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ROBERTO MELO MESQUITA

Professor licenciado em Letras Clássicas


Mestre em Língua Portuguesa

CLODER RIVAS MARTOS


Licenciado em Letras Clássicas
Licenciado em Pedagogia
Professor da rede pública de ensino do estado de São Paulo

Gramática Pedagógica

28ª edição reformulada e ampliada — 1999

ISBN 85-02-02954-1
ISBN 85-02-02955-X (Livro do professor)

Supervisão editorial: José Lino Fruet


Editora: Ebe Christina Spadaccini
Assistente técnico-pedagógica: Adriana Villar Túllio
Assistente editorial: Sérgio Paulo N. T. Braga
Copy-desk: Cecília Setsuko Oku
Revisão: Fernanda Almeida Umile (supervisão)
Ana Paula Piccoli, Aurea M. dos Santos
Gerência de arte: Nair de Medeiros Barbosa

Arte e Editoração Eletrônica: Casa Paulistana de Comunicação


Direção geral: Milton Rodrigues Alves
Projeto gráfico e capa: Thaís de Bruÿn Ferraz
Coordenação de produção: Marcia Salinas, Kelly C. Trombine
Maria Aparecida Alves da Silva
Thaís de Bruÿn Ferraz
Editoração eletrônica: Edilson Pauliuk, Narjara L. Teixeira
Tarcísio A. Garbellini, Wagner Pin
Ilustrações: José Luís Juhas, Tarcísio A. Garbellini,
Thaís de Bruÿin Ferraz, Wander Moreira Mendes
Apresentação

Ouvir, falar, ler e escrever são atividades que executamos todos os dias e com
tanta freqüência que muitas vezes nem as percebemos nem pensamos nelas:
as músicas e as propagandas que ouvimos no rádio ou na televisão; os
colegas e a família com quem conversamos a toda hora; os livros, as revistas,
as placas de sinalização e os outdoors que lemos a todo instante; as cartas, os
bilhetes e os trabalhos escolares que escrevemos.
O mundo vive em comunicação, o tempo todo. Para participar dessa
comunicação diária e incessante, é necessário não só se expressar com
clareza, por escrito ou oralmente, mas também compreender as mensagens
que recebemos de outras pessoas.
Esse livro pretende fornecer-lhe os meios necessários para um bom
desempenho no seu cotidiano, em suas atividades de ouvir, falar, ler e
escrever. Para isso, utilizamos uma linguagem bem moderna e atual e
selecionamos os mais variados instrumentos para servir de exemplo:
manchetes de jornais e revistas, propagandas, histórias em quadrinhos,
poesias, contos etc. Procuramos, também, trabalhar apenas com os aspectos
gramaticais básicos da Língua Portuguesa, pois sabemos que, conhecendo
esses aspectos fundamentais, você será capaz de desempenhar, cada vez
mais e melhor, as atividades do dia-a-dia que envolvem a comunicação entre
os homens.
Os autores

Professor: Nessa reformulação, procuramos respeitar as características gerais


da obra no que se refere à abordagem de conteúdos e a sua seleção. No
entanto, para tornar a obra ainda mais atual e atraente para os jovens,
procedemos a algumas alterações:
* utilizamos mais textos integrais, com menos recortes, o que permite uma
análise mais completa, caso haja interesse de sua parte ou da sua turma;
* utilizamos mais textos de autores da literatura infanto-juvenil, o que permite a
abordagem de assuntos interessantes para os jovens;
* utilizamos mais textos de autores clássicos da literatura brasileira, o que pode
servir para despertar o interesse da juventude por essa literatura, abrindo
caminho para estudos posteriores;
* utilizamos mais histórias em quadrinhos, o que atrai a atenção dos alunos
nessa faixa etária, devido ao seu aspecto lúdico;
* aumentamos sensivelmente a quantidade de exercícios, o que permite
trabalhar o aspecto gramatical de modo mais variado e mais dinâmico;
* entre os exercícios novos, inserimos atividades que, a partir de textos bem
variados, permitem um trabalho de análise e comparação mais crítico.
Com essas alterações procuramos apresentar uma obra mais moderna e
prática. Esperamos que ela possa ser útil a você, em seu trabalho em sala de
aula.
Bom trabalho!
Sumário
Introdução 8
Linguagem, língua e gramática 8
• Linguagem verbal e linguagem não-verbal 9
• Língua 10
• A Gramática 11

Fonética

Fonemas 14
Fonema e letra 15
Classificação dos fonemas 16
• Vogais 16
• Semivogais 18
• Consoantes 19
Exercícios 20

Sílaba 22
Encontros vocálicos e consonantal 23
• Encontro vocálico 23
• Encontro consonantal 25
Dígrafos 25
Divisão silábica 26
Tonicidade da sílaba 28
Prosódia e ortoépia 30
• Prosódia 30
• Ortoépia 31
Exercícios 32

Ortografia 34
O alfabeto 35
Emprego de algumas letras 35
• Emprego de k, w e y 35

• Emprego do h 36
• Emprego de e e i 37
• Emprego de o e u 38
• Emprego de g e j 38
• Emprego de c, ç, s, ss, sc, sç e x 40
• Emprego de s e z 41
• Emprego de x e ch 42
Exercícios 43
Notações léxicas 45
Uso das letras maiúsculas 47
Abreviaturas e siglas 48
Exercícios 51
Exercícios gerais 53

Acentuação gráfica 54
Acentuação das oxítonas 55
Acentuação das paroxítonas 56
Acentuação das proparoxítonas 56
Acentuação dos monossílabos 57
Acentuação de hiatos e ditongos 57
Acentuação dos grupos gue, gui, que, qui 59
Acento diferencial 60
Exercícios 60

Morfologia

Estrutura das palavras 64


Elementos mórficos 64
Classificação dos morfemas 65
• Radicais 67
• Prefixos 72
• Sufixos 75
Exercícios 77

Formação das palavras 80


Derivação 80
• Derivação por prefixação 81
• Derivação por sufixação 81
• Derivação parassintética ou parassíntese 82
• Derivação imprópria 83

• Derivação regressiva 83
Composição 84
• Justaposição 84
• Aglutinação 85
Outros processos 85
• Redução 85
• Onomatopéia 86
• Hibridismo 87
Exercícios 87

Classes e flexão de palavras 90


Classes gramaticais 90
Flexões gramaticais 91
Exercícios 93

Substantivo 94
Conceito 94
Classificação do substantivo 94
• Substantivos próprios e comuns 94
• Substantivos concretos e abstratos 96
• Substantivos simples e compostos 96
• Substantivos primitivos e derivados 98
Exercícios 99
Flexão do substantivo 100
• Flexão de gênero 100
• Flexão de número 105
• Flexão de grau 108
Exercícios 111
Exercícios gerais 112

Artigo 114
Conceito 114
Classificação do artigo 115
Características do artigo 116
Exercícios 117

Adjetivo 118
Conceito 118
Classificação do adjetivo 119
Adjetivos pátrios 119
Locução adjetiva 121
Flexão do adjetivo 122
• Flexão de gênero 122
• Flexão de número 124
• Flexão de grau 125
Exercícios 128

Numeral 132
Conceito 132
Classificação dos numerais 132
Flexão dos numerais 135
• Cardinais 135
• Ordinais 135
• Multiplicativos 136
• Fracionários 136
• Numerais coletivos 136
Leitura e escrita dos numerais 136
Usos especiais 137
Exercícios 138

Pronome 140
Conceito 140
Classificação dos pronomes 142
• Pronomes pessoais 142
• Pronomes possessivos 144
• Pronomes demonstrativos 145
• Pronomes indefinidos 148
• Pronomes interrogativos 149
• Pronomes relativos 150
Relação entre pronomes 151
Exercícios 152
Verbo 156
Conceito 156

Flexão do verbo 157


• Pessoa e número 158
• Modo 158
• Tempo 159
• Formas nominais 162
• Voz 163
Elementos do verbo 165
• Radical 165
• Vogal temática 165
• Desinências 166
Conjugação verbal 166
Classificação dos verbos 167
• Regulares 167
• Irregulares 168
• Auxiliares 168
• Anômalos 169
• Defectivos 170
• Abundantes 170
Formação dos tempos e dos modos 171
Modelos de conjugação 173
• Verbos regulares 173
• Verbos irregulares 177
• Verbos auxiliares 182
• Verbos anômalos 184
• Verbos defectivos 185
Exercícios 185

Advérbio 189
Conceito 189
Classificação dos advérbios 190
• Advérbios interrogativos 190
Locução adverbial 191
Flexão dos advérbios 192
Exercícios 192

Preposição 195
Conceito 195
Locução prepositiva 196
Contração e combinação 196
• Contração 197
• Combinação 198
Exercícios 198

Conjunção 201
Conceito 201
Classificação das conjunções 202
• Conjunções coordenativas 202
• Conjunções subordinativas 203
Locução conjuntiva 204
Exercícios 205

Interjeição 207
Conceito 207
Locução interjetiva 207
Classificação da interjeição 208
Exercícios 209

Sintaxe

Frase, oração, período 212


Frase 213
• Classificação das frases 214
Oração 216
Período 217
Exercícios 218

Termos essenciais da oração 220


Sujeito 221
• Núcleo do sujeito 221
• Classificação do sujeito 222
• Sujeito simples 222
• Sujeito composto 223
• Sujeito indeterminado 224
• Oração sem sujeito 225
Predicado 226
• Classificação do predicado 227
• Predicado verbal 227
• Predicado nominal 230
• Predicado verbo-nominal 231
Exercícios 234

Termos integrantes da oração 238


Complementos verbais 238
• Objeto direto 238
• Objeto indireto 239
Complemento nominal 241
Agente da passiva 243
Exercícios 245

Termos acessórios da oração e vocativo 248


Termos acessórios da oração 248
• Adjunto adnominal 249
• Adjunto adverbial 251
• Aposto 253
Vocativo 254
Exercícios 255

Período composto por coordenação 258


Classificação das orações coordenadas 259
Classificação das coordenadas sindéticas 259
• Aditivas 259
• Adversativas 260
• Alternativas 261
• Conclusivas 261
• Explicativas 262
Exercícios 263

Período composto por subordinação 265


Orações subordinadas 265
Classificação das orações subordinadas 266
Orações subordinadas substantivas 266
Exercícios 268
Orações subordinadas adjetivas 269
• Restritiva 270
• Explicativa 271
Exercícios 271
Orações subordinadas adverbiais 274
Exercícios 276
Exercícios gerais 277

Regência 279
Regência verbal 280
Regência nominal 283
Exercícios 285

Crase 288
Exercícios 290

Concordância 292
Concordância verbal 293
• Regras gerais 293
• Casos especiais 294
• Concordâncias especiais 295
Concordância nominal 297
• Regras gerais 297
• Casos especiais 297
Exercícios 299

Colocação pronominal 302


Uso da próclise 302
Uso da mesóclise 303
Uso da ênclise 304
Emprego de o, a, os, as 304
Exercícios 305

Pontuação 307
Emprego da pontuação 307
Outros sinais de pontuação 312
Exercícios 313

Estudos diversos 316


A palavra se 316
A palavra que 317
• Funções sintáticas 317
• Funções morfológicas 319
Porque, porquê, por que, por quê 319
Exercícios 320

Apêndice

O sentido das palavras 324


Família de idéias 325
Sinonímia 325
Antonímia 326
Homonímia 326
Paronímia 326
Palavras em sentido denotativo
e conotativo 327
Polissemia 327
Exercícios 328

Figuras de linguagem 330


Principais figuras de linguagem 330
Vícios de linguagem 333
Exercícios 334

Bibliografia 336

INTRODUÇÃO

Linguagem, língua e Gramática

A todo momento, o ser humano está em comunicação com outros seres. Para
comunicar-se com seus semelhantes, ele usa vários recursos: palavras,
gestos, desenhos, movimentos, batidas, imagens, música etc.
A capacidade de usar palavras, gestos, desenhos, movimentos, batidas,
imagens, música para comunicar-se chama-se linguagem. Por meio da
linguagem, o ser humano transmite aos outros suas emoções e seus
pensamentos e consegue viver e trabalhar em comunidade.

Linguagem verbal e linguagem não-verbal

Só a espécie humana fala. Ao falar, as pessoas usam a linguagem verbal que é


o meio mais útil e perfeito da comunicação humana. Com essa linguagem, os
seres humanos comunicam-se, utilizando palavras, inclusive em situações
complexas, como cirurgias cardíacas, panes de gigantescos aviões e viagens
pelo espaço sideral.

A linguagem não-verbal é a que não utiliza palavras; a comunicação é feita por


elementos visuais ou sonoros, desenhos, gestos e imagens.

Na comunicação diária, as pessoas usam ao mesmo tempo tanto a linguagem


verbal como a não-verbal. Por exemplo: quando um professor explica a matéria
para seus alunos, ele fala, gesticula, movimenta-se e até a expressão dos
olhos e da face participa do processo de comunicação, juntamente com as
palavras.
Quando alguém quer se comunicar, pode escolher, portanto, entre as diversas
formas de linguagem, dependendo do que quer expressar (idéias, sentimentos,
emoções) e a quem se dirige (um colega, um familiar, uma autoridade).

Em todo processo de comunicação, aparece o código.

A taça que aparece desenhada nas caixas de papelão comunica aos


carregadores que seu conteúdo é de matéria frágil. O desenho da taça é um
sinal que pertence ao código não-verbal. Para que um sinal de código
comunique uma mensagem é indispensável que ele apresente o mesmo
sentido para quem o emite e para quem o recebe.
Para que você entenda melhor o que é código, pense na seguinte situação: nos
filmes policiais, é muito comum o mocinho (que está escondido dos bandidos)
combinar com a mocinha que ela deve dar três batidas na porta, para ele saber
que é ela quem quer entrar e, assim, poder abrir-lhe a porta. A combinação de
batidas, nesse caso, é o código.
Nessa situação de comunicação, temos os seguintes elementos:

• o emissor = a mocinha;
• o código = três batidas na porta;
• a mensagem = pedido para abrir a porta; • o receptor = o
mocinho.

Um esquema que pode representar a relação entre esses elementos é o


seguinte:
Código é, portanto, um sinal ou um conjunto de sinais que serve como
elemento de comunicação.
É importante não confundir código e mensagem. No nosso exemplo, se a
mocinha dissesse: “Abra a porta, por favor!”, a mensagem seria a mesma (um
pedido para abrir a porta), mas o código seria a fala, não mais as três batidas.

Língua

A língua, ou o idioma, que cada povo utiliza também é um código, um sistema


de palavras organizado de forma a estabelecer a comunicação ou permitir a
expressão de um pensamento, uma idéia, uma emoção etc.
Assim, a língua portuguesa é o nosso código de comunicação, é o código que
utilizamos diariamente para conversar com os colegas, para comentar o jogo
do último campeonato, para anotar um recado para o irmão, para escrever uma
carta solicitando um emprego etc.
Para que a língua seja um código eficiente na comunicação, é necessário que
tanto o emissor quanto o receptor a conheçam e a compreendam. Tente
conversar, utilizando a língua portuguesa, com alguém que só entende (e fala)
inglês ou alemão, por exemplo: essa pessoa não vai entender nada do que
você disser e você não vai entender nada do que ela disser. Então, nesse
caso, a comunicação não ocorre porque vocês não estão utilizando o mesmo
código.
Além disso, cada língua possui regras e normas que devem ser seguidas para
tornar a comunicação mais clara e eficiente. Essas regras são estabelecidas
pela Gramática e cada língua possui a sua Gramática específica.

A Gramática

A língua portuguesa é usada em diversas regiões do mundo*, por milhões de


pessoas. É claro que essas pessoas usam a língua portuguesa de maneiras
diferentes e esse uso é válido dentro de algumas formas de comunicação
diária.
Entretanto, existe um conjunto de normas estabelecidas, há muito tempo, pelos
estudiosos da língua portuguesa, que orienta o uso adequado em situações
formais como discursos, correspondências comerciais, documentos, aulas,
programas e noticiários de rádio e televisão, e muitas outras.
Esse conjunto de normas estabelecidas recebe o nome de Gramática
Normativa.
Falar e escrever corretamente a língua portuguesa significa conhecer e saber
usar suas regras e normas. Leia os dois textos a seguir:

Zé:

Tua mina ligou. Ela tá te esperando as 3 horas, lá na padaria do seu Mané. Ela
disse procê não atrazar.
João

Sr. Alfredo:
Sua esposa telefonou. Pediu-me para avisá-lo de que ela o espera na porta do
Cine Alvorada, às 19 horas.

Maria

Trata-se de dois bilhetes, que transmitem um recado e estão escritos na língua


portuguesa. Ao mesmo tempo, são textos bem diferentes: o primeiro é bastante
informal, apresenta alguns erros gramaticais e gírias; o segundo não apresenta
erros gramaticais e é mais formal. É provável que o Zé não se ofenda com o
“tom” do bilhete nem se incomode com os erros do João, mas se a Maria
escrever um bilhete parecido para seu chefe, ela poderá perder o emprego!
Assim, a Gramática é um instrumento que pode ajudá-lo a se comunicar melhor
— e da maneira mais adequada — com seus amigos, com sua(seu)
namorada(o), com seu chefe etc. Conhecendo e sabendo usar adequadamente
as regras e normas da língua portuguesa, você poderá expressar-se
claramente quando precisar reivindicar seus direitos ou se defender de uma
acusação injusta, por exemplo. O conhecimento da Gramática é importante
para que você seja um elemento participante da sociedade brasileira.
Como a Gramática ocupa-se, basicamente, dos fonemas, das palavras e das
frases, esta Gramática Pedagógica divide-se em três partes: Fonética,
Morfologia e Sintaxe.

Fonética — é a parte da Gramática que estuda os sons da fala. A Fonética


pode ser: descri- tiva, histórica e sintática.
A fonética descritiva estuda a produção dos fonemas e sua classificação.

fácilvogal aberta
oraçãovogal nasal

A fonética histórica estuda a transformação dos fonemas verificada nos


vocábulos de uma língua através do tempo.

acutuem latim
agudoem português moderno

A fonética sintática estuda a transformação fonética que sofrem os vocábulos


em função do lugar ocupado na frase.

amar + oamá-lo

* O falante da língua portuguesa chama-se lusofônico.

FONÉTICA
FONEMAS
Leia com atenção as estrofes a seguir, que são o início da história de Romeu e
Julieta, adaptada por Ruth Rocha.

Há muito tempo,
não muito longe daqui,
havia um reino muito engraçado.
Todas as coisas
eram separadas pela cor.
Branco, amarelo, azul,
vermelho, preto.

O que era branco morava junto


com o que era branco.
Todas as flores brancas
no mesmo canteiro.
As borboletas brancas
só visitavam o canteiro branco.

Todas as flores azuis


num canteiro separado.
E as borboletas azuis
só visitavam este canteiro.
Não havia misturas...

Num canteiro amarelo,


morava uma linda família
de borboletas amarelas.
Tinham uma filhinha
chamada Julieta.
(Ruth Rocha)

Agora, releia a segunda estrofe, que fala do branco. Perceba que as letras b e r
se repetem várias vezes. Ao pronunciá-las, emitimos um som característico
para cada uma delas.
Esses sons recebem o nome de fonemas.

Fonema é a menor unidade sonora de uma língua e serve para estabelecer a


diferença de significado entre as palavras.

Observe outros exemplos:

rato gato

Os fonemas, ou seja, os sons dessas palavras, são representados da seguinte


maneira, respectivamente:

/r/ /a/ /t/ /o/ /g/ /a/ /t/ /o/


Note que cada som (fonema) é escrito entre barras paralelas (/ /). É essa a
representação adotada para os fonemas, quando precisamos escrevê-los.
Perceba, também, que a troca do fonema /r/ pelo fonema /g/ marca a diferença
de significado entre as duas palavras. Por isso, dizemos que o fonema é uma
unidade distintiva, pois é capaz de estabelecer uma distinção entre palavras.
No texto de Ruth Rocha, aparece a palavra canteiro. Mudando-se dois
fonemas, tudo muda:

canteiro

pandeiro

Veja outros exemplos:


FONÉTICA
FONEMAS
Leia com atenção as estrofes a seguir, que são o início da história de Romeu e
Julieta, adaptada por Ruth Rocha.

Há muito tempo,
não muito longe daqui,
havia um reino muito engraçado.
Todas as coisas
eram separadas pela cor.
Branco, amarelo, azul,
vermelho, preto.

O que era branco morava junto


com o que era branco.
Todas as flores brancas
no mesmo canteiro.
As borboletas brancas
só visitavam o canteiro branco.

Todas as flores azuis


num canteiro separado.
E as borboletas azuis
só visitavam este canteiro.
Não havia misturas...

Num canteiro amarelo,


morava uma linda família
de borboletas amarelas.
Tinham uma filhinha
chamada Julieta.
(Ruth Rocha)

Agora, releia a segunda estrofe, que fala do branco. Perceba que as letras b e r
se repetem várias vezes. Ao pronunciá-las, emitimos um som característico
para cada uma delas.
Esses sons recebem o nome de fonemas.
Fonema é a menor unidade sonora de uma língua e serve para estabelecer a
diferença de significado entre as palavras.

Observe outros exemplos:

rato gato

Os fonemas, ou seja, os sons dessas palavras, são representados da seguinte


maneira, respectivamente:

/r/ /a/ /t/ /o/ /g/ /a/ /t/ /o/

Note que cada som (fonema) é escrito entre barras paralelas (/ /). É essa a
representação adotada para os fonemas, quando precisamos escrevê-los.
Perceba, também, que a troca do fonema /r/ pelo fonema /g/ marca a diferença
de significado entre as duas palavras. Por isso, dizemos que o fonema é uma
unidade distintiva, pois é capaz de estabelecer uma distinção entre palavras.
No texto de Ruth Rocha, aparece a palavra canteiro. Mudando-se dois
fonemas, tudo muda:

canteiro

pandeiro

Veja outros exemplos:


Meu bem-querer
É segredo, é sagrado.

PEGUE E
PAGUE

Trago não traço


Faço não caço
(Luís Melodia)
(Djavan)

É importante compreender que nem todo som é fonema. Leia em voz alta os
sons que representam ruídos nos quadrinhos a seguir:

Esses sons não constituem palavras, apenas imitam barulhos e, portanto, não
são fonemas. Isso quer dizer que, isolados, os fonemas não têm significado
algum. No entanto, são eles que, nos vocábulos, diferenciam um do outro.
Observe:
ruídos ruídos
rato rei rumo
fonemas pato lei sumo
gato
graça grama
fonemas praça trama
traça

Fonema e letra

É preciso cuidado para não confundir fonema com letra.

Fonema é som. Letra é o sinal gráfico que representa o som.

Leia mais um pouco de Romeu e Julieta.


No canteiro de miosótis,
morava uma família
de borboletas azuis.
Tinham um filhinho
chamado Romeu.

Romeu era muito engraçado.


Sabia voar para frente e para trás.
Dava cambalhotas no ar.
Voava com uma asa só.
Borboleteava por todo canto.

O pai sempre falava:


— Romeu, Romeu,
nada de passeios
nos canteiros de outra cor,
é perigoso!

— Ah, papai,
as rosas são tão cheirosas...
— Cheiro não é tudo na vida,
meu filho.
Lugar de borboleta azul
é no canteiro azul.
Sempre foi assim...
(Ruth Rocha)

Observe:

p a s s e i o s 8 letras
/p/ /a/ /ss/ /e/ /i/ /o/ /s/ 7 fonemas

O grupo ss representa um único fonema, embora seja escrito com duas letras.
Há casos em que:

• duas letras representam um só fonema:

filhinho, chamado, assim

• as letras m e n, quando estão em final de sílaba, não representam


fonemas:

canteiro (cãteiro), sempre (sepre)

• a letra x pode representar vários fonemas:

fixo (ks), táxi (ks), exame (z), máximo (s)

Observação:
A letra h não corresponde a nenhum som. É apenas um símbolo em
nosso alfabeto por força da etimologia e da tradição: hora, hotel, horta.

Veja os exemplos abaixo:

cambalhotas

11 letras
9 fonemas

duas letras, um fonema


não representa fonema

tóxico
6 letras
7 fonemas

uma letra
dois fonemas

canteiros
9 letras
8 fonemas
não representa fonema

Observação:
O sistema fonético do português falado no Brasil registra um número
aproximado de 33 fonemas. Já o alfabeto português é constituído de 23 letras.

Classificação dos fonemas


Os fonemas classificam-se em vogais, semivogais e consoantes.

Vogais

Mário Quintana foi um grande poeta gaúcho. Leia o poema abaixo com
atenção.

Das idéias

Qualquer idéia que te agrade,


Por isso mesmo... é tua.
O autor nada mais fez que vestir a verdade
Que dentro em ti se achava inteiramente nua...
(Mário Quintana)

Observe a palavra idéias. Ela é formada pelos fonemas:

/i/ /d/ /é/ /i/ /a/ /s/

Ao pronunciá-la em voz alta, você percebe que na emissão dos fonemas /e/, /i/
e /a/, a corrente de ar que vem dos pulmões passa livremente pela boca, sem
encontrar nenhum obstáculo. As letras a, e, i, o, u representam as vogais em
português, e todas elas são fonemas produzidos sem obstáculos à passagem
de ar pela boca.

Vogais são fonemas que se produzem livremente, sem encontrar nenhum


obstáculo que se oponha à corrente de ar.

As vogais, sozinhas, podem constituir uma sílaba e, por isso, elas são
chamadas fonemas silábicos. Observe:

agrade

uma vogal constitui uma

nua

uma vogal constitui uma sílaba


Classificação das vogais

Dependendo da maneira como são pronunciadas, as vogais podem ser orais


ou nasais, abertas ou fechadas, tônicas ou átonas.

1 Orais ou nasais

Leia:

Envelhecer
Antes, todos os caminhos iam.
Agora todos os caminhos vêm.
A casa é acolhedora, os livros poucos.
E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.
(Mário Quintana)
Na palavra casa, o som das vogais é emitido apenas pela boca. Portanto, elas
são orais. Na palavra vêm, uma parte do som é emitida também pelo nariz, ou
seja, ocorre ressonância nasal. Neste caso, a vogal é nasal.

Vogais

Orais: a, é, ê, i, ó, ô, u agora, é, acolhedora, livros

Nasais: ã, e, i, õ, u antes, envelhecer, faminto

A ressonância nasal das vogais é representada na grafia pelo til ~ ou pelas


letras m e n, quando em final de sílaba. Neste caso, como você já sabe, estas
letras não representam fonemas; apenas indicam a nasalização das vogais.

2 Abertas ou fechadas

Leia:

Horror

Com os seus OO de espanto, seus RR guturais, seu hirto H, HORROR é uma


palavra de cabelos em pé, assustada da própria significação.
(Mário Quintana)

As vogais abertas são proferidas com a abertura máxima da boca e as


fechadas são proferidas com a abertura mínima.

Vogais

Abertas: a, é, ó pé, própria

Fechadas: â, ê, ô, i, u espanto, cabelos, hirto, horror


Leia as frases a seguir prestando mais atenção nas palavras destacadas e
você perceberá claramente a diferença entre as vogais abertas e as fechadas:

E le chega sempre atrasado. A letra e le da máquina de escrever está


com defeito.

som fechado som aberto

Veja outros exemplos:

Eu almoço às 11 horas. Eu gosto de leite.


O almoço estará pronto às 11 horas. O gosto do leite é bom.

3 Tônicas ou átonas
Cartaz para uma feira do livro

Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.

(Mário Quintana)

As vogais tônicas são aquelas pronunciadas com intensidade máxima e as


átonas são aquelas pronunciadas com intensidade mínima.

Vogais

Tônicas: a, e, i, o, u em sílabas tônicas cartaz, analfabetos, livro, uma

Átonas: a, e, i, o, u em sílabas átonas feira, aprenderam, analfabetos

Cada vogal pode receber essas três classificações ao mesmo tempo. Observe
as palavras retiradas do poema acima.

• aprenderam • feira
e: vogal oral, fechada, tônica e: vogal oral, fechada, tônica
a: vogal nasal, fechada, átona a: vogal oral, aberta, átona

Semivogais

Observe:
Acordo do Brasil com o
FMI está quase fechado
(Folha de S. Paulo)

Leia em voz alta a palavra destacada.


Você percebeu que o /a/ soa de modo mais forte, com mais intensidade, que o
/u/, pronunciado de maneira mais fraca. Veja, agora, esses exemplos:

cai — caí sai — saí

Em cai e sai, o /i/ é pronunciado fracamente e forma uma única sílaba junto
com o /a/, pronunciado fortemente. Nessas palavras, o /i/ é uma semivogal e
não constitui sílaba sozinho: é um fonema assilábico.
Em caí e saí, o /i/ é uma vogal, pois é pronunciado fortemente e constitui sílaba
sozinho.
Portanto:
Semivogais são fonemas que se juntam a uma vogal para formar uma única
sílaba.

As semivogais na língua portuguesa são representadas geralmente pelas letras


i e u, mas, em casos mais raros, o o e o e também podem representar
semivogais. Observe as palavras:

coração — nódoa alemães — anões

Ao pronunciá-las, o /o/ soa como /u/ e o /e/ soa como /i/. Portanto, nessas
palavras, o /o/ e o /e/ são semivogais.

Observe outros exemplos de palavras em que aparecem semivogais.

Dê novas
cores a suas
roupas

(Revista da Folha)

roupas meus sei debaixo questão

semivogal semivogal semivogal

Para distinguir a vogal da semivogal observe as seguintes diferenças:

Vogal
Semivogal

• É o centro da sílaba;
• É um fonema silábico;
• Soa fortemente;
• Só há uma em cada sílaba; não há sílaba
com duas vogais.
• Nunca é o centro da sílaba;
• É um fonema assilábico;
• Soa fracamente;
• Sempre acompanha uma vogal, nunca aparece sozinha.

Consoantes

Leia:
Bolsa cai; milhões de
dólares deixam o país
Pronuncie, em voz alta, as palavras destacadas.
Ao contrário dos sons vocálicos, que passam livremente pela boca, ao
pronunciar os sons /b/ ou /p/, seus lábios se fecham por um breve momento,
impedindo que a corrente de ar passe. Esses sons produzidos com algum tipo
de obstáculo são chamados consoantes.

Consoantes são fonemas que se produzem depois que a corrente de ar vence


um obstáculo que se opõe aos sons.

Observe a frase a seguir:

As outras aventuras da turma


da Mônica
que não estão nos gibis!
(Revista do Cebolinha)

Deixando de lado as vogais e as semivogais, temos aqui as seguintes


consoantes:

s r outras d — da q — que v t aventuras m


n c Mônica
g b gibis

Além destas, temos ainda:

f — feito l — leito x — xarope


j — jeito p — porco z — zero

Consoantes

b f l p s x
c g m q t z
d j n r v

As consoantes só chegam a formar sílabas quando aparecem junto a vogais.


Por isso, são fonemas assilábicos.
Não incluímos, aqui, a letra h, que não é considerada um fonema.

Exercícios
1 Leia os quadrinhos e indique o número de fonemas e letras das palavras
destacadas.

a) nariz 5 fonemas 5 letras


d) maquiada 8L 7F
g) horas 5L 4F
i) alienígena 10L 10F
b) gêmea 5F 5L
e) minha 5L 4F
h) arrumar 7L 6F
j) ponta 5L 4F
c) fazendo 7L 6F
f) maçãs 5L 5F

2 Dê um exemplo de uma palavra que tenha mais fonemas do que letras.


Em seguida, escreva uma frase com ela.

(Resposta pessoal. O aluno deverá escrever uma palavra em que o x tenha


som ks, como em tóxico ou táxi.)

3 Dráuzio era um vampiro muito simpático. Conheça um pouco de


sua família.

Dráuzio nasceu numa família comum de vampirinhos:


mãe e pai vampiros, vovô Draculim e vovó Dráulia III,
muito temidos na região da Garganta do Diabo, onde moravam.
Dráuzio tinha treze irmãos: sete irmãos vampiros
e seis vampirinhas.
Todos nascidos no espaço que vai do ano 1000
ao de 1882.

(Lúcia Pimentel Góes)

a) Agora, copie as palavras abaixo e classifique as vogais em destaque, de


acordo com o modelo.

vovó: vogal oral, aberta, tônica

• comum vogal nasal, fechada, tônica


• vovô vogal oral, fechada, tônica
• temidos vogal oral, fechada, átona
• vampirinhos vogal nasal, fechada, átona

b) Diga se os fonemas destacados são vogais, semivogais ou consoantes:

• Dráuzio semivogal
• família vogal
• nasceu vogal
• vampiros consoante
• treze consoante
• região semivogal

4 Leia atentamente os quadrinhos abaixo.

Agora responda:

• No segundo quadrinho, qual é a diferença entre o fonema /i/ que


aparece em caixa e o que aparece em vazia? Em caixa, o fonema i é uma
semivogal e, em vazia, é uma vogal.

Questões 5 a 7: Leia atentamente o texto ao lado.

5 Retire do texto:

a) duas palavras que contenham semivogal; asteróides, são,


maior, aos
b) duas palavras que contenham a vogal nasal a. giram,
contam

6 Há outros exemplos de vogal nasal no texto? cadentes, sendo,


em

7 Em milhares e cadentes, as letras h e n


representam fonemas? Por quê?
Não; o h não é um fonema, pois não representa um som; a letra n, neste caso,
apenas indica a nasalização da vogal.

SÍLABA

Calvin e Haroldo foram pescar. Veja a confusão.

Quando jogam a pedra na água, Calvin e Haroldo gritam “Levantar!”. Pronuncie


lentamente esta palavra:

LE - VAN - TAR

Você pode perceber que as sílabas se agrupam nas palavras segundo a


emissão de voz. Observe outros casos:

NÃO DI - A ES - PE - RAN - DO

Cada um desses grupos de fonemas forma uma sílaba. Há sílabas formadas


por um único fonema, como é o caso da sílaba -a em dia.
Sílaba é o fonema ou grupo de fonemas pronunciado em uma só emissão de
voz.

Em cada sílaba há uma vogal, pois, na língua portuguesa, não há sílaba sem
vogal.
As palavras podem classificar-se de acordo com o número de sílabas que
possuem. Observe:

• NÃO } uma sílaba

• DI - A } duas sílabas

• OB - JE - TO } três sílabas

• ES - PE - RAN - DO } quatro sílabas

Então, de acordo com o número de sílabas, as palavras classificam-se em:

• monossílabas — as que têm uma só sílaba:

não, vou, com

• dissílabas — as que têm duas sílabas:

dia, fome, pedra

• trissílabas — as que têm três sílabas:

péssima, levantar, idéia

• polissílabas — as que têm quatro ou mais sílabas:

esperando, fantástica, esconderijo

Encontros vocálicos e consonantal

Ao se agruparem, formando as sílabas, os fonemas podem dar origem a dois


tipos de encontros: o vocálico e o consonantal.

Encontro vocálico

Leia algumas palavras retiradas dos quadrinhos do Calvin. Preste atenção nas
letras destacadas:

vou dia água peixes voarem


depoismãos idéia foi não

Todas essas palavras apresentam encontros vocálicos.


Encontro vocálico é o agrupamento de vogais e semivogais.

O encontro vocálico pode ser de três tipos: ditongo, tritongo e hiato.

Ditongo

Ditongo é o agrupamento de uma vogal mais uma semivogal ou de uma


semivogal mais uma vogal em uma única emissão de voz, ou seja, em uma
única sílaba.

Ditongo

vogal + semivogal
ou
semivogal + vogal

Observe:

vou

vogal semivogal

em uma única sílaba

água

semivogal vogal

em uma única sílaba

Outros exemplos de ditongo:

tábua pai cauda sério gávea leite


mágoa noite série visualizar árduo quota

Conforme a posição da semivogal em relação à vogal, os ditongos podem ser:

• crescentes — quando a semivogal vem antes da vogal. Observe:

Calvin é um garoto muito esperto. Suas histórias narram as aventuras do


menino com Haroldo, um tigre de pelúcia muito especial.

histórias

semivogal vogal

pelúcia
semivogal vogal

• decrescentes — quando a vogal vem antes da semivogal. Por exemplo:

roubar

vogal semivogal

situação

vogal semivogal

Tritongo

Tritongo é o encontro de uma semivogal com uma vogal e uma semivogal


numa mesma sílaba.

Tritongo

semivogal + vogal + semivogal

Tritongo

semivogal + vogal + semivogal


Observe:

Paraguai

semivogal
semivogal
vogal
em uma única sílaba

Outros exemplos de tritongo:

Uruguai saguão iguais

Na língua portuguesa, são poucas as palavras com tritongo.

Hiato

Leia outra história de Calvin:

Observe:
poderia po - de - ri - a

hiato vogal vogal

Noel No - el
hiato vogal vogal

Portanto, hiato é o encontro de duas vogais pronunciadas em sílabas


diferentes.

O hiato aparece em muitas palavras da língua portuguesa. Observe mais estes


exemplos:

saúde (sa-ú-de) vôo (vô-o) lêem (lê-em)


ciúme (ci-ú-me) sabia (sa-bi-a) apreender (a-pre-en-der)
saída (sa-í-da) ruim (ru-im) caatinga (ca-a-tin-ga)

Encontro consonantal

Você conhece a história de Sherazade? Esta foi recontada por Ruth Rocha.
Leia um trecho com atenção.

A história de Sherazade

Há muito tempo, muito tempo mesmo, havia um rei muito rico e muito
poderoso: chamava-se Sharyar.
Um dia este rei descobriu que a mulher dele, quando ele viajava, ficava
namorando todo mundo.
É claro que o rei ficou furioso! Estes reis antigos eram terríveis. Sharyar ficou
com ódio de tudo quanto foi mulher.
Então resolveu fazer assim: casava todo dia com uma mulher nova, e no dia
seguinte mandava matar a coitada. Assim não tinha perigo que ele fosse
enganado.

(Ruth Rocha)

(Continua nas páginas 27 e 28.)

Observe as palavras claro e descobriu. As consoantes cl e br agrupam-se em


uma única sílaba, sem que haja uma vogal entre elas.

Encontro consonantal é o agrupamento de duas ou mais consoantes numa


mesma palavra.

O encontro consonantal pode aparecer na mesma sílaba ou em sílabas


diferentes. Observe:
na mesma sílaba
claro
descobriu

em sílabas diferentes
descobriu
este

Outros exemplos de encontro consonantal:

crédito cobra bícepsmorte adjetivo


grama obstáculo tributo pasto acepção

Dígrafos

Em algumas palavras da língua portuguesa, pode aparecer um conjunto de


duas letras que representam um único fonema. Releia o texto acima e preste
atenção nas palavras retiradas dele:

mulher

duas letras
um fonema (um som)

chamava

duas letras
um fonema (um som)

Nas palavras mulher e chamava, os conjuntos de letras lh e ch representam um


único fonema. A esse tipo de encontro dá-se o nome de dígrafo.

Dígrafo é o conjunto de duas letras que representam apenas um fonema.

Nas palavras em que ocorrem dígrafos, o número de fonemas nunca é igual ao


número de letras.
Veja outros exemplos de dígrafos:

ch: chamava-se, chuva


lh: filha, melhor
nh: tinha, nenhuma
ss: assim, fosse
rr: terríveis, arranjar
qu: que, naquele
gu: seguinte, conseguiu
sc: piscina, nascer
sç: desço, cresço
xc: exceção, excitação

Os grupos qu e gu são dígrafos apenas quando o u não é pronunciado e as


duas letras representam um único som, como em naquele e conseguiu.
Em palavras como quando e água o u é pronunciado. Nesses casos, o u é uma
semivogal que, ao lado do a, forma um ditongo. Não se trata de dígrafos,
portanto.
Veja outros exemplos em que o u é pronunciado:

lingüiça quadro agüentar guaraná

Agora, leia as palavras:

tempo namorando

Observe que as letras m e n nessas palavras apenas indicam que a vogal


anterior a elas tem som nasal. Portanto, essas letras não representam fonemas
e, por isso, nessas palavras, ocorre dígrafo. Veja outros exemplos desse tipo
de dígrafo:

am: pampa (pãpa)


em: tempo (tepo)
im: impossível ( possível)
om: bomba (bõba)
um: penumbra (penubra)

an: antigos (ãtigos)


en: então (etão)
in: seguinte (segu te)
on: contar (cõtar)
un: mundo (mudo)

Nessas palavras, devido ao dígrafo, o número de fonemas nunca será igual ao


número de letras.

Divisão silábica

Agora que você já conhece os encontros que podem ocorrer nas palavras da
língua portuguesa, fica mais fácil saber como se pode dividi-las, quando for
necessário.

Procure lembrar-se do seguinte:

1 Separam-se as letras:

• dos hiatos:
sa-í-da, sa-ú-de, a-ben-ço-e

• dos dígrafos rr, ss, sc, sç e xc:

bar-ro, as-sun-to, pis-ci-na, des-ço, ex-ce-ção

2 Não se separam as letras:

• dos dígrafos ch, nh, lh, gu e qu:

cha-péu, la-sa-nha, pa-lho-ça, gui-na-da, qui-lo

• dos ditongos e dos tritongos:

rou-pa, di-á-rio, Pa-ra-guai

• dos encontros em que a segunda consoante é l ou r:

flo-co, su-bli-me, bra-si-lei-ro, en-cren-ca

3 As consoantes que não são seguidas de vogal devem ficar na sílaba anterior:

ab-so-lu-to, ad-je-ti-vo, al-tu-ra

Se a consoante for inicial, ela também não deve ser separada:

psi-có-lo-go, pneu-má-ti-co

Observações:
1. Ao passar de uma linha para outra, deve-se tomar cuidado para não
deixar uma letra isolada no início ou
no fim da linha:

a- a- lago- sabi-
ranha mor a a

2. No caso das palavras compostas, não é necessário repetir o hífen


quando a divisão coincidir com o final de um dos seus elementos:

porta- pé-de- guarda- grã-


retrato moleque roupa fino

Observe, na seqüência da história de Sherazade, como foi feita a separação de


sílabas, quando houve necessidade:

O rei Sharyar fez isso durante três anos.


Já não havia mais moça solteira naquele lugar. E as que tinham sobrado se
escondiam muito bem, com muito medo. O primeiro-ministro precisava arranjar
todo dia uma noiva nova para o rei. Mas um dia ele voltou para casa muito
aborrecido porque não conseguiu descobrir moça nenhuma!
Este primeiro-ministro tinha uma filha chamada Sherazade, que era muito
bonita e, o que é melhor, era muito inteligente. Nesse dia, vendo que o pai
estava apavorado, com muito medo, Sherazade se ofereceu para casar com o
rei.
O ministro não quis nem ouvir falar nisto. Mas Sherazade teimou, pediu,
insistiu, dizendo que ia salvar o reino, que ia dar um jeito no tal do rei.

(Ruth Rocha)

Tonicidade da sílaba

Leia a continuação da história de Sherazade:

Professor: A norma padrão pede “deixando-a”. Nesse caso, o texto reproduz


uma linguagem cotidiana.
O pai da moça acabou deixando ela ir, porque na verdade ele também não
sabia o que fazer.
Levou a filha ao rei. O rei quis logo abraçar a moça, mas viu que ela estava
chorando. Isso já fazia parte dos planos de Sherazade.
— O que é que aconteceu? — o rei perguntou.
— É que eu tenho uma irmã pequena — respondeu Sherazade — e eu queria
que ela viesse dormir comigo na minha última noite.
O rei mandou buscar a irmã, Dunyazade.
De madrugada, antes que o rei se levantasse, Dunyazade pediu a Sherazade
que, pela última vez, lhe contasse uma história.
Sherazade pediu licença ao rei para atender a irmã.
Sherazade era uma contadeira de histórias incrível. Quem ouvia suas histórias
ficava encantado e queria que ela contasse outras histórias e outras mais.
E Sherazade começou a contar uma história muito interessante, e o próprio rei
ficou fascinado com o que ela estava contando.
Então o sol começou a nascer. Entre os árabes, esta é a hora de fazer
orações.
Sherazade parou a história no meio.
Não se sabe se o rei estava muito interessado na história ou se estava
interessado na moça. A verdade é que ele permitiu que Sherazade ficasse viva
só mais um dia, apenas para acabar a história.
Mas as histórias da moça eram longas, e dentro das histórias havia outras
histórias, e dentro destas outras, outras mais, de maneira que a narrativa foi se
alongando e durou... mil e uma noites, ao fim das quais o rei já estava
gostando muito de Sherazade e não quis mais saber de matá-la e nem de
matar mais ninguém.

(Ruth Rocha)
Agora, leia pausadamente as palavras a seguir:

acabou verdade última


Perceba que, em cada palavra, sempre há uma sílaba pronunciada com mais
força.

acabou verdade última

Essas sílabas recebem um acento tônico e, por isso, são chamadas sílabas
tônicas. Aquelas que, em cada palavra, são pronunciadas com menos força se
chamam sílabas átonas e não recebem o acento tônico. Veja:

sílaba tônica sílaba tônica sílaba tônica

a ca bou ver da de úl ti ma

sílabas átonas sílabas átonas sílabas átonas

Acento tônico indica a maior intensidade na pronúncia de uma sílaba.

Sílaba tônica é aquela que se pronuncia com maior intensidade.

Sílaba átona é aquela que é pronunciada com menor intensidade.

A posição da sílaba tônica é observada da direita para a esquerda. Veja o


quadro a seguir:

Antepenúltima penúltima última

abraçar a bra çar


licença li cen ça
narrativa nar ra ti va
orações o ra ções
verdade ver da de
árabes á ra bes
incrível in crí vel
madrugada ma dru ga da
moça mo ça

Observe como o acento tônico pode recair na última, na penúltima ou na


antepenúltima sílaba, mesmo nas palavras que possuem mais de três sílabas.
Por isso dizemos que, conforme a posição da sílaba tônica, as palavras
classificam-se em:

• oxítonas — a última sílaba é tônica:

descobrir, irmã, ninguém

• paroxítonas — a penúltima sílaba é tônica:

antigos, terríveis, noite


• proparoxítonas — a antepenúltima sílaba é tônica:

árabes, última

Perceba que os exemplos das palavras oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas


têm, todas, pelo menos duas sílabas. E as palavras a seguir, como são
classificadas?

rei de três as

Como apresentam uma única sílaba, os monossílabos recebem uma


classificação diferente. Eles não podem ser denominados de “oxítonos”, por
exemplo, e são chamados simplesmente tônicos ou átonos, conforme sejam
pronunciados com mais ou menos intensidade.

• monossílabos tônicos — são aqueles pronunciados fortemente e que


têm sentido, quando isolados:

pai ir quis eu sol só

• monossílabos átonos — são aqueles pronunciados fracamente e são


vazios de sentido, quando isolados:

de que se lhe o a um uns

Observe, no texto a seguir, alguns exemplos de monossílabos átonos e


tônicos.

O eco

O menino pergunta ao eco


onde é que ele se esconde.
Mas o eco só responde: “Onde? Onde?”
O menino também lhe pede:
“Eco, vem passear comigo!”
Mas não sabe se o eco é amigo
ou inimigo.
Pois só lhe ouve dizer:
“Migo!”

(Mário Quintana)

Tônicos

é

vem
não
Átonos

o
ao
que
se
lhe
mas
ou
pois

Prosódia e ortoépia

Prosódia

Muitas palavras da língua portuguesa podem gerar dúvidas quanto à sua


pronúncia correta.
Leia as frases a seguir:

O condor sobrevoava calmamente os Andes.


Madre Teresa de Calcutá recebeu o Nobel da paz.

As duas palavras destacadas são oxítonas; portanto, o acento tônico em cada


uma delas recai na última sílaba. Veja:

DOR

con

BEL

No

A troca de posição da sílaba tônica de uma palavra constitui um erro


gramatical. A Prosódia é a parte da Gramática que estuda esse tipo de
problema na pronúncia das palavras.

Prosódia é a parte da Fonética que estuda a acentuação tônica das palavras.

O erro no emprego da acentuação tônica de uma palavra é normalmente


chamado de silabada.
A palavra rubrica, por exemplo, é paroxítona: sua sílaba tônica é bri. Se
pronunciarmos rúbrica, com sílaba tônica em ru, ela passa a ser proparoxítona,
o que constitui silabada.
Assim como rubrica, existem muitos vocábulos que são pronunciados com
deslocamento do acento prosódico, isto é, o acento da fala.
Para não cometer erros, observe a correta posição da sílaba tônica nas
palavras a seguir. Leia-as pausadamente para treinar a acentuação:

• Palavras oxítonas (com acento tônico na última sílaba):

condor harém recém ruim


Gibraltar Nobel refém sutil

• Palavras paroxítonas (com acento tônico na penúltima sílaba):

âmbar caracteres estalido gratuito (úi) misantropo pegada


avaro clímax estratégia homonímia néctar sinonímia
batavo cromossomo filantropo ibero Normandia têxtil
boêmia erudito fortuito (úi) látex ônix
cânon esquilo fluido (úi)

• Palavras proparoxítonas (com acento tônico na antepenúltima sílaba):

aeródromo âmago êmbolo horóscopo ínterim ômega


álcool arquétipo êxodo idólatra leucócito protótipo
alcoólatra bígamo fac-símile íngreme Niágara vândalo
álibi cáfila fagócito

Na língua portuguesa, há alguns poucos vocábulos que podem ser


pronunciados de duas maneiras e que admitem dupla prosódia. Ambas estão
certas e você pode escolher uma delas. Veja os exemplos a seguir:

acrobata ou acróbata Oceania ou Oceânia réptil ou reptil


anidrido ou anídrido ortoépia ou ortoepia xérox ou xerox
hieroglifo ou hieróglifo projétil ou projetil zangão ou zângão
homilia ou homília

Ortoépia

Chico Bento é um personagem das histórias em quadrinhos, conhecido por


causa da maneira como se expressa. Sua fala representa a linguagem regional
das populações do interior do Brasil. É diferente da linguagem que se ensina
na escola, a norma padrão. Veja um trecho de uma de suas histórias.

Observe que os personagens da história pronunciaram as palavras de modo


diferente da norma padrão. Eles acrescentaram, tiraram ou trocaram fonemas
de algumas palavras. Veja algumas dessas diferenças e qual seria a forma
padrão:

• omissão de fonemas

“dexa” falta o fonema /i/ deixa “ropa” falta o fonema /u/ roupa

• acréscimo de fonema
“paiz” o fonema /i/ está a mais paz

• troca de fonema

“im” o fonema /i/ está no lugar do /e/ em

Além disso, em duas palavras o fonema /s/, que indica plural, não foi
pronunciado:

as “galinha” as galinhas minhas “ropa” minhas roupas

A parte da Gramática que se preocupa com a pronúncia dos fonemas, de


acordo com a norma padrão, é a Ortoépia ou Ortoepia.
Será que você comete enganos na pronúncia de algumas palavras?
Observe as frases a seguir, pronunciando com atenção as palavras
destacadas:

As ruas das grandes cidades estão cheias de mendigos.

Certos restaurantes da praia oferecem caranguejos como aperitivo.

O mago Merlin foi um grande adivinho.

As frutas estão sobre a bandeja de prata.

Forma correta

mendigos
caranguejos
adivinho
bandeja
Forma errada

mendingos
carangueijos
advinho
bandeija

Veja exemplos de outros vocábulos que provocam, muitas vezes, erros de


ortoépia:

Sim!

absoluto
adivinhar
advogado
aeroporto
aniquila
beneficente
caderneta
doze
estoura
frear
lagarto

Não!

abissoluto
advinhar
adevogado
areoporto
aniqüila
beneficiente
cardeneta
douze
estora
freiar
largato

Sim!

mendigo
meteorologia
mortadela
pneu
prazerosamente
problema
próprio
rouba
superstição
tóxico

Não!

mendingo
metereologia
mortandela
peneu
prazeirosamente
pobrema – probema
própio
róba
supertição
tóchico
Exercícios

1 Copie as palavras e classifique os encontros vocálicos, colocando


o número correspondente:

1. Ditongo crescente plebeu 2 hotéis 2 causa 2 iguais


3
2. Ditongo decrescente saúde 4 gênio 1 orações 2
cãibra 2
3. Tritongo cárie 1 pátria 1 foice 2 ruivo 2
4. Hiato heroína 4 Uruguai 3 Paraguai 3 seqüestro 1
tiziu 2 quão 3 saída 4 régua 1

2 Copie as palavras e classifique os encontros em destaque,


colocando o número correspondente:

1. Dígrafo russo 1 milha 1 drama 2 membro 1


2. Encontro consonantal abnegado 2 libra 2 vivenda 1 crosta
2
empenho 1 senha 1 canto 1 rampa 1
bloco 2 patrono 2 tímpano 1 excêntrico 1

3 Leia o texto ao lado e responda às questões:

Novidades das livrarias


para você nas férias

(O Estado de S. Paulo, Estadinho, nº 350)

a) Como se separam as sílabas das palavras livrarias e férias?


li-vra-ri-as fé-rias
b) Qual é a diferença entre o encontro vocálico ia nessas duas palavras?
Em livrarias, trata-se de um hiato e, em férias, trata-se de um ditongo.

Leia o texto abaixo para resolver os exercícios 4 e 5.

Biruta

Alonso foi para o quintal carregando uma bacia cheia de louça suja. Andava
com dificuldade, tentando equilibrar a bacia que era demasiado pesada para
seus bracinhos finos.
— Biruta, eh, Biruta — chamou sem se voltar.
O cachorro saiu de dentro da garagem. Era pequenino e branco, uma orelha
em pé e a outra completamente caída.
— Sente-se aí, Biruta, que vamos ter uma conversinha — disse Alonso
pousando a bacia ao lado do tanque. Em seguida ajoelhou-se, arregaçou as
mangas da camisa grosseira e começou a lavar os pratos.
Biruta sentou-se muito teso e atento, inclinando interrogativamente a cabeça
ora para a direita, ora para a esquerda, como se quisesse apreender melhor as
palavras do seu dono. A orelha caída ergueu-se um pouco mais, enquanto a
outra empinou, reta. Entre elas, formaram-se dois vincos fundos, próprios de
uma testa franzida no esforço da meditação.

(Lygia Fagundes Telles)

4 Separe as sílabas das palavras a seguir, classificando-as quanto


ao número de sílabas:

a) quintal quin-tal / dissílaba


b) carregando car-re-gan-do / polissílaba
c) orelha o-re-lha / trissílaba
d) conversinha con-ver-si-nha / polissílaba
e) ajoelhou a-jo-e-lhou / polissílaba
f) grosseira gros-sei-ra / trissílaba
g) apreender a-pre-en-der / polissílaba
h) caída ca-í-da / trissílaba
i) pouco pou-co / dissílaba
j) mais mais / monossílaba
l) dois dois / monossílaba

5 Das palavras relacionadas acima, identifique quais são as


oxítonas, as paroxítonas e as proparoxítonas.

Oxítonas: a, e, g. Paroxítonas: b, c, d, f, h, i. Proparoxítonas: não há.


(Professor: mais e dois são monossílabas e, por isso, não entram nessa
classificação.)

6 Faça agora um quadro para separar as palavras em oxítonas,


paroxítonas e proparoxítonas. Observe o modelo:

Palavra Oxítona Paroxítona Proparoxítona

erudito erudito

condor (oxítona) látex (paroxítona) alcoólatra (proparoxítona) gratuito


(paroxítona) sutil (oxítona)
fluido (paroxítona) Nobel (oxítona) recém (oxítona) antídoto
(proparoxítona) maquinaria (paroxítona)

7 Leia o poema de Ulisses Tavares e copie todas as palavras


monossílabas. Identifique quais são as átonas e as tônicas.

(Professor: por se tratar de um poema, todos os versos são iniciados por


minúsculas. Vale comentar esta “licença poética” com os alunos.)
Túnel

já não dá pra ser criança


falta muito pra ser adulto.
a gente vai levando.

• monossílabas tônicas: já, não, dá, ser, vai.


• monossílabas átonas: pra, a.

8 Copie o texto abaixo em seu caderno, separando as sílabas no


final das linhas sempre que for necessário. Não se esqueça de deixar o espaço
do parágrafo.

Mais nova capital

A capital estadual mais nova do Brasil é Palmas, fundada em 1989. Ela é a


sede do governo de Tocantins, Estado criado em 1988 ao norte de Goiás. A
idéia de se criar esse Estado é antiga: em 1821, houve uma tentativa — porém
fracassada — de fazer dali uma região autônoma.

(Revista Terra)

9 Leia o texto abaixo com atenção. Depois, faça o que se pede.

Raimundo tinha vinte e seis anos e seria um tipo acabado de brasileiro, se não
fossem os grandes olhos azuis, que puxara do pai. Cabelos muito pretos,
lustrosos e crespos; tez morena e amulatada, mas fina; dentes claros que
reluziam sob a negrura do bigode; estatura alta e elegante; pescoço largo, nariz
direito e fronte espaçosa. A parte mais característica da sua fisionomia eram os
olhos: grandes, ramalhudos, cheios de sombras azuis; pestanas eriçadas e
negras, pálpebras de um roxo vaporoso e úmido; as sobrancelhas, muito
desenhadas no rosto, como a nanquim, faziam sobressair a frescura da
epiderme, que, no lugar da barba raspada, lembrava os tons suaves e
transparentes de uma aquarela sobre papel de arroz.
Tinha os gestos bem-educados, sóbrios, despidos de pretensão, falava em voz
baixa, distintamente, sem armar ao efeito; vestia-se com seriedade e bom
gosto; amava as artes, as ciências, a literatura e, um pouco menos, a política.

(Aluísio Azevedo)

Retire do texto:
a) todas as palavras proparoxítonas; característica, pálpebras,
úmido, política
b) duas palavras paroxítonas acentuadas; sóbrios, ciências
c) uma palavra oxítona com hiato; sobressair
d) uma palavra polissílaba com dígrafo; ramalhudos, sobrancelhas,
desenhadas, sobressair
e) uma palavra polissílaba com encontro consonantal na mesma
sílaba; brasileiro, sobrancelhas, sobressair, transparentes
f) duas palavras com ditongo decrescente. seis, brasileiro, azuis,
pai, muito etc.

10 Entre os pares de palavras a seguir, identifique a correta. Depois,


escreva uma frase com cada uma delas.

a) Advogado ou adevogado?
b) Caderneta ou cardeneta?
c) Mortandela ou mortadela?
d) Aeroporto ou areoporto?
e) Beneficente ou beneficiente?
f) Própio ou próprio?
g) Superstição ou supertição?
h) Freiar ou frear?

(As frases são respostas pessoais.)

ORTOGRAFIA

Observe a frase a seguir:

Amazônia
O PARAÍSO É AQUI

(Revista Ecologia e Desenvolvimento)

Na frase, as letras z e s de Amazônia e paraíso, embora sejam grafadas de


modo diferente, têm o mesmo som: elas representam o fonema /z/. Observe:

Amazônia paraíso

letra z – fonema /z/


duas letras – um único fonema
letra s – fonema /z/
O mesmo ocorre em asa e azar: o mesmo fonema /z/ é representado por duas
letras diferentes (s e z).

Há, na língua portuguesa, vários outros casos como este, o que pode, às
vezes, gerar dúvida quanto à grafia correta das palavras.
Observe alguns desses casos:

1 O fonema /z/ pode ser representado pelas letras:

• z: Amazônia, azeitona • s: paraíso, casamento • x:


exame, exigência
2 O fonema /s/ pode ser representado pelas letras:

• s: semente, atlas • ç: poço, caçula


• xc: exceto, excelência
• ss: assado, passeio • sc: piscina, nascer
• z: paz, avidez
• c: aceitar, cebola • x: próxima, texto

Também há casos em que uma mesma letra pode representar fonemas


diferentes. Observe:

1 A letra s pode representar os fonemas:

• /s/: salgado, esquilo • /z/: asa, mesa

2 A letra x pode representar os fonemas:

• /ks/: tóxico, táxi • /z/: executar, êxodo


• / /: xarope, enxuto • /s/: trouxe, extensão

Essas diferenças de grafia ocorrem porque as palavras da língua portuguesa


são escritas de acordo com sua origem histórica (etimologia) e nem sempre
obedecem à lógica dos sons. A parte da Gramática que trata da correção
gráfica das palavras é a Ortografia.
Ortografia é a parte da Gramática que trata da grafia correta das letras e dos
sinais gráficos.

Para escrever, usamos um conjunto de letras que permitem milhares de


combinações e que nos fornecem a enorme quantidade de palavras do nosso
idioma. Essas letras são as vogais e as consoantes, que você já conhece. O
conjunto delas recebe o nome de alfabeto.

O alfabeto

O alfabeto da língua portuguesa é composto de vinte e três letras — cinco


vogais, dezessete consoantes e pela letra h. Vale lembrar que o h não é uma
consoante porque não apresenta som.

A a
B b
C c
D d
E e
F f
G g
H hAlfabetoLetraPronúnciaá



é
efe

agái
jota
ele
eme
ene
ó

quêLetraPronúnciaI i
J j
L l
M m
N n
O o
P p
Q qerre
esse

u

xis
LetraPronúnciaR r
S s
T t
U u
V v
X x
Z z

O alfabeto é também conhecido como abecê ou abecedário.


Embora não pertençam ao nosso alfabeto, as letras k (cá), w (dáblio) e y
(ípsilon) também são empregadas em muitas palavras usadas pelos falantes
da língua portuguesa. Veja:

Woodstock 94 vai durar três dias

(O Estado de S. Paulo)

Livro desvenda início de Disney

Surfando no Havaí. Num megaconcerto de rock em Los Angeles.


(Revista Veja)

Emprego de algumas letras

Devido às muitas possibilidades de combinação das letras para representar os


fonemas da língua portuguesa, a grafia de algumas palavras pode causar
dúvidas. A seguir, veremos algumas das principais dificuldades no emprego de
algumas letras.

Emprego de k, w e y

DENZEL WASHINGTON - ANNETTE BENING


NOVA YORK SITIADA
E BRUCE WILLIS

Shows e DJs
em cena

Carlos
Heitor
Cony

(Gazeta do Povo)

As letras k, w, y não fazem parte de nosso alfabeto e, por isso, são


empregadas em poucas situações:

• em abreviaturas e símbolos:

K = potássio, kg = quilograma, km = quilômetro, kW = quilowatt, Y = ítrio

• em palavras estrangeiras em sua forma original:

black-out, Kaiser, Kodak, smoking, show, swing, flamboyant

• em nomes próprios estrangeiros e seus derivados:

Bismarck, Franklin, kantismo, Wagner, Washington, darwinismo, Byron, Taylor,


taylorismo

Emprego do h

Como não representa som algum, a letra h não é um fonema. Ela adquire
maior importância quando aparece formando os dígrafos ch, lh e nh.

Depois da chuva,
um domingo de sol

Banhistas lotam as praias e vendedores


festejam a volta da temperatura altaCarlão tem seu dia de herói

Aposentados e donas de casa, com a ajuda da associação de moradores,


trabalham para resolver problemas do bairro

(O Globo)
Emprega-se o h:

• no início das palavras, por razão histórica:

haver, hélice, hábito, herói, hidrogênio, homem

• no interior das palavras, como parte integrante dos dígrafos ch, lh e nh:

chuva, brecha, boliche, alho, palheiro, molho, banha, pamonha, testemunha

• no interior das palavras compostas com hífen, quando o segundo


elemento tem h:

anti-higiênico, pré-histórico, sobre-humano, super-homem

Observação:
Nos compostos sem hífen, o h é eliminado: desumano, desarmonia

• no final de algumas interjeições:

ah!, eh!, ih!, oh!

• no meio do substantivo próprio Bahia (estado), por tradição histórica.


Os derivados e compostos de Bahia escrevem-se sem h:

baiano, baião, baianada, laranja-da-baía

Emprego de e e i

Observe o uso de e e i nas palavras influi e atue, nos cartazes:

Seminário

Tema: A imprensa influi na formação da opinião pública?


Data: 23 e 24/05
Promoção: Jornal A Cidade
Informações e inscrições: 8050-9365Seminário

O objetivo da empresa: trabalho sem acidentes

Contamos com você!!

Atue com disciplina! Seja solidário!

Existem algumas orientações para o uso das letras e e i. Veja a seguir:


1 Usa-se o e em algumas formas de verbos terminados em -oar e -uar.

abençoar — abençoe magoar — magoe atuar — atue


pontuar — pontue continuar — continue

2 Usa-se o i em algumas formas de verbos terminados em -air, -oer e -uir.

sair — sai doer — dói substituir — substitui possuir — possui

3 O uso do e e do i pode criar palavras semelhantes na escrita e na


pronúncia, mas com diferentes significados. Cuidado ao escrevê-las!

Com e
área — espaço
delatar — denunciar
descrição — ato de descrever
descriminar — absolver de crime
despensa — lugar onde se guardam alimentos
destratar — tratar mal
emergir — voltar à superfície da água
emigrante — aquele que emigra
emigrar — deixar o país de origem
eminente — importante
peão — trabalhador rural

Com i
ária — trecho de ópera
dilatar — aumentar de volume
discrição — qualidade de ser discreto
discriminar — distinguir
dispensa — licença ou permissão
distratar — desfazer o trato
imergir — mergulhar, afundar
imigrante — aquele que imigra
imigrar — entrar em um país estranho
iminente — que está para acontecer
pião — brinquedo que gira

Emprego de o e u

Observe as letras o e u na fala do menino:

Engoli uma jabuticaba


com casca e tudo!

As letras o e u, por terem som parecido, podem causar dúvidas ao serem


escritas, em algumas palavras. Veja os exemplos:
engolir ou engulir? jaboticaba ou jabuticaba? capoeira ou capueira?Ai!

Entre as palavras acima, as formas corretas são engolir, jabuticaba e capoeira.


Como essas, há outras que geralmente causam dúvidas. Veja as listas a
seguir:

O
abolição cochicho nódoa encobrir
bobina cortiço névoa focinho
caçoar goela poleiro tossir
cobrir mágoa polenta toada

U
acudir entupir bulir escapulir
bueiro jabuti curtume tabuada
cuspir tábua cutia tabuleiro

Agora, veja:

O comprimento do vestido daquela moça que você acabou de cumprimentar


era bastante ousado.

As palavras que apresentam semelhança na pronúncia e na escrita, mas que


têm sentidos diferentes, são chamadas parônimas. Veja alguns exemplos de
parônimos com o e u:

Com o
comprido — extenso
comprimento — extensão
insolar — expor ao sol
soar — fazer som
sortido — variado
sortir — variar

Com u
cumprido — feito
cumprimento — saudação
insular — referente a ilha
suar — transpirar
surtido — causado
surtir — provocar efeito

Emprego de g e j
Assim como o fonema /z/ em Amazônia e paraíso, as letras g e j também
podem representar um mesmo fonema quando aparecem diante de e e i.
Observe as palavras destacadas nos textos:

Nos Campos Gerais


paranaenses,
o tempo e o vento
criaram paisagens
imponentes.

(Revista Ecologia e Desenvolvimento)

O Japão projeta
edifícios com até
4 quilômetros
de altura

(Revista Superinteressante)

Gerais
projeta
letra g – fonema /
/letras diferentes,
mesmo fonema
letra j – fonema / /

Gramado é magia e encanto

Lojistas se armam com enfeites

(Zero Hora)

magia lojistasletra g – fonema / /


letras diferentes, mesmo fonema
letra j – fonema / /

Diante das letras a, o e u esse problema não ocorre, pois, nesses casos, as
letras g e j representam fonemas distintos. Veja:

gato — jato
gota — jota
guri — júri

letras diferentes
fonemas diferentes
Observação:
O fonema / / é pronunciado gê. Já o fonema /g/ é pronunciado guê.
giro
guri
/g/

Eis algumas orientações para o uso do g e do j:

1 Escrevem-se com g:

• as palavras com terminações em -agem, -igem, -ugem:

malandragem, vertigem, ferrugem, selvagem

Exceções: lajem, pajem.

• as palavras com terminações em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio:

estágio, egrégio, prodígio, relógio, refúgio

• as palavras derivadas de outras já grafadas com g:

massagem massagista
ferrugem ferrugento
vertigem vertiginoso
gesso engessar
faringe faringite

2 Escrevem-se com j:

• as palavras de origem árabe, tupi-guarani ou africana:

alforje, mujique, jê, jibóia, caçanje

• as palavras derivadas de outras já com j:

laranja laranjeira rijo rijeza


loja lojista viajar viaje

• as formas dos verbos terminados em -jar ou -jear:

arranjar arranje sujar suje gorjear gorjeio


esbanjar esbanje despejar despeje lisonjear lisonjeie

Emprego de c, ç, s, ss, sc, sç e x


O uso destas letras é uma das grandes dificuldades de nossa língua. Em
muitas e muitas palavras, estas diferentes letras representam também o
mesmo som: o fonema /s/. Leia o texto:

QUEDA NA PRODUÇÃO DE AÇO AMEAÇA


EMPREGO DE 2 MIL FUNCIONÁRIOS

A direção da empresa ainda não sabe a extensão do prejuízo. Disse o diretor


de pessoal, Sr. Alcino: “A empresa tem uma aversão natural por demissões. O
nosso objetivo é voltar a crescer.”

Leia mais na página 3.

produção, aço, ameaça, direção


funcionários, Alcino
aversão, sabe
disse, pessoal, demissões, nosso crescer extensão

mesmo fonema /s/ letras diferentes:

Para memorizá-las, a melhor forma é escrevê-las sempre e resolver a dúvida


com a ajuda do dicionário.
Entretanto, também há algumas orientações que podem ajudar.

1 Depois de ditongo, geralmente aparecem as letras c e ç.

foice refeição afeição toicinho

2 Substantivos formados a partir de verbos com terminação -nder e -ndir


geralmente se escrevem com s.

suspender suspensão pretender pretensão


repreender repreensão expandir expansão

3 O uso dessas letras em diferentes ocasiões dá origem a palavras muito


parecidas entre si na grafia e com pronúncia igual, já que o fonema é o mesmo.
Entretanto, o significado é bem diferente.
Leia as frases a seguir em voz alta:

O ônibus está com os assentos rasgados.


poltronas, lugares onde se senta
A palavra ônibus tem acento.
sinal gráfico

Essas palavras que apresentam a mesma pronúncia, mas que têm significado
diferente, são chamadas de homônimas.
Veja alguns exemplos de homônimos com c, ç, s, sc, ss:

assento — lugar onde se senta


assessório — que ajuda
apressar — impor maior pressa
cassar — tirar direitos
segar — cortar
sela — instrumento de montaria
seleiro — aquele que faz selas
senso — inteligência, raciocínio
serração — ato de serrar
serrar — cortar
servo — empregado, escravo
sessão — espaço de tempo
seção (secção) — parte de um todo
sexta — numeral referente a seis
sírio — aquele que nasce na Síria
consertar — arrumar
conserto — reparo
empossar — dar posse
inserto — introduzido
insipiente — ignorante
interseção (intersecção) — ato de cortar; cruzamento
acento — sinal gráfico
acessório — não-essencial
apreçar — perguntar o preço de; dar valor
caçar — matar um animal
cegar — tirar a visão
cela — quarto pequeno
celeiro — galpão
censo — levantamento do número de habitantes
cerração — nevoeiro
cerrar — fechar
cervo — animal quadrúpede
cessão — ato de ceder
cesta — utensílio de vime
círio — tipo de vela
concertar — dar concerto
concerto — apresentação artística
empoçar — fazer poças
incerto — duvidoso
incipiente — iniciante
intercessão — ato de interceder; ação

Emprego de s e z

Confira os resultados
de nossa pesquisa sobre
Pobreza e Educação
na página 10.
Pobreza
letra z – fonema /z/
letras diferentes, mesmo fonema
letra s – fonema /z/
resultados
pesquisa

O emprego do s e do z requer alguns cuidados.


Observe a seguir algumas orientações para o seu uso.

1 As palavras derivadas seguem a grafia daquela que lhes deu origem:

S S
paraíso paradisíaco
análise analisar, analisado
liso alisar, alisamento
aviso avisar, avisado
paralisia paralisado, paralisar

Z Z
Amazônia amazônico
baliza balizar, balizamento, abalizar
deslizar deslize, deslizamento
prazer prazeroso, aprazível
vazio esvaziar, esvaziamento, vazar

2 Escrevem-se com s:

• substantivos e adjetivos terminados em -ês, -esa:

freguês, freguesa; burguês, burguesa; japonês, japonesa

• adjetivos com sufixos -oso, -osa:

amoroso, amorosa; famoso, famosa; gostoso, gostosa; formoso, formosa

• substantivos terminados em sufixos gregos -ase, -ese, -isa, -ise, -ose:

prófase, catequese, pitonisa, próclise, metamorfose

• algumas formas dos verbos pôr e querer e seus compostos:

pus, compus, compuser; quis, bem-quis, quiser

• alguns nomes próprios como:


Ambrósio, Ásia, Baltasar, Brasil, César, Esaú, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa,
Susana,
Teresa, Tomás

3 Escrevem-se com z:

• substantivos com sufixos -ez, -eza, cujo radical é um adjetivo:

adjetivo substantivo
altivo altivez
macio maciez
surdo surdez
viúvo viuvez

adjetivo substantivo
rico riqueza
singelo singeleza
limpo viuveza

• palavras com sufixos -izar, -ização:

batizar, civilizar, colonizar, divinizar, civilização, colonização

• palavras com terminações em -az, -ez, -iz, -oz, -uz:

capaz, dez, feliz, feroz, luz

4 Os verbos com final -isar e -izar obedecem às seguintes orientações:

• escrevem-se com s os verbos que derivam de palavras grafadas com s:

aviso avisar paralisia paralisar

• escrevem-se com z os verbos que derivam de palavras que não


apresentam s:

canal canalizar legal legalizar

Veja outros exemplos:

Z
agonia agonizar
suave suavizar
normal normalizar
memória memorizar

S
análise analisar
bis bisar
abuso abusar
precisão precisar

Emprego de x e ch

Somente a história da língua explica o motivo pelo qual usamos letras


diferentes para representar o mesmo fonema.
Em algumas palavras, a consoante x e o dígrafo ch podem representar o
mesmo som: o fonema / / (pronuncia-se chê).
Veja:

Cauby Peixoto
nos embalos
da Fun House

Djavan é um
bicho solto
no Guararapes

(Jornal do Commercio)

bicho
Peixoto
dígrafo ch – fonema / /
letras diferentes,
mesmo fonema
letra x – fonema / /
A letra x pode representar também outros fonemas, além do /#/, como o
fonema /z/ (exame), o fonema /s/ (máximo) e o fonema /ks/ (fixo). Agora,
veremos apenas algumas orientações para o uso da letra x representando o
fonema /#/:

1 Em palavras de origem indígena e africana:

abacaxi, caxambu, muxoxo, xavante, xingar

2 Depois de ditongo, em certas palavras:

baixo, caixa, feixe, peixe

3 Depois da sílaba inicial en- em algumas palavras:

enxada, enxugar, enxame, enxurrada

4 Exceções: encher, enchova, encharcar, enchumaçar.

Depois de me- inicial de certas palavras:


mexer, mexilhão, mexicano

Exceções: mecha e seus derivados.

Observação:

• mecha: tufo de cabelos, estopim, feixe de filamentos.


• mexa: forma verbal de mexer.

O uso do x e do ch, em ocasiões diferentes, dá origem também a homônimos,


ou seja, a palavras com mesma pronúncia, mas com sentidos diferentes. Veja
alguns exemplos:

Com ch
brocha — prego curto
bucho — estômago
chá — bebida
cheque — documento bancário
cocho — recipiente onde come o animal
tacha — prego pequeno
tachar — pregar tachas

Com x
broxa — pincel grande
buxo — arbusto, pequena árvore
xá — antigo soberano do Irã
xeque — nobre árabe
coxo — aquele que manca
taxa — imposto
taxar — cobrar imposto
Ele faz, por exemplo, talões de
cheque na hora. Ou faz DOCs,
saques, depósitos e investimentos
a qualquer hora de qualquer dia.

“Israel só está mudando suas tropas de lugar”, disse a VEJA o xeque Jamil
Hamani, um dos ideólogos do grupo fundamentalista Hamas. “Nossas terras se
estendem do Mar Vermelho ao Mediterrâneo e faremos tudo para recuperá-
las.”

(Revista Veja)

Exercícios
1 Copie as frases, completando as lacunas com k, w ou y:

a) Sha....espeare e B....ron foram dois grandes escritores ingleses.


b) Elisabeth Ta....lor é uma atriz respeitadíssima em Holy....ood e em todo
o mundo.
c) John....enned.... foi um dos mais famosos e carismáticos presidentes
norte-americanos.
d) Criar meu ....eb site
Fazer minha home-page
Com quantos gigab...tes
Se faz uma jangada
Um barco que veleje
e) O arquiteto Oscar Nieme....er projetou o Palácio da Alvorada, em
Brasília.

k y y w y w y y K

2 Copie as palavras, empregando o h quando necessário:

....élice Ba....ia
flec....a ....onestidade
....onra ba....iano
....erói des....onesto
in....abilidade ....igiene pseudo-
....erói salsic....a
....umor anti-....igiênico des....umano
des....onra
c....eque anti-....ipnótico ....ipnose
colc....ão

h h h h h h h h h h h h
h h h

3 Reescreva as frases, completando-as. Escolha a terminação e ou i para


o verbo entre parênteses:

a) É preciso que ele .... o trabalho do pai. (continuar)


b) Peço a Deus que te .... . (abençoar)
c) Ele não .... seus ideais, nunca! (trair)
d) A poluição das indústrias .... a atmosfera. (destruir)
e) Ninguém .... antes das seis horas. (sair)
f) A torre pede que o helicóptero .... para mais longe. (voar)

continue
abençoe
trai
destrói
sai
voe
4 As palavras das frases a seguir podem ser escritas com as letras c, ç, s,
ss, sc ou sç que representam, todas, o mesmo fonema /s/. Copie o texto
completando os espaços. Consulte o dicionário!

ss s ç S ss c ç

Depois de pa....ar fome durante muito tempo, ....eu Coelho botou a cabe....a
para fora da toca e olhou nervosamente para todos os lados. ....eus olhinhos
trave....os brilharam ao enxergar muito perto dali uma bela horta de ....enouras.
Voou para lá e devorou quase toda a planta....ão.

(Contos populares para crianças da América Latina)

5 Faça o mesmo com as letras z, s e x que podem representar o mesmo


fonema /z/:

Na Ama....ônia, os rios mantêm uma relação de perfeita intimidade com a


floresta, e....ercendo uma influência marcante na transformação de sua
pai....agem. Isso é vi....ível, sobretudo, nas áreas de vár....ea.

(Revista Ecologia e Desenvolvimento)

z s s x z

6 Neste exercício, decida-se entre a letra x e o dígrafo ch, que aqui


representam o mesmo fonema / /. Caso necessário, consulte um dicionário:

....egar ....uva co....inha gan....o


en....ergar ....amar ....ícara rou....inol
bro....e en....urrada fa....ineira pena....o
cai....afe....ar ....utar me....er
pe....in....a sanduí....e ....ampu en....ame
....over salsi....a ....adrez ....ingar

Agora, escolha cinco dessas palavras e escreva frases com elas.

chchchchchxchchxxxxchchchchxxxxxxxchch

7 Crie um texto em que apareça várias vezes o mesmo fonema,


representado por letras diferentes. Você deverá trabalhar com j e g. Para
auxiliá-lo, consulte esta lista de palavras:

coragem plágio algema jenipapo jerimum manjericão


carruagem gerente agitação jesuíta rejeitar berinjela
engenho angelical agência jiló gorjeio majestade
herege gêmeo ingênuo cerejeira injeção jibóia
8 Neste exercício você vai treinar a escrita dos verbos terminados
em -isar e -izar. Reveja a orientação para esse caso e copie as frases
completando-as com verbos que se relacionem com as palavras entre
parênteses:

a) Ele gosta de .... suas decisões por escrito. (formal)


b) A arquiteta mandou .... os azulejos. (friso)
c) É preciso .... essas propostas e planos. (concreto)
d) O maestro teve que .... a música. (bis)
e) Os jornais ajudam a população a .... seus próprios problemas.
(análise)
f) Os alunos gostam de .... em suas redações. (fantasia)
g) O guarda fazia grandes esforços para .... o tráfego. (normal)
h) A empresa vai .... todos os pequenos veios de água. (canal)
i) Quando você vai .... seu primo? (aviso)
j) As pessoas devem tomar cuidado para não se ...., aceitando
sem refletir os hábitos de vida dos Estados Unidos. (americano)

formalizar
frisar
concretizar
bisar
analisar
fantasiar
normalizar
canalizar
avisar

americanizar

9 Entre parênteses há duas palavras homônimas ou parônimas,


mas apenas uma delas completa a frase corretamente. Copie as frases,
completando-as com a palavra adequada.

a) Fujamos, pois o perigo está .... (iminente/eminente).


b) A .... a ser paga é mínima (tacha/taxa).
c) O político .... a todos (cumprimentou/comprimentou).
d) O estabelecimento comercial estava bem .... (surtido/sortido).
e) O sapateiro consertou meu sapato com apenas uma ....
(broxa/brocha).
f) O .... estava geladinho (chá/xá).
g) Foi ele quem .... os companheiros (delatou/dilatou).
h) Será necessário .... aquela porta, pois está frio (serrar/cerrar).
i) O objeto que estava no fundo do rio acaba de ....
(imergir/emergir).
j) Comprei uma .... bem pequena (xácara/chácara).
l) Tenho um amigo de cabelos .... (russos/ruços).
10 Escreva um pequeno texto utilizando os seguintes grupos de
palavras:

• emigrante — imigrante • comprido — cumprido


• cela — sela
• peão — pião • soar — suar • concerto —
conserto

Não se esqueça de consultar, nas páginas anteriores, o significado de cada


uma das palavras acima. Use a criatividade e bom trabalho!

