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ENZIMAS

FUNÇÃO E
APLICAÇÃO
DAS ENZIMAS
NA INDÚSTRIA
ALIMENTÍCIA
A capacidade catalítica das enzimas as tornam adequadas para aplicações industriais,
sendo uma delas na indústria alimentícia. As reações enzimáticas são muito importantes
em alimentos, pois dependendo delas não somente há formação de compostos
altamente desejáveis, como também indesejáveis.

ADITIVOS & INGREDIENTES

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ENZIMAS

AS ENZIMAS incapazes de catálise. transferases, hidrolases, liases, isome­


Em 1926, James Batcheller Sumner rases e ligases. Cada classe é dividida
Em todas as células vivas ocorrem purificou e cristalizou a urease, mos­ em subclasses que identificam a enzima
ininterruptamente reações que, devido trando tratar­se de uma proteína pura; em termos mais específicos e que são
à sua grande complexidade, deveriam fez o mesmo, em 1937, para a catalase. representadas pelo segundo algarismo.
ser muito lentas nas temperaturas A prova final foi feita em 1930, com o O terceiro algarismo define com exati­
em que essas reações se processam estudo de três enzimas digestivas, a dão o tipo de atividade enzimática e o
(ao redor de 37°C). No entanto, essas pepsina, a tripsina e a quimotripsina. quarto é o número da enzima dentro
reações são muito rápidas, o que leva à John Burdon Sanderson Haldane escre­ da sua subclasse. As enzimas podem
conclusão de que existem nas células veu um tratado intitulado “Enzimas”, também ser designadas por nomes
vivas substâncias catalisadoras que dife­ onde continha a notável sugestão de que que obedecem a uma sistemática e são
rem dos catalisadores inorgânicos pelo as interações por ligações fracas, entre constituídos de duas partes: uma indi­
fato de serem substâncias muito mais a enzima e seu substrato, poderiam ser cando o substrato e a outra indicando a
complexas, formadas pelo organismo usadas para distorcer a molécula do natureza da reação. Como essa nomen­
vivo. Essas substâncias são denominadas substrato e catalisar a reação. clatura também é complexa, as enzimas
enzimas e podem ser definidas de um A cristalização de enzimas purifi­ são geralmente identificadas por nomes
modo geral como substâncias orgânicas, cadas permitiu que as suas estruturas triviais, já em uso há muito tempo. Por
formadas no interior das células vivas, moleculares pudessem ser examinadas exemplo, a enzima classificada como
mas capazes de agir também fora das por cristalografia de raios X, o que acon­ 3.2.1.2 é denominada sistematicamen­
células. São fatores importantes na teceu primeiro com a lisozima, uma te de a­14­glucanmalto­hidrólise, mais
tecnologia de alimentos pelo papel que enzima que existe na saliva, lágrimas e comumente conhecida como α­amilase.
desempenham no seu processamento e na clara de ovo e destrói a parede celular As reações químicas que se proces­
deterioração. de bactérias. sam no organismo são de diferentes
As enzimas foram descobertas no Começaram assim a bioquímica e tipos e necessitam de catalisadores
século XIX, aparentemente por Louis a biologia estruturais, que se esforçam diferentes. Essas reações são catalisa­
Pasteur, que concluiu que a fermenta­ por compreender o funcionamento das das por enzimas diferentes, fato que
ção do açúcar em álcool pela levedura enzimas a nível atômico. serviu de base para a classificação
é catalisada por fermentos. Pasteur Quimicamente, as enzimas são das enzimas, agrupando enzimas que
postulou que esses fermentos (as enzi­ proteínas com uma estrutura química catalisam as mesmas reações em uma
mas) eram inseparáveis da estrutura especial, contendo um centro ativo, mesma classe.
das células vivas do levedo, declarando denominado apoenzima e, algumas Devido à alta especificidade de suas
que “a fermentação alcoólica é um ato vezes, um grupo não protéico, deno­ ações, novas enzimas são constante­
correlacionado com a vida e organização minado coenzima. A molécula toda mente desenvolvidas e catalogadas.
das células do fermento e não com a sua (apoenzima e coenzima) é dado o nome O banco de dados de enzimas mais
morte ou putrefação”. de haloenzima. conhecido é o Protein Data Bank
Em 1878, Wilhelm Kühne empregou Dependendo do tipo de ligação, o (PDB), mantido pelo Brookhaven
pela primeira vez o termo “enzima” grupo prostético pode ser separado da National Laboratory. O PDB, cons­
para descrever este fermento, usando proteína por métodos brandos, como tantemente atualizado, cconta com
a palavra grega ενζυμον, que significa por exemplo, a diálise. Em alguns casos, mais de ( nesta data) 10.000 entradas.
“levedar”. O termo passou a ser usado as enzimas podem estar ligadas a molé­ Outra referência é o Enzyme Databank
apenas para as proteínas com capaci­ culas orgânicas de baixo peso molecular, mantido por Amos Bairoch, do Swiss
dade catalítica, enquanto que o termo ou íons metálicos, cuja função é ativar Institute of Bioinformatics.
“fermento” se referia à atividade exer­ as enzimas a eles ligados, denominados Assim, de acordo com a Comissão
cida por organismos vivos. cofatores. sobre Enzimas (E.C), da União Inter­
Em 1897, Eduard Buchner desco­ As enzimas são substâncias sólidas, nacional dos Bioquímicos (I.U.B.), as
briu que os extratos de levedo podiam mas difíceis de serem cristalizadas de­ enzimas podem ser divididas em seis
fermentar o açúcar em álcool e provou vido à complexidade de suas estruturas grandes grupos.
que as enzimas envolvidas na fermenta­ químicas. Com algumas exceções, são Cada enzima é classificada com
ADITIVOS & INGREDIENTES

ção continuavam funcionando mesmo solúveis em água e álcool diluído e, quatro números: o primeiro indica
quando removidas das células vivas. Esta quando em solução, são precipitadas a reação que é catalisada (classe), o
descoberta valeu­lhe o Prêmio Nobel de pela adição de sulfato de amônio, álcool segundo a função envolvida, o terceiro
Química em 1907. ou ácido tricloroacético. São inativadas fornece maiores detalhes sobre a re­
Restava determinar qual a natureza pelo calor e esta, talvez, seja a proprie­ ação catalisada indicando ou o grupo
das enzimas. Alguns afirmavam que dade mais importante desses compostos receptor ou o substrato (a molécula
as proteínas, associadas à atividade em relação a tecnologia de alimentos. cuja reação esta sendo catalisada), e o
enzimática, apenas eram o suporte da As enzimas são classificadas em quarto é o número de série da enzima
verdadeira enzima e, por si próprias, seis principais classes: oxidoredutases, em sua subclasse (veja Tabela 1).

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ENZIMAS

TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DAS ENZIMAS


N° de
Classe Tipo de reação Nomes mais comuns
subclasses
E.C.1.-.-.-
Oxidoreductases 20 Reações de óxido-redução (REDOX) Dehidrogenase, reductase, oxidase

E.C.2.-.-.- Nome do grupo doador + transferase ou nome


Transferases 9 Reações de transferências de grupos de átomos
do grupo receptor + transferase
E.C.3.-.-.-
Hidrolases 12 Reações hidrolíticas Hidrolase, nome do substrato + ase

E.C.4.-.-.-
Liases (sintases) 7 Reação de adição de dupla ligação e vice versa.

