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CONSTRUINDO O

CONHECIMENTO
O que é, afinal, conhecer?

• Conhecer é representar, cuidadosamente, o que é


exterior à mente.
• No processo de conhecimento, dois elementos são
indispensáveis: O Sujeito e o Objeto.
• O sujeito é o elemento que conhece e o objeto é o
elemento conhecido.
• Sujeito: Nossa consciência, nossa mente.
• Objeto: A realidade, o mundo e os fenômenos (e a
nossa própria consciência, quando nós refletimos).
Possibilidades do conhecimento na modernidade
Empirismo e Racionalismo

• Empirismo
• É a forma de conhecer que valoriza nossas
percepções sensoriais.

• Racionalismo
• Somente a razão humana, trabalhando com os
princípios lógicos, pode atingir o conhecimento
verdadeiro.
• Para o empirista, todo o conhecimento está
baseado na experiência sensorial. Depende,
portanto, em última instância, de, pelo menos,
um dos nossos cinco sentidos
• Para o racionalista, a verdade só pode ser
conhecida mediante o trabalho lógico da
mente, independentemente das percepções
sensoriais
CARACTERÍSTICAS DO EMPIRISMO

• A verdade está na percepção dos sentidos;


• Não existem ideias inatas, isto é, toda ideia foi adquirida
pela percepção sensorial.

• “ Suponhamos, portanto, que a mente seja uma folha em


branco, desprovida de carateres, sem qualquer ideia. De que
modo receberá as ideias? (...) Respondo: da experiência. É
este o fundamento de todos os nossos conhecimentos; daí
extraem a sua origem primeira.”
• (Ensaio sobre o entendimento humano, Livro II, Cap. 1, sec. 19)

• John Locke
CARACTERÍSTICAS DO RACIONALISMO

• A razão humana é o único instrumento capaz de


conhecer a verdade;
• Os princípios lógicos fundamentais são inatos, ou
seja, não dependem da experiência sensorial;
• A experiência sensorial é uma fonte permanente
de erros;
• Ao nascermos, trazemos em nossa inteligência
alguns princípios racionais e ideias verdadeiras.
• “De sorte que, após ter pensado bastAnte
nisso e de ter examinado cuidadosamente
todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter
por constante que essa proposição, eu sou, eu
existo, é necessariamente verdadeira todas as
vezes que a enuncio ou que a concebo em
meu espírito.”

• (Regras para direção do Espírito)


• René Descartes
• A QUESTÃO DO INATISMO

• Percebemos que o princípio do racionalismo é


a teoria do inatismo, ou seja, a crença de que, ao
nascermos, já trazemos conosco algumas ideias.
Por outro lado, o empirismo fundamenta-se na
crença de que nossa mente nasce vazia e
somente no contato com o mundo, por meio dos
nossos sentidos, é que iremos construir as ideias.
• Você acredita na existência de algum
conhecimento inato?
Platão acredita que sim!

• Esse importante filósofo grego nasceu em


Atenas, provavelmente em 427 a.C. e morreu
em 347 a.C. É considerado um dos principais
pensadores gregos, pois influenciou
profundamente a filosofia ocidental. Ele
defendia a existência de ideias inatas na
matemática, como veremos no trecho de uma
de suas obras, a seguir:
• Platão defende a existência de ideias inatas em várias
de suas obras, mas as passagens mais conhecidas se
encontram nos diálogos: Mênon e República.

• Vejamos:
• No Mênon, Sócrates dialoga com um escravo analfabeto.
Fazendo-lhe perguntas certas na hora certa, o filósofo
consegue que o jovem escravo demonstre sozinho um
difícil teorema de geometria. As verdades matemáticas
vão surgindo no espírito do escravo à medida que
Sócrates vai fazendo as perguntas.
• Como isso seria possível, indaga Platão, se o
escravo não houvesse nascido com a razão e
com os princípios da racionalidade?
• Além de acreditar nas ideias inatas, Platão
também afirmava que não podíamos confiar
nos sentidos, já que eles estão sujeitos a erros
e a falsas opiniões. Para exemplificar sua tese,
Platão cria o famoso “Mito da caverna”.
O Mito da caverna
• Imaginemos um muro bem alto separando o mundo
externo e uma caverna. Na caverna, existe uma
fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No
interior da caverna, permanecem seres humanos
que nasceram e cresceram ali. Ficam de costas
para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se,
forçados a olhar somente a parede do fundo da
caverna, onde são projetadas sombras de outros
homens. Desse modo, os prisioneiros julgam que
essas sombras sejam a realidade
• Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos
poucos, vá se movendo e avance na direção do muro e o
escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que
encontre e saia da caverna, descobrindo não apenas que
as sombras eram feitas por homens como eles e, mais
além, todo o mundo e a natureza. Caso ele decida voltar à
caverna para revelar aos seus antigos companheiros a
situação extremamente enganosa em que se encontram,
correrá, segundo Platão, sérios riscos - desde o simples
ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por
eles, que o tomaram por louco e inventor de mentiras.
Interpretando o mito da caverna
• O que é a caverna?
- O mundo de aparências em que vivemos.
• O que são as sombras projetadas no fundo?
- As coisas que percebemos.
• O que são os grilhões e as correntes?
- Nossos preconceitos e opiniões..............
• Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna?
- O filósofo.
• O que é o mundo fora da caverna?
- A realidade.
VOCÊ ACHA QUE OS SENTIDOS PODEM
ENGANAR?
RENÉ DESCARTES ( 1596 -1650)

•Outro filósofo que também defende a tese


do inatismo é o francês René Descartes.
Segundo ele, em sua obra: “Discurso do
método” existem três tipos de ideias: Ideias
Adventícias, Ideias Fictícias e Ideias Inatas.

