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NOVA VENÉCIA
2006
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NOVA VENÉCIA
2006
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FICHA CATALOGRÁFICA
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Aprovada em de de 2006.
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________________
Professora Lourdes Aparecida de Souza Cesana
Instituto de Ensino Superior de Nova Venécia
Orientadora
__________________________________________
Professora Viviane Dias de Carvalho Pontes
Instituto de Ensino Superior de Nova Venécia
___________________________________________
Professor Álvaro José Maria Filho
Instituto de Ensino Superior de Nova Venécia
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RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................9
1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA...........................................................................9
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA...........................................................................10
1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA...............................................................10
1.4 OBJETIVOS................................................................................................10
1.4.1 OBJETIVO GERAL...........................................................................................10
1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................10
1.5 HIPÓTESES................................................................................................11
1.6 META...........................................................................................................11
1.7 METODOLOGIA..........................................................................................11
1.8 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES DO TRABALHO........11
2 REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................13
2.1 AS PERSONALIDADES PESSOANAS EM MEIO AO MODERNISMO
PORTUGUÊS.............................................................................................................13
2.2 FERNANDO PESSOA - O ORTÔNIMO.........................................................14
2.3 ALBERTO CAEIRO.........................................................................................18
2.4 RICARDO REIS...............................................................................................21
2.5 ÁLVARO DE CAMPOS...................................................................................25
2.6 DIÁLOGO ENTRE AS MÚLTIPLAS FACES DE FERNANDO
PESSOA..................................................................................................................34
3 CONCLUSÃO...............................................................................................36
4 REFERÊNCIAS............................................................................................37
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1 INTRODUÇÃO
Fernando Pessoa assinou sua obra com vários nomes. Não se trata, porém de
simples uso de pseudônimo, processo antigo usado para cobrir ou não o anonimato.
Os nomes, máscaras ou heterônimos com que Fernando Pessoa assina sua obra,
constituem em cada um deles, uma atitude-experiência assumida pelo próprio
Pessoa, como se fossem diversos poetas, todos eles com seu estilo próprio, com
sua visão de mundo particular.
A obra literária de Fernando Pessoa é uma das mais intrigantes da literatura desde o
final da década de 1940, quando o poeta foi descoberto pela crítica. Desde então,
tem surgido diversas discussões sobre o fenômeno da heteronímia.
Diante disso, constata-se que essa pesquisa é relevante, uma vez que os poemas
de Fernando Pessoa compõem um dos maiores enigmas da história da Literatura, já
que se trata de um poeta que inventa outros, dá-lhes biografia, estilo próprio e até
um mapa astral. Todos são grandes poetas e apresentam diferentes posturas
artísticas.
1.4 OBJETIVOS
1.5 HIPÓTESES
1.6 META
Pretende-se com esse projeto de pesquisa fazer uma análise acerca das linguagens
encontradas dentro da obra Pessoana. Linguagens que se diferem, pois, são várias
personalidades dentro de uma só, ou seja, os heterônimos e ortônimo.
1.7 METODOLOGIA
Esta pesquisa é do tipo exploratória e explicativa, sendo, pois, feita uma pesquisa
bibliográfica com o intuito de coletar informações que servirão de subsídio teórico
que buscará definir na obra pessoana a vida de cada heterônimo, mostrando as
características e a linguagem poética de cada um, como também as de Fernando
Pessoa, o ortônimo.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Tendo esse quadro como pano de fundo é que se vê o início da produção literária de
um dos casos mais polêmicos de todos os tempos: Fernando Pessoa e seus
heterônimos.
“Desejo ser um criador de mitos, que é o mistério mais alto que pode obrar alguém
da humanidade” (PESSOA, 2005, p.51).
“Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que
torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma
e está em todas”. (PESSOA, 2005, p.51).
Faleceu em 1935, nessa mesma cidade. Quando de sua morte, quase a totalidade
de sua obra ainda permanecia inédita, apenas alguns de seus escritos tinham sido
publicados em revistas, jornais etc. O poeta, escrevia também em outros idiomas
(como inglês e francês). Extremamente inteligente e talentoso, Pessoa inovou a
poesia, extrapolando as características estéticas do período Modernista, no qual
estava inserido.