E.C.5.-.-.- Racemase, epimerase, cis-tran isomerase,


Isomerases 6 Reações de isomerização
tautomerase, mutase
E.C.6.-.-.- Reações criando ligações entre duas moléculas
Ligases (sintetases) 5 menores, criando uma maior

FUNÇÃO DAS ENZIMAS substrato diferente para determinar o κm.


As enzimas são proteínas com propriedades catalíticas. Como não é sempre possível atingir o máximo de variadas
Algumas enzimas consistem apenas em proteína, mas a taxas de concentração de substrato, a equação de Michaelis­
maioria delas contém componentes não protéicos adicionais, Menten foi modificada, usando formas recíprocas, sendo
como carboidrato, lipídios, metais, fosfatos ou algum outro conhecida como a equação de Lineweaver­Burke:
componente orgânico.
As enzimas apresentam a capacidade de reagir com deter­ 1 1 κm
minados constituintes das células, denominados substratos, __ = __ + __
formando complexos, ou mesmo compostos com ligações ʋ V V[S]
covalentes. Em uma reação enzimática, o substrato combina
com a haloenzima, sendo liberado em uma forma modificada. Reações de 1/v como uma função de 1/[S] resultam
Uma reação enzimática envolve as seguintes equações: em linhas diretas; o interceptor no eixo Y representa 1/V;
κ1 o declive iguala κm /V; e o posterior, κm pode ser calculado.
→ Reações enzimáticas não seguem nenhuma ordem ou a
Enzima + substrato ← complexo primeira ordem cinética. Quando a concentração do substra­
κ2 to é relativamente alta, a concentração do complexo enzima­
κ3 substrato é mantida a um nível constante e a quantidade de
→ enzima + produto produto formado é uma função linear do intervalo de tempo.
Reações cinéticas sem nenhuma ordem são características
O equilíbrio para a formação do complexo é determi­ de reações catalisadas e podem ser descritas como:
nado por
d[S]
[E] [S] _______ = k0
κm = ________ dt
[ES]
onde, S é o substrato e k° é a ordem zero constante da
onde, E, S e ES é a enzima, substrato e complexo, respecti­ reação.
vamente, e κm é o constante de equilíbrio. As reações cinéticas de primeira ordem são caracterizadas
Isto pode ser expresso na forma de equação de Michaelis­ por um lento graduado abaixo da formação de produto. Isto
Menten: ocorre, porque a taxa de formação é uma função da reação da
[S] concentração de substrato, que diminui com a concentração
ʋ = V ________ de aumentos do produto. As reações cinéticas de primeira
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[S] + κm ordem seguem a equação,

onde, ʋ é o tempo inicial da velocidade da reação da con­ d[S] = k1 ([S] – [P])


centração do substrato (S), e V é a velocidade máxima que ——
pode ser atingida a uma concentração alta de substrato, onde dt
toda a enzima está na forma de complexo.
Esta equação indica que quando v é igual a metade de onde, P é o produto e k1 é a reação constante de primeira
V, o equilíbrio de κm constante se iguala numericamente a ordem.
S. Pode­se utilizar na reação uma taxa de concentração de Para uma reação relativamente curta, a quantidade de

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substrato convertida é proporcional a complexo e pode ser devido a várias altas do que as geralmente emprega­
concentração de enzima. causas. Inicialmente, com o aumento das no processamento, por isso têm
Cada enzima tem um ótimo valor de de temperatura, a atividade molecular pouca importância para a indústria de
pH, sendo que umas têm mais e outras aumenta, aumentando assim a formação alimentos.
menos. A maioria das enzimas se en­ do complexo enzimático; no entanto,
contra na gama de 4,5 a 8,0. Exemplos com o aumento contínuo da tempera­ TIPOS DE ENZIMAS
de ótimo pH podem ser encontrados tura, poderá haver uma inativação gra­
na amilase, 4,8; na invertase, 5,0; e na dativa da enzima, até inativação total, As reações enzimáticas são muito
α­amilase pancreática, 6,9. O pH ótimo é causada pela desnaturação da proteína importantes em alimentos, dependendo
normalmente bastante restrito, embora pelo calor. Em geral as enzimas reagem delas não só há formação de compostos
algumas enzimas tenham uma gama muito lentamente nas temperaturas de altamente desejáveis, como também
mais ampla; por exemplo, a pectina subcongelamento e sua atividade au­ podem ter consequências indesejáveis.
metil­esterase tem uma gama de 6,5 a menta com o aumento de temperatura As reações enzimáticas ocorrem não
8,0. Algumas enzimas têm um pH ótimo até atingir uma atividade ótima em somente no alimento natural, mas
a valores muito altos ou muito baixos, temperaturas ao redor de 45°C, além também durante o seu processamento
como a pepsina, a 1,8, e a arginase, a das quais começa a sua inativação. e armazenamento.
10,0. A atividade de água é outro fator As oxidoredutases, por exemplo, são
A temperatura tem dois efeitos con­ que influencia a velocidade das reações enzimas relacionadas com as reações de
trários na atividade enzimática. A baixas enzimáticas. Seria de se esperar que óxido­redução em sistemas biológicos e,
temperaturas há um Q10 de cerca de 2, enzimas, em presença de teor de água portanto, com os processos de respira­
mas a temperaturas acima de 40°C, a muito baixo, fossem inativas. ção e fermentação. Estão incluídas nesta
atividade diminui rapidamente, devido No entanto, várias alterações são classe não somente as hidrogenases e
a denaturação da proteína se separar observadas no aroma de determinados oxidases, mas também as peroxidases,
da enzima. O resultado destes fatores é alimentos desidratados, a menos que, que usam o peróxido de hidrogênio
uma curva de atividade campaniforme antes do processamento desses alimen­ como agente oxidante, as hidroxilases,
com uma temperatura distinta ótimo. tos, as enzimas existentes sejam inati­ que introduzem hidroxilas em moléculas
As enzimas são proteínas sintetiza­ vadas. A quantidade absoluta de água, insaturadas, e as oxigenases, que oxidam
das nas células de plantas, animais, ou entretanto, não é o fator decisivo nas o substrato, a partir de 02.
microorganismos. Atualmente, a maio­ reações enzimáticas; muito mais impor­ Já as transferases são enzimas que
ria das enzimas usadas em aplicações tantes quando se considera a atividade catalisam, como o nome indica, a trans­
industriais são obtidas de microorga­ enzimática em alimentos desidratados ferência de grupos de um composto para
nismos. são a atividade da água e a umidade outro. A metilação em sistemas biológi­
As coenzimas são moléculas peque­ relativa. Apesar da mobilidade do subs­ cos é realizada pelas transferases. A tran­
nas, de calor estável, orgânicas, que trato ser muito importante, as enzimas salciolase e transcetolase transferem
podem se dissociar prontamente da também podem reagir com substratos glicolaldido e 1,3­di­hidroacetona, e a
proteína e ser removidas frequentemen­ secos, e a maneira como esses compos­ transferência de acetilas e alquilas é feita
te através de diálise. Estas coenzimas, tos se difundem no substrato vai influir, pelas acetiltransferases e alquiltransfe­
frequentemente, contêm vitamina B; não só na velocidade da reação, mas rases. Outras enzimas pertencentes às
exemplos são o ácido tetrahidrofólico e também no modo como essa reação se transferases são as glicosiltransferases,
o pirofosfato de tiamina. processa. Enzimas em ausência de água que transferem resíduos de açúcar. Ou­
Vários fatores, além da concentração são mais estáveis ao calor, tornando­se tras enzimas pertencentes a esta classe
de substrato e do pH, podem influenciar mais sensíveis à medida que o teor de transferem nitratos e fosfatos.
na velocidade das reações enzimáticas; umidade aumenta. As hidrolases incluem enzimas de
o efeito da temperatura é um deles. A A pressão também tem influência baixa especificidade, como esterases e
velocidade das reações enzimáticas au­ na velocidade das reações enzimáticas, tioesterases, que hidrolisam um número
menta com o aumento da temperatura porém é pouco significativa e, portanto, muito grande de ésteres e tioésteres,
de modo semelhante ao das reações pouco empregada para o controle dessas embora com velocidades diferentes, e
químicas, isto é, a velocidade da reação reações. Na desnaturação, proteínas enzimas de especificidade muito alta,
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duplica com o aumento de 10°C na apresentam expansão do volume resul­ como as glicosilfosfatases (enzimas glico­
temperatura da reação. Nas reações tante do desdobramento da cadeia, e a sílicas) e as peptidases (enzimas proteolí­
enzimáticas, porém, a velocidade au­ aplicação de pressão poderia, em prin­ ticas). Pertencem também às hidrolases,
menta com a temperatura, até atingir cípio, reduzir a desnaturação pelo calor. as fosfatases e as pirofosfatases.
uma velocidade máxima, a partir da qual Pressões muito altas, entretanto, As liases modificam o substrato, cin­
começa a decrescer. Sob condições espe­ podem modificar a estrutura molecu­ dindo compostos ou removendo grupos
cíficas, a temperatura ótima para cada lar, causando também desnaturação e da molécula de substrato. Pertencem
reação pode ser determinada. consequente desnaturação da enzima; a esta classe as descarboxilases; as ce­
O efeito da temperatura é muito mas essas pressões são muito mais toácidoliases, cuja principal função é a

