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TÍTULO X
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
1 Damásio E. de Jesus (2013, p. 40): “Para a existência da falsidade formal é preciso que o
sujeito queira cometer o ato de falsidade. Esse dolo, entretanto, não satisfaz a exigência
legal. É necessário que a conduta seja realizada com o fim de causar dano a terceiro por
intermédio da alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante. Diante disso, a
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Moeda falsa
Art. 289. Falsificar, fabricando-a ou alterando-a,
moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no
estrangeiro:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem, por conta
própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende,
troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
moeda falsa.
§ 2º. Quem, tendo recebido de boa-fé, como
verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com
detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 3º. É punido com reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze)
anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente ou
fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a
fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao
determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à
autorizada.
§ 4º. Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz
circular moeda, cuja circulação não estava ainda
autorizada.
2 MODALIDADES TÍPICAS
2 Bitencourt (2013, p. 474), citando Muñoz Conde, afirma que após o Convênio de Genebra
de 1929, o crime de falsificação de moeda passou a ter como bem jurídico tutelado a fé
pública internacional.
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3 SUJEITOS DO DELITO
outro extremo, pois a perfeição da falsificação impede que o receptor ou destinatário tenha
como perceber que não se trata de moeda autêntica, como, inclusive, acertadamente, foi
sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, reconhecendo que a falsificação devidamente
elaborada, de difícil percepção, não caracteriza o crime de moeda falsa, em sua modalidade
usar (Súmula 73 do STJ)”.
4 No mesmo sentido Bitencourt (2013, p. 476).
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Bitencourt (2013, p. 479), que diz que se o agente atua com a finalidade
exclusiva de demonstrar sua habilidade técnica ou artista, sem o dolo de
colocar em circulação o dinheiro produzido, a conduta será considerada
como atípica. Aquele que age com o animus jocandi também não pratica o
crime.
Por sua vez, este mesmo autor critica o entendimento de que o tipo
não possui um elemento subjetivo específico, pois defende que há um dolo
especial implícito, cujo fim é o de obter vantagem econômica com a
falsificação (Bitencourt, 2013, p. 479)
7 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
8 CLASSIFICAÇÃO
9 MODALIDADES DERIVADAS
Diz o § 1º: “nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou
alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou
introduz na circulação moeda falsa”. Essa é uma modalidade equiparada a
do caput do artigo, por prever as mesmas penas fixadas e estabelecer
condutas dolosas.
5 Bitencourt (2013, p. 479) classifica o delito como de forma vinculada na hipótese do § 3°,
pois o agente para praticar o delito tem que seguir a forma pré-determinada nele definida.
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6 Obs.: o sujeito que recebeu a moeda falsa de boa-fé e depois percebendo a falsidade
simplesmente a guarda sem a intenção de colocá-la em circulação não prática a conduta do
§ 1°.
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11 QUESTÕES RELEVANTES
iludir o homem médio. Essa é a interpretação dos ministros da Quinta Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ). A tese foi discutida no julgamento de dois habeas corpus em que
os autores falsificaram cédulas de R$ 50. Um falsificou quatro notas e o outro, apenas uma.
Nos dois casos, os réus foram condenados a três anos de reclusão, sendo que a pena foi
substituída por duas restritivas de direito mais multa pelo crime de moeda falsa (artigo 289,
parágrafo 1º, do Código Penal). A Defensoria Pública pediu a absolvição dos réus com base
no princípio da insignificância. O Ministério Público Federal emitiu parecer para que os
pedidos fossem negados. O relator, ministro Napoleão Maia Filho, destacou que cabe ao
intérprete da lei penal a delimitação da abrangência dos tipos penais para excluir os fatos
causadores de ínfima lesão, o que ocorre com a aplicação do princípio da insignificância.
