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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Avaliação da Aplicabilidade de Métodos de Cálculo da Tensão


Admissível a um Solo Arenoso de Fortaleza
Alfran Sampaio Moura
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Brasil, alfransampaio@ufc.br

Dáger Madeira Cunha


Construtora Reata Ltda, Fortaleza, Brasil, freedager@yahoo.com.br

Silvrano Adonias Dantas Neto


Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Brasil, silvrano@ufc.br

Francisco Chagas da Silva Filho


Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Brasil, fchagas@ufc.br

RESUMO: A tensão admissível é aquela aplicada ao solo e que provoca apenas recalques que a
construção pode suportar sem inconvenientes, oferecendo simultaneamente, segurança satisfatória
contra a ruptura ou o escoamento do solo ou do elemento estrutural de fundação (ABNT, 1996). A
estimativa da tensão admissível do solo de fundação de uma edificação pode ser feita de diversas
formas e depende da importância da obra, da experiência acumulada na região e das investigações
geotécnicas e ensaios de laboratório realizados. O objetivo deste trabalho é obter uma orientação
para o cálculo da tensão admissível de solos arenosos em Fortaleza, verificando a aplicabilidade dos
métodos empíricos e semi-empíricos na região, avaliando alguns dos principais métodos de cálculo
para a estimativa da tensão admissível de solos arenosos. Em um primeiro momento, apresenta-se
uma revisão bibliográfica sobre a estimativa da tensão admissível de solos arenosos. Em seguida,
utilizando dados coletados de uma obra em Fortaleza estima-se a tensão admissível de um solo
arenoso a partir de métodos empíricos e semi-empíricos. Os resultados das estimativas são
comparados com os resultados de provas de carga. Dentre os métodos analisados, as estimativas
obtidas a partir dos métodos empíricos foram as mais concordantes.

PALAVRAS-CHAVE: Fundações, Tensão admissível, Fortaleza.

1 INTRODUÇÃO orientação para o cálculo da tensão admissível


de solos arenosos em Fortaleza, verificando a
A tensão admissível dos solos é a tensão aplicabilidade dos métodos empíricos e semi-
aplicada ao solo que provoca apenas recalques empíricos na região.
que a construção pode suportar sem
inconvenientes e que oferece, simultaneamente,
segurança satisfatória contra a ruptura ou o 2 MÉTODOS DE CÁLCULO DA
escoamento do solo ou do elemento estrutural TENSÃO ADMISSÍVEL DOS SOLOS
de fundação (ABNT, 1996).
A estimativa da tensão admissível do solo de A tensão admissível de um solo que serve de
fundação de uma edificação pode ser feita de apoio à fundação de uma edificação pode ser
diversas formas e depende da importância da feita por quatro critérios: métodos teóricos
obra, da experiência acumulada na região e das (racionais), métodos que utililizam provas de
investigações geotécnicas e ensaios de carga, métodos semi-empíricos e métodos
laboratório realizados. empíricos. A seguir apresenta-se alguns dos
O objetivo deste trabalho é obter uma principais métodos empíricos, semi-empíricos e

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que utilizam provas de carga divulgados na solos sobrejacentes


literatura.
2.2 Métodos Semi-Empíricos
2.1 Métodos Empíricos
Os métodos semi-empíricos são aqueles em que
Segundo a NBR 6122/96, são considerados as propriedades dos materiais, estimadas com
métodos empíricos aqueles pelos quais se base em correlações, são usadas em teorias
obtém a tensão admissível com base na adaptadas da Mecânica dos Solos. Alguns dos
descrição do terreno, ou seja na classificação e principais métodos semi-empíricos são os
determinação da compacidade ou consistência propostos por Terzaghi e Peck (1948, 1967),
por meio de investigações de campo e/ou de Meyerhof (1965), Aoki e Velloso (1975) e
laboratório. Décourt (1996).
Na prática, encontra-se algumas tabelas de Em um trabalho pioneiro sobre o uso do
tensões básicas de normas (ABNT, 1996) e ensaio SPT na previsão de recalques e de tensão
correlações empíricas para a estimativa da admissível de sapatas em areia, Terzaghi e Peck
tensão admissível dos solos. (1948, 1967), indicaram que a tensão que
As tabelas de normas devem ter utilização provoca um recalque de 1 polegada pode ser
restrita a ante-projetos e obras de pequena obtida com seguinte expressão:
responsabilidade. Através de correlações
empíricas, pode-se estimar a tensão admissível ⎛ N − 3 ⎞ ⎛ B + 1' ⎞
2