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síntese de ácidos di­ e tri­carboxílicos, e no leite. Podem causar desperdício de diminuição na viscosidade e pequena
as hidroliases, que desidratam hidroxi­ alimentos, porque os ácidos gordurosos formação de monossacarídeos. Uma
aminoácidos, com posterior rearranjo livres provocam o ranço. Em outros ca­ mistura de amilase e amilopectina será
da molécula e formação de novos sos, a ação das lipases é desejável, sendo hidrolisada em uma mistura de dextrina,
compostos. produzida intencionalmente. O limite maltose, glicose e oligossacarídeos. A
As isomerases são enzimas que entre o sabor e o sem sabor frequen­ amilase é completamente hidrolisada
catalisam reações de isomerização. Ra­ temente apresenta uma gama muito por maltose, embora normalmente
cemização e epimerização são causadas estreita. Por exemplo, a hidrólise de haja alguma maltotriose formado, que
pelas racemases e epimerases e cistran­ gordura de leite, no leite, conduz a um hidrolisa lentamente.
sisomerases mudam a configuração das desagradável “sem sabor”, com muito A β­amilase é uma exoenzima que
duplas ligações. Pertencem ainda às baixa concentração de ácido gordurosa remove unidades de maltose sucessivas
isomerases, as oxiredutases intramo­ livre. Já a hidrólise de gordura de leite, de não redução das cadeias de glucídios.
leculares, que interconvertem aldoses no queijo, contribui para um sabor de­ A ação é interrompida no ponto onde
em cetoses, oxidando uma hidroxila sejável. Esta diferença está relacionada o acoplamento α ­1,6­glucosídeo não
desses compostos e reduzindo a car­ ao uso no qual estes ácidos gordurosos pode ser quebrado pela α ­amilase. As
bonila adjacente, e as transferases in­ são sobrepostos e a especificidade para combinações resultantes são nomeadas
tramoleculares, também denominadas grupos particulares de ácidos gorduro­ dextrina de limite. A β­amilase só é en­
mutases, que apenas mudam a posição sos de cada enzima. contrada em plantas mais altas. Malte
de determinados grupos da molécula Em sementes, as lipases podem de cevada, trigo, batata­doce e feijão
de substrato. hidrolisar gordura, a menos que as de soja são boas fontes de β­amilase.
As ligases são enzimas que causam a enzimas sejam destruídas pelo calor. O Tecnologicamente, é importante na
degradação da molécula de ATP, usando óleo de palma produzido por métodos indústria alimentício no processo de as­
a energia liberada nesta reação para a primitivos na África, consistia em mais sar, bem como no preparo e destilação,
síntese de novos compostos, unindo do que 10% de ácidos gordurosos livres. onde a goma é convertida em maltose
duas moléculas. Também são encontrados tais problemas de açúcar de fermentação. O fermento
As esterases estão envolvidas na de desperdício em grãos e na farinha. de maltose, sacarose, inverte açúcar e
hidrólise de acoplamentos de éster de A atividade da lípase em trigo e outros glicose, mas não fermenta dextrinas ou
vários tipos. Os produtos formados são grãos é altamente dependente do con­ oligossacarídeos que contêm mais de
ácidos e álcool. Estas enzimas podem teúdo de água. No trigo, por exemplo, a duas unidades de hexose.
hidrolisar triglicérides e incluem várias atividade da lipase é cinco vezes, 15,1%, A glucoamilase é uma exoenzima que
lipases; por exemplo, fosfolipídios são do que a 8,8% de umidade. A atividade remove unidades de glicose de uma ma­
hidrolisados através de fosfolipases e lipolítica de aveias é mais alta do que a neira sucessiva, sem redução da cadeia de
ésteres de colesterol são hidrolisados maioria dos outros grãos. substrato. O produto formado é apenas
através de esterase de colesterol. O As amilases são as mais importantes glicose, e isto diferencia esta enzima da
carboxilesterase são enzimas que hidro­ enzimas do grupo de glicídios hidro­ alfa e beta­amilase. Além da hidrolização
lisam triglicérides, como o tributirin. lisados. Estas enzimas degradantes dos acoplamentos α ­1,4, esta enzima
Podem ser distinguidos das lipases, podem ser divididas em dois grupos, as também pode atacar os acoplamentos
porque hidrolisam substratos solúveis, enzimas de denominadas de branching, α ­1,6, embora a uma taxa mais lenta.
considerando que as lipases só agem que especificamente hidrolisam 1,6 Isto significa que a goma pode ser
nas interfaces de lipídio de água de acoplamentos entre cadeias, e as enzi­ completamente degradada à glicose.
emulsões. Assim, qualquer condição que mas que quebram os 1,4 acoplamentos Está presente em bactérias e moldes e
resulta no aumento da área de superfície entre unidades de glicose das cadeias é industrialmente usada na produção de
da interface do lipídio de água, aumen­ diretas. Este último grupo consiste em xaropes de milho e glicose.
tará a atividade da enzima. endoenzimas que partem os laços ao Um problema na conversão da enzima
Esta é a razão pela qual a atividade acaso, em pontos ao longo das cadeias, de goma de milho para glicose é a pre­
da lipase é muito maior na homoge­ e exoenzimas que partem pontos espe­ sença de enzima de transglucosidase em
neização (não pasteurização) do leite cíficos nos fins de cadeia. preparações de α ­amilase e glucoamilase.
do que no produto não homogeneizado. As α­amilases são enzimas distribuí­ A transglucosidase catalisa a formação de
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A maioria das enzimas lipolíticas são es­ das amplamente nos reinos animal e oligossacarídeos de glicose, reduzindo
pecíficas para o ácido ou o componente vegetal. Contém 1 grama­átomo de cál­ o rendimento de glicose. Grãos não da­
de álcool do substrato e, no caso de és­ cio por mole. A α­amilase (α­1,4­glucan­ nificados, como trigo e cevada, contém
teres de álcoois polihídricos, pode haver 4­glucanohidrolase) é uma endoenzima muito pouco α­amilase, mas níveis relati­
também uma especificidade posicional. que hidrolisa o α­1,4­glucosídico, unida vamente altos de β­amilase. Quando estes
As lipases são produzidas através fortuitamente ao longo da cadeia. Estas grãos germinam, o nível de β­amilase
de microorganismos, como bactérias e amilopectina de hidrolise e oligossaca­ muda e o conteúdo de α ­amilase pode
moldes. Está presente em plantas e em rídeo, contendo duas a seis unidades de aumentar para 1,000. A ação combinada
animais, especialmente no pâncreas, e glicose. Esta ação conduz a uma rápida de alfa e beta­amilase no grão germinado

