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Comemoração dos dias da História

5 de outubro de 1910

A 5 de Outubro de 1910 foi proclamada a República portuguesa, na cidade de


Lisboa. Este dia é comemorado devido a uma revolução que, em 1910, colocou
fim a um regime monárquico e, assim, implementou-se uma república em
Portugal. O dia 5 de outubro foi considerado feriado nacional como forma de
homenagear os revolucionários, militares e civis que, fizeram deste dia a
vontade do povo português que era viver num regime de liberdade e de justiça.

A proclamação da República portuguesa

Monarquia ou República?

Não podemos perceber um acontecimento histórico sem antes o contextualizar,


na época e no tempo em que ocorre.

Apesar da implantação da República em Portugal ter ocorrido no século XX, as


ideias republicanas começaram a ganhar força pela oposição às medidas
políticas que eram tomadas aqui, no nosso país, mas também no resto da
Europa. Vivia-se um período de grande ambição imperialista e de
nacionalismos. Desde o final do século XIX, que o continente africano era
disputado por vários Países europeus, incluindo Portugal.

Para resolver este problema, realizou-se, entre 1884 e 1885, a conferência de


Berlim onde Portugal demonstrou intenções de ocupar o território entre
Angola e Moçambique. Contudo, o projeto “mapa cor-de-rosa” (assim chamado
por ter sido apresentado desta forma) não foi aceite pela Inglaterra, que tinha
pretensões em ligar as cidades do Cairo ao Cabo, através da construção de uma
linha férrea. Para além de não reconhecer esses territórios, a Grã-Bretanha, a 11
de janeiro de 1890, exige a imediata retirada das forças militares portuguesas
no território compreendido entre Moçambique e Angola, constituindo um
ultimato a Portugal. A aceitação dos termos impostos pela Grã-Bretanha
desencadeou uma revolta em território nacional.

Versão original do Mapa cor-de-rosa Conferência de Berlim (1884-1885)

A 31 de janeiro de 1891, na cidade do Porto, dá-se uma das revoltas mais


importantes que tentou por fim à monarquia em Portugal. Entre 1903 e 1907,
ocorreram várias manifestações que visavam a implementação de uma
República em Portugal.

Para acabar com a instabilidade política, em 1906, o rei, D. Carlos, nomeou


como chefe de governo, João Franco, que optou pela solução da ditadura,
solicitando ao Rei a dissolução do parlamento. Na sequência disso, o rei D.
Carlos e o seu filho, herdeiro ao trono, D. Luís Filipe, foram mortos, subindo ao
trono D. Manuel II.

O juramento do Rei D.Manuel II, no Palácio de S.Bento

Rei, D. Manuel II,


último rei de Portugal Foi solenemente aclamado "Rei" na Assembleia de Cortes
em 6 de maio de 1908, perante os deputados da Nação,
jurando cumprir a Carta Constitucional.
O novo monarca demitiu João Franco e nomeou um governo de aclamação
partidária, como forma de acalmar momentaneamente os ânimos. Contudo, os
partidos monárquicos não se entendiam e o partido republicano ganhava cada
vez mais força, junto da população.

Nos dias 4 e 5 de outubro de 1910 alguns militares da Marinha e do Exército


iniciaram uma revolta nas guarnições de Lisboa, com o objetivo de derrubar a
Monarquia. Juntamente com os militares estiveram a Carbonária (uma

O juramento d'El rei, D. Manuel II, no Diário de Notícias

sociedade secreta, cuja ideologia assentava em princípios liberais e que se fez


notar por um marcado anticlericalismo) e as estruturas do Partido Republicano
Português. Na tarde desse dia, José Relvas (político republicano português) em
nome do Diretório do Partido republicano, proclamou a República à varanda da
Câmara Municipal de Lisboa. No dia 6 o novo regime foi proclamado no Porto
e, nos dias seguintes, no resto do país. Em Braga foi no dia 7, tendo tomado
posse da Câmara o Dr. Manuel Monteiro.

Proclamação da Républica por José Relvas


“A revolução foi proclamada por todo o povo antes ainda de decidida a última
acção, que daria origem ao 5 de Outubro de 1910, ou se saber quem
alcançaria a vitória; e, desde esse momento, a notícia transmitida para todas as
cidades e terras de Portugal, a adesão unânime à República foi
verdadeiramente um plebiscito de espontaneidade e entusiasmo, entrando logo
a vida portuguesa em normalidade.

Mantiveram-se os valores do Estado, o comércio abriu as suas portas, e a


República era consagrada com cantares e alegrias, porque se respirava um ar
oxigenado e livre.”

As Constituintes de 1911 e os seus Deputados. Obra compilada por um antigo oficial da


Secretaria do Parlamento, Lisboa, Livraria Ferreira, 1911, p.381.