de fundações superficiais por meio de σ adm = 4, 4. ⎜ spt ⎟ .⎜ ⎟ (3)


correlações com a resistência de ponta (qc) do ⎝ 10 ⎠ ⎝ 2.B ⎠
ensaio de cone (CPT) ou com o índice de
resistência à penetração (NSPT) da sondagem à onde σadm é a tensão, em kgf/cm2, que produz
percussão (SPT). um recalque de 1”, B é a menor dimensão em
O método “Prático” é o principal método pés (B≥4´) e NSPT é o número de golpes da
empírico utilizado para a estimativa da tensão sondagem à percussão (SPT).
admissível do solo, prinpalmente, em
anteprojetos de fundações de edifícios na cidade Segundo Meyerhof (1965), pode-se
de Fortaleza. Nesse método, a tensão admissível relacionar a tensão aplicada e o recalque de
de solos arenosos (σadm) é obtida através da sapatas em areia a partir das seguintes
seguinte expressão: expressões:

N N .wadm
σ adm = (1) σ adm = (4)
5 8
N spt .wadm ⎛ B + 1' ⎞ 2
onde σadm é dada em kgf/cm2 e N é o número σ adm = .⎜ ⎟ (5)
12 ⎝ B ⎠
médio dos golpes da sondagem à percussão.
onde: B é a menor dimensão da sapata em pés,
Segundo Cintra et al (2003), no meio técnico
wadm o recalque admissível em polegadas e σadm
brasileiro é muito conhecida a seguinte fórmula
é dado em kgf/cm2. A equação (4) é válida para
para o cálculo da tensão admissível de
B ≤ 4’ e a equação (5) é validada para B > 4’.
fundações diretas por sapatas:
Pelo método proposto por Aoki e Velloso
N
σ adm = +q (2) (1975), a resistência de base (σR), em termos de
50 tensão, pode ser determianada por uma das
seguintes expressões:
onde σadm é dada em MPa, N (de 5 a 20) é o
número médio dos golpes da sondagem à
percussão e q é o peso efetivo das camadas de

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qc Pelo Critério de Boston, que foi


σR = (6) desenvolvido para placa quadrada de 0,30 m de
F1
lado, inicialmente são considerados dois valores
de recalque (10 mm e 25 mm) e as
KN
σR = (7) correspondentes tensões (σ10 e σ25) na curva
F1 tensão x recalque. A tensão admissível é dada
pelo menor dos dois seguintes valores: σ10 e
onde qC e N são, respectivamente, a resistência σ25/2.
de ponta do ensaio de cone e o índice de Esse critério significa estabelecer, para a
resistência à penetração do SPT, F1 é um placa, um recalque admissível σadm de 10 mm e
um critério de ruptura convencional em que a
coeficiente de transformação adimensional, K é
um coeficiente que depende do tipo de solo. tensão de ruptura σ R está associada ao recalque
arbitrário de 25 mm, correspondendo o
Ao valor de σ R aplica-se um fator de denominador 2 ao fator de segurança.
segurança mínimo de 3, assim a tensão O método de Van Der Veen (1953) é o mais
admissível do solo é dada por: difundido método que utiliza resultados de
provas de carga para cálculo da estimativa da
tensão admissível do solo no meio técnico
σR
σ adm = (8) brasileiro. Neste relaciona-se num gráfico semi-
3 logarítimo, os valores de 1-Q/QR com os de
recalque obtidos na prova de carga para cada
Finalmente, pela proposta de Décourt valor de Q, arbitrando-se valores constantes de
(1996), a resistência de base, em termos de QR. Neste caso Q é a carga em cada estágio de
tensão, é expressa por: carga da prova e QR é a carga de ruptura. É um
processo interativo até conseguir uma reta, a
σ R = α .C.N P (9) qual corresponde à carga de ruptura. Neste
caso, o fator de segurança adotado é de 3.
onde α é um coeficiente de redução, C é o fator
característico do solo, N P é o valor médio do
índice de resistência à penetração na base do 3 COLETA DE DADOS
elemento estrutural de fundação.
A coleta dos dados deste trabalho foi realizada
De acordo com a proposta, aplica-se um em empresas locais e constou da obtenção de
fator de segurança de 4 à resistência de base, relatórios de sondagens à percussão (SPT) e de
logo: provas de carga em placa realizadas em um
terreno situado à Rua Desembargador Praxedes,
σR em Fortaleza-CE, onde foram construídos seis
σ adm = blocos de apartamentos com oito pavimentos.
4