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ENZIMAS

aumenta, grandemente, a produção de ronases podem ser divididos em en­ específicos, sendo denominados pre­
açúcar fermentado. doenzimas, que agem dentro da molé­ cursores de aroma. As tioglucosidases,
A β­galactosidade é uma enzima que cula em acoplamentos de α ­1,4 e, em agindo em compostos tioglucosídicos
catalisa a hidrolise de β­D­galactosides e exoenzimas, que catalisam a hidrólise existentes no repolho e outros vegetais
α L­arabinosides. É mais conhecida por de galacturônicos, moléculas ácidas de pertencentes à mesma família, produzem
sua ação de hidrolização em lactose, não redução no término da cadeia. Uma compostos voláteis que dão a esses vege­
sendo também conhecida como lactase. divisão adicional pode ser feita devido tais o cheiro característico; e o aroma da
A enzima é amplamente distribuída e ao fato que alguma poligalacturonase cebola é devido à ação de alinase sobre
encontrada em animais, bactérias, fer­ age principalmente em substratos os sulfóxidos existentes.
mentos e plantas. A β­galactosidase ou metilados (pectinas), considerando Enzimas proteolíticas como pa­
lactase é encontrada em humanos nas que outros agem em substratos com roamna e bromelina são empregadas no
células da membrana mucosa intestinal. grupos de ácidos carboxílicos livres amaciamento de carnes.
Uma condição ampla em adultos não (ácidos pépticos). Estas enzimas são Enzimas pécticas têm ação sobre
caucasianos, é caracterizada por uma nomeadas galacturonases de polimetil e pectinas, tanto na degradação da cadeia
ausência de lactase. Tais indivíduos tem poligalacturonases, respectivamente. As poligalacturônica (poligalacturonase)
intolerância a lactose, que é uma inabi­ endopoligalacturonases estão presentes como na desmetoxilação dos compostos
lidade para digerir leite corretamente. em frutas e em fungos filamentosos, (pectinametilesterase) e entre outras
A presença de galactose inibe a mas não em fermento ou bactéria. As aplicações, essas enzimas são emprega­
hidrolise de lactose, através da lactase. exopoligalacturonases estão presentes das na clarificação de sucos de frutas.
A glicose não tem este efeito. em plantas (por exemplo, cenouras e Amilases são enzimas importantes
As enzimas pépticas são capazes pêssegos), fungos e bactérias. principalmente na produção de xaropes
de degradar substâncias pépticas e As enzimas imobilizadas foram em­ de milho e de D­glucose pela sua capaci­
ocorrem em plantas mais altas e em pregadas apenas na sua forma solúvel, dade de romper as ligações glicosídicas
microrganismos. Estas enzimas são até 1973, quando, a partir de trabalhos no amido. Amilases são adicionadas a
comercialmente importantes no tra­ de Katchalsk e colaboradores, surgiu a massas de pão para suplementar o efeito
tamento de sucos de frutas e bebidas, possibilidade de enzimas serem ligadas de enzimas naturais, durante a fermenta­
auxiliando na filtração e clarificação a compostos insolúveis. Neste processo, ção. Amiloglucosidase hidrolisa ligações
e em proporcionar rendimentos cres­ a enzima é ligada a uma matriz, que são glicosídicas 14 de oligo­ ou polissacarí­
centes. As enzimas também podem polímeros insolúveis em água, inativos, dios formados por unidades de glucose,
ser usadas para a produção de baixas cuja função é a de fixar as enzimas, com liberação desse monossacarídio.
pectinas de metoxil e ácidos galacturô­ formando um composto relativamente Uma reação enzimática muito im­
nicos. A presença de enzimas pépticas estável, permitindo o uso de processos portante, com resultados não desejáveis
em frutas e legumes pode resultar em contínuos. As ligações enzima­matriz é a reação de escurecimento enzimático.
amolecimento excessivo. Em tomate podem se dar por ligações covalentes Frutas e vegetais que contêm polifenóis
e suco de frutas, as enzimas pépticas e não covalentes; neste último caso, as na sua composição química, quando
podem causar separação de “nuvem”. enzimas seriam absorvidas na matriz, cortadas e expostas ao ar sofrem escu­
Existem vários grupos de enzimas ou apenas presas em micro cápsulas recimento, causado pela ação de uma
pépticas, inclusive, a pectinesterase, semipermeáveis ou em membranas enzima, a olifenoloxidase sobre os fenóis
uma enzima que se agrupa e hidrolisa semipermeáveis. existentes, que são oxidados a ortoqui­
metoxil, e a poligalacturonase, enzimas Como exemplo, pode­se citar os nonas.
de polimerização e liase péptica. xaropes ricos em glicose e maltose que Estes últimos compostos polime­
A pectinesterase remove os grupos podem ser preparados passando­se uma rizam facilmente formando compostos
metoxil da pectina. A enzima se refe­ solução de amino através de uma coluna escuros, as melaninas.
re a vários outros nomes, incluindo contendo β­amilase e glucoamilase. Essas reações de escurecimento
pectase, pectina metoxilase, pectina As enzimas imobilizadas são mais enzimático podem ser mais facilmente
metil esterase e pectina demetilase. resistentes a temperaturas elevadas do observadas em vegetais de cores claras,
A pectinesterase pode ser encontrada que as naturais. como bananas, batatas, maçãs.
em bactérias, fungos e plantas altas, De forma geral, as principais aplica­
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em quantidades elevadas em frutas cí­ APLICAÇÃO NOS ções das enzimas no setor alimentício
tricas e tomates. A enzima é específica ALIMENTOS são nos setores de álcool e derivados;
para ésteres de galacturonide e não amidos e açúcares; cervejaria; laticínios e
ataca galacturonide metil ésteres em As reações enzimáticas ocorrem não derivados; óleos e gorduras; panificação e
qualquer extensão. só no alimento natural, mas também biscoitaria; vinicultura; e sucos de frutas.
A poligalacturonase, também é durante o seu processamento e armaze­ As Tabelas 2 e 3 apresentam as enzimas
conhecida como pectinase, hidroli­ namento. Aromas de vegetais e frutas, utilizadas na fabricação de alimentos pro­
sa os acoplamentos de glicídios em por exemplo, são devidos pela ação de venientes, respectivamente, de animais e
substâncias pépticas. As poligalactu­ determinadas enzimas sobre substratos plantas, e de microorganismos.