Com a instauração da República, a 5 de outubro de 1910, a monarquia, regime


político com mais de 700 anos de história, chegara ao fim. A mudança de regime
trouxe-nos grandes alterações, a todos os níveis. Logo a seguir à revolução, o
Partido Republicano constituiu um governo provisório administrado por Teófilo
Braga, realizando-se no ano seguinte a eleição da Assembleia Constituinte
através de um sufrágio, contudo só houve eleições em cerca de um terço dos
círculos eleitorais e em que apenas os homens, cidadãos alfabetizados, os chefes
de família e os maiores de 21 anos puderam votar para a Assembleia Nacional
Constituinte que aprovou a 1.ª Constituição Republicana, em 21 de agosto de
1911 e Manuel de Arriaga acaba por ser eleito presidente de Portugal. O
primeiro Governo constitucional toma posse a13 de setembro de 1911.

Teófilo Braga Manuel de Arriaga

“A Praça do Município regurgitava, cheia pela multidão que ali acorrera logo
depois de pacificada pela confraternização do Rossio. Foram proclamados os
membros do Governo Provisório: Presidente, Teófilo Braga; Interior, António
José de Almeida; Justiça, Afonso Costa; Finanças, Basílio Teles; Guerra,
Correia Barreto; Marinha, Amaro de Azevedo Gomes; Obras Públicas, António
Luís Gomes e Estrangeiros, Bernardino Machado. (…).”
5 de Outubro de 1910 (Autor: Anselmo Franco)

Fonte: José Relvas, Memórias Políticas, Lisboa, Terra Livre, 1977, p.151.

A constituição de 1911 dava um papel dominante ao poder legislativo, que


pertencia ao Congresso da República. O sufrágio universal ainda não tinha sido
consagrado, mas afastaram algumas limitações de tipo censitário, uma vez
que os deputados eram eleitos por sufrágio direto.

Constituição de 1911

Apesar disso, as mulheres não podiam votar. Criaram-se leis que conduziram à
reforma na educação com a intenção de alfabetizar a população. Foi criado o
ensino infantil e o ensino primário tornou-se obrigatório e gratuito; construíram-
se novos liceus e criaram-se escolas técnicas, para além das Universidades de
Lisboa e Porto. Socialmente, foram criadas leis de igualdade de direitos. Foi
instituído o divórcio e proteção tanto na velhice como na doença.
Financeiramente houve tentativas de acabar com o défice, com resultados apenas
em 1913 após restrições das despesas públicas. Para os trabalhadores foi
estabelecido o direito à greve, um dia de descanso semanal e um horário de 48
horas semanais para a maior parte dos trabalhadores ou 42 horas para bancários
e empregados de escritório. Criaram-se sindicatos e exigiu-se um seguro social
aos trabalhadores.

Os republicanos não gostavam muito do clero e da Igreja. Instituíram a laicização


do Estado, e nacionalizaram os seus bens, para além de interditarem o ensino
religioso em escolas públicas. Tornaram também o registo civil obrig atório.
Embora as mulheres não tivessem o direito ao voto,
Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira mulher a
votar em Portugal. Carolina era dirigente da Liga
Republicana das Mulheres Portuguesas e quando
aconteceram as primeiras eleições encontrou
forma de utilizar a lei para votar. O código eleitoral
atribuía o direito de voto a “todos os portugueses
maiores de vinte e um anos, à data de 1 de maio”
de 1911, “residentes em território nacional”, que
sabiam “ler e escrever” e eram “chefes de família.” Apesar de estar subentendido
que apenas aos homens seria autorizado o voto, a letra da lei não era clara neste
aspeto. Como tinha formação superior e era chefe de família, Beatriz Ângelo
entendeu que reunia as condições para votar, tendo pedido para ser incluída os
cadernos eleitorais. Tanto a Comissão de Recenseamento como o Ministério do
Interior rejeitarem o seu requerimento, mas uma decisão judicial deu-lhe razão.

Foi a primeira mulher portuguesa a votar em eleições para a Assembleia


Nacional Constituinte.

Voto de Beatriz Ângelo


Comunicado aquando da Revolução do 5 de outubro de 1910

Os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte (19 de junho de 1911).

Em suma, a implantação da República teve uma enorme importância na vida


política. Graças à Primeira República e ao liberalismo, hoje em dia, há liberdade
e igualdade de todos os cidadãos perante a lei, pois, apesar de não ter sido
perfeita, orientou o país para ser o que é atualmente.
República Portuguesa- 5 de outubro de 1910

Trabalho realizado por:


• -Érica Santos 12B
• -Sara pinto 12B
• -Raquel Gonçalves 12B
• -José Leitão 12B
• -João Paulo 12B
• -João Montenegro 12B
• -João Monteiro 12B

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