Notações léxicas

Para escrever bem é preciso usar as letras do alfabeto corretamente na


representação dos fonemas. Além disso, há também alguns sinais extras que
auxiliam na escrita e indicam como deve ser o som de algumas letras. Leia
este trecho da crônica “O gigolô das palavras”, de Luis Fernando Verissimo.
Preste atenção nas palavras destacadas:

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha


estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de
Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para
aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu
gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e
andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta
coluna, se descabelava diariamente com as suas afrontas às leis da língua, e
aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até
preparando, às pressas, minha defesa (“Culpa da revisão! Culpa da revisão!”).
Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos
tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não
pegaram o Verissimo errado? Não. Então vamos em frente.
Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e
que deve ser julgada exclusivamente como tal.

(Luis Fernando Verissimo)


Veja os exemplos:

missão — o sinal ~ indica que a letra a tem som nasal.


Português — o sinal ^ indica que a letra e tem som fechado.
até — o sinal ´ indica que a letra e tem som aberto.

Esses sinais são chamados notações léxicas e se situam fora da linha de


escrita, na maior parte das vezes, acima das palavras.

Notações léxicas são os sinais gráficos que conferem às letras valor fonético
especial e auxiliam a escrita.
A língua portuguesa emprega as seguintes notações léxicas:

1 Acento agudo ´ — empregado para marcar o som aberto da


vogal tônica:

sapé, túnel, cipó, próximo, lá, equívoco, língua

2 Acento circunflexo ^ — empregado para marcar o som fechado


da vogal tônica:

avô, câmara, prêmio, gênero, gigolô

3 Acento grave ` — empregado para marcar a fusão de dois as (a


+ a):

“Já estava até preparando, às pressas, minha defesa.”


Fui à vila.

4 Apóstrofo ’ — indica que algum fonema foi omitido:

mãe-d’água (de água); ‘tá (está); pau-d’arco (de arco)

5 Cedilha — empregada no c antes de a, o ou u, indica o


fonema /s/:

raça, moço, açude, louça, coleção, comunicação


6 Til ~ — empregado nas vogais a e o, indica som nasal:

chão, põe, órfão, ímã, opiniões, missão

7 Trema .. — empregado na letra u átona dos grupos gue, gui,


que, qui, indica que ela deve ser pronunciada:

averigüei, freqüente, tranqüilo, sagüi, seqüência

8 Hífen ou traço-de-união – — é um sinal de ligação que pode ser


empregado nos seguintes casos:

• em substantivos e adjetivos compostos: amor-perfeito, couve-


flor, arco-íris

O quadro-negro está repleto de frases.


O avental da professora é amarelo-claro.

• para ligar pronomes a uma forma verbal:

Diga-me o seu nome.


Dar-te-ei um lindo presente.
• em substantivos próprios usados
como comuns:

Não sou nenhum são-tomé.

• para separar sílabas:

Eu disse “Ma-te-má-ti-ca”.

• para separar palavras no final da linha:

O jogo será no Morumbi e a torcida está animada porque é final de


campeonato.

Amplo estacionamento.
Marg. Tietê c/ Ponte
Vila Maria
(em frente ao Arco-íris Tietê).

Observação:
Quando o hífen coincidir com o final de uma linha, não é
necessário repetir esse sinal na linha seguinte.

Uso das letras maiúsculas

Leia o texto a seguir:

Se correr o bicho pega, se ficar ele não come

É verdade que os ursos e leões não atacam quem se finge de morto?

Mais ou menos. No caso do urso, você pode ter mais sorte do


que com um leão. Os zoólogos observaram que o urso não se interessa muito
por cadáveres ou qualquer ser imóvel. “Aparentemente, ele é atraído, sim,
pelos odores exalados junto com a expiração”, diz o veterinário Faiçal Simon,
da Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Se encontrar um sujeito no
chão, totalmente imóvel, é provável que ele dê uma cheirada e vá embora.
Difícil é conseguir ficar sem respirar ou se mover quando um urso cheira você.
Com o leão o dilema é bem pior. Se encontrar alguém deitado, ele pode dar
umas patadas para investigar ou para brincar, como é costume da maioria dos
felinos. Só que cada patada pode arrancar um pedaço. Correr também não é
uma boa, porque a tendência é ele perseguir o fugitivo, que certamente é bem
menos ágil e mais lento. Tudo dependerá, também, da fome do rei. Se estiver
empanturrado e não se sentir ameaçado, tudo bem, não oferecerá grande
perigo. “É comum ver leões caminhando entre as zebras, uma vítima natural,
sem atacá-las”, lembra Simon.
(Revista Superinteressante)

Nesse texto, foram usadas letras maiúsculas em três situações, bastante


comuns:

• No início dos parágrafos:

“Mais ou menos. (...)”


“Com o leão o dilema é bem pior. (...)”

• Após ponto:

“... ele pode dar umas patadas para investigar ou para brincar, como é costume
da maioria dos felinos. Só que cada patada pode arrancar um pedaço. Correr
também não é uma boa, ...”

• Em nomes próprios:

Faiçal Simon
Fundação Parque Zoológico de São Paulo

Além dessas três situações, que ocorrem com grande freqüência, há casos em
que pode haver dúvidas. Veja as orientações a seguir:

1 Usa-se a letra inicial maiúscula:

• em nomes de épocas e fatos históricos, datas notáveis, atos


solenes e grandes empreendimentos:

Romantismo, Idade Média, Independência do Brasil, Natal, Páscoa,


Descobrimento do Brasil, Exposição Nacional, Projeto Rondon

• em nomes que designam altos cargos, dignidades ou postos:

Ministro de Estado, Presidente da República, Papa, Embaixador

• em nomes que designam artes, ciências ou disciplinas:

Arquitetura, Lingüística, Direito, Medicina, Matemática, Português

• em nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos,


agremiações:

Rua Direita, Praça da Sé, Edifício Órion, Colégio São Judas Tadeu, Centro
Acadêmico XI de Agosto

• em expressões de tratamento:

Vossa Eminência, Vossa Majestade, Excelentíssimo Senhor


Presidente da República, Excelentíssimo Senhor Ministro
• em títulos de livros, revistas e jornais:

Vidas Secas, Veja, O Estado de S. Paulo, O Menino Maluquinho,


Memórias Póstumas de Brás Cubas

Observação:
Atualmente, existe uma tendência a se usar letra maiúscula
somente na palavra inicial,
a não ser que haja nome próprio no título:

A hora da estrela A hora e a vez de Augusto Matraga

2 Atenção! Não se usa letra maiúscula na grafia dos nomes de


meses e de dias da semana:

janeiro, outubro, dezembro, segunda-feira, sexta-feir

Abreviaturas e siglas

As abreviaturas e siglas são recursos muito utilizados na comunicação,


principalmente em revistas e jornais, pois permitem uma economia de tempo e
espaço. Observe:

Abreviaturas
R. Borges Lagoa, 650
F. 573-3774/549-1744

ALTURA DO Nº 3000 DA
AV. GIOVANNI GRONCHI.

SOMENTE
13 A 16/OUT.

250 km

(Folha de S. Paulo)

Mercosul
FHC
TRE
EUA – URSS

(O Estado de S. Paulo)

Veja outros exemplos de abreviaturas:


subst. substantivo 30 m 30 metros
séc. XII século doze Dr. Luís Doutor Luís

Abreviatura é um recurso convencional da língua escrita que consiste em


representar de forma reduzida uma palavra ou expressão.
Veja como utilizar as abreviaturas:

1 A abreviatura termina geralmente por consoante seguida de


ponto:

pág. (página), cap. (capítulo), Gov. (governador)

2 As abreviaturas das unidades de medida devem ser escritas


sempre no singular, sem ponto e com letra minúscula, a não ser quando forem
derivadas de nomes próprios:

12 m (metros) 10 h (horas) 180 N (newtons)


369 km (quilômetros) 30 min (minutos) 212 °F (fahrenheit)

Se escritas por extenso devem ser grafadas com letra minúscula, mesmo se
forem derivadas de nomes próprios:

Os carros na Fórmula 1 alcançam mais de 200 quilômetros por hora.


O aluno errou o terceiro exercício: o correto eram 180 newtons e ele colocou
160.

3 Há abreviaturas que terminam em vogal:

Ex.mo (Excelentíssimo) Cia. (Companhia)


Ex.a (Excelência) Ltda. (Limitada)

Muitas vezes, em vez de abreviar-se a palavra, usa-se a sigla, que é um tipo


especial de abreviatura. Observe:

Organização das Nações Unidas ONU

Para abreviar cada uma das palavras que compõem o título, a economia seria
pequena; então escrevem-se apenas as três letras iniciais dos termos
principais, formando a sigla ONU.

Sigla é o nome que se dá ao conjunto de letras ou à palavra formada pelas


letras iniciais das palavras que compõem o nome de uma organização,
autarquia, um programa, um tratado etc.

Veja quais são os tipos de siglas e como utilizá-las:

1 Siglas impronunciáveis são aquelas que não formam uma


palavra, sendo pronunciadas letra por letra. São escritas com letras
maiúsculas:
BNDE, CEE, BNH, FGTS

2 Siglas pronunciáveis são aquelas que formam uma palavra e


podem ser pronunciadas inteiras. São escritas com:

• letras maiúsculas, se cada letra da sigla corresponder à letra


inicial de uma palavra:

OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo)


PIS (Programa de Integração Social)

• a primeira letra maiúscula e as outras minúsculas, se cada letra


da sigla não correspon- der necessariamente à letra inicial
de uma palavra:

Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste)


Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.)

Unicamp Cetesb CMTC Contru Banespa


(O Estado de S. Paulo)

Veja, a seguir, algumas das siglas e abreviaturas mais utilizadas:

A
A. = autor
AA. = autores
ABL = Academia Brasileira de Letras
abrev. = abreviatura
a.C. = antes de Cristo
AC = Acre (Estado do)
A/C = ao(s) cuidado(s)
Adv. = Advocacia, advogado
AIDS = Acquired Immune Deficiency Syndrome
(Síndrome de imunodeficiência adquirida)
AL = Alagoas (Estado de)
alf. = alfabeto; alferes
Álg. = Álgebra
alm. = almirante
alq. = alqueire
a.m. = ante meridiem (antes do meio-dia)
AM = Amazonas (Estado do)
Anat. = Anatomia
AP = Amapá (Estado do)
ass. = assinatura
Av. = Avenida

B
BA = Bahia (Estado da)
BB = Banco do Brasil
BC = Banco Central
Bibl. = Biblioteca
BNH = Banco Nacional de Habitação
Bot. = Botânica

C
cap. = capitão, capítulo
CBF = Confederação Brasileira de Futebol
c/c = conta corrente
CE = Ceará (Estado do)
Ceasa = Centrais de Abastecimento S.A.
cel. = coronel
CEP = Código de Endereçamento Postal
Cia. = Companhia (comercial ou militar)
CIC = Cartão de Identificação do Contribuinte
cm = centímetro(s)
com. = comandante; comendador
CPF = Cadastro de Pessoa Física
CTA = Centro Tecnológico da Aeronáutica
CUT = Central Única dos Trabalhadores
cx. = caixa

D
D. = Dom, Dona
Da. = Dona
d.C. = depois de Cristo
DD. = digníssimo
DDD = Discagem Direta a Distância
Dersa = Desenvolvimento Rodoviário S.A.
DF = Distrito Federal
DNER = Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
Dr. = Doutor
Dra. = Doutora
Drs. = Doutores

E
ed. = edição (em bibliografia)
Embraer = Empresa Brasileira Aeronáutica
Embratel = Empresa Brasileira de Telecomunicações
ES = Espírito Santo (Estado do)
etc. = et cetera (e outros)
ex. = exemplo

F
FAB = Força Aérea Brasileira
FIFA = Federação Internacional do Football Association
fl. = folha
fls. = folhas
Funai = Fundação Nacional do Índio
Funarte = Fundação Nacional de Arte

G
g = grama(s)
gen. = general
GO = Goiás (Estado de)

I
IBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ibid. = ibidem (no mesmo lugar)
id. = idem (o mesmo; do mesmo autor)
Ir. = Irmão, Irmã (para religiosos)

J
J.C. = Jesus Cristo
Jr. = Júnior

K
kg = quilograma(s)
km = quilômetro(s)
kW = quilowatt(s)

L
L = litro(s)
L ou E = Leste (Este)
Ltda. = limitada (comercialmente)

M
m = metro(s)
MA = Maranhão (Estado do)
mal. = marechal
MEC = Ministério da Educação e do Desporto
MG = Minas Gerais (Estado de)
min = minuto(s)
ml = mililitro(s)
mm = milímetro(s)
MM. = meritíssimo
MS = Mato Grosso do Sul (Estado de)
MT = Mato Grosso (Estado de)

N
N = Norte
NE = Nordeste
NGB = Nomenclatura Gramatical Brasileira
NO ou NW = Noroeste

O
O ou W = Oeste
obs. = observação
ONU = Organização das Nações Unidas
op. cit. = opus citatum (obra citada)

P
PA = Pará (Estado do)
pág. ou p. = página
págs. ou pp. = páginas
PE = Pernambuco (Estado de)
Pe. = Padre
PI = Piauí (Estado do)
PM = Polícia Militar
PR = Paraná (Estado do)
Prof. = Professor
Profa. = Professora
PUC = Pontifícia Universidade Católica

Q
Q.G. = Quartel-General
ql. = quilate(s)

R
R. = Rua (toponimicamente)
Remte. = Remetente
Revmo. = Reverendíssimo
RJ = Rio de Janeiro (Estado do)
RN = Rio Grande do Norte (Estado do)
RO = Rondônia (Estado de)
RR = Roraima (Estado de)
RS = Rio Grande do Sul (Estado do)

S
S = Sul
S. = Santo; São
S.A. = Sociedade Anônima
SC = Santa Catarina (Estado de)
SE = Sergipe (Estado de)
séc. = século
sécs. = séculos
seg = segundo(s)
seg. = seguinte
segs. = seguintes
SO ou SW = Sudoeste

T
t = tonelada(s)
TRE = Tribunal Regional Eleitoral
TRU = Taxa Rodoviária Única
TV = televisão

U
UNESCO = United Nations Educational, Scientific and
Cultural Organization (Organização Educacional,
Científica e Cultural das Nações Unidas)
USJT = Universidade São Judas Tadeu
USP = Universidade de São Paulo

W
W ou O = Oeste
W.C. = water-closet (sanitário, banheiro)Exercícios

1 Foram retiradas as notações léxicas do texto a seguir. Observe o


quadro e escreva corretamente as palavras em que elas são necessárias.

tranqüila, século, Cara-de-Cão, cabeça, cão, má, direção à, gávea, capitão,


Barba-Suja, grandalhão, Ô, não.

Numa tarde tranquila de setembro, em meados do seculo XVIII, um navio pirata


viajava ao longo da costa brasileira. Era o Cara de Cao, veleiro de dois mastros
que tinha na frente a escultura de uma cabeca de cao, que servia para
espantar a ma sorte.
Mas nem sempre isto acontecia.
Naquela tarde, velejavam em direcao a Capitania do Rio de
Janeiro, quando, do alto do cesto da gavea, o vigia deu o grito de aviso:
— Navio no mar!
Da ponte de comando, o capitao Barba Suja, grandalhao, barba
negra e cerrada, trovejou:
— O Matuskela, navio tem que estar no mar, nao pode andar na
terra.

(José Maviael Monteiro)

2 Leia o texto com atenção:

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte,


nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais
negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha
recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o
sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação
tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que
vestia a terra com as primeiras águas.
Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta.
Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da
noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos.
Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.
(José de Alencar)

Copie do texto:

a) duas palavras em que o ç represente o fonema /s/;


b) uma palavra em que o dígrafo ss represente o fonema /s/;
c) três palavras em que o c represente o fonema /s/;
d) uma palavra em que a letra g represente o fonema / / e uma em
que essa mesma letra represente o
fonema /g/;
e) uma palavra em que a letra s represente o fonema /z/.

nação, roçando
pássaros
Iracema, recendia, grácil, pelúcia, oiticica, acácia
fonema / /: virgem, selvagem, folhagem; fonema /g/: negros, graúna, longos,
guerreira, grande, grácil etc.
asa, alisava, repousava

Desafio: A palavra graça se escreve com ç. No entanto, as palavras grácil


(que aparece no texto), graciosa e gracinha são escritas com c. Responda:

f) Qual fonema essas letras (ç e c) estão representando?


g) Por que essas palavras são escritas de modo diferente?
h) Em que situação o ç nunca aparece?

No início de palavras.
O fonema /s/.
Para representar o fonema /s/, usa-se a cedilha na letra c apenas antes de a
(como em graça), o e u. Antes de e e i não se usa cedilha na letra c que
também representa o fonema /s/.

3 Reescreva as frases a seguir, abreviando as palavras


destacadas:
a) O espetáculo começa às 19 horas, no Teatro Municipal, Praça
Ramos de Azevedo, sem número,
telefone 222-8698.
b) Os alunos devem fazer os exercícios da página 15, capítulo 20,
do volume III.
c) O ônibus sai às 14 horas e 20 minutos da Avenida Lineu Prestes,
em direção à Alameda das Acácias;
são 22 quilômetros de percurso.
d) O Prefeito Nélson da Silva encontrou-se com o Doutor Eliseu e o
General Peres na Prefeitura. Sua
Excelência, o Governador Paulo Dantas, não pôde comparecer.
e) Carlos Augusto Lima Júnior mora no apartamento número 106,
bloco D, do edifício Flor-de-Lis.

h, Pça., s/no., tel.


pág., cap., vol.
14h20min, Av., Al., km
Pref., Dr., Gen., S. Ex.a, Gov.
Jr., apto., no., bl., ed.

4 Escreva por extenso as abreviaturas e siglas dos textos a seguir:

TEATRO CULTURA ARTÍSTICA


Rua Nestor Pestana, 196 - Tel. 258-3616
Ingressos: Central R$ 50,00
Lat. A R$ 40,00, Lat. B e Lat. C: esgotados
Estudantes (1/2 hora antes do início
do concerto) R$ 5,00

telefone, lateral, reais

13º BIENAL DO LIVRO - Este ano mais de cem mil títulos estarão à disposição
dos visitantes em cerca de 232 estandes. Diariamente, a partir das 10h. R$
3,00 - meia-entrada para estud. c/ carteirinha da Umes, Ubes e UNE; até 12
anos e acima de 65 não pagam; profs., bibliotecários e livreiros não pagam
durante toda a feira mediante apresentação de comprovante funcional.
PAVILHÃO DA BIENAL (Parque do Ibirapuera). Até 28/8.

horas, reais, estudantes, com, União Municipal dos Estudantes, União


Brasileira dos Estudantes, União Nacional dos Estudantes, professores

Exercícios Gerais

1 Conheça Afonso, o dono de um grande coração.

Afonso quer crescer


Afonso quer crescer, porque, sendo grande, ele será homem e,
então, poderá trabalhar para a mamãe, que é muito pobre.
Afonso quer crescer, porque, homem feito, ele poderá proteger
os pequeninos e impedir que batam nas crianças, que desfolhem as flores e
que maltratem os animais.
Afonso quer crescer para ensinar os ignorantes, para consolar os
doentes, para conduzir os velhinhos, principalmente os cegos, de que ele gosta
muito...
Afonso tem um coração lindo, lindo como um rio cheio de luz...
Afonso quer ser grande para os que tiverem sede virem beber no
seu coração...

(Cecília Meireles)

b) • s: sendo, será, ensinar, consolar, Afonso, ser, sede, seu


• ç: crianças, coração
• c: principalmente, cegos

a) A palavra crescer apresenta o dígrafo sc, que representa o


fonema /s/. Quais são as outras letras ou
dígrafos que representam este mesmo fonema?
b) Retire do texto palavras que apresentem as letras ou dígrafos
acima, representando o fonema /s/.
c) Como você percebeu, no texto não há palavras com ss, sç e x
representando o fonema /s/. Recorte
palavras com estes sons e cole-as em seu caderno. Em seguida,
construa um pequeno texto utilizando
as palavras que você pesquisou.
d) Quais são as notações léxicas que aparecem no texto “Afonso
quer crescer”? Dê exemplos.

c, ç, s, ss, sç, x

• acento agudo: será, poderá


• til: então, mamãe, coração
• cedilha: crianças, coração

2 Em que situações a letra maiúscula é usada, no texto abaixo?

Que tal ser um observador de aves? Essa é uma atividade


bastante popular na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, e que a cada dia
ganha mais adeptos em nosso país.

(Revista Geográfica Universal)


• No início de parágrafo: “Que tal ser (...)”
• Após o ponto: “(...) de aves? Essa é uma (...)”
• Em nomes próprios: Europa, Estados Unidos, Japão

3 Francis Faruel era mesmo um gato extraordinário...

Francis Faruel é um gato extraordinário. Bisneto de lorde Faruel,


o primeiro almirante felino da Marinha britânica, Francis sabia, desde gatinho, o
grande destino que o esperava.
Nas noites de frio e neblina do inverno londrino, o pequeno
Francis passava horas em frente ao calor gostoso da lareira, ouvindo seu
bisavô contar histórias incríveis sobre longas viagens e lugares maravilhosos.
Piratas, selvagens, naufrágios, tesouros... faziam cócegas na
imaginação do gatinho. Ele adorava dormir ouvindo os miados dramáticos do
aventuroso vovô (...)

(Carlos Queiroz Telles)

a) Lorde Faruel era oficial da Marinha da Inglaterra. Qual era seu


posto? Qual a abreviatura referente a ele?

b) A palavra vovô tem acento circunflexo, que indica que o som do


segundo o é fechado. Para indicar som
aberto neste o, que sinal é preciso usar? O que acontece, então,
com o significado da palavra?

c) Reescreva o primeiro parágrafo do texto imaginando que Francis


tem uma avó, lady Faruel. Faça as
adaptações necessárias. Ah! Não se esqueça de separar as
sílabas no final da linha, usando o hífen.

d) Lorde Faruel falava para Francis sobre suas viagens. Esta


palavra está escrita com g. Agora observe:
Francis gostaria muito de viajar como seu bisavô.
No período acima, viajar está escrito com j. Explique a diferença
entre as duas palavras.

e) No segundo parágrafo há três palavras nas quais o s tem som de


/z/. Escreva uma única frase com estas
três palavras, usando corretamente a letra maiúscula.

Almirante/alm.

O acento agudo. A palavra torna-se feminina: vovó.


O substantivo viagem é escrito com g, enquanto o verbo viajar e as formas dele
decorrentes (como “que eles viajem”, por exemplo) são Além disso, antes da
vogal a não poderia ser usada a letra g, visto que apresentaria, aí, o fonema
/g/.

Francis Faruel é um gato extraordinário. Bisneto de lady Faruel, a primeira


almirante felina da Marinha britânica, Francis sabia, desde gatinho, o grande
destino que o esperava. (Professor: é importante insistir que o aluno faça a
separação correta das sílabas no final de cada linha.)

Gostoso, bisavô, maravilhosos. (Resposta pessoal.)


ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Leia com atenção a letra da música a seguir:

Ando meio desligado

Ando meio desligado


Eu nem sinto meus pés no chão
Olho e não vejo nada
Eu só penso se você me quer

Eu nem vejo a hora de te dizer


Aquilo tudo que eu decorei
E depois do beijo que eu já sonhei

Você vai sentir mas por favor


Não leve a mal

Eu só quero que você me queira


Não leve a mal

(Rita Lee/Arnaldo Baptista/Sérgio Batista)

Releia, pausadamente, as seguintes palavras:

você beijo sonhei

Você percebe que todas têm uma sílaba que é pronunciada mais fortemente.
Isto ocorre porque, na língua portuguesa, todas as palavras com mais de uma
sílaba possuem uma tonicidade percebida na fala. A sílaba que recebe o
acento tônico chama-se sílaba tônica; as demais são chamadas sílabas átonas.
Nenhuma palavra, portanto, com mais de uma sílaba, deixa de ter sílaba
tônica. No entanto, ao serem escritas, algumas palavras recebem também um
acento gráfico, para indicar a leitura correta em casos que podem gerar dúvida.
Observe:
• auxílio — com acento gráfico, significa ajuda, apoio.
• auxilio — com acento tônico em li, é uma forma verbal do verbo auxiliar: eu
auxilio.

Leia as palavras do texto a seguir:

Gênio também erra.

(Revista Globo Ciência)

Duas palavras recebem acento gráfico — gênio e também — sobre a letra e.


Esses acentos são diferentes um do outro e indicam que as letras são
pronunciadas de forma diferente. Veja:

gênio também
som fechado som aberto
Na língua portuguesa, temos três tipos de acentos:

1 Acento agudo ´ — indica o acento tônico para as vogais a, i, u e


indica o som aberto das vogais tônicas o e e:

máquina, príncipe, baú, pódio, café

2 Acento circunflexo ^ — indica o som fechado das vogais tônicas


a, e, o:

câmara, freguês, crônica

3 Acento grave ` — indica a crase, que é a fusão de duas vogais (a


+ a = à):

Ele acordou às sete da manhã.

Na letra da música aparecem as palavras não e chão. Nestas palavras aparece


o til ~, um sinal gráfico que indica a nasalização da vogal. É importante
destacar que o til não é um acento. Os acentos indicam a tonicidade das
palavras.
Observe:

ÓR FÃO
sílaba tônica
til

Esta é uma palavra paroxítona (sílaba tônica ór), embora traga o til na última
sílaba.
Nem todas as palavras da língua portuguesa são acentuadas graficamente.
Para acentuar corretamente as palavras, conheça as seguintes regras de
acentuação gráfica.
Acentuação das oxítonas

Observe as palavras das duas listas a seguir e leia-as devagar, observando a


sílaba tônica em sua leitura.

Lista 1
sofá, sofás
marquês, buquê
juruti, jurutis
cipó, cipós
Bauru, sururus

Lista 2
mesa, mesas
balde, baldes
táxi, táxis
colo, colos
vírus

Na lista 1, há apenas palavras oxítonas; na lista 2, somente palavras


paroxítonas. Todas têm acento tônico; mas só algumas delas têm acento
gráfico.
Sobre as oxítonas, observe que se acentuam as que terminam em -a(s), -e(s), -
o(s), mas não se acentuam as que terminam em -i(s) e -u(s).

Veja outros exemplos de oxítonas acentuadas graficamente quando terminam


em:

• a maracujá, Araxá, vatapá


• e bebê, café, maré
• o vovó, vovô, alô

Acentuam-se as oxítonas terminadas em a, e, o, em, seguidas ou não de s.

Observações:

1. Incluem-se nesta regra as formas verbais, por exemplo:


amá-lo, perdê-la, guardá-las, compô-las
2. Recebe acento circunflexo a 3ª pessoa do plural do presente do
indicativo dos verbos derivados de ter e vir:
contêm, obtêm, intervêm, provêm

Acentuação das paroxítonas


A maioria das palavras da língua portuguesa é paroxítona e a maior parte delas
não é acentuada.
Veja, novamente, a lista 2, ao lado.

Pode-se perceber que as paroxítonas terminadas em a, e e o não recebem


acento gráfico, mas as que terminam em i, is, us são acentuadas.
Além disso, as paroxítonas recebem acento gráfico agudo ou circunflexo
quando terminam em:

• ã , ãs , ão , ãos ímã, órfãs, órgão,


bênçãos
• i , is , us júri, lápis, ônus
• um , uns álbum, médiuns
• l , n , r , x , ps
túnel, hífen, caráter, fênix, bíceps
• ditongo jóquei, túneis, régua, tênue, histórias

Lista 2
mesa, mesas
balde, baldes
táxi, táxis
colo, colos
vírus

Acentuam-se as paroxítonas terminadas em ã, ão, i, um e ditongo, seguidas ou


não de s e, também, as terminadas em us, l, r, n, x, ps.

Veja os exemplos:

“Nos quartéis lhes ensinam antigas lições: De morrer pela pátria e viver sem
razão.”
(Geraldo Vandré)

Vírus modificados se reproduzem


nas células para restaurar DNA.

(Revista Globo Ciência)

Acentuação das proparoxítonas


Agora, leia pausadamente as palavras da lista 3, a seguir, observando a sílaba
tônica em sua leitura:

Lista 3
Matemática
pêssego
trânsito
médico

A sílaba tônica é sempre a antepenúltima em todas as palavras: elas são


proparoxítonas. E todas as proparoxítonas devem ser acentuadas, sem
exceção, qualquer que seja a terminação. Veja:

máquina bárbaro
pássaro árvore
príncipe câmara
lógico sonífero

Acentuam-se todas as palavras proparoxítonas.

Veja o exemplo:
FÍSICA
A descoberta do top quark,
a última partícula do átomo

(Revista Globo Ciência)

Acentuação dos monossílabos

Você já sabe que os monossílabos podem ser tônicos ou átonos. Obviamente,


os átonos não são acentuados! Então, entre os tônicos, quais são acentuados
graficamente?
Observe a lista dos monossílabos tônicos a seguir:

Lista 4
sal dá pé cor
com vi pó nu

Não dá pra ficar sem você


Não dá pra viver com essa solidão.

(Raça Negra)
Entre os monossílabos tônicos, todos os que terminam em -a, -e, -o são
acentuados; os que terminam em -i, -u ou consoante não devem ser
acentuados.

Observação:
Recebe acento circunflexo a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos
verbos ter e vir: eles têm, eles vêm.

Veja, então, qual é a regra para a acentuação dos monossílabos tônicos:

1 Devem ser acentuados aqueles


terminados em:

• a , as já, pás
• e , es pé, mês
• o , os nó, pôs

2 Não devem ser acentuados aqueles


terminados em:

• i li, ri
• u , us eu, tu, nu, nus
• consoante mel, tom, bar, mar, cor

Acentuação de hiatos e ditongos

Até agora vimos casos em que o acento gráfico recai sobre uma vogal. E
quando temos duas vogais lado a lado, como nos hiatos? E os ditongos,
quando recebem acento gráfico? Observe:

sa ísai
ditongo
(vogal + semivogal)
hiato
(vogal + vogal)

Note que, em saí, a vogal i, que faz parte do hiato, é tônica, está isolada e é
acentuada graficamente. Já na palavra sai, há um ditongo, sem acento gráfico.
Observe, a seguir, outras palavras em que há também hiatos e ditongos: nem
todas acentuadas graficamente.

Hiatos
ca-í-da fa-ís-ca
ca-in-do sa-ú-de
ba-ús Ra-ul
mo-er co-o-pe-rar
pi-e-da-de

Ditongos
rai-va
flau-ta
gra-tui-to
tro-féu

Pelas listas, percebe-se que só devem ser acentuados os hiatos em que o i e o


u formam sílabas sozinhos ou seguidos de s.
Veja outros exemplos:

OS CONDUTORES DA SAÚDE
Retrovírus modificados abrigam uma seqüência
genética capaz de corrigir falhas do DNA.

Bahia: um dos
poucos locais
do Brasil que
reúnem corais
de espécies
variadas.

Os satélites captam
as transmissões e
fazem a ligação entre
os veículos e as
estações terrestres.

O Brasil lançou há um ano


o satélite SCDI, que fornece
dados meteorológicos
e ambientais, transmitidos
por plataformas instaladas em
várias regiões do país.

E no Havaí, um dos
atrativos encontrados
sob as ondas

(Revista Globo Ciência)

Acentuam-se o i e o u tônicos dos hiatos quando sozinhos na sílaba ou


seguidos de s.

Observação:
O i e o u não são acentuados quando a próxima sílaba possui
nh: ra-i-nha, ba-i-nha.
Veja, agora, os hiatos dos vocábulos a seguir:

crê-em vô-o
prevê-em cô-o

A primeira vogal desses hiatos é sempre acentuada graficamente. No caso de


êe, ele sempre ocorre nos verbos crer, dar, ler, ver e seus compostos, na 3ª
pessoa do plural do presente do indicativo. Observe as frases:

• Eles lêem O Estado de S. Paulo e crêem em todas as notícias.


• Os economistas prevêem uma queda na inflação e esperam que
as pessoas lhes dêem um voto de confiança.

O hiato ôo ocorre na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo dos


verbos terminados em -oar. Veja:

• Eu abençôo meus filhos, abotôo meu casaco, enjôo nos vôos de


avião e perdôo aos meus inimigos, mas não tudo ao mesmo tempo.

Acentua-se a primeira vogal dos hiatos êe e ôo.

A respeito dos ditongos, compare as duas colunas da lista de palavras a seguir.


Pronuncie cada palavra separadamente.

Lista 5

herói — foi
céu — meu
platéia — meia

Na primeira coluna, os ditongos têm som aberto e, na segunda, têm som


fechado. Essa diferença é marcada pelo acento gráfico agudo nos vocábulos
com ditongo aberto. Veja outros exemplos:

Assembléia Legislativa véu de noiva


Coréia do Sul povo heróico

Acentuam-se os ditongos tônicos abertos ói, éu, éi.Acentuam-se os ditongos


tônicos abertos ói, éu, éi.

Acentuação dos grupos gue, gui, que, qui

Quando o u das sílabas gue, gui, que, qui é pronunciado e tônico, ele recebe
acento agudo. Veja:

averigúe argúi apazigúem


vogal u tônica vogal u tônica vogal u tônica

Quando o u dessas sílabas é pronunciado e átono, ele recebe o trema .. , que


é uma das notações léxicas. Observe:

agüentar lingüiça tranqüilo

semivogal u átona semivogal u átona semivogal u átona

Assim, o trema indica que o u das sílabas gue, gui, que, qui é pronunciado
fracamente e, nesse caso, ele é uma semivogal. Já o acento gráfico agudo
sobre o u dessas sílabas indica que ele é pronunciado fortemente: trata-se,
então, de uma vogal tônica e o acento gráfico marca essa tonicidade.

Importante:
Nos dígrafos qu e gu seguidos de e e i, o u nem sequer é pronunciado, como
em quilo e guerra.

Acentua-se o u tônico dos grupos que, qui, gue, gui.

Pingüim-de-Magalhães

Spheniscus magellanicus

As listas brancas pelo corpo são


características. Anda aos passos,
em vez de pulos.

(Revista Horizonte Geográfico)


Acento diferencial

O acento diferencial existe em algumas palavras da língua portuguesa e não se


justifica pelas regras de acentuação gráfica comuns. Antigamente, ele era
usado, de modo geral, para marcar uma diferença de pronúncia entre vogais
abertas e fechadas.
A maioria dos acentos diferenciais foi abolida. Veja quais ainda permanecem,
marcando uma diferença de significado e não de pronúncia:

ás (substantivo) as (artigo)
côa(s) (verbo) coa(s) (com + a)
pára (verbo) para (preposição)
pólo(s) (substantivo) polo (por + o)
pôlo(s) (substantivo) polo (por + o)
pélo (verbo) pelo (per + o)
péla(s) (subst. e verbo) pela (per + a)
pêlo(s) (substantivo) pelo (per + o)
pêra (substantivo) pera (preposição arcaica)
pôr (verbo) por (preposição)
porquê (substantivo) porque (conjunção)
quê (subst., pronome em fim de frase) que (pronome, conjunção)

A forma verbal pôde (pretérito perfeito do indicativo) do verbo poder também


recebe acento circunflexo para diferenciar de pode (presente do indicativo).
Compare:

Apenas ontem ele pôde receber o pagamento.


Ele pode vir aqui sempre que desejar.

Exercícios

1 Leia os textos a seguir. Transcreva as palavras que


precisam ser acentuadas, colocando os acentos gráficos que faltam.

a)
Liberdade, superprotegida
A Estatua da Liberdade, em Nova York, desde que recebeu uma bela limpeza
externa, em 1984, esta revestida com um verniz anticorrosão muito especial.
Desenvolvido pela Nasa, e o mesmo produto aplicado nas naves espaciais,
que precisam ter sua estrutura garantida ao enfrentar as chuvas de poeira
cosmica.

b)
Rei das aguas
O Oceano Pacifico e o maior entre os oceanos do planeta. Sozinho, possui
46% das aguas salgadas do mundo, o que equivale a uma area maior que
todos os continentes juntos. Foi batizado com esse nome pelo navegador
portugues Fernão de Magalhães, que em 1520, ao percorrer o litoral sul-
americano, achou suas aguas muito calmas.

c)
O voo mais veloz
O falcão peregrino, encontrado na Europa e na Asia, e a ave mais veloz do
mundo. Quando se arremessa de grandes altitudes, ele consegue atingir
velocidades incriveis de ate 350 quilometros por hora. Esse falcão possui ainda
a visão mais aguçada, podendo localizar um pombo, por exemplo, a mais de 8
quilometros de distancia.

d)
Mundo de numeros
A população mundial ja ultrapassou a marca dos 5,2 bilhões de pessoas. No
ano 2025, segundo projeções, seremos 10 bilhões. No Brasil, o Estado mais
populoso e São Paulo, com pouco mais de 34 milhões de habitantes, o
equivalente a população da Argentina.

(Revista Terra)
a) estátua, está, é, cósmica c) vôo, Ásia, é, incríveis,
até, quilômetros, distância
b) águas, Pacífico, é, área, português d) números, já, é, à

• vôo é acentuada a primeira vogal do hiato ôo


• Ásia é acentuada toda paroxítona terminada em ditongo
• é é acentuado porque é monossílabo tônico em e
• incríveis é acentuada porque é paroxítona terminada em
ditongo
• até é acentuada porque é oxítona terminada em e
• quilômetros toda proparoxítona é acentuada
• distância paroxítona terminada em ditongo

2 Agora, justifique a acentuação de cada uma das palavras do


texto c.

3 Todos os vocábulos abaixo são paroxítonos. Copie-os, acentue-


os e escreva uma regra justificando sua acentuação.
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, i(s), r, x, um, us e ditongo.

premio incrivel joquei vírus

util níquel sensível album

carater torax lapis consul

4 Em cada uma das frases a seguir, há algumas palavras em


destaque com terminação igual. Entretanto, só uma delas deve ser acentuada.
Escreva corretamente a palavra que recebe acento gráfico e justifique sua
resposta:

a) Ninguem viu a nuvem negra que se


aproximava.
b) Naquela cidade reina a maior
desordem; ela é agora uma ruina do que foi.
c) Este ônibus não vai para a Rua
Para; ele só para na avenida principal do bairro.
d) O motorista do taxi levava um
colibri na gaiola.
e) O homem tirou o chapeu e olhou
para meu tio interrogativamente.
f) Depois da reunião na Assembleia,
os deputados participaram de uma ceia.
g) Não gosto de pate de abacate.
h) Ele é um jovem recem-formado.
i) Sua paciencia se evidencia no trato
com as crianças.
j) Se como melancia, fico com ansia.
l) Este vírus não ataca tatus nem
urubus.

oxítona terminada em -em


i tônico em hiato
oxítona terminada em -a; acento diferencial (verbo parar)
paroxítona terminada em i
ditongo aberto éu
ditongo aberto éi
oxítona em e
oxítona em -em
paroxítona terminada em ditongo
paroxítona terminada em ditongo
paroxítona terminada em us

5 a) Copie a alternativa em que há um erro de


acentuação, corrigindo-o:

a) maracujá, argúi, rapé


c) chapéu, hífen, ítem e) ruim, órgão,
egoísta
b) lápis, tainha, túnel
d) jataí, régua, próton
b) Na alternativa b aparece a palavra
túnel. Passando-a para o plural, tem-se túneis. Ambas são paroxí-
tonas e acentuadas, mas cada uma segue uma regra diferente.
Quais são elas?

X
item

6 a) Copie as palavras, colocando o trema se


necessário:

cinquenta questão distinguir quinzenal enxágue


linguístico pinguim sequestro quente arguir

b) Agora, escreva um pequeno texto utilizando apenas as palavras


que apresentam trema. Atenção: não deixe ninguém de fora.

cinqüenta
lingüístico
seqüestro
pingüim
enxágüe
argüir
Resposta pessoal.
7 a) Reescreva no plural a sentença abaixo, fazendo as
adaptações necessárias. O coronel enrolou seu
anel em papel colorido e, depois, em um lençol, como um carretel.

b) Observe os acentos que


apareceram. Por que isto aconteceu?

Os coronéis enrolaram seus anéis em papéis coloridos e, depois, em lençóis,


como carretéis.
Na passagem para o plural, as palavras coronéis, lençóis, carretéis, anéis e
papéis passaram a apresentar ditongos abertos, os quais são acentuados.

8 Explique:

a) A palavra juiz não é acentuada,


mas juízes leva acento. Por quê?

b) Tente lembrar qual é a palavra que


apresenta uma característica semelhante a juiz.

c) Na cidade de São Paulo existe uma grande avenida chamada


Avenida Pacaembu. Em algumas de suas placas, esta palavra apresenta
acento (Pacaembú). Qual é o problema?

d) A palavra baú leva acento.


Pensando no termo Pacaembu, justifique a diferença.

e) Há situações em que se usa a


palavra secretária, e outras em que se usa secretaria. Quais são elas?

Em juízes, o i tônico do hiato leva acento porque forma sílaba sozinho.


Pacaembu é uma oxítona terminada em u e, portanto, não deve ser acentuada.
Embora ambas sejam oxítonas terminadas em u, baú apresenta o u do hiato
formando sílaba sozinho, o que determina sua acentuação.
Secretária é a pessoa que trabalha em um departamento chamado secretaria.

9 No texto a seguir há:

a) um caso de monossílabo tônico;


b) três casos de paroxítonas acentuadas;
c) dois casos de oxítonas acentuadas;
d) um caso de i tônico formando hiato.

é
possível, experiências, várias
Axé, está
construída
Identifique as palavras onde ocorrem esses casos e faça uma lista,
acentuando-as corretamente.

Cidadania

O trabalho desenvolvido pelo Projeto Axe, em Salvador (BA), mostra que e


possivel educar e resgatar para a cidadania os meninos de rua. Veja por que a
metodologia de atendimento que vem sendo construida por sua equipe esta
servindo de exemplo para a ampliação de experiencias semelhantes em varias
regiões do Brasil e do exterior

(Revista Nova Escola)

No texto a seguir, foram omitidos os acentos gráficos. Leia-o com atenção e


escreva corretamente as palavras que são acentuadas graficamente:

No mundo — e tambem no Brasil — uma enorme e variada gama de novas


tecnologias surge a cada dia, tornando mais viavel e barato reciclar materiais
descartaveis para possivel reuso. Os avanços tecnologicos mais expressivos
vem ocorrendo exatamente com o maior vilão da temida quadrilha do lixo: o
plastico. Ele e o detrito de mais dificil degradação na natureza, permanecendo
intacto no ambiente as vezes por mais de 50 anos. Mas, com criatividade e
rigor cientifico, modernas tecnicas de reciclagem ja possibilitam a adoção de
diversas saidas para esse dilema. Algumas delas são realmente
revolucionarias, como a produção de um automovel totalmente construido com
materiais reciclaveis e um material novissimo chamado “madeira plastica”, que
substitui com maior eficiencia e durabilidade madeiras nobres e raras como
mogno e peroba.
(Revista Globo Ciência)

também, viável, descartáveis, possível, tecnológicos, vêm, plástico, é, difícil,


às, científico, técnicas, já, saídas, revolucionárias, automóvel, construído,
recicláveis, novíssimo, plástica, eficiência.

MORFOLOGIA

ESTRUTURA DAS PALAVRAS

Elementos mórficos

Leia o texto a seguir:

Terra dos macacos

“Cada macaco no seu galho”, diz o dito popular. Na Amazônia, há mais macacos nas árvores
do que seres humanos na terra. A informação é do primatólogo holandês Marc van Rosmalen,
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Nenhum pesquisador conseguiu até agora explicar por que a Floresta Amazônica é o principal
hábitat deles, a ponto de conter muito mais espécies do que o continente africano. A maior
floresta tropical do mundo (cujo território se divide entre nove países, inclusive o Brasil) tem 12
gêneros, 82 espécies e 192 subespécies.
(Revista Ecologia e Desenvolvimento)

mitos: personagens fabulosos e heróicos; servo: criado, serviçal, escravo; redimir: pagar uma
culpa, resgatar, ressarcir; hidra de Lerna: serpente de sete cabeças, que renasciam quando
cortadas; corça: fêmea do veado; assolava: devastava, destruía, arrasava; estrebarias: lugar
onde se recolhem animais (geralmente cavalos e bois); atulhadas: cheias, repletas; estrume:
fezes de animais; antropófagas: que comem carne humana; amazonas: mulher que monta a
cavalo; ninfas: divindades fabulosas dos rios e montes; guardião: vigia, guarda.

1 Radical — no texto, Hércules, em seu sétimo trabalho, capturou um touro louco. Observe
algumas palavras que se podem formar a partir do radical louc-:

en louqu ecer
en louqu ecido
louc ura
louc o
louc-

Professor: Em enlouquecer e enlouquecido houve substituição da letra c por qu para manter a


uniformidade fonética (fonema /k/).

A parte das palavras que se repete constitui sua base de significação e mostra que estas
palavras pertencem à mesma família. Portanto:

Radical é a base do significado da palavra.

Importante:
Às palavras que apresentam um radical comum, formando uma família,
damos o nome de cognatas.

2 Afixo — é o elemento que se junta a um radical para formar outra palavra. O afixo classifica-
se em:

• prefixo — quando aparece antes do radical:

redimir, desviou, amedrontava

• sufixo — quando aparece depois do radical:

loucura, dificílimas, monstrenga, extremamente

O prefixo e o sufixo podem aparecer ao mesmo tempo, numa mesma palavra. Observe:

en feitiç ar

prefixo radical sufixo

Observação:
Nem sempre é possível acrescentar novos elementos diretamente ao radical, pois, às
vezes, a nova palavra apresenta uma construção estranha à fala. Quando isso ocorre, coloca-
se uma vogal ou uma consoante para fazer a ligação entre os dois segmentos. Veja:

guard i ão fantás t ico


radical vogal
de ligação sufixo radical consoante
de ligação sufixo

Desinência — é o morfema que indica determinadas características gramaticais da palavra. A


desinência pode ser:

• nominal — indica o gênero e o número nos substantivos e adjetivos e em


certos pronomes. Observe as palavras do texto:

própri a
ave s
guerreir a s

desinência de gênero (feminino) desinência de número (plural) desinência de gênero


(feminino) e de número (plural)

• verbal — indica a flexão do verbo. Quando indica o número e a pessoa é


chamada desinência número-pessoal; quando indica o modo e o tempo é chamada desinência
modo-temporal. Veja o exemplo:

esta va m

desinência modo-temporal
(pretérito imperfeito do indicativo)
desinência número-pessoal
(3ª pessoa do plural)

Observação:
A diferença entre afixo e desinência é que o afixo pode alterar o significado do radical e a
desinência apenas indica a flexão. Compare:

rei rein ar rein ou

sufixo formador
de verbo
desinência: indica a flexão verbal do radical

Vogal temática — prepara o radical de uma palavra para receber as desinências. A vogal
temática aparece em verbos, substantivos e adjetivos. Observe:

mat a r persegu i r tem e r

vogal temática vogal temática vogal temática

radical desinência radical desinência radical desinência

Nesses exemplos, as vogais a, e, i permitem a ligação entre o radical e a desinência verbal -r.
Para a construção de outras formas verbais, a desinência é modificada, mas a vogal temática e
o radical permanecem. Veja:

mat a ram tem e ndo persegu i ste


desinência verbal desinência verbal desinência verbal

Devido a isso, diz-se que, nos verbos, a vogal temática caracteriza a conjugação verbal. Veja:

pisar
pagar
colocar
ser
proteger
ter
redimir
vestir
destruir

a vogal temática é a a vogal temática é e a vogal temática é i

Temos, pois, em português, três conjugações:

• verbos com vogal temática a: 1ª conjugação;


• verbos com vogal temática e: 2ª conjugação;
• verbos com vogal temática i: 3ª conjugação.

Existem 4ª e 5ª conjugações com vogal temática o e u, respectivamente? Não! Em português


não existem verbos terminados em -ur. Os verbos com vogal temática o, como pôr, repor,
transpor, pertencem à 2ª conjugação, pois derivam de poer, que era uma antiga forma verbal
com vogal temática e.
Agora, observe os exemplos:

bol a trabalh o serpent e persegu i ção

vogal temática vogal temática vogal temática vogal temática

Nos nomes, a vogal temática ocorre em substantivos e adjetivos terminados em -a, -e, -o
átonos e em derivados de verbo.
O conjunto formado pelo radical mais a vogal temática é chamado tema. Observe:

acaba r come r consegui r

tema tema tema

Perceba que, para encontrarmos o tema de um verbo, é preciso eliminar o r da forma infinitiva.
Observe agora exemplos de palavras analisadas em toda a sua estrutura.

amedront a va taref a s

desinência verbal modo-temporal (pretérito imperfeito do indicativo)


desinência nominal de número (plural)

radical vogal temática tema

guerr eir a s
radical
sufixo
desinência nominal de número (plural)
desinência nominal de gênero (feminino)
Radicais

A significação básica de uma palavra está no radical. De onde vieram os radicais?


A maior parte dos radicais das palavras da língua portuguesa teve origem no grego e no latim,
língua falada antigamente pelos romanos, povo que ocupou a península Ibérica (região onde
se localizam atualmente Portugal e Espanha), no século III a.C.
Esses vocábulos sofreram grandes modificações com o passar dos séculos, até chegarem a
nós, e, muitas vezes, é difícil conhecer sua origem. A história de uma palavra, bem como as
transformações por ela sofridas ao longo de centenas de anos, é estudada pela Etimologia
que, apoiando-se em pesquisas cuidadosas, procura estabelecer sua origem. Isso, porém, nem
sempre é possível.

É importante conhecer o significado de alguns radicais de origem grega e latina, pois eles
aparecem com freqüência em diversas palavras da língua portuguesa, principalmente na
linguagem científica.
A palavra ecologia, criada no século XX, é formada por dois radicais gregos. Veja:

casa, hábitat
eco logia
estudo

Não é só de verde que


vive a ecologia.

(Revista Horizonte Geográfico)

Portanto, ecologia é o estudo das relações entre os seres vivos e o meio em que vivem
(hábitat).
Muitas outras palavras, assim como esta, foram criadas a partir dos radicais gregos e latinos.
Diversas vezes, esses radicais são combinados também com outros elementos, como os
sufixos e os prefixos. Veja, a seguir, como os radicais podem ser usados na formação de
palavras:

1 Podem ser o primeiro elemento da palavra:

radical grego
gastr ite
sufixo

agri cultura
radical latino
radical latino

2 Podem ser o segundo elemento da palavra:

substantivo comum
disco teca
radical grego

mono cultura
radical latino
radical grego

Conheça agora os principais radicais gregos e latinos e seus significados.


Radicais gregos (1º- elemento)

Radical
acro-
aero-
agro-
alo-
andro-
anemo-
antropo-
aritmo-
aristo-
arqueo-
artro-
astro-
atmo-
auto-
baro-
biblio-
bio-
bleno-
bromato-
bronto-
caco-
cardio-

Sentido

alto
ar
campo
outro
homem
vento, sopro
homem
número
melhor
antigo
articulação
astro
ar
próprio
peso, pressão
livro
vida
muco
alimento
trovão
mau
coração

Exemplos

acrobata, acrofobia
aeronauta, aeronave
agronomia
alomorfe (outra forma)
androfobia
anemômetro
antropófago
aritmética
aristocracia
arqueologia
artrose
astronomia
atmosfera
autobiografia
barômetro
biblioteca
biografia
blenorragia
bromatólogo
brontofobia
cacografia, cacófato
cardiologia

Anemômetro: instrumento que mede a velocidade do vento.


Radical

céfalo-
ciste-
cito-
coreo-
cosmo-
cranio-
cromo-
crono-
datilo-
deca-
demo-
dermato-
dico-
dinamo-
dolico-
enea-
eno-
entero-
ergo-
eroto-
esteto-
etno-
filo-
filo-
fisio-
fito-
flebo-
fono-
foto-
freno-
gamo-
gastro-
geneo-
geo-
geronto-
gineco-
glico-
gloto-
helio-
hemo-
hendeca-
hepta-
hetero-
hexa-
hidro-
hiero-
higro-
hipno-
hipo-
histo-
homo-
icono-
icosa-
ictio-
idio-
idolo-
lexico-
lito-
macro-
megalo-
melo-

Sentido

cabeça
bexiga
célula
dança
mundo
crânio
cor
tempo
dedo
dez
povo
pele
em duas partes
força
comprido
nove
vinho
intestino
trabalho
amor
peito
povo
folha
amigo, amante
natureza
planta
veia
som, voz
luz
mente
casamento, união
estômago
origem
terra
velho
mulher
doce
língua
sol
sangue
onze
sete
outro
seis
água
sagrado
úmido
sono
cavalo
tecido
igual
figura, imagem
vinte
peixe
próprio
imagem
palavra
pedra
grande
grande
canto

Exemplos

cefalgia, acéfalo
cistite (inflamação da bexiga)
citologia
coreografia (arte da dança)
cosmologia
craniometria
cromofilia (gosto pelas cores)
cronometrar
datilografia
decálogo, décuplo
democracia
dermatologia
dicotomia
dinamômetro, dinâmico
dolicocéfalo (que tem cabeça comprida)
eneassílabo
enólogo
enterologia
ergofobia
erotofobia
estetoscópio
etnografia
filófago
filósofo
fisiologia
fitologia
flebite
fonologia
fotografia
frenologia
gamologia
gastronomia
genética
geologia
gerontologia
ginecologia
glicose
glotologia
heliografia
hemograma
hendecágono (de onze ângulos)
heptassílabo
heterogêneo
hexágono
hidrografia
hierografia (descrição das coisas sagradas)
higrômetro
hipnotismo (sono provocado)
hipopótamo
histologia
homófono
iconoclasta (que destrói imagens)
icoságono
ictiologia
idiossincrasia
idolatria
lexicógrafo (autor de dicionário)
litografia
macróbio
megalomaníaco
melodrama

Coreografia: a arte de criar a seqüência de movimentos num espetáculo de


dança.Estetoscópio: instrumento com que se realiza a ausculta em várias partes do corpo.

GENÉTICA
Uma conquista: abreviar o tempo de coagulação em cães com hemofilia.

(Revista Globo Ciência)

Hexágono: figura geométrica de seis lados.

Radical

meso-
metro-
micro-
mio-
mito-
mnemo-
mono-
necro-
nefro-
neo-
neuro-
nevro-
noso-
octo-
odonto-
ofio-
oftalmo-
oligo-
oniro-

ornito-
orto-
oto-
paleo-
pato-
pedi-
penta-
pinaco-
piro-
pleuro-
pluto-
pneumo-
poli-
proto-
pseudo-
psico-
quiro-
rino-
rizo-
sacaro-
sarco-
seleno-
semio-
sismo-
somato-
tafo-
tanato-
tecno-
tele-
teo-
termo-
tetra-
tipo-
topo-
traumato-
tri-
trico-
urano-
uro-
xeno-
xilo-
zoo-

Sentido

meio
medida
pequeno
músculo
fábula, mentira
memória
um
morto
rim
novo
nervo
nervo
doença
oito
dente
cobra
olho
pouco
sonho

pássaro
correto
ouvido
antigo
sofrimento
criança
cinco
quadro
fogo
pulmão (costas)
riqueza
pulmão
muito
primeiro, principal
falso
alma
mão
nariz
raiz
açúcar
carne
lua
sinal
abalo
corpo
sepulcro
morte
arte
longe
deus
calor
quatro
figura
lugar
ferimento
três
pêlo, cabelo
céu
urina
estrangeiro
madeira
animal

Exemplos

mesóclise
metrônomo
micróbio
miotomia
mitologia
mnemônica (arte de educar a memória)
monarca, monólogo
necrotério
nefrite
neologia
neurologia
nevralgia
nosomania
octaedro
odontologia
ofiofagia (hábito de se alimentar de serpentes)
oftalmologia
oligarquia (governo de poucas pessoas)
oniromancia (adivinhação pela interpretação
dos sonhos)
ornitologia
ortografia
otite
paleontologia
patologia
pediatra, pedagogo
pentágono
pinacoteca
pirotecnia
pleurisia
plutocracia (governo de homens ricos)
pneumologia
poligamia
protótipo, protagonista
pseudônimo
psicologia
quiromancia
rinoceronte, rinite
rizotônico
sacarologia
sarcófago
selenomancia
semiologia
sismógrafo
somatologia
tafofobia (medo de ser sepultado vivo)
tanatofobia (horror à morte)
tecnologia
telefone
teologia
termômetro
tetracampeonato
tipografia
topografia
traumatologia
trissílabo
tricologia
uranografia
urologia
xenofobia
xilogravura
zoologia

Monarca: pessoa que governa sozinha; rei; soberano.

Oftalmologia: estudo dos olhos e de suas doenças.

Rinoceronte: animal de grande porte, com um ou dois chifres no focinho.

Telefone: aparelho usado para transmissão da voz a distância.

Termômetro: instrumento com o qual se mede a temperatura.

Radicais gregos (2º- elemento)

Radical

-agogo
-algia
-arca
-artria
-clasta
-cômio
-cracia
-doxo
-dromo
-edro
-fago
-filia
-fobia
-foro
-gamia
-geneo
-gono
-grafia
-grama
-grama
-iatra
-latria
-logia
-mancia
-mano
-metro
-morfo
-nomia
-ônimo
-opia
-orama
-péia
-pepsia
-plastia
-pnéia
-polis (pole)
-ptero
-ragia
-réia
-scopia
-sofia
-stico
-teca
-terapia
-tomia
-tono

Sentido

condutor
dor
que comanda
articulação
destruidor
habitação
poder
que opina
lugar para correr
face
que come
amizade
temor
que conduz
casamento
que gera
ângulo
escrita
escrito
peso
médico
culto
estudo
adivinhação
louco
que mede
com a forma de
lei, regra
nome
vista
visão
elaboração
digestão
modelagem
respiração
cidade
asa
derramamento
fluxo
ato de ver
sabedoria
verso
lugar para guardar
cura
divisão
tom

Exemplos
pedagogo
nevralgia
monarca
disartria
iconoclasta
nosocômio
democracia
ortodoxo
hipódromo
poliedro
antropófago
bibliofilia
hidrofobia
fósforo
poligamia
heterogêneo
polígono
ortografia
telegrama
quilograma
pediatra
idolatria
teologia
quiromancia
bibliômano
hidrômetro
polimorfo
agronomia
homônimo
disopia
panorama
farmacopéia
dispepsia
rinoplastia
dispnéia
metrópole
helicóptero
hemorragia
piorréia
microscopia
filosofia
acróstico
discoteca
fisioterapia
dicotomia
monótono

Bibliofilia: arte de colecionar livros.

Helicóptero: aparelho de aviação, com hélices horizontais que o sustentam.

Radical

calori-
carni-
centri-
cruci-
cunei-
denti-
equi-
fili-
fili-
horri-
igni-
infanti-
magni-
matri-
multi-
nocti-
olei-, oleo-
oni-
pedi-
pisci-
pluri-
quadri-, quadru-
reti-
reti-
sui-
tri-
uni-
uxori-
vermi-
vini-

Sentido

calor
carne
centro
cruz
cunha
dente
igual
filho
fio
horrível
fogo
criança
grande
mãe
muito
noite
óleo
todo

peixe
mais
quatro
direito
rede
a si mesmo
três
um
esposa
verme
vinho

Exemplos

calorífero
carnívoro
centrífugo
crucifixo
cuneiforme
dentiforme
eqüidistante
filicídio
filiforme
horríssono
ignívomo
infanticídio
magnificência
matricídio
multiforme
noctívago
oleígeno, oleoduto
onipotência
pedilúvio
piscicultura
pluriforme
quadrimotor, quadrúpede
retilíneo
retiforme
suicídio
tricampeonato
uníssomo
uxoricida
vermífugo
vinicultura

Carnívoro: que se alimenta


de carne.
Quadrúpede: que tem
quatro pés.
Vinicultura: a fabricação
de vinho.

Radicais latinos (2º- elemento)

Radical

-cida
-cola
-cultura
-fero
-fico
-forme
-fugo
-gena
-gero
-loquo
-paro
-pede
-sono
-vago
-vomo
-voro

Sentido

que mata
que cultiva ou habita
ato de cultivar
que contém ou produz
que faz ou produz
em forma de
que foge ou faz fugir
nascido em
que contém ou produz
falante com
que produz

que soa
que vaga
que expele
que come

Exemplos

uxoricida
arborícola
apicultura
aurífero
benéfico
dentiforme
vermífugo
alienígena
belígero
ventríloquo
ovíparo
velocípede
uníssomo
noctívago
fumívomo
carnívoro

Fumívomo: que lança fogo ou fumo.

Prefixos

O estudo da estrutura das palavras completa-se com o exame dos prefixos e sufixos que
ajudam na formação de novas palavras. Temos, na língua portuguesa, prefixos de origem
grega e latina, cada um deles com seu significado próprio. Observe:

prefixo latino que indica negação


im perfeito
prefixo grego que indica excesso
hiper mercado

Conheça alguns desses prefixos e sua significação.


Prefixos gregos

Prefixo

a-, an-
ana-
anfi-
anti-
apo-
arce-, arqui-
cata-
di-
dia-
dis-
endo-
epi-
eu-
ex-, exo-, ec-
hemi-
hiper-
hipo-
meta-
para-
peri-
pro-
sin-

Sentido

privação, negação
repetição, separação
ao redor de, duplicidade
contra
afastamento
superior a
para baixo
duplicidade
através de
dificuldade, afecção
posição interior
posição superior, final
bem, perfeição
movimento para fora
metade
sobre, demais
sob, deficiência
além de, mudança
ao lado de
ao redor de
diante de
reunião, combinação

Exemplos

anarquia, ateísmo
anáfora, anatomia
anfiteatro, anfíbio
antiaéreo, anti-higiênico
apogeu
arcebispo, arquidiocese
cataplasma
ditongo
diagonal, diafragma
disenteria
endoderma
epiderme, epílogo
eufonia, eucaristia
exosmose, êxodo, ecletismo
hemisfério
hipertrofia
hipotensão
metafísica, metamorfose
parapsicologia
perímetro
prólogo
sinfonia, sincrônico

Anfíbio: animal que vive tanto em terra quanto na água.

Metamorfose: transformação de um ser em outro.

Bípede: que tem ou anda com dois pés.

Passado suntuoso sob


as bananeiras

Cientistas descobrem uma


cidade pré-colombiana
soterrada há 500 anos sob
plantações de bananas e laranjas
no México. Templos de mais de
50 metros de altura revelam a
riqueza arquitetônica da cidade.
que floresceu entre os anos 100
e 600 da era cristã. (Revista Veja)

Prefixos latinos

Prefixo

a-, ab-, abs-


ad-, a-
ambi-
ante-
bene-, ben-, bem-
bis-, bi-
circum-, circun-
cis-
com-, con-, co-
contra-
de-
des-
dis-, di-
ex-, es-, e-
extra-
in-, im-, i-
in-, im-, i-, em-, en-

inter-, entre-
intra-
intro-
justa-
ob-, o-
per-
post-, pos-
pre-

Sentido

afastamento
para perto de
duplicidade
anterioridade
bem
duas vezes
ao redor
posição aquém
companhia
oposição
movimento para baixo
afastamento
separação
movimento para fora
posição exterior
negação
movimento para dentro

posição intermediária
dentro de
movimento para dentro
ao lado de
oposição
movimento através
posteridade
anterioridade

Exemplos

aversão, abdicar, abster


adjunto, abeirar
ambidestro
antepor
benemérito, benfeitor, bem-vindo
bisavô, bípede
circum-adjacente, circunvagar
cisplatino
compor, cooperar
contradizer
decrescer
desviar
dissidente, dilacerar
exportar, escorrer, emigrar
extra-oficial
inerme, imperfeito, ilegal
ingerir, importar, imigrar, embarcar, enterrar
internacional, entreabrir
intravenoso
introduzir
justaposição
obstar, oponente
percorrer
postônico, pospor
prefácio, pré-colombiana

Prefixo

preter-
pro-
re-

retro-
semi-
sesqui-
soto-, sota-
sub-, sus-, su-, sob-, so-

super-, sobre-

supra-
trans-, tras-, tra-, tres-

ultra-
vice-, vis-

Sentido

além de
movimento para a frente
repetição, movimento
para trás
para trás
metade
um e meio
posição inferior
inferioridade

posição superior

posição acima
posição além

além de
substituição, em lugar de

Exemplos

preterir
prosseguir
rever, reverter

retroceder
semicírculo
sesquicentenário
sotopor, sotavento
subdelegado, suster, supor,
sobpor, soterrar
superprodução
superpopulação, sobrepor
supracitado
transpor, traslado, traduzir,
trespassar
ultrapassar
vice-rei, visconde

Superpopulação: excesso de população.

Os prefixos e o uso do hífen

Com hífen ou sem hífen?

Muitos prefixos são diretamente ligados à palavra que precedem. Outros,


entretanto, exigem o uso do hífen. Já estudamos o hífen nas páginas 46 e 47. Veja agora como
usá-lo com os prefixos.
Casos em que o prefixo vem acompanhado do hífen:

• Sempre com hífen

além- aquém- ex- recém- sem- vice-


além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, recém-nascido, sem-vergonha, vice-rei

Exceção: sensabor.

• Antes de vogal, h, r ou s

auto- extra- intra- pseudo- semi-


contra- infra- neo- ultra- supra-

auto-retrato, contra-senso, extra-oficial, infra-social, intra-uterino, neo-realismo, pseudo-herói,


semi-analfabeto, supra-renal, ultra-som

Exceção: extraordinário.

• Antes de h, r ou s

ante- anti- arqui- sobre-


ante-sala, anti-higiênico, arqui-secular, sobre-humano

• Antes de h ou r

hiper- inter- super-


hiper-hedônico, inter-hemisférico, super-homem

• Antes de r

ab- ad- ob- sob- sub-


ab-rogar, ad-rogar, ob-rogar, sob-roda, sub-rogar

• Antes de vogal ou h

circum- mal- pan-


circum-adjacente, mal-humorado, pan-americano
• Quando tônicos ou quando a pronúncia o requer

pós- pré- pró- bem-


pós-datas, pré-carnavalesco, pró-paz, bem-querer, bem-aventurado

Sufixos

A maioria dos sufixos da língua portuguesa provém do grego e do latim, embora os gramáticos
não façam distinção entre eles, do ponto de vista de sua origem.
Eles são classificados somente de acordo com sua função. Observe:
forma + -oso — formoso

sufixo que dá
origem a um nome

nome (adjetivo)

formal + -izar — formalizar

sufixo que dá
origem a um verbo

verbo

formal + -mente — formalmente

advérbio

sufixo que dá
origem a um advérbio

Desse modo, você percebeu que os sufixos podem ser:

• nominais — são os que formam substantivos e adjetivos;


• verbais — são os que formam verbos;
• adverbiais — são os que formam advérbios.

Sufixos nominais

1 Com valor de aumentativo:

-aça: barcaça, barbaça


-alha: muralha
-aço: copaço, ricaço
-alhão: grandalhão, vagalhão
-ão: caldeirão, paredão
-anzil: corpanzil
-rão: casarão
-ázio: copázio
-arra: naviarra, bocarra
-uça: dentuça
-arrão: gatarrão, santarrão -az:
fatacaz
-zarrão: homenzarrão, canzarrão -ola: beiçola
-eirão: vozeirão, asneirão
-orra: cabeçorra, beiçorra
-astro: medicastro, poetastro

2 Com valor de diminutivo:

-inho(a): livrinho, plantinha -ote:


caixote
-zinho(a): cãozinho, florzinha -ota: velhota
-ito(a): copito, casita
-ejo: lugarejo
-zito: jardinzito
-acho: riacho
-ico: namorico, burrico
-ela: ruela, magricela
-isco: chuvisco
-ebre: casebre
-ete: lembrete
-ulo(a): glóbulo, nótula
-eto(a): livreto, saleta
-im: flautim
-eco(a): livreco, soneca

3 Que formam substantivos com noção de agrupamento:

-ada: papelada
-edo: passaredo
-agem: folhagem
-eiro: formigueiro
-al: laranjal
-ia: cavalaria
-alha: gentalha
-io: mulherio
-ama: dinheirama
-ume: cardume
-ame: vasilhame

4 Que formam substantivos que indicam ofício ou estabelecimento:

-aria: sapataria
-eiro: garimpeiro
-ário: secretário
-eria: leiteria

5 Que formam substantivos que indicam qualidade ou estado:

-dade: humildade
-ia: cortesia
-dão: escuridão
-ice: velhice
-ez: altivez
-ície: imundície
-eza: pureza
-mento: ferimento

6 Que formam substantivos que indicam ciência, doutrina, sistema político ou religioso:

-ano: anglicano
-ismo: cristianismo, romantismo
-ia: astronomia
-ista: socialista
7 Que formam adjetivos pátrios:

-ano: cubano
-esa: portuguesa
-ão: alemão
-ino: bragantino
-eiro: brasileiro
-ista: paulista
-ense: cearense
-ol: espanhol
-ês: francês
-oto: minhoto

8 Que indicam transformação ou resultado de ação:

-ada: paulada
-dura: dobradura
-ado: caçado
-iço: quebradiço
-agem: rapinagem
-ível: perecível

Observação:
Atualmente, muitas palavras, ao receberem um sufixo, podem assumir um
sentido pejorativo. Veja:

Todo mundo se admirou ao ver a dentuça chorando.


Casou com uma louraça, de quem a família não gostava.
É muito feio chamar aos outros de gentalha.

Sufixos verbais

-ar: analisar, furar

-ear: cabecear, basear

-ecer: emagrecer, anoitecer


-entar: amamentar, afugentar
-escer: florescer, enrubescer
-iscar: chuviscar, beliscar
-itar: saltitar, dormitar
-izar: civilizar, colonizar

Sufixo adverbial

O único sufixo que participa da formação de advérbios em português é -mente. Veja:

claramente simplesmente independentemente

Esse sufixo junta-se ao adjetivo na forma feminina, quando houver. Observe:

rápido
rápida
rapidamente
claro
clara
claramente

adjetivo masculino
adjetivo feminino
advérbio
adjetivo masculino
adjetivo feminino
advérbio

Exercícios

1 Leia o texto abaixo com atenção:

PRESENTE DE GREGO

Algumas lembranças dadas com boas intenções


acabam por provocar indignação

Tudo surgiu da em parte lendária, em parte real guerra de Tróia. Esta era uma antiga cidade da
Ásia Menor que os gregos, por vários motivos, queriam destruir. Em uma tentativa, construíram
um gigantesco cavalo de madeira e o colocaram do lado de fora das muralhas da cidade.
Dentro do cavalo esconderam-se alguns guerreiros. Os troianos, acreditando ser aquele um
“presente” sagrado que traria proteção, levaram-no para Tróia. Ao anoitecer, os gregos saíram
de dentro do cavalo e abriram os portões da cidade para o restante de seus guerreiros, que
liquidaram quase todos os troianos e incendiaram toda a região.

(Gazeta do Povo)

Escolha três palavras do texto, destaque seu radical e construa uma família de palavras
cognatas para
cada uma delas. Veja o modelo:

cavalo
radical: caval-
cavalgada, encavalar, cavalgadura, cavaleiro

Resposta pessoal

2 a) Nas palavras a seguir, identifique o radical, a vogal temática e o tema. Observe o modelo:

modelo
mandava = mand — radical
a — vogal temática
manda — tema

partida
vendedor
mentiu
acendedor
pensamos
crescer
sofresse
sombra

part — rad., i — v. tem., parti — tema


vend — rad., e — v. tem., vende — tema
ment — rad., i — v. tem., menti — tema
acend — rad., e — v. tem., acende — tema
pens — rad., a — v. tem., pensa — tema
cresc — rad., e — v. tem., cresce — tema
sofr — rad., e — v. tem., sofre — tema
sombr — rad., a — v. tem., sombra — tema

DESAFIOS!

b) A palavra sombra é um substantivo. Acrescente a ela um prefixo e um sufixo, ao mesmo


tempo, formando um verbo. Assombrar.
c) A palavra pensamos apresenta uma desinência número-pessoal. Qual é ela? -mos
• Que número e pessoa ela indica? primeira pessoa do plural
• Que desinência número-pessoal deve-se usar para indicar a 3ª pessoa do plural? -m,
pensam
d) Observe o verbo crescer. Fazendo as alterações necessárias, acrescente a ele um sufixo
que forme um substantivo. Crescimento.

3 a) Nas palavras a seguir, identifique o radical, o prefixo e o


sufixo. Siga o modelo:
modelo

renovador = re — prefixo
nov — radical
ador — sufixo

desalmado
silencioso
inegavelmente
velharia
infeliz
acidez

des — pref., alm — rad., ado — sufixo


silenc — rad., oso — sufixo
i — pref., neg — rad., avel/mente — suf.
velh — rad., aria — suf.
in — pref., feliz — rad.
acid — rad., ez — suf.

DESAFIOS!

b) Escolha um dos prefixos do item a, e dê o


seu significado.
c) Escreva duas outras palavras com o
prefixo escolhido no item anterior, mantendo o seu significado.

Resposta pessoal

4 a) Classifique os elementos das palavras. Observe o modelo:

• desfazemos • partisses
• sofreríamos • revisar

modelo
retocamos
re- : prefixo
-toc- : radical
-a- : vogal temática
-mos : desinência verbal (pessoa)

des- : prefixo
-faz- : radical
-e- : vogal temática
-mos : desinência verbal (pessoa)

part- : radical
-i- : vogal temática
-sse- : desinência verbal (tempo)
-s : desinência verbal (pessoa)

sofr- : radical
-e- : vogal temática
-ría- : desinência verbal (tempo)
-mos : desinência verbal (pessoa)

re- : prefixo
-vis- : radical
-a- : vogal temática
-r : desinência verbal (infinitivo)
DESAFIOS!

b) Observe novamente a palavra sofreríamos:


• Quais são o tempo e o modo deste verbo? Futuro do pretérito do indicativo.
• O que indica a desinência número-pessoal? Que o verbo está na 1ª pessoa do plural.

5 os radicais a seguir com os significados dados no quadro:

Significados

dança — alto — povo — antigo


campo — livro — muito — som
pouco — imagem — cabeça

acro- alto oligo- pouco coreo- dança


fono- som
agro- campo biblio- livro poli- muito
idolo- imagem
arqueo- antigo céfalo- cabeça demo- povo

6 Forme uma palavra com cada um dos radicais do exercício 5. Resposta pessoal

7 Com base no significado dos radicais gregos, tente descobrir o significado das palavras a
seguir:

acrofobia horror a altura


iconoclasta aquele que destrói imagens de ídolos
aeróbio indivíduo que só sobrevive com o oxigênio tirado do ar melodia musicalidade;
sucessão rítmica
agromania mania ou paixão pela agricultura
hidrofobia horror aos líquidos
cardialgia dor aguda no coração
enterite inflamação no intestino

8 Dê uma palavra para cada um dos prefixos gregos a seguir:

peri- perímetro hiper- hipermercado pro- prótese


anti- antiinflamatório meta- metáfora arqui- arquimilionário

9 Dê uma palavra para cada um dos prefixos latinos a seguir:

semi- semicírculo intra- intramuscular sub- subsolo


retro- retrospecto circun- circunvizinho contra- contraposição

10 Forme palavras com os sufixos a seguir:

-ão portão -zinho cãozinho -eiro padeiro -douro


duradouro -dade igualdade
-ismo catolicismo -ano paulistano -este celeste -mente realmente -izar
harmonizar

11 Retome as palavras que você formou nos exercícios 8, 9 e 10 e escreva um pequeno texto,
utilizando no
mínimo duas palavras de cada grupo. Resposta pessoal

Questões 12 a 17: Leia o texto a seguir:

Uma vida inteira em vôo:


biólogos suíços acreditam que a gaivota-negra só desce ao solo para procriar

(Revista Superinteressante)

12 Responda:

a) Quais são as três palavras do texto que estão no plural? biólogos, suíços, acreditam
b) Quais são as desinências que indicam o plural? -s e -m
c) Qual é a diferença entre essas desinências? -s é desinência nominal; -m é desinência
verbal

13 Há no texto uma palavra que apresenta dois radicais gregos. Qual é ela? biólogos

14 Usando a palavra que você deu como resposta ao exercício 13, substitua o primeiro radical
por outros
diferentes, criando novas palavras. odontólogo, psicólogo, etnólogo, filólogo, astrólogo

15 Se o radical -logia significa estudo, qual é o significado do radical -logo? Significa estudioso.

16 Aponte no texto uma palavra com prefixo. procriar

17 Substitua o prefixo da resposta do exercício 16 por outro, criando uma nova palavra. recriar

18 Observe o uso do prefixo pre-, no texto a seguir:

Preenchidos e pré-datados
automaticamente em segundos

(O Estado de S. Paulo)
a) Agora responda: por que na palavra preenchidos não se usa hífen e na palavra pré-datados
ele é usado?

Em preenchidos, o prefixo pre- é átono e deve ser usado sem hífen; em pré-datados, o prefixo
é tônico e, por isso, deve ser usado com hífen.

b) Em que situações o prefixo auto- deve ser usado com hífen? Dê exemplos.

Antes de vogal, h, r ou s: auto-retrato, auto-suficiente, auto-análise...

19 Há uma revista cujo título é Superinteressante. Pense no uso do hífen: este título está
correto? Por quê?

Sim. O prefixo super só é usado com hífen quando seguido de palavra iniciada por h (super-
homem) ou r (super-rato, por exemplo). No caso do título da revista, a segunda palavra começa
por vogal, fazendo desnecessário o uso do sinal gráfico.

20 Leia o texto com atenção:

Uma rica flora dentro do gelo da Antártida

O biólogo Kevin Arrigo, da Nasa, deu um passo fundamental para entender o primeiro elo da
cadeia alimentar na Antártida. Calculou a quantidade de microalgas que crescem na água do
mar congelada. Ele simulou em computador o crescimento das algas. E chegou à conclusão de
que, mesmo no inverno, a flora marinha cresce a cada dia 50 microgramas para cada metro
quadrado da crosta de gelo.
“A concentração varia muito e chega a 1 grama de clorofila por metro quadrado”, explicou
Arrigo à SUPER. Você sabe: clorofila é a substância das plantas que faz a fotossíntese.
Durante um ano, em 20 milhões de quilômetros quadrados de gelo, as microalgas liberam no ar
35 milhões de toneladas de carbono. O que torna possível a existência de tanta alga é que o
gelo é cheio de microcanais por onde circula água rica em sais minerais. E aí é o seguinte: a
microflora alimenta o krill, um camarãozinho que faz o cardápio de animais maiores.
(Revista Superinteressante)

DESAFIO!

a) No texto, há quatro palavras escritas com o mesmo radical grego. Que radical é este, qual o
seu significado e quais são essas palavras? • radical: micro- • significado: pequeno
• microalgas, microgramas, microcanais, microflora.

b) Uma das palavras acima é constituída por um radical grego e por um substantivo coletivo.
Qual é a palavra, qual o significado do substantivo coletivo separadamente e qual o significado
da palavra formada?

c) Forme palavras utilizando o antônimo do radical grego micro-. Em seguida, escreva um


pequeno texto com essas palavras, imaginando que você irá mandá-lo para uma revista de
curiosidades científicas. Dê um título ao seu texto.

Resposta pessoal. O radical a ser utilizado é macro: grande.

b) • palavra: microflora
• coletivo: flora (conjunto de espécies vegetais de uma região)
• significado de microflora: no caso do texto, é o conjunto das
microscópicas (minúsculas) espécies vegetais existentes na Antártida.

formação das palavras


Com os conhecimentos adquiridos no estudo da estrutura das palavras e sabendo identificar
prefixos, sufixos e radicais, pode-se entender melhor como novas palavras são formadas em
português.
E por que há necessidade de novas palavras? Porque o mundo evolui, novas descobertas são
feitas e novas invenções surgem a todo momento e é preciso nomear essas descobertas e
invenções, as quais dão origem a novos objetos, produtos e atividades, que também precisam
ser nomeados.
Leia o texto a seguir com atenção. Nele, há uma palavra que serve como exemplo do que foi
dito.

Tudo isso contribui para que a tecnologia de planejamento e produção de tênis se aproxime
cada vez mais da ciência. Assim, por exemplo, a confecção do cabedal (o calçado sem a sola)
tem sido fortemente influenciada pelo estudo biomecânico do corpo humano. As fitas e as
cintas de couro e plástico que adornam as laterais são cuidadosamente planejadas para
garantir a estabilidade dos pés em esportes específicos. Nesse setor, a Nike traz novidades,
como o modelo Air Carnivore, um cross-trainer (tênis de uso misto, indicado para caminhadas
rústicas), que tem uma espécie de correia antitorção — voltando a nossa analogia, seria como
um cinto de segurança, aqui destinado a prevenir acidentes no tornozelo.
(Revista Globo Ciência)

A palavra é antitorção. Perceba que se trata de uma palavra formada pelo prefixo anti-, que
significa contra, mais o vocábulo torção. Dessa forma, com o processo de união de um prefixo
a um vocábulo já existente, criou-se uma nova palavra.
Existem, na língua portuguesa, dois processos básicos de formação de palavras: a derivação e
a composição.