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ENZIMAS

TABELA 2 - ENZIMAS PROVENIENTES DE ANIMAIS E PLANTAS UTILIZADAS NA FABRICAÇÃO DE


ALIMENTOS
Enzima Fonte Ação nos alimentos Aplicação nos alimentos
Sementes de cereais (trigo, Hidrólise do amido de oligossa-
α-amilase Panificação; cerveja (malte)
cevada) carídeos

β-amilase Batata doce Hidrólise do amido em maltose Produção de xaropes de alta maltose

Látex dos frutos verdes de Hidrólise de proteínas em Tenderização de carnes; prevenção de


Papaína
papaia alimentos e bebidas névoa na cerveja

Tenderização de carne Musculares e do


Bromelina Suco de abacaxi e caule Hidrólise de proteínas
tecido Conjuntivo

Como a bromelina e a Papaína, mas não


Ficina Látex de frutos Como a bromelina
amplamente utilizado devido ao custo
Produção de hidrolisados de aromas
Hidrólise da proteína dos
Tripsina Bovina/suína alimentícios (principalmente substituído por
alimentos
proteinases microbianas)

Quimosina (coalho) Abomaso de bezerro Hidrólise da kappa-caseína Coagulação do leite em queijos

Como a quimosina + hidrólise


Usualmente presente com quimosina como
Pepsina Abomaso de bovinos Da caseína mais geral de
parte do coalho
queijos
Esôfago de caprinos e ovinos;
Hidrólise de triglicerídeos Realce do sabor em queijos; modificação da
Lipase/esterase Abomaso de bezerro; pâncreas
(gordura) função de gordura por interesterificação
de porco
Oxidação de ácidos graxos
Lipoxigenase Soja Melhora a massa do pão
Insaturados na farinha

Hidrólise de polissacarídeos da Prevenção de defeitos de sopro final em


Lisozima Ovo de galinha branco
parede celular bacteriana queijos por bactérias formadoras de Esporos

Esterilização a frio de leite para hipotiocia-


Lactoperoxidase Soro de queijo; colostro bovino Oxidação do íon tiocianato
nato bactericida

TABELA 3 - ENZIMAS DERIVADAS DE MICROORGANISMOS E UTILIZADAS NA FABRICAÇÃO DE


ALIMENTOS
Enzima Fonte Ação nos alimentos Aplicação nos alimentos
Amolecimento da massa, aumento do
Aspergillus Spp
Hidrólise do amido volume do pão, ajuda ã produção de
α-amilase Bacillus spp.*
de trigo. açúcares para a fermentação de
Microbacterium imperiale
leveduras.

Redução do tempo de maturação do


α-acetolactato Converte acetolactato vinho pela necessidade de contornar a
ADITIVOS & INGREDIENTES

Bacillus subtilis*
decarboxilase em acetoína. fermentação secundária de diacetil
para acetoína.

Hidrólise da dextrina Uma fase de produção de xarope de


Aspergillus niger
Amiloglucosidase do amido em glicose milho de frutose elevada; produção de
Rhizopus Spp.
(sacarificação). cervejas light.

Lactococcus lactis Libera aminoácidos


Proteína de amargor de hidrolisados,
Aminopeptidase Aspergillus spp. livres a partir do
acelera a maturação do queijo.
Rhizopus oryzae N-terminal.

45
ENZIMAS

Decompõe o peróxido
Aspergillus niger* Tecnologia de remoção de oxigênio,
Catalase de hidrogênio em água
Micrococcus luteus combinada com glicose oxidase.
e oxigênio.
Aspergillus niger
Celulase Hidrólise da celulose Liquefação da fruta na produção de sucos.
Trichoderma spp.
Aspergillus awamori* Hidrólise da kappa-
Quimosina Coagulação do leite para queijo.
Kluyveromyces lactis* caseína.
Sintetiza ciclodextrinas Ciclodextrinas microencapsuladas de
Ciclodextrina
Bacillus spp.* a partir de amido grau alimentício para cores, sabores e
Glucanotransferase
liquefeito. vitaminas.

Adoçantes de leite e soro; produtos


para indivíduos intolerantes à lactose;
Hidrólise da lactose
β-galactosidase Aspergillus spp. redução da cristalização em sorvetes
do leite em glicose e
(lactase) Kluyveromyces spp. contendo soro de leite; melhorar a
galactose.
funcionalidade do concentrado
protéico; fabricação de lactulose.

Aspergillus spp Hidrólise de beta- Auxiliares da filtração, prevenção de


β-glucanase
Bacillus subtilis* glucanas em cerveja. névoa na produção de cervejas

Actinplanes missouriensis
Bacillus coagulans Converte glicose em Produção de xarope de milho rico em
Glicose isomerase
Streptomyces lividans* frutose. frutose (adoçante de bebidas).
Streptomyces rubiginosus*

Remoção de oxigênio de embalagens


Aspergillus niger* Oxida glicose em de alimentos; remoção de glicose a
Glicose oxidase
Penicillium chrysogenum ácido glucônico. partir da clara de ovo para evitar o
escurecimento.
Hidrólise da hemice-
Aspergillus spp.*
Hemicelulose e lulose (polissacarídeos
Bacillus subtilis* Melhoria da estrutura do miolo de pão.
xilanase não amiláceos insolúveis
Trichoderma reesei*
na farinha).

Aspergillus spp.*
Hidrólise de triglicérides
Candida spp Realce do sabor em queijos;
em ácidos graxos e
Rhizomucor miehei modificação da função de gorduras
Lipase e esterase glicerol; hidrólise de
Penicillium roqueforti por interesterificação; síntese de
ésteres de alquila em
Rhizopus spp. ésteres de aromas.
ácidos graxos e álcool.
Bacillus subtilis*

Pectinase Aspergillus spp. Clarificação de sucos de frutas por


Hidrólise da pectina.
(poligalacturonase) Penicillium funiculosum despectinização.
Hidrólise de pentosanas
Humicola insolens (polissacarídeos não Parte da tecnologia para melhorar
Pentosanase
Trichoderma reesei amiláceos solúveis em a massa.
farinhas de trigo).
Hidrólise das ligações
Bacillus spp.* 1-6 que formam Sacarificação do amido (melhora a
Pululanase
Klebsiella spp.* ramificações na eficiência).
estrutura do amido.

