Afonso Augusto Moreira Pena aderiu tardiamente ao regime republicano. Graduou-se
bacharel em Direito no ano de 1870 e, posteriormente, obteve o título de doutor com a defesa da tese “Letra de Câmbio”. Na trajetória acadêmica, aproximou-se do pensamento jusnaturalista em detrimento do positivismo republicano. A cisão entre Igreja e Estado proposta pelos republicanos e pelos adeptos de Auguste Comte era repudiada por Afonso Pena devido à fé católica, desse modo, retardando a adesão aos princípios republicanos. Durante o período monárquico, atuou como deputado provincial (1874-1878) e deputado geral (1878-1884; 1886-1889), representando o Partido Liberal. Também exerceu os cargos de ministro da Guerra (1882), da Agricultura, Comércio e Obras Públicas (1883-1884), e Interior e Justiça (1885). Com a instauração da República, Afonso Pena foi convidado pelos republicanos para se candidatar a senador estadual na Constituinte de Minas Gerais em julho 1891 para abrandar os conflitos no Estado do qual era nativo. Afonso Pena renunciou a esse mandato em protesto ao fechamento do Congresso Nacional executado pelo marechal Deodoro da Fonseca, então presidente da República, em novembro de 1891. Entre os anos de 1892 e 1894, foi presidente do Estado de Minas Gerais promovendo a construção da capital Belo Horizonte e a fundação da Faculdade de Direito Mineira. Em 1899, retornou ao posto de senador do Estado de Minas Gerais, cargo que exerceu até 1902, quando foi convidado a assumir a vice-presidência da República, em substituição a Francisco de Almeida Brandão que havia falecido durante o mandato presidencial de Rodrigues Alves (1902-1906). Em 15 de novembro de 1906, Afonso Pena sucedeu o presidente Rodrigues Alves. A chapa Afonso Pena-Nilo Peçanha recebeu quase a totalidade dos votos diretos de 1,4% dos eleitores habilitados a votar que compareceram às eleições. Afonso Pena foi o sexto presidente da República brasileira e o quarto presidente civil. O governo de Afonso Pena deu prosseguimento à hegemonia das oligarquias no Brasil, sendo este, o quarto governo civil do período republicano. Antes de ocupar o mais alto posto político do país, assumiu outros cargos políticos como deputado, presidente estadual, senador e vice-presidente da república. Apesar de propor um projeto de governo amplo, a administração de Afonso Pena esteve profundamente comprometida aos interesses dos cafeicultores. Sua chegada ao poder foi possível por meio de um compromisso político em que garantia concentrar esforços para que as medidas do Convênio de Taubaté fossem cumpridas. Em meio às constantes variações do mercado externo, o presidente tentou combater a superprodução cafeeira adotando medidas drásticas que retiravam milhares de sacas de café do mercado, à espera de uma possível valorização do produto. Dessa forma, o governo enfrentou os obstáculos de uma economia frágil e dependente. No setor industrial, o seu governo buscou realizar alguns tímidos investimentos em uma área da economia restringida pela hegemonia oligárquica. Nesse ponto, o presidente realizou um aumento das taxas alfandegárias que beneficiava o processo de ampliação dos mercados consumidores da ainda nascente indústria nacional. Paralelamente, o governo Afonso Pena investiu no setor ferroviário e incentivou a chegada de imigrantes europeus para o país. Com relação à questão militar, o presidente teve a preocupação em prestigiar esse setor que havia estabelecido o regime republicano no país. Dessa maneira, destinou recursos para que novos armamentos fossem adquiridos e tornou o serviço militar obrigatório. A Marinha foi agraciada com a compra de novos equipamentos, incluindo a aquisição de encouraçados que reforçariam o poder de fogo das Forças Armadas. A instauração do serviço militar obrigatório e a reorganização do Exército e da Marinha foram outras medidas realizadas durante o governo de Afonso Pena. Afonso Pena faleceu em 14 de junho de 1909 no Palácio do Catete. Assumiu a presidência da República, o vice-presidente Nilo Peçanha. Em 1908, inspirada nos grandes eventos culturais europeus, este governo realizou uma exposição nacional que procurava veicular uma imagem positiva do país com a comemoração do centenário da abertura dos portos brasileiros. No ano seguinte, Afonso Pena tentou articular a indicação do nome que o sucederia na presidência. Contudo, os partidos oligárquicos frustraram seus intentos por conta das dificuldades em alcançar um nome consensual entre as oligarquias. Faltando apenas um ano para concluir o seu governo, Afonso Pena acabou falecendo. Dessa maneira, o vice-presidente Nilo Peçanha assumiu o governo por um breve período de tempo. Enquanto isso, as oligarquias mineiras e paulistas viviam uma complicada crise hegemônica vivenciada em um agitado processo eleitoral disputado pelas chapas do intelectual baiano Rui Barbosa e o militar Hermes da Fonseca, que acabou vencendo aquelas eleições. O PRESIDENTE AFONSO PENA