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RESUMO: A tensão admissível é aquela aplicada ao solo e que provoca apenas recalques que a
construção pode suportar sem inconvenientes, oferecendo simultaneamente, segurança satisfatória
contra a ruptura ou o escoamento do solo ou do elemento estrutural de fundação (ABNT, 1996). A
estimativa da tensão admissível do solo de fundação de uma edificação pode ser feita de diversas
formas e depende da importância da obra, da experiência acumulada na região e das investigações
geotécnicas e ensaios de laboratório realizados. O objetivo deste trabalho é obter uma orientação
para o cálculo da tensão admissível de solos arenosos em Fortaleza, verificando a aplicabilidade dos
métodos empíricos e semi-empíricos na região, avaliando alguns dos principais métodos de cálculo
para a estimativa da tensão admissível de solos arenosos. Em um primeiro momento, apresenta-se
uma revisão bibliográfica sobre a estimativa da tensão admissível de solos arenosos. Em seguida,
utilizando dados coletados de uma obra em Fortaleza estima-se a tensão admissível de um solo
arenoso a partir de métodos empíricos e semi-empíricos. Os resultados das estimativas são
comparados com os resultados de provas de carga. Dentre os métodos analisados, as estimativas
obtidas a partir dos métodos empíricos foram as mais concordantes.
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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
N N .wadm
σ adm = (1) σ adm = (4)
5 8
N spt .wadm ⎛ B + 1' ⎞ 2
onde σadm é dada em kgf/cm2 e N é o número σ adm = .⎜ ⎟ (5)
12 ⎝ B ⎠
médio dos golpes da sondagem à percussão.
onde: B é a menor dimensão da sapata em pés,
Segundo Cintra et al (2003), no meio técnico
wadm o recalque admissível em polegadas e σadm
brasileiro é muito conhecida a seguinte fórmula
é dado em kgf/cm2. A equação (4) é válida para
para o cálculo da tensão admissível de
B ≤ 4’ e a equação (5) é validada para B > 4’.
fundações diretas por sapatas:
Pelo método proposto por Aoki e Velloso
N
σ adm = +q (2) (1975), a resistência de base (σR), em termos de
50 tensão, pode ser determianada por uma das
seguintes expressões:
onde σadm é dada em MPa, N (de 5 a 20) é o
número médio dos golpes da sondagem à
percussão e q é o peso efetivo das camadas de
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2.3 Métodos que Utilizam Provas de Carga A Figura 1 mostra a locação das
sondagens e das provas de carga coletadas.
As provas de carga em sapatas reais de concreto
armado praticamente não são realizadas, a não
ser em alguns raros casos de pesquisa. Como 4 ENSAIOS GEOTÉCNICOS
alternativa utiliza-se resultados de provas de
carga sobre placas. Neste caso, a tensão 4.1 Sondagens à Percussão
admissível pode ser determinada utilizando
diversos métodos, dentre eles destaca-se o A sondagem à percussão (SPT) é,
critério de Boston e o método de Van Der Veen reconhecidamente, o método de investigação
(1953). geotécnica mais utilizado no Brasil. A
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resistência à penetração é obtida a partir do identifica-se uma camada de areia siltosa, com
ensaio que dá indicações da resistência do solo pedregulhos, de 2,45m de espessura e, em
e permite a retirada de amostras para fins de média, o índice de resistência foi de 6 golpes.
caracterização do perfil do solo. Os valores da
resistência à penetração obtida no ensaio são Resistência à penetração Resistência à penetração
comumente utilizados em projetos de 0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25 30 35 40
fundações. 0 0
N 1 1
2 2
Profundidade (m )
P ro f u n d id a d e ( m )
3 3
4 4
Rufino
Praxedes
5 5
Rua Anto Correia Lima
6 6
7 7
8 8
9 9
Almirante
Desembargador
10 10
SP-12 SP-01
Bloco
Rua Frei Vicente Salvador IV A identifica-se, na porção superior, uma camada
de 7,80 m de areia fina a média, siltosa, seguida
de uma camada de areia siltosa, com
Figura 1. Locação sondagens à percussão (SP 01 e SP pedregulhos, de 2,25m de espessura. Neste
02) e das provas de carga (PC 1 e PC 2)..
caso, na média, o índice de resistência também
foi de 6 golpes.
Na realização deste trabalho utilizou-se Na sondagem SP-11, identifica-se
um total de quatro sondagens à percussão, de inicialmente uma camada de aterro de 20 cm,
acordo com a Norma NBR 6484/01 (ABNT, seguido de 1,80m de uma areia argilosa. Abaixo
2001), executadas até uma profundidade de 9m desta, tem-se uma camada de 5m de areia
utilizando um trado manual. Nas Figura 2 e 3 argilosa, com pedregulhos e uma argila arenosa,
mostra-se os valores dos índices de resistência à com pedregulhos, de 2,45m. O índice de
penetração apresentados nas quatro sondagens resistência médio foi de 7 golpes.
realizadas. Finalmente, no furo SP-12 observa-se na
porção superior um aterro de 20cm, seguido de
Resistência à penetração
Resistência à penetração uma camada de areia fina a média, argilosa, de
0 5 10 15 20 25
0 5 10 15 20 25 30 5,80m. Em seguida, o perfil de solo apresenta
0
1 0 uma camada de 3,45m de uma argila arenosa,
2
2 com pedregulhos. Neste caso, em média, o
P ro f u n d id a d e ( m )
P ro fu n d id ad e (m )
3
4
4
índice de resistência foi de 13 golpes.
5 Vale destacar que, em todas as sondagens, o
6
7
6
nível d’água não foi encontrado e que as
8 8 sondagens SP-01 e SP-02 foram realizadas nas
9
10 10 proximidades da prova de carga nº 1 e as
sondagens SP-11 e SP-12 nas adjacências da
a) b) prova de carga nº 2. Os resultados das provas de
Figura 2. Sondagens à percussão a) SP-01 b) SP-02 cargas nos 1 e 2 são apresentados em seguida.
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7 valor do número de golpes de cada um dos furo
8
9 é dado pela média dos valores nos quatro
10
11 primeiros metros de profundidade, ou seja, a
12
13
média do número de golpes até uma
14 profundidade correspondente a duas vezes a
15
16 menor dimensão da fundação (2B).
A Tabela 1 mostra os valores estimados da
Figura 4. Prova de carga no 1 (PC 1).
tensão admissível do solo a partir das
metodologias empíricas e semi-empíricas
Carga (kN) utilizadas.
0 20 40 60 80 100 120 140
0
1 Tabela 1. Estimativas da tensão admissível (σadm) do solo
2 por métodos empíricos e semi-empíricos..
3 σ adm (kPa)
Recalque (mm)
4 Método
5 PC 1 PC 2
6 Método Prático 100 80
7
Cintra et al. (2003) 103 83
8
Terzaghi e Peck (1948,
9 29 15
10 1953)
11 Meyerhof (1965) 55 44
12 Aoki-Veloso (1975) 330 356
Décourt (1996) 350 250
Figura 5. Prova de carga no 1 (PC 1). Nota: PC representa as provas de carga
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Método Prático
profundidade de assentamento das provas de
0 50 100 150 200 250
Tensão Admissível (kPa)
300 350 400
carga. A diferença entre os dois métodos e as
estimativas fornecidas pela utilização de Van
Figura 6. Comparação entre os valores de σadm estimados Der Veen (1953) foram, em média, de apenas
por métodos empíricos, semi-empíricos e que utilizam
9% a favor da segurança.
provas de carga.
Meyerhof (1965) 6
Terzaghi e Peck (1948,
1953)
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REFERÊNCIAS