Cada vez mais leitores têm descoberto o valor do escritor e do pensador Fernando
Pessoa, homem que teve a capacidade, entre outras coisas, de "teatralizar”
poeticamente, por meio de estilos de escrita diferenciados, múltiplas facetas
interiores do ser humano, indo muito além de pseudônimos, para criar heterônimos,
como representantes contundentes dos "eus" que habitam dentro de todos nós. Daí
uma das razões da atualidade de seus textos, bastante adequados às realidades
íntimas da alma, problematizadas nos contextos do mundo de hoje.
poemas são divulgados pela prestigiosa revista Presença, mas o único livro
publicado em sua vida foi Mensagem.
Uma aguda crise de cirrose hepática o mataria aos 47 anos. Apesar da relativa
obscuridade em que veio a falecer, era certamente uma das grandes vozes da
poesia ocidental do século XX.
Mais que os heterônimos, o ortônimo tem uma atitude perspicaz de ver as coisas.
Também tende para o gosto pelo que é maneirista pelo uso do paradoxo, daí
apresentar-se tradicional e moderno ao mesmo tempo. O ortônimo nos mostra como
sentir a paisagem, pois, para ele, todo objetivo é uma sensação nossa, toda arte é
conversão da sensação em objeto, toda arte é conversão da sensação em
sensação. O próprio Pessoa apresenta cinco condições ou qualidades para entender
os símbolos do ortônimo: a simpatia, a intuição, a inteligência, a compreensão e a
graça. Depois conclui que:
Todo estado de alma é uma paisagem.
Uma tristeza é um lago morto dentro de nós.
Assim, tendo nós, ao mesmo tempo, consciência do exterior
e do nosso espírito, e sendo nosso espírito uma paisagem,
temos ao mesmo tempo consciência de duas paisagens. (PESSOA, 1997,
p.165)
Como vemos um espírito tão rico e até paradoxal como o de Pessoa, apaixonado
por ocultismo, filosofia, estudos de psiquiatria, e psicanálise, autodidata de grande
erudição, não podia se resumir numa só personalidade. Daí o surgimento de muitos
heterônimos, principalmente o de Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Álvaro de Campos.
“Eu vejo diante de mim, no espaço incolor mas real do sonho, as caras, os gestos de
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Segundo Seabra (1988, p.243), “O drama havia, pois que buscá-lo nos próprios
poemas, na própria linguagem poética. O que implicava que o sujeito pleno, mas
plural, na pluralidade das linguagens heteronímicas.”.
Pessoa tem um genial poder de síntese que singulariza sua linguagem poética, que
ao mesmo tempo é carregada de dualismo. Esse desafio que sua poesia representa,
está na genialidade com que retira o leitor da visão estável do mundo (como é, em
geral, a visão do cotidiano rotineiro), para levá-lo a perceber, com inquietação, uma
existência - outra, ainda desconhecida, e que se pressente decisiva. Lida em
conjunto e em confronto, sua produção poética contraria a nitidez de enunciado que
lhe é peculiar, pois seus poemas se abrem, diferenciando entre si.
As lembranças que uma música traz. Eis o tema desse poema, que foi composto em
forma tradicional. Mas nota-se algo, além disso, Pessoa chama atenção à idéia de
que as sensações podem ser alteradas (estrofe 2) abrindo possibilidades para que a
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Esse texto expõe a idéia que era vontade divina que o Império Português se
estabelecesse, unificando terras e mares. Pessoa coloca a vontade de Deus e o
sonho humano como forças responsáveis pela concretização da obra, no caso as
Navegações.
“Os sentidos são divinos porque são a nossa relação com o universo, e a nossa
relação com o universo Deus” (PESSOA, 2005, p.84).
No mesmo local, escreveu ainda alguns poemas de Poemas Inconjuntos, vindo este
a se completar já em Lisboa, quando lá o autor voltou, já no final da vida. Aliás, da
vida de Caeiro não há o que narrar; sua vida e seus poemas se confundem.
Mesmo assim, enquanto tenta provar que não intelectualiza nada, é o que mais
intelectualiza entre as personalidades pessoanas, parece usar o raciocínio sem
querer demonstrar isso. Daí ser o mais infeliz, por restringir o mundo, além de fugir
do progresso e a ele renunciar. Caeiro faz uma poesia da natureza, uma poesia dos
sentidos, das sensações puras e simples.
(...) Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
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Caeiro é o mestre dos demais. Foge para a natureza e procura viver tão
simplesmente como as flores, as fontes, as aves. Possui uma linguagem fluente, que
se prosa. É um homem de visão ingênua, instintiva e se entrega à infinita variedade
de sensações.
Caeiro tem uma filosofia que prevê objeções e explica defeitos. O poeta pagão,
porque tem a ordem e a disciplina que o paganismo tinha e que o cristianismo fez
perder: poesia é ver, é sentir.