Para isso, é necessária a presença de certos elementos, como mínima ofensividade da
conduta do agente, total ausência de periculosidade social da ação, ínfimo grau de
reprovabilidade do comportamento e inexpressiva lesão jurídica ocasionada. O ministro
considerou que a falsificação de quatro cédulas de R$ 50 representa valor que não pode ser
classificado como de “pequena monta”. Além disso, nos crimes de falsificação de moeda, o
fato determinante para a aplicação da bagatela não é o valor irrisório. “A norma não busca
resguardar apenas o aspecto patrimonial, mas também, e principalmente, a moral
administrativa, que se vê bastante abalada com a circulação de moeda falsa”, afirmou no
voto. Segundo o ministro Napoleão Maia Filho, a insignificância só estará configurada
quando a falsificação se der de forma tão grosseira que seja perceptível a olho nu. A
tipificação do delito de falsificação de moeda exige reprodução bem elaborada, capaz de
ludibriar pessoa de conhecimento comum. O ministro ressaltou que, para caracterizar
crime, a falsificação não precisa ser perfeita; basta apresentar a possibilidade de ser aceita
como verdadeira. Os dois habeas corpus foram negados. Seguindo o voto do relator, os
ministros da Quinta Turma não aplicaram o princípio da insignificância porque as
instâncias ordinárias entenderam que as falsificações eram aptas a enganar terceiros. HC
173317 e HC 177686 – Fonte: Superior Tribunal de Justiça
do agente’ (TRF 1ª Região, Processo 199935000040546, Rel. Des. Fed. Olindo Menezes, pub.
31/3/2008).
TJPB - Câmara Criminal mantém decisão e crime de falsificação de moeda deverá ser
julgado pela Justiça Federal
A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba, na última sessão ordinária, negou
provimento a um recurso e manteve a decisão do Juiz de Direito da 1ª Vara da comarca de
Catolé do Rocha, que declinou da competência para julgar crimes de falsificação de moedas,
em favor da Vara Federal de Sousa. A decisão unânime acompanhou o parecer do Ministério
Público. “O crime de que trata os autos é o de moeda falsa e, nos termos do art. 109, inciso
IV, da Constituição Federal de 1988, é de competência da Justiça Federal”, justificou o
relator do processo, desembargador Arnóbio Alves Teodósio. Consta nos autos que o exame
pericial detectou falsificação de cédulas que foram apreendidas em poder dos recorrentes
P.C.S. N. e A.O.C.C. Para o relator, o exame destas, não restou evidenciado se tratar de
falsificação grosseira. “Observa-se que as cédulas apreendidas possuem efetivo potencial
para enganar terceiros de boa-fé. Nas razões do recurso, os recorrentes pleiteavam a
manutenção da competência da Justiça Estadual especializada da comarca de Catolé do
Rocha para reformar a decisão de declínio da competência em favor da Justiça Federal,
alegando cerceamento de defesa e, ainda, a tipificação do delito como estelionato em face da
não comprovação da eficiência da falsificação. Flagrante - Os acusados foram presos em
flagrante no dia 05 de dezembro de 2010, no município de Catolé do Rocha, ao tentar pagar
entrada em uma festa dançante no BNB Clube. Na ocasião, A., em companhia de P.C.
comprava senha na bilheteria com cédulas de moeda de papel com características de falsa
autenticidade. Publicado em 16 de Abril de 2012 às 14h22 / Fonte: Tribunal de Justiça do
Estado da Paraíba
ao Supremo, a Defensoria Pública da União alegou que a conduta dos irmãos não
apresentou lesividade suficiente para justificar a tipicidade penal do fato. Além disso, o
laudo pericial teria apontado a “péssima qualidade das notas quando comparadas às
cédulas autênticas”, por isso a conduta não teria atingido o bem jurídico de maneira
ofensiva ou concretamente perigosa para que se justifique a aplicação da pena. Terça-feira,
26 de junho de 2012.
TRF1 - Crime de moeda falsa não é caracterizado apenas pela quantidade de notas
distribuídas
A 3.ª Turma do TRF 1.ª Região decidiu aceitar denúncia oferecida pelo Ministério Público
Federal do Estado de Minas Gerais contra um homem que colocou em circulação uma nota
falsa de R$50 (art. 289, § 1º, do Código Penal). A juíza de primeira instância rejeitou a
denúncia por entender que se aplica ao fato o princípio da insignificância. A magistrada
ressaltou que o comportamento do denunciado, apesar de se enquadrar ao tipo descrito no
art. 289, § 1º, do Código Penal, carece de relevância no âmbito da repressão penal, pois não
ofendeu, em dimensão significativa, a ordem jurídica e social. O Ministério Público apelou a
este tribunal, alegando que, no caso, a capacidade de enganar ao homem médio, de boa-fé,
é que caracteriza o crime de moeda falsa, e não a quantidade de notas postas em circulação.