2.3 Métodos que Utilizam Provas de Carga A Figura 1 mostra a locação das
sondagens e das provas de carga coletadas.
As provas de carga em sapatas reais de concreto
armado praticamente não são realizadas, a não
ser em alguns raros casos de pesquisa. Como 4 ENSAIOS GEOTÉCNICOS
alternativa utiliza-se resultados de provas de
carga sobre placas. Neste caso, a tensão 4.1 Sondagens à Percussão
admissível pode ser determinada utilizando
diversos métodos, dentre eles destaca-se o A sondagem à percussão (SPT) é,
critério de Boston e o método de Van Der Veen reconhecidamente, o método de investigação
(1953). geotécnica mais utilizado no Brasil. A

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resistência à penetração é obtida a partir do identifica-se uma camada de areia siltosa, com
ensaio que dá indicações da resistência do solo pedregulhos, de 2,45m de espessura e, em
e permite a retirada de amostras para fins de média, o índice de resistência foi de 6 golpes.
caracterização do perfil do solo. Os valores da
resistência à penetração obtida no ensaio são Resistência à penetração Resistência à penetração
comumente utilizados em projetos de 0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25 30 35 40

fundações. 0 0
N 1 1
2 2

Profundidade (m )
P ro f u n d id a d e ( m )
3 3
4 4
Rufino

Praxedes
5 5
Rua Anto Correia Lima
6 6
7 7
8 8
9 9
Almirante

Desembargador
10 10

SP-11 Bloco I SP-02 c) d)


Figura 3. Sondagens à percussão a) SP-11 b) SP-12
PC 2 PC 1
Rua

No perfil de solo da sondagem SP-02


Rua

SP-12 SP-01
Bloco
Rua Frei Vicente Salvador IV A identifica-se, na porção superior, uma camada
de 7,80 m de areia fina a média, siltosa, seguida
de uma camada de areia siltosa, com
Figura 1. Locação sondagens à percussão (SP 01 e SP pedregulhos, de 2,25m de espessura. Neste
02) e das provas de carga (PC 1 e PC 2)..
caso, na média, o índice de resistência também
foi de 6 golpes.
Na realização deste trabalho utilizou-se Na sondagem SP-11, identifica-se
um total de quatro sondagens à percussão, de inicialmente uma camada de aterro de 20 cm,
acordo com a Norma NBR 6484/01 (ABNT, seguido de 1,80m de uma areia argilosa. Abaixo
2001), executadas até uma profundidade de 9m desta, tem-se uma camada de 5m de areia
utilizando um trado manual. Nas Figura 2 e 3 argilosa, com pedregulhos e uma argila arenosa,
mostra-se os valores dos índices de resistência à com pedregulhos, de 2,45m. O índice de
penetração apresentados nas quatro sondagens resistência médio foi de 7 golpes.
realizadas. Finalmente, no furo SP-12 observa-se na
porção superior um aterro de 20cm, seguido de
Resistência à penetração
Resistência à penetração uma camada de areia fina a média, argilosa, de
0 5 10 15 20 25
0 5 10 15 20 25 30 5,80m. Em seguida, o perfil de solo apresenta
0
1 0 uma camada de 3,45m de uma argila arenosa,
2
2 com pedregulhos. Neste caso, em média, o
P ro f u n d id a d e ( m )
P ro fu n d id ad e (m )

3
4
4
índice de resistência foi de 13 golpes.
5 Vale destacar que, em todas as sondagens, o
6
7
6
nível d’água não foi encontrado e que as
8 8 sondagens SP-01 e SP-02 foram realizadas nas
9
10 10 proximidades da prova de carga nº 1 e as
sondagens SP-11 e SP-12 nas adjacências da
a) b) prova de carga nº 2. Os resultados das provas de
Figura 2. Sondagens à percussão a) SP-01 b) SP-02 cargas nos 1 e 2 são apresentados em seguida.