Derivação

A derivação dá origem a novas palavras tendo por base uma outra já existente na língua.
A essa palavra-base, chamada palavra primitiva, são acrescentados sufixos e prefixos, como é
o caso de antitorção. A nova palavra formada é chamada de palavra derivada. Leia o trecho a
seguir, extraído da obra Furo de Reportagem:

Os cinco amigos eram os responsáveis pelo jornalzinho da escola, O Espaço. A idéia fora de
Laura, imediatamente apoiada por Décio (registre-se: os dois eram considerados os melhores
alunos da oitava série da Escola Municipal Delmiro Gouveia).
Colegas desde o Pré, formavam a equipe de O Espaço: Laura e Décio eram os redatores do
jornal; Chicão atuava como repórter, “o buscador de matérias”, como ele próprio se anunciava;
Tereza cuidava da datilografia dos estênceis, tarefa na qual era ajudada por sua mãe; e Marcos
era o responsável pelos anúncios; isso mesmo, o jornal tinha até uma página de anúncios!
Dona Gilda, a diretora da escola, dera a maior força para a idéia, e, quando Tereza chegava
com os estênceis prontos, o mimeógrafo da escola ficava por conta do jornal — ela só pedira
ao quinteto que desse um jeito de arrumar o papel para rodar o jornal, razão pela qual Marcos
corria atrás de publicidade; os anúncios podiam ser pagos em dinheiro ou em cem folhas de
papel ofício. Eles até já haviam conseguido um bom estoque de papel. A outra regrinha de
dona Gilda é que não poderiam usar o mimeógrafo às quintas-feiras, dia de rodar provas.
(Roberto Jenkins Lemos)

No texto, aparece a palavra provas. Veja outros cognatos:


provas
palavra primitiva
palavras derivadas
sufixosufixoa
prov ado
prov ado
prefixo

Derivação é o processo de formação de palavras que tem como base uma outra já existente.

Como as palavras derivadas podem formar-se pelo acréscimo de sufixos ou de prefixos à


palavra primitiva, a formação de palavras por derivação pode ocorrer de várias formas: por
prefixação, por sufixação, por parassíntese, por derivação imprópria e por derivação regressiva.

Derivação por prefixação

No texto, aparece também a palavra responsáveis. Observe, a seguir, uma palavra derivada
dessa:

i r responsáveis
palavra primitiva
consoante de ligação prefixo

A prefixação ocorre quando se antepõe um prefixo à palavra primitiva.


Outros exemplos:

arcanjo super-reportagem antiinflação indiferente


refazer infra-estrutura ultra-som benfeitor

Derivação por sufixação

Observe esta palavra derivada:

jornal zinho
sufixo
palavra primitiva

Veja outros exemplos e observe os sufixos destacados:

buscador publicidade
diretora regrinha

Todas as palavras acima foram formadas pela derivação por sufixação, que ocorre com o
acréscimo de sufixos à palavra primitiva.
Veja outros exemplos:

poético livraria escolar casebre


durável colorido aviário saleta

Derivação parassintética ou parassíntese

A parassíntese ocorre quando são acrescentados um prefixo e um sufixo, ao mesmo tempo, à


palavra primitiva.
Leia o texto:
Na casa do amigo, Décio não teve como fugir do convite de dona Maninha e encarou um
franguinho ensopado com batata que estava uma delícia, dando chance para que Chicão
desse uma repassada no texto.
O “repórter” explicou algumas observações que fizera na matéria.
— Entendi tudo, deixe que Terê cuida do copidesque. Tudo em cima.Tchau, dona Maninha...
este seu frango é bárbaro!
(Roberto Jenkins Lemos)

A palavra ensopado foi formada pelo acréscimo simultâneo de um prefixo e um sufixo ao


radical da palavra sopa. Observe:

en sop ado

prefixo
radical
sufixo

Perceba que sem o prefixo ou sem o sufixo não se formaria uma nova palavra, pois não há
sentido algum nas palavras a seguir:

en sopa ou sop ado

Outros exemplos de parassíntese:

endurecer engarrafamento ensurdecer esquentar


desalmado afugentar descampado abotoar

Importante:
Se a união do prefixo ou do sufixo não ocorrer ao mesmo tempo, não há parassíntese: ocorre a
derivação por sufixação e prefixação. Veja:

prefixo
sufixo
prefixo
des gost oso
des gosto
gost oso
sufixo
util izar
in util izar
in útil

As palavras inútil e utilizar, bem como desgosto e gostoso são formas possíveis. Isso comprova
que os processos de prefixação e sufixação podem acontecer separadamente. Portanto,
nesses casos, tem-se uma derivação por prefixação e sufixação e não uma parassíntese.

Derivação imprópria

A derivação imprópria ocorre em textos quando uma palavra é empregada em classe diferente
da habitual. Veja os exemplos:

Até o cantar dos passarinhos tinha cessado.

verbo usado como substantivo


O azul da camisa estava desbotado.

adjetivo usado como substantivo

O franguinho ensopado estava uma delícia!

verbo no particípio usado como adjetivo

Havia um quê no olhar da menina que o deixou encantado.

pronome usado como substantivo

A derivação imprópria ocorre nos seguintes casos:

• verbo no particípio empregado como adjetivo ou substantivo:

o premiado, o esperado, o estimado, o querido

• substantivo empregado como adjetivo:

menino prodígio, mulher-aranha

• adjetivo empregado como advérbio:

falar baixo, comprar caro, pensar grande

• palavras invariáveis empregadas como substantivo:

o não, o porquê, o nada


Os porquês da
luta na Bósnia

(Revista Superinteressante)

Derivação regressiva

A derivação regressiva ocorre quando a terminação do verbo é substituída pelas desinências -


a, -e ou -o, dando origem a um substantivo. Veja os exemplos:

Toda a ajuda que ela pediu foi dada.


ajudar verbo / ajuda substantivo

Você já soube do roubo à padaria da esquina?


roubar verbo / roubo substantivo

Um corte foi dado na expectativa dos garotos...


cortar verbo / corte substantivo

O choro do gatinho era ouvido de longe.


chorar verbo / choro substantivo

Observação:
O processo mais comum de formação de palavras ocorre de modo inverso, ou seja, a partir de
substantivos formam-se verbos:
escola escolarizar

substantivo verbo

manhã amanhecer

substantivo verbo

grampo grampear

substantivo verbo

Composição

A composição é outro processo básico de formação de novas palavras. Ela ocorre quando se
juntam duas ou mais palavras (ou seus radicais) para formar outra nova, de significado
diferente. Esses radicais podem ou não sofrer transformações em sua estrutura.
Veja os exemplos:

tecnologia tecno + logia

televisor tele + visor

Há também exemplos de palavras formadas por composição em que se usa o hífen para
separar as que lhes deram origem. Veja:

O bem-te-vi, o beija-flor, o canário-da-terra e o sabiá-laranjeira formam uma orquestra de


cantos e trinados.

Composição é o processo de formação de palavras pela reunião de outras já existentes.

A formação de palavras por composição pode ocorrer de duas formas: por justaposição e por
aglutinação.

Justaposição

Leia o texto com atenção:

O C queria ser tudo,


fazer todos os trabalhos
ser o dono da função.
“Sem mim o circo não existe!”
— dizia, comendo fogo
ou de pé, na corda bamba;
no papel de homem-bala
ou no papel de canhão;
na roupa do domador
ou na roupa do leão;
ou mesmo em cima da mesa
desenhando, com seu corpo,
a própria planta do circo
e mostrando: “Aqui é a entrada”
(a sua entrada de ar).
(Ziraldo)
Observe a palavra homem-bala. Para formá-la, duas palavras se uniram, sem que houvesse
alteração em suas estruturas:

homem + bala homem-bala

A partir de palavras simples do texto, é possível formar outras palavras compostas.

pé-de-moleque guarda-roupa

As palavras compostas por justaposição podem aparecer de três maneiras:

• ligadas normalmente:

micróbio, pontapé, passaporte, vaivém

• ligadas por hífen:

sempre-viva, roda-gigante, obra-prima, joão-ninguém

• ligadas por preposição e hífen:

dona-de-casa, doce-de-leite

Aglutinação

Quando duas ou mais palavras se unem e há modificação em suas estruturas, ocorre a


aglutinação. Veja:

No circo do C há um palhaço engraçado. É uma figura pernalta, com suas longas pernas de
pau.

pernalta perna + alta

Veja outros exemplos:

aguardente embora

água + ardenteem + boa + hora

Outros processos

Além da derivação e da composição, há outros processos de formação de palavras na língua


portuguesa: a redução, a onomatopéia e o hibridismo.

Redução

Observe o texto ao lado:

REÚNA OS
AMIGOS,
ALUGUE
UMA CASA
NA PRAIA E
FRETE UM
JATO.

A palavra jato, em português, significa “saída impetuosa de um líquido ou de um gás”. Por isso,
temos avião a jato, ou seja, avião que é movido pela propulsão a jato.
A expressão avião a jato foi abreviada para jato, simplesmente. Trata-se, então, de uma
abreviação vocabular ou redução.

Redução ou abreviação é a forma simplificada de algumas palavras.

Veja outros exemplos:

Palavra

cinema
automóvel
pneumático
quilograma
motocicleta
fotografia
pornografia
extraordinário
poliomielite
metropolitano
zoológico
televisão

Redução

cine

Onomatopéia

Onomatopéia é a palavra que reproduz de modo aproximado determinados sons ou ruídos.

Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque,
bateu:
— “Quem é?”
— “Sou eu...” — e Fita-Verde descansou a voz. — “Sou sua linda netinha, com cesto e pote,
com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.”
Vai, a avó, difícil disse: — “Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe.”
(Guimarães Rosa)

As onomatopéias podem aparecer das seguintes maneiras:

• como substantivo:

bem-te-vi, pife-pafe, pingue-pongue

• como verbo:

arrulhar, latir, miar, mugir, tinir, zumbir

• como interjeição:

zás!, catapimba!, pá!, cabrum!

Outro exemplo:

“O tempo foi passando no tique-taque dos relógios e nos ponteiros.”


(Pedro Bloch)

Hibridismo

São hibridismos as palavras compostas de elementos que provêm de línguas diferentes,


normalmente do grego e do latim. Veja:

auto móvelbí gamo

grego latim latim grego

Outros exemplos de hidridismo:

decímetro — deci: latim / metro: grego


televisão — tele: grego / visão: latim
auriverde — auri: latim / verde: português
abreugrafia — abreu: português / grafia: grego
endovenoso — endo: grego / venoso: latim
sociologia — socio: latim / logia: grego

Exercícios

1 a) Copie as palavras e numere-as de acordo com o seu processo de formação:

1. Derivação por prefixação


2. Derivação por sufixação
3. Derivação por prefixação e sufixação
4. Derivação parassintética
5. Derivação imprópria
6. Derivação regressiva

profundamente venda
ataque antebraço
fornalha lentamente
autodefesa o falar
desencantado esclarecer
o porquê castigo
mosquito desarrumação
incerteza casebre
semicírculo subterrâneo
anoitecer desrespeitoso

26213532114612546214

DESAFIO!

b) Construa uma frase na qual seja usada uma palavra formada pela derivação
imprópria. Explique o emprego que você deu à palavra escolhida. Resposta pessoal.

2 Separe as palavras a seguir em duas colunas: na primeira, coloque as palavras compostas


por justaposi- ção; na segunda coluna, coloque as
compostas por aglutinação:

pé-de-moleque passatempo verde-amarelo planalto embora


aguardente pernilongo beija-flor vaivém surdo-mudo

CJ CJ CJ CJ CJ CA CA CA CA CA
3 Entre as palavras a seguir, há algumas onomatopéias e alguns hibridismos. Separe-as em
duas colunas:

auriverde mugir bígamo automóvel


zumbido pingue-pongue televisão endovenoso
cacarejo abreugrafia sociologia catapimba

Onomatopéias: pingue-pongue, zumbido, cacarejo, mugir, catapimba;


Hibridismos: auriverde, sociologia, abreugrafia, automóvel, bígamo, endovenoso, televisão.

4 Monte um quadro como o do modelo e separe as palavras destacadas no texto de acordo


com o processo de formação de cada uma:

modelo

Derivação por sufixação


Derivação por prefixação e sufixação
Derivação regressiva

sufixação: amarelado, retratista, dissecado; prefixação e sufixação: enforcado; regressiva:


custo, brilho

FERIDA FECHADA
Obra-prima de Rembrandt sofre restauração
e recupera as cores e o brilho do século XVII

O ladrão holandês Aris Kindt perdeu a vida para entrar na história da arte. Em 1632, depois de
furtar um casaco e ser enforcado, o meliante teve seu corpo doado ao cirurgião Nicolaes Tulp.
Foi Tulp quem contratou Rembrandt Harmensz van Rijn (1606-1669), então um jovem
retratista, para pintar a autópsia. Agora, quase quatro séculos depois de ser dissecado pelos
pincéis de Rembrandt, o cadáver do larápio está de novo em bom estado. A um custo de 100
000 dólares, a tela A Lição de Anatomia do Dr. Tulp acaba de ser restaurada. Junto com o
quadro, o museu Mauritshuis, de Haia, exibe até o dia 10 de janeiro de 1999 uma exposição
que documenta o trabalho da dupla de restauradores, a australiana Petria Noble e o
dinamarquês Jorgen Wadum. Depois da faxina, a mudança mais visível é a cor do corpo de
Kindt, que recuperou a lividez típica do rigor mortis pintado por Rembrandt. “Nos últimos três
séculos, os restauradores repintaram o corpo, que ficou amarelado e ganhou ares naturalistas”,
explicou Wadum a VEJA.

(Revista Veja)

5 Volte ao capítulo Estrutura das palavras e observe as listas de radicais gregos e latinos. Pelo
processo de hibridismo, forme cinco palavras, explicando qual a origem dos radicais utilizados.
Resposta pessoal.

6 a) Identifique os processos de formação das palavras destacadas no texto:

No ciclo biológico normal, o bicho-da-seda não morre dentro do casulo. Na fase reprodutiva,
como mariposa, a fêmea põe os ovos, dos quais eclodem as larvas, cerca de 13 dias depois. A
larva crescida, chamada de lagarta, alimenta-se de folhas de amoreira num período de 25 a 30
dias e passa por várias fases de desenvolvimento.

• derivação por sufixação: crescida, amoreira;


• derivação por prefixação e sufixação: desenvolvimento;
• derivação parassintética: reprodutiva.
• composição por justaposição: biológico, bicho-da-seda;
b) Explique a diferença entre o processo de formação das palavras
desenvolvimento e reprodutiva.

Desenvolvimento: formada por prefixação e sufixação (processos independentes); reprodutiva:


parassíntese.

7 Leia a frase e resolva as questões:

O erro mais comum é achar que uma bela paisagem resulta sempre numa bela foto.
(Revista Os caminhos da Terra) Erro: derivação regressiva; foto: redução.

a) Quais são os processos de formação das


palavras destacadas na frase?
b) Escreva uma frase em que apareçam
palavras formadas por esses dois processos. Resposta pessoal.

8 Identifique os processos de formação das palavras destacadas nas frases:

a) “Suicidou-se anteontem o meu triste amigo


Boaventura da Costa.”
b)“Fugiria, assim, por algumas horas, à fadiga visual de contemplar as montanhas desnudadas
que marginam a Central, da estação inicial até a Cascadura.”
c) “Ele, encostado à mesa, os pés cruzados,
lê com muita atenção uma das nossas folhas diárias.”
(Artur Azevedo)
d) “Restaria um dolorimento pelo corpo, um
entorpecimento da mente.”
e) “Começo a lembrar-me de tantas coisas,
que o meu gosto de viver desfalece como o corpo.”
(Cecília Meireles)
f) “Os pedacinhos de papel são levados pelo
vento, depois caem na terra úmida e apodrecem.”
(Moacyr Scliar)
anteontem: comp. justaposição; desnudadas: der. prefixação e sufixação; marginam: der.
sufixação; Cascadura: comp. justaposição; encostado: der. prefixação e sufixação; cruzados:
der. por sufixação; entorpecimento: der. parassintética; gosto: der. regressiva; desfalece: der.
prefixação; pedacinhos: der. sufixação; apodrecem: der. parassintética

9 Leia o texto a seguir com atenção:

Quem nunca ouviu uma conversa de adolescentes vidrados em tecnologia e não entendeu
nada? Quem acha que eles falam grego, com sotaque sânscrito? Com certeza, quase todos os
pais e até muitos professores. Eles são assim mesmo. Para entender e decifrar esse dialeto da
geração Internet, VEJA organizou uma mesa-redonda com sete adolescentes. Durante mais de
duas horas, os jornalistas de VEJA Eurípedes Alcântara, Thales Guaracy, Eliana Simonetti e
Eduardo Nunomura conversaram com eles sobre os mais variados temas — especialmente
sobre como eles se relacionam com as novas tecnologias.
(Revista Veja)

vidrados/especialmente: derivação por sufixação; mesa-redonda: composição por justaposição

a) Dê o processo de formação das palavras


vidrados, mesa-redonda e especialmente.
b) A palavra tecnologia é formada pela composição de dois radicais gregos. Que
radicais são esses e o que querem dizer? tecno = arte; logia =
estudo: estudo da arte
c) A partir do significado etimológico da
palavra tecnologia, comente sua acepção nos dias de hoje.
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno perceba que a significação atual da palavra envolve
principalmente os avanços científicos, como na eletrônica e na informática, e não a concepção
atual de arte.

CLASSES E FLEXÃO
DE PALAVRAS

Na língua portuguesa existe um número muito grande de palavras que são agrupadas em
classes.
Veja o que diz o poeta Mário Quintana a esse respeito.

E havia uma gramática que dizia assim:


“Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou coisa: João, sabiá, caneta.”
(...)
Mas o bom, mesmo, são os adjetivos,
Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. Luminoso.
Sonoro. Lento. Eu sonho
Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos.

O poeta cita os substantivos e os adjetivos.


Os substantivos são as palavras que indicam os seres e as coisas; os adjetivos indicam as
características que os substantivos podem ter. Substantivo e adjetivo são duas classes de
palavras, também chamadas categorias gramaticais.

Classes gramaticais

D. Carlotinha era uma avó muito interessante...

A casa do Carlinhos era uma casa antiga, pegada à Escola Dona Carlotinha de Araújo Cintra.

Antigamente, quando a avó do Carlinhos estava viva, ela ocupava as duas casas, que eram
uma só.

Depois que a Dona Carlota morreu, a família separou o casarão em dois.

Uma parte foi doada para a escola. E na outra, ficou morando a família do Carlinhos.

Carlinhos gostava muito da avó, então vivia brincando no quarto que tinha sido dela.

Dona Carlotinha era aquele tipo de avó que todo mundo quer ter. Brincava com os netos de
teatrinho, de acampamento no quintal, de amarelinha, tocava violão, cantava e contava
histórias.

E que histórias! Dava a impressão de que ela sabia todas as histórias do mundo.

De fadas, de lobos ferozes, de meninos e meninas que desobedeciam os pais (era dessas
histórias que Carlinhos mais gostava), de reis, de piratas e de marinheiros.

(Ruth Rocha)
As palavras da língua portuguesa podem ser divididas em dez classes gramaticais. Veja o
quadro com exemplos retirados do texto:

Classes gramaticais
1. Substantivo
2. Artigo
3. Adjetivo
4. Numeral
5. Pronome
6. Verbo
7. Advérbio
8. Conjunção
9. Preposição
10. Interjeição

Exemplos
casa, Carlinhos, avó, histórias
a, os, um, uma
antiga, animada, divertida
uma, duas, metade, dobro
ela, que, aquele, essas, nada
era, brincava, contar, gostar
muito, antigamente, só, não
e, então, entretanto, mas
de, em, até, sobre, para
ufa!, arre!, ah!, oh!, ora!, ui!, psiu!

No texto não aparece nenhuma interjeição. Mas observe o trecho abaixo:

Psiu! Vamos ouvir as histórias de Dona Carlotinha!

As classes de palavras subdividem-se em:

1 Variáveis — são as palavras que se flexionam. São elas:

• substantivo: casa, histórias, avô;


• artigo: a, os, uma, uns;
• adjetivo: antiga, belos, bonitinho;
• numeral: uma, duas, metade, terceira, terço;
• pronome: ela, aqueles, esses, outra;
• verbo: brincar, brinquei, brincaremos.

2 Invariáveis — são as palavras que não se flexionam. São elas:

• advérbio: muito, antigamente, só, não;


• preposição: de, em, para, com;
• conjunção: quando, embora, mas, porque;
• interjeição: oxalá!, ah!, ai!.

Observações:
1. O advérbio, embora seja considerado invariável, admite flexão de grau. Veja:

Os alunos acordaram bem cedinho para o passeio.


cedo = advérbio

2. Gramáticos como Celso Cunha e Lindley Cintra consideram a interjeição como vocábulo-
frase por apresentar sentido completo e a excluem de qualquer classificação.

Flexões gramaticais
As palavras variáveis são aquelas que sofrem flexão. Leia o texto:

Carlos se lembrava de uns livros grandes, com muitas figuras, que D. Carlota lia para ele, mas
eles tinham sumido. Assim como um retrato da avó, muito mais moça, com um vestido bonito
de cetim, com flores e bordados.
A mãe e o pai de Carlinhos viviam atrás dele, insistindo que ele precisava ler mais.
Mas os livros que davam para ele, do mesmo jeito que os livros que a professora mandava ler,
eram muito sem graça, para quem tinha conhecido as histórias de D. Carlotinha.

(Ruth Rocha)

Imagine que Carlinhos tinha um avô, D. Carlos:

Carlos se lembrava de uns livros grandes, com muitas figuras, que D. Carlos lia para ele, mas
eles tinham sumido. Assim como um retrato do avô, muito mais moço.

No período acima, houve a flexão do substantivo avó para o masculino avô. A mudança do
substantivo próprio (D. Carlos) e da palavra avô determinou também a flexão do adjetivo, de
moça para moço. Substantivos e adjetivos são, portanto, palavras variáveis.

Agora, imagine que era apenas um livro:

Carlos se lembrava de um livro grande, com muitas figuras, que D. Carlos lia para ele, mas ele
tinha sumido.

Quando o substantivo passa do plural para o singular (de uns livros para um livro), o verbo
também acompanha esta alteração (de tinham sumido para tinha sumido).
Há, portanto, vários tipos de flexão. Veja:

1 Flexão de gênero — as palavras podem ser do gênero masculino ou feminino. As classes


gramaticais que sofrem flexão de gênero são: substantivos, adjetivos, artigos, pronomes e
numerais. Veja os exemplos:

artigo substantivo adjetivo pronome numeral substantivo

A avó era muito bonita. Ela tinha dois filhos.


O avô era muito bonito. Ele tinha duas filhas.

2 Flexão de número — os verbos, os substantivos, os artigos, os adjetivos, os pronomes e os


numerais podem apresentar formas no singular ou no plural. Veja os exemplos:

Aquele livro era maravilhoso. Existia ali a primeira foto de minha avó.

pronomeverbosubstantivoadjetivoverboartigonumeralsubstantivopronomesubstantivo

Aqueles livros eram maravilhosos. Existiam ali as primeiras fotos de minhas avós.

3 Flexão de tempo, modo e pessoa — somente os verbos apresentam flexão de tempo, modo e
pessoa.

Ela contava muitas histórias.

Nós contaremos muitas histórias.

Eu sabia que vovó tinha livros.


Se eu soubesse que vovó tinha livros...

pretérito imperfeito do indicativo


futuro do presente do indicativo
pretérito imperfeito do indicativo
pretérito imperfeito do subjuntivo
3ª pessoa do singular
1ª pessoa do pluralsubstantivo
pequenas histórias
adjetivo
muito boas

Exercícios

1 Identifique as classes gramaticais das palavras destacadas


no texto:

Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para humor mais ou
menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para humor que a
gente precisa ter quando está sozinho; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para
as grandes ocasiões.

(Paulo Mendes Campos)

2 Conheça mais um pouco da história de Carlinhos:

• Pessoa, ocasiões = subst. • sozinho, preciosa = adj. • a, os = artigo • gasta, está = verbo •
toda, outros = pron. • três, uma = numeral • muito = adv. • quando = conj. • para, com = prep.

Carlinhos, nas horas vagas, ficava mexendo em tudo que tinha no quarto da avó. E tanto
escarafunchou dentro das gavetas, no fundo dos armários, nas molduras e nos bordados que
enfeitavam as paredes, que um dia, ele rodou uma rosa entalhada num friso, a rosa estalou, a
madeira se moveu e abriu-se uma porta na parede. Era de noite. E do outro lado estava
escuríssimo. Mas, embora Carlinhos tenha ficado com um pouco de medo, foi buscar uma vela
e entrou pela porta, que ele já estava chamando de misteriosa.

(Ruth Rocha)

Agora, separe as palavras destacadas em duas colunas:


variáveis e invariáveis.

3 Carlinhos descobriu uma biblioteca escondida. Copie o texto, completando-o com as


variações das palavras do quadro.

Variáveis: horas, ficava, no, ele, moveu, uma, porta, outro, escuríssimo, medo; Invariáveis:
tudo, dentro, e, embora, já, de.

estar aceso criança todo


a responder você ótimo

Uma porção de crianças .... sentadas às mesas, deitadas nos


tapetes, recostadas nas poltronas, com suas pequenas velas ...., lendo!
— Ora essa! — O Antonio exclamou.
— Que .... surpresa, essa .... toda lendo!
Mas Joana não estava entendendo:
— Ué! Por que é que .... não vêm ler de dia?
Carlinhos .... por ....:
— A gente pode?
— Claro que pode — Joana respondeu.
— Para isso são .... bibliotecas. Ainda mais as bibliotecas das escolas!

(Ruth Rocha)

estavam
acesa
sótima / criançada
vocês
respondeu / todos
as

4 Leia o texto com atenção:

Quarenta minutos de caminhada, cinco vezes por semana, é arma poderosa


também contra resfriados.
Exercício moderado e freqüente aumenta a eficácia
do sistema imunológico.

(Revista Veja)

a) Retire do texto as palavras invariáveis.


de, por, também, contra, e
b) Retire as palavras que podem sofrer flexão de tempo, modo e pessoa e diga a que classe
gramatical elas pertencem.
é, aumenta: verbos
c) Reescreva o segundo parágrafo, passando o trecho para o plural.
Exercícios moderados e freqüentes aumentam a eficácia do sistema imunológico.

d) Na palavra exercícios, a flexão de número é dada pelo -s. Em aumentam, a marca é o -m.
Qual o
motivo desta diferença?
(Professor, se achar conveniente, pode-se aproveitar o momento para discutir as diferentes
marcas de flexões entre as diversas classes de palavras, como verbos e substantivos.)

e) Retire do texto as palavras que apresentam flexão de gênero. Não há, no texto, palavras
que apresentem flexão de gênero.

substantivo
Conceito

Leia o texto, procurando identificar os seres aos quais o poeta dá nomes:

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo


que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

(Carlos Drummond de Andrade)

João, Teresa, Raimundo, Maria, Joaquim, Lili e J. Pinto Fernandes são nomes de pessoas.
Estados Unidos é nome de um país. Nomes de pessoas e nomes de países são exemplos de
substantivos.

Substantivo é a palavra que dá nome a pessoas, animais, lugares, coisas e seres em geral.

Leia, agora, uma estrofe do Poema de Sete Faces, também de Carlos Drummond de Andrade.
Nela há outros exemplos de substantivos.

Mundo mundo vasto mundo,


se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
Mais vasto é meu coração.

(Carlos Drummond de Andrade)

• Raimundo: nome de pessoa;


• mundo: nome de lugar;
• rima, coração: nomes de coisas;
• solução: nome do resultado do ato de solucionar.

Classificação do substantivo

Os substantivos podem ser classificados de várias maneiras, de acordo com os aspectos que
apresentam. Pode-se considerá-los de acordo com:

• o tipo de seres a que se referem: próprios ou comuns;


• a existência dos seres a que se referem: concretos ou abstratos;
• a sua estrutura gramatical: simples ou compostos, primitivos ou derivados.

Para você entender bem essa classificação, vamos analisá-la por partes.

Substantivos próprios e comuns

O romance Cuidado, Garoto Apaixonado, de Toni Brandão, começa assim:

Sugere-se a leitura da obra Cuidado, Garoto Apaixonado, de Toni Brandão, Editora


Melhoramentos, como atividade extraclasse.

A casa do meu pai fica na Baleia. A casa do pai do Alê fica em outra praia: Boiçucanga. Mas
mesmo assim, desde que a gente se conhece, quando a gente estava de férias, ou o Alê ficava
comigo na minha casa ou eu ficava com ele, na casa dele. Já que não temos irmãos da mesma
idade, um tinha praticamente adotado o outro.

Compare as palavras Alê e Boiçucanga com casa e praia. Todas elas são substantivos porque
dão nomes a seres. Entretanto, há uma diferença entre elas quanto à classificação.

porção do litoral,
geralmente coberta
de areia ou cascalhoedifício para habitação, moradia
praia
casa
substantivos que designam
seres comuns
substantivos comuns

nome de pessoanome de uma praia do litoral


de São PauloAlê, Alexandre
Boiçucanga
substantivos que designam
seres específicos
substantivos próprios

Assim, pode-se dizer que:

Substantivo comum é aquele que dá nome a todos os seres da mesma espécie.


Substantivo próprio é aquele que dá nome a um só ser da mesma espécie.

Observe os exemplos:

Os pássaros levantaram vôo.

substantivo comum
nomeia todos os seres dessa espécie, sem especificar quais

O canário levantou vôo.

substantivo comum
nomeia um ser dessa espécie, mas não especifica qual

O canário Gugu levantou vôo.

substantivo próprio
nomeia um ser específico da espécie

Dentre os substantivos comuns, há um que merece destaque por possuir características


especiais. Observe o texto a seguir:

Biblioteca: (s. f.) Coleção pública ou privada de livros e documentos congêneres, organizada
para estudo, leitura e consulta.

Esse tipo de substantivo que indica uma coleção é chamado de coletivo.

Substantivo coletivo é o que, embora no singular, representa um conjunto de seres da mesma


espécie.

Veja outros exemplos de coletivos:

acervo de coisas em geral,


bens patrimoniais
alameda de árvores (em linha)
alfabeto de letras (em ordem)
antologia de textos literários
arquipélago de ilhas
atlas de mapas
banda de músicos (com instrumento)
Os coletivos foram selecionados de acordo com o uso. Entretanto, isso pode variar de uma
região para outra do Brasil. Acrescente, a essa lista, alguns coletivos utilizados em sua região.

biblioteca de livros
cardume de peixes em geral
colméia de abelhas
constelação de estrelas
elenco de atores
exército de soldados
fauna de animais de uma região
flora de plantas de uma região

folclore de tradições e crenças


populares
manada de bois, búfalos, elefantes
multidão de pessoas
ninhada de filhotes
orquestra de músicos
penca de frutas, de chaves, de filhos
platéia de espectadores
pomar de árvores frutíferas
quadrilha de ladrões, bandidos
ramalhete de flores
rebanho de ovelhas
turma de pessoas, trabalhadores,
estudantes (“galera”, “mo-
çada”: gíria)

Substantivos concretos e abstratos

Antônio é o nome do personagem, um garoto apaixonado, criado por Toni Brandão. Leia mais
um trecho do livro:

Agora eu tenho onze. Mas desde que eu tinha cinco anos, e só sabia pensar com poucas
sílabas, eu já achava que a palavra amor é um substantivo muito complicado.
Tá certo que eu não pensava assim: substantivo. Eu nem sabia o que era isso. Mas o que eu
sentia, o amor que eu sentia e nem sabia que se chamava amor, eu já achava uma coisa muito
estranha para alguém sentir. Principalmente quando esse alguém era eu.
Mas antes de falar sobre isso, acho melhor falar de uma outra coisa, que aconteceu antes do
que eu vou contar.
Como naqueles filmes, onde o diretor mostra uma cena antes da história, para quem está no
cinema entender melhor o que vai começar.

Assinado

Antônio

No texto aparecem as palavras amor, cena e cinema. Todas são substantivos, mas há uma
diferença entre elas. Observe:

cada uma das partes de uma peça teatral ou filme


estabelecimento ou sala de projeções cinematográficas
cena
cinema
substantivos que designam seres que têm vida própria, independentemente de outros seres
substantivos concretos

sentimento que predispõe a pessoa a desejar o bem de outra


amor
substantivo que designa seres que, para existirem, dependem de outros seres
substantivo abstrato

Como você pôde perceber, a palavra amor precisa de um ser para se manifestar, um ser que
ame. Por isso, é um substantivo abstrato. Estes substantivos se referem a qualidades, ações e
sentimentos, sempre ligados a outro ser.

Substantivo abstrato é aquele que indica seres com existência dependente de outros seres.
Substantivo concreto é aquele que indica seres de existência real, que existem por si mesmos.

Antônio, o garoto da história, estava apaixonado por Camila. Sentia muitas saudades quando
não a via, e tinha vontade de dar um beijo na menina.

Saudades, vontade e beijo também são substantivos abstratos. Observe:

saudades
vontade
beijo resultado do ato de beijar

Substantivos simples e compostos

Antônio e Camila, personagens da história, vão fazer o teste para o coral:

O teste ia ser depois da última aula de sexta-feira, no auditório do colégio. Todo mundo já tinha
avisado os pais que o ensaio ia até as duas horas. Eu cheguei no auditório com o Juca, que
além de bom no fute é bom de gogó. A Camila estava sentada no auditório com a Gute, uma
menina da classe dela. Elas estavam num papo bem animado.
(Toni Brandão)

Observe as palavras abaixo:

local onde se expõem e vendem mercadorias


espécie de protuberância localizada no pescoço; conversafeira
papo
substantivos formados por um único radical
substantivos simples

nome de um dia da semanaconversa


sexta-feira
bate-papo
substantivos formados por dois radicais
substantivos compostos

Pode-se dizer, então, que:

Substantivo simples é aquele formado por um só elemento (radical).


Substantivo composto é aquele formado por mais de um elemento (radical).

Veja outros exemplos:



moleque
pé-de-moleque
substantivos simples
estrela
mar
estrela-do-mar
substantivos compostos

Observação:
Há substantivos compostos que não são ligados por hífen.
Veja:

pernilongo passatempo esferográfica

perna + longa passar + tempo esfera + gráfica

A formação dos substantivos compostos obedece às regras de composição por justaposição e


aglutinação (ver Formação das palavras, p. 80).

Substantivos primitivos e derivados

(Hagar, de Dick Browne)

As palavras hóspedes, morte e desonra são substantivos. Mas há uma importante diferença
entre elas com relação ao seu processo de formação.

hospedeirohospedariahóspedes
morte
substantivos que não provêm de outras palavras
substantivos primitivos
mortalmortífero

honradohonrariashonra
substantivos que provêm de outras palavras
substantivos derivados
desonra

Então, temos que:

Substantivo primitivo é o que não deriva de outra palavra de uso corrente na língua portuguesa.
Substantivo derivado é o que foi formado a partir de outra palavra de uso corrente na língua
portuguesa.

Naturalmente, um mesmo substantivo pode receber várias classificações ao mesmo tempo.


Veja outros exemplos que aparecem na história em quadrinhos:

Hagar: substantivo próprio, concreto, primitivo, simples;


coisa: substantivo comum, concreto, primitivo, simples;
pessoal: substantivo coletivo, concreto, derivado, simples;
fim-de-semana: substantivo comum, concreto, primitivo, composto.

Exercícios
Leia o texto a seguir e resolva as questões 1 e 2.

Um aquário é um verdadeiro encantamento para os olhos de um menino. De


um menino? Creio que para os de toda a gente. Eu por mim confesso que sou freqüentador
assíduo do pequeno aquário do Passeio Público. E ainda da última vez que lá estive fui
testemunha da alegria imensamente divertida que despertava num gurizinho de 27 meses
apenas o espetáculo dos peixes cambalhotando atrás das paredes de vidro do aquário. A
pesada tartaruga incutia-lhe um arzinho sério. Mas como ele se ria do cardume claro, ágil,
nítido das pequeninas crocorocas! dos camarões batendo as patinhas dorsais
incessantemente! O peixe-enxada, chato e quase redondo, com as duas listras escuras bem
marcadas, parecia um brinquedo bonito, — como os peixes que os índios do Amazonas
fabricam para os filhos e que eu tive ocasião de ver no Museu do Pará.

(Manuel Bandeira)

1 Retire todos os substantivos do texto, sem repeti-los. Uma dica: são 30 substantivos!

(Os substantivos estão sublinhados no texto.)

2 Identifique, no texto, pelo menos um substantivo:

a) próprio Passeio Público, Amazonas, Museu do Pará f) primitivo olhos,


menino, gente
b) comum aquário, encantamento, olhos, menino... g) derivado freqüentador,
gurizinho, encantamento
c) coletivo cardume h) simples listras, brinquedo,
índios, patinhas
d) concreto aquário, olhos, menino, gente, peixes... i) composto peixe-enxada
e) abstrato encantamento, alegria

3 Identifique os substantivos abstratos:

Esse é o grande exemplo que Portinari lega aos jovens. Exemplo de paciência, perseverança,
teimosia, tenacidade incansável. Um trabalhador de sol a sol. É triste pensar que deixou de
viver: que interrompeu o trabalho, que era sua paixão e nossa alegria.
(Cecília Meireles)

Leia o texto a seguir para resolver as questões 4 a 7:

Biólogos da Universidade da Geórgia fizeram o primeiro censo demográfico de bactérias.


Existem na Terra 5 milhões de trilhões de trilhões delas. Ou seja, o número 5 seguido de trinta
zeros. Só para dar uma idéia, se cada bactéria tivesse a espessura de uma moeda de 10
centavos, e se todas fossem colocadas umas sobre as outras, a pilha teria 1 trilhão de anos-
luz, ou seja, seria pelo menos mil vezes mais extensa do que o Universo.

(Revista Superinteressante)

4 Em “Existem na Terra 5 milhões de trilhões de trilhões delas”, há um substantivo próprio.


Reescreva este trecho substituindo o substantivo próprio
por um substantivo comum.

Existem no mundo... ou Existem no planeta...

5 Espessura é um substantivo abstrato. Por que ele tem essa classificação?


Porque espessura é uma característica cuja existência é dependente de um ser que seja
espesso, grosso.

6 No texto há um substantivo composto. Retire-o e dê sua classificação geral.

• anos-luz: substantivo comum, concreto, primitivo, composto.

7 De acordo com o texto, as bactérias formam um verdadeiro exército. Explique como este
substantivo
pode ser comum e coletivo ao mesmo tempo.

Todo substantivo coletivo, ao representar um conjunto de seres comuns, é também um


substantivo comum.

Flexão do substantivo

A flexão indica a variação ou as variações que uma palavra pode apresentar para expressar
determinadas categorias gramaticais.
O substantivo apresenta flexão de gênero, número e grau. Vamos estudá-las separadamente.

Flexão de gênero

Leia o início do conto “Feliz Aniversário”, de Clarice Lispector:

A família foi pouco a pouco chegando. Os que vieram de Olaria estavam muito bem vestidos
porque a visita significava ao mesmo tempo um passeio a Copacabana. A nora de Olaria
apareceu de azul-marinho, com enfeites de paetês e um drapejado disfarçando a barriga sem
cinta. O marido não veio por razões óbvias: não queria ver os irmãos. Mas mandara sua mulher
para que nem todos os laços fossem cortados — e esta vinha com o seu melhor vestido para
mostrar que não precisava de nenhum deles, acompanhada dos três filhos: duas meninas já de
peito nascendo, infantilizadas em babados cor-de-rosa e anáguas engomadas, e o menino
acovardado pelo terno novo e pela gravata.

Observe, inicialmente, as palavras mulher e menino:

a mulher gênero feminino


o menino gênero masculino

Veja, agora, o gênero masculino desses substantivos:

a mulher (feminino) — o homem (masculino)


o menino (masculino) — a menina (feminino)

Além desses, existem no texto outros substantivos que pertencem ao gênero gramatical
masculino ou feminino, apesar de não possuírem flexão correspondente. Veja alguns
exemplos:

Masculinos

o tempo
os paetês
o terno

Femininos
a família
a visita
as razões

Observe, agora, o quadro abaixo, e compare os dois grupos de palavras:

Grupo 1

a mulher – o homem
a menina – o menino

Grupo 2

os paetês
a família

Os substantivos do grupo 1 têm duas formas: uma para o masculino e outra para o feminino.
Os do grupo 2 têm apenas uma forma, já que apresentam apenas um gênero.
Portanto, podemos chamar os substantivos do grupo 1 de biformes, e os do grupo 2 de
uniformes.

Substantivos biformes são aqueles que apresentam duas formas para indicar o gênero.
Substantivos uniformes são aqueles que apresentam uma única forma.

Substantivos biformes

Os substantivos biformes flexionam-se em gênero de várias maneiras:

• pela troca da terminação:

garoto — garota mestre — mestra


poeta — poetisa namorador — namoradeira

• pelo acréscimo de terminação:

camponês — camponesa autor — autora

• pela troca de radicais:

genro — nora boi — vaca

Além desses casos, há também algumas formações


especiais. Observe:

perdigão — perdiz

Veja, a seguir, um quadro-resumo que apresenta a formação


do gênero feminino a partir das terminações mais usadas:

≥ -aTerminação
≥ -eira≥ -ã≥ -esa, -essa, -isa≥ -oa≥ -ona, -ina≥ -ora≥ -triz≥ radicais diferentes≥ especiais

Exemplos
menino — menina
elefante — elefanta
cantador — cantadeira
cidadão — cidadã
barão — baronesa
conde — condessa
diácono — diaconisa
patrão — patroa
solteirão — solteirona
czar — czarina
cantor — cantora
imperador — imperatriz
cavalo — égua
zangão — abelha
rei — rainha
avô — avó
ladrão — ladra

Importante:

O feminino de embaixador

A palavra embaixador admite duas formas de feminino, com significados


diferentes:
• embaixadora — indica a mulher que ocupa o cargo
em embaixadas;
• embaixatriz — indica a esposa do embaixador.

Substantivos uniformes

Quanto ao gênero, os substantivos uniformes podem ser de três tipos: comuns-de-dois-


gêneros, sobrecomuns e epicenos. Cada um deles forma o feminino de modo diferente, pois,
como possuem uma única forma, é necessário utilizar certas indicações para identificar o
gênero do ser a quem se referem.

1 Comuns-de-dois-gêneros

Esses substantivos apresentam apenas uma forma para os dois gêneros, e a distinção entre
masculino e feminino é feita por meio de artigos, pronomes e adjetivos. Veja:

uma pianista

o pianista esse pianista pianista talentosa

artigo
pronome
adjetivo

Outros exemplos de substantivos comuns-de-dois:

agente
colega
colegial
cliente
estudante
agiota
conferencista
diplomata
paciente
gerente
imigrante
indígena
intérprete
jornalista
servente
pianista
democrata

muito esperto
muito esperta
um
uma

2 Sobrecomuns

Os substantivos sobrecomuns também possuem uma única forma para indicar os dois gêneros.
Não há distinção entre masculino e feminino, pois as palavras que os acompanham também
não variam.
Releia esse trecho retirado do texto “Feliz Aniversário”:

“A família foi pouco a pouco chegando. Os que vieram de Olaria estavam muito bem vestidos
porque a visita significava ao mesmo tempo um passeio a Copacabana.”

(Clarice Lispector)

Do ponto de vista gramatical, as palavras família e visita são sempre do gênero feminino, mas
podem se referir a pessoas do sexo masculino ou feminino.
Veja outros exemplos de substantivos sobrecomuns:

o algoz o apóstolo
o carrasco o monstro
o cônjuge o indivíduo
o guia o manequim
o animal a vítima
o defunto o verdugo
o ente o sujeito
a criatura o tipo
o elemento o ser
a criança a presa
a testemunha o ídolo
o membro o alvo

Importante:

Sexo e Gênero

Não se devem confundir sexo e gênero. Normalmente, os seres têm sexo e as


palavras têm gênero. Compare:

criança
medo

família
cadeado
gênero: feminino
sexo: masculino ou feminino
gênero: masculino
sexo: não temgênero: feminino
sexo: não temgênero: masculino
sexo: não tem

Epicenos

Os substantivos epicenos também têm uma única forma para os dois gêneros. Leia o texto a
seguir:

Uma vila de pescadores no Ceará aprende a criar lagostas em cativeiro

(...) Alimentadas com sururu, um marisco que povoa a enseada de Ponta


Grossa, as lagostas engordam protegidas de predadores naturais e da pesca criminosa, que
não respeita filhotes nem período de reprodução. (...)

(Revista Horizonte Geográfico)

No texto, pode-se identificar com facilidade o gênero das palavras destacadas:

lagostas gênero feminino


marisco gênero masculino

Mas, para determinar o sexo desses animais, é preciso que sejam acrescentadas as palavras
macho ou fêmea ao substantivo. Observe:

Epicenos

Os substantivos epicenos também têm uma única forma para os dois gêneros. Leia o texto a
seguir:

Uma vila de pescadores no Ceará aprende a criar lagostas em cativeiro

(...) Alimentadas com sururu, um marisco que povoa a enseada de Ponta


Grossa, as lagostas engordam protegidas de predadores naturais e da pesca criminosa, que
não respeita filhotes nem período de reprodução. (...)

(Revista Horizonte Geográfico)

No texto, pode-se identificar com facilidade o gênero das palavras destacadas:

lagostas gênero feminino


marisco gênero masculino

Mas, para determinar o sexo desses animais, é preciso que sejam acrescentadas as palavras
macho ou fêmea ao substantivo. Observe:

o marisco macho
sexo masculino
o marisco fêmea
sexo feminino
o marisco
gênero masculino
Esse tipo de substantivo é chamado de epiceno, e ele pode aparecer no gênero feminino ou
masculino, independentemente do sexo do animal.
Veja outros exemplos de substantivos epicenos:

a águia a onça o crocodilo o jacaré o peixe o pardal


a baleia a aranha o gavião a borboleta a capivara o condor
a cobra a cutia o urubu a formiga a cascavel a pantera

Outros casos

1 Gênero e sentido

Alguns substantivos são masculinos ou femininos, conforme o sentido em que se acham


empregados. Veja alguns deles:

Masculino

o bando (grupo de pássaros


ou de bandidos)
o cabeça (chefe)
o capital (valores disponíveis)

o estepe (pneu sobressalente)


o grama (unidade de medida)
o moral (ânimo, disposição)
o nascente (ponto cardeal leste)
o rádio (osso; aparelho receptor)

Feminino

a banda (de músicos)


a cabeça (parte do corpo)
a capital (cidade que aloja a
administração)
a estepe (tipo de vegetação)
a grama (tipo de vegetação)
a moral (conjunto de regras de conduta)
a nascente (fonte de água)
a rádio (estação de rádio)

2 Gênero incerto

Alguns substantivos uniformes geram dúvidas quanto ao gênero. Veja a seguir alguns deles:

Masculinos

o champanha — vinho espumante


o eclipse — fenômeno astronômico
o estratagema — ardil
o gengibre — erva alimentícia
o guaraná — bebida
o lança-perfume — aerossol que contém éter e perfume
o magma — massa natural fluida, ígnea
o telefonema — chamada telefônica

Femininos
a cal — substância branca resultante da calcinação de pedras calcárias
a cataplasma — mistura de medicamentos
a comichão — coceira
a derme — camada da pele
a faringe — cavidade posterior às fossas nasais
a hélice — peça propulsora de navios e aviões
a libido — instinto ou desejo sexual
a sentinela — soldado armado que vigia ou guarda

Masculinos ou femininos

o cólera / a cólera — doença


o dengue / a dengue — doença
o diabete(s) / a diabete(s) — doença
o laringe / a laringe — conduto que faz parte da fonação
o personagem / a personagem — cada um dos papéis representados em peça de teatro, filme

Flexão de número

Leia o texto a seguir:

Aspen ficou pop

Pacotes a preços acessíveis atraem a classe


média para a neve do Colorado

Em dezembro, quando os termômetros ao sul do Equador começarem a registrar temperaturas


bem acima de 30 graus Celsius, milhares de brasileiros estarão desencavando do armário
pesadas roupas de lã, gorros, luvas e até sapatos especiais para neve. O destino dessa gente
encasacada é Aspen, a mais badalada estação de esqui dos Estados Unidos. A cidade, que na
década passada começou a ser descoberta pelos brasileiros mais endinheirados, é hoje um
dos destinos mais procurados nas viagens ao exterior durante as férias de verão. O preço dos
pacotes oferecidos pelas agências de turismo caiu bastante nesse período e já é acessível a
uma parcela da população que antes nem sonhava passar férias num lugar desses. Um pacote
de sete dias, com passagem aérea, hotel, café da manhã e alguns passeios, sai em média por
1 300 dólares, quase o mesmo preço de um programa similar na vizinha Bariloche, na
Argentina, ou no Valle Nevado, no Chile.
Depois da Austrália, o Brasil é hoje o país que mais manda turistas para Aspen, uma charmosa
cidadezinha de construções vitorianas encravada no meio das montanhas do Estado do
Colorado, a 4 000 metros de altitude.

(Revista Veja)

Observe alguns substantivos retirados do texto:

preços viagens dólares construções

Todos eles estão no plural. Veja a forma singular de cada um deles:

preço viagem dólar construção

Observe que as palavras, no singular, têm terminações diferentes: preço termina em vogal;
viagem termina em -m; dólar, em -r e construção, em -ão. Quando flexionadas, elas formam o
plural de modo diferente também.
Conheça algumas regras que orientam a flexão de número dos substantivos.
Plural dos substantivos simples

1 Regras gerais

Observe o quadro-resumo que mostra a formação do plural dos substantivos simples, a partir
da terminação no singular:

Terminação no singular

≥ vogal, ditongo oral

≥ -ão≥ -m≥ -r, -z≥ -s (oxítonos ou monossílabos tônicos)≥ -s (paroxítonos)≥ -x≥ -al, -el, -ol, -ul≥ -
il (oxítonos)≥ -il (paroxítonos)

acrescenta-se -s

Regra

troca-se por -nstroca-se por -ões, -ães, -ãos


acrescenta-se -esacrescenta-se -esinvariáveisinvariáveistroca-se por -istroca-se por -istroca-se
por -eis

Exemplos
livro – livros
pai – paisitem – itens
bandolim – bandolins
bombom – bombons
atum – atunsleão – leões
pão – pães
mão – mãosmulher – mulheres
cruz – cruzesburguês – burgueses
gás – gasespires – pires
vírus – vírustórax – tórax
box – boxjornal – jornais
anel – anéis
anzol – anzóis
paul – pauisbarril – barris
cantil – cantisfóssil – fósseis
réptil – répteis

2 Plural dos nomes próprios

Alguns nomes próprios, quando empregados como nomes comuns, flexionam-se no plural, de
acordo com as regras gerais:

César — os Césares Matos — os Matos Mesquita — os Mesquitas

Plural em o aberto

Certos substantivos, que têm o o tônico com som fechado (ô) no singular, apresentam esse o
tônico com som aberto (ó) quando passam para o plural. Compare:

o aeroporto os aeroportos

o tônico com som fechado


(ô) o tônico com som aberto (ó)

Veja a seguir alguns substantivos em que ocorre esse caso:


Singular (ô)
aeroporto
caroço
corpo
corvo
destroço
esforço
fogo
forno

Plural (ó)
aeroportos
caroços
corpos
corvos
destroços
esforços
fogos
fornos

Singular (ô)
imposto
jogo
miolo
olho
osso
ovo
poço

Plural (ó)
impostos
jogos
miolos
olhos
ossos
ovos
poços

Singular (ô)
porco
posto
povo
pronto-socorro
reforço
tijolo
torto

Plural (ó)
porcos
postos
povos
pronto-socorros
reforços
tijolos
tortos

4 Plural em o fechado
Certos substantivos, que têm o o tônico com som fechado (ô) no singular, também apresentam
esse o tônico com som fechado (ô) quando passam para o plural. Compare:

o bolo os bolos

o tônico com som fechado (ô) o tônico com som fechado (ô)

Veja, a seguir, alguns substantivos em que esse caso ocorre:

Singular (ô)
acordo
almoço
bolo
bolso
cachorro
coco
colosso
conforto

Plural (ô)
acordos
almoços
bolos
bolsos
cachorros
cocos
colossos
confortos

Singular (ô)
contorno
dorso
esboço
esgoto
esposo
estojo
globo
gosto

Plural (ô)
contornos
dorsos
esboços
esgotos
esposos
estojos
globos
gostos

Singular (ô)
morro
polvo
repolho
rolo
sopro
soro
topo
transtorno
Plural (ô)
morros
polvos
repolhos
rolos
sopros
soros
topos
transtornos

Plural dos substantivos compostos

Os substantivos compostos por aglutinação ou justaposição que não são escritos com hífen
não apresentam dificuldades para a formação do plural. Eles seguem as regras dos
substantivos simples. Veja os exemplos:

clarabóia — clarabóias vaivém — vaivéns passatempo — passatempos

Entretanto, aqueles que são escritos com hífen obedecem a algumas regras especiais.
Veja o quadro a seguir com todas as orientações.

• verbo ou palavra invariável + substantivo ou adjetivo — o segundo elemento vai para o plural:

guarda-chuva — guarda-chuvas
abaixo-assinado — abaixo-assinados

• substantivos unidos por preposição — o primeiro elemento


vai para o plural:

pé-de-moleque — pés-de-moleque
café-com-leite — cafés-com-leite

• substantivo + substantivo determinante específico — o primeiro elemento vai para o plural:

salário-família — salários-família
cavalo-vapor — cavalos-vapor
caneta-tinteiro — canetas-tinteiro

• substantivo + adjetivo ou adjetivo + substantivo — os dois elementos vão para o plural:

amor-perfeito — amores-perfeitos
gentil-homem — gentis-homens
terça-feira — terças-feiras

• verbo + palavra invariável — ficam invariáveis:

o cola-tudo — os cola-tudo
o bota-fora — os bota-fora

• verbos de sentido oposto — ficam invariáveis:

o leva-e-traz — os leva-e-traz

• palavras repetidas ou semelhantes — o segundo elemento vai para o plural:

o reco-reco — os reco-recos
o tique-taque — os tique-taques

Outros casos

1 Substantivos no singular — Alguns substantivos são empregados apenas no singular:

a fé, o norte, o leste, o sul

2 Substantivos no plural — Muitos substantivos são empregados apenas no plural:

arredores óculos víveres pêsames bodas


cócegas olheiras fezes escombros

3 Número e sentido — Alguns substantivos têm um sentido no singular e outro no plural.


São palavras diferentes:

bem — virtude, benefício ......................... bens — propriedades


cobre — metal ........................................... cobres — dinheiro
copa — taça, copo ..................................... copas — um dos naipes do baralho
costa — litoral ............................................ costas — dorso
féria — renda, salário ................................ férias — dias de descanso
haver — ter, possuir .................................. haveres — bens
honra — dignidade .................................... honras — honraria

Flexão de grau

Leia o texto a seguir, observando os substantivos destacados:

Mal o pai colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar uma cadeira pela sala,
fazendo um barulho infernal.
— Pára com esse barulho, meu filho — falou, sem se voltar.
Com três anos já sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas: não
estava fazendo barulho, estava só empurrando uma cadeira.
— Pois então pára de empurrar a cadeira.
— Eu vou embora — foi a resposta.
Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras, no ato de juntar do chão suas
coisinhas, enrolando-as num pedaço de pano. Era a sua bagagem: um caminhão de plástico
com apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave (onde diabo meteram a chave da
despensa? — a mãe mais tarde irá dizer), metade de uma tesourinha enferrujada, sua única
arma para a grande aventura, um botão amarrado num barbante.
(Fernando Sabino)

grandes injustiça
sindica aumento
de tamanho
tesoura tesourinha
indica diminuição de tamanho

Nesses substantivos, a forma flexionada indica aumento ou diminuição do ser. Assim, o grau
do substantivo pode ser o aumentativo ou o diminutivo.
A mudança no grau do substantivo pode ser feita de duas maneiras — analiticamente ou
sinteticamente — como veremos a seguir.

Processo analítico
Nesse processo o substantivo aparece na sua forma normal e o grau (aumentativo ou
diminutivo) é indicado pelos adjetivos que indicam aumento ou diminuição do ser.
Releia o trecho da crônica de Fernando Sabino. Observe o substantivo barulho:

Mal o pai colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar uma cadeira pela sala,
fazendo um barulho infernal.

Nesse caso, há um adjetivo relacionado ao substantivo e que lhe confere a noção de grau
aumentativo. Veja:

barulho infernalsubstantivoadjetivo

Para que se perceba isso, às vezes, é necessário analisar as palavras que circundam os
substantivos numa frase ou expressão. Por isso, essa forma de flexão de grau é chamada
processo analítico ou forma analítica. Veja outros exemplos de forma analítica para esse
substantivo:

barulho imenso barulho descomunal barulho enorme

Em todos os casos acima, o adjetivo indicou um aumento do grau do substantivo. Ao trocar os


adjetivos, a indicação será de diminuição.

barulho pequeno barulho ínfimo barulho imperceptível

Processo sintético

Nesse processo, o substantivo sofre flexão, recebendo um sufixo que indica seu aumento ou
sua diminuição.
Observe o texto novamente:

Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras, no ato de juntar do chão suas
coisinhas, enrolando-as num pedaço de pano. Era a sua bagagem: um caminhão de plástico
com apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave (onde diabo meteram a chave da
despensa? — a mãe mais tarde irá dizer), metade de uma tesourinha enferrujada, sua única
arma para a grande aventura, um botão amarrado num barbante.

O grau diminutivo — tesourinha — foi obtido com o sufixo -inha, acrescido ao substantivo
tesoura.
Ao trocar o sufixo -inha por -ona, teremos tesourona e, portanto, o substantivo estará no grau
aumentativo.

Veja outros exemplos de substantivos flexionados sinteticamente:

Forma normal

casa
perna
dente
fogo
cabeça

Aumentativo
sintético
casarão
pernona
dentuça
fogaréu
cabeçorra

Diminutivo
sintético

casebre / casinha
perneta
dentinho
foguito
cabeçote

Casebre, mais que o sentido de diminuição de tamanho, denota idéia de pobreza.


Casinha é mais usual.

Os diminutivos sintéticos de alguns substantivos têm o -s do plural assimilado. Veja as


situações em que isso acontece:

• substantivos terminados em ditongo:

balão — balões — balõezinhos cão — cães — cãezinhos

• substantivos terminados em consoante:

anel — anéis — aneizinhos


farol — faróis — faroizinhos
flor — flores — florezinhas

Existem substantivos que, de tanto serem usados no aumentativo e no diminutivo, acabaram


perdendo a noção de aumento ou diminuição, embora conservem os sufixos -ão e -inho.
Observe a continuação do texto de Fernando Sabino:

A calma que então baixou na sala era vagamente inquietante. De repente, o pai olhou ao redor
e não viu o menino. Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão:
— Viu um menino saindo desta casa? — gritou para o operário que descansava da obra do
outro lado da rua, sentado no meio-fio.
— Saiu agora mesmo com uma trouxinha — informou ele.

Neste texto, a palavra portão é formada por porta mais o sufixo aumentativo -ão. No entanto,
ela denomina outro objeto, diferente de “porta grande”. Veja outras palavras em que isso
ocorreu:

cartão colchão folhinha (= calendário)


caldeirão cartilha cavalete

Há, também, alguns substantivos que, quando empregados no aumentativo e no diminutivo,


podem dar a noção de desprezo ou ironia, tornando-se pejorativos. Veja os exemplos:

Cuidado, minha filha. Não dê ouvidos a esse rapaz! É um espertalhão! E eu não quero que
você ande de namorico por aí!

Aquele escritor — tão famoso! — agora resolveu escrever livrecos sem importância nem valor
literário.
A moça, filha de D. Josefa, com aquele nariz empinado, vive num casebre, caindo aos
pedaços!

Além disso, algumas formas diminutivas e aumentativas podem exprimir também carinho e
afetividade, quando usadas num sentido sem relação nenhuma com aumento ou diminuição.
Veja:

Machucou? Cortou o dedinho? Deixe a mamãe ver! Vou passar um remedinho e logo, logo,
estará bom!

Não se preocupe, meu amor! Não esquente sua linda cabecinha! Pode ficar tranqüila que eu
resolvo este problema!

Exercícios

1 Dê o feminino de:

a) judeu judia e) cirurgião cirurgiã i) sapo sapa


b) eleitor eleitora f) herói heroína j) guri guria
c) profeta profetisa g) alemão alemã l) padrasto madrasta
d) advogado advogada h) embaixador m) espião espiã

embaixatriz /
embaixadora

2 Classifique os substantivos destacados em comuns-de-dois, sobrecomuns ou epicenos.

a) Uma coruja cuidava


de nunca sair na chuva
E, prudente, comentava:
— E se coruja enferruja?...

(Ciça)

b) E agora, naquela família, todo mundo se entende muito bem. O pai e a mãe de Marcelo não
aprenderam a falar como ele, mas fazem força pra entender o que ele fala.
E nem estão se incomodando com o que as visitas pensam. Sobrecomum

(Ruth Rocha)

c) Justo no dia seguinte, na escola, a tia levou toda a turma para o laboratório do colégio para
dar algumas explicações sobre as cores. Quando os dois souberam que o assunto era cor,
ficaram muito excitados. É que eles iam revelar aos coleguinhas sua grande descoberta.
Comum-de-dois

(Ziraldo)

3 Leia o texto abaixo com atenção:

A galinha choca saltou à frente das suas treze familiazinhas. E, aí, por causa
do bico adunco, da extrema elegância e do exagero das garras, notei que o tal frango era
mesmo um gavião. Não fugiu: deitou-se de costas, apoiado na cauda dobrada, e estendeu as
patas, em guarda, grasnando ameaças com muitos erres. Para assustá-lo, o galo separou as
penas do pescoço das do corpo, fazendo uma garbosa gola; avançou e saltou, como um
combatente malaio, e lascou duas cacetadas, de sanco e esporão. Aí o gavião fez mais
barulho, com o que o galo retrocedeu. E o gavião aproveitou a folga para voar para a cerca,
enquanto o peru grugulejava outra vez, com vários engasgos.

3 Leia o texto abaixo com atenção:

A galinha choca saltou à frente das suas treze familiazinhas. E, aí, por causa
do bico adunco, da extrema elegância e do exagero das garras, notei que o tal frango era
mesmo um gavião. Não fugiu: deitou-se de costas, apoiado na cauda dobrada, e estendeu as
patas, em guarda, grasnando ameaças com muitos erres. Para assustá-lo, o galo separou as
penas do pescoço das do corpo, fazendo uma garbosa gola; avançou e saltou, como um
combatente malaio, e lascou duas cacetadas, de sanco e esporão. Aí o gavião fez mais
barulho, com o que o galo retrocedeu. E o gavião aproveitou a folga para voar para a cerca,
enquanto o peru grugulejava outra vez, com vários engasgos.

(Guimarães Rosa)

a) Retire do texto todos os substantivos que se referem a nomes de animais.


galinha, frango, gavião, galo, peru.

b) Forme pares para os substantivos do item a, escrevendo a forma do sexo oposto.


galinha — galo, frango — franga, gavião macho — gavião fêmea, peru — perua

c) Qual dos substantivos do item b é classificado como epiceno? Justifique.


É o substantivo gavião, que é sempre do gênero masculino. Para indicar o sexo do animal, é
preciso usar as palavras macho e fêmea.

4 Identifique o gênero do substantivo destacado, utilizando o artigo adequado. Justifique sua


escolha.

a) Ele criticou ..a.. moral do colega. Moral, no sentido de regras de conduta, é substantivo
feminino.
c) Quem será ..o.. cabeça da família? Cabeça, na acepção de chefe, é do gênero masculino.
b) Ele é ..a.. testemunha do fato. Testemunha é substantivo sobrecomum, do gênero feminino.
d) ..o.. grama do ouro anda muito caro. Grama, unidade de medida, é substantivo masculino.

5 Passe para o plural os substantivos dos textos a seguir, adaptando as frases:

Plástico, lata, vidro, borracha


e papel saem dos lixões e voltam
a ser matéria-prima

(Revista Globo Ciência)

Plásticos, latas, vidros, borrachas e papéis saem dos lixões e voltam a ser matérias-primas.

(Revista Globo Ciência)

c) “Devíamos poder construir essa pequena obra-


prima incomunicável que dura apenas o instan-
te em que vai sendo sonhada.”
d) “Esse mesmo juramento ele fazia quando con-
tava as piores mentiras.”
e) “Qual a diferença entre caracol e caramujo?”

b) “O homem, mais que qualquer outro animal,


consegue se adaptar a todos os climas e a to-
das as circunstâncias.”

Os homens, mais que quaisquer outros animais, conseguem (...)

c) (...) essas pequenas obras-primas incomunicáveis que duram apenas os instantes em que
vão sendo sonhadas.
d) Esses mesmos juramentos eles faziam quando contavam (...)
e) Quais as diferenças entre caracóis e caramujos?

6 Leia os pares de frases a seguir e explique a diferença de sentido entre os substantivos


destacados.

a) Não podemos perder esse bem em nossa vida. (benefício)


Não podemos perder esses bens em nossa vida. (propriedades)
b) Vou requerer minha féria. (renda)
Vou requerer minhas férias. (dias de descanso)

7 Passe os substantivos destacados nas frases a seguir para o grau aumentativo, utilizando o
processo analítico:

a) “Use o atlas que você tem em casa para mostrar aos seus filhos como o
mundo já foi um dia.”
gigantesco atlas

(Revista Superinteressante)

b) “Muitos dos fenômenos mais importantes do Universo são invisíveis aos


nossos olhos.”
grandes fenômenos / descomunal Universo

(Revista Superinteressante)
c) “Mas o futuro desse negócio da China é um caminho cheio de obstáculos.”
grande futuro / imensos obstáculos

(Revista Globo Ciência)

8 Identifique nas frases os substantivos que apresentam flexão de grau:

a) “Você estará ainda girando numa constelação menor, miúda mas nada
desprezível.”
(Paulo Mendes Campos)

b) “O Vietnã nem me fale: uma tripinha de terra ao longo do Laos e do Camboja.”


(Fernando Sabino)

c) “Estávamos com grandes esperanças no Vietnã, mas qual o quê.”


(Carlos Drummond de Andrade)
d) “Mocinho sem cavalo é mocinho? Mocinho sentado, tomando sorvete?”
(Carlos Drummond de Andrade)

e) “Lico é um garoto lourinho, navegador solitário do canal, com uma lanchinha


de motor mirim.”
(Pedro Bloch)

f) “Aí a menina pegou a bola e deu um trabalhão pra cobrar o beijo...”


d) Observação: lembrar que a palavra “mocinho”, embora diminutivo, adquiriu autonomia, com
o significado de herói.
(Ruth Rocha)

Exercícios Gerais

1 Leia o texto abaixo com atenção.

Da caneta-tinteiro
à esferográfica

Houve um tempo em que escrever com uma caneta-tinteiro não era luxo, mas necessidade. Até
que, a partir da Segunda Guerra Mundial, vieram as canetas esferográficas e de ponta porosa.
Concorrentes mais simples, práticas e muito mais baratas, elas tomaram conta do mercado e,
de certa forma, conferiram nova personalidade à caneta-tinteiro inventada há 110 anos pelo
americano Lewis Edson Waterman.

(Revista Globo Ciência)

a) Qual é a classificação geral do substantivo caneta?


Caneta: substantivo comum, concreto, derivado, simples, feminino, singular, grau diminutivo.

b) Em termos de classificação, qual é a principal diferença entre caneta e


caneta-tinteiro?
Explique.
Caneta-tinteiro é um substantivo composto.

c) Reescreva o texto acima colocando o substantivo canetas no singular e


caneta-tinteiro no plural. Atenção: você deverá fazer muitas adaptações!

(...) escrever com canetas-tinteiro (...), veio a caneta esferográfica e de ponta porosa.
Concorrente mais simples, prática e muito mais barata, ela tomou conta do mercado e, de certa
forma, conferiu nova personalidade às canetas-tinteiro inventadas há 110 anos pelo americano
Lewis Edson Waterman.

Leia o texto a seguir para resolver as questões 2 a 5.

Pontos com nó

A renda do Ceará ganha cores e desenhos


modernos e enfeita até tamancos

As turistas que desembarcam no Ceará com sede de consumo e se frustram


depois de comprar a terceira toalha de renda já podem ficar mais tranqüilas. O tradicional
artesanato cearense começa a oferecer mais opções. Coloridas e modernas, as rendas estão
de cara nova. Com isso, saem da esfera exclusiva das feiras de artesanato e da briga com fios
sintéticos, pousam na prancheta de estilistas fashion e dão novo alento a um ofício que
caminhava para a extinção — até a exportação das rendas ganhou um certo impulso, com
arrecadação anual de 180 000 reais.
(Revista Veja)

2 Reescreva o trecho a seguir no singular e passe-o para o gênero masculino.

“As turistas que desembarcam no Ceará com sede de consumo e se frustram depois de
comprar a terceira toalha de renda já podem ficar mais tranqüilas.”

O turista que desembarca no Ceará com sede de consumo e se frustra depois de comprar a
terceira toalha de renda já pode ficar mais tranqüilo.

3 a) Quanto ao gênero, qual é a classificação de turista?


Substantivo comum-de-dois-gêneros.

b) Quais são as classes de palavras que, no texto, marcam a alteração de


gênero de turista?
No texto, o artigo o e o adjetivo tranqüilo.

4 O substantivo artesanato é derivado por qual processo de formação de palavras?


Derivação por sufixação
5 Escreva uma frase em que se use a forma primitiva de artesanato e uma forma derivada para
o substantivo renda.
(Resposta pessoal. Na frase, deverá aparecer arte, como primitiva de artesanato, e
provavelmente rendeira, como derivada de renda.)

6 Para saber um pouco mais sobre os pingüins, leia o texto:

O cuidado com os ovos é uma constante para os pais. O sobrevôo de uma skua deixa a colônia
de pingüins-papua em polvorosa, enquanto os adultos tentam bicar ou afastar o predador com
gritos insistentes. A qualquer sinal de perigo, o pai da prole de pingüins-de-magalhães obriga
todos os filhotes a refugiarem-se na toca subterrânea. Por outro lado, sem temer predadores,
um grupo desgarrado de pingüins-rei observa a Baía de Volunteer, nas ilhas Malvinas.
(Revista Horizonte Geográfico)

Agora, resolva:

a) No texto há dois substantivos próprios. Quais são eles e quais os acidentes


geográficos por eles nomeados?
• Baía de Volunteer nomeia uma baía;
• Malvinas nomeia um grupo de ilhas / arquipélago.

b) O texto trata de aves. Neste caso, como se faz a flexão de gênero para
pingüim? Em que categoria se classifica esse tipo de substantivo?
pingüim macho; pingüim fêmea / epicenos

c) Indique os substantivos compostos que aparecem no texto.


pingüins-papua, pingüins-de-magalhães, pingüins-rei

d) Dê a forma singular dos substantivos mencionados na letra c.


pingüim-papua, pingüim-rei, pingüim-de-magalhães (observar que Magalhães é nome próprio,
com essa terminação)
e) Um dos processos de formação de palavras é a derivação por prefixação.
Retire do texto três palavras formadas por esse processo e faça uma frase com cada uma
delas.
Resposta pessoal — sobrevôo, refugiarem-se (de fuga), subterrânea (de terra), desgarrado (de
garra)

f) O autor evita repetir a palavra pingüins no texto, usando coletivos para


substituí-la. Indique esses dois substantivos coletivos. colônia, grupo

ARTIGO

Conceito

Leia as duas histórias em quadrinhos do Garfield:

Observe as palavras retiradas dos quadrinhos:

um comercial o comercial

As palavras um e o estão acompanhando o substantivo comercial, a que se referem. Elas


determinam o substantivo, tornando-o mais exato ou não. Compare:

A — Estão procurando um gato para fazer um comercial.

B — É aqui que meu gato vai ser testado para o comercial?

Na frase A, o substantivo comercial não está especificado: a palavra um não define qual
comercial será feito. Já na frase B, o substantivo aparece precedido de o e assume um sentido
mais preciso: a palavra o deixa mais claro qual comercial será feito.
As palavras um e o são artigos.

qualquer comercial
aquele comercial determinado

Professor: ressaltar também o caráter indefinido do artigo em um gato e uma olhada. Além
disso, observe também o artigo definido em a máquina e o papel.

Artigo é a palavra que acompanha e determina o substantivo de modo definido ou indefinido.

O artigo também tem a característica de levar palavras de outras classes gramaticais a


assumirem características de substantivos nos textos. Observe:

— Vergonha foi eu ter deixado todo mundo acreditar que eu era o tal, o maior, o fabuloso e ser,
apenas, um projeto de gente, um mentiroso, um cara que não vale nem tocar em sua mão,
Mariazinha.
(Pedro Bloch)

Vamos separar as palavras destacadas:

tal maior fabuloso


Essas palavras não são substantivos.
Agora, veja o que acontece quando as agrupamos conforme elas aparecem no texto:

eu era

o tal
o maior
o fabuloso

Quando acrescentamos o o antes dessas palavras, elas passam a ser substantivos e dão
nomes precisos e definidos ao personagem do texto:
ı o tal = pessoa que julga ter valor excepcional;
ı o maior = indivíduo mais importante que os outros;
ı o fabuloso = pessoa excelente, perfeita.
Agora, observe as palavras a seguir, também extraídas do texto:

sou apenas

um projeto de gente
um mentiroso
um cara...

Quando precedidas de um, essas palavras também tornam-se substantivos, mas não assumem
um sentido definido. Pelo contrário, o personagem assume um papel qualquer, indeterminado e
impreciso. Compare:

um projeto o projeto
um mentiroso o mentiroso

não define: trata-se de um, entre muitos


define: trata-se de algo
ou alguém definido, conhecido

Classificação do artigo

O artigo classifica-se em:

1 Definido

Determina o substantivo de modo definido, preciso.


Os artigos definidos são: o, a, os, as.

“Caça à raposa
O olhar dos cães, a mão nas rédeas e o verde da floresta
Dentes brancos, cães, a trompa ao longe, o riso, os cães, a mão na testa.”
(Aldir Blanc)

2 Indefinido

Determina o substantivo de modo indefinido, vago.


Os artigos indefinidos são: um, uma, uns, umas.
Veja exemplos do uso do artigo:
“Um frio nas pernas, uma necessidade enorme de me sentar.
E uma coisa me crescendo na garganta, crescendo, a boca
não agüentava mais, senti que não agüentava.
Ninguém no meu lugar agüentaria mais.
Ia chorar, não tinha jeito.”
(João Antônio)

Características do artigo

1 O artigo permite reconhecer o gênero e o número do substantivo:

O menino seria um pianista famoso. Alterava com o lápis as notas de sua composição.

o menino (masculino singular) o lápis (masculino singular)


os meninos (masculino plural) os lápis (masculino plural)

um pianista (masculino singular) a nota (feminino singular)


uma pianista (feminino singular) as notas (feminino plural)

2 Além de indicar o gênero e o número das palavras, o artigo serve também


para substantivar qualquer palavra ou expressão, como vimos no trecho de Pedro Bloch:

“eu era o tal, o maior, o fabuloso”

Veja outros exemplos:

o viver o não o porquê um fulano-de-tal

3 O artigo indefinido pode também ser empregado para reforçar algumas


características de um ser ou objeto:

Ele é um doce de pessoa.


Esta é uma maravilha de caneta.

4 O artigo serve para distinguir os homônimos, definindo sua significação:

O capital que girava na região onde ficava a capital do país era muito alto.
O caixa da loja tinha a caixa na qual guardava todo o dinheiro.

Veja outros exemplos:

o guarda — a guarda o cabeça — a cabeça o grama — a grama

5 O artigo pode fundir-se ou combinar-se com as preposições a, de, em, por.


(Ver Combinação e contração, no capítulo Preposição.)

Observação:
Convém lembrar que nem todo um é artigo; pode também ser numeral. (Ver
Numeral, p. 137.)

Exercícios

1 Leia o poema para resolver as questões:


Se não houvesse montanhas!
Se não houvesse paredes!
Se o sonho tecesse malhas
e os braços colhessem redes!

Se a noite e o dia passassem


como nuvens, sem cadeias,
e os instantes da memória
fossem vento nas areias!

Se não houvesse saudade,


solidão nem despedida...
Se a vida inteira não fosse,
além de breve, perdida!

Eu tinha um cavalo de asas,


que morreu sem ter pascigo.
E em labirinto se movem
os fantasmas que eu persigo.

(Cecília Meireles)
ter pascigo = ter pastado

a) Identifique os artigos do poema, separando-os em definidos e indefinidos.


definidos: o, os, a; indefinido: um
b) Reescreva o terceiro verso do poema, passando o artigo para o plural e fazendo as
adaptações necessárias.
Se os sonhos tecessem malhas
c) Releia o seguinte verso:
Se os sonhos tecessem malhas

“Eu tinha um cavalo de asas”

Agora, reescreva-o, utilizando um artigo definido


.
d) Há uma diferença de sentido entre o verso original do item c e o verso que você escreveu.
Que diferença é esta?
(Espera-se que o aluno perceba que o artigo definido singulariza o substantivo em meio a
outros semelhantes a ele.)

2 Copie as frases, usando ou não os artigos que se encontram nos parênteses, conforme achar
necessário:

(A) Madri é a capital da Espanha.


(O) Brasil é um país sul-americano.
Quero comprar (um) outro carro.

Fiz (um) sucesso incrível com aquela fantasia!


Espero que (a) Vossa Majestade não se deixe ludibriar.
Lígia é (uma) mulher fantástica!

3 Observe:

A Aquele livro parecia ter cinqüenta páginas.

B Aquele livro parecia ter umas cinqüenta


páginas.
Há uma diferença de significação entre as frases A e B. Esta diferença é dada pelo artigo
indefinido umas. Explique.
Enquanto a frase A dá um número exato de páginas, a B apresenta uma inexatidão, um
número aproximado, o que é demonstrado pelo artigo indefinido.

4 Observe o texto a seguir:

“Há caçadores submarinos que só pescam o peixe que vai ser comido ou vendido, peixe útil, o
necessário.”
(Pedro Bloch)

a) Identifique os artigos.
o (peixe), o (necessário)
b) Qual é a palavra que foi precedida de artigo, tornando-se substantivo?
necessário (habitualmente é adjetivo)
c) Reescreva o texto, passando os artigos para o plural e fazendo as adaptações
necessárias.
Há caçadores submarinos que só pescam os peixes que vão ser comidos ou vendidos, peixes
úteis, os necessários.

5 Escreva um texto em que o adjetivo importante e a conjunção porque passem a ser


substantivos, pelo uso do artigo.
Resposta pessoal.(Vale lembrar que, ao ser substantivado, o porquê recebe acento.)

6 Observe os versos a seguir:


Os sambas as violas as roseiras um dia as fogueiras queimaram.
(Lembrar ao aluno que o artigo indefinido um poderia ser substituído por certo (dia) e, por seu
caráter genérico, não vai para o plural.)

O samba
a viola
a roseira
um dia
a fogueira queimou.

(Chico Buarque)

Sabendo que o artigo definido determina o substantivo de forma precisa e específica, e que o
artigo indefinido indica um ser genérico, vago, como você passaria para o plural os versos de
Chico Buarque?

Capítulo 10

Adjetivo
Conceito
Leia o texto a seguir:

Era uma rua sem saída, muito simpática e limpa, de calçada tão estreita como
uma passarela. Quem ali entrava, se não fosse morador, era para fazer visita
ou entregar encomendas. Assim não havia gente transitando, nem automóveis
em disparada, um sossego para as mães daquela rua sem saída.
Começava numa outra de grande movimento, a rua do Governador, e tinha
exatamente cento e cinqüenta metros de comprimento, sendo que sua largura
nunca alguém teve a curiosidade de medir, mas se dois automóveis
estivessem encostados à calçadinha, um de cada lado, um terceiro passaria
com dificuldade entre ambos. Por isso, seus moradores usavam recolher os
carros sempre que chegavam, e assim, ela vivia maravilhosamente
desimpedida para andar-se de bicicleta ou passear carrinhos de bebê.

(Lucília Junqueira de Almeida Prado)


No texto, foi feita a descrição de uma rua: simpática, limpa, sossegada,
estreita, curta.
Todas essas palavras que atribuem uma qualidade ou um estado à rua são
adjetivos.

