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A República Velha ou Primeira República (1889-1930)

O mundo ainda vivia as consequências trazidas pela Primeira Guerra Mundial


(1914-1918), quando o Brasil iniciava sua trajetória e história republicana. A República
Velha ou Primeira República teve início em 1889, com a queda da monarquia, e significou
o período entre a proclamação da república e a Revolução de 30.
A República Velha foi marcada pelas oligarquias agrárias, ou seja, pelos grandes
proprietários rurais que exerciam o poder político por serem os mais ricos do país. No livro
de Edgard Carone “A primeira República”, um capítulo inteiro é dedicado à organização
social do período da República Velha, em que as oligarquias alcançaram seu ápice no
Brasil.
No império, os grupos oligárquicos encontram um obstáculo para o controle total do
governo das províncias: É o poder moderador do imperador, que permite a escolha dos
presidentes provinciais. O federalismo republicano derruba esse empecilho: e as
oligarquias irão atingir, então, o ápice de sua expansão. (CARONE, Edgard).

A República Velha é dividida em dois períodos: A república da Espada, momento


da consolidação das instituições republicanas, e a República Oligárquica, em que as
instituições foram controladas pelas oligarquias agrárias.

A República da Espada (1889-1894)

Os últimos anos do século 19 assistiram aos últimos suspiros da Monarquia, em que


o longo governo de Dom Pedro II (1831-1889), enfrentou graves crises.
Os militares estavam insatisfeitos com a falta de reconhecimento após a Guerra do
Paraguai, grupos abolicionistas e grandes cafeicultores paulistas viveram em conflito com o
Império, até o golpe militar de 15 de novembro de 1889, que derrubou a monarquia
brasileira.
No período inicial, o governo teve no poder dois militares, sendo eles os marechais
Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

O governo de Deodoro da Fonseca (1889-1891)

Há quem diga que Deodoro pode ser visto como o fundador a contragosto da
República brasileira.
“No 15 de novembro de 1889, os conspiradores republicanos que se agruparam em torno do
marechal Deodoro da Fonseca o convenceram a proclamar a república” (Love, 2000,p.127).
Resultante imediata de um golpe militar, este golpe de estado tirou a família real do
poder, e instaurou uma nova ordem politica, e foi liderado por Deodoro, que se rebelou
contra o Imperador nas ruas do Rio de Janeiro. Aos gritos de “Viva a república”, os
militares prenderam o Visconde de ouro Preto, Presidente do Conselho de ministros, e a
República foi proclamada e instaurada sob o governo provisório de Deodoro da Fonseca. O
governo de Deodoro é dividido em duas partes: O governo provisório e o constitucional.

Governo Provisório

Neste período, medidas significativas foram tomadas, como a extinção da do


Senado vitalício, a dissolução da Câmara dos deputados, o corte do Conselho de Estado, a
exclusão do padroado e do beneplácito, a separação entre Igreja e Estado, a transformação
das províncias em estados e o banimento da família real.
Além disso, foi estabelecida, a secularização dos cemitérios, a liberdade de culto, a
criação do Registro Civil que legalizava nascimentos e casamentos, e uma eleição para a
criação de uma Assembleia Nacional Constituinte foi criada, eleita por voto universal,
masculino e direto, que elaborava a primeira constituição do país.

Governo Constitucional

Aparentemente, o Brasil iniciava um período democrático, pois havia sido


extinguido o voto censitário (por renda), ou seja, todo cidadão do sexo masculino tinha os
mesmos direitos políticos, independente da classe social. Porém, o analfabetismo, que
atingia 85% da população limitava a participação de milhares possíveis eleitores.
Nas “disposições transitórias”, a constituição estabelecia que o primeiro presidente
do Brasil não seria eleito pelo voto universal, mas sim pela Assembléia Constituinte, ou
seja, previa que a escolha do presidente seria feita por eleições indiretas, a modo que só os
deputados votariam, e desta forma, sem a participação popular, foram eleitos o próprio
Deodoro da Fonseca e outro marechal. Floriano Peixoto ficou como vice.
As características mais marcantes da nova Constituição foram: a criação de uma
república federativa, em que os estados teriam autonomia econômica e administrativa; a
divisão entre os poderes executivo, legislativo e judiciário; a criação de um sistema
federativo com 20 estados e 1 Distrito Federal (RJ); a implantação de um novo código
eleitoral, a modo que podiam votar ou se candidatar todo homem brasileiro com mais de 21
anos e alfabetizado; a criação de um ensino público leigo (não ligado a Igreja Católica); e a
liberdade religiosa em que eram garantidos os direitos e garantias individuais.
A constituição de 1891 teve grande influencia norte-americana, sendo adotado o
nome “República Federativa dos Estados Unidos do Brasil”.

