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O GOVERNO AFONSO PENA (1906- 1909)

Afonso Augusto Moreira Pena aderiu tardiamente ao regime republicano. Graduou-se


bacharel em Direito no ano de 1870 e, posteriormente, obteve o título de doutor com a
defesa da tese “Letra de Câmbio”. Na trajetória acadêmica, aproximou-se do
pensamento jusnaturalista em detrimento do positivismo republicano. A cisão entre
Igreja e Estado proposta pelos republicanos e pelos adeptos de Auguste Comte era
repudiada por Afonso Pena devido à fé católica, desse modo, retardando a adesão aos
princípios republicanos. Durante o período monárquico, atuou como deputado
provincial (1874-1878) e deputado geral (1878-1884; 1886-1889), representando o
Partido Liberal. Também exerceu os cargos de ministro da Guerra (1882), da
Agricultura, Comércio e Obras Públicas (1883-1884), e Interior e Justiça (1885).
Com a instauração da República, Afonso Pena foi convidado pelos republicanos para se
candidatar a senador estadual na Constituinte de Minas Gerais em julho 1891 para
abrandar os conflitos no Estado do qual era nativo. Afonso Pena renunciou a esse
mandato em protesto ao fechamento do Congresso Nacional executado pelo marechal
Deodoro da Fonseca, então presidente da República, em novembro de 1891. Entre os
anos de 1892 e 1894, foi presidente do Estado de Minas Gerais promovendo a
construção da capital Belo Horizonte e a fundação da Faculdade de Direito Mineira. Em
1899, retornou ao posto de senador do Estado de Minas Gerais, cargo que exerceu até
1902, quando foi convidado a assumir a vice-presidência da República, em substituição
a Francisco de Almeida Brandão que havia falecido durante o mandato presidencial de
Rodrigues Alves (1902-1906).
Em 15 de novembro de 1906, Afonso Pena sucedeu o presidente Rodrigues Alves. A
chapa Afonso Pena-Nilo Peçanha recebeu quase a totalidade dos votos diretos de 1,4%
dos eleitores habilitados a votar que compareceram às eleições. Afonso Pena foi o sexto
presidente da República brasileira e o quarto presidente civil.
O governo de Afonso Pena deu prosseguimento à hegemonia das oligarquias no Brasil,
sendo este, o quarto governo civil do período republicano. Antes de ocupar o mais alto
posto político do país, assumiu outros cargos políticos como deputado, presidente
estadual, senador e vice-presidente da república. Apesar de propor um projeto de
governo amplo, a administração de Afonso Pena esteve profundamente comprometida
aos interesses dos cafeicultores.
Sua chegada ao poder foi possível por meio de um compromisso político em que
garantia concentrar esforços para que as medidas do Convênio de Taubaté fossem
cumpridas. Em meio às constantes variações do mercado externo, o presidente tentou
combater a superprodução cafeeira adotando medidas drásticas que retiravam milhares
de sacas de café do mercado, à espera de uma possível valorização do produto. Dessa
forma, o governo enfrentou os obstáculos de uma economia frágil e dependente.
No setor industrial, o seu governo buscou realizar alguns tímidos investimentos em uma
área da economia restringida pela hegemonia oligárquica. Nesse ponto, o presidente
realizou um aumento das taxas alfandegárias que beneficiava o processo de ampliação
dos mercados consumidores da ainda nascente indústria nacional. Paralelamente, o
governo Afonso Pena investiu no setor ferroviário e incentivou a chegada de imigrantes
europeus para o país.
Com relação à questão militar, o presidente teve a preocupação em prestigiar esse setor
que havia estabelecido o regime republicano no país. Dessa maneira, destinou recursos
para que novos armamentos fossem adquiridos e tornou o serviço militar obrigatório. A
Marinha foi agraciada com a compra de novos equipamentos, incluindo a aquisição de
encouraçados que reforçariam o poder de fogo das Forças Armadas.
A instauração do serviço militar obrigatório e a reorganização do Exército e da Marinha
foram outras medidas realizadas durante o governo de Afonso Pena.
Afonso Pena faleceu em 14 de junho de 1909 no Palácio do Catete. Assumiu a
presidência da República, o vice-presidente Nilo Peçanha.
Em 1908, inspirada nos grandes eventos culturais europeus, este governo realizou uma
exposição nacional que procurava veicular uma imagem positiva do país com a
comemoração do centenário da abertura dos portos brasileiros. No ano seguinte, Afonso
Pena tentou articular a indicação do nome que o sucederia na presidência. Contudo, os
partidos oligárquicos frustraram seus intentos por conta das dificuldades em alcançar
um nome consensual entre as oligarquias.
Faltando apenas um ano para concluir o seu governo, Afonso Pena acabou falecendo.
Dessa maneira, o vice-presidente Nilo Peçanha assumiu o governo por um breve
período de tempo. Enquanto isso, as oligarquias mineiras e paulistas viviam uma
complicada crise hegemônica vivenciada em um agitado processo eleitoral disputado
pelas chapas do intelectual baiano Rui Barbosa e o militar Hermes da Fonseca, que
acabou vencendo aquelas eleições.
O PRESIDENTE AFONSO PENA

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