Aspergillus spp.* Hidrólise da kappa-


Rhizomucor miehei caseína; hidrólise de Coagulação do leite para fabricação de
Protease Cryphomectria parasítica proteínas alimentícia queijos; produção de hidrolisados
(proteinase) Penicillium citrinum animais e vegetais; para sopas e alimentos salgados;
Rhizopus niveus hidrólise do glúten do melhora a massa do pão.
Bacillus spp* trigo.
ADITIVOS & INGREDIENTES

A produção de bebidas alcoólicas tada para o uísque e os outros cereais fazer o sake, enquanto que a tequila
fermentadas a partir de matérias­primas para as bebidas espirituosas. mexicana é feita a partir do agave!
ricas em amidos existe há muitos sécu­ Na Escandinávia a batata, e em Qualquer que seja a matéria­prima, o
los. A escolha da matéria­prima varia escala menor, os cereais, são usados amido é o ingrediente básico. Ele é com­
em função das disponibilidades locais para a produção da famosa akvavit. Na posto de uma longa cadeia de moléculas
e dos hábitos alimentares de cada país. Alemanha, o kornbranntwein é feito de de glicose e estas devem ser quebradas
Nos Estados Unidos, usa­se o milho e trigo, enquanto que outros alcoóis têm em moléculas menores para que a le­
o centeio para fazer o uísque, enquanto por base a batata e outros cereais. No vedura possa transformá­las em álcool.
que na Inglaterra usa­se a cevada mal­ Extremo Oriente, o arroz serve para Este processo é efetuado por enzimas e

46
ENZIMAS

consiste em duas etapas: a liquefação e dutos indesejáveis, pouca flexibilidade e maior grau de doçura. Um maior
a sacarificação. (o produto final somente pode ser alte­ conteúdo de maltose também pode ser
Tradicionalmente, as enzimas esta­ rado, mudando o grau de hidrólise) e a obtido pela utilização de β­amilase em
vam presentes no processo de fermenta­ necessidade de equipamentos capazes combinação com uma pululase.
ção pela simples adição de malte. Mas, de resistir aos ácidos e a temperatura Uma parte da glicose pode ser iso­
desde o final dos anos 60, houve uma de 140°C a 150°C. Em contraste, à faci­ merizada em frutose, duas vezes mais
mudança drástica e, em muitos países, lidade e à superioridade de se trabalhar doce que a glicose, utilizando­se uma
o malte foi totalmente substituído por com enzimas industriais. glicose isomerase, com altos rendimen­
enzimas industriais de origem microbia­ O índice DE (dextrose equivalente) tos e poucos subprodutos.
na, com grandes vantagens no processo. é utilizado como indicador do grau de Os produtos desta isomerização tem
Alguns litros de uma preparação hidrólise de um xarope. O DE do amido hoje grande importância no mercado,
enzimática podem substituir 100 kg de é zero, enquanto que da dextrose é 100. com aproximadamente 42% de frutose,
malte, e são mais fáceis de manusear Os xaropes com DE de 35 a 43 ainda 54% de glicose ou 55% de frutose e 41%
e estocar. Em termos de custo das são produzidos a partir do processo da de glicose; neste último caso são chama­
matérias­primas pode haver uma eco­ hidrólise ácida. Mas, no decorrer dos dos de HFS (HFCS), isoglicose ou açúcar
nomia de 20% a 30%, pois as enzimas últimos 30 anos, com o desenvolvimen­ de amido, dependendo da sua utilização
industriais são fornecidas com uma to de novos tipos de enzimas, quase final. Eles são tão doces quanto o açúcar
qualidade constante, tornando total­ todos os processos de fabricação das de cana ou de beterraba e possuem o
mente previsível o processo completo de hidrólises de amido são efetuadas por mesmo conteúdo energético. Em muitos
uma fermentação (o que não ocorre no meio de enzimas, principalmente, após casos, permitem uma total substituição
uso do malte, pois sua qualidade pode o surgimento dos HFS (High Fructose dos açúcares tradicionais sem que seja
variar de uma safra para a outra, assim Syrupos) nos anos 70, quando a técnica percebida nenhuma alteração no caráter
como de uma remessa para outra). As enzimática tornou possível a produção do produto final. Nos Estados Unidos,
enzimas microbianas também apresen­ de xaropes tão doces quanto a sucro­ por exemplo, os HFS já substituíram os
tam uma performance melhor do que se. Os HFS contribuíram de maneira açúcares usados na produção de bebi­
suas similares encontradas no malte. significativa para o desenvolvimento da das, laticínios e derivados, produtos de
As amilases microbianas se comportam indústria de amidos em vários países. panificação e alimentos enlatados.
melhor em baixo pH, encontrados no O tipo de enzima, utilizado no Tradicionalmente, a produção de
mosto, e sendo extremamente termoes­ processamento dos amidos, determina cerveja começa a partir de uma mistura
táveis, continuam atuando na liquefação os tipos de xaropes com diferentes de malte de cevada e água quente, no
dos amidos à temperatura de 100° C, composições e propriedades físicas, a processo de brassagem. Pode­se adicio­
quando as enzimas do malte já foram serem utilizados numa grande varieda­ nar também matérias­primas auxiliares,
totalmente destruídas. de de alimentos e bebidas, tais como como milho, aveia, trigo ou arroz. Este
Por estes motivos, é facilmente com­ refrigerantes, carnes, produtos de mosto é filtrado e colocado em cubas
preensível que as enzimas industriais panificação e assemelhados, sorvetes, de cobre e, após adição de lúpulo, é
tenham substituído o malte em muitas molhos, alimentos infantis, frutas em fervido por cerca de uma hora, quando
empresas tradicionais no mundo dos conservas, doces e balas, etc. O processo liberará as substâncias aromáticas e o
destilados. de conversão enzimática dos amidos princípio amargo contido nas folhas.
No início do século XIX, o químico compreende três fases distintas: a lique­ Após o resfriamento a estadia em
alemão Kirchoff descobriu que fervendo fação, a sacarificação e a isomerização. cubas de fermentação, onde a levedura
amido com um ácido, poderia convertê­ No processo de liquefação, uma (Saccharomyces cerevisiae, fermento
lo em uma substância de gosto doce, α­amilase bacteriana leva a obtenção cervejeiro) é adicionada. A fermenta­
que basicamente consistia em glicose. de maltodextrina, que contém dife­ ção industrial divide­se em principal e
Kirchoff procurava um substituto para rentes oligossacarídeos e dextrinas, secundária. Na fermentação principal,
a cana de açúcar, em falta no mercado ligeiramente adocicadas e normalmente o fermento cervejeiro desencadeia o
europeu, devido ao embargo decorrente sujeitas a novo processo de conversão, verdadeiro processo de fermentação,
das guerras napoleônicas. O produto chamado de sacarificação. Neste pro­ que consiste na ação desses microorga­
descoberto por Kirchoff não resolveu o cesso, a amiloglucosidase pode, teori­ nismos naturais na transformação das
ADITIVOS & INGREDIENTES

problema do açúcar, porque ele não era camente, hidrolisar completamente o moléculas de açúcar em álcool e CO2,
tão doce quanto o açúcar de cana ou de amido, transformando­o em glicose. com a liberação de calorias. Inicia­se a
beterraba, assim como os rendimentos Na prática, um pouco de maltose e produção da cerveja propriamente dita,
desta técnica não eram satisfatórios. isomaltose também são produzidos. A que ocorre geralmente entre 3 e 7 dias,
Não obstante, desde então, os ácidos enzima pululase pode ser usada para passando­se, então, para a fermentação
têm sido utilizados na transformação ajudar na sacarificação. Uma α­amilase secundária ou maturação. O produto é
de amido em glicose. fúngica pode ser utilizada para produzir transferido para tanques de maturação,
Esta técnica apresenta vários pontos xarope com maior conteúdo de maltose, onde a cerveja permanece por 12 a 20
negativos, como a formação de subpro­ o que significa maior fermentabilidade dias, repousando a baixa temperatura,

