnica suas habilidades se
percebem de uma outra perspectiva, se tornando impossível reconhecer por uma
característica em comum em uma produção tão vasta, entretanto a infância é uma
temática bastante explorada e retomada pela artista, e que pode ser percebida com um
olhar um pouco mais atento. Bourgeois passa por diversas áreas de produção, algumas
delas são desenho, escultura, projetos arquitetônicos, instalação.
“I am a searcher...
I always was...and I still am...
searching for the missing piece.”1
—Louise Bourgeois
Louise Bourgeois
Maman - 1999
1
“Eu sou uma pesquisadora...
Sempre fui... e ainda sou...
Procurando pela parte que falta” (tradução livre)
Louise Bourgeois,
8 de setembro de 1985 -
Greenwich Village, Nova Iorque,
EUA
Uma artista influente, mais conhecida pelas suas performances. Ana Mendieta
explorou sua identidade como emigrante em seus trabalhos que também se estendeu a
fotografia, cinema e escultura. Exilada de Cuba aos 12 anos e enviada a um orfanato em
Iowa. Ao longo de sua adolescência, quando se sentia como uma estranha, A jovem
artista sentia uma desconexão sempre presente dos conceitos de mãe, lugar, identidade,
pertença e lar. Por 15 de seus 37 anos, ela explorou essa dor através do trabalho, usando
a fotografia e filmagens. Na obra Silhuetas realizadas no ano de 1973 a 1977 onde ela
preenchia frequentemente sua silhueta com materiais como rochas, galhos, flores e
sangue, se preocupando com rituais primitivos e uma sensibilidade feminista moderna.
Em outras obras, ela se manchou de sangue, e o usou para traçar seu contorno. Ana
Mendieta morreu tragicamente, com 36 anos, em Nova York, quando ela caiu da janela de
seu apartamento do 34º andar; seu marido, o artista Carl Andre, que estava no local do
acidente foi absolvido do assassinato da esposa.
Produção Artística:
É difícil dissociar a produção artística da vida desta artista. Ana Mendieta sempre
buscou expressar em suas obras o vazio e as crises existencialistas que sofria, os
conflitos internos e as questões de corpo e familiaridade. Sua produção é absolutamente
voltada para questões de violência e exploração do corpo feminino, deixando explícito em
seus trabalhos impactantes de performance, que causaram aos espectadores a
sensibilização da impotência ante crimes que já aconteceram e levando à uma comoção
com fatos existentes na época. A própria morte da artista causa ainda uma consternação
acerca da culpabilidade do esposo, ser ou não culpado, acusação calcada
principalemente no fato de ele ser homem e da possível carreira voltada para uma
previsão do abuso e crime que poderiam vir a acontecer. Há ainda o fator de ter sido
abandonada por seu pai, que segundo a própria artista, se não tivesse seguido a carreira
artística, teria entrado para o crime.
Ana mendieta
Mutilated, 1974
Sophie Calle
Produção Artística:
Mais um caso em que vida e obra confundem-se. Não a confusão caótica, mas a
de indistinção, pois na obra de Sophie Calle, muitos de seus trabalhos são fragmentos de
sua vida ou de suas experiências, ou um deslocamento de angústia, como foi o caso em
que pediu para 107 mulheres interpretarem, em seu lugar, uma carta de rompimento que
recebeu de seu namorado, esgotando-a. Isto está presente também na filmagem que
captura o momento da morte de sua mãe, em que a angústia sai do momento da morte
para a espectativa de trocar a fita que estava gravando. É uma produção de grande
impacto, talvez por essa tênue linha entre produção para os outros e produção de si.
Statues Ennemies
Nan Goldin
12 de setembro de 1953
Fotografia cotidiana
Goldin fotografou drag queens na década de 1990, ela também criou uma série de
imagens na qual ela documentou as mortes relacionadas a AIDS de seus amigos.
Em 1995, ela também fez um filme biográfico para a BBC intitulado I'll Be Your
Mirror. Atualmente, Nan Goldin segue fotografando e dá aulas em Harvard. Continua
exibindo o seu trabalho em diversas mostras pelo mundo.
Produção Artística:
Produção Artística:
Cindy Sherman é, sem dúvidas, a artista mais satírica desta lista. Sua produção é
toda em cima de uma crítica ferrenha aos “tipos” de pessoas. Por meio de maquiagem e
uma grande produção de montagem de cenários, ambientes e figurinos, consegue
fotografar cenas do bizarro, ressaltando os principais aspectos do criticado.
Cindy faz trabalhos lidando com o bizarro e o exótico, plenamente percebido em
sua série Californianas e a série dos palhaços, que podem ser considerados os extremos
de sua produção, no qual resgata uma memória lúdica e a torna perturbadora, e na qual
traz diretamente no título a memória de mulheres da Califórnia, ou seja, um deboche de
estilos de vida.
Devido ao tipo de produção feito por todas as artistas listadas, nos é difícil
estabelecer um panorama das artistas e as relações entre suas obras. Primeiramente é
impossível desentrelaçar a carreira da vida pessoal, já que as seis artistas viveram (e
ainda vivem) pela e para a arte, e o que é arte, senão a vida expressa em gestos?
Mas bem, para esta seleção de obras, optamos pela escolha de um tema, o que
facilita a digestão visual de imagens2, e o tema que optamos e que pudemos perceber a
presença na maioria destas produções é O Corpo. Esta temática é nítida nas seis das
artistas selecionadas, lidam com o corpo seja como objeto de observação, como é o caso
das fotografias em que o objeto da captura são corpos, ou como suporte, em que os
corpos servem de personagem passível de caracterização ou retrato da vida cotidiana.
2
Partindo do estudo de Aby Warburg (1866-1929), o agrupamento por temas faz com que sintamos mais familiaridade
com a temática, facilitando assim o processo de observação e leitura subjetiva de imagens.