Adjetivo é a palavra que atribui uma característica, qualidade ou estado aos


seres.
Veja outros exemplos, neste outro trecho:

Ali morava “o avarento”, um velho ranzinza — tão magro quanto alto — olhar
astuto, nariz de faca, rosto pregueado de rugas. Diziam que comia uma só vez
por dia, usava sempre a mesma surrada roupa preta e quando tinha algum
negócio ia a pé para o centro, economizando os tostões da condução.
(Lucília J. A. Prado)

adjetivos
velho
magro
avarento
ranzinza
alto

adjetivo
olhar astuto

adjetivo
roupa surrada

Classificação do adjetivo
Os adjetivos, assim como os substantivos, podem ser classificados quanto à
sua formação em:

• primitivo — aquele que não é derivado de outra palavra


• derivado — aquele que tem origem em outra palavra

Era um velho ranzinza, magro e alto.


adjetivos primitivos
Era um velho ranzinza, macérrimo e altíssimo.
adjetivos derivados
• simples — aquele que é formado por um só elemento ou radical
• composto — aquele que é formado por mais de um elemento ou radical

Na rua, havia uma casa de janelas verdes e portão amarelo-claro.

adjetivo simples
adjetivo composto

Veja outros exemplos:

A filha da vizinha, garota tão bonita e bondosa, tinha um romance bem-


comportado
com o filho mais velho do guarda.

adjetivo composto
adjetivo simples e primitivo

Adjetivos pátrios
Leia os textos a seguir:
“Até cortar os próprios defeitos
pode ser perigoso. Nunca se sabe
qual é o defeito que sustenta nosso
edifício inteiro.”
Clarice Lispector
1925-1977
Escritora brasileira

“Não necessariamente aquilo que é real e aquilo que é verdade são a


mesmíssima coisa.”
Salman Rushdie
1947-
Escritor indiano

“Não faço o que quero;


faço o que posso.”
Georges Braque
1882-1963
Pintor francês

(Revista Superinteressante)
As palavras indiano, brasileira e francês são adjetivos que se referem a
pessoas provenientes de determinados países. Veja:

indiano — Índia
brasileira — Brasil
francês — França
Esses adjetivos são, por isso, chamados de adjetivos pátrios.

Observe outros exemplos:

Aquele tapete persa e este vaso chinês são caríssimos!


O queijo mineiro está bem gostoso.

Adjetivo pátrio é aquele que indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser


a que se refere.

Veja alguns deles na lista a seguir:

Acre — acreano
Amapá — amapaense
Arábia — árabe
Aracaju — aracajuano, aracajuense
Atenas — ateniense
Belém (Palestina) — belemita
Belém (Pará) — belenense
Bélgica — belga
Belo Horizonte — belo-horizontino
Brasília — brasiliense
Buenos Aires — buenairense, portenho
Bulgária — búlgaro
Campinas — campineiro, campinense
Chile — chileno
Coimbra — coimbrão
Córsega — corso
Egito — egípcio
Equador — equatoriano
Espírito Santo — capixaba, espírito-santense
Estados Unidos — norte-americano, estadunidense
Fernando de Noronha — noronhense
Finlândia — finlandês
Florianópolis — florianopolitano
Fortaleza — fortalezense
França — francês
Goiânia — goianense
Grã-Bretanha — britânico
Grécia — grego
Hungria — húngaro, magiar
Índia — indiano
Inglaterra — inglês
Japão — japonês
João Pessoa — pessoense
Lisboa — lisboeta, lisbonense
Londres — londrino
Macapá — macapaense
Maceió — maceioense
Manaus — manauense
Mato Grosso — mato-grossense
Mato Grosso do Sul — mato-grossense do sul
Natal — natalense
Nova Iorque — nova-iorquino
Recife — recifense
Rio de Janeiro (cidade) — carioca
Rio de Janeiro (estado) — fluminense
Rio Branco — rio-branquense
Rio Grande do Norte — potiguar, rio-grandense-do-norte
Rio Grande do Sul — gaúcho, rio-grandense-do-sul
Rondônia — rondoniense
Salvador (Bahia) — soteropolitano
Santa Catarina — catarinense
São Paulo (cidade) — paulistano
São Paulo (estado) — paulista
Sergipe — sergipano
Teresina — teresinense

Importante:
Dependendo da maneira como é usado na frase, o adjetivo pátrio pode
tornar-se um substantivo. Neste caso, geralmente, ele é precedido por um
artigo. Veja o exemplo:
Nesta terça-feira os
norte-americanos renovaram
toda a Câmara de Deputados,
um terço do Senado e 36 dos
50 governos estaduais.
os norte-americanos

substantivo
(O Estado de S. Paulo)

Essa mudança de classe gramatical — de adjetivo para substantivo — pode


ocorrer com qualquer adjetivo, mas só acontece quando ele é empregado na
frase. Isoladamente, ou quando caracteriza um substantivo, ele será sempre
um adjetivo.
Observe e compare:

Um velho homem descansava na praça.

adjetivo
Shiva, um dos principais deuses
do hinduísmo, chamado “Deus
com a Lua nos Cabelos”, era
ao mesmo tempo o destruidor
e o restaurador
(Revista Superinteressante)

O velho fraco se esqueceu do cansaço.


(Chico Buarque)
substantivo

As drogas têm um efeito destruidor.


adjetivos

O sono tem um efeito restaurador.


substantivos

o destruidor

o restaurador

Locução adjetiva

Releia as frases dos textos:

“Era uma rua sem saída, muito simpática e limpa, de calçada tão estreita
como uma passarela.”
(Lucília J. A. Prado)

“Ali morava ‘o avarento’, um velho ranzinza — tão magro quanto alto — olhar
astuto, nariz de faca, rosto pregueado de rugas.”
(Lucília J. A. Prado)
rua sem saída
nariz de faca

Quando uma expressão, formada por mais de uma palavra, caracteriza ou


qualifica um substantivo, temos uma locução adjetiva.
Geralmente, as locuções adjetivas são formadas por um conjunto de
preposição mais substantivo.
sem saída

de faca
sem saída
preposição substantivo preposição substantivo

As locuções adjetivas correspondem a um adjetivo, mas nem todas podem ser


substituídas por um deles. Observe:

período de chuva

pluvial
senso de direção

diretor
árvores de frutas

frutíferas
lado da gente
não há adjetivo que substitua esta locução

Veja, na relação a seguir, algumas locuções adjetivas com seu respectivo


adjetivo:
Locução adjetiva
de abdome
de abelha
de açúcar
de águia
de aluno
de astro
de audição
de boca
de boi
de cabeça
de cabra
de campo
de cão
de cavalo
de chumbo
de chuva
de cidade
de coração
de criança
de cútis, pele
de dedo
de diabo
de dois em dois meses

A revista HORIZONTE GEOGRÁFICO é uma publicação bimestral da


AUDICHROMO EDITORA LTDA.

de enxofre
de erva
de estômago
de estrela

Adjetivo
abdominal
apícola
sacarino
aquilino
discente
sideral
ótico
bucal, oral
bovino
cefálico
caprino
agreste, rural
canino
eqüino, cavalar, hípico
plúmbeo
pluvial
urbano, citadino
cardíaco
infantil, pueril
cutâneo
digital
diabólico
bimestral

sulfúrico, sulfuroso
herbáceo
gástrico, estomacal
estelar

Locução adjetiva

de fábrica
de faraó
de farinha
de fera
de ferro
de fígado
de filho
de fogo
de gelo
de geografia
de guerra
de idade
da Idade Média
de ilha
de irmão
de junho
de lado
de lago
de leite
de linha
de lobo
da lua
de macaco
de manhã
de mão
de mar
de margem
de mármore
de memória
de mês
de mestre
de morte
de nariz

Adjetivo fabril
faraônico
farináceo
feroz
férreo
hepático
filial
ígneo
glacial
geográfico
bélico
etário
medieval
insular
fraternal
junino
lateral
lacustre
lácteo, láctico
linear
lupino
lunar
simiesco
matutino, matinal
manual
marítimo, marinho
marginal
marmóreo
mnemônico
mensal
magistral
letal, mortífero
nasal

Locução adjetiva
de navio
de neve
de noite
de norte
de olho
de orelha
de osso
de ouro
de ouvido
de ovelha
de pai
de Papa
de paraíso
de pedra
de pescoço
de Platão
de plebe
de porco
de prata
de professor
de pulmão
de pus
de raposa
de rei

Adjetivonaval
níveo
noturno
setentrional, boreal
ocular
auricular
ósseo
áureo
auditivo
ovino
paterno
papal
paradisíaco
pétreo
cervical
platônico
plebeu
suíno
argênteo, argentino
docente
pulmonar
purulento
vulpino
real

Locução adjetiva
de rim
de rio
de rocha
de sabão
de seis em seis meses
de selo
de Sócrates
de sol
de som
de sonho
de sul
de tarde
da Terra
de terremoto
de tirano
de tórax
de umbigo
de vaso (sangüíneo)
de veia
de velho
de vida
de vidro
de visão
de voz

Adjetivorenal
fluvial
rupestre
saponáceo
semestral
filatélico
socrático
solar
fonético
onírico
meridional, austral
vespertino
terrestre, terreno
sísmico
tirânico
torácico
umbilical
vascular
venoso
senil
vital
vítreo
óptico
vocal

Assim como o substantivo, o adjetivo pode apresentar flexão de gênero,


número e grau.

Flexão de gênero
Quanto ao gênero, os adjetivos podem ser biformes, isto é, apresentam formas
diferentes para cada um dos gêneros, ou podem ser uniformes, isto é, têm
apenas uma forma para ambos os gêneros.
Leia os textos a seguir, prestando atenção nos adjetivos:

“Ali morava ‘o avarento’, um velho ranzinza — tão magro quanto alto (...).
Diziam que comia uma só vez por dia, usava sempre a mesma surrada roupa
preta (...)”
(Lucília J. A. Prado)
Flexão do adjetivo

Ali morava ‘a avarenta’, uma velha ranzinza — tão magra quanto alta (...).
Diziam que comia uma só vez por dia, usava sempre o mesmo surrado vestido
preto.
um velho magro, alto
uma velha magra, alta

adjetivos biformes

velho ranzinza
velha ranzinza

adjetivo uniforme
uma roupa surrada, preta
um vestido surrado, preto

adjetivos biformes

feio — feia
vaidoso — vaidosa
amarelo — amarela
bonito — bonita
Veja outros exemplos:
adjetivos biformes

adjetivos uniformes
menino
inteligente
menina
homem
feliz
mulher
ave
veloz
animal
Agora, leia as frases:

Aquela rua era bem diferente: agitada, com muito trânsito de carros, bem
perigosa.

Nunca morei em lugar tão perigoso! Gostaria de me mudar dali.

Nas duas frases aparece o adjetivo perigoso com flexão de gênero. Como ele
apresenta uma forma para o masculino e outra para o feminino, trata-se de um
adjetivo biforme, ou seja, que tem duas formas.

Veja outros exemplos de adjetivos biformes com sua respectiva flexão:


ateu
ativo
bom
burguês
chinês
cristão
atéia
ativa
boa
burguesa
chinesa
cristã
cru
disposto
europeu
francês
hebreu
laborioso
crua
disposta
européia
francesa
hebréia
laboriosa
lutador
mau
plebeu
réu
são
trabalhador
lutadora

plebéia


trabalhadeira
Já nas frases a seguir aparece um adjetivo uniforme. Observe:

“A moça triste que vivia calada sorriu.”


(Chico Buarque)
“Mas nesta rua há um operário triste.”
(Mário Quintana)

Como o adjetivo triste apresenta uma única forma para os dois gêneros, trata-
se de um adjetivo uniforme. Veja outros exemplos desse tipo de adjetivo:

anterior feliz otimista loquazruim modelar


audaz inferior paulista cortês simples comum
breve jovem regular útil veloz vil

Gorda
BaixaMagro
Alto
Nos adjetivos compostos, apenas o segundo elemento vai para o feminino,
concordando com o substantivo a que se refere:

camisa vermelho-escura rapaz latino-americano

casaco vermelho-escuro moça latino-americana


(Revista Veja)
A Suíça latino-americana
O Uruguai era conhecido
no passado como
“a Suíça da América Latina”

Flexão de número

Os adjetivos apresentam flexão de número e concordam com o substantivo a


que se referem.
Observe o texto a seguir:

(...) Pois não é que o Zuza mais o Mauro e o Joca cataram, sei lá onde, um
monte de carrapatos e botaram nos gatos da dona Julieta! A coitada quase
teve um treco. Os gatos miavam desesperados se coçando e se esfregando no
chão. O pior é que carrapato é feito coelho, casa rápido, por isso, logo, logo
nasceu um bando de carrapatinhos. A dona Julieta sentiu tontura, deitou na
cama e não morreu por um triz. Lembrou dos quinze gatos pra cuidar, respirou
fundo, levantou e, com o barbeador elétrico do ex-marido, rapou o pêlo deles e
passou remédio. Os pobrezinhos ficaram pelados, envergonhados, pegaram
tosse e falta de ar. Agora vivem agachados pelo jardim, tremendo, de rabo
entre as pernas e lenço com álcool no pescoço. Tudo culpa de quem?
(Ricardo Azevedo)

AS NOVAS FOLHAS DE PAGAMENTO


DA PEQUENA EMPRESA.
Os adjetivos simples, como pelados e envergonhados, seguem, em geral, as
regras do plural dos substantivos, de acordo com a terminação.
Observe mais um exemplo:
novas folhas pequena empresa

(Revista Veja)

Agora, veja o quadro-resumo, com os exemplos respectivos:

Terminação• vogal ou ditongo

• -m

• -ão e -ã

• -r, -z e -s

• -al, -el, -ol

• -il (oxítonos)

• -il (paroxítonos)

Regraacrescenta-se -s

troca-se por -ns

acrescenta-se -s

acrescenta-se -es

troca-se o -l por -is


troca-se o -il por -is

troca-se o -il por -eis

Exemplos
nublado — nublados
vazio — vazios

bom — bons

órfão — órfãos
cristão — cristãos
sã — sãs

trabalhador — trabalhadores
feliz — felizes
burguês — burgueses

normal — normais
cruel — cruéis
mongol — mongóis

viril — viris
juvenil — juvenis

difícil — difíceis
frágil — frágeis

Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento vai para o plural,


obedecendo às regras dadas para os adjetivos simples. Observe:

programa anti-social — programas anti-sociais


torcedor mal-educado — torcedores mal-educados
acordo luso-brasileiro — acordos luso-brasileiros
navio norte-americano — navios norte-americanos
olho verde-claro — olhos verde-claros

cabelo castanho-escuro — cabelos castanho-escuros

No entanto, há algumas exceções a essa regra. Veja:

a) o plural do adjetivo surdo-mudo é: surdos-mudos;


b) as locuções adjetivas constituídas de cor + de + substantivo ficam
invariáveis:

vestido cor-de-rosa — vestidos cor-de-rosa


c) os adjetivos referentes a cor em que a segunda palavra é um
substantivo também ficam invariáveis:

tecido amarelo-ouro — tecidos amarelo-ouro

substantivo

d) os adjetivos azul-marinho e azul-celeste são invariáveis:

seda azul-celeste — sedas azul-celeste blusa azul-marinho — blusas azul-


marinho

Flexão de grau

Observe as frases a seguir:

A rua onde moramos é mais bela que a rua do Governador.


A nossa rua é muito bela.
A nossa rua é belíssima.

Nas três frases, afirma-se que a rua é bela, mas há uma diferença de
intensidade nessa qualidade.
Assim, ao indicar a qualidade do substantivo, o adjetivo pode apresentar
variação de grau nessa qualificação.
Para expressar essas variações, o adjetivo apresenta duas formas de
estabelecer o grau: o comparativo e o superlativo.

Grau comparativo

O grau do adjetivo, nesse caso, é indicado por uma comparação entre dois
seres. O grau comparativo pode tornar evidente a variação de qualidade de
três maneiras:

1 Comparativo de superioridade: o grau de qualidade é maior em um dos


seres. Veja:

A rua onde moramos é mais bela que a rua do Governador.

Nessa frase, o grau da qualidade bela é mais acentuado na rua onde moramos
do que na rua do Governador.
Observe outro exemplo:

As ruas da cidade estão mais sujas que as calçadas.


adjetivo

Nesse exemplo, o grau da qualidade suja é mais acentuado nas ruas do que
nas calçadas.
O grau comparativo de superioridade é formado com a palavra mais colocada
ao lado do adjetivo, que é seguido pela expressão do que ou pelo que.
comparativo de superioridade

do que

mais adjetivo ou

que

Veja outros exemplos:

“Os posudos ainda são mais engraçados que os mentirosos.”


(Cecília Meireles)
Os tigres são mais ferozes do que os leões.

2 Comparativo de inferioridade: o grau de qualidade é menor em um dos


seres. Veja:

A rua do Governador é menos bela que a rua onde moramos.


adjetivo

Nessa frase, o grau da qualidade bela é menos acentuado na rua do


Governador do que na rua onde moramos.

As calçadas da cidade estão menos sujas que as ruas.


adjetivo

O grau comparativo de inferioridade é formado com a palavra menos colocada


ao lado do adjetivo, que é seguido pela expressão do que ou pelo que.
comparativo de inferioridade
Nessa frase, o grau da qualidade suja é menos acentuado nas calçadas do que
nas ruas.
O grau comparativo de inferioridade é formado com a palavra menos colocada
ao lado do adjetivo, que é seguido pela expressão do que ou pelo que.
comparativo de inferioridade

do
que

menos adjetivo ou

que
Veja outros exemplos:
“Os posudos, porém, são menos agradáveis que os simples mentirosos.”

Os leões são menos ferozes do que os tigres.

3 Comparativo de igualdade: o grau de qualidade tem a mesma


intensidade nos dois seres. Veja:

Em São Paulo, a avenida Pacaembu é tão bela quanto a avenida Paulista.

Nessa frase, o grau da qualidade bela é igual tanto na avenida Paulista quanto
na Pacaembu.
O comparativo de igualdade é formado com a palavra tão colocada ao lado do
adjetivo, que é seguido de quanto ou como.
comparativo de igualdade

quanto

tão adjetivo ou

como
Veja outros exemplos:

“Lançou um último olhar às duas casas, tão próximas quanto parecidas.”

Os tigres são tão ferozes como os leões.

Grau superlativo

O grau superlativo do adjetivo indica que a qualidade do ser está em seu ponto
máximo. Ele pode ser de duas maneiras: o superlativo absoluto e o relativo.
Veja:

A nossa rua é muito bela. A nossa rua é belíssima.

O superlativo absoluto é formado de duas maneiras diferentes:

• analiticamente — o adjetivo não sofre modificação em sua estrutura e


vem precedido de outras palavras: excessivamente, extremamente, muito etc.

Ele é um garoto muito estudioso.

Ele é um garoto extremamente estudioso.


adjetivo
1Superlativo absoluto — o grau de qualidade não tem como referência nenhum
outro ser.

(Revista Veja)
É muito, mas muito ardido mesmo. E desce queimando.
A programação do Verão MTV não é levemente picante,
é intensamente picante. Por isso, prepare o seu estômago.

• sinteticamente — o adjetivo sofre modificação em sua estrutura, à qual


se acrescenta um sufixo. Veja:

Ele é um garoto estudios íssimo .


sufixo

A programação de verão MTV é ardid íssima.


sufixo

Às vezes, é necessário provocar modificações no adjetivo ao acrescentar-lhe o


sufixo. Veja os grupos de frases a seguir e compare os adjetivos no grau
normal e no grau superlativo absoluto sintético:

Einstein é um homem célebre.


Einstein é um homem celebérrimo.

As praias do Nordeste são agradáveis.


As praias do Nordeste são agradabilíssimas.

O tigre é um animal feroz.


O tigre é um animal ferocíssimo.
“Coisa” é uma palavra comum.
“Coisa” é uma palavra comuníssima.

Mário e Tiago são muito amigos.


Mário e Tiago são amicíssimos.

Copos de cristal são muito frágeis.


Copos de cristal são fragílimos.

Veja a seguir uma lista de alguns superlativos absolutos sintéticos para você
conhecer.
Adjetivo — Superlativo

ágil — agílimo
agradável — agradabilíssimo
alto — sumo, supremo
amargo — amaríssimo
amável — amabilíssimo
amigo — amicíssimo
antigo — antiqüíssimo
áspero — aspérrimo
baixo — ínfimo
benéfico — beneficentíssimo
bom — ótimo
capaz — capacíssimo
célebre — celebérrimo
comum — comuníssimo
cristão— cristianíssimo
cruel — crudelíssimo
difícil — dificílimo
doce — dulcíssimo
fácil — facílimo
feliz — felicíssimo
feroz — ferocíssimo
fiel — fidelíssimo
frágil — fragílimo

Adjetivo — Superlativo

frio — frigidíssimo
grande — máximo
humilde — humílimo
inimigo — inimicíssimo
livre — libérrimo
magro — macérrimo
mau — péssimo
miserável — miserabilíssimo
negro — nigérrimo
nobre — nobilíssimo
notável — notabilíssimo
pequeno — mínimo
pessoal — personalíssimo
pobre — paupérrimo
respeitável — respeitabilíssimo
sábio — sapientíssimo
sagrado — sacratíssimo
sensível — sensibilíssimo
sério — seriíssimo (ou seríssimo)
simpático — simpaticíssimo
simples — simplicíssimo
veloz — velocíssimo

2 Superlativo relativo — o grau de qualidade tem como referência outro


ser, ou seja, destaca-se a qualidade de um ser em relação a um conjunto de
seres. Por isso, diz-se que o grau é relativo, porque relaciona seres. Veja:

um ser adjetivo conjunto de seres

Ele é o garoto mais estudioso da classe.

O grau superlativo relativo pode ser de superioridade ou de inferioridade.


• grau superlativo relativo de superioridade — o ser apresenta qualidade
superior em relação ao conjunto. Veja:

(Revista Educação)
“O problema mais triste do mundo é não saber ler;
é a mesma coisa que ser cego.”

O texto afirma que o problema mais triste, entre todos os outros do mundo, é
não saber ler.

• grau superlativo relativo de inferioridade — o ser apresenta qualidade


inferior em relação ao conjunto. Veja:

Qual seria o problema menos triste do mundo?

Casos especiais

1 Os adjetivos bom, mau, grande e pequeno formam o comparativo e o


superlativo de modo especial. Observe o quadro ao lado:

Comparativo de
superioridade
bom
mau
grande
pequeno
melhor
pior
maior
menor

relativo
ótimo
péssimo
máximo
mínimo
o melhor
o pior
o maior
o menor

Veja alguns exemplos:

O menor preço e a menor prestação

(Revista Veja)
Para a professora Stela Piconez, o número real de analfabetos no Brasil é
maior do que calcula o IBGE e está em torno de 60 milhões.
(Revista Educação)

O adjetivo grande está no grau comparativo de superioridade: o número real de


analfabetos é maior do que o número calculado pelo IBGE.
Nesse texto, o adjetivo pequeno está no grau superlativo relativo: o preço é o
menor (o “mais pequeno”) de todos.

2 Existem formas mais simples para indicar o superlativo absoluto, usadas


principalmente na linguagem popular. Veja alguns exemplos:

Seu vestido é lindo, lindo, lindo!

lindíssimo

A festa da Marina foi superboa.

ótima

A prova de Matemática foi difícil pra caramba.

dificílima

Exercícios

Resposta pessoal
1 Acrescente três adjetivos para cada um dos substantivos a seguir:

jogos, experiências, ciência,


brincadeiras, bichos, contos
(Revista Ciência Hoje)

2 Reescreva o texto a seguir atribuindo a cada um dos produtos


destacados o adjetivo pátrio correspondente.
O melhor caviar (ovas de um peixe chamado esturjão) vem da Rússia. Os
tapetes da Pérsia são caríssimos. A porcelana da China é muito delicada. E o
queijo fresco produzido em Minas Gerais é delicioso!
Resposta pessoal. (No texto, devem constar: caviar russo, tapetes persas,
porcelana chinesa, queijo mineiro.)
3 Leia as frases a seguir:

“Crianças são mensagens vivas


que mandamos para um
tempo que não veremos.”
Neil Postman, professor e escritor americano

“Compreender é o
começo de aprovar.”
Baruch Spinoza, filósofo holandês

“A paciência é a arte de ter esperança.”


Marquês de Vauvenargues, ensaísta francês
(Revista Caras)

a) Qual é o adjetivo pátrio e o país de cada autor?


Neil Postman: americano, Estados Unidos; Baruch Spinoza: holandês,
Holanda; Marquês de Vauvenargues: francês, França.
b) Pesquise um adjetivo pátrio bem diferente e crie uma frase sobre a
adolescência, atribuindo-a a um autor fictício. Seja criativo! Resposta pessoal

4 Identifique as locuções adjetivas das frases a seguir e, quando


possível, dê o adjetivo correspondente.

a) “Naquela manhã começou a recordar muito os dias gloriosos do pai.”


(Pedro Bandeira) paternos
b) “O passarinho de água vem cantar no telhado.” (Cecília Meireles)
aquático
c) “Era uma tarde dourada de folhas de outono.” (Vinicius de Moraes)
outonais
d) “A menina então lembrou
Da sua bola de ouro...” (Ruth Rocha) dourada
e) “Em pouco tempo ficou claro que a idéia de Tigre era sem utilidade.”
(Marçal Aquino) inútil

5 Observando as frases do exercício 4, faça o que se pede:

a) Reescreva a frase b utilizando, em lugar da locução adjetiva, o adjetivo


referente à locução da terra.
b) Faça o mesmo com a frase c, usando o adjetivo correspondente à
locução de primavera.
c) Observe:

“A menina então lembrou


Da sua bola de ouro
Da sua boneca de açúcar
De seu berço de ferro
De suas manhãs de sonho...”
(Ruth Rocha)
a) O passarinho terrestre vem cantar no telhado.

b) Era uma tarde dourada de folhas primaveris.

Identifique as locuções adjetivas e reescreva o texto, substituindo-


as pelos adjetivos correspondentes.

Agora, você é o crítico. Observe os dois textos e diga: qual deles


é mais poético?

6 Separe os adjetivos a seguir em duas colunas: em uma delas,


coloque os uniformes e, na outra, coloque os biformes:

infeliz unif. atroz unif. vencedor bif.


português bif. audaz unif.
bom bif. mau bif.
temporão bif. superior unif. judeu bif.
paulista unif. plebeu bif. otimista unif.
europeu bif. paciente unif.

7 Dê a forma feminina dos adjetivos biformes do exercício 6.

8 Escolha um adjetivo uniforme e um adjetivo biforme e escreva


uma manchete de jornal que fale de uma descoberta científica. Atenção: os
adjetivos escolhidos devem estar no plural.

9 Leia o texto abaixo com atenção:

Day after

sou a esperança do futuro


me dizem os mais velhos
embrulhando bombas de ódio quente
como se quisessem ver a esperança
acabar no presente.
(Ulisses Tavares)

a) Retire do texto uma locução adjetiva e dê o seu adjetivo correspondente.


do futuro — futura, futurista
b) No texto há um adjetivo uniforme e outro adjetivo biforme. Destaque-os.
uniforme: quente / biforme: velhos
c) Ambos os adjetivos destacados no item b referem-se a substantivos no
gênero masculino. Escreva frases em que estes adjetivos sejam empregados
no feminino. Resposta pessoal
10 Passe para o plural:

menino surdo-mudo meninos surdos-mudos


produção luso-brasileira produções luso-brasileiras
casaco verde-claro casacos verde-claros
esforço sobre-humano esforços sobre-humanos
reforma político-social reformas político-sociais
rapaz latino-americano rapazes latino-americanos
terno azul-marinho ternos azul-marinho
homem mal-educado homens mal-educados
carro amarelo-ouro carros amarelo-ouro
curso técnico-profissional cursos técnico-profissionais
povo greco-romano povos greco-romanos
vestido cor-de-rosa vestidos cor-de-rosa

11 Reveja o plural de terno azul-marinho no exercício 10. Escreva a


expressão referente a uma camisa dessa cor. Depois, passe-a para o plural.
Explique o que houve com o adjetivo.

12 Identifique o grau dos adjetivos dos textos a seguir:

a) Minha rua é a mais tranqüila do bairro.


c)
Camisa azul-marinho, camisas azul-marinho.
Azul-marinho é um adjetivo invariável, por isso não flexiona.
grau superlativo relativo de superioridade
grau superlativo absoluto analítico

b) As melhores praias
estão no fim das piores estradas.

grau superlativo relativo de superioridade


(Revista Veja)

grau superlativo absoluto analítico


c) Um dinheiro
muito caro
(Revista Veja)

13 Reescreva as frases do exercício 12, de acordo com as orientações


abaixo:
a) Use o grau comparativo de superioridade, comparando minha rua com
outras ruas.
b) Use o grau superlativo absoluto de superioridade.
c) Use o grau superlativo absoluto sintético.

Minha rua é mais tranqüila que outras ruas do bairro.


As ótimas praias estão no fim das péssimas estradas.
Um dinheiro caríssimo.

14 Observe o quadrinho a seguir:

a) Retire do texto um adjetivo composto e uma locução adjetiva.


b) Passe o adjetivo composto para o feminino plural e dê o adjetivo que
corresponde à locução.

bem-sucedido; da sabedoria
bem-sucedidas; sábia

15 Leia atentamente o texto a seguir:

POROROCA
Gostaria de ver publicado nesta prestigiosa revista, que coleciono desde o
primeiro número, um artigo abrangente sobre um fenômeno natural brasileiro
que até muitos brasileiros desconhecem ou pouco sabem: a pororoca. Este
fenômeno, que ocorre no litoral norte do Brasil, merece um estudo maior e uma
divulgação adequada, sendo na minha opinião esta revista o espaço ideal.

(Revista Horizonte Geográfico)

a) Retire do texto todos os adjetivos. prestigiosa; abrangente; natural;


brasileiro; norte (litoral norte); maior; adequada; ideal.
b) O adjetivo pátrio brasileiro aparece duas vezes; em uma, ele é
substantivo. Copie o trecho em que isso ocorre. ...muitos brasileiros
desconhecem ...
c) A palavra norte, que aqui aparece como adjetivo, modificando a palavra
litoral, pode ser também um substantivo. Escreva uma frase em que isso
ocorra. Resposta pessoal
d) Retire do texto uma locução adjetiva. do Brasil
e) Há no texto um adjetivo que sofreu flexão de grau. Qual é esse adjetivo
e em que grau ele está?
maior (adjetivo: grande); comparativo de superioridade.

16 Leia o texto:
Elas herdam do pai a arte do bom convívio

As mulheres têm fama de ser mais sociáveis que os homens. Elas teriam maior
facilidade para perceber e respeitar as emoções alheias. Agora, essa fama
acaba de ter um indício de confirmação científica — que não deixa os homens
tão mal assim. Testes feitos pelo psiquiatra inglês David Skuse, do Instituto de
Saúde Infantil, em Londres, indicam que a habilidade social das moças vem de
um gene localizado no cromossomo X, mas que só é ativo quando vem do pai.
Para entender o raciocínio de Skuse, lembre-se de que a mulher tem dois
cromossomos X e o homem tem um X e um Y. No infográfico abaixo, vê-se que
os meninos ganham o Y do pai e, por isso, sempre recebem o X da mãe.
Neles, portanto, o gene da sociabilidade não é ativado. Já as mulheres, como
têm um X vindo do pai e outro da mãe, nascem socialmente corretas. Pelo
menos é o que diz a teoria de Skuse. “Esse mecanismo genético pode ter sido
útil em tempos remotos da humanidade”, explicou ele à SUPER. É que,
naquela época, os homens precisavam mais de aptidões guerreiras do que de
boas maneiras.

A raiz do socialmente correto


O gene da habilidade social fica no cromossomo X e só é ativado quando vem
do pai.

O gene num dos cromossomos X funciona, mas é desligado ao passar para os


filhos.
mãe

O gene está desligado, mas entra em ação ao ser transmitido para a filha.
pai

O gene está desligado, mas entra em ação ao ser transmitido para a filha.
pai

O gene está desligado, mas entra em ação ao ser transmitido para a filha.
pai

Recebe um X da mãe com o gene desativado. O que funciona é o que vem do


pai.
filha

No cromossomo X da mãe, o gene vem desligado. No Y, que vem do pai, o


gene não existe.
filho
(Revista Superinteressante)
a) Observe:
“As mulheres têm fama de ser mais sociáveis que os homens.”
Em que grau se encontra o adjetivo sociáveis? Grau comparativo de
superioridade.
b) Reescreva a frase acima no grau comparativo de igualdade, usando os
substantivos no singular.
A mulher tem fama de ser tão sociável quanto o homem.
c) Com relação ao gênero, qual a classificação do adjetivo sociável?
Uniforme.
d) Escreva uma frase usando o adjetivo sociável em relação à mulher, no
grau superlativo absoluto analítico. A mulher é muito sociável.
e) “Elas teriam maior facilidade para perceber e respeitar as emoções
alheias.”
A que substantivo se refere o adjetivo maior? Facilidade.
f) No texto do item e, as mulheres estão sendo comparadas com os
homens. Em que grau está o adjetivo grande?
g) Escreva uma frase em que o adjetivo grande seja usado no grau
superlativo relativo.
Resposta pessoal. o maior / a maior.

Capítulo 11

NUMERAL

Conceito

Observe o texto a seguir:

Inauguração hoje

22a. BIENAL INTERNACIONAL


70 PAÍSES
206 ARTISTAS
25 SALAS ESPECIAIS

(O Estado de S. Paulo)
Se escrevêssemos o texto sem usar algarismos, apenas palavras, teríamos o
seguinte:

Inauguração hoje

VIGÉSIMA SEGUNDA BIENAL INTERNACIONAL


SETENTA PAÍSES
DUZENTOS E SEIS ARTISTAS
VINTE E CINCO SALAS ESPECIAIS

As palavras setenta, duzentos e seis e vinte e cinco indicam a quantidade


exata de países, artistas e salas da Bienal. As palavras vigésima segunda
indicam a posição que esta Bienal ocupa em uma série de bienais que já
aconteceram. Essas palavras são chamadas de numerais.

Numeral é a palavra que indica a quantidade exata de seres ou a posição que


o ser ocupa em uma série.

Classificação dos numerais

Os numerais classificam-se em cardinais, ordinais, multiplicativos e


fracionários.

Cardinais — indicam a quantidade exata dos seres.

Superesquecidos

O Brasil possui cerca de 180 mil crianças e jovens com até 19 anos que
possuem superdotação. No entanto, somente 1.724 receberam algum
atendimento especializado no ano passado, segundo estatísticas do próprio
MEC. A maioria das crianças superdotadas não é identificada e geralmente é
confundida como indisciplinada por apresentar, muitas vezes, um
comportamento questionador e irrequieto. Como se isso não bastasse, apenas
seis Estados brasileiros (Pará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo,
Goiás e Paraná) e o Distrito Federal possuem sistemas de ensino aptos a
receber essas crianças e que não desperdiçam suas habilidades. Dados do
Conselho Mundial de Crianças Superdotadas e Talentosas (World Council for
Gifted and Talented Children) revelam que entre 1% e 4% da população
mundial em idade escolar é superdotada.
(Revista Educação)

Ordinais — indicam a ordem dos seres em uma determinada série.

(Luis Fernando Verissimo, O Estado de S. Paulo)

Multiplicativos — indicam uma quantidade multiplicada dos seres.

Márcio tem o dobro da idade de Pedro.


Quinze é o quíntuplo de três.

Fracionários — indicam uma divisão na quantidade dos seres.

TUBERCULOSE CAMPEÃ.
A doença infecciosa que mais mata no mundo ainda é a tuberculose, segundo
a Organização Mundial da Saúde. Sua incidência, que parecia controlada,
voltou a crescer e têm surgido variedades resistentes aos antibióticos. Cerca
de um terço da humanidade tem o bacilo causador e pode desenvolver a
doença.

(Revista Globo Ciência)

Numerais
Cardinais

um
dois
três
quatro
cinco
seis
sete
oito
nove
dez
onze
doze
treze
catorze
quinze
dezesseis
dezessete
dezoito
dezenove

Ordinais
primeiro
segundo
terceiro
quarto
quinto
sexto
sétimo
oitavo
nono
décimo
décimo primeiro
décimo segundo
décimo terceiro
décimo quarto
décimo quinto
décimo sexto
décimo sétimo
décimo oitavo
décimo nono

Multiplicativossimples
duplo, dobro, dúplice
triplo, tríplice
quádruplo
quíntuplo
sêxtuplo
sétuplo
óctuplo
nônuplo
décuplo
undécuplo
duodécuplo

Fracionários

meio
terço
quarto
quinto
sexto
sétimo
oitavo
nono
décimo
onze avos
doze avos
treze avos
catorze avos
quinze avos
dezesseis avos
dezessete avos
dezoito avos
dezenove avos

Numerais
Cardinais
vinte
trinta
quarenta
cinqüenta
sessenta
setenta
oitenta
noventa
cem
duzentos
trezentos
quatrocentos
quinhentos
seiscentos
setecentos
oitocentos
novecentos
mil

Ordinais
vigésimo
trigésimo
quadragésimo
qüinquagésimo
sexagésimo
septuagésimo
octogésimo
nonagésimo
centésimo
ducentésimo
trecentésimo
quadringentésimo
qüingentésimo
sexcentésimo
septingentésimo
octingentésimo
nongentésimo
milésimo

Multiplicativos
cêntuplo

Fracionários
vinte avos
trinta avos
quarenta avos
cinqüenta avos
sessenta avos
setenta avos
oitenta avos
noventa avos
centésimo
ducentésimo
trecentésimo
quadringentésimo
qüingentésimo
sexcentésimo
septingentésimo
octingentésimo
nongentésimo
milésimo

Além desses, também são classificados como numerais:

• as palavras ambos, ambas e zero.

Estrela e lua, ambas observam os homens no escuro.

• as palavras que indicam um conjunto numérico de seres ou períodos de


tempo: par, dezena, centena, dúzia, centenário. Essas palavras são chamadas
numerais coletivos. Veja, a seguir, uma lista com alguns deles:

bimestre — período de dois meses


centena — conjunto de cem coisas
centenário — período de cem anos
década — período de dez anos
dezena — conjunto de dez coisas
dúzia — conjunto de doze coisas
lustro — período de cinco anos
milênio — período de mil anos
novena — período de nove dias
par — conjunto de duas coisas
quarentena — período de quarenta dias
quina — série de cinco números
resma — quinhentas folhas de papel
semestre — período de seis meses
terno — conjunto de três coisas

5º Centenário da Reconquista
A cada 2 de janeiro, Granada celebra a tomada da cidade pelos Reis Católicos.
Durante a procissão realizada na Catedral são exibidas a coroa da Rainha
Isabel e a espada do Rei Fernando.
Carrego comigo
há dezenas de anos
há centenas de anos
o pequeno embrulho

(Carlos Drummond de Andrade)

Flexão dos numerais

Cardinais

Os numerais cardinais, em geral, são invariáveis, isto é, não sofrem flexão.


Veja os exemplos:

São três alunos em cada classe.


invariável masculino plural

São três alunas em cada classe.

invariável feminino plural


Os jardins suspensos da Babilônia estão entre as sete maravilhas do mundo
antigo.

invariável feminino plural


Assista ao filme Sete homens e um destino.
invariável masculino plural

Apenas alguns cardinais sofrem flexão:

a) de gênero:
• um, dois

Quero um pão e duas roscas.

masculino feminino

Quero uma rosca e dois pães.

feminino masculino

• as centenas a partir de duzentos

Havia trezentas reses e quinhentas ovelhas na fazenda.


feminino feminino

b) de número:
• milhão, bilhão, trilhão etc.

O Brasil tem 150 milhões de habitantes.

plural

Ordinais

Os ordinais variam em gênero e número. Veja:

Neil Armstrong e Edwin Aldrin foram os primeiros homens a pisar na Lua.

masculino plural

Os carros completaram a décima volta no circuito de Ímola.

feminino singular

Multiplicativos

Os multiplicativos só variam em gênero e número quando têm valor de adjetivo.


Observe:

substantivo adjetivo

Ele fez uma aposta tripla.

feminino feminino

substantivo

Ele ganhou o triplo do que esperava.

invariável

Fracionários

Os numerais fracionários são sempre precedidos de um cardinal com o qual


concordam em gênero e número. Veja:

cardinal fracionário

Recebi dois terços de meu salário no dia 30.


masculino plural

cardinal fracionário

Recebi uma terça parte de meu salário no dia 30.

feminino singular

Numerais coletivos

Os coletivos variam em número. Veja:

plural

Em duas décadas de trabalho, ensinei centenas de vezes a mesma coisa.

plural

Leitura e escrita dos numerais

1 Na leitura e escrita dos cardinais, intercala-se a conjunção e entre as


unidades e dezenas e, também, entre as dezenas e centenas. Observe:

76 = setenta e seis

dezena unidade

584 = quinhentos e oitenta e quatro

centena dezena unidade

Veja outros exemplos:

180 = cento e oitenta


1 444 = mil, quatrocentos e quarenta e quatro
5 080 = cinco mil e oitenta
2 001 = dois mil e um
1 500 = mil e quinhentos
4 545 654 = quatro milhões, quinhentos e quarenta e cinco mil, seiscentos e
cinqüenta e quatro

2 Nas enumerações de séculos e capítulos (ou mesmo partes de uma obra),


de nomes de papas e soberanos, empregam-se algarismos romanos na
escrita. Para a leitura desses algarismos, usam-se ordinais de um a dez e
cardinais de onze em diante. Observe:

Escrita
Século I
Capítulo IX
Paulo VI
Pedro II
Século XI
Tomo XX
Luís XV
João XXIII

Leitura
século primeiro
capítulo nono
Paulo sexto
Pedro segundo
século onze
tomo vinte
Luís quinze
João vinte e três

Quando o numeral romano anteceder o substantivo, deve ser lido sempre como
ordinal:

III capítulo — terceiro capítulo


VI tomo — sexto tomo
IV século — quarto século

Usos especiais

Às vezes, os numerais cardinais não indicam propriamente uma quantidade


exata de seres. São empregados para realçar uma expressão. Veja:

Já lhe disse mais de mil vezes para ir tomar banho!

“Vai para os seiscentos diabos, inglês, que em negócio de amor lógica não
entra.”
(Luis Jardim)

Na linguagem coloquial, o numeral pode sofrer flexão de grau:

Tantos brindes sorteados e eu não ganhei unzinho...

“— Você quer provar camarão bem fresquinho?


— Obrigado.
— Nem unzinho?”
(Pedro Bandeira)

Importante:
É preciso saber diferenciar o numeral cardinal um (quantidade: 1 ser) do
artigo indefinido um.
Observe:
Apenas um garoto feriu-se no acidente.

numeral

Um frio enorme incomodou o garoto.

artigo indefinido

Exercícios

1 Copie as frases, completando-as com os numerais do quadro:

segundo — cem — duas — dobro — quarta

a) Havia .... razões para ele ficar: era tarde e chovia muito.
b) Paulo foi o .... a chegar, pois Beth já estava lá.
c) O avião voava a uma altura de .... metros.
d) Ele não leu o livro todo: leu apenas a .... parte.
e) Gastei o .... do que você gastou naquela loja.

2 Classifique os numerais do exercício 1.

3 Escreva por extenso os numerais cardinais:

12 477 1 060
25 536 2 344
47 721 4 896
89 854 5 000
103 917 7 110
269 1 005 9 999

4 Escreva por extenso os numerais ordinais:

3º 10º 62º 422º


5º 44º 76 º 564º
8º 55º 311º 666º

5 Escreva duas manchetes de jornal para a seção Economia,


usando numerais cardinais e ordinais.
Atenção: os numerais devem ser escritos por extenso.

6 Observe o numeral destacado na frase:

duas
segundo
cem
quarta
dobro
a) cardinal, b) ordinal, c) cardinal, d) fracionário, e) multiplicativo.

doze
vinte e cinco
quarenta e sete
oitenta e nove
cento e três
duzentos e sessenta e nove
quatrocentos e setenta e sete
quinhentos e trinta e seis
setecentos e vinte e um
oitocentos e cinqüenta e quatro
oitocentos e cinqüenta e quatro
novecentos e dezessete
mil e cinco
mil e sessenta
dois mil, trezentos e quarenta e quatro
quatro mil, oitocentos e noventa e seis
cinco mil
sete mil, cento e dez
nove mil, novecentos e noventa e nove
terceiro
quinto
oitavo
décimo
quadragésimo quarto
qüinquagésimo quinto
sexagésimo segundo
septuagésimo sexto
trecentésimo décimo primeiro
quadringentésimo vigésimo segundo
qüingentésimo sexagésimo quarto
sexcentésimo sexagésimo sexto
“Experiências divertidas ajudam alunos de 2ª série
a compreender alguns conceitos da aerodinâmica.”

(Revista Nova Escola)

a) Qual é a sua classificação?


b) Reescreva a frase, substituindo o numeral destacado pelo equivalente a
202.
c) Faça o mesmo com o equivalente a 26.

7 Observe:

Metade dos cientistas brasileiros faz suas pesquisas no exterior.

a) Qual é o numeral da frase e qual a sua classificação?


b) Reescreva a frase, substituindo o numeral pelo equivalente à quinta
parte.

8 Complete os espaços com o numeral multiplicativo adequado:

a) Dez é o .... de cinco.


b) Nove é o .... de três.
c) Quinze é o .... de três.
d) Dezesseis é o .... de quatro e o .... de oito.
e) Sessenta é o .... de dez.

Ordinal.
vigésima sexta
ducentésima segunda

Metade, numeral fracionário.


Um quinto
dobro
triplo
quíntuplo
quádruplo; dobro
sêxtuplo
9 Escreva o enunciado de um problema matemático, usando um
numeral multiplicativo e um numeral fracionário.

10 Copie as frases, substituindo as expressões em destaque pelo


numeral coletivo correspondente:

a) Mais de cem passarinhos foram soltos no Dia da Ave.


b) Comemoramos dez anos do lançamento do filme.
c) O professor distribuiu dez livros entre os alunos.
d) Nós não nos encontrávamos há mais ou menos quinze dias.
e) Pedimos o livro emprestado por sete dias.

11 Escreva por extenso:

Século V Luís XVI


Pio IX Capítulo VIII
Pio XIITomo III
Seção X XII Congresso de Psicologia
João XXIII XXIII Feira de Utilidades Domésticas

12 Reescreva a frase a seguir, substituindo o algarismo romano pelo


equivalente aos numerais abaixo. Escreva, entre parênteses, o numeral
cardinal por extenso:

O Barroco Romano nos fins do século XVII deu às igrejas brasileiras o colorido
opulento e a sensação de irrealidade nas pinturas dos tetos (...)

(Jornal da Universidade de Pernambuco, in Jornal do Commercio)


a) 16 c) 5
b) 54 d) 19

13 Como você já sabe, em algumas situações, os numerais cardinais não


indicam propriamente uma quantidade exata de seres, mas realçam algumas
expressões. Escreva uma frase em que o cardinal seja usado dessa forma.

14 Leia o texto abaixo com atenção:

Aventura no parque

No banco verde do parque, onde eu lia distraidamente o Almanaque Bertrand,


aquela sentença pegou-me de surpresa: “Colhe o momento que passa”. Colhi-
o, atarantado. Era um não sei que, um flapt, um inquietante animalzinho, todo
asas e todo patas: ardia como uma brasa, trepidava como um motor, dava uma
angustiosa sensação de véspera de desabamento. Não pude mais.
Arremessei-o contra as pedras, onde foi logo esmigalhado pelo vertiginoso
velocípede de um meninozinho vestido à marinheira. “Quem monta num tigre
(dizia, à página seguinte, um provérbio chinês) quem monta num tigre não
pode apear.”

(Mário Quintana)

a) “trepidava como um motor”


b) “um meninozinho vestido à marinheira”

Na frase a, um é artigo indefinido. Na frase b, um é numeral cardinal. Qual é a


diferença?

Resposta pessoal
uma centena de
uma década
uma dezena de
uma quinzena
uma semana
Século quinto
Luís dezesseis
Pio nono
Capítulo oitavo
Pio doze
Capítulo oitavo
Seção décima
Tomo terceiro
João vinte e três
Décimo segundo Congresso de Psicologia
Vigésima terceira Feira de Utilidades Domésticas
XVI — dezesseis
V — cinco
LIV — cinqüenta e quatro
XIX — dezenove
Resposta pessoal
Enquanto a expressão “um motor” refere-se a um motor qualquer, sem
definição, “um meninozinho” determina uma quantidade específica de seres,
apenas uma criança. É esta a diferença que justifica a classificação.

Capítulo 12

PRONOME

Conceito

Leia o texto a seguir:

Rua dos Cataventos — II

Dorme, ruazinha... É tudo escuro...


E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranqüilos...

Dorme... Não há ladrões, eu te asseguro...


Nem guardas para acaso persegui-los...
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos...

O vento está dormindo na calçada,


O vento enovelou-se como um cão...
Dorme, ruazinha... Não há nada...

Só os meus passos... Mas tão leves são


Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração...
(Mário Quintana)

Você deve ter notado que, no poema acima, existe alguém que fala com outro
alguém sobre alguma coisa:

1º elemento 2º elemento 3º elemento


o eu-lírico
fala

com a
ruazinha

a respeito de
seus próprios
passos

Eu-lírico é a voz narrativa subjacente ao texto poético. Não deve ser


confundido com o próprio poeta.

A esses elementos, damos o nome de pessoas do discurso ou pessoas


gramaticais, que são três:

• 1ª pessoa: quem fala;


• 2ª pessoa: com quem se fala;
• 3ª pessoa: de quem se fala.

Podemos identificar essas três pessoas do discurso no texto de Mário


Quintana, pelas palavras:

E os meus passos...

refere-se à 1ª pessoa
(o eu-lírico)

Dorme o teu sono...

refere-se à 2ª pessoa
(a ruazinha)

Quem pode ouvi-los?

refere-se à 3ª pessoa
(os passos)

Essas palavras são chamadas de pronomes. Elas substituem ou acompanham


os substantivos, relacionando-os com as pessoas do discurso. Veja:

meus passos teu sono


pronomes que
acompanham o substantivo

ouvi-los

pronome que
substitui o substantivo

Pronome é a palavra que substitui ou acompanha o substantivo, relacionando-o


às pessoas do discurso.

Quando o pronome acompanha o substantivo, ele é chamado de pronome


adjetivo. Veja:

Dorme o teu sono sossegado e puro.

pronome
adjetivo
pronome
adjetivo

substantivo

Meus passos ressoam na calçada.

pronome
adjetivo

substantivo

Quando o pronome substitui o substantivo, ele é chamado de pronome


substantivo. Veja:

A ruazinha dorme; ela dorme sossegadamente.

pronome substantivo

Guia Quatro Rodas Brasil 94.


Com ele, você nunca viaja sozinho.

Nunca Viaje Sem Um Guia.

(Revista Quatro Rodas)


esta — pronome substantivo
minha — pronome adjetivo

(Garfield, de Jim Davis)

Classificação dos pronomes

Os pronomes classificam-se em: pessoais, possessivos, demonstrativos,


indefinidos, interrogativos e relativos.
Vamos estudar cada um deles, separadamente.

Pronomes pessoais

Observe:

(O Menino Maluquinho, de Ziraldo)

As palavras eu, você, me, ti, ela e ele são pronomes pessoais.
Os pronomes pessoais substituem substantivos e indicam as pessoas do
discurso. Dividem-se em retos e oblíquos, e cada um deles apresenta uma
forma para o singular e outra para o plural. Há também os pronomes pessoais
de tratamento, que serão vistos posteriormente.
Os pronomes pessoais retos são:

Número Singular Plural

1ª pessoa eu nós

2ª pessoa tuvós

3ª pessoa ele, ela eles, elas

Os pronomes pessoais oblíquos são:

Sobre o uso de pronomes pessoais oblíquos tônicos e átonos, ver capítulo


sobre Preposição.

Número Singular Plural

1ª pessoa átonos me nos

tônicos mim nós


2ª pessoa átonos te vos

tônicos ti vós

3ª pessoa átonos o, a,
lhe, seos, as,
lhes, se

tônicos ele,
ela, si eles,
elas, si

Os pronomes oblíquos o, a, os, as podem sofrer alterações de acordo com os


verbos com os quais são usados. Observe:

Quem pode ouvir meus passos?


Quem pode ouvir + os?
Quem pode ouvi-los?

• Quando as formas verbais terminarem em r, s ou z, os pronomes o, a,


os, as transformam-se em lo, la, los, las.

Entregamos o trabalho às seis horas. Fiz os programas rapidamente.


Entregamo-lo às seis horas. Fi-los rapidamente.

• Quando as formas verbais terminarem em m, ão ou õe, os pronomes o,


a, os, as transformam-se em no, na, nos, nas.

Fizeram o trabalho bem feito. O maestro compõe as músicas rapidamente.


Fizeram-no bem feito. O maestro compõe-nas rapidamente.

Pronomes de tratamento

Além desses pronomes pessoais retos e oblíquos, temos ainda os pronomes


pessoais de tratamento, que indicam cerimônia ou respeito pela pessoa com
quem se fala. São formas especiais que se referem à 2ª pessoa do discurso
(tu, vós), mas que devem ser usadas com verbos na 3ª pessoa. Veja:

Vossa Majestade deseja marcar audiência?


2ª pessoa

3ª pessoa

Solicito a Vossa Excelência que tome providências urgentes.


2ª pessoa

3ª pessoa

Os principais pronomes pessoais de tratamento são:

você (v.) tratamento familiar


o senhor (Sr.), a senhora (Sr.a) tratamento de respeito
Vossa Senhoria (V. S.a) tratamento comercial
Vossa Excelência (V. Ex.a) tratamento para altas autoridades
Vossa Eminência (V. Em.a) tratamento para cardeais
Vossa Santidade (V. S.) tratamento para o papa
Vossa Alteza (V. A.) tratamento para príncipes e duques
Vossa Majestade (V. M.) tratamento para reis
Vossa Reverendíssima (V. Rev.ma) tratamento para sacerdotes

Observações:
1. Quando falamos com a pessoa, empregamos no pronome de
tratamento a forma vossa(s). Assim:

Vossa Santidade está muito bem informado sobre a Igreja no Brasil.

Quando nos referimos à pessoa, empregamos no pronome de


tratamento a forma sua(s). Assim:

Sua Excelência viajou hoje.

2. No Brasil, o pronome você(s) é comumente empregado no lugar dos


pronomes retos da 2ª pessoa (tu, vós) e, nesse caso, o verbo vai para a 3ª
pessoa.

Tu és inteligente. Vós sois inteligentes.


Você é inteligente. Vocês são inteligentes.

verbo na 3ª pessoa

verbo na 3ª pessoa

3. O pronome nós muitas vezes é substituído pela expressão a gente e,


nesse caso, o verbo também vai para a 3ª pessoa do singular.

No 3º quadrinho, atenção para a expressão “entender eles”, muito comum na


linguagem cotidiana, que está reproduzida na tira.
Pronomes possessivos

Leia os quadrinhos a seguir:

(O Menino Maluquinho, de Ziraldo)

Os pronomes possessivos indicam o que pertence a cada uma das pessoas do


discurso. Veja:

“Os meus também?”

“Se você marcar bobeira, até os seus!”

refere-se à 1ª pessoa
refere-se à 3ª pessoa

As palavras meus e seus são pronomes possessivos.

Pronome possessivo é a palavra que indica relação de posse das pessoas do


discurso sobre os seres em geral.

Os principais pronomes possessivos são:

Número
Singular
Plural
1ª pessoa
meu, minha
meus, minhas
nosso, nossa
nossos, nossas
2ª pessoa
teu, tua
teus, tuas
vosso, vossa
vossos, vossas
3ª pessoa
seu, sua
seus, suas
seu, sua
seus, suas

Quando acompanha o substantivo, o pronome possessivo é adjetivo; quando


substitui o substantivo, o pronome possessivo é substantivo.
Observe as frases a seguir:
substantivo
O meu sono é sossegado; e o seu?

pronome possessivo adjetivo

pronome possessivo substantivo

Seus filhos ainda estão no 1º grau; os nossos já foram para o 2º grau.


pronome possessivo adjetivo
substantivo
pronome possessivo substantivo

Pronomes demonstrativos

Os pronomes demonstrativos indicam a posição do ser no espaço,


relacionando-o às pessoas do discurso.

(O Menino Maluquinho,
de Ziraldo)
A palavra essas é um pronome demonstrativo. Ele indica que o ser ao qual se
refere (pedras) está próximo da pessoa com quem se fala (2ª pessoa).

Pronome demonstrativo é a palavra que indica a posição das pessoas ou dos


objetos.

Os principais pronomes demonstrativos são:

1ª pessoaeste esta estes estas isto2ª pessoa3ª pessoaesse essa


esses essas issoaquele aquela aqueles aquelas aquilo

Os pronomes tal, tais, mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s) são


conhecidos como pronomes demonstrativos de identidade, quando têm o
sentido de idêntico, exato, em pessoa:

Foi ele mesmo quem veio.


Eles próprios que eram as vítimas não foram à delegacia.

Emprego do pronome demonstrativo

1 Os pronomes demonstrativos podem sofrer flexão de gênero e número.


Veja:

Estas blusas são muito bonitas, mas este casaco não combina com elas.
Aqueles carros são muito modernos.

Os pronomes isto, isso, aquilo são sempre invariáveis, ou seja, não sofrem
flexão. Veja:
2 Este, esta, isto indicam que a pessoa ou o objeto está perto do emissor
ou falante (1ª pessoa):

Este lápis é meu.


(aqui)

Esse, essa, isso indicam que a pessoa ou o objeto está longe do emissor ou
falante e perto da pessoa com quem se fala (2ª pessoa):

Essa fruta é deliciosa.


(aí)

(Snoopy, de Schulz)

esses óculos estão


próximos da 2ª pessoa
(com quem se fala)

este ar fidalgo está


próximo da 1ª pessoa
(quem fala)

Aquele, aquela, aquilo indicam que a pessoa ou o objeto está longe do emissor
ou falante e também da pessoa com quem se fala (3ª pessoa):

Aquela casa é do vigário.


(lá)

(Mônica, de Mauricio de Sousa)

Assim como os pronomes possessivos, os pronomes demonstrativos podem


acompanhar ou substituir o substantivo. Quando acompanha o substantivo, ele
é um pronome demonstrativo adjetivo e, quando substitui, ele é um pronome
demonstrativo substantivo. Veja:

(O Estado de S. Paulo)

Nesse texto, o pronome essa substitui o substantivo a última: trata-se, então,


de um pronome demonstrativo substantivo. Outro exemplo:
No último quadrinho, tem = existem, há.

(Mafalda, de Quino)

No primeiro quadrinho, o pronome essa está acompanhando o substantivo


pombinha: trata-se, então, de um pronome demonstrativo adjetivo.

Pronomes indefinidos

Os pronomes indefinidos referem-se à 3ª pessoa do discurso de modo vago e


indeterminado.
Leia os quadrinhos a seguir:

(O Menino Maluquinho, de Ziraldo)

No texto aparecem vários pronomes: quem, me, essa, eu, ele, esse, teu. Na
pergunta da professora, ela pede que um aluno qualquer lhe dê a resposta:

“Alguém quer contar como era a vida no Brasil, bem no comecinho?”

Alguém é um pronome indefinido.

Pronome indefinido é a palavra que indica a 3ª pessoa do discurso (sobre


quem se fala) de modo indeterminado.

Alguns pronomes indefinidos, como alguém, são invariáveis; outros sofrem


flexão. Veja, no quadro, quais são eles:

Variáveis
algum, alguma, alguns, algumas
nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas
todo, toda, todos, todas
certo, certa, certos, certas
outro, outra, outros, outras
vário, vária, vários, várias
qualquer, quaisquer
muito, muita, muitos, muitas
pouco, pouca, poucos, poucas
tanto, tanta, tantos, tantas
quanto, quanta, quantos, quantas

Invariáveis
algo,
alguém,
ninguém, nada,
tudo,
cada,
outrem,
quem

Os pronomes indefinidos também podem ser adjetivos (quando acompanham


os substantivos) ou substantivos (quando substituem os substantivos). Veja o
emprego de alguns pronomes indefinidos nas frases a seguir:

substantivo

Tanta chuva, e o racionamento de água continua...

pronome indefinido adjetivo

Todos queriam passear; ninguém queria ficar em casa.

pronome indefinido substantivo

Os alunos com uniforme devem ficar na sala; os outros devem sair.

pronome indefinido substantivo

Qualquer problema que aparecer, avise-me.

pronome indefinido adjetivo

as cobras/Luís Veríssimo

(O Estado de S. Paulo)

E cada verso meu será


pra te dizer
que eu sei que vou te amar
por toda a minha vida...
(Vinicius de Moraes)

Pronomes interrogativos

Os pronomes interrogativos são empregados em frases interrogativas. A


interrogação pode ser feita direta ou indiretamente. Observe:
No 2º quadrinho, a norma-padrão pede a preposição de, que foi omitida:
“Quem foi esse Napoleão de que você gosta tanto, Maluquinho?”.

(O Menino Maluquinho,
de Ziraldo)

“Quem foi esse Napoleão de que você gosta tanto, Maluquinho?”

pronome interrogativo
interrogação direta

Gostaria de saber quem foi Napoleão.


pronome interrogativo

Pronome interrogativo é aquele que introduz uma frase interrogativa.

Os principais pronomes interrogativos são:

qual, quais
quanto, quanta, quantos, quantas Variáveis

Invariáveis
quem que

O único pronome interrogativo que normalmente substitui o substantivo é


quem: ele é, então, um pronome substantivo. Os outros geralmente
acompanham o substantivo e são, então, pronomes adjetivos. Veja o emprego
de alguns pronomes interrogativos nas frases a seguir:

“Quem me compra um jardim com flores?”

“ — Minha nossa! Que dia é amanhã?”

“ — Quantos mortos? — Fora os tripulantes dos aviões que se chocaram,


nenhum.”

“ — E qual a explicação? — perguntei.”


Pronomes relativos

Os pronomes relativos representam um nome, já citado anteriormente, com o


qual se relacionam. Observe:

(Cecília Meireles)
pronome interrogativo substantivo
(Luiz Puntel)
pronome interrogativo adjetivo
(Carlos Drummond de Andrade)
pronome interrogativo adjetivo
(Francisco Marins)
pronome interrogativo adjetivo
(Calvin, de Bill Watterson)

A palavra que, no 1º quadro, representa o substantivo coisa, com o qual se


relaciona. O que é, então, um pronome relativo, e pode ser substituído, na
frase, por o qual.

Pronome relativo é aquele que representa um nome, já citado, e com o qual se


relaciona.

Os principais pronomes relativos são:

Variáveis

o qual, a qual, os quais, as quais cujo, cuja, cujos, cujas


quanto, quanta, quantos, quantas

Invariáveis
que quem
onde

Veja o uso de alguns pronomes relativos.

Foi tudo ilusão passageira que a brisa primeira levou.


(Chico Buarque)

Oh, esse coqueiro que dá coco,


onde amarro a minha rede
nas noites claras de luar.
Oh, essas fontes murmurantes
onde eu mato a minha sede
onde a lua vem brincar.
(Ary Barroso)

O pronome relativo sempre representa outro nome que já foi mencionado


antes. Como ele serve para substituir esse nome, evita repetições
desnecessárias no texto. Veja o exemplo:

Ontem, fui ao parque. Gosto muito do parque.

Podemos unir essas duas frases, usando o pronome relativo sem precisar
repetir a palavra parque. Assim:

Ontem, fui ao parque de que gosto muito.

Relação entre pronomes

Você já sabe que os pronomes se relacionam com as pessoas do discurso.


Observe o quadrinho ao lado.
O menino é o personagem que fala, ou seja, é a 1ª pessoa do discurso, e usa
pronomes que têm relação com essa pessoa: eu e me. Vamos mudar o texto,
usando outras pessoas do discurso:

Ela sabia que você não ia decepcioná-la, tio!

3ª pessoa 3ª pessoa

Nós sabíamos que você não ia nos decepcionar, tio!

1ª pessoa 1ª pessoa0
(Piteco, de Mauricio de Sousa)
Assim, num texto, devemos usar pronomes que se relacionam sempre com as
mesmas pessoas do discurso, tomando cuidado para não “misturar” os
pronomes. Veja um exemplo de uso indevido de pronomes:

Você é tão linda


eu te amo!

O mais adequado, nessa frase, seria:

Tu és tão linda!
eu te amo!

ou
Você é tão linda
eu a amo!

Veja outros exemplos da relação correta entre pronomes:

“Tão bem te conheço, meu irmão; no entanto


Quem és, amigo, tu que inventaste a angústia
E abrigaste em ti todo o patético?”
(Vinicius de Moraes)

Exercícios

1 Identifique os pronomes dos textos e classifique-os.

a) “Na minha rua há um menininho doente.


Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.”
(Mário Quintana)

b)

minha (possessivo); outros (indefinido); ele (pessoal)

que (interrogativo); tudo, alguma, nada (indefinido)

(Mafalda, de Quino)

c)
(Snoopy, de Schulz)
eles (pessoal); outro (indefinido); suas (possessivo)
(Revista Terra)
algumas (indefinido); que (relativo)
d)

2 Monte uma tabela, separando os pronomes das frases a seguir


em pronomes substantivos e adjetivos:

Pronomes substantivos
Pronomes adjetivos

a) Você já sabe qual é o meu problema.


b) Minha casa é aquela.
c) Morreram algumas plantas do meu jardim e as que
sobraram estão sendo por mim replantadas.
d)
Substantivos: você, qual, aquela, mim, isso, eu, ele.
Adjetivos: meu, minha, algumas, meu, este.
(Garfield, de Jim Davis)

3 Copie as frases, completando-as com os pronomes demonstrativos:


aquela, essa, esta, mesmo, aquilo, próprio.

a) .... revista que você está lendo é interessante?


d) Veja .... lá! Parece um disco voador!
b) Sim, .... revista é ótima.
e) Foi ele .... quem recebeu o recado.
c) É .... que você leu ontem?
f) Ernesto viajou em seu .... carro.

4 Retome a frase e do exercício 3. Há uma particularidade com relação ao


pronome demonstrativo que você usou para completá-la. Explique.

Há outra frase, no exercício 3, cujo pronome apresenta a mesma


característica. Qual é essa frase?

5 Copie as frases, completando-as com os pronomes indefinidos:


ninguém, alguns, toda, tudo, qualquer.

a) .... pessoa do bairro sabe disso.


d) A família .... espera ansiosa por notícias.
b) .... sairá bem, não se preocupe.
e) Não costumo maltratar .... .
c) Tenho .... parentes em Salvador.

esta aquela aquilo mesmo próprio Essa


O pronome mesmo é chamado de pronome demonstrativo de identidade
porque, neste caso, tem o sentido de em pessoa.Ernesto viajou em seu próprio
carro.
Qualquer
Tudo
toda
ninguém

6 Classifique os pronomes indefinidos do exercício 5 em variáveis e


invariáveis.

7 Reescreva a frase a seguir, substituindo os pronomes indefinidos por


outros que pertençam à mesma classificação:

Resposta pessoal• variáveis: qualquer, alguns, toda


• invariáveis: tudo, ninguém.

Você acaba de ganhar algumas


milhas de vantagem sobre
outros calçados.
(Revista Superinteressante)

8 Escreva:

a) uma frase com o pronome indefinido nenhum em que ele


seja pronome adjetivo;
b) uma frase com o pronome indefinido outra em que ele seja
pronome substantivo.

9 Copie as frases, completando-as com os pronomes interrogativos:


quem, qual, quantos, que, quanta:

a) .... alunos foram aprovados?


b) .... foi o resultado do jogo?
c) Com .... você está falando?
d) Você reparou .... gente estava presente no comício!?
e) O .... houve?

10 Escolha duas frases do exercício anterior e construa


interrogativas indiretas a partir delas.

11 Copie as frases, completando-as com os pronomes relativos: que,


cujo, onde, quem, quais:

a) A rua .... moro é arborizada.


b) Qual é o pronome .... emprego você acha mais difícil?
c) Adorei o relógio .... vi na vitrina.
d) Não sei o motivo por .... ele se aborreceu.
e) O homem, a .... tanto amei, voltou.
f) Estes são os funcionários com os .... posso contar sempre.

12 Transcreva as palavras das frases a seguir que se referem ao


pronome relativo destacado.

a) “Eu sou um desses estranhos animais que têm por habitat


o Rio de Janeiro.”
b) “Todos aprovaram, menos o Milanês, que, pelo jeito, queria
ser síndico também.”
c) “Teu nome, Maria Lúcia
Tem qualquer coisa que afaga.”
d) “São pirilampos ariscos
que acendem pisca-piscando.”
e) “Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.”
f) “Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta
a jandaia nas frondes da carnaúba (...)”

13 Reescreva as frases utilizando pronomes relativos para evitar


repetição. Veja o modelo:
Resposta pessoalResposta pessoalQuantosQualquemquantaqueResposta
pessoalondecujoquequequais(Rubem Braga)estranhos animais(Fernando
Sabino)(Vinicius de Moraes)qualquer coisa(Henriqueta Lisboa)pirilampos
ariscos(Cecília Meireles)um burrinho manso(José de Alencar)terra natalo
Milanêsquem

O tempo é um fio; o tempo escapa por entre os dedos.


O tempo é um fio que escapa por entre os dedos.

\
a) O menino descalço não olha o chão; pisa no chão.
b) E acreditam nas flores; as flores vencem o canhão.
c) Mas de repente a menina
deixa cair sua bola,
a bola desce pelo barranco,
e para o riacho rola.
d) Era alguém; alguém queria falar ao meu amigo.

O menino descalço não olha o chão onde pisa. (que pisa)“E acreditam nas
flores que vencem o canhão.” (adap. Geraldo Vandré)“... sua bola, que desce
...” (Ruth Rocha)“Era alguém que queria falar ao meu amigo.” (Rubem Braga)

14 Faça como no modelo:

Esta caneta pertence-lhe. = Esta caneta é sua.

a) O livro pertence-te.
d) O casaco pertence-me.
b) Os relógios pertencem-nos. e)
Aqueles objetos pertencem-lhe.
c) As flores vos pertencem.

15 Substitua as expressões em destaque pelo pronome oblíquo


adequado, fazendo as alterações necessárias.

a) “Olhou para fora, através da janela, mas não pôde suportar


o clarão do sol.”
b) “Revista aquele quarto...”
c) “Os meninos resmungavam queixas.”
d) “Não era tanta a política que os fizesse esquecer Flora.”
e) “Não percebeu Lemos esse profundo constrangimento.”
f) “Era ela mesma a propor os assuntos mais salgados.”
16 Leia o texto a seguir e resolva as questões:

é teusão nossossão vossasé meusão seus(Érico Veríssimo)suportá-lo(Manuel


Antônio de Almeida)Revista-o(Bernardo Guimarães)resmungavam-
nas(Machado de Assis)esquecê-la(José de Alencar)Não o percebeu
Lemos.(Mário de Andrade)propô-los

PARA QUEM VAI COMPRAR ALGUMA COISA,


ISTO É TÃO IMPORTANTE COMO DINHEIRO.(Revista IstoÉ)

a) Classifique os pronomes que aparecem no texto.


b) Quais são os pronomes adjetivos e quais são os pronomes
substantivos?
c) A que pessoa do discurso se refere o pronome isto?

17 Retire dos quadrinhos a seguir:

a) dois pronomes indefinidos; c)


um pronome pessoal do caso reto e um do caso oblíquo.
b) um pronome de tratamento;

quem (interrogativo), alguma (indefinido), isto (demonstrativo)Substantivos:


quem, isto. Adjetivo: alguma.À 1ª pessoa.todo, outrovocêeles, mim

(Recruta Zero, de Mort Walker)

18 Observe os quadrinhos:

(O Menino Maluquinho, de Ziraldo)

a) “Eu trouxe mais tomates pra gente fazer os efeitos


especiais!”
b) “Mas que monte de gente é essa?”

Há uma diferença com relação ao uso da palavra gente. Explique.

No primeiro caso, a palavra gente substitui o pronome nós, levando o verbo


para a 3ª pessoa. No segundo caso, é sinônimo de pessoas.

Capítulo 13
VERBO

Conceito

Leia o texto a seguir:

Naquela noite de lua cheia estavam acocorados os vizinhos na sala pequena


de Alexandre: seu Libório, cantador de emboladas, o cego preto Firmino e
Mestre Gaudêncio curandeiro, que rezava contra mordedura de cobras. Das
Dores, benzedeira de quebranto e afilhada do casal, agachava-se na esteira
cochichando com Cesária.
— Vou contar aos senhores... principiou Alexandre amarrando o cigarro de
palha.
Os amigos abriram os ouvidos e Das Dores interrompeu o cochicho:
— Conte, meu padrinho.
Alexandre acendeu o cigarro ao candeeiro de folha, escanchou-se na rede e
perguntou:
— Os senhores já sabem porque é que eu tenho um olho torto?
Mestre Gaudêncio respondeu que não sabia e acomodou-se num cepo que
servia de cadeira.
— Pois eu digo, continuou Alexandre. Mas talvez nem possa escorrer tudo
hoje, porque essa história nasce de outra, e é preciso encaixar as coisas
direito. Querem ouvir? Se não querem, sejam francos: não gosto de cacetear
ninguém.
(Graciliano Ramos)

No texto, as palavras rezava e acendeu exprimem ações que alguém realiza.


Essas palavras são chamadas verbos.
Além de ações, os verbos podem também expressar estado, mudança de
estado e fenômenos naturais.
Observe os exemplos a seguir:

“Vou contar aos senhores...”

A lua cheia brilhou quando anoiteceu.

açãofenômeno
da naturezaação
A lua cheia brilhou quando anoiteceu.

estadoOs vizinhos estavam acocorados.

Alexandre contava porque seu olho se tornara torto.


mudança
de estadoação

Verbo é a palavra que indica ação, estado, mudança de estado, fenômeno da


natureza, acontecimento, desejo etc.

Veja outros exemplos:

Vá até a agência,
efetue o pagamento
e retire sua encomenda


efetue
retire

ações

(Folheto publicitário)

Os canários são ótimos cantores.

A fome virou manchete de jornal.

estadomudança de estado

açãofenômeno
da naturezaVentava muito, quando saí.

Flexão do verbo

O verbo varia em pessoa, número, tempo, modo e voz. Observe as formas


verbais destacadas no texto a seguir:

As duas velhinhas

Duas velhinhas muito bonitas,


Mariana e Marina,
estão sentadas na varanda:
Marina e Mariana.
Elas usam batas de fitas,
Marina e Mariana.
E penteados de tranças:
Marina e Mariana.
Tomam chocolate, as velhinhas,
Mariana e Marina.
Em xícaras de porcelana:
Mariana e Marina.
Uma diz: “Como a tarde é linda,
não é, Mariana?”

A outra diz: “Como as ondas dançam,


não é, Marina?”
“Ontem, eu era pequenina”,
diz Mariana.
“Ontem, nós éramos crianças”,
diz Marina.
E levam à boca as xicrinhas,
Mariana e Marina,
as xicrinhas de porcelana:
Marina e Mariana.
Tomam chocolate, as velhinhas,
Marina e Mariana.
E falam de suas lembranças,
Mariana e Marina.
(Cecília Meireles)

Verbos que expressam açõestomam


falam

pessoa
número
tempo
modo
vozFlexões

• referem-se à 3ª pessoa do discurso (elas)


• estão no plural
• as ações ocorrem no presente
• expressam um fato real
• as ações são praticadas por alguém

Vamos ver, a seguir, como ocorrem cada uma dessas flexões do verbo.

Pessoa e número
O verbo sofre flexão de acordo com a pessoa do discurso a que se refere,
apresentando formas no singular e no plural. Veja:

1ª pessoa do
discurso
(singular)
“Ontem, eu era pequenina”, diz Mariana.1ª pessoa do singular

“Ontem, nós éramos crianças”, diz Marina.1ª pessoa do


discurso
(plural)
1ª pessoa do plural

Tu tomas chocolate.2ª pessoa do


discurso
(singular)
2ª pessoa do singular

Vós falais do vosso passado.2ª pessoa do


discurso
(plural)
2ª pessoa do plural

Ele toma chocolate. 3ª pessoa do


discurso
(singular)
3ª pessoa do singular

Elas falam de seus passados.3ª pessoa do


discurso
(plural)
3ª pessoa do plural

Modo

Há, em português, três modos de a pessoa que fala expressar um fato: o modo
indicativo, o subjuntivo e o imperativo. Assim, a flexão do modo verbal indica a
maneira e a circunstância em que o fato é narrado.
Observe o poema abaixo:

José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José? (...)

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...

Mas você não morre,


você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

(Carlos Drummond de Andrade)

1 Modo indicativo

— a pessoa que fala narra o fato como certo e definitivo.

“A festa acabou o povo sumiu


a luz apagou a noite esfriou”

2 Modo subjuntivo

— a pessoa que fala exprime um fato de modo duvidoso e incerto.

“Se você gritasse, se você dormisse,


se você gemesse, se você cansasse,
se você tocasse se você morresse...”
a valsa vienense,

3 Modo imperativo

— a pessoa que fala expressa pedido, ordem ou desejo.

(Revista Galileu)

Tempo

O tempo do verbo indica o momento em que ocorre o fato expresso pelo verbo.
Os tempos fundamentais do verbo são três: presente, pretérito (passado) e
futuro.
Observe as formas verbais destacadas no texto a seguir:

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada


Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada (...)

E como farei ginástica


Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água

Pra me contar as histórias


Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada (...)
(Manuel Bandeira)

presente pretérito futuro

Tempos do modo indicativo

1 Presente

Indica um fato que ocorre no momento em que se fala. Veja:

“Na água parada


O peixe não faz
Nada.
Nada nada nada.”

O presente do indicativo também é usado para expressar um fato que ocorre


sempre. Veja:

tem
vivem
agüento
presente

(Mônica, de Mauricio de Sousa)

2 Pretérito

Exprime um fato que ocorreu antes do momento em que se fala.

“O vovô dormiu
O papai faz psiu
A vovó dormiu.”

O pretérito do modo indicativo pode ser perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito.

• Pretérito perfeito — indica um fato que aconteceu completamente no


passado.

O homem desceu na Lua em 1969.

Ele foi reprovado no


primeiro vestibular.
Einstein, autor da Teoria
da Relatividade, foi o
cientista mais importante
de nossa época.

• Pretérito imperfeito — expressa um fato que começou a ocorrer no


passado, mas que ainda não está terminado, ou é usado para indicar uma ação
passada habitual.

Eu não gostava de sair com meu primo, pois ele tinha as pernas compridas,
dava passos largos. Eu sempre ficava para trás.

• Pretérito mais-que-perfeito — expressa um fato ocorrido no passado


antes de outro também ocorrido no passado. Veja:

Marina já tomara seu chocolate quando Mariana chegou.


Observe que, nessa frase, há duas ações ocorridas no passado, sendo que
tomar chocolate aconteceu antes de chegar.

3 Futuro

Exprime um fato que ainda não aconteceu no momento em que se fala. Esse
tempo verbal está subdividido em dois: futuro do presente e futuro do pretérito.

• Futuro do presente — exprime um fato que irá acontecer com certeza.


Veja os exemplos:

“Como proprietário de automóvel, você ainda terá relações com outras


pessoas.”

(Revista Globo Ciência)

• Futuro do pretérito — expressa um fato que pode ou não acontecer,


visto que está relacionado com um outro fato passado.

Se o cometa Shoemaker caísse sobre a Terra, causaria muitos estragos.

Eu faria qualquer coisa por você, desde que não desse trabalho.

passado futuro do pretérito passado futuro do pretérito

Tempos do modo subjuntivo

Os tempos do modo subjuntivo são três: presente, pretérito imperfeito e futuro.


Vale lembrar que a principal característica do modo subjuntivo é o aspecto da
dúvida e da incerteza, transmitido pelas formas de seus tempos verbais.

1 Presente

Expressa uma ação que provavelmente irá realizar-se.

É preciso que você venha imediatamente.


Desejamos que eles saiam imediatamente.

Espero que ele conheça o caminho.


2 Pretérito imperfeito

Expressa uma ação que deveria ter ocorrido no passado.

Se eu raciocinasse, teria acertado a questão.

Veja outro exemplo:

(O Estado de S. Paulo)

3 Futuro

Expressa um fato que poderá ocorrer no futuro.

Quando viajarmos, iremos visitá-la.

Veja outros exemplos:

“Se você quiser, compre um carro; é um


conforto admirável.”
“Quem souber de um burrinho desses...”
Quem tiver sugestões, faça-as.

Formas nominais

Além dos modos e dos tempos, existem as formas nominais que expressam o
fato de modo vago e impreciso. São três: o infinitivo, o gerúndio e o particípio.
Recebem o nome de formas nominais porque exercem a função de nomes:
substantivo, adjetivo e advérbio.

1 Infinitivo

Essa forma nominal pode ser:

• impessoal — é o nome do verbo:

escrever saber aplicar


aprender ir sair

• pessoal — é o infinitivo impessoal relacionado às pessoas do discurso:

“Te perdôo
Por fazeres mil perguntas (...)
Por pedires perdão
Por me amares demais”
2 Gerúndio

(Paulo Mendes Campos)


(Cecília Meireles)
(Mafalda, de Quino)

(Revista Superinteressante)
Você não vai querer
sair de casa.