O perfil de solo identificado na sondagem 4.2 Provas de Carga


SP-01 é composto, inicialmente, de uma
camada de 6,80 m de areia fina a média, siltosa, Com o objetivo de verificar a aplicabilidade da
sendo que nos primeiros 20 cm há a presença de utilização de alguns métodos empíricos e semi-
matéria orgânica. Na porção inferior do perfil,

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empíricos para o cálculo da tensão admissível estudado, utilizou-se as seguintes metodologias


de solos arenosos em Fortaleza, utilizou-se duas semi-empíricas: Método prático, Cintra et al.
provas de carga realizadas sobre placa metálica (2003), Terzaghi e Peck (1948, 1967),
com 0,50 m2 de área. Nas duas provas, as Meyerhof (1965), Aoki e Velloso (1975) e
cargas foram aplicadas em sete estágios, sendo Décourt (1996). Objetivando observar quais os
três de 15 kN e quatro de 20 kN, atingido uma métodos semi-empíricos mais adequados para o
carga máxima de 125 kN, ou seja, uma tensão cálculo da tensão admissível do solo, utilizou-se
máxima de 250 kPa (2,5 kg/cm2). Em todos os ainda os métodos de Boston e Van Der Veen
estágios de carga e descarga, o carregamento foi (1953), que são métodos que utitizam os
mantido até a estabilização dos recalques e os resultados de provas de carga para extrapolar a
recalque foram considerados como a média dos carga de ruptura.
valores de dois extensômetros colocados em Para efeito de cálculo das tensões
posições diametralmente opostas. As Figuras 4 admissíveis, considerou-se uma fundação
e 5 mostram os resultados das duas provas de direta, do tipo sapata, de 2m x 3m de lado,
carga utilizadas. assente a uma profundidade de 0,20 m. É
importante comentar que, 0,20m é a
Carga (kN)
profundidade de assentamento das placas
0 20 40 60 80 100 120 140 metálicas das provas de carga.
0 O valor do número de golpes utilizado nas
1
2 metodologias semi-empíricas foi estimado pela
3
4 média dos dois furos de sondagens mais
5
próximos de cada uma das provas de carga. O
Recalque (mm)

6
7 valor do número de golpes de cada um dos furo
8
9 é dado pela média dos valores nos quatro
10
11 primeiros metros de profundidade, ou seja, a
12
13
média do número de golpes até uma
14 profundidade correspondente a duas vezes a
15
16 menor dimensão da fundação (2B).
A Tabela 1 mostra os valores estimados da
Figura 4. Prova de carga no 1 (PC 1).
tensão admissível do solo a partir das
metodologias empíricas e semi-empíricas
Carga (kN) utilizadas.
0 20 40 60 80 100 120 140
0
1 Tabela 1. Estimativas da tensão admissível (σadm) do solo
2 por métodos empíricos e semi-empíricos..
3 σ adm (kPa)
Recalque (mm)

4 Método
5 PC 1 PC 2
6 Método Prático 100 80
7
Cintra et al. (2003) 103 83
8
Terzaghi e Peck (1948,
9 29 15
10 1953)
11 Meyerhof (1965) 55 44
12 Aoki-Veloso (1975) 330 356
Décourt (1996) 350 250
Figura 5. Prova de carga no 1 (PC 1). Nota: PC representa as provas de carga

Pela Tabela 1 observa-se que os maiores


5 ESTIMATIVAS DA TENSÃO valores de σadm foram estimados a partir dos
ADMISSÍVEL E COMPARAÇÃO DOS métodos de Aoki e Velloso (1975) e Décourt
RESULTADOS (1996) e os menores foram obtidos utilizando
os métodos de Terzaghi e Peck (1948, 1953) e
Para o cálculo da tensão admissível do solo Meyerhof (1965).

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Pelo método de Boston, que utiliza


resultados das provas de carga, foram obtidos
para a tensão admissível do solo (σadm) os
valores de 220 e 250 kPa para as provas de
carga de nos 1 e 2, respectivamente.
Utilizando-se o método de Van Der Veen
(1953) e adotando-se um coeficiente de
segurança igual a 3, estima-se que a tensão
admissível do solo adjacente a prova de carga
de número 1 seja de 111 kPa e que o solo de
apoio da prova de carga número 2 tenha uma Figura 7. Comparação dos valores médios da tensão
tensão admissível de 93 kPa. admissível do solo (σadm) estimados entre as provas de
carga números 1 (PC 1) e 2 (PC 2).
A Figura 6 mostra uma comparação entre os
valores de σadm estimados por métodos
Por outro lado, as propostas de Meyerhof
empíricos, semi-empíricos e que utilizam
(1965) e Terzaghi e Peck (1948, 1953)
provas de carga
forneceram valores bastante conservadores, ou
seja, contra a economia. Esse resultado é
Van Der Veen (1953)
concordante com as indicações da literatura
Boston (Velloso e Lopes, 1996).
Décourt (1996) Para a surpresa dos autores deste artigo, os
Métodos de Cálculo