• Vejamos cada uma delas!


1.Ideias adventícias
• São aquelas vindas de fora, que se originam de nossa
sensação e percepção. Para Descartes, esse tipo de
ideia, são, de um lado, ideias da qualidade sensorial:
cor, odor, som, textura, tamanho, paladar, mas, por
outro, também, são as opiniões formuladas com base
nessas ideias, geralmente enganosas, ou falsas.

• EXEMPLO:
• Ao olhar para o céu, meu sentido da visão me
diz que o sol se move de leste para oeste, mas,
ao estudar astronomia, vejo que tal opinião é
falsa, pois, na verdade, a terra é que gira e o
sol se mantém parado.
• 2.Ideias fictícias: São aquelas que criamos em nossa
fantasia e imaginação por meio de um processo de
composição, formando seres inexistentes, como
fadas, duendes, sereias... São as fabulações da arte,
da literatura, do mito, da superstição. Essas ideias
nunca são verdadeiras, pois não correspondem a
nada que exista realmente e sabemos que foram
inventadas por nós mesmos, quando já recebemos
prontas de outros que as inventaram.
3. Ideias Inatas: São aquelas que não poderiam vir de
nossa experiência sensorial, porque não há objetos
sensoriais ou sensíveis para elas, nem poderiam vir
de nossa fantasia, pois não tivemos experiência
sensorial para compô-las na nossa memória.
EXEMPLO:

• A ideia de infinito é uma ideia inata, pois não


temos nenhuma experiência sensorial da
infinitude.
Para Descartes, é possível conhecer a
verdade?
• A RESPOSTA É SIM!
• Mas para isso o conhecimento deve passar
por um rígido processo metódico que começa
com a... DÚVIDA
A DÚVIDA...
• “Desde os meus primeiros anos de vida, aceitei
como verdadeira uma quantidade de falsos
conceitos, e o que construí depois, sobre princípios
tão inseguros, só poderia ser muito duvidoso e
incerto; de modo que se fazia necessário que eu
decidisse seriamente me desfazer de todas as
opiniões recebidas até então e recomeçar a partir
dos alicerces, se quisesse instituir algo de sólido e
permanente nas ciências...(...)
• (...) E mais ainda, assim como eu penso às
vezes que os outros se enganam até nas coisas
que acreditam saber com a maior certeza,
pode ser que ele tenha querido que eu me
enganasse sempre que somo dois e três, ou
quando enumero os lados do quadrado, ou
quando considero coisas algo ainda mais fácil
que essas, se é que se pode imaginá-las.(...)
• (...) Permanecerei obstinadamente preso a esse
pensamento; e se por tal meio não estiver em meu
poder alcançar o conhecimento de qualquer
verdade, ao menos estará em meu poder suspender
o meu juízo. Eis porque procurarei cuidadosamente
não aceitar nenhuma falsidade, e prepararei tão
bem o meu espírito contra as astúcias desse grande
enganador, que, por mais poderoso e astuto que
seja, jamais poderá me impor coisa alguma.(...)”
(Meditações Metafísicas)
ÚNICA VERDADE LIVRE DE DÚVIDAS SEGUNDO DESCARTES

Meus pensamentos existem!


Se meus pensamentos existem, eu existo!
Portanto: Penso, logo existo!

• Para Descartes, a existência do pensamento é


mais certa que a sua existência corporal, já
que é preciso pensar para ter a certeza de que
existe o corpo pensante!
A solução de Kant para o dilema Racionalismo X Empirismo

• Kant (1724-1804) foi um filósofo prussiano,


considerado como o último grande filósofo
dos princípios da era moderna,
indiscutivelmente um dos pensadores mais
influentes, afirma que todo conhecimento
começa com a experiência, mas que a
experiência sozinha não nos dá o
conhecimento.
• Certa vez, um cosmonauta e um neurologista
russos discutiam sobre religião. O neurologista era
cristão, e o cosmonauta não. “Já estive várias vezes
no espaço”, gabou-se o cosmonauta, “e nunca vi
nem Deus, nem anjos”. “E eu já operei muitos
cérebros inteligentes”, respondeu o neurologista,
“e também nunca vi um pensamento”.
• (O mundo de Sofia, Jostein Gaardner, Cia. das
Letras, 1995)
Principais ideias de Kant:
• É preciso um trabalho do sujeito para organizar
os dados da experiência;
• Antes da experiência sensorial, existem na
mente humana certas estruturas que
possibilitam o conhecimento;
• Portanto, a experiência fornece a matéria do
conhecimento e a razão organiza essa matéria
de acordo com estruturas existentes a priori, daí
o termo apriorismo para a teoria kantiana.

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