(Revista Veja) (Chico Buarque)infinitivo pessoal relacionado à 2ª pessoa do


singular (tu)

3 Particípio

Plástico biodegradável é quebrado por bactéria

(Revista Superinteressante)

Essas formas são usadas para construir os tempos compostos do verbo.


Observe o diálogo:

— A que horas vamos sair?

infinitivotempo compostoparticípio

tempo composto— Quando o trabalho estiver terminado. Por quê?

gerúndiotempo composto— Eu estou querendo sair logo.

Voz

As vozes verbais indicam a maneira como o sujeito se relaciona com o verbo.


São três as vozes do verbo: ativa, passiva e reflexiva.

Voz ativa
O verbo está na voz ativa quando expressa um fato praticado pelo sujeito:

Os alunos apresentaram os trabalhos.

sujeito ação praticada pelo sujeito

Voz passiva

A voz passiva indica que o sujeito sofreu ou foi o receptor da ação expressa
pelo verbo. Veja:

Os trabalhos foram apresentados pelos alunos.

A voz passiva pode ser:

1 Analítica

Formada, geralmente, pelos verbos ser ou estar mais o particípio de um verbo


principal:

O livro está analisado por nós.

ação que o sujeito sofreu sujeito verbo estar particípio do verbo analisar

O Louvre foi reformado pelos franceses.verbo serparticípio do verbo reformar

À PROCURA DE NOVOS MUNDOS


Astrônomos e astrofísicos vasculham a Via Láctea com
supertelescópios em busca de outros sistemas solares.
Até hoje não foi encontrado nenhum planeta como nosso.(Revista
Superinteressante)

2 Sintética

Formada pelo pronome se mais o verbo na 3ª pessoa concordando em número


(singular ou plural) com a pessoa gramatical a que se refere:

Vende-se carro novo.


Vendem-se carros novos.

Essas frases podem ser construídas também na passiva analítica. Veja:

Carro novo é vendido. Carros novos são vendidos.

Outro exemplo:

3ª pessoa
do singular pronomesingular3ª pessoa
do pluralpronomeplural

(Revista Superinteressante)LIMPAM-SE TÊNIS


O Ten Seconds limpa tênis de couro em dez segundos: aplica-se com o próprio
bico, que tem uma escovinha, e depois passa-se um pano úmido.

(Garfield, de Jim Davis)se consegue — passiva sintética


é conseguido — passiva analítica

Voz reflexiva

A voz reflexiva indica que o sujeito pratica e sofre a ação do verbo, ao mesmo
tempo. Veja o exemplo:

O menino feriu-se.

Observe que se pode perguntar: O menino feriu quem? A resposta seria: a si


mesmo. Então, o sujeito (= o menino) pratica e, ao mesmo tempo, recebe a
ação.

Marina olhou-se no espelho.

Para formar a voz reflexiva, combina-se um verbo na voz ativa com um


pronome oblíquo átono da mesma pessoa do sujeito. Veja:

Para formar a voz reflexiva, combina-se um verbo na voz ativa com um


pronome oblíquo átono da mesma pessoa do sujeito. Veja:
verbo na
voz ativapronome pessoal
oblíquo átono Vesti-me rapidamente.
1ª pessoa
do singular
1ª pessoa
do singular

Viramo-nos para trás, abanando as mãos.


verbo na
voz ativapronome pessoal
oblíquo átono 1ª pessoa
do plural
1ª pessoa
do plural

A voz reflexiva pode também dar idéia de reciprocidade:

Os dois candidatos cumprimentaram-se antes da eleição.

O verbo empregado na voz reflexiva é chamado de pronominal.

sujeito

Elementos do verbo

Você já viu, no capítulo sobre Estrutura das palavras, que existem elementos
mórficos que se combinam para formar a palavra.
O verbo, em sua estrutura, apresenta três elementos mórficos: o radical, a
vogal temática e as desinências. Vamos estudá-los agora, separadamente.

Radical

O radical é a base do significado do verbo. Observe as flexões de namorar.

namor ei
namor amos
namor ávamos

radical
Para se obter o radical, basta isolar as terminações -ar, -er e -ir do verbo no
infinitivo. Veja:

estudar
escrever
sorrir Verbo no infinitivo

estud-
escrev-
sorr-Radical

-ar
-er
-irTerminação

Vogal temática

A vogal temática é a vogal que se junta ao radical e que identifica a conjugação


a que o verbo pertence. Veja:

estudar
escrever
sorrir Verbo

estud-
escrev-
sorr-Radical

a
e
iVogal temática

Conjugação


Observação:
Antigamente, o verbo pôr (e seus derivados, como compor, dispor, repor
etc.) possuía outra forma. Ele era escrito poer e apresentava a vogal temática
e, pertencendo, por isso, à 2ª conjugação. Com o tempo, passou-se a escrevê-
lo simplesmente pôr, sem o e, mas ele continua, até hoje, a ser classificado na
2ª conjugação.

Ao conjunto do radical mais a vogal temática, dá-se o nome de tema. Veja:

estudar
escrever
sorrir Verbo

estud-
escrev-
sorr-Radical
Tema
a
e
i Vogal temática

r
r
r

Desinências

As desinências são os elementos mórficos que se acrescentam ao radical ou


tema para indicar as flexões de pessoa, número, tempo e modo. Assim, elas
podem ser de dois tipos:

• número-pessoais: quando indicam flexão de número e pessoa;


• modo-temporais: quando indicam flexão de modo e tempo.

Veja:

estudávamos
escreveríamos
sorrissem

Radical

estud-
escrev-
sorr-
Vogal
temática

á
e
i

Modo-temporais

-va
-ría
-sse

Números-pessoais

-mos
-mos
-m

Conjugação verbal

Conjugar um verbo consiste em dar a ele as flexões de pessoa, número, tempo


e modo. Observe:

(Revista Globo Ciência)

ACORDAR ALONGAR EXERCITAR

Os três verbos — acordar, alongar, exercitar — não estão flexionados, ou seja,


não estão conjugados. Agora, veja as frases a seguir:

Eles acordaram cedo e começaram a exercitar-se.


Quando ele acordar, exercitará os músculos.

acorda ra m começa ra m exercita rá

temadesinência
modo-temporaldesinência
número-pessoal
temadesinência
modo-temporaldesinência
número-pessoal

temadesinência
modo-temporal

São as desinências que indicam as flexões do verbo. Então, as três formas


verbais acordaram, começaram e exercitará estão conjugadas.

Conjugação é o conjunto de formas verbais correspondentes às flexões do


verbo.

Veja os exemplos de conjugação, em três tempos verbais:

começar escrever dividir

eu
tu
ele
nós
vós
eles

Presente do
indicativo

começo começas
começa
começamos
começais
começam

eu
tu
ele
nós
vós
eles

Pretérito imperfeito
do indicativo
escrevia escrevias
escrevia
escrevíamos
escrevíeis
escreviam

quando eu
quando tu
quando ele
quando nós
quando vós
quando eles

Futuro do
subjuntivo

dividir
dividires
dividir
dividirmos
dividirdes
dividirem

São três as conjugações do verbo:

• 1ª conjugação — todos os verbos terminados em -ar:

perdoar jurar bagunçar encantar


amar corar piar louvar

• 2ª conjugação — todos os verbos terminados em -er e também o verbo


pôr e seus derivados:

corroer doer moer compor


perder torcer comer transpor

• 3ª conjugação — todos os verbos terminados em -ir:

construir ferir pedir latir


sorrir sentir dividir medir

Classificação dos verbos


Os verbos classificam-se em regulares, irregulares, auxiliares, anômalos,
defectivos e abundantes.

Regulares

Os verbos regulares são aqueles que seguem um modelo de conjugação. Eles


não apresentam nenhuma variação nas terminações (desinências) nem no
radical. Veja os exemplos:

cant o cant o
cant arei dev o
cant ava part o
cant asse

Veja outros exemplos de verbos regulares:

“Eu tomo uma coca-cola


ela pensa em casamento
uma canção me consola.”
(Caetano Veloso)

eu

o radical é sempre o mesmo, qualquer que seja o tempo em que o verbo


regular está conjugado

eu

a desinência número-pessoal é sempre a mesma para qualquer verbo regular


conjugado nesse tempo verbal

Irregulares

Os verbos irregulares são aqueles que se afastam do modelo de sua


conjugação. Eles sofrem alterações no radical ou nas terminações. Veja os
exemplos:

eu

faç o
fiz
far ei
fiz esse

o radical se altera quando o verbo é irregular

eu
faç o
d ou
pass eio

num mesmo tempo verbal podem aparecer várias desinências se os verbos


forem irregulares

Veja outros exemplos de verbos irregulares:

“A roda da saia, a mulata


não quer mais rodar, não senhor,
não posso fazer serenata
a roda de samba acabou.”
(Chico Buarque)

quer
quis

a mulata não

eu não

posso
pude
podia
pudesse

Auxiliares

São auxiliares os verbos que acompanham outro, chamado principal, para


expressar uma única ação verbal. Veja:

Quem vai sair com toda essa chuva?

dois verbos = uma ação = sairá

Nessa frase, a expressão vai sair pode ser substituída por sairá. Então, temos:

vai sair

verbo
auxiliarverbo
principal

Os verbos auxiliares são usados também para formar alguns tempos verbais,
chamados tempos compostos. Observe a frase:

Se eu tivesse saído, teria me molhado todo.

verbo principalverbo auxiliartempo composto

Os principais verbos auxiliares são ser, estar, ter e haver. Veja os exemplos:

Os políticos haviam feito muitas promessas.


Os eleitores estavam acreditando em todas elas.

Os principais verbos auxiliares são ser, estar, ter e haver. Veja os exemplos:

Os políticos haviam feito muitas promessas.


Os eleitores estavam acreditando em todas elas.

O conjunto formado por um verbo auxiliar mais um verbo principal é chamado


locução verbal. Observe a ocorrência de algumas locuções verbais nas frases
a seguir:

Tenho estudado muito. “Nem bombeiro pode apagar


Eles haviam saído mais cedo. o beijo que eu dei nela assim.”
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
(Jornal da Tarde)

Anômalos

Os verbos anômalos são aqueles que apresentam profundas irregularidades na


sua conjugação, com radicais bem diferentes. Em português, há dois verbos
anômalos: ser e ir.
Veja os exemplos com o verbo ser:

eu

sou
fui
era
seria
fosse

nós

somos
fomos
éramos
seríamos
fôssemos

Outros exemplos, agora com o verbo ir:

“Caminhando contra o vento


sem lenço sem documento
no sol de quase dezembro
eu vou.”
(Caetano Veloso)

Vá à Copa
(Revista Veja)

eu

vou
fui
irei
ia
fosse

nós

vamos
fomos
iremos
íamos
fôssemos

Defectivos

Os verbos defectivos são aqueles que não se apresentam conjugados em


todas as formas ou em todos os tempos. Veja o verbo colorir, no tempo
presente do indicativo:

eu —
tu colores
ele colore
nós colorimos
vós coloris
eles colorem

Nesse tempo verbal, colorir não apresenta a 1ª pessoa do singular: não existe
a forma eu coloro. Quando for necessário usar o verbo nessa pessoa, pode-se
substituir essa forma inexistente por outra de sentido equivalente. Por exemplo:

Eu estou colorindo alguns desenhos.


Eu estou pintando esses desenhos.

Outros exemplos de verbos defectivos são: reaver, falir, demolir, caber, poder.

Abundantes

Ao contrário dos defectivos, os verbos abundantes são aqueles que


apresentam duas formas para a mesma pessoa. Geralmente, isso ocorre no
particípio, que pode ser:

• particípio regular — quase sempre é usado com os verbos auxiliares ter


e haver.
• particípio irregular — quase sempre é usado com os verbos auxiliares
ser e estar.

Veja os exemplos:

Eles têm gastado muito dinheiro à toa. O sapato está gasto devido ao uso.

Observe, na lista a seguir, as formas regulares e irregulares dos particípios de


alguns verbos.

particípio regularparticípio irregular

Infinitivo

aceitar
acender
anexar
benzer
corrigir
dispersar
distinguir
eleger
emergir
encher
entregar
envolver
enxugar
expressar
exprimir
expulsar
extinguir
fixar
fritar

Forma regular

aceitado
acendido
anexado
benzido
corrigido
dispersado
distinguido
elegido
emergido
enchido
entregado
envolvido
enxugado
expressado
exprimido
expulsado
extinguido
fixado
fritado

Forma irregular

aceito
aceso
anexo
bento
correto
disperso
distinto
eleito
emerso
cheio
entregue
envolto
enxuto
expresso
expresso
expulso
extinto
fixo
frito

Infinitivo

ganhar
gastar
imergir
imprimir
incluir
isentar
limpar
matar
morrer
ocultar
omitir
pagar
pegar
prender
salvar
secar
segurar
soltar
suprimir
surpreender
suspender
vagar

Forma regular

ganhado
gastado
imergido
imprimido
incluído
isentado
limpado
matado
morrido
ocultado
omitido
pagado
pegado
prendido
salvado
secado
segurado
soltado
suprimido
surpreendido
suspendido
vagado

Forma irregular

ganho
gasto
imerso
impresso
incluso
isento
limpo
morto
morto
oculto
omisso
pago
pego
preso
salvo
seco
seguro
solto
supresso
surpreso
suspenso
vago

Formação dos tempos e dos modos

Os tempos e os modos verbais podem ser primitivos e derivados.

1 São primitivos aqueles tempos que dão origem a outros. São três:

• presente do indicativo
• pretérito perfeito do indicativo
• infinitivo impessoal

2 São derivados aqueles que têm origem em um dos três tempos


primitivos. São eles:

• no modo indicativo
pretérito imperfeito futuro do presente
pretérito mais-que-perfeito futuro do pretérito

• no modo subjuntivo

presente
pretérito imperfeito
futuro

• no modo imperativo

afirmativo
negativo

• nas formas nominais

infinitivo pessoal
gerúndio
particípio

Veja, a seguir, o quadro dos tempos primitivos e dos tempos que derivam de
cada um deles.

Primitivos

Presente do indicativo

Pretérito perfeito do indicativo

Infinitivo impessoal

Derivados

• pretérito imperfeito do indicativo


• presente do subjuntivo
• imperativo

• pretérito mais-que-perfeito do indicativo


• pretérito imperfeito do subjuntivo
• futuro do subjuntivo

• futuro do presente do indicativo


• futuro do pretérito do indicativo
• infinitivo pessoal
• gerúndio
• particípio
Observe, por exemplo, como se forma o presente do subjuntivo do verbo amar
(1ª conjugação) a partir do presente do indicativo:

• troca-se o o final da 1ª pessoa do presente do indicativo por e:

eu amo que eu ame

• à forma resultante ame acrescentam-se as desinências número-


pessoais para formar as outras pessoas:

Presente do
indicativo

eu
tu
ele
nós
vós
eles

am-o am-a-s
am-a
am-a-mos
am-a-is
am-a-m

Presente do
subjuntivo

Presente do
subjuntivo

am-e am-e-s
am-e
am-e-mos
am-e-is
am-e-m

Veja, agora, como esses dois tempos verbais dão origem ao modo imperativo
afirmativo e ao negativo:
• para formar o imperativo afirmativo, a 2ª pessoa do singular (tu) e a 2ª
pessoa do plural (vós) do presente do indicativo perdem o s; as demais
pessoas são as mesmas do presente do subjuntivo:

Presente do
indicativo

Imperativo
afirmativo

Presente do
Subjuntivo

Singular

1ª pessoa
2ª pessoa
3ª pessoa

amo
amas (-s)
ama


ama
ame

ame
ames
ame

Plural

1ª pessoa
2ª pessoa
3ª pessoa

amamos
amais (-s)
amam

amemos
amai
amem

amemos
ameis
amem
Viaje com
segurança

(Revista Veja)

Observação:
Lembre-se de que o imperativo indica ordem ou pedido. Como não é
possível dar uma ordem ou fazer um pedido a si mesmo, esse modo não
apresenta a 1ª pessoa do singular (eu).

• para formar o imperativo negativo, usam-se as mesmas pessoas do


presente do subjuntivo precedidas do advérbio não:

Presente do
subjuntivo

que eu
que tu
que ele
que nós
que vós
que eles

ame ames
ame
amemos
ameis
amem

Imperativo
negativo
— não ames
não ame
não amemos
não ameis
não amem

tu
você
nós
vós
vocês
Não se matem!

(Revista Veja)

Modelos de conjugação

Verbos regulares

Paradigma da
1ª conjugação

cantar

Paradigma da
2ª conjugação

dever

Paradigma da
3ª conjugação

partir

MODO INDICATIVO

Presente

eu canto
tu cantas
ele canta
nós cantamos
vós cantais
eles cantam

devo
deves
deve
devemos
deveis
devem

parto
partes
parte
partimos
partis
partem

Pretérito imperfeito

eu cantava
tu cantavas
ele cantava
nós cantávamos
vós cantáveis
eles cantavam

devia
devias
devia
devíamos
devíeis
deviam

partia
partias
partia
partíamos
partíeis
partiam

Pretérito perfeito

eu cantei
tu cantaste
ele cantou
nós cantamos
vós cantastes
eles cantaram

devi
deveste
deveu
devemos
devestes
deveram

parti
partiste
partiu
partimos
partistes
partiram
Pretérito perfeito composto

eu tenho cantado
tu tens cantado
ele tem cantado
nós temos cantado
vós tendes cantado
eles têm cantado

tenho devido
tens devido
tem devido
temos devido
tendes devido
têm devido

tenho partido
tens partido
tem partido
temos partido
tendes partido
têm partido

Pretérito mais-que-perfeito

eu cantara
tu cantaras
ele cantara
nós cantáramos
vós cantáreis
eles cantaram

eu cantara
tu cantaras
ele cantara
nós cantáramos
vós cantáreis
eles cantaram

devera
deveras
devera
devêramos
devêreis
deveram

partira
partiras
partira
partíramos
partíreis
partiram

Pretérito mais-que-perfeito composto

eu tinha cantado
tu tinhas cantado
ele tinha cantado
nós tínhamos cantado
vós tínheis cantado
eles tinham cantado

tinha devido
tinhas devido
tinha devido
tínhamos devido
tínheis devido
tinham devido

tinha partido
tinhas partido
tinha partido
tínhamos partido
tínheis partido
tinham partido

Futuro do presente

eu cantarei
tu cantarás
ele cantará
nós cantaremos
vós cantareis
eles cantarão

deverei
deverás
deverá
deveremos
devereis
deverão

partirei
partirás
partirá
partiremos
partireis
partirão

Futuro do presente composto

eu terei cantado
tu terás cantado
ele terá cantado
nós teremos cantado
vós tereis cantado
eles terão cantado

terei devido
terás devido
terá devido
teremos devido
tereis devido
terão devido

terei partido
terás partido
terá partido
teremos partido
tereis partido
terão partido

Futuro do pretérito

eu cantaria
tu cantarias
ele cantaria
nós cantaríamos
vós cantaríeis
eles cantariam
deveria
deverias
deveria
deveríamos
deveríeis
deveriam

partiria
partirias
partiria
partiríamos
partiríeis
partiriam

Futuro do pretérito composto

eu teria cantado
tu terias cantado
ele teria cantado
nós teríamos cantado
vós teríeis cantado
eles teriam cantado \

teria devido
terias devido
teria devido
teríamos devido
teríeis devido
teriam devido

teria partido
terias partido
teria partido
teríamos partido
teríeis partido
teriam partido

MODO SUBJUNTIVO

Presente

que eu cante
que tu cantes
que ele cante
que nós cantemos
que vós canteis
que eles cantem

deva
devas
deva
devamos
devais
devam

parta
partas
parta
partamos
partais
partam

Pretérito imperfeito

se eu cantasse
se tu cantasses
se ele cantasse
se nós cantássemos
se vós cantásseis
se eles cantassem

devesse
devesses
devesse
devêssemos
devêsseis
devessem

partisse
partisses
partisse
partíssemos
partísseis
partissem

Pretérito perfeito

que eu tenha cantado


que tu tenhas cantado
que ele tenha cantado
que nós tenhamos cantado
que vós tenhais cantado
que eles tenham cantado

tenha devido
tenhas devido
tenha devido
tenhamos devido
tenhais devido
tenham devido

tenha partido
tenhas partido
tenha partido
tenhamos partido
tenhais partido
tenham partido

Pretérito mais-que-perfeito

se eu tivesse cantado
se tu tivesses cantado
se ele tivesse cantado
se nós tivéssemos cantado
se vós tivésseis cantado
se eles tivessem cantado

tivesse devido
tivesses devido
tivesse devido
tivéssemos devido
tivésseis devido
tivessem devido

tivesse partido
tivesses partido
tivesse partido
tivéssemos partido
tivésseis partido
tivessem partido

Futuro
quando eu cantar
quando tu cantares
quando ele cantar
quando nós cantarmos
quando vós cantardes
quando eles cantarem

dever
deveres
dever
devermos
deverdes
deverem

partir
partires
partir
partirmos
partirdes
partirem

Futuro composto

quando eu tiver cantado


quando tu tiveres cantado
quando ele tiver cantado
quando nós tivermos cantado
quando vós tiverdes cantado
quando eles tiverem cantado

tiver devido
tiveres devido
tiver devido
tivermos devido
tiverdes devido
tiverem devido

tiver partido
tiveres partido
tiver partido
tivermos partido
tiverdes partido
tiverem partido
MODO IMPERATIVO

Afirmativo

canta tu
cante você
cantemos nós
cantai vós
cantem vocês

deve tu
deva você
devamos nós
devei vós
devam vocês

parte tu
parta você
partamos nós
parti vós
partam vocês

Negativo

não cantes tu
não cante você
não cantemos nós
não canteis vós
não cantem vocês
devas tu
deva você
devamos nós
devais vós
devam vocês

partas tu
parta você
partamos nós
partais vós
partam vocês

FORMAS NOMINAIS
Infinitivo impessoal

cantar dever partir

Infinitivo impessoal composto

ter cantado ter devido ter partido

Infinitivo pessoal
]\
]
cantar
cantares
cantar
cantarmos
cantardes
cantarem

dever
deveres
dever
devermos
deverdes
deverem

partir
partires
partir
partirmos
partirdes
partirem

Infinitivo pessoal composto

ter cantado
teres cantado
ter cantado
termos cantado
terdes cantado
terem cantado

ter devido
teres devido
ter devido
termos devido
terdes devido
terem devido

ter partido
teres partido
ter partido
termos partido
terdes partido
terem partido

Gerúndio

cantando devendo partindo

Gerúndio composto

tendo cantado tendo devido tendo partido

Particípio

cantado devidopartido

Capítulo 14

advérbio

Conceito

Leia os quadrinhos a seguir:

(O Estado de S. Paulo)
Observe a palavra rapidamente. Ela indica o modo como o sargento Tainha
queria que o recruta Zero executasse a ação de levar alguma coisa.
Rapidamente é, portanto, um advérbio, ou seja, uma palavra que modifica o
verbo.
Observe agora a palavra mais na frase a seguir:

“A IMAGINAÇÃO É MAIS IMPORTANTE QUE O CONHECIMENTO” (Einstein)

A palavra mais também é um advérbio, pois modifica o adjetivo importante,


conferindo-lhe maior intensidade.
Agora, veja como aparece o advérbio mais nas frases a seguir:

NOVO HILUX SW4 V6.


MOTOR MUITO MAIS POTENTE.
ACABAMENTO MUITO MAIS LUXUOSO.

(Revista Veja)

Nessas frases, os adjetivos potente e luxuoso estão sendo modificados pelo


advérbio mais que, por sua vez, também é intensificado pela palavra muito.
Assim, os adjetivos receberam intensidade ainda maior, e a palavra muito,
modificadora de mais, também é um advérbio nessas frases.

Advérbio é a palavra que modifica o sentido do verbo, do adjetivo ou do próprio


advérbio, exprimindo uma circunstância.

Observe a letra da música de Vinicius de Moraes e veja outros exemplos de


advérbios e as circunstâncias que eles indicam:

O relógio

Passa, tempo, tic-tac


Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
advérbio
que indica
intensidade

advérbio
que indica
negação

advérbio
que indica
intensidade

advérbio
que indica
modo

Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

advérbio que indica


circunstância de tempo

Classificação dos advérbios

Os advérbios são classificados de acordo com a circunstância que indicam.


Assim, por exemplo, o advérbio não indica negação e por isso ele é
classificado como advérbio de negação. Veja, a seguir, o quadro de
classificação dos advérbios mais comuns:

Circunstância

advérbios

Tempo

ontem, hoje, amanhã, já, agora, logo, cedo, tarde, outrora, breve, nunca,
sempre, jamais

Lugar
aqui, lá, ali, acolá, abaixo, acima, perto, longe, distante, além, aquém, adiante,
atrás, fora, dentro

Modo

bem, mal, devagar, depressa, assim, melhor, pior, e quase todos os terminados
em -mente: educadamente, raramente, comumente

Intensidade

muito, pouco, bastante, assaz, mais, menos, tão, demais, demasiado, quão,
quanto, tanto

Dúvida

talvez, porventura, acaso, quiçá, provavelmente

Afirmação

sim, certamente, realmente, deveras, indubitavelmente

Negação

não, nunca, jamais, tampouco

Advérbios interrogativos

São advérbios interrogativos aqueles empregados em interrogativas diretas e


indiretas. Esses advérbios também expressam circunstâncias que podem ser:

• de lugar: onde, aonde, de onde • de modo: como


• de tempo: quando • de
causa: por que

Veja alguns exemplos de uso desses advérbios em frases interrogativas diretas


e indiretas:

diretas

Onde você está?


De onde você está chegando?
Quando você voltará?
Como você chegou até lá?
Por que estás triste?
indiretas

Não sei aonde vais.


Diga-me de onde vens.
Ninguém sabe quando ele voltará.
Não sei como você chegou até lá.
Quero saber por que estás triste.

Locução adverbial

Quando um conjunto de palavras é usado com a mesma função de um


advérbio e indica uma circunstância, ele é chamado de locução adverbial.
Leia o texto:

Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto


Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento


Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente


Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo, distante


Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
(Vinicius de Moraes)

No primeiro verso, de repente está modificando o verbo fazer e indica uma


circunstância de modo. Trata-se de uma locução adverbial e poderia ser
substituída pelo advérbio repentinamente, por exemplo. A mesma coisa
acontece em outros versos do poema.

Locução adverbial é o conjunto de palavras que tem o mesmo valor de um


advérbio.
Veja, a seguir, algumas das locuções adverbiais mais comuns:

com certeza
sem dúvida
à direita
à esquerda
à distância
ao lado
de longe
de perto

às vezes
à toa à noite
de repente
em breve
de modo algum
à vontade
a pé

Flexão dos advérbios

Embora o advérbio pertença à classe de palavras invariáveis, alguns deles


apresentam flexão de grau. O advérbio pode flexionar-se, então, no grau
comparativo e no superlativo.
O grau comparativo pode ser:

• de igualdade:

Ele me cumprimentou tão alegremente quanto você.

• de superioridade:

Ele me cumprimentou mais alegremente que você.

• de inferioridade:

Ele me cumprimentou menos alegremente que você.

Observações:
1. Melhor e pior são formas sintéticas do comparativo de superioridade de
bem e mal.
2. Usa-se mais bem e mais mal apenas antes de adjetivos particípios:
É um dos trabalhos mais bem cuidados que conheço.
O seu plano foi um dos mais mal elaborados de que tenho notícia.

O grau superlativo pode ser:

• sintético:

Ele me cumprimentou alegrissimamente.

• analítico:

Ele me cumprimentou muito alegremente.

Na linguagem familiar, alguns advérbios assumem forma diminutiva, com os


sufixos -inho, -inha, -zinho:

De sua casa até aqui é longinho.


Vamos almoçar agorinha mesmo.
Já estou bem melhorzinho.

Exercícios

1 Identifique, nos textos a seguir, se o advérbio modifica um verbo,


um adjetivo ou um advérbio.

a)

b)

SEU DINHEIRO JÁ ESTÁ BEM CRESCIDINHO


PRA ACREDITAR EM PAPAI NOEL.

bem: modifica um adjetivo (crescidinho); já: modifica o verbo estar.


(Revista IstoÉ)

Já que o tempo não pára, que pelo


menos ele passe mais elegantemente.

elegantemente: modifica o verbo passar; mais: modifica o advérbio


elegantemente; não: modifica o verbo parar.

(Revista Veja)
c) “O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a sentir que é dor
A dor que deveras sente.”
d) “Com a Vale, Sergipe está muito mais avançado em transporte.
2 400 metros, para ser mais exato.”
e) “Uma promoção tão boa que você vai assinar embaixo.”

2 Classifique os advérbios do exercício 1.

3 Escreva três frases em que um advérbio modifique:

a) um adjetivo;
b) um verbo;
c) um advérbio.

tão: modifica o advérbio completamente; completamente: modifica o verbo


fingir; deveras: modifica o verbo sentir.

(Fernando Pessoa)

d) mais: modifica os adjetivos avançado e exato; muito: modifica o advérbio


mais.

(O Estado de S. Paulo)

(Informe publicitário)

tão: modifica o adjetivo boa; embaixo: modifica o verbo assinar.

Intensidade: bem (a), mais (b, d), tão (c, e), muito (d). Tempo: já (a). Negação:
não (b). Modo: elegantemente (b), completamente (c). Afirmação: deveras (c).
Lugar: embaixo (e).

Resposta pessoal

4 Copie as frases, sublinhando e classificando os advérbios:

a) Estávamos muito longe quando nos lembramos do pacote.


b) Provavelmente amanhã ele chegará mais cedo para
podermos conversar.
c) Já anunciaram que brevemente exibirão filmes mais
interessantes.
d) Fiquei realmente preocupada ao saber que vocês não
haviam chegado ainda.
e) Ele é bastante inteligente para superar rapidamente todos
esses problemas.

5 Escolha duas frases do exercício 4 e reescreva-as, trocando os


advérbios e alterando as circunstâncias. Classifique os advérbios que você
usar.

6 Copie as orações que apresentam locuções adverbiais,


destacando-as:

a) Ela, às vezes, se torna muito exigente.


b) A escola promoveu recentemente um concurso de
arremesso de pesos.
c) De longe, avistei o sinal.
d) O relógio está ali, à esquerda.
e) “Passei a vida à toa, à toa...”
f) O brasileiro, sem dúvida, gosta de novela.
g) Este trabalho exige um exercício de poucas horas.
h) É um político hábil, porém sempre se esquece de detalhes.
i) O vôlei é, com certeza, o esporte do futuro.

7 Copie as frases f e i do exercício 6, substituindo as locuções


adverbiais pelos advérbios correspondentes.
Qual é a classificação dos advérbios acima?

8 Leia os quadrinhos com atenção e resolva as questões:

intensidade lugar\

dúvidatempo intensidade tempo

tempo tempo intensidade

afirmação negação tempo

intensidade modo

Resposta pessoal

(Manuel Bandeira)

São advérbios de modo.

f)indubitavelmente
i)certamente
(Peanuts, de Schulz)

a) Destaque os advérbios e dê a sua classificação.


b) Reescreva a frase do último quadrinho, trocando os
advérbios por seus antônimos.
c) Introduza um advérbio de negação na fala do 2º quadrinho,
e explique o que acontece com relação ao sentido.

depois: tempo; melhor: modo

Mas antes (...), acho pior (...)

Eu não / jamais / nunca jogaria o valete de copas.


A circunstância passa a ser exatamente contrária, fazendo com que a frase
tenha um sentido oposto ao inicial.

9 Copie as orações, classificando os advérbios de acordo com o


grau em que se encontram:

a) Gostei muitíssimo dos novos livros do Galdino.


b) Os escritores se apresentaram muito timidamente.
c) Roni me telefona mais freqüentemente do que você.
d) Ele falou sobre o assunto tão calmamente quanto papai.
e) As crianças saíram depressinha quando o diretor chegou.
f) O público masculino aplaudiu menos intensamente o
espetáculo que o público feminino.

10 Leia o texto a seguir e resolva as questões:

sup. sintético

sup. analítico

comp. de superioridade

comp. de igualdade

diminutivo

comp. de inferioridade

Micróbios amigos

Não é justo lembrar das bactérias só por causa das doenças que
causam: elas, atualmente, fazem de quase tudo para tornar a
nossa vida mais agradável. E uma coisa que fazem cada
vez melhor é comer lixo. Petróleo, plásticos, resíduos industriais,
inseticidas — a lista cresce a cada dia. É natural, já que as
bactérias foram os primeiros seres do planeta. Compõem-se de
uma única célula e rapidamente aprendem a extrair energia e
nutrientes a partir das mais variadas substâncias.

(Revista Superinteressante)

a) Retire do texto três advérbios.


b) Indique um advérbio que esteja modificando um adjetivo. Faça uma
frase com ele na mesma função.
c) Retire do texto um advérbio no grau comparativo de superioridade.

11 Há situações em que o advérbio apresenta um uso bastante


particular, assumindo a forma diminutiva. Escreva um texto, no qual os
advérbios apareçam empregados dessa forma.

Não; atualmente; mais; rapidamente.

melhor.

Mais (agradável). A frase é resposta pessoal.

Resposta pessoal

Capítulo 15

PREPOSIÇÃO

Conceito

Observe o texto a seguir:

O que o mercado costuma chamar


de adolescentes o Banco do Brasil
chama de futuro
(Publicidade)

Nesse texto foi usado o verbo chamar, duas vezes:

chamar de adolescentes chama de futuro

Nessas duas situações aparece a palavra de, que estabelece uma relação
entre o verbo chamar e os substantivos adolescentes e futuro. Nesses casos, a
palavra de serve para ligar os termos e completa-lhes o significado: trata-se,
então, de uma preposição.

Preposição é a palavra que relaciona dois termos entre si, de tal forma que o
segundo completa ou explica o sentido do primeiro.

Como as preposições estabelecem uma relação específica entre dois termos, é


preciso cuidado ao utilizá-las, pois a troca de uma preposição por outra pode
alterar o sentido da frase. Veja:

indica posse

indica destino

O menino ficou com o brinquedo.Viajei para São Paulo.

O menino ficou sem o brinquedo.Viajei por São Paulo.

Às vezes, uma mesma preposição pode indicar diferentes relações entre dois
termos. Veja os exemplos a seguir:

indica ausência

indica lugar

indica posse
indica causa

Este cachorro é de Mário. Morreu de câncer.

Vinha de longe. Viajamos de navio.

Era uma travessa de inox. Falava de seu passado.

Ficou em casa. Formou-se em Pedagogia.

Tudo terminou em poucas horas.

indica origem

indica meio, maneira

indica matéria

indica assunto

indica lugar

indica especialidade

indica tempo

As principais preposições são:

a até de entre perante sob


ante com desde para por sobre
após contra em per sem trás

Veja os exemplos:

Ateliê de
artes
plásticas
Entre os dias 9 e 13, o curso de férias da Escola
Jacarandá ensina a garotada de 2 a 5 anos de idade a preparar sorvetes,
sucos, saladas e sanduíches.

Aulas com
computer
games

Para realizar o Sonic Clap, pressione


simultaneamente os botões A, B e C.

(Estadinho)

As preposições são usadas junto aos pronomes pessoais oblíquos tônicos:

Eles falaram de ti. Dê as flores a ela.

Nós cremos em ti. Entre mim e você nada mais existe.


Tudo isso foi feito por ela. O processo não é contra nós.

Não se usa preposição com os pronomes pessoais oblíquos átonos, que


aparecem ligados diretamente às formas verbais:

Dê-lhe as flores. Encontrei-a no zoológico.

preposição

pronome pessoal
oblíquo tônico

preposição

pronome pessoal

oblíquo tônico

forma verbal

pronome pessoal
oblíquo átono
forma verbal

pronome pessoal
oblíquo átono
\

Locução prepositiva

Muitas vezes, a preposição é representada por um conjunto de palavras que


recebe o nome de locução prepositiva. Veja alguns exemplos:

Ninguém está a fim de viajar.


Todos devem ficar em frente de Luís.
Fiquem junto de mim.

As locuções prepositivas terminam sempre com uma preposição. Observe:

abaixo de embaixo de ao redor de junto a longe de


acima de de acordo com em vez de graças a de encontro de
além de ao lado de fora de em cima de

Além de todas as
jornadas, além de todas
as estrelas, além de todas
as emoções.

(O Estado de S. Paulo)

Duas galáxias a 1 milhão


de anos-luz se afastam
a 15 quilômetros por segundo,
de acordo com os
cálculos atuais.

(Revista Superinteressante)
Contração e combinação

Contração

As preposições a, de, em e por (per) podem unir-se com os artigos e com


alguns pronomes e advérbios, formando o que chamamos de contração.
Veja as principais contrações no quadro a seguir:

Preposição

Outro elemento

Contração

de

em

por (per)

a, as
aquele, aqueles
aquela, aquelas
aquilo

o, os
a, as
um, uns
uma, umas
este, estes
esta, estas
esse, esses
essa, essas
isto, isso
aquele, aqueles
aquela, aquelas
aquilo
aí, ali, aqui
outro, outros
outra, outras

o, os
a, as
um, uns
uma, umas
este, estes
esta, estas
esse, esses
essa, essas
isto, isso
aquele, aqueles
aquela, aquelas
aquilo

o, os
a, as

à, às
àquele, àqueles
àquela, àquelas
àquilo

do, dos
da, das
dum, duns
duma, dumas
deste, destes
desta, destas
desse, desses
dessa, dessas
disto, disso
daquele, daqueles
daquela, daquelas
daquilo
daí, dali, daqui
doutro, doutros
doutra, doutras

no, nos
na, nas
num, nuns
numa, numas
neste, nestes
nesta, nestas
nesse, nesses
nessa, nessas
nisto, nisso
naquele, naqueles
naquela, naquelas
naquilo

pelo, pelos
pela, pelas

Observe que, quando ocorre a contração, a preposição ou o outro elemento


sempre perde fonema. Veja os exemplos:

“Há explicações duma inutilidade absoluta.”

(Monteiro Lobato)

de + uma

Qual é a sua brincadeira favorita nas férias?

(Estadinho)

em + as

A contração da preposição a com o artigo a é chamada crase, representada


pelo acento grave no a: à. Esse assunto será estudado detalhadamente na
unidade sobre Crase.

Combinação

A preposição a pode unir-se com os artigos e com o advérbio onde, formando o


que chamamos de combinação.
As principais combinações são:

preposição a
Observe que, na combinação, a preposição se une ao outro termo sem
provocar perda de fonema.

+ o (artigo) = ao
+ os (artigo) = aos
+ onde (advérbio) = aonde

A economia obriga ao convívio.

(Revista Horizonte Geográfico)

Exercícios

1 Monte um quadro, separando as preposições das locuções


prepositivas que aparecem nas frases a seguir. Veja o modelo:

Preposição

com
de (de + a = da)
Locução prepositiva
a) Estávamos com saudade da escola.
b) Acima de tudo coloco minha palavra.
c) Não estou de acordo com isso.
d) Eles viajaram para Londres durante as férias.
e) Estamos sem aula desde a semana passada.
f) Longe de mim tal idéia!
g) Ninguém mais chegou ainda, além de vocês dois!
h) O anel foi encontrado junto ao lenço de seda, sobre a
cômoda da sala.

2 a) Releia a frase do item a do exercício 1:

Estávamos com saudade da escola.

Substitua a preposição por outra que também dê sentido à


oração.
b) Qual é a diferença de sentido entre as duas orações?

3 Identifique, nas frases, quais são as contrações e quais são as


combinações de preposição:

a) Não faça disso um hábito.


b) Fica tranqüilo, pelo amor de Deus!
c) Gostaria de saber aonde vão as duas criancinhas.
d) Aos sábados elas costumam ir ao parque.
e) Deste assunto trataremos noutra ocasião.
f) Assisti àquele filme no domingo.

4 a) Escolha um caso de combinação e um caso de contração


do exercício 3 e mostre como elas são formadas.
b) Compare as duas palavras que você escolheu e explique a
diferença entre elas, quanto à formação.
c) Releia o item b do exercício 3.

Fica tranqüilo, pelo amor de Deus!

locução

locução

preposições

preposições

locução

locução
locução: junto a; preposições: de, sobre, de (de + a = da)
Estávamos sem saudade da escola.

Estávamos sem saudade da escola.

A mudança da preposição alterou completamente o sentido da oração original.

contração

contração

combinação

combinações

contrações

contrações

Combinação: c) aonde (a + onde); d) aos (a + os) / ao (a + o). Contração: a)


disso (de + isso); b) pelo (per + o); e) deste (de + este) / noutra (em + outra); f)
àquele (a + aquele) / no (em + o)

Enquanto na combinação a preposição se une a outro termo sem perda de


fonema (som), na contração esta perda acontece.
Reescreva a frase, seguindo as orientações:
1º) substitua a contração por uma preposição;
2º) substitua a preposição existente por outra.
Atenção: a sua frase, com as novas preposições, deve manter o sentido da
frase original.

5 a) Retire do texto a seguir todas as preposições e contrações


de preposições que aparecem. Explique como estas últimas foram formadas,
dando a classe de palavras de seus elementos.

Fica tranqüilo, por amor a Deus!

Preposições: para, por, de, em, a, sobre, desde. Contrações: na = em (prep.) +


a (art.), da = de (prep.) + a (art.); pelo = per (prep.) + o (art.); do = de (prep.) + o
(art.); dos = de (prep.) + os (art.); às = a (prep.) + as (art.); nas = em (prep.) +
as (art.); nos = em (prep.) + os (art.)

Onda cabeça
Escolas baianas adotam o surfe para estimular alunos

Quando o surfista sente o frio na barriga provocado por uma manobra feita na
crista da onda, a última coisa que passa por sua cabeça é aquela terrível prova
de matemática, certo? Pelo menos para 800 estudantes de Salvador, a
resposta é não. Eles participam de um torneio de surfe em que é preciso ter
mais do que equilíbrio sobre as ondas para vencer. O circuito, disputado todo
ano, desde 1991, reúne estudantes de 1º- e 2º- grau de dezesseis escolas. Dos
19 400 pontos que cada aluno tenta alcançar, 6 000 correspondem às notas
em matemática, português, inglês e geografia do boletim escolar.
Outros 3 400 são concedidos para quem comparece a palestras sobre
ecologia, nutrição, educação física, salvamento aquático e primeiros socorros.
Os 10 000 pontos restantes são disputados nas ondas. A final do campeonato
de 1998, chamada de Intercâmbio Cultural de Surfe Escolar, foi realizada há
duas semanas na Praia de Vilas do Atlântico, a norte de Salvador. “Os alunos
ficam mais disciplinados e interessados nas aulas”, afirma Edna Sandin,
diretora do colégio Drummond. “Já que tenho de estudar, pelo menos penso
nos pontos que vou ganhar”, diz Leonardo Hereda, de 13 anos, atual campeão
na categoria iniciante.

(Revista Veja)

b) Releia o seguinte trecho do texto:

“(...) é preciso ter mais do que equilíbrio sobre as ondas para vencer.”

Reescreva-o, substituindo a preposição sobre por uma


locução prepositiva com o mesmo sentido.
É preciso ter mais do que equilíbrio em cima das ondas para vencer.

6 Leia atentamente as frases a seguir. Em todas, há preposições


destacadas. Indique a relação que cada uma delas estabelece entre os termos
que liga. Essas relações podem ser de: direção, assunto, origem, posição,
lugar e ausência.

a) “Ela pensa em casamento


eu nunca mais fui à escola
sem lenço sem documento
eu vou”.

em: assunto; sem: ausência

(Caetano Veloso)

b)

Acidente tumultua a
Capital, sob 33 graus

(O Estado de S. Paulo)

sob: posição

c)

LAGOS ANDINOS
A travessia das águas, de Bariloche até Puerto Montt

(Revista Terra)

de: origem; até: direção

d)

Frágil andar
Salto alto pode provocar
artrite nos joelhos

(Revista IstoÉ)

em (em + os = nos): lugar


7 Construa duas orações:

a) use para, estabelecendo relações de destino;


b) use por, indicando relação de lugar.

Respostas possíveis: a) Foi para casa. b) Andei por todo o parque.

CONJUNÇÃO (pg. 201 a 206)

Conceito

Observe os exemplos:

Paulistano dirige e
‘sonha’ com o Gol

Ganhe prazo e
praticidade com
seu cartão ou
com débito direto
em sua conta.

Na primeira frase, a palavra e une duas orações:

Paulistano dirige e ‘sonha’ com o Gol.

1ª oração 2ª oração

Na segunda frase, ela une dois termos semelhantes (prazo e praticidade =


substantivos). Nos dois casos, a palavra e é uma conjunção.

Conjunção é a palavra que une duas orações ou dois termos semelhantes de


uma mesma oração.

Veja outros exemplos:

“As estrelas parecem ser eternas, mas não são.” (Revista Ciência Hoje)
“O sapo tem pele seca, pois não a utiliza para respirar.” (Revista Ecologia e
Desenvolvimento)
Só vou se você for.
Só falarei quando ele autorizar.
“Eu canto porque o instante existe.” (Cecília Meireles)
As conjunções podem estabelecer diversos tipos de relações entre as orações.
Veja alguns exemplos:

Eu lhe telefono, se não os encontrar. indica condição Segure-o com


força, para que não fuja. indica finalidade

Vamos depressa, que vai chover. indica explicação Falou tanto


que nos irritou. indica conseqüência

De acordo com a relação que estabelecem entre termos ou entre orações, as


conjunções podem ser classificadas em coordenativas ou subordinativas.

Classificação das conjunções

São conjunções coordenativas as que associam dois termos da oração ou duas


orações independentes: a conjunção apenas une e coordena um termo ao
outro ou uma oração à outra. Observe:

Parques
Populações instáveis, porém preservadas

1 Parque Nacional da Amazônia (AM e PA)


2 Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA)

Fios de esperança
Nada ainda recupera a cabeleira perdida, mas os implantes melhoram

1ª oração 2ª oração

A conjunção porém liga dois adjetivos: instáveis e preservadas.

A conjunção mas liga duas orações:

“Nada ainda recupera a cabeleira perdida, mas os implantes melhoram”

As duas orações acima são independentes uma da outra, mas é possível uni-
las em uma única frase, sem que percam sua autonomia.
As conjunções subordinativas são as que unem orações que se completam,
sendo a segunda oração subordinada e dependente da primeira. Observe:

Não vou ao teatro se chover.

1ª oração 2ª oração
Para que a ação expressa na primeira oração aconteça, é necessário que a
segunda oração também ocorra. Neste caso, a conjunção se une às orações,
que se completam.
Veremos, a seguir, como se classificam as conjunções coordenativas e as
subordinativas, de acordo com a relação que elas estabelecem entre os termos
ou entre as orações. Por exemplo, na frase:

Nós sairemos quando ele chegar.

a conjunção quando indica uma noção de tempo; por isso, ela é chamada
conjunção subordinativa temporal.
Veja outros exemplos:

O pai e o irmão virão ajudá-la. O pai ou o irmão virá ajudá-la.

adição — conjunção coordenativa aditiva alternativa — conjunção


coordenativa alternativa

Tudo aconteceu conforme foi planejado. conformidade — conjunção


subordinativa conformativa

Conjunções coordenativas

As conjunções coordenativas, de acordo com a relação que estabelecem entre


os termos ou entre as orações, podem ser:

1 Aditivas — e, nem — expressam uma adição ou soma, um acréscimo


à idéia anterior.

Alfredo não veio nem telefonou.

2 Adversativas — mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto,


apesar disso —expressam uma idéia oposta à anterior.

Inácio não veio, mas telefonou.

3 Alternativas — ou... ou, ora... ora, quer... quer — expressam uma


escolha, uma alternativa à idéia anterior.

“Ou chove ou faz sol.” (Cecília Meireles)


O pai ou o irmão irá ajudá-lo.

4 Conclusivas — logo, portanto, por isso, pois — expressam uma


finalização ou conclusão da idéia anterior.

Eles se amam muito; portanto, vivem felizes juntos.


5 Explicativas — que, pois, porque — expressam uma justificativa ou
explicação da idéia anterior.

Venha logo, que estou esperando.

Conjunções subordinativas

1 As conjunções subordinativas, de acordo com a relação que estabelecem


entre as orações, podem ser:

Condicionais — se, caso, contanto que, uma vez que — expressam uma
condição para que ocorra algo.

Se você não vier, não haverá almoço.


Telefone-me hoje, caso queira ir ao teatro.

2 Causais — porque, que, pois, porquanto, já que, visto que —


expressam a causa da idéia ou do fato anterior.

Não comi o mamão porque está verde.

SECOU PORQUE NÃO VENTOU


No inverno de 1994, o Brasil teve a maior
seca dos últimos 40 anos.

3 Comparativas — como, assim como, tal qual — expressam uma


comparação entre as duas orações.

O lutador é forte como um touro.

4 Conformativas — segundo, conforme, consoante — expressam uma


conformidade entre duas idéias.

Cida fez o trabalho conforme o professor pediu.


As chuvas chegaram, segundo disse o meteorologista.

5 Concessivas — embora, ainda que, mesmo que — expressam uma


concessão.

Embora tenha pouca audiência, o programa continua no ar.

6 Integrantes — que, se — completam o sentido da idéia anterior,


integrando as duas orações.

Convém que você treine mais.


Não sabia que você viria.
Não sabia se ele viria.

7 Finais — para que, a fim de que — expressam uma finalidade, um


objetivo.
Poupe dinheiro agora para que tenha algum mais tarde.

8 Consecutivas — tão... que, de tal modo que — expressam uma


conseqüência de outro fato.

Alzira levou um susto de tal modo que desmaiou.


A mesa está tão bem feita que não balança.

9 Proporcionais — à proporção que, na medida em que — expressam


uma relação de proporcionalidade entre duas idéias.

O palestrante se inflamava na medida em que ia falando.

10 Temporais — quando, enquanto, logo que, depois que —


expressam uma noção de tempo.

Quando voltar de viagem, irei vê-la.


Enquanto estávamos na água, as crianças brincavam na areia.

Locução conjuntiva

Você deve ter percebido que algumas conjunções são formadas por mais de
uma palavra. Nesses casos, elas são chamadas locuções conjuntivas.
Veja:

“Sempre que posso, vou aonde as recordações me chamam.” (Miguel Torga)

“Unidas, bem como as penas


Das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...” (Castro Alves)

Veja outras locuções, de emprego bastante comum:

já que de modo que


uma vez que não só ... mas também
visto que no entanto
desde que ao passo que
mais do que por conseqüência
menos do que a menos que
menor do que a não ser que
de maneira que

Exercícios

1 Indique a relação que as conjunções estabelecem entre as frases


a seguir:
a) “Faz escuro, mas eu canto.” (Thiago de Mello) oposição
b) “Preços de telefone caem e aluguel sobe.” (Folha de S.
Paulo) adição
c) Apresse-se, que vai chover. explicação
d) Falou de tal modo que nos comoveu. conseqüência
e) Irei ao cinema, se minha mãe permitir. condição
f) Mal me viu, veio abraçar-me. tempo
g) Quanto mais cresce, mais linda fica. proporcionalidade
h) Não me escreve nem me telefona. adição
i) “Desta vez ou tomas juízo ou ficas sem coisa nenhuma.”
(Machado de Assis) alternância
j) “Já não é analfabeto,
esse inseto,
pois sabe escrever seu nome.” (Cecília Meireles)
explicação

2 Reescreva as frases a seguir, extraídas do exercício 1,


completando-as com as conjunções que estabeleçam as relações indicadas no
quadro. (Professor: As conjunções podem variar: é importante que as
relações estejam adequadas.)

a) explicação porque
c) tempo quando

Faz escuro, .... eu canto.


Irei ao cinema, .... minha mãe permitir.

b) oposição mas
d) oposição mas

Preços de telefone caem, .... aluguel sobe.


Não me escreve, .... me telefona.

3 Releia o trecho do poema de Cecília Meireles:

“Já não é analfabeto,


esse inseto,
pois sabe escrever seu nome.”

Compare-o com a seguinte construção:

Já não é analfabeto
esse inseto,
sabe, pois, escrever seu nome.
a) Qual é a relação estabelecida no trecho acima? conclusão
No texto original, pois aparece anteposta ao verbo saber; no texto modificado,
ela vem posposta ao verbo.
b) Comparando os dois textos, qual é a alteração que se
observa quanto à conjunção?
c) Qual é a classificação da conjunção pois no texto original e
no texto modificado? Justifique. No primeiro caso, pois é uma conjunção
coordenativa explicativa. No segundo, é conjunção coordenativa conclusiva. A
posição da conjunção determinou a mudança de sua classificação.

4 No quadro estão algumas das circunstâncias que as conjunções


podem expressar. Identifique qual circunstância a conjunção subordinativa
destacada estabelece em cada frase:

tempo —
concessão — proporção — causa —

finalidade — condição — comparação

a) Arlindo e Silene estão felizes porque em breve terão um


bebê. causa
b) À medida que o tempo passava, aumentava a nossa
preocupação. proporção
c) Ele saiu no domingo a fim de passear com a filha.
finalidade
d) Eles trabalham agora, enquanto têm forças. tempo
e) Ele compareceu à festa sem que o convidassem.
concessão
f) Você reclama tanto quanto nós. comparação
g) Sairemos, desde que não chova. condição

5 Identifique e classifique as conjunções coordenativas que


aparecem nas frases:

a) Eles chegaram cedo, porém nós já estávamos lá.


adversativa
b) Ele me disse o seu nome e me deu seu telefone. aditiva

c) Convide-a insistentemente ou ela não irá conosco.


alternativa
d) Suba pela escada, pois o elevador não está funcionando.
explicativa
e) Esqueci o talão de cheques, logo não pude pagar as
contas. conclusiva
f) A proposta era ótima, mas a casa não estava à venda.
adversativa
g) Viajaremos juntos quer chova quer faça sol. alternativa
h) Marcos não me esperou, nem deixou recado. aditiva
i) Hoje estou desocupada, portanto podemos conversar.
conclusiva
j) Não me peça desculpas, que não há o que desculpar.
explicativa

6 Leia a frase:

Nós saímos cedo de casa, mas voltamos


tarde.

a) Identifique qual relação a conjunção estabelece.


adversativa
b) Como é possível transformar essa relação em uma adição?
Trocando a conjunção adversativa mas por uma conjunção aditiva (por
exemplo, e).

7 Leia a frase:

Juliana ainda não chegou, mas telefonou.

Reescreva-a, estabelecendo uma relação de adição. Faça as


adaptações necessárias. Juliana (ainda) não chegou nem telefonou.

8 Identifique e classifique as conjunções subordinativas que


aparecem nas frases a seguir:

a) A mulher é mais inteligente do que muitos pensam.


comparativa
b) Nada direi se você me contar o segredo. condicional
c) Não poderemos sair enquanto estivermos elaborando os
exercícios. temporal
d) Quanto mais ele grita, menos o ouvem. proporcional
e) Ninguém me perguntou se a solução me agradava.
integrante
f) Tamanho era o barulho que não entendi o que ele falou.
consecutiva
g) Vendemos a casa porque era muito grande para papai.
causal
h) Passarei em sua casa, conforme combinamos.
conformativa
i) Mesmo que não tenha chance, ele faz tudo para vencer.
concessiva
j) Procurei falar pausadamente, para que todos
entendessem. final

9 Leia as frases atentamente e complete-as com a conjunção


adequada, obedecendo à relação estabelecida.

a) Sabemos .... a Terra gira em torno do Sol. que


b) A escola era perto, .... íamos a pé. por isso
c) Não solte balões, .... podem causar incêndios. pois/porque
d) Afastou-se depressa .... não o vissem. para que
e) Estudou bastante, .... foi reprovado. contudo/mas/porém
f) Minha cabeça doía .... fui deitar-me. tanto que
g) Venha .... quiser. quando

10 Escolha uma conjunção e uma locução conjuntiva que tenham a


mesma classificação e escreva uma oração com cada uma delas. Resposta
pessoal.

INTERJEIÇÃO pg. 207 a 210

Conceito

Observe o quadrinho a seguir:

Na primeira frase — Ah, férias! — o personagem expressa sua alegria, sua


emoção pela chegada das férias usando a palavra ah. Esta palavra é uma
interjeição.

Interjeição é a palavra invariável que expressa emoção, apelo ou estado


de espírito.

Veja outros exemplos:

— Oba! Hoje é dia de macarrão.


“— Ué! Você não tem visto nas novelas?” (Pedro Bandeira)
— Puxa, que cãibra!

Locução interjetiva

Nem sempre a interjeição é expressa por uma única palavra. Quando um


conjunto de palavras tem o valor de interjeição, chama-se locução interjetiva.
Veja os exemplos dos quadrinhos a seguir:

As expressões Meu Deus do céu... e Virgem Maria! são locuções interjetivas,


que expressam espanto.

Veja outros exemplos de locuções interjetivas:

Que horror! Muito bem! Essa não!


Pobre de mim! Muito obrigado! Deus me livre!
Nossa Senhora! Santo Deus! Deus me ajude!
Qual o quê! Triste de mim! Valha-me Deus!
Que pena! Pois sim! Ora bolas!

Classificação da interjeição
A interjeição pode ser classificada de acordo com o sentimento que expressa.
No entanto, uma mesma interjeição pode ser pronunciada e usada de formas
diversas. Assim, ela será classificada, pela Gramática, de várias maneiras, ou
seja, enquanto manifestação de um sentimento, é a entonação dada pelo
falante que determina as diferentes classificações.
Veja:

— Puxa! Que carro bonito!

— Puxa! Como é difícil isso tudo!

Na primeira frase, a interjeição puxa expressa admiração e espanto. Na


segunda, essa mesma interjeição expressa desânimo.
Veja, a seguir, uma relação com as interjeições mais comuns e sua
classificação mais usual:

• Admiração ou espanto: Ah! Oh! Oi! Ui! Hem! Uai! Xi! Caramba! Puxa!
Arre! Nossa! Opa! Credo! Meu Deus! Nossa Senhora! Puxa vida! Virgem Maria!
Santo Deus!
• Advertência: Fogo! Olha! Cuidado! Atenção! Calma! Alto!
• Agradecimento: Obrigado! Grato! Valeu! Muito obrigado!
• Ajuda, apelo ou chamamento: Socorro! Psiu! Alô! Hei! Ô! Ó! Valha-me
Deus!
• Alegria: Ah! Oba! Viva! Oh! Eh! Eta! Aleluia!
• Alívio: Ufa! Uf! Arre! Ah! Oh!
• Animação: Avante! Eia! Sus! Vamos! Coragem! Força! Ânimo!
• Aplauso: Bravo! Bis! Parabéns! Apoiado! Ótimo! Viva! Isso! Muito bem!
• Concordância: Sim! Ótimo! Claro! Pois não!
• Desejo: Tomara! Oxalá! Pudera! Oh! Queira Deus!
• Dor: Ai! Ui! Ah! Oh!
• Dúvida, incredulidade: Qual! Hum! Qual o quê! Pois sim!
• Impaciência ou contrariedade: Hem! Raios! Ora bolas! Droga!
• Pena, comiseração ou lamento: Coitado! Oh! Ai! Pobre de mim! Que
pena! Triste dele!
• Reprovação ou desacordo: Ora! Qual! Francamente! Essa não!
• Satisfação: Upa! Oba! Boa! Opa! Que bom!
• Saudação: Salve! Oi! Olá! Ave! Viva! Adeus! Tchau!
• Silêncio: Psiu! Silêncio! Basta! Alto! Chega! Pst!
• Surpresa: Oi! Ave! Olá! Ah! Ó! Oh! Quê!
• Terror, medo: Credo! Cruzes! Uh! Ui! Barbaridade! Que horror!

Exercícios

1 Classifique as interjeições destacadas:

a) Bravo! Você acertou! aplauso


b) Olá! Como vai? cumprimento

c) Ui! Ui! Como dói este arranhão! dor


d) Ó menino, largue isso! chamamento
e) Tomara que consigas muito sucesso! desejo
f) Puxa! Como elas estão bonitas! admiração

2 Escreva duas frases utilizando as interjeições:

a) Ui! — não deve expressar dor;


b) Puxa! — não deve expressar admiração. Respostas
pessoais.

3 a) Complete com interjeições ou locuções interjetivas


adequadas, levando em consideração o sentido da frase. (Professor: as
respostas podem variar.)

a) ...., que pontaria! Puxa


g) “....! É um anjo aquela menina”. Oh!
b) .... Eu não esperava por essa! Ai
h) ...., vou-me embora, cansei-me de você! Basta
c) ...., que susto! Ai
i) “...., meu cajueiro!” (Machado de Assis)
Adeus
d) .... Olhai por estas crianças! Meus Deus!
j) ....! Estou cansado de carregar esses quadros. Ufa
e) ...., como vai? Olá
l) ....! Estou caindo! Socorro
f) ...., vem vindo um carro!) Atenção
m) ...! Minha filha passou no vestibular! Que Maravilha

b) Classifique as interjeições que você utilizou no item a, de


acordo com os sentimentos por elas transmitidos. a) admiração; b) surpresa;
c) surpresa/medo; d) apelo; e) saudação; f) advertência; g) admiração; h)
contrariedade; i) saudação;
j) alívio; l) ajuda; m) alegria.

4 a) Em quais frases do exercício 3 você utilizou locuções


interjetivas? tens d e m. (Professor: as respostas podem variar de acordo
com o exercício 3.)
b) Reescreva essas orações substituindo as locuções por
interjeições. Mantenha a mesma classificação. d)Senhor! Olhai por estas
crianças! m) Viva! Minha filha passou no vestibular! (Professor: há
variações.)

5 Escreva cinco orações utilizando a interjeição Oh! com diferentes


sentidos. Resposta pessoal.

6 Escreva textos para os quadrinhos a seguir em que apareçam


duas interjeições. Resposta pessoal.
a) b)

DESAFIO! 7 Crie dois personagens e escreva um diálogo entre eles, em


que todas as falas se iniciem com interjeições. Seja criativo e preste atenção à
pontuação.
Observação: Você pode usar também algumas locuções
interjetivas. Resposta pessoal.

DESAFIO! 8 O texto a seguir é um trecho de um anúncio, cujo produto não


está identificado. Imagine as reações de algumas pessoas para esse anúncio e
escreva três comentários, utilizando interjeições. Considere que:

a) o primeiro comentário é feito por um jovem ou uma jovem


da sua idade;
b) o segundo comentário é feito por uma senhora de 60 anos;
c) o terceiro comentário é feito por um garotinho de 5 anos.
Seja criativo! Respostas pessoais.

DEPOIS
DE FAZER SUCESSO
EM TODA EUROPA,
ELA CHEGOU
AO BRASIL.

SUJEITO PREDICADO PONTUAÇÃO

SINTAXE

FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO (pg. 212 a 219)

A Sintaxe é a parte da Gramática que estuda a relação das palavras na oração


e, também, a relação das orações entre si.
Leia o texto a seguir:

Era uma vez uma professora maluquinha.


Na nossa imaginação ela entrava voando pela sala (como um anjo) e tinha
estrelas no lugar do olhar.
Tinha voz e jeito de sereia e vento o tempo todo nos cabelos (na nossa
imaginação).
Seu riso era solto como um passarinho.
Ela era uma professora inimaginável.
Para os meninos ela era uma artista de cinema.
Para as meninas, a Fada Madrinha.
(Ziraldo)

Observe a frase retirada do texto:


“Ela era uma professora inimaginável.”

Quando se afirma que a palavra professora é um substantivo, está se fazendo


uma análise morfológica desta palavra. No entanto, quando se deseja fazer
uma análise do ponto de vista da Sintaxe, é preciso verificar qual é a função
que a palavra professora exerce nesta frase e qual sua relação com os outros
termos.
Ao estudo das relações entre palavras e orações e entre as orações de um
texto, chamamos análise sintática.
O estudo da Sintaxe inicia-se, então, pela compreensão de três noções
básicas, que veremos separadamente: a noção de frase, de oração e de
período. Observe:

• frase:

“Para as meninas, a Fada Madrinha.”

• oração:

“Era uma vez uma professora maluquinha.”

• período:

“Na nossa imaginação ela entrava voando pela sala (como um anjo) e tinha
estrelas no lugar do olhar.”

Frase

Leia os textos a seguir:

Alerta!

Cada vez menos


crianças com Aids

Balança,
balança, mas
não cai

Todos os textos são construídos com palavras relacionadas entre si de tal


maneira que há um sentido completo para estabelecer a comunicação. Em
cada um desses textos a relação entre as palavras é feita de modo a
possibilitar a compreensão do enunciado. Mesmo quando aparece apenas uma
palavra — como em Alerta! —, ela recebe um tratamento que permite sua
rápida compreensão, apesar de isolada.
Nesses exemplos, temos conjuntos de palavras que expressam uma
mensagem definida. São frases.
Agora, observe os textos a seguir:
A química dentro

Conforme o terremoto

Nesses dois casos, não há sentido completo: os textos precisam de mais


informações para serem compreendidos, pois não há relação lógica entre as
palavras. Não há frases, apenas palavras soltas.

Frase é o enunciado que apresenta sentido completo.

Compare, agora, as duas frases a seguir:

Em fotos espetaculares, o ataque dos crocodilos.


O limite é você.

As duas têm sentido completo, mas a primeira não apresenta verbo e a


segunda apresenta. Além disso, como já vimos, a frase pode ser formada por
apenas uma palavra: Alerta!
Podemos, então, chegar às seguintes conclusões:
• a frase deve ter sentido completo;
• há frases sem verbo.

Veja outros exemplos de frases:

Socorro!
Que calor!
“Quantos lugares, meu Deus, para essas excursões!” (Cecília Meireles)
“Mentiroso enrola muito, detalha muito, explica demais.” (Pedro Bloch)

Classificação das frases

As frases podem apresentar sentidos diferentes. Compare:

Saia daí, menino!


Tomara que ele saia dali!

A primeira frase expressa uma ordem; a segunda expressa um desejo. Assim,


quanto ao sentido, as frases classificam-se em:

1 Declarativas — são aquelas que apresentam uma declaração:

A língua é o nariz da cobra, que funciona


como um detector químico, capaz de seguir
o rastro de cheiro deixado pelas presas.

As frases declarativas podem ser:

• afirmativas:
Ao gosto do freguês
Hollywood recorre às pesquisas de mercado
para dar ao espectador o que ele quer ver.

• negativas:

Ao praticar seu esporte favorito,


o atleta não se esquece dos
exercícios de alongamento.

2 Interrogativas — são aquelas que apresentam uma pergunta:

Por que as cobras têm língua


dividida em duas partes?

3 Exclamativas — são aquelas que apresentam uma admiração:

“Vera é um colosso!” (Zélia Gattai)

4 Imperativas — são aquelas que apresentam ordem ou pedido:

“Pare de dizer besteiras às crianças, Gigio!” (Zélia Gattai)

5 Optativas — são aquelas que apresentam um desejo:

Tomara que vocês sejam felizes!

Observação:
Todas as frases, independentemente do sentido que expressam, podem
ser negativas ou afirmativas (positivas). Veja os exemplos:

Não me irrite! imperativa negativa

Cobras cascavéis não são inofensivas. declarativa negativa

Oração

Conheça mais um pouco do texto de Ziraldo:

Meu Deus, quantos anos se passaram! Nós todos, seus alunos, somos hoje
muito, muito mais velhos do que aquela professorinha. Estamos todos, agora,
com idade bastante para ser seus avós, se ela tivesse ficado, para sempre, do
jeitinho que está fotografada em nossa memória, aprisionada no tempo.

Oração é o conjunto de palavras organizado em torno de um verbo. Ao


contrário do que acontece com a frase, não há oração sem verbo, e a cada
verbo corresponde uma oração. Ela pode ter sentido completo ou não.
Observe:

“Estamos todos, agora, com idade bastante para ser seus avós...”

Há, neste enunciado, dois verbos: estar e ser. Temos aqui, portanto, duas
orações:

1ª) “Estamos todos, agora, com idade bastante...”


2ª) “... para ser seus avós...”

Nenhuma das duas orações, quando isoladas, tem sentido completo, pois não
se estabelece uma comunicação eficiente. Os dois enunciados são
compreensíveis apenas quando colocados um ao lado do outro, adquirindo
sentido. Quando isso acontece, essas duas orações formam uma frase.
Assim, temos que:
• nem toda oração é uma frase;
• nem toda frase é uma oração.

Observe:

Socorro! é uma frase, porém não é uma oração, pois não há verbo

“... para ser seus avós” é uma oração, pois possui verbo; porém não é uma
frase, pois não tem sentido completo verbo

“Estamos todos, agora, com idade bastante para ser seus avós”

verbo: uma oração verbo: outra oração

é uma frase que contém duas orações

Oração é o enunciado que se estrutura em torno de um verbo ou locução


verbal.

Veja outros exemplos de orações extraídos do texto:

“Meu Deus, quantos anos se passaram!”

uma oração

“Nós todos, seus alunos, somos hoje muito, muito mais velhos...”

uma oração

“Estamos todos, agora, com idade bastante para ser seus avós, se ela tivesse
ficado, para sempre, do jeitinho que está fotografada em nossa memória...”

quatro orações (dois verbos e duas locuções verbais)


Período

O enunciado de uma frase formada por uma ou mais orações recebe o nome
de período, que apresenta, necessariamente, sentido completo.
Leia:

Aqui estamos nós de volta, quase todos. Alguns foram nos deixando pelo
caminho, até mesmo na infância, pois sobreviver não era muito fácil no meio da
pobreza da nossa pequena cidade. Os outros — cujos pais tinham emprego e
salário — chegaram até este dia, com jeito e cara de vitoriosos, e estão aqui,
digamos dentro deste livro — os Mosqueteiros do Rei à frente —, prontos para
matar todas as saudades...

(Ziraldo)

Observe as frases extraídas do texto:

“Aqui estamos nós de volta, quase todos.”

Temos aqui:

1. uma frase, pois o sentido está completo;


2. uma oração, pois há um verbo (estamos);
3. um período, pois há uma oração.

“Alguns foram nos deixando pelo caminho, até mesmo na infância, pois
sobreviver não era muito fácil no meio da pobreza da nossa pequena cidade.”
Professor: Nesta frase, sobreviver tem função sintática de sujeito e valor de
substantivo. Não é considerado verbo.

Temos aqui:

1. uma frase, pois o sentido está completo;


2. duas orações, pois há uma locução verbal (foram deixando) e um verbo
(era);
3. um período, pois as duas orações compõem um só enunciado.

Período é o enunciado com sentido completo, estruturado em uma oração ou


várias orações.

O período classifica-se em:

1 Simples — quando é constituído por uma só oração, chamada absoluta.


Exemplos:

“Este é o mistério do meu coração.” (Machado de Assis)


“No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.” (Manuel Bandeira)

2 Composto — quando é constituído por mais de uma oração. Exemplos:

“É evidente que os problemas de terra no Brasil precedem muito a anunciada


reforma agrária do governo Sarney.” (Revista Veja)

“Quando eu chego em casa nada me consola.” (Caetano Veloso)

“Atrás do trio elétrico


só não vai
quem já morreu.” (Caetano Veloso)

Exercícios

1 Copie somente as frases:

a) Não faça isso!

b) Eles estão famintos.


c) Água mole em pedra dura.
d) Atenção !

e) Está nevando no Sul.


f) Jovem pianista italiano.
g) Que azar!
h) Prédio muito antigo.
i) Hora certa.
j) Quanta gentileza de sua parte!

2 Agora, transforme em frases os itens que você não copiou no


exercício 1.
Resposta pessoal
(Professor: O aluno deverá trabalhar com os itens c, f, h, i, imprimindo-lhes
sentido completo.)

3 No quadro a seguir são dados os vários sentidos que uma frase


pode apresentar:

declarativa interrogativa optativa exclamativa imperativa

Identifique esses sentidos nas frases:


a) Não me interrompa mais com essas bobagens!
imperativa negativa
b) Ele foi nosso campeão de xadrez. declarativa
c) Que todos os seus sonhos se realizem! optativa
d) O que faremos sem a sua presença? interrogativa
e) Como tenho trabalhado ultimamente! exclamativa
f) Não pretendo interferir nos seus planos. declarativa
negativa
g) Tenham um bom fim de semana! optativa
h) Você viu quem fez isto? interrogativa
i) Venha aqui, rapidinho! imperativa
j) Quanta coisa importante esquecemos de dizer!
exclamativa
(Professor: no exercício 4, pretende-se retomar conceitos variados, já
trabalhados anteriormente.)
4 Reescreva as frases do exercício 3, fazendo o que se pede:
Respostas pessoais; seguem algumas sugestões; são possíveis outras
alternativas.
a) frase interrogativa, utilizando uma conjunção; Por que
você me interrompe com essas bobagens?
b) frase optativa; Tomara que ele seja nosso campeão de
xadrez.
c) frase imperativa; Realize todos os seus sonhos!
d) frase declarativa negativa, respondendo à frase da letra d
(exercício 3); Não faremos nada sem a sua presença.
e) frase declarativa, com o verbo na primeira pessoa do plural;
Temos trabalhado muito ultimamente.
f) frase declarativa; Pretendo interferir nos seus planos.
g) frase interrogativa, com duas orações (dois verbos); Será
que vocês terão um bom fim de semana?
h) frase declarativa negativa, respondendo à frase da letra h
(exercício 3); Não, eu não vi quem fez isto.
i) frase imperativa, flexionando o verbo para a segunda
pessoa do singular; Vem aqui, rapidinho!
j) frase declarativa. Esquecemos de dizer muitas coisas
importantes.

5 Identifique os verbos e dê o número de orações existente em


cada enunciado:

a) “Dos doze filhos do casal só restavam as meninas em


casa.” (Luis Fernando Verissimo) 1
b) Vou imediatamente para a sua casa. 1
c) “Aristarco, que consagrava as manhãs ao governo
financeiro do colégio, conferia, analisava os assentamentos do guarda-livros.”
(Raul Pompéia) 3
d) Dizem que os artistas chegarão ainda hoje. 2
e) A peça que você nos indicou era muito interessante, mas
não ficamos até o fim porque as crianças tiveram sono. 4
6 Retome a letra b do exercício 5.

Vou imediatamente para a sua casa.

a) Qual é a classificação dessa frase? É uma frase


declarativa afirmativa.
b) Qual é a classificação desse período? É um período
simples.
c) Reescreva a frase, acrescentando a ela uma outra oração.
Utilize uma conjunção coordenativa aditiva para ligar as duas orações.
Resposta pessoal (Professor: Espera-se que o aluno use, por exemplo, a
conjunção e.)
d) Quantos verbos e quantas orações a frase reescrita
apresenta? Dois verbos e duas orações.
e) Qual é a classificação desse período? Período
composto.

7 Classifique os períodos em simples ou compostos:

a) “Era uma deusa, disto estou convencido, e só não lhe


confidenciei minha certeza porque certos mistérios não se revelam.” (Carlos
Drummond de Andrade) PC
b) Apenas uma coisa me entristece: a sua ausência. PS
c) “Na terça-feira João disse para a mulher que ia comer um
franguinho no espeto com um amigo.” PC (Dalton Trevisan)
d) “No reino do faz-de-conta, reinava um rei que era do
contra.” (Luiz Galdino) PC
e) Enfrentaremos todos esses problemas com muita
dignidade. PS
f) Desculpei-me por não ter ido almoçar. PC

8 Copie da tira a seguir:


Que tal um cineminha? Um filme de Woody Allen?
a) uma frase interrogativa;
c) uma oração; Sai com ela e o namorado. (ou outra)
b) um período simples; Eu já vi o Van Damme 12 vezes.
d) um período composto. Prefiro um
romântico (...) amei!

Leia o texto a seguir para resolver as questões 9 a 11:

Começou a ficar escuro e ela teve medo. A chuva caía sem tréguas e as
calçadas brilhavam úmidas à luz das lâmpadas. Passavam pessoas de guarda-
chuva, impermeável, muito apressadas, os rostos cansados. Os automóveis
deslizavam pelo asfalto molhado e uma ou outra buzina tocava maciamente.
Quis sentar-se num banco do jardim, porque na verdade não sentia a chuva e
não se importava com o frio. Só mesmo um pouco de medo, porque ainda não
resolvera o caminho a tomar. O banco seria um ponto de repouso. Mas os
transeuntes olhavam-na com estranheza e ela prosseguia na marcha.
(Clarice Lispector)

9 a) Retire do primeiro parágrafo um período simples.


Passavam pessoas de guarda-chuva, impermeável, muito apressadas, os
rostos cansados.
b) Explique por que esse período é considerado simples.
Porque é um enunciado com sentido completo, em que aparece apenas um
verbo e, conseqüentemente, apenas uma oração.

10 a) Copie os três períodos compostos que aparecem no


primeiro parágrafo. (Os períodos estão marcados no texto.)
b) Identifique os verbos e as locuções verbais de cada
período. 1. Começou a ficar, teve; 2. caía, brilhavam; 3. deslizavam, tocava
c) Identifique e classifique as conjunções que unem as
orações de cada um desses períodos.
Todas as orações são unidas pela conjunção coordenativa aditiva e.
11 a) Copie, do segundo parágrafo, o período composto formado
por três orações. Identifique os verbos.
b) Identifique e classifique as conjunções desse período.
Quis sentar-se num banco do jardim, porque na verdade não sentia a chuva e
não se importava com o frio (quis sentar = locução verbal).

porque (conjunção coordenativa explicativa), e (conjunção coordenativa aditiva)

TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO (pgs. 220 a 237)

Leia a poesia a seguir:

Meninos carvoeiros

Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
— Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.

Os burros são magrinhos e velhos.


Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que
os recolhe, dobrando-se com um gemido.)

— Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles...
(...)
relho: chicote de couro torcido.
aniagem: pano grosseiro, sem acabamento, usado para confecção de fardos.

(Manuel Bandeira)

A oração:

“Os meninos carvoeiros passam a caminho da cidade.”

pode ser separada em dois elementos importantes:

• 1º elemento — de quem se fala: os meninos carvoeiros;


• 2º elemento — aquilo que se fala sobre o 1º elemento: passam a caminho da
cidade.

Normalmente, as orações são constituídas por esses dois elementos básicos: o


termo que indica a respeito de quem se fala e o termo que indica o que se fala
sobre o anterior. Ao primeiro termo damos o nome de sujeito, e ao segundo, de
predicado.
Observe outros exemplos:

“Os meninos carvoeiros passam a caminho da cidade.” (Manuel Bandeira)

termo de quem se fala o que se fala do sujeito

sujeito predicado

“Os burros são magrinhos e velhos.” (Manuel Bandeira)


“Cada um leva seis sacos de aniagem.” (Manuel Bandeira)
sujeito predicado

Todas essas orações possuem sujeito e predicado. Esses dois termos são
chamados de termos essenciais da oração. Não existe oração sem predicado,
embora possa existir oração sem sujeito.

Sujeito é o termo da oração a respeito do qual se faz uma declaração.


Predicado é o termo da oração que declara alguma informação a respeito do
sujeito.

Sujeito

sujeitosujeito (Pedro Bloch) (Ruth Rocha) (Revista Veja)(Manuel


Bandeira)sujeito + predicado
O sujeito pode aparecer no início, no meio ou no final da oração. Observe:

“O peixe tinha mais de cem quilos.”

“Pessoas grandes e fortes o rei enxergava bem.”


“Vão chegando as burguesinhas pobres.”

Quando o sujeito aparece no início da oração, seguido pelo predicado, dizemos


que os termos estão na ordem direta. Quando isso não ocorre, dizemos que os
termos estão na ordem inversa. Veja:

• ordem direta;

“A história da eficiência japonesa é muito recente.”

• ordem inversa.

sujeito

“... e assim nasceu a Lua”

predicado + sujeito

sujeito + predicado predicado + sujeito + predicado


predicado sujeito

Na ordem direta, essa oração ficaria assim:

... e a Lua nasceu assim.

Veja outro exemplo de ordem inversa:

Descobriu o estudante muitas coisas na Internet.

Passando a oração para a ordem direta, temos:

O estudante descobriu muitas coisas na Internet.

Importante:
Para se identificar corretamente o sujeito de uma oração, é preciso antes
observar o verbo e, em seguida, determinar o termo a que este verbo se refere,
ou seja, de quem ele fala. Identificado o sujeito, o restante da oração será o
predicado.

Núcleo do sujeito

O núcleo do sujeito é a palavra principal que dele participa. Veja os exemplos:

As crianças brincam no pátio. Todos estão aqui.


núcleo sujeito núcleo sujeito

núcleo sujeito (Revista Superinteressante ) núcleosujeito


núcleo = pronome pessoal sujeito núcleo = substantivosujeito
núcleo = substantivo sujeito (Lourenço Diaféria) núcleo = pronome
demonstrativosujeitonúcleo = verbo com valor de substantivosujeito
“Começam a cair uns pingos de chuva.”

“Muitos jacarés do pantanal encararam a prolongada seca deste ano num


longo sono debaixo da lama.”

O núcleo do sujeito pode ser constituído por:

• um substantivo;

“Maria, por um lado, parecia doida.” Os pães parecem bem assados.


(Mário de Andrade)

• um pronome;

“Você, meu caro, não acreditava nestas coisas.”

Isto faz bem para a saúde.