No meu prato que mistura da natureza!
As minhas irmãs as plantas,
As companheiras das fontes, as santas
A quem ninguém reza
Para o espírito pagão, o mundo sensível é muito importante, pois é nele que se
manifestam as formas divinas (os deuses) que os homens podem vivenciar em sua
vida efêmera. Esse paganismo de Caeiro encontra-se na busca de uma integração
sensorial com a natureza, sentindo-se parte dela.
(...) O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...
O olhar é o principal meio de o poeta captar a realidade que o rodeia. Esse mesmo
olhar também capta a eterna novidade das coisas. Para Caeiro, a cada instante que
passa a Natureza e o mundo se renovam, de forma que nunca olhamos duas vezes
para o mesmo ser ou objeto.
Com as colocações que Caeiro faz como “... pensar é não compreender... / o mundo
não se fez para pensarmos nele/ (pensar é estar doente dos olhos)” ele nega ter
qualquer interpretação racional do mundo, o poeta sintetiza sua proposta de vida:
“eu não tenho filosofia: tenho sentidos...”
“O Dr. Ricardo Reis nasceu dentro da minha alma no dia 28 de janeiro de 1914,
pelas 11 horas da noite. Eu estivera ouvindo no dia anterior uma discussão extensa
sobre os excessos especialmente de realização, da arte moderna”. (...)
Ricardo Reis representa o homem clássico, preso aos valores da Antigüidade. Este,
através do paganismo, anterior à idéia cristã do pecado, oferece o único sentido
para a vida. Por isso, Ricardo Reis se manifesta poeticamente através de odes,
forma originária da velha Grécia que corresponde a uma espécie de canto,
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Nesse poema, observa-se a leveza das imagens afetivas que o poeta elaborou,
construindo uma proposta suavemente melancólica de relação amorosa. É claro
também o conceito Epicurista: devem-se evitar os “amores, os ódios, as paixões que
levantam a voz”, em busca de uma tranqüilidade amorosa. De qualquer modo: “Quer
gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio” e “Mais vale saber passar
silenciosamente/ E sem desassossegos grandes”. O fluir de um rio é uma imagem
freqüente na poesia clássica, indicando normalmente o correr do tempo.
Viver de forma sábia o presente (“colhamos flores... /...e que o seu perfume suavize
o momento”) e evitar a paixão excessiva é uma forma que o poeta encontra de fugir
da dor provocada por uma saudade violenta: “E se antes do que eu levares o óbolo
ao barqueiro sombrio, / Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti/ Ser-me-as
suave à memória lembrando-te assim – à beira do rio”.
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Nesse poema Reis critica tanto aqueles que se prendem ao passado, vivendo o que
já passou “Vêem o que não vêem...”, quanto àqueles que fixam seus olhos no futuro,
“vendo o que não se pode ver”. O poeta diz que somos o presente, e o tempo flui
constante e nos mostra nossa própria insignificância. A vida e a morte fazem parte
de um mesmo sopro.
Ricardo Reis aparece como coadjuvante do mestre Caeiro, o que exprime com
simplicidade infantil, numa linguagem oral, esses preceitos a que Reis dará a forma
disciplinada, tensa, duma ode clássica.
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“O que o mestre Caeiro me ensinou foi a ter clareza; equilíbrio, organismo no delírio
e no desvairamento, e também me ensinou a não procurar ter filosofia nenhuma,
mas com alma.” (CAMPOS, 1993, p.64).
Um poeta que se propõe a abrir seus sentido todos ao mundo e à vida, buscando
uma linguagem poética capaz de exprimir sua alucinante vontade sensacionista.
Este poeta sensacionista, turbulento, impulsivo, acreditava que a arte era, como toda
a atividade, um indício de força, ou energia, da própria força que se manifesta na
vida.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
A partir do primeiro verso, o poeta enumera uma seqüência de fatos que comprovam
a própria “vileza”. Esses fatos cotidianos desprezíveis remetem a uma profunda
sensação de isolamento, de dificuldade de adaptar-se ao mundo.
Mas essa avaliação negativa do próprio eu tem um sentido irônico, pois, enquanto
se diminui, na verdade está se engrandecendo diante dos outros. Essa carga de
ironia sugere certa injustiça que o poeta deixa subentendido. Percebe-se isso nos
dois últimos versos: “Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no
mundo”.
Campos é ansioso pelo progresso de sua terra, dentre os heterônimos é o único que
apresenta evolução. Esse se propõe a abrir seus sentidos todos ao mundo e à vida,
buscando uma linguagem poética capaz de exprimir sua alucinante vontade
sensacionalista.
