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Em primeira instância, parece uma questão trivial. Porém, basta olharmos, por
exemplo, para um simples fragmento da obra A Crítica da Razão Pura de Immanuel
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02/12/2016 Como ler (e compreender) um texto filosófico | Universo Racionalista
Ser não é, evidentemente, um predicado real, isto é, um conceito de algo que possa
acrescentar-se ao conceito de uma coisa; é apenas a posição de uma coisa ou de
certas determinações em si mesmas. No uso lógico é simplesmente a cópula de um
juízo. A proposição ‘Deus é onipotente’ contém dois conceitos que têm os seus
objetos: Deus e onipotência; a minúscula palavra ‘é’ não é um predicado mais, mas
tão-somente o que põe o predicado em relação com o sujeito. Se tomar pois o sujeito
(Deus) juntamente com todos os seus predicados (entre os quais se conta também a
onipotência) e disser ‘Deus é’, ou existe um Deus, não acrescento um novo predicado
ao conceito de Deus, mas apenas ponho o sujeito em si mesmo, com todos os seus
predicados e, ao mesmo tempo, o objeto que corresponde ao meu conceito
O leitor não habituado com a natureza dos textos filosóficos, tendo contato com texto
supracitado, perceberá as enormes dificuldades acerca da compreensão do mesmo.
Donde, compreender-se-á que a leitura de tais textos – principalmente os mais antigos
– requer um conhecimento prévio, requer um método – e portante, não é à toa que as
universidades, no currículo do curso de filosofia, costumam inserir logo no seu início
uma disciplina chamada Metodologia Filosófica ou Introdução aos Textos Filosóficos,
dentre outras nomenclaturas.
Utilizando-se desta metologia, vamos analisar o trecho da obra de Kant citada no início
do texto:
Este trecho serve de sustentação para o segundo argumento (ser enquanto cópula de
um juízo). Aqui, ele explicita a função semântica do verbo ser na frase ‘Deus é
onipotente’ que aparece conjugado na 3ª pessoa do singular (é): este executa a mera
função de conectar o sujeito Deus com o predicado onipotente; ao passo
que onipotente é considerado um predicado real, ou seja, ele é acrescentado ao
conceito Deus, e acaba por expandir seu significado. Aqui, Kant quer demonstrar
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que o verbo ser não possui a mesma função do adjetivo onipotente, i. é, o ser não
expande o conceito de Deus e, portanto, não é um predicado real (tese).
E para sustentar seu primeiro argumento – o ‘ser’ sendo usado para evidenciar a
posição do sujeito ou de suas determinações -, Kant diz:
Neste trecho, Kant se dirige diretamente para os juízos de existência, por exemplo:
“Deus existe”; “Deus é”, ou podemos alterar o exemplo para facilitar o entendimento:
“O livro é azul, pequeno e existe.” Neste último exemplo, a frase atribuí dois
predicados reais ao sujeito livro: azul e pequeno. O adjetivo existe (“é”) não pode ser
considerado um predicado real (tese), pois este – em contrapartida aos conceitos
azul e pequeno – não aumenta meu conceito de livro, mas sim, coloca o sujeito em
questão (juntamente com todos os seus predicados reais) em evidência, relacionando
esse sujeito com o objeto empírico que corresponde meu conceito de livro (claro, no
texto, o exemplo utilizado é Deus e não livro).
Bibliografias:
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Investidor Direto
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