47
ENZIMAS

permitindo um amadurecimento da
cerveja, que terá um sabor e um aroma
mais apurados. A cerveja bruta ainda
passa por um processo de filtragem
e clarificação para a eliminação dos
resíduos em suspensão no líquido, dan­
do­lhe o brilho e a translucidez exigidos
pelo consumidor.
Neste processo tradicional, o malte
é a matéria­prima, fornecendo amido,
proteína e fonte de enzimas. Uma forma
bastante cara de produzir enzimas. A
substituição de parte deste malte, por
enzimas industriais e cereais não malta­
das, como a própria cevada, pode levar a
uma economia considerável. O processo
pode ser controlado com maior precisão
devido a qualidade e a performance
constante das enzimas industriais. O
malte é um ingrediente cuja performan­
ce está sujeita a variações, ela depende
da qualidade da cevada utilizada e da
técnica de maltagem aplicada. fungo Mucor miehei ­ é uma alternativa no encapsulamento das enzimas e pode
As principais aplicações para as enzi­ com características semelhantes às da ser que a utilização de liposomas seja
mas industriais em cervejarias incluem quimosina do vitelo. a resposta.
substituição do malte por cevada, maior Ao lado destas enzimas utilizadas Se as proteases agem principalmen­
liquefação das matérias­primas auxilia­ para o processo de coagulação, os te na textura, as lipases atuam essen­
res, melhoria dos processos de filtração, pesquisadores trabalham ativamente cialmente no gosto. O uso de lipases
cervejas com baixo teor de calorias, e em enzimas para ajudar na cura dos intensifica a lipólise durante a matura­
redução do tempo de maturação. queijos, um processo lento e custoso ção de queijos. Elas são muito usadas
O setor de laticínios e derivados é, em imobilização de capital. na fabricação dos queijos “azuis” e ita­
provavelmente, uma das mais antigas O processo para acelerar a cura lianos (romano, parmesão, provolone).
aplicações conhecidas para as enzimas. utilizando enzimas exógenas, protea­ O gosto picante característico provém
Homero, poeta épico grego considerado ses, lipases, ou decarboxilases é um da presença de ácidos graxos de cadeia
autor da Ilíada e da Odisséia, datando problema complexo que esbarra em curta, liberados pelas lipases.
de 800 a.C., já mencionava o uso das duas dúvidas básicas: a quantidade O uso de enzima pode também ser
enzimas na produção de queijo. Nas de enzimas e a técnica de adição. A feito em tratamentos visando hidroli­
suas obras encontram­se trechos men­ adição destas enzimas em pequenas sar a lactosa do leite e de seus subpro­
cionando que os estômagos de cordeiros quantidades pode melhorar o gosto e dutos. Diversos problemas de ordem
e cabritos, os quais contém as mesmas acelerar a cura do coalho; por outro nutricional (deficiência em lactase
enzimas que o estômago do vitelo, eram lado, o aumento da concentração em intestinal em certos indivíduos), or­
utilizados na produção de queijos. Estas enzimas leva a defeitos na textura e no ganolépticos (baixo poder adoçante da
enzimas de coagulação são conhecidas sabor e a uma maior amargura. lactose), ou tecnológicos (baixa solu­
hoje como sendo a quimosina e a pepsi­ Nas técnicas de adição existem duas bilidade deste açúcar em meio aquoso,
na. A quimosina do vitelo é conhecida escolas. A adição ao leite é a mais fácil, sua propensão a cristalizar­se) podem
como a enzima ideal para a fabricação porém ela leva a uma desestabilização ser solucionados pela sua hidrólise
do queijo, devido a sua atividade de coa­ das caseínas, gerando um mau rendi­ por meio de uma β­galactosidase. Os
gulação do leite altamente específica. A mento de coagulação e, por outro lado, principais campos de atuação desta
ADITIVOS & INGREDIENTES

pepsina bovina não tem a mesma espe­ a baixa taxa de retenção de enzimas de tecnologia são a produção de leite e
cificidade e, por isso, tem um tipo de cura no coalho pode não ser satisfatória derivados com baixo teor de lactose;
atuação diferente quando utilizada no do ponto de vista econômico. a aceleração na fabricação de queijo
leite. Ela é mais sensível às variações da A segunda escola, que é a favor da e iogurtes pelo aumento do poder de
qualidade do leite. Nos Estados Unidos, adição de enzimas de cura no coalho, fermentação e/ou modificação do pH;
a pepsina de porco é largamente utiliza­ encontra o problema que o fenômeno a preparação de leite em pó para sorve­
da, em mistura 50/50. A quimosina de difusão no coalho pode gerar de­ tes e produtos cozidos; e a produção de
produzida por fer mentação ­ protease sigualdades geográficas na hidrólise xaropes e edulcorantes para a indústria
de origem microbiana proveniente do da massa. A solução ideal parece estar alimentícia.

48
ENZIMAS

As aplicações de enzimas indus­ propriedades emulsificantes superio­ então, muito importante para a quali­
triais no setor de óleos e gorduras res a da lecitina normal. dade final de qualquer pão, cuja massa
ainda estão engatinhando, alguns No mundo inteiro o pão é um dos cresce usando fermento. Enzimas
produtos já são utilizados comercial­ alimentos básicos mais comuns e de como as hemicelulases ou xilanases,
mente. menor custo. As mudanças no setor lipases e oxidases podem melhorar,
A enzimologia pode trazer soluções de panificação e a demanda cada vez direta ou indiretamente, a resistência
diversas para este setor, cujo principal maior por produtos naturais, fizeram da malha do glúten e assim, melhorar
problema é a de eliminar ou minimizar com que as enzimas ganhassem uma a qualidade do produto final, o pão.
a ocorrência de subprodutos indesejá­ grande importância na formulação As α­amilases transformam os ami­
veis, assim como poder levar a novos de produtos de panificação. A massa dos da farinha de trigo em pequenas
produtos. para pão é normalmente composta de dextrinas, permitindo ao fermento
A tecnologia enzimática permite farinha, água, fermento, sal e algum agir de maneira mais constante du­
aos processadores de óleos e gorduras outro ingrediente, como açúcar e/ou rante a fermentação da massa, seu
produzir alguns produtos interessan­ gordura. A farinha é composta de glú­ crescimento e nos primeiros momen­
tes, tais como, no caso da manteiga de ten, amido, polissacarídeos não ami­ tos no forno. O resultado é um pro­
cacau, necessária para a produção de láceos, lipídios e traços de minerais. duto final com maior volume e uma
chocolate, frequentemente em falta Tão logo a mistura de ingredientes melhor textura do miolo, e os peque­
no mercado e, consequentemente, forme a massa, o fermento começa a nos oligossacarídeos e açúcares como
com seu preço oscilando muito, a uti­ agir sobre os açúcares fermentáveis, a glicose e maltose, produzidos por
lização de um óleo de palma em uma transformando­os em álcool e dióxi­ estas enzimas, aumentam as reações
reação química com ácido esteárico, do de carbono, e a massa começa a de Maillard, responsáveis pelo dourado
usando interesterificação enzimática, crescer. da crosta e pelo aroma de pão quente.
leva a uma gordura com propriedades O amido é o maior componente Quando o pão não é mais fresco, ele
similares as da manteiga de cacau; na da farinha de trigo. O glúten é uma perde a crocância e o miolo endurece.
produção de margarina, o ponto de combinação de proteínas que formam Este fenômeno de pão amanhecido é
fusão, o poder de dispersão, a vida útil uma ampla cadeia entrelaçada durante responsável por perdas significativas,
e as propriedades nutricionais podem a formação da massa. É este entre­ tanto para os consumidores quanto
ser modificadas pelo uso de enzimas. laçamento de cadeias que segura os para os panificadores.
A aplicação de uma enzima espe­ gases dentro da massa durante o seu Acredita­se que o endurecimento
cífica no processo de fabricação da crescimento e a assadura no forno. A da crosta e a perda de elasticidade
lecitina leva a liso­lecitina, que possui resistência desta cadeia entrelaçada é, do miolo se devem a uma mudança