• uma palavra ou expressão com valor de substantivo;

Viver é lutar.

O perseverante sabe quando deve desistir.

(Professor: é importante sempre ter em vista esta perspectiva morfológica.


Explore bastante o assunto com seus alunos.)

sujeito
• uma oração.

“É claro que as pessoas não eram tão indiferentes assim.”

(Márcio de Sousa)
Importante:
Perceba que o verbo das orações sempre concorda em pessoa e
número com o sujeito a que se refere. Observe alguns desses exemplos
anteriores:

Isto faz bem para a saúde. Os pães parecem bem assados.

sujeito verbo 3ª pessoa do singular 3ª pessoa do singular sujeito


verbo 3ª pessoa do plural 3ª pessoa do plural

Classificação do sujeito

Sujeito simples

Observe a frase:

“Fräulein até sentia vontade de chorar.”

O sujeito é expresso por uma única palavra: Fräulein, que é também o núcleo
do sujeito. Quando o sujeito tem apenas um núcleo, ele é classificado como
sujeito simples.

Sujeito simples é aquele que apresenta um único núcleo.

(Revista Ciência Hoje) sujeito simples núcleo sujeito simples núcleo


(Luiz Puntel) (Marcos Rey) sujeito simples núcleo

Lembre-se de que o núcleo é o elemento principal de um termo. Veja os


exemplos de sujeito com um só núcleo, ou seja, de sujeito simples:

“O futebol é a coisa mais importante da cultura popular brasileira.”

“O frio da noite já começava a incomodá-lo.”

“A corrida de cross comemorativa da fundação de uma pequena cidade foi a


primeira de uma série de provas.”

Nem sempre o sujeito simples aparece claramente na oração. No entanto, é


fácil identificá-lo examinando o verbo, pois sabemos que o verbo concorda em
pessoa e número com o sujeito. Observe a frase a seguir:

Em vez de uma agência em cada esquina, temos uma em cada casa.

(Fernando Sabino) 1ª pessoa do singular = eu = sujeito simples e oculto


(Graciliano Ramos) sujeito

Examinando o verbo da oração — temos —, concluímos que:


• temos está na 1ª pessoa do plural;
• então, o sujeito só pode ser nós, que corresponde à 1ª pessoa do plural
também.
Mesmo sem estar presente na oração, classificamos facilmente este sujeito
como sujeito simples.
Quando o sujeito não está expresso claramente na oração, mas pode ser
identificado, ele é chamado sujeito oculto e será sempre um pronome pessoal
reto, determinado pela terminação do verbo. Portanto, todo sujeito oculto é um
sujeito simples.
Veja outro exemplo:

“Fecho precavidamente a janela, como a deixá-las lá fora.”

Sujeito composto

Observe a frase a seguir:

“Atanásio e Isidoro cochichavam.”

O sujeito dessa oração apresenta dois núcleos: Atanásio e Isidoro. Quando o


sujeito possui mais de um núcleo, ele recebe o nome de sujeito composto.

Sujeito composto é aquele que apresenta dois ou mais núcleos.

Veja outros exemplos:


núcleos
“O futebol, o carnaval e a capoeira são bem brasileiros.”
(Revista Ciência Hoje)
sujeito composto

“E os barões e os cavaleiros, ministros e camareiros, damas, valetes e o rei


tremiam como geléia.” (Ruth Rocha)

núcleos
Márcia e Marcelo têm pouco apetite.

sujeito composto

Sujeito indeterminado

Observe os quadrinhos a seguir:

Para identificar o sujeito da oração:

Roubaram um banco em pleno centro.


examinamos o verbo e verificamos que está na 3ª pessoal do plural.
Entretanto, não podemos afirmar com certeza qual é o sujeito, pois poderia ser:
eles roubaram, elas roubaram, vocês roubaram... Nesse caso, não é possível
determinar exatamente qual é o sujeito e, por isso, ele é chamado sujeito
indeterminado.

Sujeito indeterminado é aquele que não está expresso na oração e que não se
pode ou não se quer identificar.

Veja outros exemplos:

(?) Atropelaram uma senhora na avenida.


(?) Fizeram tudo por mim no hospital.

não se pode ou não se quer determinar quem é o sujeito

O sujeito indeterminado ocorre em dois casos:

a) com o verbo na 3ª pessoa do plural, como nos exemplos anteriores;

Roubaram um banco em pleno centro.

b) com o verbo na 3ª pessoa do singular (quando este for verbo intransitivo


— VI, verbo transitivo indireto — VTI, ou verbo de ligação — VL) + se, que
exerce a função de índice de indeterminação do sujeito (IIS).

Dançava-se muito no nosso tempo.

índice de indeterminação do sujeito VI, na 3ª pessoa


do singular

Observe que, examinando o verbo, não se pode afirmar qual é o sujeito,


embora exista um praticante da ação expressa pelo verbo dançar. Portanto, o
sujeito é indeterminado.

Importante:
O estudo dos tipos de verbos será feito na classificação do predicado.

Veja outros exemplos:

Devagar se vai ao longe.

VI, na 3ª pessoa do singular IIS

Fala-se muito de você na escola.

VTI, na 3ª pessoa
do singular IIS
Sempre se está preocupado com o futuro.

VL, na 3ª pessoa do singular IIS

Oração sem sujeito

Observe a oração a seguir:

Hoje fez muito calor.

Ao examinar o verbo fazer a fim de identificar o sujeito, verificamos que não


existe um termo que expresse o elemento de que se fala. Nessa oração,
portanto, não há sujeito; há apenas predicado. Trata-se de uma oração sem
sujeito.

Oração sem sujeito é aquela que apenas expressa um fato que não é atribuído
a nenhum ser.

Veja outros exemplos:

Faz três dias / que não chove.


oração sem sujeito

“Faz escuro, / mas eu canto.”


oração sem sujeito

“Fez tanto luar / que eu pensei nos teus olhos antigos.”


oração sem sujeito

Não só o verbo fazer produz oração sem sujeito. Ela ocorre sempre que o
verbo for impessoal, isto é, quando o verbo não se referir a sujeito de nenhum
tipo nem indicar nenhum ser. Nesses casos, esse verbo estará sempre na 3ª
pessoa do singular.
Veja os casos em que ocorre oração sem sujeito:

a) Com os verbos haver e fazer, quando indicam tempo transcorrido:

Faz dois meses / que ele se foi.


Há duas semanas / que não o vejo.

b) Com o verbo haver no sentido de existir (haver = existir é sempre


impessoal).

Houve poucas reprovações no curso de inglês.


Há gente demais por aqui.

Só nos EUA, há nove milhões


de teletrabalhadores.
Se for usado o verbo existir, a oração passa a ter sujeito, pois esse verbo não é
impessoal. Veja:

Há gente demais por aqui. oração sem sujeito


Existe gente demais por aqui. sujeito

No jornal O Estado de S. Paulo,


há muitos bons jornalistas. oração sem sujeito

No jornal O Estado de S. Paulo,


existem muitos bons jornalistas.
sujeito

Observe que se o sujeito está no plural, o verbo existir também irá para o
plural, pois o verbo sempre concorda em pessoa e número com o sujeito a que
se refere.

c) Com os verbos ser e estar quando indicam tempo ou clima:

Era uma manhã maravilhosa. Está muito quente!

Quando indica horas definidas, o verbo ser concorda com o numeral a que se
refere, mesmo sendo um verbo impessoal. Veja:

É uma hora. São dez horas.

d) Com os verbos anoitecer, chover, nevar, ventar e outros que indicam


fenômenos da natureza:

Ventava muito ontem à noite. “Amanheceu pela Terra.” (Cecília


Meireles)

Se um verbo auxiliar acompanhar um verbo impessoal, formando uma locução


verbal, o auxiliar também permanece na 3ª pessoa do singular, ficando
impessoal. Veja:

Pode haver várias saídas. oração sem sujeito


locução verbal

Deve fazer mais de 25 anos / que o conheci.


locução verbal

Naquela noite, podia nevar à vontade.


locução verbal

Observação:
Muitos gramáticos chamam a oração sem sujeito de sujeito inexistente.

Predicado
O predicado é o outro termo essencial da oração. Ele fornece alguma
informação sobre o sujeito. Veja, por exemplo, a oração a seguir:

Os pássaros voam em bandos.

Como o predicado é a informação declarada sobre o sujeito, temos:

Os pássaros voam em bandos.

Assim como existem alguns tipos de sujeito, existem também tipos diferentes
de predicado. Essa classificação depende da maneira como o verbo participa
da formação do predicado e, por isso, a essa parte da Sintaxe dá-se o nome de
predicação verbal.

sujeito predicado

Classificação do predicado

O predicado classifica-se em: verbal, nominal e verbo-nominal.

Predicado verbal

Observe:

Os pássaros voam em bandos.

Nessa oração, o verbo voar indica uma ação e é o núcleo do predicado, ou


seja, é a palavra principal que dele participa. Nesse caso, dizemos que o
predicado é verbal.

Predicado verbal é aquele cujo núcleo se constitui de verbo ou locução verbal.


Geralmente, esse verbo é de ação.

Veja outros exemplos:

A chuva cai.

A mulher reclamou do calor.

Compro revistas na banca da esquina todos os dias.

Enviei cartões de Natal a todos os parentes.


O predicado verbal forma-se de vários modos:
• com um verbo que não exige complementação de sentido, como cair,
que tem sentido completo. Veja:

A chuva cai.

• com um verbo que exige complementação de sentido, como reclamar,


comprar e enviar. Veja:

A mulher reclamou ... do calor. Enviei ... cartões de Natal a todos os


parentes.

Compro ... revistas.

Então, temos:
reclamar ... de algo ou de alguém.
comprar ... alguma coisa.
enviar ... alguma coisa a alguém.

Assim, os verbos que podem aparecer no predicado verbal classificam-


se em dois tipos,
que veremos a seguir.

núcleo predicado verbal núcleo predicado verbal núcleo


predicado verbal núcleo sentido completo precisa de
complemento completa a idéia do verbo de quê? de quem? precisa
de complemento precisa de complemento complementam a idéia do verbo
o quê? a quem? o quê? complementa a idéia do verbo

1 Verbos intransitivos

São aqueles que não necessitam de complemento para ter sentido.

A chuva cai.

Poderíamos acrescentar outras palavras a esse verbo, se quiséssemos, mas o


seu sentido já está completo. O verbo cair não necessita de complemento.

A chuva cai... lentamente.


A chuva cai... sobre mim.
A chuva cai... sempre à tarde.

Veja outros exemplos de verbo intransitivo:

A chuva parou.
Ele chegou e sorriu.
O avião aterrissou.
O padre apareceu.
Minha cabeça doía.

2 Verbos transitivos

São aqueles que necessitam de complemento para ter sentido. Veja:

Compro revistas na banca da esquina todos os dias.

O verbo comprar pede um complemento para ter sentido completo. Compro o


quê? Compro revistas.

A mulher reclamou do calor.


Enviei cartões de Natal a todos os meus primos.

Todos esses três verbos — comprar, reclamar e enviar — necessitam de


complemento e são chamados verbos transitivos. O complemento e o seu
respectivo verbo transitivo ligam-se direta ou indiretamente, ou seja, com o
auxílio ou não de uma preposição. Por isso, eles são subdivididos em três
outros tipos: transitivo direto, transitivo indireto e transitivo direto e indireto.
Observe, no quadro a seguir, que esses três verbos precisam de complemento
e o que muda é o aparecimento ou não de preposição:

Sujeito (Eu) A mulher (Eu) Verbo compro reclamou


enviei Preposição — do (de + o) — a Complemento
revistas
calor cartões de Natal todos os meus primos

Assim, temos os seguintes verbos transitivos:

• Diretos — exigem complemento sem preposição;


• Indiretos — exigem complemento com preposição;
• Diretos e indiretos (ou bitransitivos) — exigem dois complementos: um
sem preposição e outro com preposição.

(Revista Horizonte Geográfico) VTD (Dorival Caymmi) VTD

Veja outros exemplos de verbos transitivos:

“Austrália descobre arte sobre rochas.”

Quanta gente perdeu seus maridos...”

ter: verbo transitivo direto.


“Populares assistiam à cena.”

“Já não crê nos bichos e duvida das coisas.”

“Ensinamos técnicas agrícolas aos camponeses.”

“Pajé, eu te agradeço o agasalho que me deste.”

crase (preposição a + artigo a) VTI contração VTI VTI contração


(preposição de + artigo as) VTDI (Érico Veríssimo) (Érico Veríssimo)
(José de Alencar) (preposição em + artigo os) combinação (preposição a +
artigo os)

preposição eu agradeço a ti VTDI

Importante:
Os verbos não têm uma classificação muito rígida, pois dependem do
sentido da frase em que são usados.
Observe:

O bebê dormiu rapidamente.

Nessa frase, o verbo dormir é intransitivo, pois a palavra rapidamente apenas


indica a maneira como o sujeito bebê praticou a ação expressa pelo verbo.
Agora, observe:

O general dormia um sono pesado.

Nessa frase, o verbo dormir é transitivo, pois a expressão um sono pesado


acrescenta e complementa a significação do verbo.
Da mesma forma que os verbos intransitivos podem se tornar transitivos,
dependendo do sentido da frase, o inverso também pode ocorrer, ou seja,
verbos transitivos podem ser usados como intransitivos. Observe:

Não vejo nada. Os cegos não vêem.

Portanto, para classificar um verbo quanto à predicação, observe sempre o


sentido que ele tem na frase.

intransitivo transitivo transitivo direto


complemento intransitivo (Professor: É importante mostrar ao aluno,
sempre, que o estudo da língua implica análise, e não decorar nomenclaturas.)
Predicado nominal

Observe a frase:

O trem está atrasado.

O verbo está, presente na oração, não indica nenhuma ação praticada pelo
sujeito. Esse verbo expressa apenas um estado do sujeito O trem e tem,
também, a função de ligá-lo à palavra atrasado.
Assim, a palavra atrasado é um adjetivo (nome) do sujeito O trem e está ligada
a ele pelo verbo estar. Fazendo, então, a análise sintática dessa oração,
temos:

O trem está atrasado.


sujeito predicado

A principal palavra desse predicado, ou seja, o seu núcleo, não é o verbo estar:
é o adjetivo atrasado que expressa um estado do sujeito. Além disso, o verbo
que aparece nesse tipo de predicado apenas faz a ligação entre o sujeito e o
núcleo do predicado.
Esse tipo de predicado é chamado predicado nominal.

Predicado nominal é aquele cujo núcleo é um nome (substantivo, adjetivo ou


pronome), ligado ao sujeito por um verbo de ligação.

Portanto, o elemento mais importante do predicado nominal é o que caracteriza


o sujeito, atribuindo-lhe um estado ou uma qualidade.
Veja outros exemplos:

As crianças parecem felizes.

A Terra é um planeta.

O problema é este.

Nas orações acima, os nomes felizes, planeta e este funcionam como núcleos
do predicado e, ao mesmo tempo, atribuem uma característica ou um estado
aos sujeitos respectivos. A esses termos damos o nome de predicativo do
sujeito.

núcleo do predicado (adjetivo) predicado nominal verbo de ligação


verbo de ligação predicado nominal núcleo (pronome) verbo de ligação
predicado nominal

Predicativo do sujeito é o termo da oração que atribui característica, estado ou


qualidade ao sujeito, funcionando como núcleo do predicado nominal.

Verbo de ligação
Todo predicado nominal é constituído por um verbo de ligação seguido de um
predicativo do sujeito.
Os principais verbos de ligação são: ser, estar, parecer, permanecer, ficar,
continuar e andar.
Veja:

é belo.
está calmo.
parece um espelho.
O mar permanece agitado.
fica silencioso.
continua uma beleza.
anda contaminado

Sujeito Predicado nominal Verbo de ligação


Predicativo do sujeito

Pantera nebulosa

Sua pelagem
“esfumaçada”
é rara na família.

Rara: exemplo de predicativo


do sujeito.

Observe que só existe predicado nominal numa oração quando aparece não só
o verbo de ligação, mas também o predicativo do sujeito. Sem predicativo, o
predicado não será nominal. Veja:

Ele está cansado. sujeito verbo de ligação predicativo do sujeito


(adjetivo) predicado nominal

Ele está aqui.

sujeito não funciona como verbo de ligação transmitindo a ação de estar em


algum lugar advérbio: não é predicativo do sujeito predicado verbal

Predicado verbo-nominal

Observe:

O trem chegou. O trem está atrasado.

sujeito predicado nominal núcleo (verbo) sujeito predicado verbal


núcleo (nome)
Nessas duas orações há um sujeito comum: o trem. Vamos, então, unir os
núcleos dos dois predicados em uma única oração:

O trem chegou atrasado.


predicativo do sujeito sujeito núcleo do predicado verbal núcleo do
predicado nominal

Nesse caso, formou-se uma oração com um predicado constituído por dois
núcleos: um verbo e um nome. A esse tipo de predicado dá-se o nome de
predicado verbo-nominal.

Predicado verbo-nominal é aquele constituído de dois núcleos: um verbo e um


nome.

Veja outros exemplos:

O mar rugia agitado. (eu) Abri a porta assustado.

núcleo (verbo) predicativo do sujeito núcleo (adjetivo) sujeito


predicado verbo-nominal núcleo (verbo) predicativo do sujeito núcleo
(adjetivo) predicado verbo-nominal

As crianças conversavam curiosas.

sujeito predicado verbo-nominal núcleo (verbo) predicativo do sujeito


núcleo (adjetivo)

Eles assistiam ao filme apavorados.

sujeito predicado verbo-nominal núcleo (verbo) predicativo do sujeito


núcleo (adjetivo)

(nós) Chegamos à escola atrasados.


núcleo (verbo) predicativo do sujeito núcleo (adjetivo) predicado
verbo-nominal

Em todas essas orações, perceba que:


• o predicativo refere-se ao sujeito;
• o verbo pode ser intransitivo (rugir, conversar, chegar) ou transitivo
(assistir, abrir).
Agora, veja a frase a seguir:

Minha resposta deixou o aluno espantado.


sujeito predicado núcleo núcleo

Nessa oração, o predicado também apresenta dois núcleos: um verbo transitivo


direto e um predicativo. Só que, nesse caso, o predicativo refere-se à
expressão o aluno, que é o complemento do verbo transitivo direto. Esse
complemento é chamado objeto direto e, por isso, o seu predicativo recebe o
nome de predicativo do objeto.
Observação:
No próximo capítulo, veremos outros tipos de complementos, além do
objeto direto.

Predicativo do objeto é o termo da oração que atribui características, estado ou


qualidade ao objeto, funcionando como núcleo nominal do predicado verbo-
nominal.

Veja outros exemplos:

Eles encontraram a classe animada.


sujeito predicado verbo-nominal núcleo (verbo trans. direto)
objeto direto predicativo do objeto núcleo (adjetivo)

A doença deixou Marcelo sem apetite.

núcleo (verbo trans. direto) objeto direto sujeito predicado verbo-


nominal predicativo do objeto núcleo (locução adjetiva)

Sílvia e Márcia consideraram o filme uma maravilha.


núcleo (verbo trans. direto) objeto direto predicativo do objeto
núcleo (substantivo) sujeito predicado verbo-nominal

O trânsito da cidade está deixando


sujeito núcleo (verbo trans. direto)

as pessoas malucas.
objeto direto predicativo do objeto núcleo (adjetivo)

Agora, compare algumas frases que nos serviram de exemplo:

O mar rugia agitado.


predicativo do sujeito sujeito predicado verbo-nominal

(eu) Abri a porta assustado.


predicativo do sujeito sujeito predicado verbo-nominal

Minha resposta deixou o aluno espantado.


objeto direto predicado verbo-nominal predicativo do objeto

Eles encontraram a classe animada.


objeto direto predicativo do objeto
predicado verbo-nominal

(Professor: O PVN apresenta uma estrutura complexa para o aluno nessa faixa
etária. É importante repeti-la várias vezes.)
Em todas as orações, ocorre o predicado verbo-nominal que é caracterizado
pela presença de um predicativo, o qual pode se referir ao sujeito ou ao objeto.
Naturalmente, para ocorrer predicativo do objeto, que é um complemento do
verbo, é preciso que esse verbo seja transitivo.

Quadro de classificação do sujeito

• Sujeito simples — com um só núcleo.


• Sujeito composto — com mais de um núcleo.
• Sujeito oculto — quando não está expresso na oração, mas pode ser
identificado pela terminação verbal. É sempre um sujeito simples.
• Sujeito indeterminado — quando não pode ser identificado.

Oração sem sujeito — quando a ação verbal não pode ser atribuída a nenhum
sujeito. Ocorre com verbos impessoais, nas seguintes situações:

• Verbos haver e fazer indicam tempo transcorrido.


• Verbo haver é usado no sentido de existir.
• Verbos ser e estar indicam tempo ou clima.
• Verbos que expressam fenômenos da natureza.

Quadro de classificação do predicado

Predicado verbal
• Núcleo = verbo ou locução verbal.

Predicado nominal
• Núcleo = predicativo do sujeito = nome (substantivo,
adjetivo ou pronome) que se refere ao sujeito.

Predicado verbo-nominal

• Núcleos

verbo ou locução verbal.

predicativo = nome (substantivo,


adjetivo ou pronome) que se refere
ao sujeito ou ao objeto.

Quadro de classificação de verbos

• Verbo intransitivo — apresenta sentido completo; não precisa de


complemento.
• Verbo transitivo — não tem sentido completo; precisa de complemento.
Pode ser:
— direto: o complemento liga-se diretamente ao verbo, sem
auxílio de preposição;
— indireto: o complemento liga-se ao verbo com o auxílio de uma
preposição;
— direto e indireto: são dois os complementos — um liga-se ao
verbo sem o auxílio da preposição; o outro liga-se ao verbo com o auxílio da
preposição.
• Verbo de ligação — faz a ligação entre o sujeito e o seu respectivo
predicativo, no predicado nominal.

Exercícios

1 Identifique o sujeito e o predicado das frases:

a) O teatro estava lotado.


b) Isto é muito importante.
c) Ela comprou um carro.
d) Os pássaros construíram seus ninhos.
e) Ninguém atendeu ao chamado.
f) Quem quebrou o sigilo?
g) Foram publicadas diferentes obras sobre o assunto.
h) Cheguei rapidamente ao colégio.
i) Nadamos Márcia e eu.
j) Ventou muito a noite passada.

2 Retire os núcleos dos sujeitos do exercício 1 e classifique-os


morfologicamente. Siga o modelo:

modelo teatro = substantivo

isto = pron. demonst.; ela = pron. pess.; pássaros = subst.; ninguém = pron.
indef.; quem = pron. interr.
• obras = substantivo;
• Márcia = substantivo / eu = pronome pessoal.

3 Releia a oração do item h, do exercício 1.

Cheguei rapidamente ao colégio.

a) Quem é o sujeito?
b) Qual é a classificação desse sujeito?
c) O que você pode dizer com relação ao núcleo desse
sujeito?

4 Releia a oração do item j, do exercício 1.

Ventou muito a noite passada.

a) Classifique o sujeito dessa oração e justifique.


b) Reescreva essa oração com um sujeito simples, mantendo
o mesmo sentido.

5 Identifique o sujeito e classifique-o em simples ou composto,


destacando os núcleos.

a) Marcos e eu já estamos casados.


b) O dia está ensolarado.
c) Meu pai chega hoje.
d) Os russos e os americanos disputavam a conquista do
espaço.

6 Reescreva as orações do exercício 5 que apresentam sujeitos


compostos, transformando-os em sujeitos simples.

7 Identifique as frases em que há sujeito indeterminado (SI) e as


frases em que ocorre oração sem sujeito (OSS):

a) Prenderam o ladrão.

b) Chove muito em novembro.


c) Faz muito calor em minha cidade.
d) Assaltaram a confeitaria.
e) Vive-se bem no campo.
f) Nevou muito no Sul.

8 Explique a classificação dada para os sujeitos dos itens a e d, do


exercício anterior.

Apesar de ele não estar expresso na oração, é facilmente identificável pela


desinência verbal.

É uma oração sem sujeito porque ventar é um verbo que indica um fenômeno
da natureza.
composto / Marcos — eu

simples /dia

simples / pai

composto / russos — americanos

(Professor: Esta atividade retoma o estudo dos pronomes pessoais, cuja


função é substituir os nomes.)

Não é possível determinar os praticantes das ações expressas pelos verbos


prender e assaltar, o que é reforçado pelas formas na 3ª pessoa do plural.

SI OSS OSS OSS SI SI Eu.


Sujeito oculto, que também é um sujeito simples.

Resposta possível: O vento estava forte a noite passada. (Professor: Aceite


outras possibilidades.)

a) Nós já estamos casados.


d) Eles disputavam a conquista do espaço. (Professor: Aceite outras
possibilidades.)

9 Identifique o sujeito das orações a seguir, classifique-o e indique o


núcleo de cada um:

a)

Sujeito simples = o consumo de frios e embutidos;


Núcleo = consumo.

“Vai correr sangue”

Suj. simples = sangue;


Núcleo = sangue.

c)
d)

O camelo
Calmo e vagaroso, o camelo é um animal imprescindível ao deserto.

Estranhas formações rochosas


e a vegetação do cerrado,
em meio à árida caatinga,
são as atrações do
parque nacional piauiense.

(Catálogo publicitário)

Suj. simples = o camelo;


Núcleo = camelo.

Suj. simples = o camelo;


Núcleo = camelo.Suj. composto = estranhas formações rochosas e a
vegetação do cerrado;
Núcleos = formações, vegetação.

• 1º texto
Suj. simples = nós todos
Núcleo = nós

• 2º texto
Suj. simples = a pessoa (dos verbos decifrar e descobrir)
Núcleo = pessoa

• 3º texto
Suj. = indeterminado

1º 2º

Segundo A filosofia Tsen-tsi-ue, Nós todos temos um ponto de contato com o


cosmos

bem aqui

concentrando-se nesse ponto, a pessoa decifra os mistérios do universo e


descobre os seus desígnios

disseram alguma coisa sobre um ponto de contato com brasília?

10 Identifique os sujeitos das orações a seguir e classifique-os:

a) Hoje vai chover muito, segundo a meteorologia.


b) “Fica proibido o uso da palavra liberdade.” (Thiago de
Mello)
c) “Magrinha e branca, a prima Lili parecia mais de cera.”
d) “Deram com o corpo de Pedro
jogado na praia
roído de peixe.”
e) “Haverá girassóis em todas as janelas.”
f) Faz muito calor no Nordeste.
g) “Mas de ano para ano as turmas pioraram.”
h) “No perfume dos meus dedos,
há um gosto de sofrimento.”
i) Em breve, será inverno na Europa.
j) Dorme-se tarde na casa de Pedro.

11 Releia o item e do exercício 10.

“Haverá girassóis em todas as janelas.”

a) Por que, nessa oração, o verbo haver fica no singular?


b) Reescreva a oração, substituindo o verbo haver pelo verbo
existir.
c) O verbo existir ficou no singular ou no plural? Por quê?

sujeito: o uso da palavra liberdade / suj. simples sujeito: a prima Lili / suj.
simplessujeito indeterminado oração sem sujeito oração sem sujeito sujeito: as
turmas / suj. simples oração sem sujeitooração sem sujeitosujeito
indeterminado
10 Identifique os sujeitos das orações a seguir e classifique-os:

a) Hoje vai chover muito, segundo a meteorologia.


b) “Fica proibido o uso da palavra liberdade.” (Thiago de
Mello)
c) “Magrinha e branca, a prima Lili parecia mais de cera.”
d) “Deram com o corpo de Pedro
jogado na praia
roído de peixe.”
e) “Haverá girassóis em todas as janelas.”
f) Faz muito calor no Nordeste.
g) “Mas de ano para ano as turmas pioraram.”
h) “No perfume dos meus dedos,
há um gosto de sofrimento.”
i) Em breve, será inverno na Europa.
j) Dorme-se tarde na casa de Pedro.

11 Releia o item e do exercício 10.

“Haverá girassóis em todas as janelas.”

a) Por que, nessa oração, o verbo haver fica no singular?


b) Reescreva a oração, substituindo o verbo haver pelo verbo
existir.
c) O verbo existir ficou no singular ou no plural? Por quê?

sujeito: o uso da palavra liberdade / suj. simples

sujeito: a prima Lili / suj. simples

sujeito indeterminado

oração sem sujeito

oração sem sujeito

sujeito: as turmas / suj. simples

oração sem sujeito

oração sem sujeito

sujeito indeterminado

oração sem sujeito

a) O verbo haver com sentido de existir é impessoal, caracterizando uma


oração sem sujeito. Se não há um sujeito com quem faça a concordância,
nesse caso, haver apresenta-se sempre no singular.
(Professor: Esta é uma noção importante, que irá direcionar as produções de
textos dos alunos em termos de correção da concordância verbal.)

Existirão girassóis em todas as janelas.

O verbo foi para o plural porque existir é um verbo pessoal e precisa concordar
com o sujeito, no caso, girassóis.

12 Copie as orações, completando-as com os verbos haver, fazer ou


ser, de modo a construir orações sem sujeito.

a) .... doces gostosíssimos naquela confeitaria. Há


e) Em dezembro, .... verão no Hemisfério Sul. é
b) .... tempo que ele saiu. Faz
f) No Brasil, .... 8 000 km de praia. há
c) Na Sibéria .... muito frio. faz
g) .... um calor insuportável. Está
d) .... tantos erros assim em meu texto? Há
h) No relógio da igreja, .... três horas em ponto. são

13 Copie, do exercício 12, as orações sem sujeito em que o verbo


haver é usado no sentido de existir. Reescreva essas orações usando o verbo
existir e identifique o sujeito de cada uma delas.
• Letras a, d e f

• Existem doces (...) – sujeito = doces


Existem tantos erros (...) – sujeito = tantos erros
No Brasil, existem 8 000 km de (...) – sujeito = 8 000 km

14 Observe a frase a seguir:

Já são duas horas da madrugada!

Quanto ao sujeito, qual sua classificação? Justifique.


Trata-se de uma oração sem sujeito: o verbo ser está no plural, uma vez que
deve concordar com o numeral a que se refere.

15 Escreva três orações com sujeito indeterminado, seguindo as


orientações a seguir:
(Professor: A seguir, são dadas apenas sugestões de respostas.)

a) verbo intransitivo na 3ª pessoa do singular + se Dança-


se muito nesse clube.
b) verbo transitivo indireto na 3ª pessoa do singular + se
Fala-se bastante de você.
c) verbo de ligação na 3ª pessoa do singular + se Nunca se
está preparado para tristes acontecimentos.

16 Escreva três orações sem sujeito, seguindo as orientações a


seguir: (Professor: A seguir, são dadas apenas sugestões de respostas.)
a) com verbo que indique fenômeno da natureza Choveu
demais ontem.
b) com o verbo haver no sentido de existir Houve poucos
casos de desistência.
c) com o verbo estar quando indica tempo ou clima Estava
muito quente naquela tarde.

17 Classifique os verbos das orações a seguir, separando-os em:


verbo de ligação (L); verbo transitivo direto (TD); verbo transitivo indireto (TI);
verbo transitivo direto e indireto (TDI) e verbo intransitivo (I):

a) Daremos um prêmio ao vencedor. TDI


e) Recorremos à justiça. TI
b) Os atletas precisam de muito treino. TI
f) O prefeito fez um discurso animador. TD
c) Os visitantes chegaram. I
g) As crianças dormiram. I
d) O espetáculo foi excelente. L
h) Ofereça café aos nossos amigos! TDI

18 Escreva três orações com o verbo pagar, seguindo as orientações a


seguir: (Professor: A seguir, são dadas apenas sugestões de respostas.)

a) pagar = verbo transitivo direto Ela pagará a consulta.


b) pagar = verbo transitivo indireto Já lhe paguei.
c) pagar = verbo transitivo direto e indireto Ele já me pagou
a consulta.

19 Classifique o predicado das orações a seguir:

a) “Astrônomos mudam de idéia sobre a origem da Lua.”


(Revista Superinteressante) predicado verbal
b) “O guará é considerado um dos pássaros mais bonitos do
mundo.” (“Estadinho”, O Estado de S. Paulo) predicado nominal
c) “Come camarões de água doce, caranguejos, bichinhos de
água e caramujos.” (“Estadinho”, O Estado de S. Paulo) predicado verbal
d) O menino abriu a porta contente. predicado verbo-
nominal
e) “Quem usa o word / não vive sem o Aurélio.” predicado
verbal predicado verbal

f) Os brasileiros consideram Madre Teresa de Calcutá uma


santa. predicado verbo-nominal
g) A chuva deixou os lavradores animados. predicado
verbo-nominal

20 Escreva orações, seguindo as orientações a seguir: (Professor:


A seguir, são dadas apenas sugestões de respostas.)
a) sujeito simples + predicado verbal (verbo intransitivo) A
pipa sumiu.
b) sujeito composto + predicado nominal (verbo de ligação +
predicativo do sujeito) O ônibus e o trem estão atrasados.
c) sujeito simples + predicado verbo-nominal (verbo
intransitivo + predicativo do sujeito) A comitiva chegou atrasada.
d) sujeito indeterminado + predicado verbal (verbo transitivo
direto + objeto direto) Encontraram um cachorro marrom e peludo.
e) sujeito simples + predicado verbo-nominal (verbo transitivo
direto + objeto direto + predicativo do objeto) A comitiva chegou atrasada.

21 Nas frases a seguir, identifique o predicativo do sujeito (PS) e o


predicativo do objeto (PO):

a) As plantas ficaram viçosas após a chuva. PS


e) O promotor acusou-o de assassino. PO
b) O júri considerou-o inocente. PS
f) Florianópolis é uma linda cidade. PS
c) A platéia permaneceu silenciosa. PS
g) O professor escolheu um aluno como assistente. PO
d) O operário achou os irmãos desanimados. PO

22 Leia o texto com atenção e classifique os sujeitos dos verbos


destacados.

1 — or. sem sujeito


2 — suj. simples (“eles”)
3 — suj. simples (“o movimento aéreo”)
4 — suj. simples (“São Paulo”)

As supermáquinas

Não há no mundo metrópole onde se possa voar de helicóptero com a


liberdade oferecida pelas grandes cidades brasileiras. A todo instante, em Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo, lá estão eles no céu,
freqüentes como as nuvens. Na capital paulista, que concentra cerca da
metade das 600 aeronaves da frota nacional, há sempre vinte aparelhos
voando simultaneamente, seja dia, seja noite, faça chuva, faça sol. Nos finais
de semana, quando os donos dessas máquinas viajam para a casa da praia ou
para a fazenda no interior, o movimento aéreo dobra. Em torno dos
helicópteros no Brasil há dois fenômenos interessantes. O primeiro é que,
embora o país possua apenas a nona maior frota do mundo, as pessoas ficam
com a sensação de que esses aparelhos estão em toda parte por aqui. São
Paulo tem um quarto dos helicópteros de Tóquio e um sétimo da frota de Nova
York, mas eles voam muito mais na metrópole brasileira do que na asiática ou
na americana. A razão desse fenômeno é a legislação.
(Revista Veja)
23 Retire do texto As supermáquinas duas orações sem sujeito nas
quais o verbo haver aparece como sinônimo de existir e classifique seus
predicados. “(...) há sempre vinte aparelhos” — Predicado verbal
“Em torno dos helicópteros no Brasil há dois fenômenos interessantes.”
Predicado verbal

24 Leia atentamente um trecho da letra da música “Um trem para as


estrelas”:

São 7 horas da manhã


vejo o Cristo na janela
o sol já apagou sua luz
e o povo lá embaixo espera
5 nas filas dos pontos de ônibus
procurando aonde ir.

São todos seus cicerones


correm pra não desistir
dos seus salários de fome
10 e a esperança que eles têm
nesse filme como extras
todos querem se dar bem.

Num trem para as estrelas


depois dos navios negreiros
15 outras correntezas. (...)
(Gilberto Gil e Cazuza)
a) No 1º verso, por que o verbo ser aparece no plural? Ele está indicando
tempo e, nesse caso, concorda com o número que o sucede (7).
b) No 2º verso, identifique e classifique o sujeito do verbo ver. Eu =
sujeito oculto
c) No 7º verso, por que o verbo ser aparece no plural? O verbo ser
concorda com o sujeito todos. A oração está na ordem inversa; a ordem direta
seria: Todos são seus cicerones.

d) Da 2ª estrofe, retire:
• um predicativo do sujeito; seus cicerones
• um verbo transitivo indireto. desistir
e) No 12º verso, o verbo dar foi usado como pronominal — dar-se. No
entanto, na maioria das vezes, em outros textos, como esse verbo é
classificado? Verbo transitivo direto e indireto.

TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO (pg. 239 a 247)

Os termos integrantes da oração completam o sentido de verbos e nomes e,


por isso, são indispensáveis na oração. São quatro: objeto direto e objeto
indireto, que são os complementos verbais, complemento nominal e agente da
passiva.
Vamos estudá-los separadamente.
Complementos verbais

Alguns verbos precisam de complementos para integrar e completar seu


sentido. Esses verbos são chamados transitivos e há dois tipos de
complementos verbais: o objeto direto e o objeto indireto.

Objeto direto

Observe:

Seleção faz amistoso inútil em Goiânia

Analise o verbo fazer, no texto: quem faz, faz alguma coisa. O verbo fazer é
transitivo direto porque precisa de complemento para ter sentido completo e
esse complemento liga-se ao verbo sem o auxílio de preposição, ou seja, liga-
se diretamente. O complemento do verbo fazer, nessa frase, é amistoso inútil.
Observe:

Seleção faz amistoso inútil.


verbo transitivo direto complemento verbal

O complemento verbal que se liga diretamente ao verbo transitivo direto é


chamado objeto direto (OD) e seu núcleo, ou seja, a palavra principal, nesse
exemplo, é amistoso.

Objeto direto (OD) é o termo da oração que completa o sentido do verbo


transitivo direto (VTD).

Veja outros exemplos:


(Professor: É interessante retomar o estudo do predicativo do objeto, visto no
capítulo anterior, comparando-o com o objeto direto.)

“A negra do broche serviu o café.”


objeto direto VTD (Antônio A. Machado)

“Ricardo notou uma expressão triste, no olhar de Valdir.”


objeto direto VTD (Marçal Aquino)

“As histórias, hoje em dia, não devem conter lição?”


objeto direto VTD (Pedro Bloch)

O software da SmartKids
estimula o raciocínio nas crianças.

O raciocínio: exemplo de objeto direto do verbo estimular.

O núcleo do objeto direto pode ser:


• um substantivo;

“O conselheiro coçou os joelhos...”


núcleo = substantivo VTD OD (Antônio A. Machado)

• um numeral;

A professora chamou as primeiras da fila.


VTD OD núcleo = numeral

• um pronome substantivo;

Trouxe aquilo que você pediu.


VTD OD núcleo = pronome substantivo

• uma palavra ou expressão substantivada;

Seus avós viram o nascer de sua carreira.


núcleo = verbo substantivado VTD OD

• uma oração;

O rapaz declarou que perdeu a hora.


VTD OD

• os pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos.

Ela estima-o muito. Admiro-te há muito.


VTD OD VTD OD

Ninguém nos chamou.


OD VTD
Observação:
Os pronomes oblíquos o, a, os, as sempre exercem a função de objeto
direto.

Para identificar corretamente o objeto direto, você precisa analisar sempre a


predicação do verbo, a qual pode mudar de acordo com o contexto e o sentido
da oração.

Objeto indireto

Observe:

NESTE NATAL,
PENSE NO FUTURO.

Analise o verbo pensar, na frase: quem pensa, pensa em alguma coisa ou em


alguém. Então, o verbo pensar é transitivo indireto, porque precisa de um
complemento ao qual está ligado com o auxílio de uma preposição. No nosso
exemplo, o complemento do verbo pensar é no futuro, construído com a
contração de preposição no (em + o).

O complemento que se liga ao verbo transitivo indireto com o auxílio de


preposição é chamado objeto indireto (OI).

Objeto indireto (OI) é o termo que completa o sentido do verbo transitivo


indireto (VTI) e vem precedido de preposição.

Veja outros exemplos:

“Povos nativos resistiram aos imigrantes.”


preposição a VTI (Revista Terra) OI

“Podiam falar de tudo sem segredo.”


preposição locução verbal OI VTI (Elias José)

Em geral, o núcleo do objeto indireto pode ser:

• um substantivo;

As crianças precisam de carinho.


núcleo = substantivo OI VTI

• um numeral;

Gosto de ambas.
núcleo = numeral VTI OI

• um pronome substantivo;

Apresentei a você um bom amigo.


núcleo = pronome VTDI OI OD

• uma palavra ou expressão substantivada;

Todos esperam pelo seu renascer.


núcleo = verbo substantivado VTI OI

• uma oração;

Avisei-o de que não haverá aula.


VTDI OI OD

• os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, lhe, lhes.

Telefonaram-nos às 8 horas.
VTI OI

Desejo-lhes felicidades.
VTDI OI OD

Observação:
Os pronomes me, te, se, nos, vos podem ser objeto direto ou indireto,
dependendo da predicação do verbo. Veja:
Viram-me no cinema. Meus filhos obedecem-me.
VTD OD VTI OI

Já os pronomes lhe e lhes são sempre objeto indireto.

Para identificar corretamente o objeto indireto, você deve sempre analisar a


predicação do verbo.
Observe como o mesmo verbo, de acordo com o contexto, pode apresentar
predicações diferentes:

Eu paguei as compras.
VTD OD

Eu paguei ao vendedor.
VTI OI

Eu paguei as compras ao vendedor.


VTDI OD OI

Portanto, a análise dos termos da oração sempre depende de uma observação


correta da predicação verbal.

Complemento nominal

Assim como os verbos transitivos precisam de um termo que lhes complete o


sentido, existem alguns nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) que
também precisam de um complemento. Veja:

Toda criança sente amor pelos pais.

Nessa oração, temos:

• sujeito: Toda criança;


• predicado: sente amor pelos pais;
• verbo transitivo direto: sente;
• objeto direto: amor.

O objeto direto amor é um substantivo que pede um complemento, pois só é


possível sentir amor por alguém ou por alguma coisa. No nosso exemplo, pelos
pais é o termo que completa o sentido do substantivo (nome) amor, pois é ele
que informa por quem toda criança sente amor. O complemento que completa
o sentido de nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios) é chamado
complemento nominal (CN).
Esse complemento possui uma característica: ele é sempre precedido de
preposição. Observe:

Toda criança sente amor pelos pais.

VTD OD
preposição por + os substantivo sujeito complemento nominal
predicado

Complemento nominal (CN) é o termo da oração que completa o sentido de um


nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) com o auxílio de preposição.

Veja outros exemplos:

“Jamais seria capaz de uma declaração de amor.” (Elias José)

verbo de ligação complemento nominal nome (adjetivo)

O juiz agiu favoravelmente ao réu.


nome (advérbio) VI CN

O medo de novas enchentes inferniza minha vida.


nome (substantivo) CN VTD

Ameaças ao ecossistema da
Baía de Guanabara são tema
de um livro-reportagem
editado pela Faperj.

Ao ecossistema: exemplo de complemento do substantivo ameaças.

O núcleo do complemento nominal, ou seja, sua palavra mais importante, pode


ser:

• um substantivo;

Todas estão ansiosas pela viagem.


núcleo = substantivo nome CN

• um numeral;

O amor era essencial para os dois.


núcleo = numeral nome CN

• um pronome;
Não tínhamos mais confiança nele.
núcleo = pronome nome CN

• uma palavra ou expressão substantivada;

Vivia na esperança do amanhã.


núcleo = advérbio com valor de substantivo nome CN

• uma oração;

“Para compensar meus pesadelos, eu tinha o privilégio de sonhar colorido.”


(Zélia Gattai) nome CN

Observação:
Não se deve confundir complemento nominal com objeto indireto. O
objeto indireto completa o sentido do verbo transitivo indireto. O complemento
nominal completa o sentido de um nome:
(Professor: É preciso insistir nesta diferenciação.)

O ser humano necessita de diálogo. O ser humano tem necessidade de


diálogo.
sujeito predicado verbal sujeito
predicado verbal
objeto indireto VTI objeto direto complemento nominal VTD

Tanto o objeto indireto como o complemento nominal exigem o uso de


preposição. A diferença entre eles é que o objeto indireto completa o sentido de
um verbo transitivo indireto e o complemento nominal completa o sentido de
um nome. Por isso, para identificar corretamente o complemento nominal, é
preciso identificar qual é o termo que exige esse complemento.

Agente da passiva

Para entender a definição de agente da passiva, vamos recordar as vozes do


verbo.
O verbo apresenta três vozes:

1 Voz ativa — quando é o sujeito quem pratica a ação expressa pelo verbo.
Veja:

O menino quebrou a vidraça.


sujeito agente: é o agente da ação, é quem pratica a ação.

2 Voz passiva — quando é o sujeito quem sofre a ação expressa pelo verbo.
Veja:

A vidraça foi quebrada pelo menino.


sujeito paciente: é o receptor da ação, é quem sofre a ação.
A voz passiva pode ser de dois tipos:

• analítica: formada pelo verbo auxiliar ser mais o particípio do verbo


principal. Veja:

A vidraça foi quebrada pelo menino.


sujeito
verbo auxiliar + particípio voz passiva analítica

• sintética: formada pelo pronome apassivador se e um verbo na 3ª


pessoa, do singular ou do plural, de acordo com o sujeito. Veja:

Quebrou-se a vidraça.
pronome
apassivador

verbo na
3ª pessoa
do singular

sujeito
(singular)

Vêem-se muitos mendigos na rua.

pronome
apassivador

verbo na
3ª pessoa
do plural

sujeito (plural)

O pronome apassivador se é também chamado de partícula apassivadora.

3 Voz reflexiva — quando o sujeito pratica e sofre a ação do verbo, ao mesmo


tempo. Veja:

O menino feriu-se.
sujeito

Para nós interessa agora a voz passiva analítica, que apresenta o agente da
passiva. Veja o exemplo:

A vidraça foi quebrada pelo menino.


sujeito predicado
Note que, nessa frase, o sujeito não pratica a ação expressa pelo verbo. Pelo
contrário, ele recebe a ação (é um sujeito paciente) e o agente real é a
expressão pelo menino. Como a oração está na voz passiva, o termo que
pratica a ação do verbo é chamado agente da passiva e, quase sempre, ele é
precedido da preposição por e suas contrações. A preposição de também pode
preceder o agente da passiva.

Agente da passiva é o termo da oração que pratica a ação do verbo na voz


passiva.

O som emitido
pelas dunas
depende do grau
de pureza dos
grãos de areia.

Pelas dunas: exemplo de agente da passiva.

Veja outros exemplos:

O ladrão foi preso pela polícia.


verbo
na voz
passiva

O muro está cercado de flores.


agente da passiva

“Um jornal é escrito por muita gente.” (Carlos Drummond de Andrade)


agente da passiva

Observe a correspondência de termos entre a voz passiva e a voz ativa:

O ladrão foi preso pela polícia.


sujeito

voz
passiva

agente da passiva
(pratica a ação)

A polícia prendeu o ladrão.


voz ativa

sujeito
(pratica a ação)

objeto direto
Nas duas orações, quem pratica a ação é sempre a polícia. Em uma das
orações, a polícia é o sujeito; na outra, ela é o agente da passiva. Da mesma
maneira, o ladrão é quem sofre a ação nas duas orações.
O sentido é o mesmo; o que muda é a função sintática dos termos.
Nem sempre o agente da passiva aparece na oração. Observe:

Todos os defeitos do aparelho foram observados e anotados.

Nesse exemplo, não aparece quem foi o agente, ou seja, quem praticou as
ações de observar e anotar. Isso é possível porque, na voz ativa, também não
é sempre que o sujeito aparece. Veja:

Já venderam todos os aparelhos.


sujeito
indeter-
minado voz ativa

Todos os aparelhos já foram vendidos.


sem
agente
da
passiva voz passiva

O núcleo do agente da passiva pode ser:

• um substantivo;

A praia inteira foi coberta pelo mar.


núcleo = substantivo agente da passiva

• um numeral;

Marli era admirada pelos dois.


agente da passiva núcleo = numeral

• um pronome.

O seu trabalho sempre foi elogiado por nós.


núcleo = pronome agente da passiva

Exercícios

1 Identifique o verbo e o objeto direto das frases a seguir:

a) Tivemos um péssimo dia.

b) Os estatutos da empresa sofreram uma grande alteração.


c) Carlinhos adivinhou tudo.
d) “Problemas têm família grande.”
e) Batatas eu não comprei.
f) “Seu Coelho contemplava a cena lá de cima.”
g) “Boa noite, meu benzinho,
Dorme um sono sem dor.”
h) Procuraram-me em toda parte.

2 Releia o item d do exercício 1:

“Problemas têm família grande.”

a) Reescreva a oração, transformando o objeto direto em


sujeito simples.
b) Explique o que houve com o verbo.
Família grande tem problemas.

A forma verbal têm passa para a terceira pessoa do singular (“tem”),


concordando com o sujeito (“Família grande”), também singular.
(Professor: Aproveitar para retomar a questão da concordância do predicado
(verbo) com o sujeito.)

3 Identifique o verbo e o objeto indireto correspondente das frases a


seguir.

a) Acredito em sua boa intenção.


e) Não preciso disto.
b) Todo brasileiro gosta de música popular.
f) “Aqui jaz o Sol
c) Enviei-lhe uma longa carta.
Que criou a aurora
d) Eu obedeço aos sinais de trânsito corretamente.
E deu luz ao dia

E apascentou a tarde.”
4 Releia o item c do exercício 3:

Enviei-lhe uma longa carta.

a) Qual é a predicação do verbo? É um verbo transitivo direto


e indireto (VTDI).
b) Quais são os complementos? Identifique-os e classifique-
os.
c) Reescreva a oração, retirando o objeto indireto. Enviei
uma longa carta.
d) O que houve com a predicação verbal? Explique. O verbo
passa a ser transitivo direto (VTD), pois a predicação verbal varia de acordo
com o contexto.

5 Releia o item f do exercício 3 e responda: qual é o sujeito dos


verbos jaz, criou, deu, apascentou? Classifique-o. sujeito simples: o Sol.
6 Classifique os verbos das orações abaixo e identifique, nos
termos destacados, o objeto direto (OD) e o objeto indireto (OI):

a) Ofereci meus préstimos à família vizinha.

b) “Ainda conseguiu o ferido levantar o filho e levá-lo até a


cozinha, onde dona Eulália preparava o jantar.”

c) Levamos nossos brinquedos para as crianças do orfanato.

d) Acredito em você, mas não quero ouvir nada agora.

e) “A intenção dele era apenas ouvir um pouco os tambores e olhar as


danças, sentado no comprido banco da varanda, de rosto voltado para o
terreiro pontilhado de velas.”

f) Lembrou-se de mim em Nova Iorque e me trouxe um


presente.

sujeito simples: o Sol. VTI OI OI


VTDI OD VTD OD VTD OD
VTI OI VTD OD VTD
OD OI VTD OD VTD OD
VTD OD VTDI OD OI

g)

Para fechar os melhore$ negócio$,


você precisa de maiore$ informaçõe$.

OD = os melhores negócios; OI = de maiores informações. VTI VTD

7 Escreva orações, seguindo as orientações a seguir:

a) sujeito simples + predicado verbo-nominal (verbo transitivo


direto + objeto direto + predicativo do objeto)
b) sujeito indeterminado + predicado verbal (verbo transitivo
indireto + objeto indireto)
c) sujeito simples + predicado verbal (verbo transitivo direto +
agente da passiva)
d) sujeito simples + complemento nominal + predicado verbal
(verbo intransitivo)
(Professor: A seguir, são dadas apenas sugestões de respostas.)
O juiz julgou-o inocente.
Falaram de você.
O paciente foi coberto de cuidados.
O medo de mais um assalto voltou.
8 Classifique os pronomes destacados em objeto direto ou objeto
indireto.

a) Viu o presente, comprou-o e deu a seu filho. OD

b) Sentiu saudades dela e enviou-lhe uma romântica carta.


OI

c) Obedeça-me! É preciso, para seu próprio bem. OI

d) Mesmo contra as evidências, julgaram-no inocente. OD

e) Pago-te as compras assim que me entregares a nota fiscal.


OI OI

9 Com base nas orações do exercício 8, faça o que se pede:


Predicativo do objeto direto representado por o (no).

a) No item d, qual é a classificação do termo inocente? A qual


termo ele está ligado?
b) Reescreva o item e, usando pronomes oblíquos no lugar
dos objetos diretos e dos objetos indiretos.
Pago-as a ti assim que a entregares a mim. (ou Pago-tas assim que ma
entregares.) (Nesse caso, com relação ao verbo pagar, temos: as = OD, a ti =
OI; com relação a entregar, temos: a = OD, a mim = OI).

10 No texto a seguir, há dois complementos nominais. Indique quais


são eles e quais os nomes que eles completam:

por seu time (amor);


pelo time dos outros (ódio).

Pessoas que não têm nenhum amor por


seu time e sim, um lamentável ódio
pelo time dos outros.

11 a) Reescreva o período do exercício 10 utilizando os verbos


amar e odiar. Faça as alterações necessárias, mantendo o sentido do período
inicial.
b) Qual é a predicação dos verbos amar e odiar?
c) Destaque os complementos desses verbos e classifique-os.

Pessoas que não amam seu time e, sim, odeiam o time dos outros.

Ambos são verbos transitivos diretos.

seu time: objeto direto de amam; o time dos outros: objeto direto de odeiam.
12 Escreva uma frase com cada uma das palavras a seguir, de modo que
elas apresentem um complemento nominal. Use a preposição adequada:
Respostas pessoais

a) insensível; c) confiança;
b) medo; d)
prejudicial.

13 Passe as orações a seguir para a voz passiva e indique o agente


da passiva.

a) Mamãe preparou um grande almoço naquele dia.


b) O empresário do cantor cancelou o show.
c) A namorada de Fábio acompanhava-o.
d) Os vizinhos chamaram o médico imediatamente.
e) Roubaram o banco a noite passada.
f) Razões o cobrem.
Um grande almoço foi preparado por mamãe naquele dia.

O show foi cancelado pelo empresário do cantor.

Ele era acompanhado pela namorada de Fábio.

O médico foi chamado imediatamente pelos vizinhos.

A noite passada, o banco foi roubado. (Não há agente da passiva.)

Ele está coberto de razões.

14 Na frase a seguir, o verbo está na voz passiva:

Depois de longo julgamento, o réu foi condenado a quatro anos de prisão.


b) Não há agente da passiva, pois não é possível determinar “quem” condenou
o réu. Na voz ativa, o sujeito é indeterminado: “Depois de longo julgamento,
condenaram o réu a quatro anos de prisão.” ou “Depois de longo julgamento,
condenou-se o réu a quatro anos de prisão.”

Responda:

a) Qual é a classificação do termo o réu? Sujeito paciente


b) Qual é o agente da passiva? Justifique, transformando a
frase na voz ativa.
c) Na frase que você escreveu, qual é a classificação do
termo o réu?
Objeto direto do verbo condenar.

15 Leia o texto a seguir e faça o que se pede:

a) Indique em que voz se encontra a oração.


b) Qual é a função sintática do termo pela multidão?
c) Passe a oração para a voz ativa.
d) Reescreva a oração na voz ativa, de modo que o sujeito
fique indeterminado.
e) Agora, reescreva-a na voz passiva.
f) Explique o que houve com o agente da passiva.

Leia o texto para resolver as questões 16 e 17.

voz passiva (analítica)

agente da passiva

A multidão atacou o palácio do Catete.

“Atacaram o palácio do Catete.” ou “Atacou-se o palácio do Catete.”

O palácio do Catete foi atacado.

Não é possível determinar o agente da passiva já que o sujeito, na voz ativa, é


indeterminado.

Pesquisa na floresta usa piloto com roupa de


astronauta e radar que enxerga gota de chuva
Klester Cavalcanti, de Ji-Paraná

O maior experimento científico já realizado na Amazônia transformou alguns


pontos da selva em cenário de cinema. Os laboratórios têm coisas como um
radar de 8 metros de diâmetro, antenas parabólicas, piloto de avião vestido de
astronauta, uma torre metálica com 64 metros de altura e dezenas de
computadores. Essa incrível parafernália é utilizada por mais de 150
pesquisadores de dez países. Eles trabalham no Experimento de Grande
Escala da Biosfera e Atmosfera na Amazônia, cuja sigla, em inglês, é LBA. Até
um ganhador do Prêmio Nobel, o químico holandês Paul Crutzen, participa das
pesquisas. O projeto de 100 milhões de dólares é financiado por Estados
Unidos, União Européia, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, e
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Fapesp.
Todos esses cérebros, equipamentos e dinheiro estão reunidos para decifrar os
mecanismos do clima amazônico e sua influência sobre o clima mundial. Há
muito tempo se sabe que a Amazônia afeta as condições atmosféricas de
outras regiões da Terra, mas até hoje os cientistas não conseguiram entender
como isso acontece. Um dos objetivos da pesquisa atual é decifrar esse
enigma. “Vamos estudar o ciclo das chuvas, os efeitos do desmatamento, a
circulação do vento na região e até a composição e o desenho das gotas
d’água que se formam nas nuvens”, afirma Carlos Nobre, pesquisador do Inpe
e coordenador do projeto. A área estudada é de 100 000 quilômetros
quadrados, maior do que o Estado de Pernambuco. O núcleo das pesquisas é
a cidade de Ji-Paraná, em Rondônia, e há bases em outras quatro cidades.

16 Identifique sintaticamente os termos destacados:


a) “O maior experimento científico já realizado na Amazônia”;
e) “do clima amazônico”;
b) “por mais de 150 pesquisadores”;
f) “as condições
atmosféricas”;
c) “das pesquisas”;
g) “a cidade de
Ji-Paraná”.
d) “Todos esses cérebros, equipamento e dinheiro”;

sujeito simples
agente da passiva
objeto indireto
sujeito composto
complemento nominal
objeto direto
predicativo do sujeito

17 a) Retire do texto os dois primeiros verbos que aparecem na


voz passiva e passe as frases para a voz ativa.
b) Na transformação, qual é a nova classificação dos agentes
da passiva?

b) Mais de 150 pesquisadores e Estados Unidos (...) Fapesp são os sujeitos


das orações na voz ativa.

a) 1) Mais de 150 pesquisadores de dez países utilizam essa incrível


parafernália.

2) Estados Unidos (...) Fapesp financiam o projeto de 100 milhões de dólares.

TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO E VOCATIVO PGS. 248 a 257

Termos acessórios da oração

Até agora, já estudamos os termos essenciais e os termos integrantes da


oração. Veja:

• termos essenciais — sujeito e predicado:

“Os burros são magrinhos e velhos.”


(Manuel Bandeira) sujeito predicado

• termos integrantes — complementos verbais (objeto direto e objeto


indireto), complemento nominal e agente da passiva:

Os pais amam os filhos.


VTD objeto direto
Os pais gostam dos filhos.
VTI

objeto
indireto

Os pais têm grande amor pelos filhos.


nome complemento nominal

Os filhos são adorados pelos pais.


verbo na
voz passiva

agente da
passiva

Vamos conhecer, agora, os termos acessórios da oração.


A palavra acessório, segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa,
refere-se a tudo que “não é fundamental, o que é secundário, o que se
acrescenta a uma coisa sem fazer parte integrante dela”.
Portanto, numa oração, termos acessórios são aqueles que não são tão
importantes e necessários para estabelecer o sentido da frase e a
comunicação. A função desses termos é acrescentar informações secundárias
aos nomes e aos verbos. Observe a frase:

A menina apressada caiu na lama.


núcleo núcleo sujeito predicado

Se eliminarmos as palavras que não são as mais importantes dessa oração, se


deixarmos apenas os núcleos de cada termo, teremos:

Menina caiu.

As outras palavras são secundárias e apenas são acrescentadas a essa


informação.
São três os termos acessórios, que veremos a seguir: adjunto adnominal,
adjunto adverbial e aposto. O vocativo, embora estudado entre os termos
acessórios, é um termo sem função sintática e à parte da estrutura da oração.

Adjunto adnominal

Leia o poema a seguir, de Carlos Drummond de Andrade:

Retrato de família

Este retrato de família


está um tanto empoeirado.
Já não se vê no rosto do pai
quanto dinheiro ele ganhou.

Nas mãos dos tios não se percebem


as viagens que ambos fizeram.
A avó ficou lisa, amarela,
sem memórias da monarquia.

Os meninos, como estão mudados.


O rosto de Pedro é tranqüilo,
usou os melhores sonhos.
E João não é mais mentiroso.

O jardim tornou-se fantástico.


As flores são placas cinzentas.
E a areia, sob pés extintos,
é um oceano de névoa.

No semicírculo de cadeiras
nota-se certo movimento.
As crianças trocam de lugar,
mas sem barulho: é um retrato.

Vinte anos é um grande tempo.


Modela qualquer imagem.
Se uma figura vai murchando,
outra, sorrindo, se propõe.

Esses estranhos assentados,


meus parentes? Não acredito.
São visitas se divertindo
numa sala que se abre pouco.

Ficaram traços da família


perdidos no jeito dos corpos.
Bastante para sugerir
que um corpo é cheio de surpresas.

A moldura deste retrato


em vão prende suas personagens.
Estão ali voluntariamente,
saberiam — se preciso — voar.

Poderiam sutilizar-se
no claro-escuro do salão,
ir morar no fundo de móveis
ou no bolso de velhos coletes.

A casa tem muitas gavetas


e papéis, escadas compridas.
Quem sabe a malícia das coisas,
quando a matéria se aborrece?

O retrato não me responde,


ele me fita e se contempla
nos meus olhos empoeirados.
E no cristal se multiplicam

os parentes mortos e vivos.


Já não distingo os que se foram
dos que restaram. Percebo apenas
a estranha idéia de família

viajando através da carne.

Nos dois primeiros versos tem-se a seguinte oração:

“Este retrato de família está um tanto empoeirado.”


sujeito predicado

Perceba que o núcleo do sujeito — retrato — é acompanhado pelo pronome


este e pela locução adjetiva de família. Essas palavras fornecem informações
acessórias ao núcleo. Como o núcleo é representado por um nome
(substantivo) e as expressões este e de família estão junto a esse nome,
caracterizando-o, diz-se que essas palavras, neste caso, são adjuntos
adnominais.

Adjunto adnominal é o termo da oração que determina e caracteriza o


substantivo.

Veja outros exemplos de adjunto adnominal (em destaque):

A moldura deste retrato prende suas personagens.


núcleo núcleo sujeito objeto direto

“Vinte anos é um grande tempo.”


núcleo núcleo sujeito predicativo do sujeito

A função do adjunto adnominal pode ser exercida por:

• um artigo;

“A casa tem muitas gavetas e papéis...”


núcleo do sujeito artigo adjunto adnominal

• um adjetivo ou uma locução adjetiva;

“Percebo apenas a estranha idéia de família.”


núcleo do objeto direto locução adjetiva adjetivo
adjunto
adnominal

adjunto
adnominal

Este retrato de família está empoeirado.


núcleo do sujeito locução adjetiva

adjunto
adnominal

• um numeral;

“Vinte anos é um grande tempo.”


adjunto
adnominal

numeral núcleo do sujeito

• um pronome adjetivo;

Esses estranhos são meus parentes?


pronome adjetivo

núcleo do predicativo
do sujeito

adjunto
adnominal

• uma oração.

A família que possuímos é sempre a melhor do mundo!


núcleo do sujeito oração = possuída / nossa

adjunto
adnominal

Adjunto adverbial

Leia as frases do quadrinho a seguir:

Observe os advérbios utilizados pelo autor e as palavras que eles estão


modificando:

“Humm... As más notícias já chegaram!” “Não chore. Estamos


contigo!”
“Não estou me sentindo bem.”

Todos esses advérbios referem-se a um verbo e estão acrescentando uma


informação acessória à ação expressa por esse verbo: os advérbios indicam as
circunstâncias em que a ação ocorre. Veja:

• já — circunstância de tempo; • bem


— circunstância de modo;
• não — circunstância de negação; • contigo —
circunstância de companhia.

Como os advérbios aparecem junto a verbos, eles são chamados adjuntos


adverbiais.
Observe também estas frases:

As notícias são bem más.


Não estou me sentindo muito bem.
Chorei muito, chorei demais.

Os advérbios destacados nas frases intensificam o sentido de:

• um adjetivo • um advérbio
• um verbo

bem más muito bem chorei demais


adjetivo
advérbio
verbo

Nessas orações, os advérbios também exercem a função de adjunto adverbial.

Adjunto adverbial é o termo que indica a circunstância em que a ação ocorre ou


que intensifica o sentido de um adjetivo, de um advérbio ou de um verbo.

Veja outros exemplos:

Devagar se vai ao longe.


adjunto adverbial
adjunto adverbial
verbo

“Não serei o poeta de um mundo caduco.”


(Carlos Drummond de Andrade) adjunto adverbial
verbo

“Caçador submarino é um ser realmente muito especial.”


(Pedro Bloch)
advérbio
advérbio
adjetivo
adjunto adverbial
adjunto adverbial

Os adjuntos adverbiais podem expressar várias circunstâncias:

• tempo

Ontem estava soprando um vento frio.

• modo

Escreveram corretamente, mas erraram na pronúncia.

• intensidade

Gosto muito de esporte.

• lugar

Aqui nasceram meus pais.

• afirmação

Sim, eu irei estudar mais.

• negação

Não vale a pena se lamentar.

• dúvida

Talvez ela encontre o caminho.

• companhia

Iremos com você à biblioteca.

A função de adjunto adverbial pode ser exercida por:

• um advérbio

Amanhã compraremos os livros.


advérbio adjunto adverbial

• uma locução adverbial

Na sala deserta, uma mosca voava.


adjunto adverbial locução adverbial
• uma oração

“Quando souberam a notícia, Chinita e Manuel soltaram urros de prazer.”


(Érico Veríssimo)
adjunto adverbial oração

A Gruta do Índio, que


mais parece uma casa,
e uma cachoeira em
pleno agreste do Piauí:
caprichos da natureza

Exemplo de adjunto adverbial expresso por locução: em pleno agreste do


Piauí.

Aposto

Leia o texto a seguir:

Edwin Hubble,o pai da astronomia


extragaláctica, descobriu que as
nebulosas são outras galáxias,
além da Via Láctea.

Observe que, na primeira oração dessa frase, temos:

“Edwin Hubble, o pai da astronomia extragaláctica, descobriu...”


sujeito predicado

Perceba que a expressão em destaque refere-se ao sujeito, mas não é


propriamente um adjunto. A sua função é esclarecer e explicar quem foi Edwin
Hubble, mas não é fundamental para a compreensão da frase toda. É possível
compreendê-la sem o aposto. Veja:

Edwin Hubble descobriu que as nebulosas são outras galáxias, além da Via
Láctea.

A esse termo acessório dá-se o nome de aposto.

Aposto é uma palavra ou expressão que explica outro termo da oração.

Veja outros exemplos:

“Edu Chaves, herói da aviação, aparecia de vez em quando lá fora na oficina.”

Cantor e compositor famoso, Gilberto Gil deu uma entrevista coletiva à


imprensa de
Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul.

Nos exemplos, o aposto aparece geralmente entre vírgulas ou precedendo a


vírgula. No entanto, existe um tipo de aposto em que não se usa a vírgula e
que não aparece separado do nome a que se refere. É o aposto que
individualiza um nome comum.
Veja estas frases:

A cidade de Recife tem alguns milhares de habitantes.


nome comum aposto

O jornal Gazeta do Povo tem muitos leitores.


nome comum aposto

O aposto pode também aparecer precedido por dois pontos ou entre dois
travessões. Veja:

O estado de São Paulo tem grandes cidades: Santo André, Campinas, Santos,
Bauru etc.
aposto

Algumas línguas — Latim, Inglês, Francês e Grego — eram ensinadas na


escola antigamente.
aposto

Nestas frases, os exemplos de aposto estão destacados.

FRASES INESQUECÍVEIS DIANTE DA MORTE

Eis aqui algumas frases históricas que ficaram, seja por seu teor dramático ou
irônico:

“Que artista morre comigo!” Nero, imperador romano, ao se suicidar em 68 d.C.

“Senhor, ajudai minha pobre alma.” Edgar Allan Poe, escritor americano, ao
morrer na miséria num hospital de Baltimore (EUA) em 1849.

“Até tu, Brutus?” Júlio César, imperador romano, ao ser esfaqueado por um
grupo de que fazia parte seu protegido, a quem ele se dirigiu.

“Quem foi o cabra que me matou?” Delmiro Gouveia, industrial brasileiro,


pioneiro da hidrelétrica de Paulo Afonso, que foi assassinado a tiros — até hoje
não se sabe por quem — na localidade de Pedra (atual Delmiro Gouveia), em
Alagoas.

Vocativo

O vocativo é um termo isolado dentro da oração que não se liga a nenhum


outro. Ele não pertence nem ao sujeito nem ao predicado. Observe:
No segundo quadrinho, o personagem dirige-se ao governo, chamando sua
atenção. Ao fazê-lo, utiliza-se da expressão “Ó governo!” Essa expressão é um
vocativo.

O vocativo é o termo que serve para interpelar ou chamar aquele com quem se
fala.

Geralmente, o vocativo aparece separado por vírgula e, às vezes, vem


acompanhado de interjeições como oh, eh, ó. Veja:

Maria, ó Maria! O carteiro está no portão.


Menino, onde você pensa que vai a essa hora?

A função de vocativo pode ser exercida por:


• um substantivo

Cale a boca, Anestardo!


substantivo vocativo

• uma expressão com valor de substantivo

Meus caros amigos, aonde vocês vão com tanta pressa?


vocativo

• um pronome de tratamento

Senhor, senhor, venha cá!

vocativo

Exercícios

1 Identifique os adjuntos adnominais das frases a seguir:

a) Meus amigos são jovens.


b) As mulheres estão reivindicando seus direitos.
c) Os garotos beberam água da fonte.
d) As chuvas excessivas prejudicam as plantações.
e) Débora é a terceira filha do casal.

2 Nas frases do exercício 1, identifique as palavras às quais os


adjuntos se referem. Veja o modelo:
modelo
a) Meus amigos são jovens.

meus refere-se a amigos


b) As mulheres estão reivindicando seus direitos.
c) Os garotos beberam água da fonte.
d) As chuvas excessivas prejudicam as plantações.
e) Débora é a terceira filha do casal.
As refere-se a mulheres; seus refere-se a direitos.

Os refere-se a garotos; da fonte refere-se a água.

As, excessivas referem-se a chuvas; as refere-se a plantações.

a, terceira, do casal referem-se a filha.

3 a) Classifique, quanto à morfologia, os adjuntos adnominais


do item e do exercício 2.
b) Escreva uma oração na qual apareçam adjuntos
adnominais diferentes dos classificados acima, embora com a mesma
classificação morfológica.

a: artigo; terceira: numeral; do casal: locução adjetiva.

Resposta pessoal (Sugestão: “O segundo aluno da fila faltou hoje.”)

4 Identifique os adjuntos adverbiais e classifique-os de acordo com


as circunstâncias por eles expressas.

a) A atividade agropecuária tem-se desenvolvido muito,


ultimamente.
b) Talvez não haja aula amanhã.
c) Milhares de peregrinos passam por aqui anualmente.
d) Ele vive sempre preocupado com a saúde.
e) Precisamos vê-lo agora.
intensidade / tempo dúvida / negação / tempo lugar / tempo
tempo tempo

5 Escreva duas orações do exercício 4 e reescreva-as, alterando a


circunstância expressa pelos adjuntos adverbiais. Classifique os novos
adjuntos adverbiais empregados.
Resposta pessoal
6 Escreva orações com os seguintes adjuntos adverbiais:

a) adjunto adverbial de modo.


b) adjunto adverbial de afirmação.
c) adjunto adverbial de negação.
Resposta pessoal Resposta pessoal Resposta pessoal

7 Nas frases a seguir, identifique os apostos e os vocativos:


a) Pedro, meu melhor amigo, ligou-me hoje para dizer que irá
se mudar para a cidade de Recife.
b) Sossega, rapaz, ainda é cedo!
c) Vê se toma juízo, garoto!
d) Carmem, moça rebelde, fugiu do internato e está morando
na casa da tia Lúcia.
e) “Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade”
f) Meus filhos, Manuel e Renato, brevemente serão oficiais da
Marinha.
ambos apostos vocativo aposto vocativo vocativo ambos apostos
(Vinicius de Moraes)

8 Retome as orações do exercício 7 nas quais aparecem apostos e


identifique a que termo eles se referem.

a) meu melhor amigo: aposto de Pedro,de Recife: aposto de cidade; d) moça


rebelde: aposto de Carmem, Lúcia: aposto de tia; f) Manuel e Renato: aposto
de filhos.

9 Acrescente às frases a seguir um adjunto adnominal e um adjunto


adverbial.

a) A casa está sendo construída.


b) Carlos viajava.
c) As crianças fazem castelos.
d) O vento sopra.
Respostas pessoais

10 Escreva frases de acordo com as seguintes orientações:

a) sujeito simples (com adjunto adnominal) + predicado verbal


(verbo intransitivo + adjunto adverbial)
b) vocativo + sujeito simples + predicado nominal (verbo de
ligação + predicativo do sujeito)
c) sujeito composto + aposto + predicado verbo-nominal
(verbo intransitivo + predicativo do sujeito + adjunto adverbial)
(Professor: A seguir, são dadas apenas sugestões de respostas.)As duas
meninas foram ao cinema.

Meus filhos, seu pai está feliz.

Titãs e Skank, dois conjuntos musicais muito populares, chegaram atrasados


ao espetáculo.Respostas pessoais

11 Acrescente um aposto ao termo destacado nas frases a seguir:


Respostas pessoais
a) Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas
Gerais.
b) O governo criou um programa para despoluir o rio Tietê.
c) No ano passado, visitei Paris e Viena.
d) Todos gostam de Pelé.

12 Retire os vocativos dos quadrinhos a seguir:

13 Leia atentamente o texto a seguir:

“Andava devagar, falava devagar, chorava e ria devagarinho e pensava mais


devagar ainda.”

Agora responda:

a) Quais são os adjuntos adverbiais presentes no texto?


b) Que tipo de circunstâncias eles indicam?
c) Quais deles modificam um advérbio?
d) Reescreva a frase, substituindo a palavra devagar por outra
que indique a mesma circunstância.

(Maria Heloísa Penteado)

Devagar, devagarinho, mais, ainda

Devagar/devagarinho: modo; mais: intensidade; ainda: tempo

Mais e ainda

Resposta pessoal. Sugestões: depressa, mal (pior ainda); bem (melhor ainda);
lentamente.

14 Leia o texto a seguir e resolva as questões:

Os brinquedos modernos são tão sofisticados


que, às vezes, as aparências enganam.
O telefone acima — o Superblocks — não é só
para crianças: ele funciona de verdade.
É só discar para conferir...

a) Qual é o sujeito da primeira oração?


b) Classifique o predicado da primeira oração.
c) Qual é a função sintática de modernos?
d) Qual é a função sintática de o Superblocks?
e) Qual é a função sintática de de verdade?

Os brinquedos modernos
adjunto adnominal

aposto adjunto adverbial nominal

15 Leia o texto com atenção e dê a função sintática dos termos


destacados.

Meus senhores,

Antes de comunicar-vos uma descoberta, que reputo de algum lustre para o


nosso país, deixai que vos agradeça a prontidão com que acudistes ao meu
chamado. Sei que um interesse superior vos trouxe aqui; mas não ignoro
também, — e fora ingratidão ignorá-lo, — que um pouco de simpatia pessoal
se mistura à vossa legítima curiosidade científica. Oxalá possa eu corresponder
a ambas.
Minha descoberta não é recente; data do fim do ano de 1876. Não a divulguei
então, — e, a não ser o Globo, interessante diário desta capital, não a
divulgaria ainda agora, — por uma razão que achará fácil entrada no vosso
espírito. Esta obra de que venho falar-vos, carece de retoques últimos, de
verificações e experiências complementares. Mas o Globo noticiou que um
sábio inglês descobriu a linguagem fônica dos insetos, e cita o estudo feito com
as moscas. Escrevi logo para a Europa e aguardo as respostas com
ansiedade. Sendo certo, porém, que pela navegação aérea, invento do Padre
Bartolomeu, é glorificado o nome estrangeiro, enquanto o do nosso patrício mal
se pode dizer lembrado dos seus naturais, determinei evitar a sorte do insigne
Voador, vindo a esta tribuna, proclamar alto e bom som, à face do universo,
que muito antes daquele sábio, e fora das ilhas britânicas, um modesto
naturalista descobriu cousa idêntica, e fez com ela obra superior.
Senhores, vou assombrar-vos, como teria assombrado a Aristóteles, se lhe
perguntasse: credes que se possa dar regime social às aranhas? Aristóteles
responderia negativamente, como vós todos, porque é impossível crer que
jamais se chegasse a organizar socialmente esse articulado arisco, solitário,
apenas disposto ao trabalho, e dificilmente ao amor. Pois bem, esse impossível
fi-lo eu.

a) vos
b) a prontidão
c) meu
d) aqui
e) recente
f) interessante diário desta capital
g) a
h) fácil
i) com as moscas
j) com ansiedade
l) invento do Padre Bartolomeu
objeto indireto
objeto direto
adjunto adnominal
adjunto adverbial de lugar
predicativo do sujeito
aposto
objeto direto
predicativo do sujeito
adjunto adverbial de instrumento
adjunto adverbial de modo
aposto
sujeito simples posposto
adjunto adverbial de intensidade
vocativo
objeto indireto
verbo transitivo direto e indireto
objeto direto
adjunto adverbial de modo
complemento nominal
objeto direto
sujeito simples

PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO (pgs. 258 a 264)

Agora que já estudamos o período simples, vamos estudar o período


composto.
Vamos começar pelo período composto por coordenação.
Observe:

Vamos contar as orações?

“Você gasta o mínimo / e sua mãe acha o máximo.”

• 1ª oração: Você gasta o mínimo


• 2ª oração: e sua mãe acha o máximo.

A primeira oração é separada da segunda pela conjunção e. Você poderia


escrever este período também da seguinte forma:

Você gasta o mínimo.


Sua mãe acha o máximo.

Ao separar as orações por um ponto final, você pôde perceber que uma não
depende da outra; elas são independentes entre si. O que as une é somente
uma seqüência ordenada de idéias; cada uma vale por si e é sintaticamente
completa.
A esse tipo de oração damos o nome de coordenada e o período formado por
elas é chamado período composto por coordenação.
Oração coordenada é aquela que é independente.
Período composto por coordenação é aquele formado por orações
coordenadas.

Classificação das orações coordenadas

As orações coordenadas podem vir ligadas entre si por conjunção, como no


exemplo anterior, ou separadas apenas por vírgula ou ponto-e-vírgula, sem
conjunção.
Leia atentamente o texto a seguir:

ERVAS

O caule das ervas (plantas herbáceas) é geralmente verde, sem casca rígida,
ao contrário do das árvores e arbustos. Algumas plantas herbáceas são
chamadas de anuais, pois crescem, florescem, produzem sementes e morrem
no intervalo de um ano. Outras são bianuais, ou seja, tudo isso ocorre em dois
anos. E há também as perenes, que vivem por muitos anos.

O período

“Algumas plantas herbáceas são chamadas de anuais, / pois crescem, /


florescem, / produzem sementes / e morrem no intervalo de um ano.”

é composto por coordenação e contém cinco orações, algumas com conjunção


e outras sem conjunção.
Veja:

1ª) Algumas plantas herbáceas são chamadas de anuais... (sem conjunção)


2ª) pois crescem... (com conjunção)
3ª) florescem... (sem conjunção)
4ª) produzem sementes... (sem conjunção)
5ª) e morrem no intervalo de um ano. (com conjunção)

Às orações coordenadas que aparecem sem conjunção, separadas por vírgula


ou ponto-e-vírgula, damos o nome de oração coordenada assindética.
Às orações coordenadas que são introduzidas por uma conjunção, damos o
nome de oração coordenada sindética.

Oração coordenada assindética é aquela que não contém conjunção.


Oração coordenada sindética é aquela que é introduzida por conjunção.

Classificação das coordenadas sindéticas


As orações coordenadas sindéticas classificam-se de acordo com as idéias que
expressam. Elas podem ser aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
explicativas.
Vamos estudá-las separadamente.
(Professor: É preciso enfatizar a análise do tipo de relação que envolve as
coordenadas, evitando que o aluno decore conjunções.)
Aditivas

Observe o exemplo:

Ele não veio / nem telefonou. (= Ele não veio e não telefonou.)
1ª oração 2ª oração

A segunda oração — nem telefonou — expressa um fato adicionado ao


anterior. As duas orações, portanto, têm uma relação de soma, adição. A
segunda oração é classificada, por isso, de oração coordenada sindética
aditiva, enquanto a primeira é uma coordenada assindética.

Veja outros exemplos:

Ela ajeitou as meias e levantou-se.


O atleta teima e compete.

Exemplo de oração coordenada sindética aditiva:


... e bate neles com o cassetete?

Oração coordenada sindética aditiva é aquela que exprime uma adição. É


introduzida geralmente pelas conjunções e, nem, mas... também.