A Constituição Brasileira de 1891 impôs a forma federativa de governo e a


importância dos estados para a recém-inaugurada ordem política. A imagem do
Estado, a sua importância, seu controle político, foram os principais temas de
congressistas e juristas responsáveis pela elaboração da Carta Constitucional.
Esta assegurava a cada Estado o direito de contrair empréstimos no exterior,
decretar impostos de exportação, reger-se por suas próprias constituições, ter
corpos militares próprios, bem como códigos eleitorais e judiciários. (Maria do
Carmo Campelo de Souza, p.162).

O encilhamento

O governo de Deodoro foi marcado por uma política econômica e financeira,


conhecida como Encilhamento.
O país era dependente do café, e isto era um dos maiores problemas do Brasil, e
para tentar criar uma atividade industrial brasileira, Deodoro nomeou o famoso jurista e
poeta Rui Barbosa para o Ministério da Fazenda. O advogado pensou que para estimular a
criação de indústrias, o governo deveria emprestar dinheiro aos interessados, e para isso,
autorizou a emissão de dinheiro. Para estimular a produção agrícola e a industrialização, o
ministro adotou a política emissionista, aumentando a emissão do papel-moeda, para que a
circulação desta aumentasse.
Porém, a emissão desenfreada causou uma grande desordem financeira no país, a
medida que a moeda foi desvalorizada e a inflação explodiu. Muitas pessoas pegavam
empréstimos e em vez de investirem em indústrias, faziam especulação financeira na bolsa
de valores, daí o nome “encilhamento”, ponto de largada na corrida de cavalos em que
ocorre a maioria das apostas. Para os críticos, Rui Barbosa facilitou as apostas financeiras e
não os investimentos reais.
Além disso, a burguesia não via com bons olhos a tentativa de industrialização de
Rui Barbosa.
Nove meses após sua eleição, que se deve também pela pressão dos militares aos
cafeicultores, Deodoro da Fonseca afundou o país com problemas econômicos e recebeu
críticas quanto ao abuso de poder. Após ter fechado o Congresso Nacional e enfrentado a
Revolta da Marinha, conhecida como Primeira Revolta da Armada, em que unidades da
armada da baía de Guanabara, sob a liderança de Custódio de Melo, ameaçaram
bombardear o Rio de Janeiro, a então capital, fazendo com que ele renunciasse ao cargo.
A queda de Deodoro pode ser atribuída a algumas causas e uma delas está nas
dissensões surgidas em torno da aprovação de algumas medidas fundamentais à ordem
federativa, dificultada pelo Presidente da República. Confirmando estas tendências do
governo quanto às leis, Tobias Monteiro relata:
“Dissolvido o congresso cabia ao governo esboçar as ideias principais da reforma
da constituição. [...] mas Deodoro, embora partidário da autonomia administrativa, tendia
muito para fortificar a unidade política.”
Unidade de magistratura, igualdade de representação estadual, eram normas que
sofriam oposição dos “defensores da Federação” e das bancadas majoritárias paulistas e
mineiras. A atitude de Deodoro ligou a política paulista aos grupos civis e militares
oposicionistas, numa união que foi fatal ao governo.