Aoki e Velloso (1975)


PC 2
métodos que apresentaram as estimativas da
Meyerhof (1965)
PC 1 tensão admissível (σadm) mais coerentes foram
Terzaghi e Peck (1948,
os empíricos. Os métodos de Cintra et al (2003)
e o método prático forneceram valores de σadm
1953)

praticamente iguais devido a pequena


Cintra et al. (2003)

Método Prático
profundidade de assentamento das provas de
0 50 100 150 200 250
Tensão Admissível (kPa)
300 350 400
carga. A diferença entre os dois métodos e as
estimativas fornecidas pela utilização de Van
Figura 6. Comparação entre os valores de σadm estimados Der Veen (1953) foram, em média, de apenas
por métodos empíricos, semi-empíricos e que utilizam
9% a favor da segurança.
provas de carga.

Na Figura 7 compara-se os valores médios


6 CONCLUSÕES
da tensão admissível do solo (σadm) estimados
nas provas de carga números 1 (PC 1) e 2
A realização deste artigo permitiu
(PC2).
estabelecer as seguintes conclusões:
Tendo como referência os valores de σadm
obtidos pelos métodos que utilizam resultados
- Os métodos de Aoki e Velloso (1975) e
de provas de carga, observa-se pelas Figuras 6 e
Décourt (1996) forneceram estimativas da
7 que os métodos de Décourt (1996) e Aoki e
tensão admissível do solo arenoso estudado
Velloso (1975) superestimaram a tensão
superestimadas;
admissível (σadm) do solo. Atribui-se esse - Os métodos de Meyerhof (1965) e Terzaghi e
resultado ao fato desses metodologias terem Peck (1948, 1953) forneceram valores bastante
sido desenvolvidas originalmente para estacas conservadores;
necessitando, portanto, de modificações para os - Surpreendentemente, os métodos empíricos
casos em que forem utilizadas para estimar σadm apresentaram as estimativas da tensão
de fundações superficiais. admissível (σadm) mais coerentes. O método de
Cintra et al (2003) e o “método prático”
Van Der Veen (1953) forneceram valores de σadm aproximadamente
Boston
iguais, com erro, em média, de apenas 9%, com
Décourt (1996)
Métodos de Cálculo

Aoki e Velloso (1975)

Meyerhof (1965) 6
Terzaghi e Peck (1948,
1953)
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relação ao valor obtido com a utilização da


proposta de Van Der Veen (1953).

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS (2001). NBR 6484/01 - Execução de
Sondagens de Simples Reconhecimento dos Solos.
Rio de Janeiro.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (1996). NBR 6122/96 – Projeto e
Execução de Fundações. Rio de Janeiro, 33p.
AOKI, N. e VELLOSO, D. A. (1975). An Approximate
Method to Estimate the Bearing Capacity of Piles.
Buenos Aires. V Panamerican Conference on Soil
Mechanics and Foundation Engineering.
CINTRA, J. C., AOKI, N., ALBIERO, J.H. (2003).
Tensão Admissível em Fundações Diretas. São
Carlos. Ed. RIMA.
DÉCOURT, L. (1996). Análise e projeto de fundações
profundas: estacas. In: HACHICH, W. et al. (eds.).
Fundações: teoria e prática. São Paulo: PINI, p. 265-
301.
MEYERHOF, G. G. (1965). Shallow Foundations,
JSMFD, ASCE, vol 91, no. SM2 (March), pp. 21-31.
TERZAGHI, K. e PECK, R. B. (1967). Soil Mechanics in
Engineering Practice, 2nd. Edition, John Wiley &
Sons, New York.
VEEN, C. VAN DER (1953). The Bearing Capacity of a
Pile. In: International Conference on Soil Mechanics
and Foundation Engeneering, 3, Zurich. Proceedings.
Zurich, ICOSOMEF, v.2. pp. 84-90.
VELLOSO, D. DE A. e LOPES, F. de R. (1996).
Fundações. Vol I. COPPE/UFRJ. 2ª Ed. Rio de
Janeiro. 290 p..
Terzaghi, K. e Peck, R.B. (1987) Soil Mechanics in
Engineering Practice, 2nd ed., McGraw Hill, New
York, NY, USA, 685 p.

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