Adversativas

PRIMICIA FUTURA.
Você leva a mala, mas não carrega o peso.

As orações:

Você leva a mala, / mas não carrega o peso.


1ª oração 2ª oração
estão relacionadas pela conjunção mas. A segunda oração encerra uma idéia
de oposição à primeira. Esse tipo de relação de sentido também recebe o
nome de relação de adversidade, ou seja, idéia contrária. Por isso, a segunda
oração recebe o nome de oração coordenada sindética adversativa. Por não
possuir conjunção, a primeira é classificada como oração assindética.
Existem outras conjunções que introduzem as orações coordenadas sindéticas
adversativas.
Veja alguns exemplos:

O espetáculo é bom, / entretanto termina muito tarde.


Ele mora perto, / porém não o vejo muito.
O problema é grave, / todavia nada se faz.

As conjunções são diferentes, mas o sentido é sempre o mesmo: a segunda


oração expressa uma idéia de adversidade, de oposição à primeira.

Oração coordenada sindética adversativa é aquela que exprime uma oposição


em relação à idéia anterior. É introduzida geralmente pelas conjunções mas,
porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto etc.

Alternativas

Observe o exemplo:

Você trabalha / ou estuda?

Observe que o segundo fato — ou estuda — é uma idéia alternativa ao


primeiro. Ambos se excluem e não podem ocorrer ao mesmo tempo. A primeira
oração é uma coordenada assindética e a segunda, uma oração coordenada
sindética alternativa.
Às vezes, a conjunção aparece nas duas orações:

Ou você trabalha ou você estuda.

Nesse caso, as duas orações são coordenadas sindéticas alternativas, pois


exprimem uma alternância entre dois fatos, e a conjunção aparece em ambas.
Veja outros exemplos:

Ora temos chuva, / ora temos sol.


Eu irei até lá, / quer você deixe, / quer não deixe.

1ª oração 2ª oração

“Ou ela está com fome,


ou está com cria”
A onça segue, em sua
alimentação, o princípio
adotado pela maioria
dos grandes felinos.

Exemplo de oração coordenada sindética alternativa.

Oração coordenada sindética alternativa é aquela que expressa uma idéia de


alternância, de escolha ou de exclusão. É introduzida pelas conjunções ou...
ou, ora... ora, quer... quer.

Conclusivas

Observe:

Ele está mal de notas; / logo será reprovado.


Note que a reprovação é o fato que se deduz do mau resultado das notas. A
essa segunda oração, que encerra uma idéia de conclusão, dá-se o nome de
oração coordenada sindética conclusiva. A primeira é classificada como
coordenada assindética.
Veja outros exemplos:

Os raios ultravioleta são perigosos; / portanto evite o sol nas horas mais
quentes do dia.
Ele nasceu em Genebra; / é, pois, um cidadão suíço.

Canto, logo exijo


Mesa de sinuca, porcelana chinesa e balões
de oxigênio fazem o folclore de astros da música

As conjunções são diferentes, mas o sentido é o mesmo: uma


conclusão.

1ª oração 2ª oração

Importante:
Observe que, no segundo exemplo, a conjunção pois aparece depois do
verbo ser: quando a oração exprime conclusão, essa conjunção está sempre
nessa posição.

Oração coordenada sindética conclusiva é aquela que exprime uma conclusão.


É introduzida geralmente pelas conjunções logo, por isso, portanto e pois
(depois do verbo).

Explicativas

Leia:

Ande depressa / que a prova é às 8 horas.

Observe que a segunda oração — que a prova é às 8 horas — é o motivo ou a


explicação de ser preciso andar depressa. Como o próprio sentido indica,
temos aqui uma oração coordenada sindética explicativa.
A oração explicativa pode também ser introduzida por outras conjunções, mas
a relação de explicação é a mesma. Veja outro exemplo:

Venha logo, pois precisamos de você.

1ª oração 2ª oração

Importante:
Observe que, nesse exemplo, a conjunção pois aparece antes do verbo, ao
contrário do que acontece na oração conclusiva.
Oração coordenada sindética explicativa é aquela que exprime uma explicação
em relação à oração anterior. É introduzida geralmente pelas conjunções que,
porque e pois (antes do verbo).

Muitas vezes, as orações coordenadas entre si aparecem separadas por ponto


final.
Observe os exemplos:

Estadinho: Onde você viveu na infância?


Amir Klink: Vivi na capital, na região da Avenida Paulista.
Mas eu viajava bastante com os meus pais.

HERBÁRIO

Muitas pessoas mantêm um herbário em casa. Dessa forma, dispõem de ervas


sempre frescas para consumo doméstico. Estas podem
ser usadas para temperar a comida, perfumar o ambiente, fazer chás, tratar
doenças.

No primeiro caso, a relação estabelecida é de adversidade, de oposição:

“Vivi na capital, na região da Avenida Paulista. Mas eu viajava bastante...”

No segundo caso, a oração:

“Dessa forma, dispõem de ervas sempre frescas para consumo doméstico.”

embora separada da primeira por ponto final, estabelece com ela uma relação
de conclusão.
O importante, então, é analisar o tipo de relação que envolve as orações
coordenadas entre si e não apenas identificar a conjunção empregada.

Exercícios

1 Divida os períodos e classifique as orações:

a) Vencemos o concurso; vamos, pois, comemorar.

b) O espetáculo é bom, entretanto termina muito tarde.

c) Ele mente muito, portanto não merece crédito.

d) Fale rapidamente, que não tenho muito tempo.

e) “Alguns verbetes em dicionários e enciclopédias, certas


notícias bibliográficas, fazem-me nascido em Pirangi.”
f) Você resolve: ou fica ou vem conosco.

g) A garota olhou tudo com atenção, parou por um instante,


pensou um pouco e chorou novamente.

h) “Sim, foi apenas um instante, mas me feriu os olhos de


beleza para sempre.” (Rubem Braga)

i) Ficaremos aqui, e não o deixaremos sozinho.

j) “Em que furna, em que torre, em que cisterna funda dormia


o poema?” (Helena Kolody)

2 Estabeleça a relação de sentido entre as orações coordenadas de


cada período (adição, adversidade, alternância, conclusão, explicação):

a) “Não chore ainda não, que eu tenho um violão e nós vamos


cantar.” (Chico Buarque)
b) A maioria assinou; poucos, porém, foram até lá.
c) “Não lhe fales, que o nada é sempre o troco.”
d) Não apareceu ninguém. Nem mesmo um simples doente
com tosse.
e) O número estava realmente incorreto, por isso a jovem
reclamou com razão.
f) “— Desça daí, Casimiro, que eu quero ver a sua mulher.”
g) Você pode escolher uma delas ou pode levar as duas, mas,
nesse caso, deverá pagar um acréscimo.

3 Forme períodos compostos, transformando as orações de cada


item a seguir em orações coordenadas entre si, observando a relação de
sentido estabelecida entre elas. Utilize as conjunções adequadas:

a) O fanatismo religioso é um pesadelo. Destrói o equilíbrio de


um país.
b) É a opção pela violência. É a opção pela via pacífica.
c) “Assine agora. Garanta semanalmente a informação
indispensável de Veja.” (Revista Veja)
d) O investimento pode parecer um pouco alto. Pode ter
certeza de seu funcionamento.
e) O trânsito foi liberado à noite no Elevado. Os moradores
reclamaram.
f) Os filhotes nascem em 13 dias. Demoram para voar.

4 Construa períodos compostos por coordenação utilizando as


palavras a seguir. Considere as relações de sentido que deve haver entre as
orações coordenadas.

a) relação de conclusão médico, acidente, hospital;


b) relação de alternância adoecer, sair;
c) relação de adição infelicidade, desentendimento;
d) relação de explicação viagem, sorriso;
e) relação de adversidade problema, solução.

5 Reescreva o período a seguir, substituindo a conjunção por outra


de sentido equivalente:

or. coord. assind. or. coord. sind. conclusiva

oração coord. assind. or. coord. sind. adversativa

or. coord. assind. or. coord. sind. conclusiva

or. coord. assind. or. coord. sind. explicativa

período simples, oração absoluta

or. coord. assindética oração coord. sind. alt. or. coord. sind. alternativa

or. coord. assindética or. coord. assindética or.


coord. assindética or. coord. sind. aditiva

or. coord. assindética or. coord. sind. adversativa

or. coord. assindética or. coord. sind. adversativa

or. coord. assind. or. coord. sind. aditiva

período simples, oração absoluta

explicação e adição

adversidade

explicação

adição

conclusão

explicação

alternância/adversidade ... pois...

... ou ...

... e ...

... mas...
... por isso...

... e...

(Respostas pessoais. Observar se o aluno usa adequadamente as conjunções


coordenativas.)

O tratamento controla a doença,


mas não há solução definitiva

No lugar de mas, podem ser usadas outras conjunções adversativas: porém,


todavia, entretanto, no entanto.

6 Leia o texto e, em seguida, faça o que se pede:

Sapo
Tem pele seca, pois não
a utiliza para respirar.
Não tem membranas
entre os dedos da pata traseira.
Expele veneno por glândulas
para autodefesa. Por isso,
não foge quando ameaçado.

a) Copie as orações coordenadas.


b) Reescreva essas orações, substituindo as conjunções por
outras de sentido equivalente.

Tem pele seca, pois não a utiliza... / Expele veneno por glândulas para
autodefesa. Por isso, não foge...

Na primeira, conj. explicativa: porque (ou outra). Na segunda, conj. conclusiva:


logo, por conseguinte, portanto (ou outra).

PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO pgs. 265 a 278

Orações subordinadas

Leia:
Galileu provou que o brilho das estrelas não tem nenhuma influência no destino
do homem.

Esse texto é constituído por duas orações:

• 1ª oração: Galileu provou...


• 2ª oração: que o brilho das estrelas não tem nenhuma influência no
destino do homem.

Nenhuma dessas orações tem sentido completo; o significado de uma depende


da outra. São orações dependentes, unidas pela conjunção subordinativa que.
Por isso, dizemos que esse período é um período composto por subordinação.
A segunda oração, introduzida pela conjunção que, recebe o nome de oração
subordinada e a primeira recebe o nome de oração principal.
Observe:

que o brilho das estrelas não tem nenhuma


influência no destino do homem.

Note que o verbo da oração principal — provar — é transitivo direto e pede um


complemento. Neste período, toda a segunda oração é o complemento verbal
de provar; no caso, é um objeto direto. Como você pode ver, a oração
subordinada, nesse exemplo, exerce uma função sintática em relação a um
termo da oração principal.

conjunção1ª oração 2ª oração

oração principal oração subordinada

Oração subordinada é aquela que é dependente e completa o sentido de outra,


exercendo uma função sintática em relação a ela. É introduzida por uma
conjunção subordinativa.

Período composto por subordinação é aquele que é formado por uma oração
principal e uma (ou mais de uma) oração subordinada.

Veja outros exemplos de período composto por subordinação:

“Clarimundo sabe / que dentro dela encontrará luz, calor, aconchego.”

1ª oração: Clarimundo sabe oração principal, pois é a mais importante do


período;
2ª oração: que dentro dela encontrará luz, calor, aconchego oração
subordinada, pois completa o sentido do verbo da primeira oração, exercendo a
função sintática de objeto direto.
Quero / que você saia / quando eles chegarem.

1ª oração 2ª oração

1ª oração 2ª oração 3ª oração

1ª oração: Quero oração principal;


2ª oração: que você saia oração subordinada que completa o sentido da
principal, exercendo a função de objeto direto;
3ª oração: quando eles chegarem oração subordinada que completa o sentido
da anterior, exercendo a função de adjunto adverbial (expressa circunstância
de tempo).

Classificação das orações subordinadas

Dependendo da função sintática que exercem em relação à oração principal, as


orações subordinadas classificam-se em substantivas, adjetivas e adverbiais.
Vamos estudá-las separadamente.

Orações subordinadas substantivas

Compare os dois períodos:

Desejo / que você seja feliz.

Desejo a sua felicidade.

Veja que a oração que você seja feliz equivale à expressão a sua felicidade,
cuja principal palavra (núcleo) é um substantivo.

oração subordinada substantiva oração principal

período composto por subordinação


(dois verbos = duas orações)

período simples (um verbo = uma oração)

núcleo: substantivo

A oração subordinada substantiva tem o valor e a função de um substantivo e é


introduzida por uma conjunção integrante (que, se...).

A oração subordinada substantiva classifica-se conforme a função sintática que


exerce com relação à oração principal.
Ela pode ser:

1 Subjetiva — tem função de sujeito da oração principal:


É preciso / que estudemos.

É preciso nosso estudo.

(Professor: Destacar para o aluno que a oração subordinada substantiva pode


ser transformada em uma construção nominal, representativa de uma das
funções do substantivo no período simples.)

or. principal or. subord. substantiva subjetiva

predicado sujeito

Convém / que estudemos.


or. principal ord. subord. substantiva subjetiva

Convém nosso estudo.


predicado sujeito

Ignora-se / que ele morreu.


or. principal or. subord. substantiva subjetiva

Ignora-se sua morte.


predicado sujeito

2 Objetiva direta — exerce a função de objeto direto da oração principal:

“Confesso / que me emocionei...”


(Carlos Drummond de Andrade)

or. principal or. subord. substantiva objetiva direta

(eu) Confesso minha emoção.


VTD objeto direto

3 Objetiva indireta — exerce a função de objeto indireto da oração


principal:

Ele necessita / de que o ajudes.


or. principal or. subord. substantiva objetiva indireta

Ele necessita de tua ajuda.


VTI objeto indireto

4 Predicativa — exerce a função de predicativo:

“A verdade é / que minha mãe era cândida.” (Machado de Assis)


or. principal or. subord. substantiva predicativa

A verdade é a candura de minha mãe.


predicativo do sujeito VL

5 Completiva nominal — exerce a função de complemento


nominal:

Todos estavam convictos / de que seriam aprovados.


or. principal or. subord. substantiva completiva nominal

Todos estavam convictos de sua aprovação.

nome complemento nominal

6 Apositiva — exerce a função de aposto:

Ele declarou apenas isto: / que amava Luana.


or. principal or. subord. substantiva apositiva

Ele declarou apenas isto: seu amor por Luana.


aposto termo

Observação:
Muitas vezes orações aparecem introduzidas por advérbios
interrogativos: onde, quando, como e por que. São as orações interrogativas
indiretas. Entretanto, como essas orações exercem funções próprias do
substantivo, são classificadas como orações substantivas. Observe:

Nunca se soube como ele escapou. Não se descobriu onde ele se


escondeu.
Ela não disse quando voltou. Não sei por que vocês brigam.

Todas as orações substantivas acima são objetivas diretas.

Atenção: Para classificar corretamente uma oração substantiva, observe qual é


o termo da oração anterior cujo sentido ela completa ou explica.
Veja a tabela ao lado:

Se a oração subordinada
completar (ou explicar)
o sentido de um...

... ela será uma


oração subordinada
substantiva...

predicado subjetiva
verbo transitivo direto objetiva direta
verbo transitivo indireto objetiva indireta
nome completiva nominal
verbo de ligação predicativa
aposto apositiva

Exercícios

1 Classifique as orações subordinadas substantivas destacadas a


seguir:

a) Já os avisei de que a reunião será amanhã.


b) Foi a insegurança que o levou ao fracasso.
c) Acho que vai chover.
d) Disseram-nos apenas isto: que partiriam ao amanhecer.
e) É necessário que saibas esperar o momento certo.
f) Temos receio de que ele nos descubra.

2 Releia a letra d do exercício 1:

Disseram-nos apenas isto: que partiriam ao amanhecer.

a) Transforme essa oração em subordinada substantiva


objetiva direta.
b) Na oração que você escreveu, qual é a predicação do
verbo dizer?
c) Qual termo representa o objeto indireto?
d) Qual a classificação do sujeito da oração principal?

3 Transforme os períodos compostos por subordinação em


períodos simples.

a) Papai só admite que você case por amor.


b) O professor queria que o salário fosse melhor.
c) A diretora recomenda que eles não usem violência.
d) A vizinha deseja que elas voltem ao lar.

4 Classifique as orações subordinadas substantivas do exercício 3.

5 Leia a história em quadrinhos a seguir:

objetiva indireta

predicativa
obj. direta

picture clipping 9

subjetiva

compl. nominal

Disseram-nos apenas que partiriam ao amanhecer.

Verbo transitivo direto e indireto.

O pronome nos.

Sujeito indeterminado.

modelo

Só queria que ele me entendesse.


Só queria seu entendimento.

Papai só admite o seu casamento por amor.

O professor queria melhor salário.

A diretora recomenda a não-violência.

A vizinha deseja a volta delas ao lar.

Todas as orações são subordinadas substantivas objetivas diretas.

Observe a frase destacada:

“É melhor que não tenha.”

Qual é a classificação das duas orações desse período?

É melhor: oração principal / que não tenha: oração subordinada substantiva


subjetiva.

6 Observe:

a) Qual é a função sintática de Cândida?


b) Separe a oração principal.
c) Classifique a outra oração.

7 Leia a história em quadrinhos a seguir:

vocativo
“Você não pode dizer”

“que vai tudo às mil maravilhas”: or. sub. substantiva objetiva direta.

a) Classifique as orações do segundo quadrinho.


b) Reescreva esse período começando com: É preciso
aprender que...
c) Classifique a oração subordinada que você escreveu.

8 Construa seis períodos compostos por subordinação: em cada um


deles deve aparecer uma das orações subordinadas substantivas.

É importante: oração principal; que você aprenda o valor do dinheiro: oração


subordinada substantiva subjetiva.

(Resposta provável: o dinheiro tem (possui) valor.)

que o dinheiro tem valor: oração subordinada substantiva objetiva direta.

Resposta pessoal

Orações subordinadas adjetivas

Observe:

Os animais / que se alimentam de carne / são mais ferozes.

Os animais carnívoros são mais ferozes.

A oração que se alimentam de carne corresponde à palavra carnívoros, que é


um adjetivo. Sintaticamente, esse adjetivo é um adjunto adnominal de animais.
Portanto, essa oração adjetiva equivale a um adjunto adnominal e é introduzida
pelo pronome relativo que.

oração subordinada adjetiva adjetivo oração principal

A oração subordinada adjetiva tem o valor e a função de um adjetivo. É


introduzida por um pronome relativo (que, o qual, a qual, quem) e equivale a
um adjunto adnominal.

A oração subordinada adjetiva não deve ser confundida com a oração


subordinada substantiva. Compare:

Oração adjetiva

Oração substantiva
É introduzida por um pronome relativo (que, o qual, a qual, os quais, as quais,
quem).

Sintaticamente, representa um adjunto adnominal, ou seja, está junto a um


nome (substantivo).

É introduzida por uma conjunção integrante (que, se).

Sintaticamente, representa um nome (substantivo), que é o núcleo de um termo


da oração (sujeito, objeto direto ou indireto, complemento nominal etc.).

Observe e compare os dois exemplos:

1. Acho / que ele é mentiroso. 2. Não gosto de pessoas / que mentem.

No primeiro exemplo, a oração subordinada é introduzida pela conjunção


integrante que e exerce a função sintática de objeto direto do verbo achar, da
primeira oração.
No segundo exemplo, a oração subordinada é introduzida pelo pronome
relativo que e exerce a função sintática de um adjunto adnominal do
substantivo pessoas, da primeira oração. Note que, neste exemplo, o pronome
relativo que pode ser substituído por as quais e toda a oração subordinada
pode ser substituída pelo adjetivo mentirosas. Veja:

Não gosto de pessoas as quais mentem.

Não gosto de pessoas mentirosas.

As orações subordinadas adjetivas subdividem-se em dois tipos: a restritiva e a


explicativa.

Restritiva

Esse tipo de oração adjetiva é indispensável ao entendimento de todo o


período e tem a função sintática de um adjunto adnominal. Normalmente não
aparece entre vírgulas. Observe:

Os jovens / que estudam / chegam lá.

Note que a oração adjetiva faz a restrição, isto é, limita o tipo de jovem que
aparece mencionado na oração principal: não são todos os jovens que chegam
lá; apenas os que estudam. Por isso, esse tipo de oração é chamada adjetiva
restritiva:
• por ter valor de adjetivo, refere-se a outro termo (no caso, os jovens) da
oração principal, exercendo a função sintática de adjunto adnominal;
• por restringir os seres a que se refere, limitando-os dentro de uma
classificação (no caso, que estudam).

Veja outros exemplos:

Pedras que rolam não criam limo.

Admiro as mulheres que lutam por seus direitos.

No primeiro caso, a oração adjetiva restringe o termo pedras: somente as que


rolam não criam limo. No segundo exemplo, a oração adjetiva restringe o termo
as mulheres: apenas as que lutam por seus direitos são admiradas.

conjunção integrante or. sub. substantiva objetiva direta (= objeto direto)

pronome relativo or. sub. adjetiva (= adjunto adnominal)

adjetivo (adjunto adnominal de pessoas)= que mentem

or. subordinada adj. restritiva equivale a estudiosos

or. adj. restritiva or. adj. restritiva

Explicativa

A oração adjetiva explicativa não é essencial para a compreensão do período e


tem a função de um aposto. Normalmente aparece entre vírgulas. Veja um
exemplo:

Brasília, que é a capital do Brasil, é uma cidade planejada.

Observe que a oração adjetiva, nesse exemplo, apenas fornece uma


explicação sobre o termo Brasília, sem restringi-lo ou limitá-lo. Trata-se apenas
de mais uma informação.
Veja outros exemplos:

Seu Manoel, que é um homem íntegro, trabalhou muito tempo conosco.

Os filhos dela, que são muito espertos, resolveram o problema sozinhos.

A oração subordinada adjetiva, restritiva ou explicativa, também pode ser


introduzida pelo pronome relativo onde, que pode ser substituído por em que,
no qual, na qual.

or. subord. adjetiva explicativa


or. subord. adjetiva explicativa

or. subord. adjetiva explicativa

or. subord. adjetiva explicativa

A cidade
vertical

Os japoneses
projetam
edifícios de até
4 quilômetros
de altura, onde
podem viver e
trabalhar até
1 milhão
de pessoas.

Freqüentemente, o pronome relativo aparece precedido de preposição:

Este é o vestido de que preciso.


Não gostei do filme a que assisti ontem.
Este é o motivo por que desisti.
Permanecemos no coração de quem nos ama.
Este é o homem de quem falei.

preposição pronome relativo

Exercícios

1 Classifique as orações subordinadas adjetivas destacadas:

a) O técnico que indicamos foi admitido.


b) Marcelo, que gosta muito de ler, vive na biblioteca.
c) “O anúncio figura em um jornal que o amigo me mandou.”
d) Enviei cartas a todos os vizinhos, que eram os suspeitos do
crime.
e) Enviei cartas a todos os vizinhos que eram os suspeitos do
crime.

2 Releia os períodos d e e do exercício 1 e explique qual diferença


de significado existe entre eles, considerando a classificação da oração
subordinada adjetiva.

adjetiva restritiva

adjetiva explicativa
(Carlos Drummond de Andrade) adjetiva restritiva

adjetiva explicativa

adjetiva restritiva

Em d, a oração adjetiva explicativa funciona como um aposto: todos os vizinhos


eram suspeitos do crime (e receberam carta). Em e, a oração adjetiva restritiva
tem função de adjunto adnominal: alguns vizinhos eram suspeitos do crime
(apenas esses receberam carta).

3 Na frase abaixo há duas orações introduzidas por que.

“Não sabe que existe uma coisa chamada Exército Brasileiro, que o senhor tem
de respeitar?”

a) Destaque a oração principal e dê a predicação do verbo.


b) Qual oração é complemento do verbo da oração principal?
Destaque-a e classifique-a.
c) Destaque a terceira oração do período e classifique-a.
d) Reescreva o período inicial, seguindo as orientações:
• substitua o termo “Exército Brasileiro” pela palavra família;
• substitua a oração “que o senhor tem de respeitar”, alterando sua
classificação.

4 Observe os textos a seguir e classifique as orações introduzidas


por que:

a)

b) “que existe uma coisa chamada Exército Brasileiro”; oração subordinada


substantiva objetiva direta.

(Fernando Sabino)

“Não sabe”; verbo transitivo direto.

“que o senhor tem de respeitar.”; oração subordinada adjetiva explicativa.

Resposta pessoal

As escavações mostram que os nordestinos


pré-históricos eram altos, fortes e sem cáries.

subordinada substantiva objetiva direta

Saúva (Atta sp) transporta vegetal cortado, substrato para a cultura


do fungo de que ela se alimenta.
subordinada adjetiva restritiva

O importante é que sejam pessoas


interessadas na preservação
da natureza

subordinada substantiva predicativa

A sonda Magalhães, que estava em órbita de Vênus


desde 1990, recebeu um sinal que a conduziu a um
mergulho fatal na atmosfera do planeta.

1) subordinada adjetiva explicativa 2) subordinada adjetiva restritiva

5 Leia os períodos a seguir:

I. “As escavações mostram que os nordestinos pré-históricos


eram altos, fortes e sem cáries.”

II. As escavações mostram que os nordestinos pré-históricos,


que eram altos, fortes e sem cáries, carregavam fardos bastante pesados.

Compare as duas orações destacadas e responda:

a) Qual é a classificação destas orações?


b) Qual a função sintática de cada uma dessas orações?
c) Reescreva o período II alterando a classificação da oração
destacada.
d) Observe a frase II e a frase que você escreveu no item c,
anterior. Explique qual é a diferença entre elas, quanto ao sentido.

c) As escavações mostram que os nordestinos pré-históricos que eram altos,


fortes e sem cáries carregavam fardos bastante pesados.

I. oração subordinada substantiva objetiva direta.


II. oração subordinada adjetiva explicativa.

Oração I: exerce a função de objeto direto de mostram; oração II: exerce a


função de aposto de nordestinos pré-históricos.

A frase II mostra que todos os nordestinos pré-históricos eram altos, fortes e


sem cáries. A frase do item c restringe essa idéia e mostra que apenas os
nordestinos altos, fortes e sem cáries carregavam fardos pesados.

6 Transforme os adjetivos em destaque em orações subordinadas


adjetivas:

a) Ele é um garoto alegre.


b) Você é uma pessoa equilibrada.
c) Trata-se de uma pessoa amiga.
d) Admiro o aluno trabalhador.
e) O homem esforçado vence na vida.
f) Alguns médicos têm uma letra ilegível.
g) É preciso cuidado com líquidos inflamáveis.
h) Fatos imprevisíveis podem acontecer a qualquer momento.

7 Nos períodos acima, qual a classificação das orações


subordinadas adjetivas que você criou?

Leia o texto a seguir para resolver as questões 8 e 9:

que tem alegria

que possui equilíbrio

que tem amizade

que trabalha

que se esforça

que não se pode ler

que se inflamam

que não se podem prever

São todas orações subordinadas adjetivas restritivas.

A lista de Mendes
O reconhecimento tardio do cônsul português que salvou
30 000 vidas das garras do nazismo

A cidade francesa de Bordeaux tinha-se transformado em um beco sem saída


para a multidão que se refugiava do avanço do Exército alemão em junho de
1940. A única saída era pela fronteira com a Espanha — mas os vistos eram
sistematicamente negados. Foi nesse ambiente de caos e desespero que o
cônsul português Aristides de Sousa Mendes se pôs a emitir visto de entrada
em Portugal a qualquer um que pedisse. Durante dias de esforço frenético, ele
despachou numa mesa instalada em plena rua e transportou pessoalmente
refugiados até a fronteira. Salvou 30 000 pessoas, incluindo 10 000 judeus. O
desafio arruinou-lhe a carreira, mas o colocou numa restrita galeria de heróis
da II Guerra, ao lado do alemão Oskar Schindler e do diplomata sueco Raoul
Wallenberg, que salvou 20 000 judeus húngaros do extermínio.

8 Classifique as orações destacadas no texto:


a) que salvou 30 000 vidas;
b) que se refugiava do avanço do Exército alemão;
c) que pedisse;
d) que salvou 20 000 judeus húngaros do extermínio.

9 No texto há três orações coordenadas sindéticas. Retire-as e


classifique-as.

or. subord. adjetiva restritiva

or. sub. adjetiva restritiva

or. sub. adjetiva restritiva

or. sub. adjetiva explicativa

1. mas os vistos eram sistematicamente

negados (adversativa); 2. e transportou pessoalmente refugiados até a fronteira


(aditiva); 3. mas o colocou numa restrita galeria de heróis da II Guerra
(adversativa).

Orações subordinadas adverbiais

or. principal or. subordinada adverbial

adjunto adverbial

Observe:

Saímos de casa / quando amanhecia.


Saímos de casa de manhã.

Nesses exemplos, a oração quando amanhecia corresponde ao adjunto


adverbial de manhã, indicando uma circunstância de tempo ao verbo sair, da
oração principal.
Oração subordinada adverbial é aquela que exerce a função sintática que um
advérbio poderia exercer, ou seja, de adjunto adverbial.
As orações adverbiais são sempre introduzidas por uma conjunção
subordinativa, com exceção das integrantes, que introduzem orações
substantivas.
Veja outros exemplos:

Eu lhe escreveria, / se tivesse tempo.


Fiz tudo / conforme me ensinaram.

Aproximei-me do quadro / para examiná-lo bem.

or. subordinada adverbial conjunção condicional

or. subordinada adverbial conjunção conformativa

or. subordinada adverbial conjunção final

A oração subordinada adverbial tem o valor e a função de um advérbio. É


introduzida por uma conjunção subordinativa, exceto a integrante.

Como equivalem a adjuntos adverbiais da oração principal, as orações


adverbiais exprimem circunstâncias de tempo, condição, finalidade, causa etc.
Classificam-se de acordo com as conjunções que as introduzem. Para rever as
conjunções subordinativas, consulte a unidade sobre Conjunção, na parte de
Morfologia.

As orações subordinadas adverbiais podem ser:

1 Causais — expressam causa, motivo:

Fui aprovado, / porque estudei.

or. principal or. subordinada adverbial causal

Observe:

Saímos de casa / quando amanhecia.


Saímos de casa de manhã.

Importante:
No estudo das orações subordinadas adverbiais, não basta decorar as
conjunções: é preciso analisar e compreender as circunstâncias que elas
transmitem, pois uma mesma conjunção pode introduzir orações adverbiais
bem diferentes.

Observe que a causa, o motivo da aprovação, foi o fato de estudar; portanto, a


segunda oração é adverbial causal em relação à principal.
Veja outros exemplos:

Vou-me embora, visto que ninguém me entende.


Já que ele não veio, sairei mais cedo.
Como fosse tarde, desisti do filme.

2 Condicionais — expressam condição para a ocorrência de um fato:


Se chover, não haverá gincana.
Caso faça sol, o programa será mantido.

Se tudo der
certo,as aeronaves
do futuro podem
ter esta forma

3 Comparativas — expressam comparação:

Meu filho é uma criança como outra qualquer.


Tudo aconteceu tal qual você previu.
“Envelheçamos como as árvores fortes envelhecem.”

4 Concessivas — expressam concessão:

“Não parecia russo, embora falasse russo com maestria e com sotaque
moscovita.”
Ainda que ela chegue hoje, só irei vê-la amanhã.
Por mais que gritasse, ninguém a ouvia.

5 Conformativas — estabelecem que a ação verbal acontece dentro de


certos limites:

Conforme combinamos, aqui está o carro.


As coisas ficaram consoante foram acertadas.
“Digo essas coisas, conforme as ouvi narrar...”

6 Finais — expressam finalidade:

Veio para que o problema fosse resolvido.


O rapaz pediu licença para que fosse ao banheiro.
“Fiz-lhe sinal que se calasse.”

7 Consecutivas — expressam conseqüência:

A jovem ficou tão emocionada que desmaiou.


O menino levou tamanho susto que caiu da árvore.
“O caminho é tão comprido que não tem fim.”

8 Proporcionais — expressam proporção:

À medida que o tempo passava, nós ficávamos mais calmos.


À proporção que os convidados iam chegando, os anfitriões iam ficando mais
alegres.
“À medida que avançava, as casas iam rareando.”
9 Temporais — expressam idéia de tempo:

“Damião andava a assustar os guarás no lago, quando ouviu os latidos.”


Escreva-me assim que você chegar lá.

Exercícios

1 Classifique as orações subordinadas adverbiais em destaque:

a) O espetáculo começará às 10 horas, conforme foi


anunciado.
b) Se houver nova eleição, ele será um dos candidatos.
c) Ficaram animados quando viram os gabaritos.
d) Preciso retirar-me porque não me sinto bem.
e) Meu tio não sabe jogar como papai.
f) Apreciei a coreografia, embora não goste desse gênero
musical.
g) Quanto mais ele fala, menos eu entendo.
h) Foi tamanho o susto que não consegui controlar-me.
i) Providenciarei para que ele não venha.

2 Substitua o adjunto adverbial em destaque por uma oração


subordinada adverbial:

a) Fizemos tudo conforme nosso trato.


b) Eles treinaram bastante para a vitória.
c) Ele me avisará de sua chegada.
d) Meu colega chegou bem tarde.
e) Chegamos às 10 horas.
f) Estamos atrasados devido a problemas com condução.

3 Classifique as orações subordinadas adverbiais que você


escreveu no exercício 2.

4 Escolha uma das orações do exercício 2 e reescreva a


subordinada adverbial, alterando a circunstância. Classifique a oração que
você escrever.

5 Leia o texto a seguir:

sub. adv. conformativa

sub. adv. condicional

sub. adv. temporal

sub. adv. causal


sub. adv. comparativa

sub. adv. concessiva

sub. adv. proporcional

sub. adv. proporcional

sub. adv. consecutiva

sub. adv. final

conforme tratamos

para que vencessem

quando você chegar

quando já era bem tarde

quando eram 10 horas

porque tivemos problemas com condução

a) conformativa; b) final; c) temporal; d) temporal; e) temporal; f) causal

Resposta pessoal.

ILHAS

Embora a Mata Atlântica seja um habitat da espécie, existem atualmente


apenas pequenas “ilhas”, com pequenas populações instáveis

No texto ao lado, há uma oração subordinada adverbial concessiva.


Reescreva o trecho duas vezes de forma diferente, utilizando-se das
conjunções do quadro abaixo:

≥ Concessivas — expressam concessão: embora, ainda que, mesmo que,


posto que, se bem que.

Leia o texto a seguir e responda às questões de 6 a 10:

O cavalinho branco

À tarde, o cavalinho branco


está muito cansado:

mas há um pedacinho do campo


onde é sempre feriado.
.......................................................

Seu relincho estremece as raízes


e ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livres
seus movimentos.
(Cecília Meireles)

Sugestões: Ainda que a Mata Atlântica (...) ou Se bem que a Mata Atlântica (...)

6 Quantos períodos há no texto?

7 Quantas orações há em cada um deles?

8 Como você classifica as orações a seguir, retiradas do texto?

a) “mas há um pedacinho do campo”


b) “onde é sempre feriado.”

9 Qual é a função sintática de cansado? E de livres?

10 O verbo ensinar é transitivo direto e indireto. Quais são seus


complementos?

Leia a história em quadrinhos a seguir para responder às


questões 11 a 15:

dois

no 1º há 3 orações; no 2º há 2 orações

coord. sindética adversativa

subordinada adjetiva restritiva

predicativo do sujeito e do objeto, respectivamente

OI: aos ventos; OD: a alegria

11 Quantas orações há no período do segundo quadrinho?

12 Reescreva o período, colocando as orações na ordem direta.

13 Identifique a oração principal desse período.

14 Identifique e classifique a única oração subordinada adverbial


desse período.
15 Se o Menino Maluquinho tivesse dito:

Quando a turma me vir com essa roupa, vai perguntar se na loja em que eu
comprei também tinha pra homem!

qual seria a classificação da oração destacada?

Há 4 orações.

Se a turma me vir com essa roupa, vai perguntar se não tinha pra homem na
loja em que eu comprei (a roupa).

(A turma) vai perguntar.

“Se a turma me vir com essa roupa”: oração sub. adverbial condicional.

Oração subordinada adverbial temporal.

Exercícios Gerais

Leia os textos a seguir para resolver as questões:

O fim do recreio

Já imaginou uma escola que não tem recreio?


Pois esta é a mais recente novidade de várias escolas americanas. As escolas
argumentam que o recreio é puro desperdício de tempo. Além disso, eles
acreditam que somente assim irão acabar os pedidos de indenização. Muitos
pais culpam a escola quando seus filhos se machucam na hora do recreio.
Para especialistas em educação infantil, o recreio e as brincadeiras são muito
importantes para o crescimento intelectual e emocional da criança. E viva o
recreio!

(Revista Zá)

1 Classifique as orações extraídas do texto que aparecem


destacadas nos itens a seguir:

a) Já imaginou uma escola que não tem recreio?


b) As escolas argumentam que o recreio é puro desperdício
de tempo.
c) Muitos pais culpam a escola quando seus filhos se
machucam na hora do recreio.

2 No período a seguir há duas orações. Classifique-as:

Além disso, eles acreditam que somente assim irão acabar os pedidos de
indenização.
3 Reescreva o período simples a seguir, transformando-o em
período composto, no qual deve aparecer uma oração subordinada adverbial
final.

Para especialistas em educação infantil, o recreio e as brincadeiras são muito


importantes para o crescimento intelectual e emocional da criança.

Oração subordinada adjetiva restritiva

Oração subordinada substantiva objetiva direta

Oração subordinada adverbial temporal

Eles acreditam: oração principal; que somente assim irão acabar os pedidos de
indenização: oração subordinada substantiva objetiva direta

Eles acreditam: oração principal; que somente assim irão acabar os pedidos de
indenização: oração subordinada substantiva objetiva direta

(Resposta possível: Para especialistas em educação infantil, o recreio


e as brincadeiras são muito importantes para que haja (ou a fim de que ocorra)
crescimento intelectual e emocional da criança.)

Símbolos ao vento
(...)
Com lugar cativo nos pontos mais altos, carregadas de ideais e incentivadas
pelo vento, as bandeiras, esses pedaços de pano aparentemente frágeis,
provocam, instigam, atingem pontos alcançados por poucos e ainda batem
recordes.
Entre as recordistas, uma é verde-amarela e fica no Planalto Central. Com 20
por 14,3 metros, o pavilhão que tremula na Praça dos Três Poderes, em
Brasília, é a maior bandeira hasteada do mundo, segundo o Guiness, O Livro
dos Recordes. Já a bandeira americana foi a primeira a sair do planeta. Levada
pelos astronautas Neil Armstrong e Edwin Aldrin, a flâmula com listras brancas
e vermelhas e estrelas num fundo azul que representam a terra do Tio Sam
desembarcou na Lua no dia 20 de julho de 1969.
(...)
Esses símbolos que atestam a ousadia humana existem há cerca de 3 mil
anos. Os primeiros modelos foram confeccionados em madeira e metal e eram
usados pelos egípcios para representar deuses, províncias ou partes do
exército.
Com o tempo, novas tendências surgiram e alguém teve a idéia (há cerca de 2
mil anos) de colocar pedaços de pano presos aos extremos das madeiras e
metais, para decorá-los. A moda pegou e nos 500 anos seguintes os tecidos,
que voavam ao vento, tornaram-se mais visíveis e importantes que o suporte,
dando origem às bandeiras a que estamos acostumados. Distintivos de
corporações, nações e partidos, elas sempre foram um sistema de identificação
eficaz.
(...)
(Os Caminhos da Terra)

1 Quantas orações há no trecho a seguir?

(...) as bandeiras, esses pedaços de pano aparentemente frágeis, provocam,


instigam, atingem pontos alcançados por poucos e ainda batem recordes.

2 Classifique as orações extraídas do texto e que aparecem


destacadas nos itens a seguir:

a) Entre as recordistas, uma é verde-amarela e fica no


Planalto Central.
b) Com 20 por 14,3 metros, o pavilhão que tremula na Praça
dos Três Poderes, em Brasília, é a maior bandeira hasteada do mundo,
segundo o Guiness, O Livro dos Recordes.
c) Levada pelos astronautas Neil Armstrong e Edwin Aldrin, a
flâmula com listras brancas e vermelhas e estrelas num fundo azul que
representam a terra do Tio Sam desembarcou na Lua no dia 20 de julho de
1969.
d) Esses símbolos que atestam a ousadia humana existem há
cerca de três mil anos.

3 Releia o último parágrafo e identifique:

a) uma oração subordinada adjetiva explicativa;


b) uma oração subordinada adjetiva restritiva.

Há 4 orações, de acordo com os verbos provocam, instigam, atingem e batem.

Oração coordenada aditiva

Oração subordinada adjetiva restritiva

Oração subordinada adjetiva restritiva

Oração subordinada adjetiva restritiva

que voavam ao vento

a que estamos acostumados

Capítulo 24

REGÊNCIA
Leia a história em quadrinhos a seguir:
(Calvin e Haroldo, de Bill Watterson)

Analisando a predicação dos verbos precisar, perder e ganhar na história,


temos:

“Preciso de ajuda com a lição de casa.”

“Um nome que perdeu seu status de amador.”

“Talvez eu ganhe um ponto por originalidade.”

Você pode ver que um verbo pode relacionar-se com seu complemento
diretamente ou com o auxílio de uma preposição.
A parte da Gramática que estuda a relação entre um termo e seu complemento
é a sintaxe de regência.

preposição

objeto indireto

verbo transitivo indireto

objeto direto

verbo transitivo direto

objeto direto

verbo transitivo direto

Regência é o processo sintático no qual um termo depende gramaticalmente


de outro.

A palavra que precisa de outra para lhe completar o sentido é a que exerce a
regência, e é chamada de termo regente.
A palavra dependente, que completa o sentido de outra, é chamada de termo
regido.
“A Ford investe em novos modelos de carros.”

Observe que, no exemplo dado, o termo regente é um verbo. Se


transformássemos esse verbo em um nome teríamos a seguinte frase:

A Ford faz investimentos em novos modelos de carros.

A relação de dependência entre os termos permanece a mesma, mas a


categoria gramatical do termo regente mudou: passou de verbo para nome.
Quando o termo regente é um verbo, ocorre regência verbal, e quando o termo
regente é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), ocorre regência
nominal.

termo regente (verbo)

termo regido

(Revista Veja)

termo regente (nome)

termo regido

Veja outros exemplos:

Não confio em ninguém.

Não tenho confiança em ninguém.

Ninguém é insensível à dor.

Todos votaram favoravelmente ao réu.

termo regente
(verbo)
termo regido

regência verbal

termo regente
(substantivo)

termo regido

termo regente
(adjetivo)

termo regido

regência nominal

termo regente
(advérbio)

termo regido

Regência verbal

A regência verbal trata dos complementos dos verbos.


Já vimos que os verbos podem ligar-se a seus complementos de duas
maneiras.
• diretamente — sem o auxílio de preposição, o complemento será objeto
direto e o verbo será transitivo direto.

Aspiramos um ar constantemente poluído.

• indiretamente — com o auxílio de preposição, o complemento será


objeto indireto e o verbo será transitivo indireto.

Aspiramos a um futuro melhor.

Observe que, nesses exemplos, o verbo aspirar admite as duas regências. Isso
ocorre porque, na primeira frase, ele tem um significado e, na segunda, ele tem
outro.
Eis, a seguir, alguns verbos e suas regências corretas, segundo as normas
gramaticais que nem sempre são obedecidas na linguagem oral.

Aspirar
É transitivo direto quando significa atrair para os pulmões:

No sítio, aspiro o ar puro da montanha.

É transitivo indireto no sentido de pretender:

Nossa equipe aspira ao troféu de campeã.

verbo transitivo direto


aspirar = respirar, inspirar

objeto direto
preposição

verbo transitivo indireto


aspirar = almejar

objeto indireto

Aspirar: VTD no sentido de atrair para os pulmões.

Assistir

É transitivo indireto no sentido de presenciar, ver:

Assisto a muitos filmes por ano.

É transitivo direto no sentido de ajudar:

A enfermeira assiste os doentes.

Chegar

• É intransitivo, no sentido de atingir o ponto para onde se caminha (pede


a preposição a):

Cheguei ao hotel à noite.

Assistir: VTI no sentido de presenciar, ver.

Rolling Stones chegam ao Brasil hoje.

Esquecer
No sentido de não ter lembrança ou memória admite duas regências:

Transitivo direto e, nesse caso, não é pronominal:

Esquecemos o livro em casa.

Transitivo indireto e, nesse caso, é pronominal:

Ela esqueceu-se do compromisso assumido.

Obedecer

• É transitivo indireto:

Devemos obedecer aos sinais de trânsito.

Esse verbo, apesar de ser transitivo indireto, admite a construção na voz


passiva:

Ele obedece aos sinais de trânsito.


Os sinais de trânsito são obedecidos por ele.

É comum na linguagem cotidiana, o emprego do verbo obedecer como


transitivo direto.

Oferecer

• É transitivo direto e indireto:

Ele ofereceu sua vida à Pátria.

voz ativa

voz passiva

OD OI

(Revista Globo Ciência)

Pagar

É transitivo direto no sentido de saldar compromisso:

Paguei a dívida.

É transitivo indireto no sentido de remunerar:

O Governo já pagou aos funcionários públicos.


Perdoar

• É transitivo direto e indireto, no sentido de desculpar falta a alguém.


Refere-se a coisas (objeto direto) e a pessoas (objeto indireto), e a preposição
usada é a:

Perdoei a atitude ao agressor.


Já perdoei aos meus inimigos as ofensas.

Precisar

É transitivo direto, no sentido de indicar com certeza:

A testemunha precisou o local do crime.

É transitivo indireto, no sentido de ter necessidade. Usa-se a preposição


de:

O diretor precisa de nossa colaboração.

Preferir

• É transitivo direto e indireto. Exige a preposição a:

Preferimos andar a ficar conversando.

Querer

É transitivo direto, no sentido de desejar:

Todos querem um lugar ao sol.

Transitivo indireto, no sentido de gostar, ter afeto. Nesse caso, usa-se a


preposição a:

Quero bem a vocês todos.

Visar

É transitivo direto, no sentido de mirar ou pôr o visto:

O criminoso visou o motorista.


Antes de sair, visei o cheque.

É transitivo indireto, no sentido de desejar, ter em vista:

Os colégios visam à formação de seus alunos.


Essa atitude visa à tranqüilidade de todos.
Há uma tendência moderna de empregar esse verbo sempre como transitivo
direto:

Muitas pessoas visam a segurança nas ruas.


Viso alcançar o pico mais alto.

OD OI

Observação:
De acordo com a língua padrão, são incorretas as construções com o
verbo preferir em que aparece do que:

Prefiro quibe do que sanduíche.


Prefiro comer massas do que carne.

O correto seria:

Prefiro quibe a sanduíche.


Prefiro comer massas a carne.

Regência nominal

Veja, a seguir, alguns substantivos e adjetivos com suas respectivas regências,


segundo as normas gramaticais, nem sempre obedecidas na linguagem oral.

Acesso: a, de, para

Eles têm acesso à cultura e à informação.


O rapaz teve um acesso de raiva.
O acesso para o interior da casa está pronto.

Acostumado: a, com

Já estamos acostumados ao trabalho pesado.


Já estamos acostumados com esse seu jeito brincalhão.

Adaptado: a

Os novos alunos já estão adaptados à nova escola.

Agradável: a, de

Uma boa música é agradável aos ouvidos.


Eram palavras agradáveis de se dizer e de se ouvir.

Amor: a, por

Ele tem amor aos estudos.


Carlos demonstra grande amor por seus pais.

Ansioso: para, por

As crianças estão ansiosas para brincar.


O preso vive ansioso pela liberdade.

Apto: a, para

Aos dezoito anos, os jovens estão aptos ao trabalho.


Não me sinto apto para mergulhar.

Atenção: com, para com

Atenção com os erros ortográficos!


A maioria dos brasileiros demonstra pouca atenção para com os sinais de
trânsito.

Aversão: a, por

Gustavo tem aversão a chocolate.


Sua aversão por violência é antiga.

Capacidade: de, para

Sua capacidade de resolver questões matemáticas é surpreendente.


A capacidade para o trabalho é característica da personalidade dela.

Curioso: de, para

Os jornais estão curiosos das descobertas científicas.


É um exemplar curioso para um cientista.

Acesso de raiva.

Amor por seus pais.

Devoto: a, de

Meu vizinho inglês, devoto ao príncipe de Gales, aprecia a monarquia.


Eram todos devotos de Nossa Senhora.

Essencial: para

A sua presença é essencial para nós.

Falta: a, contra

Os alunos não devem ter faltas às aulas.


O zagueiro cometeu falta contra o goleiro.

Fiel: a

Todos os povos deviam ser fiéis às suas tradições.

Horror: a, de

Sentia horror à guerra, à miséria, ao preconceito.


Os bons têm horror de sentimentos espúrios.

Igual: a, para

Este barco é exatamente igual a todos os outros.


A lei deve ser igual para todos.

Impróprio: para

Este tempero é impróprio para saladas.

Imune: a

Estamos imunes ao vírus da varíola.

Incompatível: com

O preconceito racial é incompatível com a nossa origem.

Inveja: de

Os ignorantes têm inveja dos sábios.

Jeito: para

Ele tem jeito para desenho.

Medo: a, de

O medo ao contágio distancia as pessoas do enfermo.


Ele diz não ter medo de cara feia.

Obediência: a

Todos devemos obediência às leis.

Opinião: a respeito de, sobre

Já formei minha opinião a respeito dos livros.


Você já conhece minha opinião sobre o casamento.
Falta contra o goleiro.

Opinião sobre o casamento.

Orgulhoso: de, por

Estou orgulhoso de suas conquistas.


Os cientistas estão orgulhosos por terem conseguido isolar o vírus.

Preferível: a

No calor, é preferível sorvete a chá quente.

Pronto: a, para

Estou pronto a executar as suas ordens.


Pronto para as provas?

Propenso: a, para

Eles não estão nada propensos a estudar muito.


Ele sempre esteve propenso para o bem.

Próximo: a, de

Moro próximo à praça Panamericana.


O Telescópio Espacial Hubble chegou próximo da nebulosa de Órion.

Semelhante: a

Vinculado: a

Meu contrato está vinculado ao seu.

Vizinho: a, de

Meu escritório é vizinho ao do advogado.


Os Carvalhos eram vizinhos de vocês naquela época.

Preferível sorvete a chá.

A 52 anos-luz da Terra, pode estar um planeta semelhante ao nosso


Exercícios

1 Copie e complete as frases de forma que a regência nominal e a verbal


fiquem corretas:

a) Tenho aversão .... filmes de terror.


b) Deve-se ter atenção redobrada .... atravessar ruas
movimentadas.
c) Ela era fiel .... marido e sua presença era essencial ....
equilíbrio daquele lar.
d) As mães estavam orgulhosas .... sucesso de seus filhos.
e) A platéia emocionada assistia .... espetáculo.
f) Restabeleceu-se rapidamente quando passou a aspirar ....
ar do campo.
g) Esquecia sempre .... livros na escola.
h) Esquecia-se sempre .... livros na escola.
i) O programa visa .... melhoria do transporte coletivo.
j) O paciente precisa .... cuidados especiais.
l) Obedecia incondicionalmente .... ordens do patrão.

2 Observe as frases g e h do exercício 1. Qual a diferença entre


elas com relação à regência verbal?

3 Considerando sua resposta no exercício 2, escreva duas orações


em que o verbo lembrar apresente regência verbal diferente.

para

ao/para o ou ao

do

ao

os

dos

de

às
Na frase g, por se tratar de uma construção sem pronome, o verbo é transitivo
direto. Já na letra h, a construção é pronominal e o verbo é transitivo indireto,
que pede complemento regido por preposição.

lembrar = verbo transitivo direto; lembrar-se = verbo transitivo indireto

4 Leia a frase a seguir:

Os transeuntes, surpresos, assistiram ao acidente.

a) Nesta oração, qual é o significado do verbo assistir?


b) Qual é a predicação do verbo?
c) Qual é seu complemento?
d) Escreva outra oração com o verbo assistir, usando-o com
outro sentido.

5 Copie e complete as frases, acrescentando ao verbo ou ao nome


o complemento exigido. Observe a regência correta:

a) Sua mente era ansiosa ... f)


As autoridades visaram ...
b) Ele só tem amor ...
g) Não devemos visar apenas ...
c) Há máquinas que aspiram ... h)
Tinha respeito ...
d) Há homens que aspiram ...
i) Prefiro ...
e) O padre assistiu ...
j) É preciso informar ...

6 Escreva duas frases, usando o verbo visar com regências


diferentes. Dê o sentido do verbo em cada uma das frases.

7 Escreva frases com cada uma das palavras abaixo, observando


sempre a regência adequada:

a) obedecer c)
preferir e) semelhante
b) perdoar d)
apto

8 Escreva três frases com o verbo pagar, de acordo com as


seguintes orientações:

a) adjunto adverbial + sujeito oculto + verbo transitivo direto +


adjunto adnominal + objeto direto
b) sujeito simples + verbo transitivo indireto + objeto indireto +
adjunto adverbial
c) sujeito composto + verbo transitivo direto e indireto + objeto
direto + objeto indireto + adjunto adverbial

9 Nem sempre quem escreve obedece à regência determinada pela


norma padrão. Identifique os erros de regência nas frases abaixo e reescreva-
as corretamente. Observe que, às vezes, a preposição aparece antes da
palavra que:

a) Tenho medo que ele volte. ... medo de que ...


b) Este é o livro que preciso. ... livro de que ...
c) Assisti um ótimo filme ontem. Assisti a um ...
d) Cheguei em São Paulo à noite. Cheguei a ...
e) Comprei o livro que você falou. ... livro de que ...
f) Só vou a restaurantes que estou acostumado. ...
restaurantes a que ...
g) Certas crianças desobedecem os pais. ... desobedecem
aos ...
h) Cereja é a fruta que mais gosto. ... fruta de que ...

10 A oração “Cheguei em São Paulo à noite.” apresenta um erro de


regência no uso da preposição em. Explique este erro, pensando no significado
da oração.

11 Identifique o erro na regência do verbo esquecer no texto a seguir


e reescreva a frase corretamente:

O verbo assistir tem o sentido de presenciar.

É um verbo transitivo indireto (VTI).

É o objeto indireto ao acidente.

(Resposta pessoal. É provável que os

alunos usem o verbo assistir com o sentido de ajudar. Nesse caso, ele será
transitivo direto, tendo como complemento um objeto direto.)

Respostas pessoais

(Resposta pessoal. É importante observar se o aluno usa adequadamente o


verbo, de acordo com seu sentido: mirar ou pôr o visto = transitivo direto;
desejar ou ter em vista = transitivo indireto.)

Respostas pessoais

(Professor: As frases são apenas sugestões de resposta.)

Ontem paguei minhas contas.


O governo pagará aos professores amanhã.

(Professor: O aluno deve perceber que a preposição em implica um

instrumento de condução — o indivíduo pode chegar em seu carro, por


exemplo — e não uma preposição indicativa de movimento. A forma correta
traz o conectivo a: “Cheguei a São Paulo à noite.”)

Não Esqueça
dos Detalhes
para a Noite de Natal

(Revista da Folha)

Quando não acompanhado do pronome se, o verbo esquecer é transitivo


direto: Não esqueça os detalhes para a Noite de Natal.

12 Leia os textos a seguir e identifique os casos de regência


incorretos que ocorrem em algumas frases. Reescreva-as corretamente:

a)

b)

Existem certos assuntos que nem é bom falar. Mais dia, menos dia a gente tem
que fazer alguma coisa. É respeitando esses momentos que o Cemitério do
Morumby está colocando à venda suas últimas
unidades de jazigos familiares perpétuos,
com ótimos planos de pagamento.

Existem certos assuntos de que nem é bom falar.

(O Estado de S. Paulo)

Entregamos em sua residência sem qualquer


custo adicional de entrega.
Temos tudo que seu animal
de estimação necessita.
Rações
Arroz, Carnes, etc.
Produtos Veterinários: Vacinas e Vermífugos.

(Folheto publicitário)

Temos tudo de que seu animal de estimação necessita.

13 Complete o texto com as preposições adequadas à regência verbal e


nominal.

(Professor: No texto são apresentados verbos e nomes que não foram


abordados nesta obra. A idéia é que os alunos pesquisem a resposta em
dicionários.)

Central de negócios

Neste período de mercado financeiro conturbado, pelo menos um grupo de


investidores não tem .... que se queixar. É a turma que, com base .... Lei do
Audiovisual, comprou certificados de investimento do filme Central do Brasil.
Eles investiram .... projeto do filme 2,1 milhões de reais, algo como 30% do
custo de produção, e devem embolsar uma rentabilidade .... 25% só nos
primeiros doze meses de exibição. Até agora, são quase 3 milhões ....
espectadores no mundo todo. Além do 1,4 milhão de nativos, o filme já foi visto
.... 520 000 franceses, 500 000 americanos, 260 000 alemães e 180 000
italianos.

(Revista Veja)

do

na

no

de

de

por

Capítulo 25
CRASE
As informações sobre a crase completam o estudo de alguns casos de
regência, aqueles em que verbos transitivos indiretos e alguns nomes exigem o
uso da preposição a. Leia o texto a seguir:

A análise dos cabelos pode revelar


se uma pessoa está carente de elementos importantes à saúde,
se ingere drogas ou medicamentos, se fuma ou está intoxicada por metais
perigosos.

(Revista Nova Ciência)

Observe o trecho:

“(...) uma pessoa está carente de elementos importantes à saúde, (...)”

O termo importantes é um adjetivo que exige a presença da preposição a para


estabelecer uma relação com outro termo. No exemplo, esse outro termo é a
palavra saúde, que também exige a presença do artigo a. Veja:

elementos importantes a + a saúde

Quando essas duas vogais se encontram, elas se fundem, ou seja, se unem


em uma única vogal e essa fusão é indicada pelo acento grave ` :

elementos importantes à saúde

A essa fusão das vogais a damos o nome de crase.

preposição artigo

a+a

Atenção

• crase = fusão
• ` = acento grave

Crase é a fusão da preposição a com outro a. É representada na linguagem


escrita pelo acento grave ` .
Ocorre crase:

Quando a preposição a se encontra diante de:

• artigo definido feminino: a ou as

Fomos à feira.

Observe que a regência do verbo ir exige a preposição a: quem vai, vai... a


algum lugar. Veja outros exemplos, com outros verbos e nomes:

Assistimos à peça no Teatro Cultura Artística. O cigarro é prejudicial à saúde.

preposição a + a artigo

assistimos a + a peça

prejudicial a + a saúde

Os vírus de
computador
podem levar
grandes
empresas
à falência

... levar à falência

... levar a + a falência

• a inicial dos pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aquilo

Entreguei o vaso àquele rapaz.

Observe que o verbo entregar é transitivo direto e indireto; no caso do objeto


indireto é obrigatório o uso da preposição a, pois quem entrega, entrega algo...
a alguém. Veja outros exemplos:

Mamãe não permitiu que eu vá àquela festa.

Você se refere àquilo?


“Àquele lado do tempo
onde abre a rosa da aurora,
chegaremos de mãos dadas.”

Entreguei o vaso a + aquele rapaz.

preposição a inicial

vá a + aquela

... refere-se a + aquilo?

(Cecília Meireles)

chegaremos a + aquele lado

àquele

Nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas femininas em que


aparece a ou as. Nesse caso, não há uma fusão de duas vogais, mas o acento
grave é usado por motivos de clareza. Veja:

“Estava à toa na vida,


o meu amor me chamou
pra ver a banda passar
tocando coisas de amor.” (Chico Buarque)

“À noite, ouvi-os cantar, no barracão.” (Vinicius de Moraes)


“Então, à tarde, vêm os jumentinhos.” (Cecília Meireles)

Veja outros exemplos de locuções:

• adverbiais:

às vezes às pressas à distância à direita às escondidas à vista

• prepositivas:

em frente à à procura de

• conjuntivas:

à medida que à proporção que


Nas expressões à moda de, à maneira de,
mesmo quando subentendidas.

Arroz à grega.
Eles estão vestidos à esportiva.

Importante:
Se a crase é o fenômeno resultante da fusão da preposição a mais o
artigo a (com exceção das locuções acima), é claro que ela ocorrerá
normalmente diante de palavras femininas, desde que estas estejam
precedidas de artigo.

Não ocorre crase:

Diante de verbo:

Estou apto a fazer a viagem.

Diante de substantivo masculino:

Ele sempre anda a cavalo.

Diante de artigo indefinido:

Isto me levou a uma solução inédita.

Diante de pronome pessoal (reto, oblíquo e de tratamento):

Dei a ela boas referências a seu respeito.


Requeiro a V. S.a a minha matrícula.
Ele não se referiu a mim.

preposição verbo

Só existe um a, que é exigido pela regência de apto. Não há a artigo antes do


verbo. Dessa forma, não ocorre nenhuma fusão.

substantivo masculino

artigo indefinido

Exercícios
1 Use o acento grave ` onde ocorre crase:

a) Saíram a procura de Marcelo.


b) As vezes, canto para não chorar.
c) Enfeitaram-se para ir a festa.
d) Gosto de andar a pé.
e) Entregue este pacote aquela senhora.
f) Solicitamos a V. E .xa providências imediatas.

2 Explique cada uma de suas respostas no exercício 1.

3 Copie as frases, completando-as com a, as, à, às:

a) Chegamos .... porta, mas não entramos.


b) Os acontecimentos nos levaram .... um beco sem saída.
c) O diretor não fez qualquer referência .... essas funcionárias.
d) Aquelas operações fraudulentas foram realizadas ....
ocultas.
e) São elas .... professoras que muito colaboraram conosco.

4 Leia a frase a seguir:

Pela Internet, temos acesso a todos os dados de que precisamos para a


pesquisa.

a) Qual é a classificação morfológica da palavra a, que


aparece duas vezes na frase?
b) Reescreva a oração, substituindo a palavra dados por
informações:
c) Na oração original ou na que você escreveu, ocorre crase?
Explique.

5 Copie, corrigindo, as alternativas em que o emprego do acento


grave para indicar crase é inadequado e justifique:

a) Procure obedecer às leis de trânsito.


b) Os meninos voltaram à escola.
c) Minha irmã não tem ido à bailes. a bailes
d) Há tempos não assisto à uma boa apresentação de dança.
a uma
e) Refiro-me àqueles problemas graves que o Brasil
apresenta.

à procura

Às vezes
à festa
àquela senhora

a) à procura de: loc. prepositiva; b) às vezes: loc. adverbial; c) ir a + a festa; d)


andar a + pé (antes de palavra masculina não se usa artigo a: não ocorre
crase); e) entregar a + aquela (fusão da preposição a com a letra inicial de
aquela); f) solicitar a + V. E .xa (antes de pronome de tratamento não se usa
artigo a: não ocorre crase)

à a a às as

Em acesso a: preposição; em a pesquisa: artigo.

Pela Internet, temos acesso a todas as informações de que precisamos para a


pesquisa.

Não ocorre, porque antes de pronome indefinido (todos ou todas) não se usa
artigo.

XX

c) Bailes é palavra masculina, que não admite artigo a anteposto; d) Não se


usa artigo antes de artigo indefinido (a uma boa apresentação).

6 Explique a presença ou a ausência do acento grave indicativo da


crase, nas frases a seguir:

a)

b)

c)
d)

7 Crie um anúncio de viagem para um lugar imaginário... e


maravilhoso. Você deve convencer o leitor das maravilhas desse lugar. Em seu
texto, use no mínimo quatro termos regidos pela preposição a. Seja criativo e
mãos à obra!

Surpresas de uma
viagem à rodoviária

viagem a + a rodoviária

(Revista Veja)

Cartas poderão ser enviadas à redação da Horizonte Geográfico —


Av. Arruda Botelho, 684 — 3º andar — CEP 05466-000 — São Paulo — SP,
com telefone e endereço do remetente.

enviar a + a redação

(Revista Horizonte Geográfico)

a incrível: simples artigo;


a caminho: palavra masculina

A INCRÍVEL RODOVIÁRIA
São 40 000 passageiros diários, a caminho de 800 cidades,
cruzando com migrantes, mochileiros, golpistas e carregadores universitários

(Revista Veja)
O artesanato
em cerâmica resiste
à modernização do país.

resiste a + a modernização

(Revista Geográfica Universal)

(Professor: Aconselhe os alunos a fazerem uma pesquisa no dicionário, com


um levantamento das palavras que eles poderão usar no texto.)

Capítulo 26

CONCORDÂNCIA

Leia o texto a seguir, observando a frase destacada:

Um clube que planta e colhe

O Clube da Semente, uma ONG de Brasília, quer preservar as espécies da


flora brasileira. Para isso, bolou uma idéia simples que pode render mais e
belas árvores: distribuir sementes. Com a ajuda de instituições civis e até dos
bombeiros, eles coletam sementes de árvores brasileiras que foram muito
derrubadas, como o jatobá, o cedro, o mogno e o pau-brasil — que são
embaladas em saquinhos com informações e instruções para o plantio — e as
distribuem a quem estiver disposto a plantá-las. As campanhas da instituição,
bancadas por doações de associados ou por empresas, já distribuíram mais de
100 mil embalagens de sementes. Quem quiser entrar na onda pode escrever
para a caixa postal 377, CEP 70359-970, Brasília. Tel.: (61) 346-8156, fax (61)
225-3082.
(Os Caminhos da Terra)

Na frase:

Eles coletam sementes de árvores brasileiras que foram muito derrubadas (...)
o sujeito eles concorda em número com o núcleo do predicado, que é a forma
verbal coletam, ou seja, sujeito e núcleo do predicado estão no plural.
Além disso, as palavras brasileiras e derrubadas estão no gênero feminino e no
plural e concordam com o substantivo árvores, a que se referem, que também
está no gênero feminino e no plural.
A essa adequação de pessoa (1a-, 2a- e 3a-), gênero (masculino e feminino) e
número (singular e plural) entre os termos dá-se o nome de concordância.

Concordância é a harmonia de flexão entre dois ou mais termos.

Quando a concordância se faz entre o sujeito e o predicado, ela é expressa na


flexão do verbo e, por isso, é chamada concordância verbal. Quando a
concordância se efetua entre artigo, numeral, adjetivo e pronome em relação
ao substantivo a que se referem, temos a concordância nominal.
Veja os exemplos:

Romeu e Julieta são símbolos do amor.

As minhas duas belas filhas estudam em colégios diferentes.

Vamos estudá-las separadamente.

sujeito

predicado

o verbo concorda com o sujeito

concordância verbal

artigo
pronome

numeral
adjetivo

substantivo

adjetivo

feminino plural plural

concordância nominal concordância nominal

Concordância verbal

O estudo da concordância verbal leva em consideração as flexões de número e


pessoa entre o verbo e o sujeito.

Regras gerais

Sujeito simples

O verbo concorda em número e pessoa com o seu sujeito.

O jornal está aqui. Os jornais estão aqui.

Na ordem inversa, com o sujeito colocado após o verbo, a regra é a mesma:

Estão aqui os jornais.

Sujeito composto

O sujeito composto por elementos da mesma pessoa gramatical leva o verbo


para o plural, mantendo a pessoa gramatical do sujeito:

O jornal e a revista estão aqui.


“Ruas e construções guardam séculos de história.”

O sujeito composto por elementos de pessoa gramatical diferente leva o verbo


para o plural na pessoa predominante:

• A primeira pessoa predomina sobre a segunda e a terceira:

Tu, ele e eu somos os vencedores da competição.

• A segunda pessoa predomina sobre a terceira:

Tu e ele sois os vencedores da competição.

substantivo
singular

verbo singular

substantivo
plural

verbo plural

sujeito simples

sujeito simples

Ordem direta: Os jornais estão aqui.

verbo

sujeito simples

Como os Estados Unidos vêm dizimando suas florestas


Depois de quatro séculos de desmatamento incessante,
restam apenas 66 milhões de hectares, 5% da vegetação original.

Ordem direta: ... apenas 66 milhões de hectares restam ...


(Revista Superinteressante)

3-a pessoa
singular

3-a pessoa
singular

3-a pessoa plural

sujeito composto

verbo

3-a pessoa
plural

3-a pessoa
plural

3-a pessoa plural

sujeito composto

(Revista Horizonte Geográfico)

verbo
3-a pessoa

2-a pessoa

1-a pessoa

sujeito composto

verbo na 1-a pessoa do plural

2-a pessoa
3-a pessoa

sujeito composto

verbo na 2-a pessoa do plural

Casos especiais

Sujeito simples

Sujeito coletivo

a) O sujeito expresso por um substantivo coletivo no singular pede o verbo no


singular.

O povo está mais esperançoso A multidão corria apavorada.


com o novo presidente.

b) O sujeito formado de substantivo coletivo acompanhado de nome no plural


pede o verbo no singular ou no plural.

Um bando de garotos jogava bola aqui na rua.

Um bando de garotos jogavam bola aqui na rua.

coletivo no singular

verbo no singular

coletivo no singular

verbo no singular

coletivo no singular
nome plural

verbo no singular

coletivo no singular
nome plural

sujeito
verbo no plural
A escolha de uma das duas formas depende do estilo de cada falante e de qual
termo se quer destacar: se o grupo ou os componentes do grupo.

Pronomes de tratamento

O sujeito representado por pronome de tratamento pede o verbo na terceira


pessoa:

V. S.a já sabe da última? Vocês esperaram muito tempo por essa


notícia.

Palavra se

O uso do se junto ao verbo pode oferecer alguma dificuldade na flexão do


verbo em relação ao seu sujeito.
a) Se na função de partícula apassivadora.
O verbo transitivo direto ao lado do pronome se concorda com o sujeito
paciente:

Vende-se um apartamento em Copacabana. Vendem-se alguns apartamentos


no litoral.

pronome de
tratamento
no singular

3-a pessoa
do singular

pronome de
tratamento
no plural

3-a pessoa
do plural

VTD
sujeito paciente

VTD
sujeito paciente
Compram-se Vendem-se
Faqueiros em prata 90. Quadros a
óleo.
F. 287-0788, código 7195, hc. Diversos tamanhos
e miniaturas.
Atendemos a domic. c/ hora marcada. Consulte. F. 562-4063,
Joamara.\

(Revista Veja São Paul b) Se na função de índice de indeterminação do


sujeito.
O pronome se como símbolo de indeterminação do sujeito leva o verbo para a
terceira pessoa do singular:

Precisa-se de funcionários eficientes. Vive-se bem no interior do país.


Trata-se de insetos voadores.

3-a pessoa do singular


(Professor: Vale lembrar ao aluno de que o sujeito indeterminado existe,
embora não esteja expresso. É exatamente a falta de determinação do sujeito
que inviabiliza a concordância verbal, levando o verbo para o singular.)

Pronomes relativos que e quem

a) Quando o sujeito é o pronome relativo que, o verbo concorda com o termo


que antecede esse pronome.

Fui eu que fiz a lição. Foi ele que fez a lição.

Fomos nós que fizemos a lição.


Foram
eles que fizeram a lição.

b) Quando o sujeito é o pronome relativo quem, o verbo vai, de preferência,


para a 3-a pessoa do singular, concordando com quem.

Fui eu quem fez a lição. Fomos nós quem fez a lição.

Foi ele quem fez a lição. Foram eles quem fez a lição.

Na linguagem cotidiana, é comum que a concordância seja feita com o termo


que antecede o pronome quem. Veja estas frases:

Somos nós quem construímos a Nação. Não sou eu quem escrevo as


cartas anônimas.

Sujeito composto

Quando o sujeito composto aparece depois do verbo, este pode ir para o plural
ou concordar com o núcleo mais próximo.

Sobraram-me uma folha de papel, uma caneta e uma borracha.


Sobrou-me uma folha de papel, uma caneta e uma borracha.

Concordâncias especiais

Verbos haver, fazer e outros impessoais

No estudo dos tipos de sujeito, você viu que os verbos haver e fazer podem ser
usados de forma impessoal em certos casos, constituindo orações sem sujeito.

O verbo haver, quando indica tempo e no sentido de existir, torna-se impessoal


e, por isso, fica na terceira pessoa do singular.

Há dias em que chove sem parar. Havia flores amarelas por toda parte.

termo que antecede o pronome que

1-a pessoa do singular 1-a pessoa do singular

verbo no plural sujeito composto

núcleo mais próximo

verbo no singular sujeito composto

3-a pessoa do singular


3-a pessoa do singular
MERCOSUL.

Essa idéia,
a Real Seguros acendeu
há mais de 20 anos.

(Revista Veja)
Em uma locução verbal, quando haver assume a função de auxiliar, torna o
verbo principal também impessoal. Veja o exemplo:

Deve haver várias maneiras de resolver esse problema.

O verbo fazer indicando tempo também permanece na terceira pessoa


do singular.

Faz alguns anos que não a vejo. Deve fazer alguns anos que não a vejo.
Todos os verbos que indicam fenômenos meteorológicos permanecem
na terceira pessoa do singular.

Amanheceu rapidamente. Chovia sem parar. Trovejou a noite inteira.

Verbo ser

A concordância do verbo ser varia bastante, pois, às vezes, ele concorda com
o seu sujeito e, outras vezes, com o predicativo. Veja algumas orientações.

Com as palavras tudo, isto, isso, aquilo representando o sujeito e com o


predicativo no plural, o verbo ser também pode ir para o plural:

Tudo eram memórias da infância. Isso não são coisas que você possa
dizer.

Quando o sujeito indica preço, quantidade, peso e o predicativo é


expresso por palavras como muito, pouco, mais de, menos de, tanto, o verbo
ser concorda com o predicativo e permanece no singular:

Duas horas não é tanto assim! Oitocentos gramas é muito.

Em horas, datas e distâncias, o verbo ser é impessoal e concorda com o


predicativo:

Hoje são catorze de outubro.

Hoje é dia catorze de outubro.

É zero hora em São Paulo.

São dez horas da manhã.

São cem quilômetros daqui até lá.

Em orações interrogativas com os pronomes que e quem, o verbo ser


concorda obrigatoriamente com o predicativo:

Quem serão os primeiros? Que são “buracos negros”?

Verbos dar, bater e soar

Os verbos dar, bater e soar, indicando horas, concordam com o sujeito:


Deu uma hora. Deram três horas. Bateram cinco horas.
Naquele relógio já soaram duas horas.

verbo
principal

verbo
auxiliar

sujeito plural

predicativo no plural

picture clipping16
predicativo no plural

sujeito

predicativo

sujeito

predicativo

predicativo

predicativo
predicativo

predicativo

sujeito

sujeito

Concordância nominal

A concordância nominal considera as flexões de gênero e número entre o


substantivo e o adjetivo, o artigo, o numeral e o pronome.
Regras gerais

O adjetivo, o artigo, o pronome adjetivo e o numeral concordam em


gênero e número com o substantivo:

As primeiras alunas de cada classe foram ao zoológico.

artigo numeral

substantivo feminino plural

substantivo masculino plural


Estes quadros amarelos podem ser colocados na parede.

pronome adjetivo adjetivo

masculino plural

O adjetivo ligado a substantivos de mesmo gênero e número vai


normalmente para o plural:

Pai e filho estudiosos ganharam o primeiro prêmio do concurso.

Mãe e filha carinhosas passeiam sempre juntas.

O adjetivo ligado a substantivos de gênero diferente vai normalmente


para o masculino plural:

Alunos e alunas estudiosos ganharam vários prêmios.

Vaso e jarra permaneciam jogados no chão.

substantivos
masculinos
adjetivo masculino plural

substantivos
femininos

adjetivo
feminino plural
substantivo
masculino

substantivo
feminino

adjetivo
masculino plural

masculino

feminino

masculino plural

Casos especiais

O adjetivo anteposto pode concordar com o substantivo mais próximo:

Dedico esta música à querida tia e sobrinhos.

O adjetivo que funciona como predicativo do sujeito concorda com o


sujeito:

Meus amigos estão atrapalhados. Minhas amigas estão confusas.

Quando dois adjetivos se referem a um único substantivo precedido de


artigo, a concordância pode ser feita de dois modos. Considere o substantivo
língua e os adjetivos alemã e inglesa:

a) O substantivo fica no singular e coloca-se também um artigo na frente do


segundo adjetivo.

Nesta escola, estuda-se a língua alemã e a inglesa.


adjetivo feminino
singular

substantivo feminino singular

substantivo masculino plural

sujeito

predicativo do sujeito

sujeito

predicativo do sujeito

substantivo singular

b) O substantivo vai para o plural e não se coloca o artigo na frente do segundo


adjetivo.

Nesta escola, estudam-se as línguas alemã e inglesa.

A palavra meio concorda com o substantivo quando é numeral (significa


metade) e fica invariável quando é advérbio (significa um pouco):

Comi meia pêra.

Minha mãe está meio cansada.

As expressões é proibido, é bom, é necessário e outras semelhantes


são invariáveis quando seu sujeito não for precedido de artigo:

Fumar é proibido.

É proibido entrar.

É necessário boa saúde.

É proibido entrada de pessoas estranhas.


Se houver artigo, a expressão deixa de ser invariável e concorda com o núcleo
do sujeito:

É necessária uma boa saúde. É proibida a entrada de pessoas


estranhas.

As palavras anexo, incluso, só (= sozinho), obrigado, mesmo e próprio


concordam com o nome a que se referem:

Ela mesma veio até aqui.

Eles chegaram sós.

Eles próprios escreveram.

artigo plural substantivo plural

numeral substantivo

advérbio

Professor: Destacar essa diferença, uma vez que esse é um erro muito comum
na linguagem cotidiana.

Observação:
Emprega-se:

É meio-dia e meia (hora).

Neste caso, a palavra meia é numeral e concorda com a palavra hora, que está
subentendida.

sujeito

sujeito
sujeito
sujeito

artigo

núcleo do sujeito

artigo

núcleo do sujeito

João disse:
— Muito obrigado.

Maria disse:

— Muito obrigada.

Trouxe anexas as fotografias que você me pediu.

nomenomenome
Observação:
Já a expressão em anexo é invariável:
Trouxe em anexo as fotografias.

Alguns adjetivos, como alto, barato, confuso, falso etc., que substituem
advérbios terminados em -mente, permanecem invariáveis:

Elas falavam alto demais. Ela jura falso.


A roupa custava muito barato.

A palavra alerta, como advérbio, também permanece invariável:

Os soldados ficaram alerta diante dos invasores.

advérbio

Exercícios

1 Faça a concordância verbal adequada, usando uma das


alternativas dos parênteses:

a) Grande parte dos nossos alunos .... do sexo masculino. (é; são)
b) .... casas. (vende-se; vendem-se)
c) Fui eu que .... a carta. (enviou; enviei)
d) Fui eu quem .... a carta. (enviou; enviei)
e) No relógio da igreja .... 9 horas. (soou; soaram)
f) Aquilo .... os meus pertences. (é; são)
g) A nomeada para o cargo .... eu. (fui; foi)
h) Novecentos reais .... pouco. (é; são)
i) .... vinte minutos que estamos à sua espera. (faz; fazem)
j) .... poucas vagas para o curso. (havia; haviam)

2 Com base nas frases do exercício 1, faça o que se pede:

a) Justifique sua resposta para o item a.


b) Compare suas respostas para os itens c e d e justifique-as.
c) Justifique suas respostas para os itens i e j.
3 Passe o sujeito das frases a seguir para o plural, obedecendo à
concordância correta.

a) Ouve-se o noticiário pelo rádio.


d) Era sempre eu o culpado.
b) Demorou a chegar até nós a alegre notícia. e)
Cobre-se botão.
c) Começa muito tarde o programa noturno.

4 Passe para o plural os termos destacados, efetuando a


concordância correta.

a) Houve festa durante o ano todo.


d) Precisa-se de empregado.
b) Haverá feriado este mês?
e) Vende-se apartamento na praia.
c) Existe caso de leptospirose em São Paulo?

5 Com base nas frases do exercício 4, faça o que se pede:

a) Justifique sua resposta para o item c.


b) Compare suas respostas para os itens d e e. Justifique-as.
c) Qual é a função da palavra se nos itens d e e?

6 a) Substitua o verbo existir, na frase a seguir, pelo verbo haver:

Existem algumas pessoas boas, nesse mundo. É uma pena que sejam poucas.

b) Qual é a função sintática de algumas pessoas boas na frase


original e na sua resposta?
c) Justifique a concordância do verbo haver na sua resposta.

7 Leia a história em quadrinhos a seguir e faça o que se pede:

A concordância pode ser feita com parte (singular: é) ou com nossos alunos
(plural: são).

Na letra c, o verbo concorda com o termo que antecede o pronome que (eu
enviei). Na letra d, o pronome relativo quem determina que o verbo fique na 3a
pessoa do singular (quem enviou). (Observar que a concordância do verbo com
o termo que antecede o pronome quem ocorre comumente na linguagem
cotidiana.)

O verbo fazer (= tempo decorrido) e o verbo haver (= existir) são impessoais,


por isso aparecem na 3a pessoa do singular.
Éramos sempre nós os culpados.

Ouvem-se os noticiários ...

Demoraram a chegar ... as alegres notícias.

Cobrem-se botões.

Começam ... os programas noturnos.

Houve festas ...

Precisa-se de empregados.

Haverá feriados ...

Existem casos de ...

Vendem-se apartamentos na praia.

