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Açailândia
2019
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Açailândia
2019
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Banca Examinadora:
Orientador
Erisvânio Silva Martins
Graduado em Letras pela UEMA
Pós-graduado em Língua Portuguesa pela UCESP
Pós Graduado em Docência do Ensino Superior pela IESF
Pós- Graduado em Produção textual pela FAVENI
Examinador (a)
Examinador (a)
Açailândia
2019
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
Ao longo dos últimos anos, a Literatura vem passando por um processo de transição,
através dos movimentos artístico e literários, criando novas oportunidades de
conhecimento na área das linguagens, sendo influenciadas inicialmente por
tendências europeias, principalmente por estarem sempre à frente das realidades
artísticas, literárias e culturais, inclusive relacionados através dos contextos históricos.
As Literaturas do Brasil, sofreram fortes impactos europeus, desde o início do século
XVI, até o final do século XIX, sendo representadas dentro do contexto histórico
brasileiro e por diferentes artistas, a maioria retornando da Europa com novas
experiências. No início do século XX, através das mudanças políticas e sociais
ocorridas no Brasil, alguns artistas visavam a busca pela brasilidade, através de uma
nova vanguarda brasileira, formando assim, A Semana da Arte Moderna em 1922,
que influenciou na formação da última tendência brasileira, a escola literária
modernista, conhecida também, como contemporânea, seguida até os tempos atuais.
Nesse sentido, a escolha do método foi dedutivo, para que houvesse estudo
específicos, a fim de compreender a literatura modernista brasileira e adentrar no
processo de formação da nova vanguarda. Deste modo, é um estudo de cunho
bibliográfico, tendo como referências os principais autores Amaral, Andrade, Batista,
Bosi, Caminha, Candido, Coutinho, entre outros. Apresentado as literaturas em
destaque a Carta de Pero Vaz de Caminha e História Concisa da Literatura Brasileira.
Nesta perspectiva, a pesquisa realizada é de suma importância para a compreensão
do processo de formação do Modernismo brasileiro, especialmente para os
professores licenciados em Língua Portuguesa, em especial aos que contemplam a
Literatura brasileira.
ABSTRACT
The throughout last years, Literature has undergone a process of transition, through
the artistic and literary movements, creating new opportunities of knowledge in the
area of the languages, being influenced initially by European tendencies, mainly for
being always ahead of the artistic realities, literary and cultural, including related
through historical contexts. The Literatures of Brazil, suffered from strong European
impacts, from the beginning of the 16th century until the end of the 19th century, being
represented within the Brazilian historical context and by different artists, most
returning from Europe with new experiences. The at beginning of the 20th century,
through the political and social changes that took place in Brazil, some artists aimed
at the search for Brazilian is through a new Brazilian vanguard, thus forming The
Modern Art Week in 1922, which influenced the formation of the last Brazilian
tendency, the Modernist literary school, also known, as contemporary, followed until
the present times. In this sense, the choice of method was deductive, so that there
were specific studies, in order to understand the Brazilian modernist literature and to
enter the process of formation of the new vanguard. In this way, it is a bibliographical
study, having as reference the main authors are Amaral, Andrade, Batista, Bosi,
Caminha, Candido, Coutinho, among others. Presented the literatures highlighted the
Letter of Pero Vaz de Caminha and Concise History of Brazilian Literature. In this
perspective, the research carried out is of great importance for the understanding of
the Brazilian Modernism formation process, especially for professors licensed in
Portuguese Language, especially those who contemplate Brazilian Literature.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
2. PRINCIPAIS CONTEXTOS HISTÓRICOS E LITERÁRIOS OCORRIDOS ATÉ A
METADE DO SÉCULO XIX NO BRASIL ................................................................. 15
2.1 Literatura Histórica Quinhentista ................................................................... ..16
2.1.1 Literatura de Pero Vaz de Caminha .................................................................17
2.1.2 Literatura dos Jesuítas .....................................................................................18
2.2 Literatura Barroca brasileira . .......................................................................... 19
2.2.1 Principais escritores do Barroco brasileiro .......................................................21
2.3 Literatura Arcadista ou Neoclassicista brasileira............................................22
2.4 Literatura romancista ........................................................................................ 24
3 PRINCIPAIS CONTEXTOS HISTÓRICOS E LITERÁRIOS QUE INFLUENCIARAM
