Você está na página 1de 3

O GOVERNO NILO PEÇANHA

Nilo Procópio Peçanha aderiu ao republicanismo e ao abolicionismo na cidade natal


dele, Campos dos Goytacazes, onde fundou o Partido Republicano da província do Rio
de Janeiro, em 13 de novembro de 1888. Com a instauração da República assumiu o
cargo de deputado federal entre os anos de 1891 e 1902. Nesse período, Nilo Peçanha
defendeu o afastamento do presidente marechal Deodoro da Fonseca devido ao
fechamento do Congresso em 3 de outubro de 1891. E apoiou a presidência de
marechal Floriano Peixoto, que assumiu o cargo com a deposição de marechal Deodoro.
Nilo Peçanha engajou-se no movimento jacobino, base de apoio do marechal Floriano
Peixoto, durante o mandato presidencial de Prudente de Morais (1894-1898).
A trajetória política de Nilo Peçanha apresenta em si as várias transformações que
marcam a transição do Império para a República Oligárquica. Em 1890, desponta como
político ao vencer as eleições para a Assembleia Constituinte daquele mesmo ano. Logo
em seguida, aproveitando de sua habilidade, consegue se eleger como senador e
presidente do Estado do Rio de Janeiro. No ano de 1906, participa ativamente das
discussões em favor da criação do Convênio de Taubaté.
Assumindo lugar junto aos oligarcas, Nilo Peçanha alcança seu auge ao se eleger vice
na chapa do presidencial liderada por Afonso Pena. Em 1909, ele assume o cargo
presidencial tendo em vista o falecimento do presidente. Apesar de ter ficado pouco
tempo no cargo, ele esteve envolvido em importantes discussões ligadas à sucessão
presidencial.
No breve período em que assumiu a presidência da República, apenas um ano e cinco
meses, Nilo Peçanha deu continuidade ao programa político conduzido pelo antecessor.
Prosseguiu a ampliação da malha ferroviária do país com a construção de estradas nas
regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Estendeu as obras de saneamento da capital federal
para a Baixada Fluminense. Modificou parte do fornecimento de luz na cidade do Rio
de Janeiro para o sistema elétrico. Reformou os Correios e Telégrafos e expandiu a rede
telegráfica. Ampliou o investimento de capitais na indústria de 12,4% para 18,5%. A
formação de mão de obra para a indústria também foi estimulada com a criação da
Escola de Aprendizes Artífices. Expandiu o treinamento militar para todos os cidadãos.
Promoveu pesquisas científicas no setor agrícola. A escolha dos ministros por Nilo
Peçanha seguiu critérios técnicos com o objetivo de executar as pautas propostas para o
governo.
Como presidente do Estado do Rio de Janeiro, Nilo Peçanha implementou uma política
de austeridade fiscal. Já no cargo de presidente da República, para prosseguir com
o programa de governo, acresceu a emissão de papel-moeda, aumentou os impostos
sobre a importação de artigos e captou mais recursos estrangeiros para o país.
Durante o mandato de Nilo Peçanha também foi criado o Serviço de Proteção aos Índios
(SPI), sendo designado para o comando do instituto o tenente-coronel Cândido Rondon.

Desde algum tempo, Nilo Peçanha se mostrava favorável à ascensão do marechal


Hermes da Fonseca ao mandato presidencial. Os paulistas eram contrários a essa
candidatura por tomarem como referência as várias agitações ocorridas durante a
República da Espada. Com isso, eles buscaram o nome de Rui Barbosa como uma
alternativa capaz de agradar a oligarquia nordestina e os eleitores dos centros urbanos.
Os oligarcas mineiros e sulistas abraçavam a candidatura de Hermes da Fonseca.
Pela primeira vez na história, um candidato a presidente, no caso Rui Barbosa, recebeu
amplos incentivos para realizar uma campanha que percorreu diferentes estados
brasileiros. Por fim, o general Hermes da Fonseca venceu as eleições com uma
diferença pequena de votos. Apesar da derrota, o impacto causado pela candidatura de
Rui Barbosa indicava que a hegemonia política exercida pelos oligarcas dava seus
primeiros sinais de enfraquecimento.
Além dessa intensa disputa, o governo de Nilo Peçanha teve grande importância ao
estabelecer o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria. Nessa mesma época,
foram dados os passos iniciais para a criação e o desenvolvimento do ensino técnico-
profissional no país.
Nilo Peçanha aprovou a “política dos governadores” promovida pelo presidente
Campos Sales (1898-1902). Dessa maneira, garantiu apoio federal à candidatura de
presidente do Estado do Rio de Janeiro, cargo exercido por Nilo Peçanha entre os anos
de 1903 a 1906, até o momento em que assumiu a vice-presidência da República junto
ao presidente Afonso Pena (1906-1909). Com a morte de Afonso Pena em 14 de junho
de 1909, durante o mandato presidencial, o então vice-presidente Nilo Peçanha assumiu
a presidência para cumprir o tempo restante do mandato. Nilo Peçanha foi o sétimo
presidente da República, e o primeiro e único afrodescendente a ocupar o cargo até os
dias atuais.
O PRESIDENTE NILO PEÇANHA (1902-1906)

Você também pode gostar