ADITIVOS & INGREDIENTES

49
ENZIMAS

na estrutura dos amidos. Hoje, já se de enzimas com menor dosagem de Para as frutas vermelhas, por exemplo,
produzem enzimas que prolongam o α­amilases e xilanase e menor dosagem a cor é uma qualidade importante, a
tempo e a conservação do pão. de lipases ou glicose oxidases para adição de preparações enzimáticas,
A farinha contém 2,5% a 3,5% de conseguir uma massa de consistência como as celulases, podem levar a um
polissacarídeos não amiláceos, que são ótima, estável, com qualidade de pão melhor rendimento e melhor colora­
polímeros (na maior parte pentosa­ ou usar α­amilase maltogênica em ção do extrato. Nas frutas cítricas são
nas), que tem um papel importante na combinação com α­amilase fúngica utilizadas enzimas pectolíticas. No
qualidade do pão, devido a capacidade e xilanase ou lipase para assegurar processo de lavagem da polpa usa­se
de absorção da água e interação com um miolo macio num pão de ótima uma enzima para reduzir a viscosidade
o glúten. A adição de certos tipos de qualidade em termos de estrutura de e evitar geleificação das pectinas du­
pentosanase ou xilanase, em dosagens miolo, volume, etc. rante a fase de concentração. Outras
corretas, melhora a maleabilidade da Todos os tipos de frutas e espe­ enzimas pectoliticas são utilizadas na
massa, dando­lhe maior flexibilidade, cialmente as bagas, com algum valor clarificação, na recuperação de óleos
mais estabilidade, com maior elastici­ nutricional e processamento industrial essenciais ou na produção de extrato,
dade durante a assadura, resultando significativo, contém em quantidades a partir da casca, com alto índice de
um volume maior e melhor textura variáveis, uma substância chamada turbidez, para aplicação na indústria
do miolo. pectina, que age como uma cola, segu­ de refrigerantes.
A farinha de trigo comum contém rando as paredes celulares das frutas, Uma aplicação bastante recente
1% a 1,5% de lipídios. Alguns deles, umas nas outras. Na fruta verde, a permite a pelagem perfeita da fruta ­
especialmente os não polares, como pectina está presente na forma inso­ para utilizar em saladas de frutas em
os triglicérides, são ligados ao glúten, lúvel, chamada protopectina, respon­ conserva, por exemplo ­ mediante a
impedindo sua funcionabilidade. A sável pela relativa dureza ou firmeza utilização de enzimas, substituindo,
adição de lipases funcionais modifica da fruta. Quando a fruta amadurece, a assim, um antigo processo utilizando
os triglicérides, alterando consequen­ protopectina é parcialmente transfor­ soda cáustica.
temente sua interação com o glúten. mada na forma solúvel, neste estágio, Na indústria de sucos de frutas,
Consegue­se, assim, uma cadeia en­ quando a fruta for espremida, somente a fase de pasteurização desativa as
trelaçada de glúten com maior resis­ algumas das pectinas passam para o enzimas pouco após elas terem efe­
tência, propiciando uma massa mais suco, tornando este mais viscoso, mas tuado o seu trabalho. Na fabricação
estável, um maior volume do pão e ainda, com pouca cor e aroma e sua de vinhos, tal processo não existe
uma melhor estrutura do miolo. clarificação e filtração são difíceis, e consequentemente, a atividade
Os oxidantes químicos, como os dificultando o rendimento. enzimática pode manter­se durante
bromatos, azodicarbonamida e ácido Estas dificuldades podem ser um longo período de tempo. Nas
ascórbico, são amplamente utilizados superadas pela adição de prepara­ vinícolas, um dos maiores desafios é
para reforçar o glúten. As enzimas oxi­ ções enzimáticas especiais, antes da a extração do maior volume possível
dativas, como a glicose oxidase, podem prensagem, no mosto, facilitando a de componentes aromáticos. No vinho
substituir parcialmente o uso destes futura extração, aumentando consi­ tinto, como no caso das frutas ver­
oxidantes químicos, com melhoria da deravelmente o rendimento em suco melhas, a extração da cor também é
qualidade do produto final. e o rendimento na prensagem. A de grande importância.
Cada uma das enzimas mencio­ completa despectinização pelo uso de Um problema específico dos viti­
nadas tem o seu próprio substrato enzimas pectinases propicia uma boa vinicultores reside na extrema difi­
específico na massa feita de farinha clarificação e filtração do suco, bem culdade de clarificar e filtrar vinhos
de trigo. Por exemplo, as lipases os como maior estabilidade do concen­ produzidos a partir de cachos ataca­
lipídios, as xilanases, os pentosanos, trado de suco produzido. A adição de dos pelo fungo Botrytis cinerea, que
as amilases e os amidos. Como a inte­ enzimas no mosto é hoje uma prática produz beta­glucanos (polímeros de
ração desses substratos na massa e no normal nos grandes processadores. glicose com alto peso molecular), que
pão é bastante complexa, a utilização A despectinização dos sucos após passam para o vinho estas macromo­
de combinações de enzimas deve ser a prensagem é necessária para se léculas prejudicam a clarificação e
criteriosa. Muitas vezes, uma dosagem obter um suco com baixa viscosidade. entopem rapidamente os filtros, que
ADITIVOS & INGREDIENTES

excessiva de uma enzima pode ter Na produção de sucos concentra­ são facilmente removidos pela adição
efeito prejudicial sobre a massa ou dos a despectinização é obrigatória ao vinho de uma enzima betaglucana­
o pão. Por exemplo, um excesso de para evitar a geleificação durante a se altamente específica.
α­amilase fúngica ou hemicelulase/ concentração ou a estocagem dos Novas enzimas ajudam a liberação
xilanase pode resultar em uma massa concentrados. de aromas. É o caso das glicosidases
demasiadamente grudenta para ser O suco de maçã é um exemplo de que hidrolisam os terpenil glicosíde­
manuseada pelo padeiro ou a masseira. suco que pode conter uma grande os. Os terpenos assim liberados são
Assim seria benéfico para certos tipos quantidade de amido, que pode ser um dos importantes componentes do
de formulação usar uma combinação tratado com a adição de uma enzima. famoso bouquet.

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