O SURGIMENTO DA SEMANA DA ARTE MODERNA ......................................... . 27
3.1 Literatura realista brasileira ............................................................................. 27
3.1.1 Literatura Naturalista sobre influência do Realismo..........................................28
3.2 Literatura parnasiana brasileira .......................................................................30
3.2.1 Principais representantes do Parsianismo ...................................................... .30
3.3 Literatura simbolista brasileira ....................................................................... .31
3.4 Contextos históricos pré-modernista ............................................................. .32
3.4.1 Principais autores pré-modernistas...................................................................33
3.5 Acontecimentos históricos na década de 20 ................................................. .34
3.5.1 O Tenetismo .................................................................................................... .35
4 A BUSCA PELA BRASILIDADE NA DÉCADA DE 20 ......................................... .37
4.1 Principais movimentos que antecederam a Semana da Arte Moderna ........ 37
4.1.1 Exposição de Lasar Segall em 1913 no Brasil ................................................. 38
4.1.2 Exposição de Anitta Malfaltti em 1917 no Brasil ............................................... 38
4.1.3 Exposição de Victor Brecheret em 1920 no Brasil ........................................... 40
4.2 Semana da Arte Moderna no Brasil ................................................................. 41
4.3 A busca pelo rompimento da tendencias europeias ...................................... 42
4.4 Manifestações ocorridas durante a Semana da Arte Moderna......................43
4.5 Apresentações artística no Teatro Municipal durante a Semana de Arte
Moderna.....................................................................................................................44
12
1 INTRODUÇÃO
Lendo a Carta de Caminha, veremos como ele vai muito além do simples
registro frio e burocrático dos fatos. Porém também veremos, pela quantidade
de dados numéricos nela contidos, como ele está preocupado em ser preciso,
mantendo o cálculo na base de seu pensamento. Assim está constantemente
dando número de léguas, de homens, de papagaios, calculando o peso, as
distâncias etc. (RONCARI, 2002, p. 25).
Tratado descritivo do Brasil 1587 de Gabriel Soares de Sousa”, sendo estes europeus
e representantes do Quinhentismo, pois em suas obras descreveram o que viram ao
passar pelo Brasil.
As descrições literárias sobre o Brasil, começaram a partir do momento em
que o Rei de Portugal D. Manuel I, havia convocado a embarcação de Pedro Alves
Cabral rumo aos caminhos das Índias, que objetivava encontrar algo que desse lucro
para a coroa portuguesa, nessas embarcações tinha um escrivão que descrevia tudo
que acontecia nessas viagens, a mesmas demoravam meses, surgindo então, os
primeiro registros literários, transcritos através da Carta de Pero Vaz de Caminha.
Reprodução da Carta a El Rei D. Manuel (reprodução fac. similar do
manuscrito com leitura justalinear, de Antônio Geraldo da Cunha, César Nardelli
Cambraia e Heitor Megale).
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas
vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos
sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles
os pousaram. Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento de proveito,
por o mar quebrar na costa. Somente deu-lhes um barrete vermelho e uma
carapuça de linho que levava na cabeça e um sombreiro preto. Um deles deu-
lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas
vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal grande de
continhas brancas, miúdas, que querem parecer de aljaveira, as quais peças
creio que o Capitão manda a Vossa Alteza, e com isto se volveu às naus por
ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar. (Carta de Pero
Vaz de Caminha)
De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão
nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não
podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela,
até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma
de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares
[...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar
esta gente. (Carta de Pero Vaz de Caminha)
Fragmento este, que levou o Rei a tomar posse dessa terra, e anos depois
encaminhar os Jesuítas, para que pudessem vir e iniciar o processo de catequização
indígena. Após a vinda ao Brasil, os jesuítas ficaram ligados diretamente ao trabalho
catequético, desta forma deveriam ensinar os índios a língua portuguesa e a cultura
do homem branco, o que de fato aconteceu. Mas, acabou ocasionando em alguns
casos do esquecimento da sua própria cultura, sem perceber que mesmo mudando a
forma de agir, jamais seria aceito na cultura do homem branco, por seguinte,
resultando nos tempos atuais em uma forte influência na perca dessa identidade.