O verbo existir não é impessoal e concorda com o núcleo do sujeito posposto


casos.

Em d, o sujeito é indeterminado e o verbo deve aparecer sempre na 3a pessoa


do singular. Em e, o sujeito é paciente (apartamentos) e está posposto ao
verbo, com o qual deve concordar, indo para o plural.

Há algumas pessoas boas nesse mundo. É uma pena que sejam poucas.

Em d, é índice de indeterminação do sujeito; em e é partícula apassivadora.

Na frase original, é sujeito (posposto) do verbo existir; na resposta, é objeto


direto de haver.

Quando sinônimo de existir, haver é impessoal, devendo aparecer sempre na


3a pessoa do singular.

(Garfield, de Jim Davis)

Deve haver mais coisas para fazer em uma porta.

a) Na frase do último quadrinho, há um erro de concordância.


Reescreva-a, corrigindo o erro.
b) Justifique sua resposta para o item a, considerando a função
do verbo haver nessa frase.
c) Reescreva a frase, utilizando apenas o verbo haver.
O verbo haver, quando na função de auxiliar, transmite sua impessoalidade
para o verbo principal; por isso, o verbo dever também aparece na 3a pessoa
do singular.

Há mais coisas para fazer em uma porta.

8 Observe a frase a seguir:

Agora responda:

a) Qual é o erro de concordância que existe nessa frase?


b) Qual seria a forma correta da frase?
c) É comum observar este tipo de erro nas ruas das cidades. Na
sua opinião, por que isto acontece?

9 a) Observe a concordância das frases a seguir e explique a


ausência de sujeito nas duas orações.

O verbo não concorda com o seu sujeito. Erro de concordância verbal.O verbo
não concorda com o seu sujeito. Erro de concordância verbal.

Vendem-se materiais usados.

(Resposta pessoal. Professor: O objetivo maior desta questão é levar o aluno a


refletir sobre a questão social da linguagem. Vale lembrar, também, que o erro
muitas vezes acontece porque o usuário da língua perde o referencial do
sujeito posposto.)

As duas são orações sem sujeito porque:


a) na 1a, o verbo ser indica tempo e é, portanto, usado de forma impessoal.
b) na 2a, o verbo haver é usado no sentido de existir, sendo também
impessoal.

É alto verão.
Há festas sob o sol e sob a lua.

(O Estado de S. Paulo)

b) Reescreva a segunda oração substituindo o verbo haver pelo


verbo existir.
c) Na sua resposta, o verbo foi usado no singular ou no plural?
Por quê?
10 Copie as frases, fazendo a concordância nominal adequada:

a) O garoto e as garotas ficaram .... com a festa. (entusiasmado)


b) Encontrei os livros e as revistas .... pelo professor. (sugerido)
c) O conjunto possui cantores e banda .... . (maravilhoso)
d) Sua Excelência, o ministro, é muito .... . (honesto)
e) Ouvimos apenas a primeira e segunda .... do discurso. (parte)
f) Elas .... expuseram suas idéias sobre a vida. (mesmo)
g) Muito ...., disse a garota. (obrigado)
h) Carla não quis sair porque está .... cansada. (meio)
i) ...., estamos enviando os documentos. (anexo)
j) Ela escreve .... . (confuso)
l) Eles .... chegaram às duas horas por causa do trânsito. (só)

11 Com base nas frases do exercício 10, faça o que se pede:

a) Justifique sua resposta para o item d.


b) Justifique sua resposta para o item h.

12 Observe:

Eles só chegaram às duas e estavam sós.

a) Explique a diferença entre as duas ocorrências da palavra só.


b) Escreva uma frase na qual apareçam as duas ocorrências da
palavra só (advérbio e adjetivo).

13 Complete os espaços com as palavras entre parênteses, fazendo


a concordância adequada.

a) As fotos estão .... aos documentos. (anexo)


b) Estão .... todos os documentos necessários ao processo. (incluso)
c) Ela .... cortou seu cabelo. (mesmo)
d) Ela estava .... irritada com a filha. (meio)
e) Nós .... fizemos nossas .... declarações de renda. (mesmo —
próprio)
f) São as .... flores que escolhi. (mesmo)
g) Minha blusa de lã custou muito .... . (caro)

Existem festas sob o sol e sob a lua.

O verbo foi usado no plural porque é um verbo pessoal e deve fazer a


concordância com o sujeito festas, que está no plural.

entusiasmados

sugeridos

maravilhosa
honesto

partes

mesmas

obrigada

meio

Anexos/Em anexo

confuso

Honesto concorda com o ministro e não com o pronome de tratamento.

Na frase, meio é advérbio, com sentido de um pouco, e permanece invariável.

No primeiro caso, só é um advérbio, significando apenas e, por ser invariável,


aparece no singular. No segundo caso, só é um adjetivo e, por ser um
predicativo do sujeito eles, faz a concordância no plural.

Resposta pessoal.

anexas

inclusos

mesma

meio

mesmos — próprias

mesmas

caro

14 Escreva uma oração em que os termos anexo e alerta fiquem


invariáveis.

15 Complete com as expressões invariáveis é proibido, é necessário, é


preciso e faça a concordância quando necessário.

a) .... calma para ser motorista de ônibus nesta cidade.


b) .... a paciência de Jó para suportar o barulho da construção.
c) .... muita saúde para enfrentar um verão tão quente.
d) .... a falta de amor e compreensão.
e) .... virar à esquerda.

16 Justifique suas respostas para os itens d e e do exercício 15.

17 Há neste texto um erro de concordância nominal. Identifique-o e


reescreva a frase corretamente.

18 Leia o texto abaixo com atenção e complete-o com os verbos no


pretérito imperfeito do indicativo, fazendo a concordância verbal adequada.

Resposta pessoal.

É preciso

É necessária

É preciso

É proibida
É proibido

No item d, a expressão varia em gênero, concordando com o sujeito (posposto)


que está precedido pelo artigo (a falta). No item e, a expressão não varia, pois
o artigo não aparece.

.... anuladas três questões.

Todas as amizades anteriores que Sofia havia feito com gatos sempre ....
(acabar) na maior decepção. Sim, porque no quintal já .... (haver) aparecido
outros gatinhos. Eles .... (ver) a comida da Sofia e .... (vir) chegando,
chegando com cara de quem não quer nada. Com isso, .... (tornar + se)
pensionistas e .... (adotar) a Sofia como madrasta. Mas os descarados, depois
que .... (ficar) grandes, .... (ir) embora e .... (deixar) a pobre Sofia sozinha. Ela
.... (assobiar) chamando-os de volta, mas quem disse que eles .... (voltar)?
Afinal, não .... (estar) presos à corrente.
Por esse motivo, Sofia .... (sentir + se) como uma frustrada vovozinha dona de
um orfanato para gatos abandonados... e ingratos.

(Ganimédes José Santos de Oliveira)

12345678910111213

1. acabavam 7. ficavam
2. havia 8. iam
3. viam 9. deixavam
4. vinham 10. assobiava
5. tornavam-se 11. voltavam
6. adotavam 12. estavam
13. sentia-se

Capítulo 27
COLOcação pronominal

Borboleta-estaleira,
alimentando-se de
resina do tronco
de árvore

(Revista Ciência Hoje das Crianças)


Veja que, no texto, foi empregado o pronome oblíquo se após o verbo
alimentar. Vamos escrever a frase de outras maneiras:

Borboleta-estaleira, que se alimenta de resina do tronco de árvore.

Na frase acima, o pronome se aparece antes do verbo (alimenta).

A borboleta-estaleira alimentar-se-á da resina do tronco de árvore.

Nessa frase, o pronome se aparece no meio do verbo (alimentará).


Todos os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as,
lhes) podem aparecer nessas três posições ao lado de um verbo. Cada uma
delas recebe um nome especial. Veja:

Pronome antes do verbo próclise


Pronome depois do verbo ênclise
Pronome no meio do verbo mesóclise

Atualmente, a mesóclise é pouco usada; quando aparece, ocorre somente na


linguagem escrita.
Na nossa língua, admite-se uma certa liberdade quanto à colocação dos
pronomes na oração, especialmente na oralidade. No entanto, existem
algumas normas básicas que garantem harmonia, clareza e expressividade.
Vamos conhecê-las!

Uso da próclise

A próclise é a colocação do pronome antes do verbo. Na língua portuguesa, é a


ocorrência mais comum. Geralmente, usa-se a próclise nos seguintes casos:

Quando o verbo é precedido de conjunção subordinativa, pronome


relativo, pronome interrogativo, pronome indefinido e advérbio:

conjunção subordinativa

Quando me telefonarem, avise-me. Estarei na minha sala.

pronome relativo

Trata-se de um profissional que se esforça.

pronome indefinido

Alguém me contou essa piada.

pronome interrogativo
Quem me trouxe este livro?

Talvez a encontre ainda hoje.

advérbio

HOMEM 1 — Eu tenho a impressão de que a minha mulher anda me


enganando.
HOMEM 2 — Por quê?
HOMEM 1 — Eu me mudei do Rio aqui pra São Paulo e o meu entregador de
piz-
za continua sendo o mesmo.

No destaque, exemplo de próclise:


o pronome que “atrai” o pronome me antes de enganando.

(Jô Soares, Revista Veja)

Em orações negativas:

Não me pergunte nada.


“Certamente não me recordo dessa menina de seis anos.” (Rubem Braga)

“Nunca mais me esquecerei


Das velas encarnadas
Verdes
Azuis.” (Manuel Bandeira)

Em orações optativas e exclamativas:

Deus te ilumine sempre!


Quanta vida se tira por nada!

No Brasil há tendência para a próclise. Veja os exemplos:

Ela nos falou poucas e boas.


João me pergunta sempre quando iremos novamente ao circo. Ele se
entusiasma muito com esse passeio.

Uso da mesóclise

Emprega-se a mesóclise com verbos no futuro do presente e no futuro do


pretérito do indicativo, quando não houver razões para a próclise:
Realizar-se-á amanhã a cerimônia de casamento da senhorita Luana Ramos.

realizará = futuro do presente

Não fosse a chuva, acompanhar-te-ia até o carro.

acompanharia =
futuro
do pretérito

Note que, no exemplo a seguir, ainda que o verbo esteja no futuro do presente,
a oração negativa obriga a ocorrência da próclise:

Não se fará, amanhã, trabalho algum, pois é dia de descanso.

Uso da ênclise

A ênclise é a colocação do pronome após o verbo. Geralmente, é usada nos


seguintes casos:

Em frase iniciada por verbo, pois não se pode iniciar uma frase com pronome
átono:

Encontrei-me com ele ontem.


“Devotava-se ao alívio de misérias físicas e morais do próximo.” (Paulo Mendes
Campos)

ALUGAM-SE
Pectus Locadora
Veículos novos c/ diárias
que se adaptam à sua
necessidade. Aceitamos
todos os cartões. 524-4614.

PROCURAM-SE
Modelos e manequins. Urgente!
Moças, rapazes e crianças
p/ comerciais TV, desfiles, revistas,
feiras, com/sem exp. F. 221-6774.
(Revista Veja São Paulo)

Com o verbo no gerúndio:

Chegou alegre, trazendo-lhe flores.

Quando alguma palavra que precede o gerúndio assim o exigir, poderá ser
usada a próclise:

Não se esforçando, você não vencerá.


Em se desculpando, a situação dele ficará melhor.

Com o verbo no imperativo afirmativo:

Por gentileza, traga-me um cafezinho.

Com o verbo no infinitivo:

A sorte é que ele pode amoldar-se à situação.


“Passo a observá-los.” (Fernando Sabino)

A ênclise também só ocorre quando não houver motivos que obriguem a


próclise.

Observação:
Queremos lembrar que a posição do pronome preferida dos brasileiros é
a próclise e não a ênclise. Isso acontece principalmente na oralidade. Na
literatura, há casos nos quais os autores buscam reproduzir essas situações
orais.
Veja:

Me desculpe.
Te adoro!
“Me sinto como um navio abandonando os ratos.” (Millôr Fernandes)
“Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.” (Oswald de Andrade)

Emprego de o, a, os, as

Os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as podem ou não sofrer alterações


quando empregados em ênclise ou mesóclise.

Em verbo terminado em vogal ou ditongo oral, os pronomes o, a, os, as não se


alteram:
Trouxe-o agora.
Deixei-a em boas mãos.

Em verbos terminados em r, s ou z, há a queda dessas consoantes finais, e os


pronomes o, a, os, as alteram-se para lo, la, los, las:

Aplaudi-los foi a nossa atitude.

Aplaudir + os

Encontrá-la é um sonho meu.

Encontrar + a

Faze-lo muito bem.

Fazes + o

Fê-los com outros assados.

Fez + os

Vendê-las-ei amanhã.

Venderei + as

Tristes tigres
Escrevo para parabenizá-los pela
reportagem sobre o vertiginoso
declínio dos tigres (junho de 94).
Que tal publicar também reportagens
sobre espécies brasileiras em extinção?
Sérgio Luiz Van Tol Amaral
Resende. RJ

Observe o emprego do pronome o com o verbo parabenizar.

(Revista Terra)

Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, ão, õe, õem), os pronomes
o, a, os, as alteram-se para no, na, nos, nas:
Encontraram-na ontem.
Encontraram + a

Refazem-no naquela sapataria.


Refazem + o

Dão-nos aos pobres no momento oportuno.


Dão + os

Transpõe-na quando quiser.


Transpõe + a

Eles compram os frangos e põem-nos em gaiolas.


põem + os

Exercícios

1 Empregue o pronome átono adequadamente e classifique sua


colocação.

a) Quando age (se) com honestidade tudo dá certo. Quando se age...


(próclise)
b) O que parece (lhe)? O que lhe parece? (próclise)
c) Ninguém preocupa (se) com o que ele diz. Ninguém se preocupa...
(próclise)
d) Não importo (me) com o preço se o objeto agrada (me). Não me
importo... (próclise); me agrada (próclise)
e) Tomara você convença (se) logo da verdade. Tomara você se
convença... (próclise)
f) Perguntarei (lhe) se irá à festa. Perguntar-lhe-ei... (mesóclise)
g) Se fôssemos até lá, convidariam (nos) para ficar. ...convidar-nos-iam...
(mesóclise)
h) Aprontei (me) rapidamente. Aprontei-me... (ênclise)
i) Trouxe (lhe) alguns presentes, que pediram (me) para trazer. Trouxe-
lhe... (ênclise); me pediram... (próclise)
j) Em tratando (se) de negócios, tudo fica diferente. Em se tratando...
(próclise)
l) Ela agradeceu (nos) muito, deixando (nos) em seguida. Ela nos
agradeceu... (próclise); deixando-nos... (ênclise)
m)Conte (me) a sua história que contarei (lhe) a minha. Conte-me... (ênclise);
lhe contarei... (próclise)
n) Se não encontrar (te) em casa o que devo fazer? Se não te encontrar...
(próclise)
o) Seu grande orgulho é parecer (se) com a mãe. ... parecer-se... (ênclise)
2 Com base nas orações e nas suas respostas do exercício 1, faça
o que se pede:

a) Explique as ocorrências de mesóclise.


b) Quais seriam os motivos para que não ocorra mesóclise
nessas orações?
c) Justifique suas respostas nos itens a, b, c e d.

3 Construa duas orações em que a ênclise seja obrigatória, e cujas


justificativas sejam diferentes.

4 Justifique a colocação dos pronomes átonos nas frases a seguir:

a) “O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:


— Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com
a sua cara.” (Manuel Bandeira)

b) c)

d) “Quem me compra um jardim com flores?”

5 a) Reescreva o trecho a seguir, colocando o pronome me


junto aos verbos destacados, obedecendo às normas de colocação pronominal:

“Tratou com a dureza e o carinho que mereciam a rebeldia e o


verdor da minha meninice. Ensinou a ler as primeiras sentenças; falava no
Cura de Ars e nos dois Franciscos, o de Sales e o de Assis; apresentou aos
contos de Edgar Alan Poe e aos poemas de Baudelaire (...) Quando desgarrei
nos primeiros enleios adolescentes, Maria José repetia a advertência de
Drummond ‘(...) Logo que fiz homenzinho, deixou a dureza e se fez a minha
amiga: nada perguntava.’”

b) Justifique a ocorrência das próclises.


c) Por que não ocorre nenhuma mesóclise no texto?

6 a) Reescreva o texto abaixo, desta vez colocando o pronome se


junto aos verbos destacados, e obedecendo às normas de colocação
pronominal.

“Tanto que fazer!


Livros que não lêem, cartas que não escrevem,
línguas que não aprendem,
amor que não dá,
tudo quanto esquece.”
b) É possível perceber que todas as ocorrências de colocação pronominal são
as mesmas. Entretanto, em quatro momentos a justificativa se repete. Qual é
ela?

7 Siga o modelo:

Ousadia. Onde já se viu um


carro popular que já vem com
legítima injeção eletrônica?

Os sofisticados carros de resgate que se


espalham pelas cidades e rodovias brasileiras estão
reduzindo drasticamente o número de mortes
das vítimas de desastres.

(Revista Veja)

(Revista Globo Ciência)

(Cecília Meireles)

(Paulo Mendes Campos)

No item f, o verbo está no futuro do presente do indicativo; no item g, está no


futuro do pretérito do indicativo.

Nas situações em que houvesse motivo para próclise, como a existência de um


termo atrativo do pronome (conjunção subordinativa; pronomes relativo,
interrogativo e indefinido; advérbio) ou ocorrência de frase negativa.

São os seguintes os fatores de próclise nesses itens: a) conjunção


subordinativa temporal quando; b) pronome interrogativo que; c) pronome
indefinido ninguém; d) oração negativa.

Resposta pessoal

chegou-se: ênclise não há motivo para que ocorra próclise


não me acostumei: próclise negativa

já se viu: próclise advérbio


que se espalham: próclise pronome relativo

quem me compra: próclise pronome interrogativo

Tratou-me

Ensinou-me

falava-me

apresentou-me

me desgarrei

repetia-me

me fiz

me perguntava

(Paulo Mendes Campos)

• “Quando me desgarrei” conjunção subordinativa temporal quando.


• “Logo que me fiz” conjunção subordinativa temporal logo que.
• “nada me perguntava” pronome indefinido nada.

Porque não há verbos no futuro do presente nem no futuro do pretérito, ambos


tempos do modo indicativo, que justifiquem seu uso.

se lêem

se escrevem

se aprendem

se dá
(Cecília Meireles)

Há quatro orações negativas que determinam o uso da próclise.

O cão tentou morder. (ele)


O cão tentou mordê-lo.

a) Levem (eles) até o hotel. g) Desejam repartir (os doces).


reparti-los
b) Compõe (a música) rapidamente. h) Levem (a menina) até a mãe.
levem-na
c) Precisa dizer (essas coisas). i ) Enviarei (as fotografias)
amanhã. enviá-las-ei
d) Traz (os documentos) consigo. j ) Deixaram (ele)
assustado. deixaram-no
e) Podem comer (a torta). l ) Supõem (eles) inocentes.
supõem-nos
f ) Precisam adiar (o casamento). adiá-lo

8 Considerando as regras de colocação de pronomes:

a) escreva um diálogo entre um casal de adolescentes que vive um encontro


amoroso em uma praia;
b) escreva um diálogo entre você e seu chefe, em que você precisa dar a ele
explicações sobre seu atraso.

levem-nos

compõe-na

dizê-las

trá-los

comê-la

(Atentar para a situação informal, o que justifica o uso de pronomes bem


próximo da oralidade. Dificilmente um adolescente em tal situação usaria a
mesóclise.)

(Atentar para a situação, mais formal que a anterior, o que justifica o uso de
pronomes mais próximos da norma padrão.)
(Professor: O objetivo é que o aluno use conscientemente os pronomes
oblíquos átonos, adequando-os às situações do cotidiano.)

Capítulo 28

PONTUAÇÃO
Leia a seguir um texto sobre o pintor surrealista Salvador Dali:

Dali nasceu em Figueras, na Espanha, em 1904. As recordações do tempo de


criança e da paisagem rochosa da praia de Cadaqués, o paraíso de sua
infância, onde costumava passar as férias, estão presentes em muitas de suas
pinturas. Além de pintor, Dali foi escultor, ilustrou livros, criou jóias e cenários.
Desde cedo, decidiu que ia ser um gênio. Isso ele contou mais tarde na
autobiografia que escreveu, A vida secreta de Salvador Dali.
Quando juntou-se aos surrealistas, em 1929, logo se tornou o mais famoso
representante do movimento. Inventou o “método paranóico-crítico”, que o
ajudava a ver o mundo como se fosse uma pessoa perturbada mentalmente.
Casou com Gala, que antes tinha sido casada com o poeta, também
surrealista, Paul Éluard. Gala foi sua eterna musa.
(Revista Ciência Hoje das crianças)

Você pôde observar que o autor do texto usou vários sinais de pontuação,
entre eles, o ponto final, a vírgula e as aspas.
São três as principais funções dos sinais de pontuação:

assinalar as pausas e a entoação na leitura oral;


separar orações, expressões e palavras que devem vir destacadas das outras
na frase;
ajudar na compreensão do sentido da frase, evitando o duplo sentido, a
ambigüidade.
Agora que você já conhece a Sintaxe, fica mais fácil entender e usar os sinais
de pontuação, pois, muitas vezes, eles são utilizados tendo em vista a análise
sintática que se faz das orações e dos seus termos.
Nem todos os escritores observam as mesmas regras quanto ao emprego dos
sinais de pontuação. Há algumas normas gerais, entretanto, que devem ser
conhecidas.

Professor: A pontuação é fundamental para a compreensão da Sintaxe. Use,


sempre que possível, as produções de texto dos próprios alunos.

Professor: É melhor discutir com o aluno a “licença poética”, mostrando o uso


que alguns poetas ou compositores de música fazem da pontuação em seus
trabalhos.

Emprego da pontuação

Eis as principais regras:

Ponto .

Geralmente, é empregado:

• para indicar o final de uma frase declarativa;


• para separar os períodos entre si, simples ou compostos.

Veja os exemplos no texto abaixo:

Emprega-se também o ponto nas abreviaturas:

sr. (senhor) d.C. (depois de Cristo) prof. (professor)

Biblos
No agitado porto fenício de Biblos, comercializava-se o papiro — um tipo de
papel feito no Egito a partir de um aglomerado de fibras de junco de papiro. Os
gregos chamaram este papel de biblos, por causa do porto. Muitas palavras
relacionadas com livros — como Bíblia, biblioteca, bibliografia — vêm de biblos.

(Enciclopédia do Estudante)

Vírgula ,
Empregada:

• nas datas e nos endereços:

Itu, 5 de maio de 1985.


Av. Marquês de São Vicente, 1697.

• em termos independentes entre si, mas de mesma função sintática:

O cinema, o teatro, a praia e a música são as suas diversões.

• no vocativo, para separá-lo da frase:

“Não me adianta dizer nada, Sabiá,


porque não nos entendemos.”

• no aposto, para separá-lo da frase:

“Iracema, a virgem dos lábios de mel, tinha os cabelos mais negros que a asa
da graúna.”

• em certas expressões explicativas como: isto é, por exemplo, ou seja


etc:

Ontem teve início a maior festa da minha cidade, isto é, a festa da padroeira.

• para separar adjuntos adverbiais:

“Hoje, Padre Lucas me falou de ti com entusiasmo.”


Ele vai, pouco a pouco, assumindo o papel que era do pai.

núcleos do sujeito composto

(Cecília Meireles)

(José de Alencar)

(Josué Montello)

Observação:
A vírgula, no caso dos adjuntos adverbiais curtos, é facultativa.

Nas encostas das ilhas


que compõem
Alcatrazes,
foram marcados
alvos para onde
disparam os
canhões dos
navios da
Marinha.

Nas encostas das ilhas que compõem Alcatrazes: exemplo de adjunto


adverbial de lugar anteposto, separado por vírgula.

(Revista Terra)

• com certas conjunções:

Isso, entretanto, não foi suficiente para agradar o diretor.

• para separar partes de um provérbio:

O que os olhos não vêem, o coração não sente.

• para indicar a elipse de um termo:

Uns dizem que ele se casou por amor, outros, que se casou por interesse.

• para separar orações coordenadas:

Marcelo gritou, pois tinha quebrado o braço.

elipse de dizem

oração coordenada oração coordenada

OS OLHOS SÃO DO PAI,


MAS A BOCA É DA MÃE

As empresas japonesas Mitsushita e Kiugo


criaram um programa de computador que casa
traços da fisionomia do pai e da mãe e mostra
em foto o rosto dos futuros filhos do casal.
A bola de cristal genética já está
instalada em mais de 150 cabines fotográficas.
“A consulta” custa cerca de cinco dólares.

(Revista Superinteressante)
No título do texto, a vírgula separa duas orações coordenadas.

• para separar orações subordinadas adverbiais:

“Quando acabou de corrigir as provas, ainda chovia.”

• para isolar a oração subordinada adjetiva explicativa do restante da


frase:

José, que é nosso guia, indicará o melhor caminho.

• para separar a oração subordinada adverbial da principal, quando esta


aparece depois da adverbial:

(Josué Montello)

oração subordinada adverbial

or. sub. adjetiva explicativa

Nesse exemplo, a vírgula separa a oração principal — ninguém seria


empregado — da oração adverbial, que aparece antes.

Se fosse fácil ser patrão,


ninguém seria empregado.

(Revista Veja)

sujeito verbo

verbo sujeito
verbo complemento verbal

verbo

expressão que separa verbo e complemento

complemento
verbal

Ponto e vírgula ;
Empregado:

• para separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma seqüência:

“A história da ortografia portuguesa pode dividir-se em três períodos:

a) o fonético, que coincide com a fase arcaica da Língua, vai até o século XVI;
b) o pseudo-etimológico, inaugurado no Renascimento, estende-se até os
primeiros anos do século XX;
c) o histórico-científico, que se inicia com a adoção da chamada ‘nova
ortografia’, começa em 1911.”

(Rocha Lima)

• para separar as partes de um período:

“Os olhos negros e inquietos pareciam garotos travessos em hora de recreio;


os braços gesticulavam a cada palavra; o corpo torcia-se pelos bancos e pelas
carteiras da sala com a agilidade de um peixinho de jardim por entre as plantas
de um tanque.”

Dois pontos :

Empregados:

• para apresentar uma citação:

O prefeito afirmou: “Não haverá atraso no pagamento dos salários.”

• antes de apostos:

“Tudo, porém, inutilmente, porque os gigantes haviam calçado as suas botas


sete-léguas e levavam no coração duas forças terríveis: a ambição e o
maravilhoso.”

• depois de certos verbos declarativos (verbos que introduzem a fala das


personagens no discurso direto, como dizer, perguntar, responder...):

“Meu avô disse:


— Aquela cai dentro de vinte minutos.”

“De repente, o menino levanta a cabeça e pergunta:


— Papai, que é plebiscito?”

Reticências ...

Empregadas:
• para indicar supressão de palavras:

“Luisinha fez um gesto de quem estava impacientada.


— Pois então eu digo ... a senhora não sabe ... eu ... eu lhe quero ... muito
bem.”

• para indicar, ao final de uma oração, que o sentido continua:

“Clarissa caminhava para a varanda. Abre a gaveta da cristaleira e tira dela um


bloco de papel, tinta e caneta. Senta-se junto a uma das mesas. Abre o bloco,
molha a pena no tinteiro e, caneta suspensa, olhos no texto, pensa ...”

• para indicar interrupção da frase:

“Hoje pela manhã ela começou a me dizer alguma coisa — ‘seu Rubem, o
cajueirinho...’ — mas o telefone tocou, fui atender, e a frase não se completou.”

• para indicar uma dúvida:

“— Eu tenho uma dúvida, que o senhor podia me esclarecer.


— Pois não.
— Eu estava pensando... A Turquia tomou parte na última guerra?
— Parte ativa, propriamente, não.”

Parênteses ( )

Empregados:

• para isolar palavras explicativas:

“— Pois te batizo Pitoco, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo — disse


Estêvão, com voz eclesiástica. E todos (menos Celso) dissemos juntos:
‘Amém’.”

(Viriato Corrêa)

(Cassiano Ricardo)

(Luís Jardim)

(Artur Azevedo)

(Manuel Antônio de Almeida)

(Érico Veríssimo)

(Rubem Braga)

(Fernando Sabino)
(Érico Veríssimo)
• para destacar datas:

Joaquim Maria Machado de Assis (*1839 †1908) é considerado um dos


maiores escritores brasileiros de todos os tempos.

• para isolar frases intercaladas:

“Saiu correndo, deu a volta à casa, entrou pelos fundos, voltou depois (tinha
dois ou três pingos de água na testa) com duas broas ainda quentes nas
mãos.”

Ponto de exclamação !

Empregado:

• depois de palavras ou frases que indicam estado emocional:

“A menina toma a palavra:


— Coitado do papai! Zangou-se logo depois do jantar! Dizem que é tão
perigoso!”

• depois de vocativo:

“Digo e repito: vai para o espaço, Totte!”

• depois de imperativo:

Saia daqui já! Suma!

• depois de interjeições:

(Rubem Braga)

(Artur Azevedo)

(Fausto Cunha)

(Calvin e Haroldo, de Bill Watterson)

Observe o uso do ponto-de-exclamação após a interjeição “Meu Deus!”, no


primeiro quadrinho.

Ponto de interrogação ?

Empregado nas perguntas diretas:


“Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?”

(Monteiro Lobato)

Observações:
1. O ponto de interrogação não é empregado nas perguntas indiretas:

O porteiro perguntou o seu nome.

2. O ponto de interrogação e o de exclamação podem aparecer lado a lado em


frases de entonação, ao mesmo tempo, interrogativa e exclamativa:

“Ele fecha-lhe a porta.


Ele bate de novo.
— O senhor outra vez?! Não lhe disse que não adianta pedir auxílio?!”

Travessão —

Empregado:

• para apresentar o início da fala de uma personagem:

“— Papai, por que o tio Juca não quis ir morar na cidade como nós?”

• nos diálogos, para indicar a mudança de fala das personagens:

“— E o tio Juca trabalha com eles?


— Sim, todos os dias. Ajuda a carpir, a plantar, a colher.”

• para destacar expressões explicativas:

“O ano era de 1840. Naquele dia — uma segunda-feira do mês de maio —


deixei-me estar alguns instantes na rua da Princesa a ver onde iria brincar
amanhã.”

• para ligar grupos de palavras que indicam itinerário:

Este ônibus é da linha Brasil—Paraguai.

Aspas “ ”

Empregadas:

• para assinalar transcrições:


“Caminhavam dois burros, um com carga de açúcar, outro com carga de
esponjas.”

• para pôr palavras em evidência:

O rapaz “caiu das nuvens” ao saber o que aconteceu.

• para assinalar palavras estrangeiras, termos da gíria, nomes de obras de


arte ou publicações:

“Canaã” é considerada a obra principal de Graça Aranha.

• para isolar citações:

(Francisco Marins)

(Francisco Marins)

(Machado de Assis)

(Monteiro Lobato)

O TEMPO (II)

Sendo o tempo tão maleável, certa


vez um dirigente esportivo levou a
seguinte proposição à federação:
“Sempre que chover no domingo, o
jogo será antecipado para o sábado”.
E aprovaram.

(Revista Globo Ciência)

Observações:
1. Quando dentro de um trecho já destacado por aspas (“ ”) houver
necessidade de novas aspas, estas serão simples (‘ ’):

“ ‘Le Cid’, de Corneille, é para mim uma lembrança... de Cachoeiro de


Itapemirim — ou melhor, do rapazinho que eu era ali aos treze anos.”

2. No caso das palavras estrangeiras é muito comum a substituição das aspas


pelo grifo:

“Que o match da minha vida possa ao menos terminar em paz — empate.”

Outros sinais de pontuação


a) Parágrafo §

Empregado, em geral, para indicar um item de um texto ou artigo de lei.

b) Chave { ou chaves { }

Muito usadas para dividir um assunto.

c) Colchetes [ ]

Muito empregados na linguagem científica.

d) Asterisco *

Muito empregado para chamar a atenção do leitor para alguma nota


(observação).

e) Barra /

Muito empregada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas.

(Professor: Nessa faixa etária esses sinais de pontuação são bem menos
utilizados.)

Exercícios

1 Copie as frases, empregando o ponto final onde for necessário:

a) Hoje estamos muito felizes É o nosso aniversário de


casamento
b) Vivemos, agora, o ano de 2000 d C
c) A família é o maior patrimônio do homem Devemos protegê-la e
conservá-la
d) Esta carta é para o Sr Moacir Fontes

2 Reescreva as frases do exercício 1, introduzindo outros sinais de


pontuação. Faça as alterações necessárias.

3 Compare as orações do exercício 1 com as orações que você


escreveu no exercício 2. Explique o que aconteceu.

4 Copie o texto abaixo usando a pontuação adequada e as letras


maiúsculas, quando necessário.

“No verão, a temperatura no Sul da França chega a mais de 27oC nas praças
das cidadezinhas as árvores fazem sombra e as fontes refrescam o ar a
agricultura constitui uma importante atividade as fazendas são, em geral,
pequenas muitos agricultores vendem o excedente da produção em mercados”
(Enciclopédia Ilustrada do Estudante)

5 Copie, empregando a vírgula onde for necessário, e justifique


suas respostas:

a) Teresa mora aqui perto na rua Dr. Costa Júnior, 215.


b) O fogo meus amigos destruiu tudo.
c) Karina que é muito estudiosa passou no vestibular.
d) Todos — pai mãe filho e filha — foram à passeata por melhores
salários.
e) Amanhã mais ou menos neste horário virei encontrar-me com
você.
f) “De novo o vento soprou agora mais forte como se o tempo
fosse mudar.”

6 Copie a frase em que o emprego da vírgula não está adequado,


corrigindo-a:

a) “— Sabe de uma coisa, passarinho, vou soltar você já.”


b) “Gente corria, gente gritava, carros paravam, guardas
apitavam.”
c) Crianças, tomem cuidado ao atravessar a rua.
d) Cabreúva, 7 de agosto, de 1986.
e) Gilberto, nosso colega de trabalho, é um profissional brilhante.

7 Leia as frases:

Gilberto, nosso colega de trabalho, é um profissional brilhante.


Gilberto, nosso colega de trabalho é um profissional brilhante.

a) Justifique o uso da vírgula em cada uma das orações.


b) Agora, explique quais podem ser os contextos ou as situações
nas quais tais orações foram pronunciadas.

8 Copie, empregando a vírgula e o ponto e vírgula:

a) “Viu no fundo duma cova uma conspiração de cães à volta do


cadáver dum homem alguns saltaram para o lado assim que ele apareceu mas
logo retomaram a presa outros nem isso...”
b) “Ninguém lhe respondeu porque todos choravam sem excetuar
a minha bela camarada e eu.”

9 Copie, empregando os dois pontos e o travessão onde achar


conveniente:

a) “Gritou para a mulher


Lurdes, olha quem eu encontrei no elevador!”
b) “Na rua, parei estatelado o táxi tinha sumido.”
c) “Uma noite, ao pisar na varanda a casa tinha uma varanda
escura, cheia de trepadeiras, deu com um vulto junto à porta.”

felizes. É (...) casamento.

d.C.

homem. Devemos (...) conservá-la.

Sr. Moacir Fontes.

Espera-se que o aluno faça a união das orações do item a e do item c.


Respostas possíveis: a) “Hoje estamos muitos felizes, pois é o nosso
aniversário de casamento.” c) “A família é o maior patrimônio do homem; por
isso, devemos protegê-la e conservá-la.” Nos itens b e d, as frases podem ser
transformadas em interrogativas ou exclamativas pela simples introdução dos
pontos adequados ao final.

Espera-se que o aluno perceba que as alterações no sentido das frases são
indicadas pela pontuação.

27oC. Nas

ar. A

atividade. As

pequenas. Muitos

mercados.”

perto, na rua... : separa adjunto adverbial intercalado

O fogo, meus amigos, destruiu... : separa vocativo

Karina, que é muito estudiosa, passou... : separa oração subordinada adjetiva


explicativa

pai, mãe, filho... : separa termos independentes

Amanhã, mais ou menos neste horário, virei... : separa adjunto adverbial


intercalado

(Josué Montello)

soprou, agora mais forte, como se... : separa adjunto adverbial intercalado e
oração subordinada adverbial

(Odete de Barros Mott)


(Orígenes Lessa)

Cabreúva, 7 de agosto de 1986.

No primeiro caso, a vírgula separa o aposto “nosso colega de trabalho”. No


segundo, a separação é relativa ao vocativo Gilberto.

No primeiro caso, Gilberto é sujeito da enunciação, e no discurso fala-se algo


sobre ele. No segundo caso, Gilberto é vocativo, sendo o receptor de um
discurso no qual o emissor fala com ele.

homem; (...) apareceu, (...) presa; outros,

(José Cardoso Pires)

(J. M. de Macedo)

choravam,
mulher:

(Luis F. Verissimo)

— Lurdes

(Fernando Sabino)

estatelado:

(Fernando Sabino)

varanda — a casa (...) trepadeiras —, deu

d) “Que vai ser de nós agora? choramingou Eulália.


Vamos embora daqui.
Mas pra onde?
Pra qualquer lugar. O mundo é grande.”

— Que
— Vamos

— Mas

(Érico Veríssimo)

— Pra
10 Copie, empregando o ponto de interrogação ou ponto de
exclamação:

“— Bom dia, príncipe


— Por que príncipe — indagou o menino.
— É boa — Porque só príncipes andam assim de lacaio à rédea...
— Lacaio, eu esbravejou o velho. — Que desaforo Desce, desce, meu filho e
carreguemos o burro às costas. Talvez isto contente o mundo...”

11 Reescreva os textos a seguir, empregando os sinais de


pontuação adequados e justificando seu emprego:

príncipe!

príncipe?

boa!

(Monteiro Lobato)

eu? (...) desaforo!

Texto 1
Vírgulas: • adj. adverbial (até 1914, naquela época,); • or. adjetiva (Sol, cujo
ápice,) • conjunção (tinha, portanto,) • or. subordinada (local, como...) Pontos: •
final da frase (12h., comadres.)

O TEMPO (I)

Até 1914 cada localidade


do Brasil marcava a hora
conforme o movimento
aparente do Sol cujo
ápice é às 12h
Naquela época o tempo
tinha portanto certo sabor
local como acontece com
a pinga e os doces
caseiros das comadres

A SABEDORIA (II)

O homem sensato
se adapta ao mundo o
insensato insiste em
adaptar o mundo a ele Todo
progresso depende
portanto do homem
insensato
George Bernard Shaw
dramaturgo irlandês
1856-1950

Texto 2
Aspas: citação (“O homem... homem insensato.”) — Ponto e vírgula: separar
seqüências (ao mundo;) — Ponto: final de frase (ele., homem insensato.) —
Vírgulas: • conjunção (..., portanto,) • aposto (Shaw, dramaturgo irlandês,) —
Parênteses: data [(1856-1950)]

(Revista Globo Ciência)

12 Leia o texto abaixo com atenção e responda às perguntas que se


seguem:

Idade de ouro

Em Clássico Anticlássico, Argan examina a grandeza e o


drama dos gênios renascentistas

No século XV, a cidade italiana de Florença assistiu a uma das


primeiras greves da História. Ofendido pela arrogância do arquiteto Filippo
Brunelleschi, um grupo de artesãos resolveu cruzar os braços diante da
catedral de Santa Maria del Fiore, em fase final de construção. Se os peões
não tivessem voltado ao trabalho, talvez hoje a Itália não pudesse orgulhar-se
da igreja, que funde alicerces e paredes góticas projetados no século XIII por
Arnolfo di Cambio com sua estupenda cúpula renascentista, o “balão levitante”
de Brunelleschi. Visto por um compêndio tradicional da história da arte, um
motim trabalhista como esse seria mera curiosidade. Mas o crítico e historiador
Giulio Carlo Argan (1909-1992) diagnosticou na briga do arquiteto com os
artesãos um sintoma do declínio das artes e dos ofícios medievais e o
nascimento da arquitetura moderna. A nova era trazia a divisão — e a
conseqüente hierarquia — entre a criação intelectual do artista, no caso o
intratável Brunelleschi, e a mera execução de seu projeto, a cargo dos
pedreiros.

(Revista Veja)

(Angela Pimenta)
a) Por que motivo foi usada a vírgula depois da expressão “No
século XV”?
b) Observe as expressões:

“(...), o ‘balão levitante’ de Brunelleschi.”


“— e a conseqüente hierarquia —”

Justifique o uso da vírgula no primeiro caso e o uso dos


travessões no segundo.
c) Há mais algum tipo de sinal que pode ser usado para separar o
aposto?

13 Recorte de jornais e revistas e cole em seu caderno orações nas


quais apareçam os seguintes sinais:

a) chaves ({ });
b) colchetes ([ ]);
c) asterisco (*);
d) barra ( / ).

14 Agora você deverá trabalhar em duplas: Junte-se a um colega e


criem um diálogo envolvendo dois personagens (exemplo: pai e filha; aluno e
professor; um casal de namorados etc.) sem a participação do narrador.
Atenção ao uso da pontuação. Sejam criativos!

Para destacar o adjunto adverbial de tempo anteposto.

Ambos estão destacando o aposto.

Sim, o aposto pode vir destacado por vírgulas, travessões, parênteses e/ou ser
introduzido após dois pontos.

Respostas pessoais

Resposta pessoal

Capítulo 29
ESTUDOS DIVERSOS

A palavra se

A palavra se exerce, em português, várias funções diferentes. Duas delas você


já conheceu quando foram estudados os tipos de sujeito e a voz passiva (ver p.
222 e 243).
Vamos revê-las e conhecer as outras funções do se.

Índice de indeterminação do sujeito

Fala-se muito de futebol no Brasil. Trata-se de um problema de difícil


solução.

Observe que, nesses casos, o verbo aparece sempre na 3a pessoa do


singular, e o se indica, então, que o sujeito é indeterminado. Os verbos mais
usados são os intransitivos (VI) e os transitivos indiretos (VTI). Veja os
exemplos:

Come-se bem neste restaurante. Precisa-se de secretária bilíngüe.

Partícula apassivadora

Vêem-se estrelas no céu.

Nessa oração, o verbo está na voz passiva sintética e concorda com o sujeito.
O se é, então, a partícula apassivadora e os verbos mais usados são os
transitivos diretos (VTD). Veja outro exemplo:

Encadernam-se livros nessa papelaria.

As duas frases dos exemplos poderiam ser transformadas para a voz passiva
analítica. Veja:

Estrelas são vistas no céu.


Livros são encadernados nessa papelaria.

Não há, nesses casos, o agente da passiva.

Pronome reflexivo

Interrogou-se seguidas vezes, sem conseguir encontrar a resposta.

Observe que a palavra se acompanha um verbo na voz reflexiva, sendo um


pronome pessoal oblíquo átono. Sintaticamente, trata-se de um objeto direto,
pois o verbo interrogar aqui é transitivo direto.
Interrogou quem? Interrogou a si mesmo. O se é, então, um pronome reflexivo
que exerce a função de objeto direto e que se refere ao sujeito da oração (ele),
que está oculto.
Veja outro exemplo.

“Calou-se para não estragar força.”

O pronome reflexivo pode também exercer a função de objeto indireto.

Se ele não se desse muita importância, seria o amigo ideal.

VTI

índice de indeterminação do sujeito

VI

VTD

partícula apassivadora

(Graciliano Ramos)

pronome reflexivo (objeto direto do verbo calar)

OI

VTDI

OD

A palavra se só funciona como objeto indireto quando o verbo é transitivo direto


e indireto.
Há também o pronome recíproco, quando o sujeito é composto, e a ação
acontece concomitantemente, com ambos os núcleos praticando-a e
recebendo-a.

Pai e filho abraçaram-se com emoção.

Partícula expletiva ou de realce

“Vai-se a primeira pomba despertada.”

O pronome se junta-se a um verbo intransitivo apenas para reforçar-lhe o


significado. Na frase acima, poderíamos dizer também, por exemplo:

Vai a primeira pomba despertada.


A primeira pomba despertada vai.

Em ambos os casos, não haveria prejuízo para o sentido da frase, mas ela
perderia a sua força poética. Por isso, o se é chamado de partícula de realce,
aquela que serve para realçar o sujeito. Veja outro exemplo:

“Acabou-se a confiança no próximo.”

Partícula integrante do verbo

Segundo o prof. Domingos Paschoal Cegalla, em sua Novíssima gramática da


língua portuguesa, “o pronome se aparece na frase como parte integrante de
verbos que exprimem sentimentos, mudança de estado, movimento etc., como
queixar-se, arrepender-se, alegrar-se, converter-se, afastar-se e outros verbos
pronominais”. Veja os exemplos:

Ela só sabe queixar-se da vida.


Ninguém se interessou pela notícia.
O campeão converteu-se à religião muçulmana.

pronome recíproco

(Raimundo Correa)

(Carlos Drummond de Andrade)

VI

partícula de realce

A palavra que

Assim como a palavra se, a palavra que pode ter diversas funções, tanto
sintáticas quanto morfológicas, que veremos separadamente.

Funções sintáticas

Sujeito

Observe:

Tenho alunos / que estudam bastante.

Vamos desmembrar o primeiro exemplo em duas frases independentes:


Tenho alunos. / Meus alunos estudam bastante.

1a oração 2a oração

sujeito oculto = eu sujeito do verbo estudar = os alunos

1a oração

“O tempo não vale a pressa

de passos / que são tão sós.”

2a oração

(Lineu Azuaga)

sujeito = os passos

que

Se a expressão meus alunos é sujeito de estudar e a palavra que está


substituindo essa expressão, então essa palavra passa a ser sujeito quando
unimos as duas frases, transformando-as em uma só. Veja outro exemplo:

“Sumia dentro da toca, / que é um botequim sombrio.”

Objeto direto

Veja:

Ali estão os presentes / que ganhei.

Observe outros exemplos:

“Apareceu um menino com uma bola maior, uma grande bola / que seus pais
tinham trazido do Rio de Janeiro.”
“O vento levou o amor / que eu tinha.”

Objeto indireto

Veja:
Já arrumei o dinheiro / de que ele precisa.

Outros exemplos:

Encontrei o livro / de que tanto falavam.

“Os jornais noticiam tudo, tudo, menos uma coisa banal de que ninguém se
lembra: a vida.”

Lembre-se de que, nesse caso, a palavra que aparece precedida de uma


preposição.

Adjunto adverbial

Observe:

A situação / em que eu me encontrava / era precária.

Outros exemplos:

Voltou à cidade / em que nascera. A rua / em que moro / é


arborizada.

Muitas vezes, o adjunto adverbial vem expresso também pelo pronome relativo
onde.

Voltou à cidade / onde nascera. A rua / onde moro / é arborizada.

1a oração 2a oração

substitui a toca

(Paulo Mendes Campos)

(Professor: É preciso mostrar ao aluno que o pronome que é usado para evitar
a repetição de termos na formação do período composto.)

1a oração 2a oração

objeto direto de ganhei = eu ganhei os presentes

objeto direto do verbo trazer

(Rubem Braga)
(Carlos Drummond de Andrade)

objeto direto do verbo ter

1a oração 2a oração

objeto indireto de precisar

(Rubem Braga)

1a oração 2a oração 1a oração

adjunto adverbial

adjunto adverbial

adjunto adverbial

Importante:
O pronome relativo onde só deve ser usado na indicação de lugares e nunca
no lugar do relativo em que (e suas variações).

Funções morfológicas

• pronome relativo:

O disco que ela gravou já é sucesso.

• pronome interrogativo:

Que faz aqui?

• conjunção integrante:

Nosso colega afirma que não voltará mais aqui.

• conjunção subordinativa:

Coloquei um agasalho que está frio.

Logo que recebeu o recado, saiu.

Fiz preces que nossos amigos sejam aprovados.


• conjunção coordenativa:

Chove que chove continuamente.

Outro, que não eu, irá à reunião.

• substantivo:

Aquele aluno tem um quê de misterioso.

• interjeição:

Quê! Você é que pensa que a nossa seleção vai vencer.

tem valor de o qual, a qual

após verbo declarativo

tem valor de porque

tem valor de quando

tem valor de para que

tem valor de e

tem valor de mas

Observação:
Nestes dois últimos exemplos o quê deve ser acentuado.

Porque, porquê, por que, por quê

Porque, escrito em uma única palavra, é empregado, em geral, como:

• conjunção coordenativa explicativa depois de oração com verbo no


imperativo:

Venha, porque sua mãe precisa de você.

• conjunção subordinativa causal:

Não compareci à reunião porque estava viajando.

Porquê é empregado, em geral, como:


• conjunção substantivada, no sentido de motivo, razão:

Não sei o porquê da sua atitude.


Vamos discutir os porquês destes problemas.

(Professor: O item 1 apresenta um aspecto que traz certa dificuldade para o


aluno, devendo ser explorado com variação de exemplos.)

Por que é empregado, em geral:

• como advérbio interrogativo:

Por que você saiu mais cedo?

• no sentido de o motivo pelo qual:

Não sabemos por que ela está aborrecida.

• no sentido de pelo(a) qual, pelos(as) quais:

Esta foi a razão por que não estive presente.

Por quê é empregado nos mesmos casos anteriores, mas no final de


frase:

Você não saiu mais cedo. Por quê?


Ele foi mandado embora sem saber por quê.

Por que as extremidades do corpo são mais frias?

Rogerlândia A. Pinheiro,
Jaguaretama, CE

Porque a diminuição da temperatura provoca a contração dos vasos do corpo.


Todos eles se contraem, mas nas extremidades o efeito é maior porque estão
mais expostos ao frio. Em conseqüência, a quantidade de sangue que chega a
essas regiões diminui muito.

(Revista Superinteressante)

Exercícios

1 Nas orações a seguir, a palavra se aparece em duas funções


distintas: partícula apassivadora e índice de indeterminação do sujeito.
Complete os espaços com os verbos entre parênteses, usando a palavra se
adequadamente.
a) Durante horas, .... com prazer. (trabalhar — pret. perfeito)
b) .... ali caminhões carregados de pesados fardos. (ver —
pret. imp. ind.)
c) É preciso que ainda .... dois anos. (esperar — pres. subj.)
d) .... que as línguas evoluem. (saber — pres. ind.)
e) “Não .... dele no Ateneu.” (falar — pret. imperf.
do ind.)
f) Naquele país .... vários idiomas. (falar — pres. ind.)
g) .... carros usados. (vender — pres. ind.)
h) No Brasil, .... toneladas de soja a cada colheita anual.
(produzir — pres. ind.)
i) .... futebol em cada esquina da cidade. (jogar — pres. ind.)
j) De acordo com uma lei municipal, não .... mais em
restaurantes e bares. (fumar — pres. ind.)

2 Releia as orações do exercício 1 e classifique o se em PA


(partícula apassivadora) ou IIS (índice de indeterminação do sujeito).

3 No exercício 1, há três orações em que se usou o pronome


proclítico. Justifique.

(Importante: Lembrar aos alunos o uso da ênclise e da próclise, nessa


atividade.)

trabalhou-se
Viam-se

se esperem

Sabe-se

(Raul Pompéia)

se falava

falam-se

Vendem-se

produzem-se

Joga-se

se fuma

a) (IIS) c) (PA) e) (IIS) g) (PA) i) (PA)


b) (PA) d) (PA) f) (PA) h) (PA) j) (IIS)
A próclise ocorreu nas orações c, e e j. Nas duas últimas, o advérbio não atraiu
o pronome para a frente do verbo. Na letra c, o pronome foi atraído pela
conjunção integrante que.

4 Relacione as frases da primeira coluna às funções da palavra se,


dadas na segunda coluna:

1a coluna

a) Falam-se vários idiomas naquele país.


b) Espera-se uma resolução satisfatória.
c) Deixou-se levar pela ambição.
d) Precisa-se de empregada.
e) Foram-se embora de madrugada.
f) Estuda-se muito nas universidades.
g) Ela se arrependeu de seus erros.

5 Copie as frases e identifique as funções sintáticas da palavra que.


Observe o modelo:

Estes são os amigos que me ajudaram. sujeito

a) Os livros que trouxemos estão ali.


b) Temos tudo de que precisamos.
c) Chegaram na hora em que estávamos saindo.
d) Há coisas que aprendemos tarde.
e) É um passado extinto de que ninguém se recorda.
f) O rapaz que nos entregou a carta era moreno.

6 Leia os dois textos a seguir.

2a coluna

1. índice de indeterminação
2. partícula apassivadora
3. partícula de realce
4. pronome reflexivo
5. partícula integrante do verbo

2241135

objeto direto

objeto indireto

adjunto adverbial
objeto direto

objeto indireto

sujeito

Em testes com corantes,


as manchas verdes
mostram os pontos
em que o concreto já
está mais frágil.

(Revista Superinteressante)

As bactérias que
mordiam

Veja a verdadeira
história da bactéria
que foi chamada de
“devoradora de carne
humana”pelos
jornalistas.

(Revista Superinteressante)

Estabeleça a diferença sintática entre a palavra que nos dois


textos.

7 Complete as frases com porque, porquê, por que ou por quê.


Justifique suas respostas.

a) .... foi interrompido o espetáculo?


b) O espetáculo foi interrompido ....?
c) O espetáculo foi interrompido .... o ator se sentiu mal.
d) Não sabemos .... o espetáculo foi interrompido.
e) Ignora-se o .... da interrupção do espetáculo.
f) Ele venceu a competição .... treina muito.

8 Escreva uma frase em que a palavra porque seja usada:

a) como conjunção;
b) como substantivo;
c) como advérbio interrogativo;
d) com o mesmo sentido de “o motivo pelo qual”;
e) no final de uma frase interrogativa.
1o texto adjunto adverbial; 2o texto ambos são sujeito

Por que; advérbio interrogativo

por quê; adv. inter. perto do sinal de pontuação

porque; conjunção subordinativa causal

por que; pronome relativo (pelo qual)

porquê; conjunção substantivada

porque; conjunção subordinativa causal

Respostas pessoais

Leia o texto a seguir e resolva as questões 9 a 11:

Por que a água pega o gosto dos alimentos


quando está na geladeira?

Apesar da aparente serenidade, dentro da sua geladeira acontece um


verdadeiro baile de partículas. Cada alimento que chega perde um pouco de
água. “Quando esse líquido sai, carrega junto algumas moléculas da comida”,
diz o químico Atílio Vanin, da Universidade de São Paulo. Então, se um peixe
fresco for colocado na geladeira, a umidade em torno dele se desprenderá e
circulará pelo ambiente, levando alguns micropedaços. As moléculas fujonas
se depositam sobre tudo o que estiver destampado. Por isso, a água ganha o
sabor estranho. A menos que você se previna. “Existem produtos, feitos com
carvão, que absorvem as moléculas voadoras e neutralizam os odores de
geladeira”, ensina Vanin. Uma boa tampa também mantém sua água sem
gostos indesejados.

(Revista Superinteressante)

9 Justifique o uso de por que, no título.

10 Classifique, do ponto de vista da morfologia, o que e o se


destacados nas frases extraídas do texto:

a) “Cada alimento que chega perde um pouco de água.”


b) “Então, se um peixe fresco for colocado na geladeira, a umidade em torno
dele se desprenderá e circulará pelo ambiente, levando alguns micropedaços.”
c) “As moléculas fujonas se depositam sobre tudo o que estiver
destampado.”
d) “A menos que você se previna.”
e) “Existem produtos, feitos com carvão, que absorvem as moléculas voadoras
e neutralizam os odores de geladeira.”

11 Dê a função sintática do que nos itens a e e do exercício 10 e


justifique sua resposta.

É advérbio interrogativo.

pronome relativo

conjunção subordinativa condicional; partícula integrante do verbo

se: partícula integrante do verbo; que: pronome relativo

que: conjunção subordinativa condicional (= a não ser que); se: pronome


reflexivo

pronome relativo

Ambos exercem a função de sujeito, pois são pronomes relativos que estão
substituindo os sujeitos das orações.

Capítulo 30
APÊNDICE

O SENTIDO DAS PALAVRAS

Leia a letra da música a seguir:

Palavras

Palavras não são más


Palavras não são quentes
Palavras são iguais
Sendo diferentes
Palavras não são frias
Palavras não são boas
Os números pra os dias
E os nomes pra as pessoas
Palavra eu preciso
Preciso com urgência
Palavras que se usem
Em caso de emergência
Dizer o que se sente
Cumprir uma sentença
Palavras que se diz
Se diz e não se pensa
Palavras não têm cor
Palavras não têm culpa
Palavras de amor
Pra pedir desculpas
Palavras doentias
Páginas rasgadas
Palavras não se curam
Certas ou erradas
Palavras são sombras
As sombras viram jogos
Palavras pra brincar
Brinquedos quebram logo
Palavras pra esquecer
Versos que repito
Palavras pra dizer
De novo o que foi dito
Todas as folhas em branco
Todos os livros fechados
Tudo com todas as letras
Nada de novo debaixo do sol

(Sérgio Brito e Marcelo Fromer, dos Titãs)

Logo no começo do texto, os autores afirmam que as “palavras não são más,
palavras não são quentes, palavras são iguais sendo diferentes”. Essa
afirmação deve-se ao fato de que uma mesma palavra pode ter vários sentidos,
dependendo da situação em que é empregada e da intenção de quem fala.

Semântica é o estudo do sentido das palavras de uma língua.

A semântica pode estudar basicamente os seguintes aspectos:

• família de idéias;
• sinonímia, antonímia, homonímia e paronímia;
• palavras em sentido denotativo e conotativo;
• polissemia.

Família de idéias

As famílias de idéias são formadas naturalmente por várias palavras que


mantêm relações de sentido ou significado e que representam basicamente
uma mesma idéia. Veja a relação a seguir:

casa moradia lar abrigo


residência sobrado apartamento cabana

Todas essas palavras representam a mesma idéia: lugar onde se mora. Logo,
trata-se de uma família de idéias.
Observe outros exemplos:

• revista, jornal, biblioteca, livro


• casaco, paletó, roupa, blusa, camisa, jaqueta, camiseta
• serra, rio, montanha, lago, ilha, riacho, planalto
• telefonista, motorista, costureira, escriturário, professor, médico, advogado

Sinonímia

Sinonímia é a relação que se estabelece entre palavras que apresentam


sentido igual ou semelhante:

zelo — cuidado economizar — poupar branco — alvo


Veja outros exemplos:

comando — chefia, direção; autoridade, governo, mando


cômico — burlesco, engraçado; ridículo
débil — fraco, frágil; covarde; franzino
demolir — abater, aniquilar, arrasar, arruinar, destruir
distante — afastado, remoto
hercúleo — atleta, gigantesco, possante, robustíssimo
namoro — corte, galanteio; xodó, grude
relapso — descuidado, desmazelado, faltoso, negligente

Observação:
Deve-se considerar que, muitas vezes, a relação de sinonímia entre as
palavras acontece apenas em textos e não quando se observam as palavras
isoladas de seu contexto. Assim, em princípio, podemos dizer que namoro e
xodó são palavras sinônimas, mas, dependendo do contexto em que estão
inseridas, elas podem apresentar apenas sentidos próximos, sem serem
equivalentes. Compare:

Dona Mariquinhas tem um xodó louco pelo netinho de apenas dois anos.
Sr. Felipe tem um certo xodó por Dona Mariquinhas. São ambos viúvos:
deveriam namorar!

Na primeira frase, xodó tem o sentido de carinho extremo e cuidados


exagerados. Na segunda, significa atração, interesse ou desejo.
É importante saber quais palavras podem ser usadas como sinônimas, pois, na
escrita, isso evita repetições e enriquece o vocabulário, tornando o texto mais
interessante.

Antonímia

Antonímia é a relação que se estabelece entre duas palavras de sentido


oposto, contrário:

zelo — descuido
economizar — gastar
branco — preto
luz — sombra

Veja como Cecília Meireles trabalha com relações contrárias neste trecho da
poesia:

“Ou se tem chuva e não se tem sol,


ou se tem sol e não se tem chuva!
(...)
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.”
Homonímia

Homonímia é a relação que se estabelece entre palavras de sentidos


diferentes, mas com mesma estrutura fonológica.
As palavras homônimas podem ser:

• homógrafas heterofônicas — são as palavras iguais na escrita e


diferentes na pronúncia:

colher (verbo) — colher (substantivo)


jogo (1a pessoa do presente do ind. do verbo jogar) — jogo (substantivo)

• homófonas heterográficas — são as palavras iguais na pronúncia e


diferentes na escrita:

concertar — consertar
censo — senso

• homófonas homográficas — são as palavras iguais na pronúncia e na


escrita:

alvo (substantivo = coisa que se deseja acertar) — alvo (adjetivo = branco)


são (adjetivo = sadio) — são (verbo ser)

Paronímia

Paronímia é a relação que se estabelece entre palavras de sentidos diferentes,


mas semelhantes na pronúncia e na escrita. Observe:

ratificar (= confirmar) — retificar (= corrigir)

Veja outros exemplos:

comprimento (extensão) — cumprimento (saudação)


emergir (vir à tona) — imergir (mergulhar)
emigrante (que sai do país) — imigrante (que entra no país)
inflação (desvalorização da moeda) — infração (violação da lei)
tráfego (trânsito) — tráfico (comércio desonesto)

Palavras em sentido denotativo e conotativo

A palavra em sentido denotativo apresenta um sentido apenas, aquele sabido


por todos, isto é, o sentido em que a palavra aparece no dicionário.
Em 1980, o IBGE realizou o censo.

A palavra em sentido conotativo apresenta mais de um sentido, que depende


do contexto, do leitor ou do ouvinte. Por isso, dizemos que linguagem
conotativa é aquela que tem sentido figurado, representativo, sugerindo a idéia
de forma indireta:

Tivemos uma serenata ao luar de prata.

A expressão luar de prata deve ser entendida assim: a luz do luar está sendo
comparada com a cor da prata. Logo, essa expressão tem um sentido figurado,
representativo.
A linguagem denotativa é muito usada pelas pessoas para a comunicação do
cotidiano.
Na linguagem denotativa, as palavras aparecem com apenas um sentido, isto
é, aquele sentido comum, conhecido por todos. Assim, a linguagem denotativa
permite apenas um entendimento por parte do leitor ou do ouvinte.

Quero um copo d’água.

O exemplo acima não pode ser entendido de outro modo, ele tem apenas um
sentido: alguém com sede expressa o desejo por água.
Logo, o exemplo dado pertence à linguagem denotativa, porque permite uma
única interpretação.

Polissemia

Polissemia é a propriedade que algumas palavras têm de apresentar vários


significados, mantendo inalterada a escrita e a pronúncia.

Fábio habitualmente anda de avião.


O professor anda cansado.
Gosto de andar a pé.

O sentido de cada frase é, respectivamente:

Fábio habitualmente viaja de avião.


O professor habitualmente está cansado.
Gosto de caminhar.

Logo, nas frases acima, o verbo andar apresenta a propriedade semântica da


polissemia, porque apresenta variados significados.
Na polissemia, o sentido das palavras depende do contexto, isto é, da soma de
relações entre as palavras, formada dentro daquele conjunto. Por exemplo, na
frase:

Fábio habitualmente anda de avião.


As palavras habitualmente e de avião criam um contexto que altera o sentido
do verbo andar. Compare com a frase:

Fábio sempre anda de muletas.

O sentido do verbo andar nessa frase é diferente, porque as palavras sempre e


muletas criaram um outro contexto.

Exercícios

1 No quadro 1 existem palavras que se relacionam com as do


quadro 2 por serem sinônimas ou por serem antônimas. Copie-as, formando
pares e identifique com S os sinônimos e com A os antônimos:

façanha construir entusiasmo


debate degustar paulatino
abandonar definitivo estupendo

amparar discussão formidável


provisório demolir indiferença
provar proeza rápido

façanha / proeza (S)


debate / discussão (S)
abandonar / amparar (A)
construir / demolir (A)
degustar / provar (S)
definitivo / provisório (A)
entusiasmo / indiferença (A)
paulatino / rápido (A)
estupendo / formidável (S)

2 Escolha dois pares de antônimos e dois pares de sinônimos do


exercício 1 e escreva uma frase com cada par.

3 Identifique cada par de palavras abaixo, classificando-as de


acordo com o código:

Resposta pessoal

1. homógrafas heterofônicas;
2. homófonas heterográficas;
3. homófonas homográficas.
a) sede (verbo) sede (subst.)
l) cedo (verbo) cedo (adv.)
b) cela (subst.) sela (verbo)
m) jogo (verbo) jogo (subst.)
c) morro (verbo) morro (subst.)
n) cerrar (verbo) serrar (verbo)
d) verão (verbo) verão (subst.)
o) cessão (subst.) sessão (subst.)
e) relevo (verbo) relevo (subst.)
p) apóio (verbo) apoio (subst.)
f) concerto (subst.) conserto (subst.)
q) caminha (verbo) caminha (subst.)
g) conserto (verbo) conserto (subst.)
r) canto (verbo) canto (subst.)
h) cura (verbo) cura (subst.)
s) venda (verbo) venda (subst.)
i) providencia (verbo) providência (subst.) t)
vão (verbo) vão (subst.)
j) censo (subst.) senso (subst.)

1 ou 3 1 2 3 3 2 1 3 1 2

333331122

4 Pesquise em jornais e revistas frases nas quais palavras


homófonas sejam usadas e cole-as em seu caderno.

5 Em cada item, identifique se as palavras em destaque são


parônimas ou polissêmicas:

a) Roberto ficou resfriado por ter apanhado chuva.


Jair ficou esperando por mim durante muito tempo.
Nossa compra ficou em cem reais.
b) Fizemos uma perfeita descrição da fazenda ao comprador.
Lígia é educada e age sempre com muita discrição.
c) Roni foi multado porque infringiu as leis de trânsito.
O juiz infligiu ao réu uma pena de quinze anos de reclusão.
d) Hoje Vanderlei saiu mais tarde da oficina.
Toninho saiu com Gláucia no domingo.
O filho saiu ao pai.

e) A costureira enganou-se no comprimento do vestido.


Os policiais devem sempre agir no cumprimento do dever.
f) Ele ocupa um alto posto na empresa.
Abasteci meu carro no posto da esquina.
g) Sua opinião sobre o filme diferiu muito da minha.
O instituto deferiu prêmios aos vencedores do concurso.
h) Os convites eram de graça.
Os fiéis agradecem a graça recebida.

Resposta pessoal

polissêmicas

parônimas
parônimas

polissêmicas

parônimas

parônimas

polissêmicas

parônimas

polissêmicas

6 Leia a frase abaixo com atenção e explique a incorreção


cometida.

O grande volume de carros era o responsável pelo tráfico ininterrupto.

7 Construa uma frase que apresente o mesmo tipo de problema do


exercício 6, e comente-o.

8 Copie as frases, escrevendo D para a linguagem denotativa e C


para a linguagem conotativa:

a) “Como eu ainda gosto de música! A noite passada, em casa do


Aguiar, éramos algumas pessoas... Treze!”
b) “O céu parece de algodão. O dia morre. Choveu tanto!”
c) “Como fiz para esconder-me na varanda, para não ser visto,
não me lembro.”
d) “Os mochos piavam no monte, que era como um paredão onde
quebravam todos os sons.”
(Agustina Bessa Luís)
e) “Se as malhas do processo chegaram até a nós, não dou um
dólar furado pelo segundo mandato de Mr. Nixon.”
f) “Às vezes me pergunto por que os homens não são feitos de
pedra.”
g) “Olhemos os olhos das crianças, que eles encerram mistérios;
dentro de suas pupilas moram selvagens bons, pairam neles as lendas das
terras desconhecidas.”

9 Reflita sobre o uso das linguagens conotativa e denotativa e


responda:

a) No texto literário, qual é o tipo de linguagem utilizado?


b) E no texto não-literário?
c) Explique a resposta dada na letra b.

10 Indique nos textos a seguir as palavras empregadas com sentido


conotativo.

a)
b)

c)

A palavra tráfico (comércio ilegal) foi usada em lugar da palavra tráfego (fluxo
ou trânsito).

Resposta pessoal

DCDDCCC

(Machado de Assis)
(Manuel Bandeira)

(Jorge Amado)

(C. Drummond de Andrade)

(Gerardo Mello Mourão)

(Jorge de Lima)
Ambos os tipos aparecem livremente.
A linguagem denotativa é predominante.

Por seu objetivo de proximidade com o real.

pesa

(Revista Veja)

Cratera ou continente, a mancha brilhante “come” um quarto de Titã

(Revista Superinteressante)

come

estrela

(O Estado de S. Paulo)

Capítulo 31

FIGURAS DE LINGUAGEM

Leia o texto a seguir:


Poema das sete faces

Quando nasci, um anjo torto


desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens


que correm atrás das mulheres.
A tarde talvez fosse azul
se não houvesse tantos desejos. (...)
(Carlos Drummond de Andrade)

Nesse texto, Carlos Drummond de Andrade atribui uma característica do ser


humano às casas ao afirmar: “As casas espiam os homens”.
Trata-se de um recurso para tornar mais expressiva a linguagem, realçando a
idéia que o autor quer transmitir. A esse tipo de recurso lingüístico damos o
nome de figuras de linguagem.

Figuras de linguagem são recursos expressivos que emprestam ao


pensamento mais energia, mais vivacidade, e conferem à frase mais elegância
e graça.

A parte da Gramática que estuda as figuras de linguagem é a Estilística.


Vejamos, a seguir, algumas delas.

Principais figuras de linguagem

Antítese

Consiste na colocação de duas idéias opostas lado a lado, em uma mesma


frase.

“Eis a mulher amada! Seja ela o princípio e o fim de todas as coisas.”

“Ricos e pobres, doentes e saudáveis, homens e mulheres, civis e militares


caíram de joelhos pedindo.”

O uso da antítese é muito comum nas mensagens publicitárias. Observe:


(Vinicius de Moraes)

idéias opostas
(Stanislaw Ponte Preta)

Alta qualidade.
Preços baixos.
É a Vivara mostrando
como é bom viver
entre altos e baixos

(Revista Veja São Paulo)

Tecidos que valem ouro a preços nanicos

(Revista Veja São Paulo)

Vendendo mais com menos investimento —


marketing alternativo

18/10/94 — das 19h30 às 22h30

(Revista Veja São Paulo)

Prosopopéia

Consiste na atribuição de características humanas, comumente o pensamento


ou a fala, a seres inanimados.

“No mundo menor o fogareiro, com o seu chiar grosso e contínuo, canta um
dueto com o relógio.”
A mangueira conversa com as crianças.

Ironia

Consiste na declaração do contrário de que se pensa para, em geral, fazer


zombaria.

D. Maria, veja o grande esforço de seu filho: obteve nota zero em todas as
matérias.

Eufemismo

Consiste em comunicar uma situação desagradável por meio de palavras que


abrandem o impacto causado por essa situação.

A polícia abriu fogo contra os assaltantes.


“Aconteceu que, passados quatro anos, D. Elvira mudasse de residência para
outro mundo...”
(Camilo Castelo Branco)

Hipérbole

Consiste no exagero de expressão.

“Porque você é Banco das Estrelas, e pode comprar todas as coisas do mundo,
inclusive as águas e os animais, para restituí-los à vida em liberdade.”

A hipérbole é um recurso muito usado em nossa linguagem do dia-a-dia.


Observe os exemplos a seguir:

Morri de estudar e não consegui aprender nada.


Estou morto de fome.
Já lhe disse mil vezes para não cuspir no chão.

(Érico Veríssimo)

atirou

morreu
(Carlos Drummond de Andrade)

Sua saúde merece o


cuidado de mil médicos

(Informe publicitário)

Mil médicos: exemplo de hipérbole.

Comparação

Estabelece um termo de comparação entre dois elementos por meio de uma


qualidade comum a ambos. Os dois elementos aparecem no enunciado,
ligados por conectivo subordinativo.
Observe:

“As árvores que debruam as calçadas são como blocos compactos de algas.”

“Olhe, meu filho, os homens são como formigas.”

conectivo

(Érico Veríssimo)
1o elemento

conectivo

2o elemento

(Érico Veríssimo)

1o elemento

2o elemento

Metáfora

Relaciona dois seres por meio de uma qualidade comum atribuída a ambos.
Veja, inicialmente, esta comparação:

Minha mãe é bondosa como uma santa.

Entre “minha mãe” e “santa” se estabelece uma qualidade comum: a bondade.


Entretanto, no enunciado da metáfora, só aparece um dos termos da
comparação:

Minha mãe é uma santa.

Esse enunciado contém uma metáfora. Agora veja outro exemplo:

“Teu corpo é brasa do lume.”

Na metáfora, a comparação é implícita, sem o uso da conjunção como.

Catacrese

Dá um novo sentido a uma palavra já existente, fazendo com que ela passe a
dar nome a outro ser semelhante.

Os braços da poltrona são macios.


O pé da mesa está quebrado.

Nesse caso ocorreu uma catacrese; as palavras braço e pé ganharam um novo


sentido para representar outro ser. Observe outro exemplo:

Preciso substituir os burrinhos do freio do meu carro.

A catacrese é usada na falta de um termo que dê a mesma idéia.

Metonímia
Consiste em substituir um termo por outro com o qual tenha relação de
contigüidade ou causalidade.

Meu amigo Jorge é um bom garfo.

Isto é, meu amigo Jorge usa muito o garfo para comer; Jorge come muito.
Observe outro exemplo:

Romário é um bolão.

A metonímia ocorre comumente quando se substitui:

• o nome do autor pela obra:

“Quem primeiro me falou de Pio Baroja foi ele.


E também de Galdás, de Sarmiento, de Concha Espina, da
condessa de Pardo Bazán, de Ricardo Palma, de Quevedo.
Sílvio Júlio tem passado a vida a ler todos os mestres
consagrados nas várias literaturas de língua espanhola.”

• o substantivo abstrato pelo concreto:

A fé remove montanhas.

• o símbolo pelo objeto significado:

As chaminés serão substituídas pelo verde.

(Manuel Bandeira)

(Josué Montello)

• o conteúdo pelo continente:

Tomei um prato de sopa.


Aquele copo de vinho me fez mal.

Gradação

Consiste em uma seqüência de idéias colocadas em ordem crescente ou


decrescente de intensidade. Observe:

A vida, o céu, o mar, o infinito, tudo era desagradável.

“É tão alta a tua janela, amigo,


que não te chega nem o sol nem o dia
nem te chega a vida.”
Pleonasmo

Consiste na repetição de termos de mesmo significado, com o intuito de dar


ênfase a uma expressão. Bons escritores usam o pleonasmo como recurso de
estilo, sendo chamado de “pleonasmo literário”.

“E rir meu riso e derramar meu pranto


Ao seu pesar ou ao seu contentamento”

Usado sem cuidado e sem produzir um efeito artístico, o pleonasmo recebe o


qualificativo de vulgar, e é considerado pouco adequado, sendo chamado de
pleonasmo vicioso (ver p.334). Por exemplo:

Teimou em subir pra cima da escada e quase caiu.

copo vinho

prato sopa

continente conteúdo

(Lineu Azuaga)

(Vinicius de Moraes)

Vícios de linguagem

Vícios de linguagem

Os vícios de linguagem são causados por descuido ou desconhecimento


lingüístico por parte de quem fala ou escreve.
Os principais vícios de linguagem são:

• ambigüidade ou anfibologia; •
estrangeirismo;
• barbarismo;
• pleonasmo vicioso;
• cacofonia ou cacófato; •
solecismo.

Ambigüidade ou anfibologia

É o uso de uma frase com sentido duplo.


O rapaz ama a namorada. A namorada ama o rapaz.

Para evitar a ambigüidade:

O rapaz ama à namorada. A namorada ama ao rapaz.

Barbarismo

Consiste no uso errado da pronúncia, da forma ou da significação de uma


palavra.

seje — em vez da forma correta — seja


asterístico — em vez da forma correta — asterisco
salchicha — em vez da forma correta — salsicha
interviu — em vez da forma correta — interveio

Quando o uso errado se refere à acentuação tônica, o barbarismo é conhecido


como silabada.

rúbrica — em vez da forma correta — rubrica


arquetipo — em vez da forma correta — arquétipo

Cacofonia ou cacófato

É o uso de palavras que formam som desagradável ou sentido ridículo, quando


unidas numa frase.

Já vi os instrumentos na vez passada.


O ladrão, ao perceber que havia gente na casa, passou a cerca dela.

Estrangeirismo

É o uso de palavras ou expressões estrangeiras.

menu — em vez de cardápio


chance — em vez de oportunidade
show — em vez de espetáculo

Pleonasmo vicioso

Consiste no uso de formas redundantes.

A bola saiu para fora do campo.


O menino entrou para dentro já faz tempo.

Solecismo
É o uso errado da concordância, regência ou colocação.

Fazem dez anos que trabalho aqui. Encontrarei-a para você.

Eu lhe amo

a forma correta é faz a


forma correta é encontrá-la-ei

a forma correta é o ou a

Exercícios

1 Identifique as figuras de linguagem que ocorrem nas frases a


seguir:

a) “Buscou no amor o bálsamo da vida


Não encontrou senão veneno e morte.”
b) “Era um tatu. Nada mais que um tatu, bichinho que rivaliza
com a prefeitura na arte de esburacar.”

c) “Um coqueiro, vendo-me inquieto e adivinhando a causa,


murmurou de cima de si que não era feio que os meninos de quinze anos
andassem nos cantos com as meninas de quatorze...”
d) “Cuidava dos meus arranjos em casa, dos meus livros, dos
meus sapatos, da minha higiene e da minha prosódia.”
e) “Mulher tem mesmo mais jeito para essas coisas: quando
eu estava sozinho em Manaus, fuji como o diabo da cruz do comércio da Zona
Franca.”
f) “Meu verso é sangue.”
g) “O sobrinho do tzar, porém, não era dado ao trabalho e Tia
Zulmira foi obrigada a deixá-lo (...).”

h) “Era véspera de Natal, as horas passavam, ele devia de


querer estar ao lado de iá Dijina, em sua casa deles dois, da outra banda, na
Lapa-Laje.”
i) “O céu é uma cidade de férias, férias boas que não acabam
mais.”
j) “Dilúvio carioca, sem refúgio possível, Copacabana com
água entrando pelas lojas rasas (...)”

metáfora
(Manuel Bandeira)

metáfora; ironia

(Stanislaw Ponte Preta)


prosopopéia

(Machado de Assis)

(Machado de Assis)

gradação

(Fernando Sabino)

comparação

(Manuel Bandeira)

metáfora

eufemismo

(Stanislaw Ponte Preta)

(Guimarães Rosa)

pleonasmo

(Álvaro Moreyra)

metáfora

hipérbole

(Clarice Lispector)

2 Observe o uso da gradação nesta frase de Rubem Braga:

“Estou cansado; quero parar, engordar, morrer.”


Crie uma gradação, escrevendo uma frase a partir da palavra vaga-lume.

3 Identifique as figuras de linguagem que ocorrem nas mensagens


publicitárias a seguir:

a)
b)
Resposta pessoal

Canivete suíço
original Victorinox.
No mínimo,
é o máximo.

antítese (mínimo / máximo)

(Revista Veja)

Hoje a MTV
vai estar uma
brasa, mora!

metáfora (uma brasa)

(O Estado de S. Paulo)

c)

Bandeirantes caça novo público

Os públicos feminino e juvenil estão na mira da Bandeirantes em 1995.


E é exatamente a experiência nestas duas áreas que a emissora buscou ao
colocar
Daniel Filho como o novo superintendente de
programação e operação.

(Folha de S. Paulo)

prosopopéia ( Bandeirantes caça)

d)

\Nem santo nem demônio, apenas um homem

O drama de Jó é dessacralizado pelo


Teatro da Vertigem, que refaz sua
via-crúcis ao vivo.

(Folha de S. Paulo)

antítese (santo / demônio)


(O Estado de S. Paulo)

A trégua acabou. A disputa é no copo

A Pepsi-Cola acordou e tirou o sossego da Antarctica e da Coca. As três vão


se matar pela preferência do brasileiro.

(Revista Exame)

metonímia (copo = bebida); hipérbole (As três vão se matar)

Faça como Wellaton:


Mude e deixe a concorrência morrendo de inveja.

hipérbole (morrendo de inveja)

(Revista Veja)

4 Crie três mensagens publicitárias a exemplo do que foi feito no


exercício 3, usando figuras de linguagem não exploradas.

Bibliografia

ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa.


32a ed. São Paulo, Saraiva, 1983.
ARAÚJO, J. A. dos Santos. Pequeno dicionário de regras práticas de
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AZEVEDO FILHO, Leodegário A. Gramática básica da língua portuguesa. 2a
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. Para uma gramática estrutural da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Gernasa,
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BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa: cursos de 1o e 2o graus.
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BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos estudos lingüísticos. São Paulo,
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CABRAL, Leonor Scliar. Introdução à lingüística. 3a ed. Porto Alegre, Globo,
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CÂMARA Jr., J. Mattoso. Dicionário de filosofia e gramática. 14a ed. Rio de
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. Dicionário de lingüística e gramática. 14a ed. Petrópolis, Vozes, 1988.
. Estrutura da língua portuguesa. 5a ed. Petrópolis, Vozes, 1975.
CAMARGO, Alberto Mesquita de. A chave da língua portuguesa e da estilística.
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