O governo de Floriano Peixoto

A renúncia do primeiro presidente do país deu o poder ao vice, Floriano Peixoto,


conhecido como “Marechal de ferro”, por defender os ideais republicanos e positivistas.
Ele assumiu o poder de forma constitucionalmente irregular, a modo que a constituição de
91 garantia que, se a presidência ficasse vaga antes de se completar dois anos de mandato,
deveria ocorrer uma nova eleição:
“Se, no caso de vaga, por qualquer causa, da presidência ou vice-presidência, não
houver ainda decorrido dois anos do período presidencial, proceder-se-á à nova eleição.”
Isto é o que estava na Constituição.
O apoio popular a Floriano não foi suficiente para impedir que em 1894, fosse eleito
o candidato da oposição, o paulista e primeiro presidente civil da república, Prudente de
Morais. O Governo de Floriano Peixoto foi o único a criar medidas que beneficiaram as
classes mais pobres e recebeu grande apoio das camadas populares. Porém, esse apoio
unânime teve pouca duração graças a medidas no campo político e econômico. Com isso,
oligarquias rurais e banqueiros estrangeiros queriam tirá-lo do poder.
Os opositores de Floriano decidiram aderir a luta armada para derrubá-lo. O Partido
Federalista por Silveira Martins revoltou-se contra o Partido Republicano comandado por
Julio Castilhos. O Governo Federal apoiou o partido republicano, iniciando assim uma
longa guerra civil com incríveis atos de violência. Os federalistas obtiveram várias derrotas
graves, porém a Revolução Federalista, que ocorreu entre 1893 e 1895, foi finalizada
apenas no governo de Prudente de Moraes.
Com apoio popular, Floriano passou por cima da lei, que exigia novas eleições, e
gerou a revolta de inúmeros oficiais da marinha, causando um novo conflito entre governo
e marinheiros conhecido como “Revolta da Armada.” Floriano venceu os revoltosos e
desmentindo suas acusações, em novembro de 1894, Prudente de Moraes, representante da
oligarquia cafeeira paulista e contrário a Floriano, assumiu o poder.

A República Oligárquica (1894-1930)

Os grandes proprietários de terra exerciam o monopólio do poder local, e tudo


gerava em torno do interesse deles. Os grupos oligárquicos dominam a política no país,
através do coronelismo, do voto de cabresto, da política dos governadores, e da política de
valorização do café.
[...] o poder supremo está nas mãos de um restrito grupo de pessoas
propensamente fechado, ligadas entre si por vinculo de sangue, de
interesse ou outros, e que gozam de privilégios particulares, servindo-se
de todos os meios que o poder pôs ao seu alcance para os conservar.
(BOBBIO, 2007, p.835)

A presidência de Prudente de Moraes

Prudente de Moraes obtinha o apoio das principais oligarquias estaduais, sobretudo


o Partido Republicano Paulista (PRP), comandada pelos cafeicultores. Durante o período
inicial da República, não existiam partidos nacionais, eram estaduais. Os mais poderosos
eram o paulista e o Partido Republicano Mineiro (PRM), dos estados mais ricos. O
principal grupo de oposição era os florianistas do Partido Republicano Federal (PRF).
A Guerra de Canudos foi o maior problema do governo de Prudente de Moraes. A
Guerra ocorrida no sertão da Bahia pelo grande contraste entre as elites. A seca e a grande
exploração econômica no Nordeste levaram a população à miséria e isolamento total. Os
fatos mais importantes chegavam ao Nordeste muito tempo depois. O principal líder
sertanejo foi Antônio Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro. A guerra buscava acabar
com o pagamento de impostos, já que o único meio que os ligavam do restante do país, era
pregado um mundo novo e justo. Em pouco tempo 10 mil pessoas o seguiam e formavam o
arraial de Canudos ou Belo Monte.
O jornalista representante do Estado de São Paulo, Euclides da Cunha, acompanhou
a última fase das operações militares. O jornalista escreveu mais tarde o livro, Os Sertões,
contando o que viu. “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a História resistiu até
ao esgotamento completo”. (CUNHA, 1902, p. 180). Canudos foi derrotado e destruído, e a
miséria, o desemprego e a exploração humana continuaram a mesma.