Para a literatura brasileira, os jesuítas tiveram uma contribuição
significativa, aparecendo através da figura do Pe. José de Anchieta, ao escrever hinos
canções ou mesmo poesias, sendo estas de cunho simples. A mais importante das
literaturas foi através dos Altos, que eram pequenos textos teatrais que mostravam
para os índios como era a cultura, a bíblia, a vida dos santos e a passagem do velho
testamento, através de cenas bíblicas. Desta forma, tornando-se importante,
principalmente por construir o dicionário que auxiliasse a comunicação através da
tradução no tupi guarani.
2005, p. 34) ou ainda como algo desigual, sem proporções definidas, como feio
(MACHADO, 2010, p. 29).
Sobre o ponto de vista do aspecto brasileiro, Coutinho (1981) afirma que é
“visto como uma maneira de afirmar-se a existência de um produto nacional, nossos
primeiros escritores, a busca de nossa identidade cultural.” Ocorrendo assim, por volta
do século XVII o surgimento dos primeiro escritores brasileiros influenciados por
tendências europeias que visava naquele momento o teocentrismo “Deus como centro
do universo”, havendo também a contrarreforma, onde a igreja católica estava
modificando a sua própria estrutura, todas essas características estavam presente nas
obras literárias barrocas.
Já no Brasil, os primeiros movimentos acontecem na Bahia, por ser a
primeira capital do país, por também haver um forte contraste na produção do primeiro
ciclo do açúcar e a invasão dos holandeses. Em seguida, correndo a transferência
para a capital do Rio de Janeiro. No início do Barroco, existia dúvidas em relação a
qual tendência deveria ser seguida, sendo apresentado inicialmente através do
cultismo com jogos de palavras ou conceptismo com jogo de ideias, ou pensamento
de ideias conativas.
No Brasil, estavam vivendo um momento único, chamado o século do ouro,
aparecendo os primeiros registros de igrejas brasileiras em ouro, principalmente em
Minas Gerais e sendo estendidas tais características a outros Estados, onde muitas
delas permanecem com esses aspectos até os dias atuais, a maioria destes,
permanecem como patrimônio histórico brasileiro, simbolizando a existência Barroca,
através do seu cenário arquitetônico como cita Machado:
pela inauguração desta tendência brasileira, passando pela transição do Barroco para
o Arcadismo, colocando em suas obras uma pessoa com características Arcade,
sendo exposto o bucolismo, o solecismo, mostrando a tranquilidade do campo como
principal evidencia, como define Ramos (1976) sobre suas poesias.
Tudo isso, sendo ocasionado devido a vinda deles da Europa, onde cada
um possuíam uma formação distinta, surgindo o “fingimento poético”, onde escreviam
poemas, passando-se por outra pessoa, para que não fossem descoberto, sendo eles,
na maioria da alta elite brasileira, desta forma surge assim, a concepção do Arcade,
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que tem como referência o sonho de uma vivencia tranquila, após anos de trabalho,
tornando-se o Eu-lírico do Arcadismo.
O Arcadismo teve forte influencias europeias, possuindo características
gerais, mas que no Brasil, começa com o processo de contextualização, mostrando
inicialmente a paisagem geral de Minas Gerais e a poesias satíricas com Cartas
Chilenas (1845) de Tomas Gonzaga, sendo formada como críticas ao governador da
época por meio dos Pseudônimos.
