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quinta ameaçar ruir devido a fendas que tinham surgido.
Todavia, e porque nada fez, o longo muro veio a ruir, tendo destruído
parte da plantação de mirtilos do seu vizinho, Eduardo. Pesquise por temas:
Eduardo pretende ser indemnizado por Abel, mas este alega que no Pesquisar
mesmo dia e após a ruína do muro, toda a região foi inundada por uma
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tempestade que prejudicou não só a propriedade de Eduardo, como
todas as propriedades circundantes. ► 2018 (3)
► 2017 (27)
Abel considera que a propriedade de Eduardo teria forçosamente sido ▼ 2016 (18)
O princípio geral da obrigação de indemnização, prevista no art. 562º, Comentário ao Ac. STJ, sobre
Responsabilidade Civ...
CC, indica que “quem estiver obrigado a reparar um dano deve Código Civil Descodificado
reconstituir a situação que existiria, se não se tivesse verificado o evento Manual de Direito do Trabalho e de
Processo do Tra...
No cálculo da indemnização há que equacionar o prejuízo causado Casos Práticos Resolvidos de Direito do
Trabalho
(dano emergente) e os benefícios que o lesado deixou de obter em Código do Trabalho Anotado e
Comentado
consequência da lesão (lucro cessante), nos termos do art. 564º, nº 1,
CC, podendo ser atendíveis os danos futuros previsíveis e determináveis
(nº 2). Explica Menezes Leitão, “O dano ou prejuízo emergente
corresponde à situação em que alguém em consequência da lesão vê
frustrada uma utilidade que já tinha adquirido. O lucro cessante
corresponde àquela situação em que é frustrada uma utilidade que o
lesado iria adquirir, se não fosse a lesão”, Direito das Obrigações, Vol. I,
Almedina, 2010, p. 346.
A classificação da responsabilidade civil compreende:
- A responsabilidade por factos ilícitos ou responsabilidade por culpa e a
responsabilidade pelo risco
A responsabilidade por factos ilícitos (cujo regime regra consta do art.
483º, nº 1, CC), pressupõe um juízo de censura do comportamento do
agente (responsabilidade subjetiva); enquanto a responsabilidade pelo
risco, que só ocorre nos casos taxativamente previstos na lei (arts. 483º,
nº 2 e 499º a 510º, CC), prescinde desse juízo de valor
(responsabilidade objetiva).
O princípio geral da responsabilidade por factos ilícitos encontra-se
consagrado no art. 483º, nº 1, CC, o qual estipula que: “Aquele que, com
dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer
disposição legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a
indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação”.
A culpa pode ser definida como “o juízo de censura ao agente por ter
adotado a conduta que adotou, quando de acordo com o comando legal
estaria obrigado a adotar conduta diferente”, conclui Almeida Costa,
Direito das Obrigações, Almedina, 12ª ed., p. 558.
O conceito de culpa preclude perante a existência de causas de
inimputabilidade (art. 488.º, nº 1, 1ª parte, CC) e de exclusão de culpa
(erro desculpável, medo invencível e desculpabilidade).
- A responsabilidade civil delitual ou aquiliana (ou extracontratual) e
responsabilidade obrigacional (ou contratual)
A responsabilidade civil contratual resulta da violação de um direito de
crédito ou obrigação em sentido técnico. Explica Almeida Costa,
“Verificamos (portanto), que o qualitativo corrente não se mostra
rigoroso, dado que, além dos contratos, existem outras fontes de tais
vínculos, cujo incumprimento ocasiona essa espécie de responsabilidade
civil. Podem eles, do mesmo modo, surgir de negócios jurídicos
unilaterais e, inclusive, diretamente da lei. Mercê da razão exposta,
alguns autores preferem chamar-lhe responsabilidade negocial ou
responsabilidade obrigacional.", op. cit., p. 539.
A responsabilidade extracontratual deriva da violação de deveres ou
vínculos jurídicos gerais, isto é, de deveres de conduta impostos a todas
as pessoas e que correspondem aos direitos absolutos, ou até da prática
de certos atos que, embora lícitos, produzem dano a outrem.
Desenvolvimento
Preliminarmente, há que averiguar se existe culpa na atuação de Abel,
para aplicação do regime de responsabilidade por factos ilícitos
(atendendo a que a responsabilidade pelo risco prescinde desse
requisito).
Abel manifestou um comportamento culposo (dado que não diligenciou
proceder à reparação do muro). No entanto, o regime exige a verificação
de todos os requisitos previstos no art. 483º, nº 1, CC, atenta a sua
natureza cumulativa.
Constata-se que o agente (Abel) teve uma
1) atuação voluntária, por omissão
2) de natureza culposa, sendo esta apreciada segundo o critério do bom
paterfamilias (nº 2).
3) e ilícita (dado que não teve um comportamento conforme a lei, art.
1350º, CC)
4) violando o direito de outrem (direito à propriedade de Eduardo)
5) provocando um dano, havendo um
6) nexo de causalidade, entre a sua atuação e o resultado (dano)
7) sendo imputável (grosso modo, possui a capacidade de entender o
alcance e as consequências dos seus atos).
Nos termos do art. 492º, nº 1, CC, o proprietário de obra que ruir (no
todo ou em parte) por defeito de conservação, responde pelos danos
causados (1ª parte), salvo se provar que mesmo com a diligência devida,
os danos não seriam evitados, dado que a tempestade prejudicou não
só a propriedade de Eduardo, como todas as propriedades circundantes
(in fine).
O ónus da prova cabe ao lesado (art. 487º, nº 1, 1ª parte, CC), salvo
havendo presunção legal de culpa (2ª parte), conforme ocorre no caso
em análise, face ao disposto no art. 492º, nº 1, CC.
Nestes termos, presumindo-se a culpa do agente, o dano é reparável,
segundo o estatuído no art. 562º, CC, pelo que o lesante deve
reconstituir a situação que existiria, se não se tivesse verificado o evento
que obriga à reparação, provado o nexo causal (art. 563º, CC). Na
eventualidade de a reconstituição natural não ser possível, conforme
ocorre, deve compensar o lesado através de uma indemnização fixada
em dinheiro (art. 566º, nº 1, CC).
Conclusão
Havendo o dever de indemnizar, este compreende o dano emergente
(prejuízo causado) e o lucro cessante (benefício que o lesado deixou de
auferir), nos termos do art. 564º, nº 1, CC.
Assim, Abel deve indemnizar Eduardo dos danos emergentes (€3500) e
dos lucros cessantes (€10.000), deduzindo-se deste montante a quantia
de €2000, relativa ao valor da colheita (fixando-se o valor dos lucros
cessantes em €8000).
Assim, o dano corresponde a €8000, acrescido de €3500 (ou seja,
11.500€)
No entanto, caso a responsabilidade se funde em mera culpa, a
indemnização pode ser atenuada, atento o disposto no art. 494º, CC.
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