O coronelismo

Para garantir o voto dos eleitores, que não era secreto, a figura do coronel entrou em
cena, e o exercício da fraude eleitoral ficava a cargo destes. O sistema político fraudulento
da República Velha era controlado pelos coronéis, grandes latifundiários que exercendo um
clientelismo local (troca de favores), controlava a população com o chamado “curral
eleitoral”. É possível imaginar o poder desses coronéis apenas pelo fato da grande maioria
da população brasileira se encontrar no campo naquela época.
Além destes mecanismos de manipulação, os coronéis manipulavam os resultados, a
modo que não havia fiscalização eleitoral, e eram criados “eleitores fantasmas”, e pessoas
que já haviam morrido nos votos. O uso da força também era utilizado, a medida que os
eleitores eram ameaçados com violência.
Victor Nunes Leal, no clássico Coronelismo, enxada e voto, publicado em 1949,
dizia que o coronelismo era um compromisso entre o poder privado e o poder público. O
compromisso, continuava ele, derivava de um longo processo histórico e se enraizava na
estrutura social.
Comprados, ou sob ameaça, a vontade real dos eleitores não era expressa, e sim a
dos coronéis que os controlavam como faziam com seus cavalos, e por isso deu-se o nome
de “voto de cabresto”.
Na Brazundanga, assim como no Brasil, todos os representantes do povo, desde
o vereador até o presidente da República, eram eleitos por sufrágio universal e,
lá, como aqui, de há muito que os políticos tinham conseguido quase totalmente
eliminar do aparelho eleitoral este elemento perturbador – ‘o voto’. (BARRETO,
Lima. Os Bruzundangas. Texto em domínio público).

A política dos governadores

Com o poder que os coronéis tinham sob o eleitorado, bastavam os candidatos a


governista a eles se apoiarem que seriam eleitos facilmente, e em troca, nomeavam aliados
ou parentes dos coronéis para importantes cargos no município, como juízes locais e
delegados.
Era um acordo entre governantes dos Estados e o governo federal. Com as eleições
garantidas, os governadores estaduais e federais selavam um “pacto”, em que aqueles
prometiam eleger o maior número de deputados e senadores fiéis a estes, e assim, o
Presidente da República apoiava esses candidatos ao governo estadual nas próximas
eleições. Desta forma, o governador teria controle sobre o poder estadual e o presidente não
teria oposição no Congresso Nacional.
O instrumento utilizado para impedir a posse dos deputados da oposição foi a
Comissão Verificadora de Poderes, composta por cinco parlamentares, presidida pelo mais
velho, que tinha o direito de impedir um candidato a tomar posse. Caso um deputado da
oposição fosse eleito para o Congresso, a comissão alegava fraude eleitoral ou outra
ilegalidade e cassava o mandato parlamentar. Isso foi chamado de “A Degola”.
O Congresso Nacional tinha amplo domínio sob o partido que estava no poder, ou
seja, a política dos governantes era uma manobra clientelista para garantir sempre o mesmo
partido no poder.
“A hegemonia do processo, avocada pelos Estados de grande força econômica e
demográfica, Minas e São Paulo era garantida por suas organizações político-
partidárias (P.R.P em São Paulo e P.R.M em Minas Gerais) comandado por uma
comissão Central Executiva; lutas canalizadas para o nível intrapartidário;
caráter monolítico no plano federal. De modo geral as representações paulista e
mineira formavam grupos compactos no Congresso Federal e, em seu nome,
Minas e São Paulo asseguravam-se o controle da vida política nacional.”
(CAMPELO, Maria, p.187)

A política dos governadores teve início na presidência de Campos Sales, é


responsável pela implantação da “Política do Café com Leite”.

O governo de Rodrigo Alves

O governo de Rodrigo Alves foi marcado pelo Surto da Borracha, no Amazonas, a


qual gerou miséria para muitos e riqueza para poucos, quando o preço da borracha elevou-
se abundantemente. Esse fato gerou recursos para várias obras do governo. O progresso era
irreal. No Rio de Janeiro, houve uma revolta muito violenta e espontânea do povo nas ruas.
Isso ocorreu porque o governo obrigou a vacina contra a varíola, sem informar o povo do
que se tratava. A Revolta da Vacina ocorreu pela falta de democracia. Outro importante
fato ocorreu durante este período, o Acre foi incorporado ao país.