Essa Escola Literária, sofre fortes influências artísticas na sociedade, até
os dias atuais, sendo empregado principalmente através de músicas, por possuírem
características similares as arcadistas, que tem o objetivo de escancarar a vida livre e
singular.
O autor via Castro com um dos maiores escritores de todos os tempo, não
apenas por defender a causa do negro, mas para mostrar a poesia carnal,
demonstradas através da sensualidade, do amor erótico, mas defendendo a
integridade e o respeito a mulher. Tornando-se nos dias atuais uns dos maiores
representante da Literatura brasileira.
27
Se o uso do termo realismo tem uma longa história no campo artístico, está
também ligado a questões filosóficas de fundo, voltadas para os próprios
conceitos de ‘real’ e de ‘realidade’, que se transformaram ao longo dos
séculos, impossíveis de explorar aqui. De modo geral, um dos seus sentidos
primeiros vincula-se à assertiva da existência objetiva dos universais (idéias
ou formas com existência independente dos objetos em que são percebidos),
no sentido platônico, sendo, então, quase sinônimo de idealismo.
Esse sentido se perdeu e realismo surgiu como uma palavra totalmente nova,
apenas no século XIX; em francês, por volta de 1830, e em inglês, no
vocabulário crítico, em 1856, sendo que, a partir de então, desenvolveu-se,
em termos gerais, como um termo que descreve um método e uma postura
em arte e literatura: primeiro uma excepcional acuidade na representação e
depois um compromisso de descrever eventos reais, mostrando-os como
existem de fato, sendo que aqui, em muitos casos, inclui-se uma intenção
política.
Ah! Meu caro, imagine você que um desses retratos era tão feio, na sua crua
verdade, na sua horripilante representação viva do horror da morte, que
serviu muito tempo em São Luís do Maranhão para intimidar as crianças
manhosas... Não ria! Digo-lhe a verdade! O retrato era emprestado, de casa
em casa, entre famílias. Assim que as crianças começavam a fazer manha
as mães intervinham: - Olha que vou buscar o tabelião! “Oh, ainda hoje há,
no Maranhão, muita gente que deve a boa criação que tem à sinistra
influência do retrato do tabelião” (MENEZES, 1958, p. 63).
Olavo Bilac, conhecido como o príncipe dos poetas, escreveu sua primeira
obra Poesias (1888), ainda trazendo consigo o processo de transição do Naturalismo
31
3.5.1 O Tenentismo
O termo “Moderno” transmite uma ideia de algo novo, tendo como uma das
definições, “O modernismo nasceu sob influência da filosofia pragmatista e do
psicologismo que sensibilizou os movimentos de vanguarda” (ABDALA JUNIOR;
CAMPEDELLI, 1999, p. 200).
Era natural que vários artistas fossem para a Europa a fim de estudar ou
aprimorar conhecimento, observando as tendência, ao qual se admiravam por estar
em alta, como cita Batista (1972, p. 43). “Eles [os artistas europeus refugiados da I
Guerra] só falavam no cubismo, e nós de macaquice começamos a fazer as primeiras
experiências”. Durante o retorno ao Brasil traziam consigo inspirações artísticas,
principalmente durante o século XX, com tendências Cubistas de Pablo Picasso e o
Futuristas com Marinetti, e outros com o Expressionistas, o Fauvistas e o Dadaístas.
Entre esses artistas, Oswald de Andrade em 1912 trazia da Europa ideias
cubistas e futuristas, contribuindo na busca por inovações em sua Arte, Lasar Segall,
Anita Malfatti e Victor Brecheret, entre outros, que também vieram e trouxeram
consigo contribuições significativa.
Em 1914 Anita Malfatti, fez sua primeira exposição nas Mappin Stores em
São Paulo, indo neste ano para os Estados Unidos para estudar Arte e retornado ao
39
O artista não havia tomado tempo para misturar as cores, o que para mim foi
uma revelação e minha primeira descoberta. Pensei, o artista está certo. A
luz do sol é composta de três cores primárias e quatro derivadas. Os objetos
se acusam só quando saem da sombra, isto é, quando envolvidos na luz.