O relator do processo, desembargador federal Cândido Ribeiro lembrou que “A
jurisprudência desta Corte, ressalvado o ponto de vista do juiz Tourinho Neto, tem decidido
reiteradamente pela inaplicabilidade do princípio da insignificância no crime em tela, tendo
em vista que seu objeto jurídico é a fé pública, e, portanto, não se leva em conta, a
quantidade ou o valor das cédulas falsas guardadas, adquiridas ou introduzidas em
circulação.” A Turma, por unanimidade, recebeu a denúncia. Nº do Processo: 0005052-
81.2007.4.01.3810 / Fonte: Tribunal Regional Federal da 1ª Região / Publicado em 17 de
Julho de 2012 às 11h08
flagrante delito. Também, segundo o laudo pericial existente nos autos, as cédulas não são
grosseiras, pois reproduzem com bastante nitidez “os dizeres e as impressões macroscópicas
do papel-moeda autêntico (...) e podem, perfeitamente, passar por autênticas no meio
circulante, enganando terceiros de boa-fé”. Assim, sendo incontestável a autoria do crime e
considerando que foram encontradas mais de mil cédulas falsificadas na residência do
apelante - o que configura crime permanente - a 4.ª Turma decidiu, por unanimidade, negar
provimento à apelação e manter a sentença inicial. Nº do Processo: 0002355-
42.2010.4.01.3500 / Fonte: Tribunal Regional Federal da 1ª Região / Publicado em 23 de
Julho de 2012 às 11h44
multa à razão de 1/30 do salário mínimo. Nº do Processo: ACR 9558 / Fonte: Tribunal
Regional Federal da 5ª Região / Publicado em 30 de Janeiro de 2014 às 09h59
delito de moeda falsa, ocorrido em 2003, na cidade de Pentecostes (CE). A pena aplicada,
inicialmente, foi de três anos de reclusão e pagamento de um salário mínimo.
A Terceira Turma do TRF5 não acolheu as razões da defesa que alegou serem grosseiras as
falsificações. “Ressalte-se que, na hipótese vertente, nenhum dos comerciantes lesados
reconheceu a falsidade das notas, apesar da grande circulação, em suas mãos, de cédulas
autênticas”. E os próprios peritos lançaram mão de instrumentos ópticos para certificarem-
se da falsidade”, afirmou o relator desembargador federal Geraldo Apoliano.
O CRIME – A.E.B. foi preso em flagrante, no dia 02.06.2003, no Município de Pentecoste
(CE), após repassar no comércio local nove cédulas falsas no valor de R$ 50 e uma cédula
no valor de R$ 10, comprando pequenas mercadorias com as notas falsificadas para receber
o troco em moeda verdadeira. As cédulas foram apreendidas em poder dos comerciantes
J.J.A. e J.M.T.. A falsificação só foi percebida por ocasião do fechamento de caixa dos
comerciantes. A.E.B foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF). A sentença
condenou, inicialmente, o réu à pena de três anos de reclusão, e 10 dias-multa, no valor de
um trigésimo do salário mínimo vigente à época dos fatos. As penas foram substituídas por
duas penas alternativas, que são a prestação de serviços comunitários e o pagamento de um
salário mínimo a uma entidade social ou assistencial, a ser indicada pelo Juízo das
Execuções Penais. A defesa alegou incidência da Súmula nº 73, do Superior Tribunal de
Justiça, em virtude da falsificação grosseira da moeda, pedindo a desclassificação do delito
de moeda falsa (artigo 289, parágrafo primeiro do Código Penal) para estelionato (artigo 171,
do CP), requerendo a declaração de nulidade da sentença e a remessa dos autos à Justiça
Estadual. ACR 8237 (CE) / Fonte: Tribunal Regional Federal 5ª Região / Publicado em 31
de Maio de 2013 às 11h17
Jurisprudência: Ao analisar o caso, o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que o acórdão
do STJ “está alinhado com a orientação do Supremo Tribunal Federal no sentido de que não
se aplica o princípio da insignificância a fatos caracterizadores do crime de moeda falsa” e
citou vários precedentes nesse sentido. / Processos relacionados: RHC 107959 / Fonte:
Supremo Tribunal Federal / Publicado em 15 de Outubro de 2014 às 10h00