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Com essas características turbulentas, impulsivas, acreditava que a arte era como
toda a atividade, um indício de força ou energia da própria força que se manifesta na
vida. As conseqüências disso estão nas suas poesias sensacionalistas, onde ele
expressa depressão, e dependência do ópio. Pode-se retirar como exemplo o
poema Tabacaria:
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa,
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei - de pensar?
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Essa linguagem depressiva, complexa desse heterônimo, nos remete à idéia de que
ele seja o que mais se aproxima de Fernando Pessoa ortônimo, pois, sua linguagem
é também carregada desse sentimentalismo egoísta e depressivo.
Esse, talvez, seja o poema mais conhecido de Álvaro de Campos. Oscilando entre o
mundo interior e a realidade universal, o poeta trata, ao mesmo tempo, da angústia
com o cotidiano e dos sonhos de libertação. Isso pode ser observado a partir dos
primeiros versos, cujo sentido vai se constituir na base de todo seu poema.
poético contempla uma rua, onde percebe um mistério, que é a morte e o destino
que ninguém vê.
Na estrofe oito, ao sentir o vazio dentro se si, o poeta procura alguma coisa que o
inspire. Por isso recorre a musas inspiradoras do passado, mas a sensação de vazio
continua a mesma, já que seu “coração é um balde despejado”.
onde todos representam e o “eu” é o único que não sabe nem pode representar.
Devido a isso, seu lugar no teatro é no vestiário e jamais no palco.
O poema fecha com a absoluta solidão do poeta, que tem consciência de que nada
vale a pena, enquanto o dono da tabacaria, sem consciência alguma do que o cerca,
apenas sorri.
Pessoa nunca está sozinho, ele sempre tem alguém para dialogar, mesmo que
dentro dele mesmo, suas vozes ecoam e dialogam entre si. Personalidades
distintas, de opiniões formadas, essas vozes de Fernando Pessoa são diferentes
nas respostas vislumbradas, mais iguais no empenho de obter conhecimento.
Alberto Caeiro diz:
Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas como menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me fala a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior. (...)(CAEIRO, 1993, p.33)
Ricardo Reis:
Severo Narro. Quando sinto, penso,
Palavras são idéias.
Múrmuro, o rio passa, e o que não passa,
Que é nosso, não do rio.
Assim quisesse o verso: meu e alheio
E por mim mesmo lido. (...) (REIS, 1997, p.71)
Álvaro de Campos:
(...) não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfilerem conquistas
Das ciências, das artes, da civilização moderna!(...)
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo. (...) (CAMPOS, 1993,
p.74)
Fernando Pessoa:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
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Reis diz que palavras são idéias, que ele pensa e sente. E seus versos são seus da
mesma forma são dos outros que os lêem.
Já Álvaro de Campos é desiludido com a vida moderna e com o convívio social. Ele
versa agressivamente e com virilidade. Ele não quer estéticas e nem moral, diz ser
técnico, mas tem a técnica só dentro da técnica. Considera-se doido, e com todo
direito a sê-lo.
3 CONCLUSÃO
Pode-se dizer também que tanto Fernando Pessoa ortônimo, como Alberto Caeiro,
Ricardo Reis e Álvaro de Campos poderiam ser considerados peças de Portugal,
pois, as descrições físicas lembram os vários tipos humanos portugueses, enquanto
a formação cultural e a postura ideológica de cada um remetem aos vários tipos
sociais.
Conclui-se que a obra literária de Fernando Pessoa é uma das mais intrigantes da
literatura portuguesa desde o final da década de 1940, quando o poeta foi
descoberto pela crítica. E a diversidade heteronímica de Pessoa vem do fato de,
serem eles o ego do poeta. Esse processo é uma genial mistura de personalidades,
e os heterônimos acabam sendo as máscaras, de que se valem o poeta para
esconder-se atrás delas, a fim de melhor revelar-se.
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4 REFERÊNCIAS
2 MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa. 32. ed. São Paulo: Cultrix, 2003.
4 NICOLA, José de. INFANTE, Ulisses. Como ler Fernando Pessoa. 4.ed. São
Paulo: Scipione, 1993
5 NICOLA, José de. Literatura Portuguesa: das origens aos nossos dias. 7.
ed. São Paulo: Scipione, 1999.
7 PESSOA, Fernando. Coleção melhores poemas. 11. ed. São Paulo: Global,
2003.