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1.
A vontade de verdade, que ainda nos fará correr não poucos riscos, a célebre
veracidade que até agora todos os filósofos reverenciaram: que questões essa vontade
de verdade já não nos colocou! Estranhas, graves, discutíveis questões! (...) Que
surpresa se por fim nos tornamos desconfiados, perdemos a paciência, e impacientes
nos afastamos? Pág. 9.
Nós questionamos o valor dessa vontade. Certo, queremos a verdade: mas por que
não, de preferência, a inverdade? Ou a incerteza? Ou mesmo a insciência? – O
problema do valor da verdade apresenta-se a nossa frente – ou fomos nós a nos
apresentar diante dele? Pág. 9.
(...) “estar consciente” não se opõe de algum modo decisivo ao que é instintivo – em
sua maior parte, o pensamento consciente de um filósofo é secretamente guiado e
colocado em certas trilhas pelos seus instintos. P.11.
A falsidade de um juízo não chega a constituir, para nós, uma objeção contra ele; p.11
Reconhecer a inverdade como condição de vida: isto significa, sem dúvida, enfrentar
de maneira perigosa os habituais sentimentos de valor; e uma filosofia que se atreve a
fazê-lo se coloca, apenas por isso, além do bem e do mal.
Gradualmente foi se revelando para mim o que toda grande filosofia foi até o
momento: a confissão pessoal de seu autor, uma espécie de memórias involuntárias e
inadvertidas; e também se tornou claro que as intenções morais (ou imorais) de toda
filosofia construíram sempre o germe a partir do qual cresceu a planta inteira. P.12.
Pois todo impulso ambiciona dominar: e portanto procura filosofar. P.13.