A Política do Café com Leite

Como a economia brasileira era totalmente dependente do café na República Velha,


pois ele representava mais de 70% da riqueza do país, e era concentrada no estado de São
Paulo, a cidade tornou-se uma metrópole, e muitos barões do café passaram a morar nas
cidades próximas as áreas produtoras no interior e porto se Santos, onde se exportava o café
para o mundo.
Para manter a posição de Estado mais rico do Brasil, São Paulo precisou do apoio
de um aliado, e já que Minas Gerais tinha o maior eleitorado, foi o escolhido para um
acordo nas eleições. Os dois Estados, São Paulo indicado como maior produtor de café do
país, e Minas Gerais, maior produtor de leite no país se revezariam no poder, e assim nunca
haveria outras oligarquias no poder. Foi um revezamento entre as oligarquias paulistas e
mineiras, e a medida que o número de deputados era proporcional à população, os dois
estados, que eram os mais populosos tinham maior número de representantes no Congresso,
e mantiveram a união de 1889 até 1930.

A Política de Valorização do Café

Como já dito antes, a dependência do café era grande, produto que até a década de
30, no século XX, era o maior nome da exportação brasileiro, fato que gerou a admissão de
um conjunto de medidas pelo poder público durante a Primeira República, como forma de
garantir ao setor cafeeiro brasileiro condições para enfrentar a queda de preços do produto
no mercado internacional. Estas medidas incluíam a criação de mecanismos de
estabilização do câmbio, além da compra e estocagem de excedentes da produção cafeeira.
Assim, o produto era retirado do mercado até que os preços internacionais voltassem a
subir.
Esta política de valorização do café acarretou resultados prejudiciais à economia do
país, à medida que para comprar toda a produção de café, os governos estaduais pediam
empréstimos no exterior, que eram arcados por toda a população, e caso a demanda
internacional não fosse suficiente, os estoques excedentes deveriam ser queimados, o que
causava prejuízo, pois o produto já havia sido pago.
De forma geral, essa política causou a chamada “socialização das perdas”, a modo que os
lucros ficariam com a burguesia e as perdas com a população.

O Convênio de Taubaté

Com o revezamento dos mineiros e paulistas no poder, o Brasil produziu em 1906 4


milhões de sacas de café a mais do que a demanda internacional, e para impedir a
superprodução, os dois representantes se reuniram na cidade de Taubaté e assinaram um
acordo. Ele estabelecia que o país devesse regular a produção cafeeira, e para evitar
prejuízos aos cafeicultores, o governo federal faria empréstimos no exterior para pagar a
produção não vendida. Muitos fazendeiros ligados ao café perceberam que uma crise viria e
se dedicaram as indústrias, o que causou um surto industrial, principalmente em São Paulo
atraindo milhares de trabalhadores.

O início do término das Oligarquias

No governo de Hermes da Fonseca foi criado o Partido Republicano Conservador


(PRC), o qual apoiava o presidente e o isolava o seu elo com militares.
A Revolta da Chibata ficou marcada pela revolta de marinheiros com as condições
precárias que se encontravam.

O Tenentismo

Os tenentes eram jovens oficiais do exército, muitos deles provenientes da classe


média e com boa formação educacional. Eles criticavam a corrupção e os desmandos da
oligarquia cafeeira, exigindo reformas políticas, mas não era nem de direita e nem de
esquerda. Lutavam pela moralização política do país, defendendo o voto secreto, melhoras
na educação, e o fim da corrupção.
Durante o governo de Epitácio Pessoa, os tenentistas protestavam contra o
abandono que estava o Exército. Porém, viram que o problema era político também, além
de militar. Por isso pressionaram o governo em busca de mudanças políticas e sociais. O
governo nada fazendo, sofreu então com revoltas militares. O período passou por três
diferentes fases desde a restrição apenas de quartéis, união com civis e união com a
oposição se preparando para a Revolução de 1930.

O movimento não contou com partido político organizado. Buscavam apenas ideais
como adoção de voto secreto. Esse movimento contribuiu para a queda das oligarquias
graças as varias revoltas causadas e apoio da classe média e oponentes políticos.

A Revolta dos 18 do Forte de Copacabana

“Este levante militar, que ficou conhecido como Dezoito do Forte de Copacabana é
considerado a estreia dos tenentes no cenário nacional.” (PRESTES, 1997, p.70).
Uma guarda do Forte de Copacabana rebelou-se contra o governo, exigindo a
renúncia imediata do Presidente eleito Artur Bernardes, que representava os interesses da
oligarquia cafeeira. Em julho de 1922, 301 revoltosos enfrentaram tropas do governo, mas
273 se renderam. Os 18 restantes, entre oficiais, militares e civis, lembrados como “os 18
do Forte”, combateram nas ruas de Copacabana e apenas dois sobreviveram: os tenentes
Eduardo Gomes e Siqueira Campos.

A Coluna Prestes

Em 1924, outras rebeliões tenentistas explodiram em quartéis de São Paulo e Rio


Grande do Sul. Reprimidas pelo exército legalista, muitos dos militares rebeldes formaram
uma milícia armada que iniciou uma guerrilha no interior do país.
Liderados por Miguel Costa e pelo capitão Luís Carlos Prestes, esse grupo guerrilheiro
passou a ser conhecido como Coluna Prestes.
A Coluna Prestes percorreu mais de 24 mil quilômetros a pé, combatendo as forcas
do governo e seus aliados, e segundo alguns historiadores nunca foi derrotada. Em 1925,
cansados de combater e não obter resultados, a Coluna abandonou o país e seus lideres se
exilaram na Bolívia.
Anita prestes interpreta o tenentismo como um movimento político-social, e a
Coluna Prestes como um movimento da mesma natureza que se transformou em uma
organização militar com características populares. (PRESTES, 1997, p. 394).

O fim do Café com Leite

A Política do Café com Leite chegou ao fim no governo do presidente paulista


Washington Luís (1926-1930), que quebrou o acordo com Minas Gerais e resolveu apoiar
para a eleição seguinte outro candidato paulista, Júlio Prestes, rompendo então com o pacto
de revezamento entre mineiros e paulistas.
O presidente do Estado de Minas Gerais, Antônio Carlos, sentindo-se traído, aliou-se ao
Rio Grande do Sul e à Paraíba e, juntos, criaram a Aliança Liberal, para concorrer com o
candidato paulista nas eleições de 1930, mas foram derrotados porque o grupo dos paulistas
fraudou mais as eleições, como já era previsto. Os mineiros não esperaram o presidente
eleito tomar posse e organizaram um golpe que levou ao poder Getúlio Vargas em 1930.
Durante os mais de 30 anos da política do café-com-leite, o Brasil elegeu onze
presidentes da República, sendo seis paulistas - incluindo Prudente de Moraes e Campos
Salles - e três mineiros. Dois vice-presidentes assumiram o posto do titular ao longo desse
período: o fluminense Nilo Peçanha, no lugar de Afonso Pena, falecido em 1909; e o
mineiro Delfim Moreira, substituindo o paulista Rodrigues Alves, morto em 1918, antes
mesmo de tomar posse naquele que seria seu segundo mandato como presidente.

A crise oligárquica e a Revolução de 30

Em entrevista ao Correio do Povo, em 1931, Osvaldo Aranha declarou: “Assim


como não veio substituir homens, a revolução não veio também substituir partidos. O seu
programa é substituir princípios e normas para evitar o regresso à política dos antigos
donos da República dos senhores absolutos do regime.”
Washington Luís rompeu com a política tradicional do café-com-leite indicando
como futuro candidato Julio Prestes, atual governador de São Paulo, faziam parte do
Partido Democrático. Com isso, as oligarquias de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul e Paraíba formaram a Aliança Liberal tendo como candidato Getúlio Vargas. Na
contagem dos votos, Julio Prestes foi eleito e de início o partido liberal aceitou o resultado
eleitoral. Porém, uma série de erros começou ocorrer: Washigton Luís perseguiu pós-
eleitorais, as classes médias urbanas começaram a construir um elemento de pressão a favor
de uma solução armada, os tenentistas e tudo começou a conspirar a favor de uma nova
revolta armada.

Milhares de pessoas se juntaram em diversas colunas em busca de tomar São Paulo.


Já estavam a caminho e seria a maior batalha da Revolução se tivesse existido. Mas, pouco
antes de começar Washigton Luís foi deposto por uma Junta Militar. Assim, a Revolução
de 1930 terminou com vitória, encerrou a República Velha e deu fim ao domínio das
oligarquias tradicionais. Getúlio Vargas era então o presidente provisório.

A imprensa da República Velha

A imprensa passou por diversas modificações durante esta época, passando até
poratos de violência e repressão. Assim, vemos que houve um retrocesso com a volta da
censura. Entretanto, houve significativos investimentos em gráficas e o jornal passou a ser
mais capitalista, como uma empresa. O caráter informativo deixou de ser prioridade e
acentuou-se a informação.

Os jornais diários profissionalizaram-se, sem perder o caráter opinativo e de


intervenção na vida pública. Os novos métodos de impressão permitiram
expressivo aumento das tiragens, melhora da qualidade e barateamento dos
exemplares, que atingiram regiões cada vez mais distantes graças ao avanço dos
sistemas de transportes, que agilizam o processo de distribuição (PINSKY, 2005,
p.137 apud GUIMARAES, 2006, p. 5).

O Decreto 85 marcou o início do período. Este, era claro com qualquer oposição ao
governo. Os indivíduos que conspirarem contra a República e o seu governo; que
aconselharem ou promoverem, por palavras escritas ou atos, a revolta civil e a indisciplina
militar (...), serão julgados militarmente por uma comissão militar nomeada pelo ministro
da Guerra, e punidos com penas de sedição (MAGALHÃES JUNIOR,1957, p. 116). Esta
foi então a primeira lei da imprensa Republicana.

José Inácio de Melo SOUZA (2002), ressalta que a imprensa foi o veículo de
comunicação mais importante no Brasil até 1930. Impressos em máquinas tipográficas
planas (rotativas eram novidade), os jornais de quatro ou oito páginas, a maioria, eram
produzidos no Rio de Janeiro (23 diários em 1912) e em São Paulo (17 diários).
O Jornal do Brasil foi o grande veículo da República Velha. Durante a Revolta
Armada, jornais sofreram atentados e jornalistas como Olavo Bilac e José do Patrocínio
foram presos. Segundo Sodré (199, p.263) a exaltação da política da época está
integralmente retratada na imprensa e Romancine explica isso:

Parte da imprensa é monarquista, outra tende a apoiar uma república mais


democrática e há também os que entendem o regime republicano como um
prolongamento do anterior, sem a necessidade de maiores mudanças na estrutura
social. (ROMANCINE, 2007, p.78

As três personalidades da literatura brasileira pré-moderna se destacaram no


jornalismo no início da República. Monteiro Lobado, Euclides da Cunha e Lima Barreto
retratavam os acontecimentos em grandes veículos de comunicação.

O autoritarismo prevaleceu nos conturbados primeiros anos de República, o


que foi considerado uma violência contra a opinião política livre. O clima de
desagregação de uma consciência sobre os problemas da liberdade de opinião pela
imprensa vicejou com Deodoro, com Floriano em 1892, na Revolta da Armada em
1893, no atentado contra Prudente de Morais em 1897, nos fracassos das
expedições a Canudos, quando os monarquistas foram mais uma vez encarados
como conspiradores, destruindo-se os seus jornais. Durante os sucessivos estados
de sítio vividos pela nação, abatiamse sobre a imprensa dois tipos de expectativa.
De um lado, esperava-se a violência da censura sobre os jornais; de outro, a rotina
da prisão e desterro dos jornalistas que violassem as ordens legais estabelecidas
(SOUZA, 2002,p.23 apud GUIMARÃES, 2006 p.5).

Segundo Sodré (199, p. 251), "alguns grandes jornalistas seriam chamados a


funções eminentes: Salvador de Mendonça, Rui Barbosa e Quintino Boicaiuva. O período
foi de censura para a imprensa, mas contribuiu muito para o bom desenvolvimento do
jornalismo, que fez muito bem o seu papel. "A mudança do regime não alterou o
desenvolvimento da imprensa. Os grandes jornais continuaram os mesmos, com mais
prestígio e força os republicanos, com mais combatividade, os monarquistas”
(SODRÉ,1977, p. 287).

Bibliografia

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SODRÉ, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Civilizadora
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VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro. O Teatro Das Oligarquias : uma revisão da política Do
Café Com Leite. Belo Horizonte: C/Arte, 2001

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