Tudo é resultado da luz que os acusa, participando de todas as cores.
Comecei a ver tudo acusado por todas as cores. Nada nesse mundo é incolor
ou sem luz. Procurei o homem de todas as cores, Lovis Corinth, e dentro de
uma semana comecei a trabalhar na aula desse professor. Comprei
incontinente uma porção de tintas, e a festa começou. Continuava a ter medo
da grande pintura como se tem medo de um cálculo integral”. (BATISTA,
LOPEZ e LIMA, p. 41)
Vale ressaltar, que foi a partir deste evento que ocasionou o primeiro
confronto aberto entre o velho tradicionalista pré-modernista Monteiro Lobato, com o
surgimento da nova proposta de arte de Anita Malfatti, ao apresentar seu artigo
Paranoia da Mistificação, publicado em 1917, em O Estado de São Paulo, que fazia
menção ao seguinte fragmento sobre a exposição:
sentissem incentivados a construção desta nova arte, como cita Minotti Del Picchia,
ao afirmar: “que foi a sua arte magnifica que abriu novos cérebros”. (Jornal do
Commercio 1922). Passando assim, a embalar novas perspectivas de trabalho a
novos artistas brasileiros.
Sobre a Arte de Victor Brecheret, Oswald com o pseudônimo Ivan,
escreveu sobre o escultor no número 2 da revista Papel e Tinta:
época”, dizia (ANDRADE, 1990, p.44). Desta forma, remetendo a entender, que
buscar características próprias brasileira não seria uma tarefa fácil.
ver a Arte, através das características próprias brasileiras, levando assim, a formarem
o grupo dos cinco, compostos pelos artistas Anita Malfatti, Tarsila do Amaral que no
momento não estava presente na Semana da Arte Moderno, mas que foi idealizadora
do evento (pintoras), Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade
(escritores).
Esses artistas, tornaram-se os principais percursores para a formação de
uma nova vanguarda brasileira, sendo formada a partir da Semana da Arte Moderna
de 1922, depois que o grupo dos cinco organizaram e discutirem sobre o evento,
deram início para a formação do modernismo, como cita Evando Nascimento (2015
b) sobre o termo “A história do Modernismo começa no ponto em que algumas de
suas figuras passam a ter contato com as novas informações artísticas do início do
século na Europa e, importando-as para o Brasil, provocam as mais diversas reações
no meio cultural”.
Esse evento, reuniu diversas pessoas no teatro municipal, que foram
contemplar a novidade da época, tanto a sociedade paulistana, como a de outros
artistas, estimulados a seguir as novas propostas, promovendo a Arte totalmente
brasileira.
Pode-se dizer que esse artigo [“O meu poeta futurista”] de Oswald de
Andrade deu nova vitalidade à palavra futurismo e suas derivadas. Antes, é
exato, o vocábulo já era conhecido, e provocara, mesmo, rumor e polêmica.
Mas, agora, correspondia a uma realidade nossa, não mais dizia respeito a
uma situação apenas estrangeira. Os jornais, a partir desse momento até o
fim de 1922 – e especialmente durante a Semana de Arte Moderna e os
meses mais próximos de sua realização – estão repletos da incômoda palavra
e seu emprego obedece a uma linha caricatural, aparece em quadrinhos,
sátiras, sonetos humorísticos, em zombarias de toda a sorte, enfim.
Futurismo e futurista – são palavras aplicadas a torto e a direito e a tudo
quanto destrilhe da normalidade. Até a política se vê invadida por elas.
Corruptelas e deformações padecem também as malsinadas palavras. Os
espíritos conservadores delas se utilizam pejorativamente, procurando pôr
em ridículo pessoas, coisas, atitudes e situações. Elas, agora, não se aplicam
mais somente a pintores e escultores ousados, mas também a homens de
letras, a jornalistas, a chefes políticos. Os jovens escritores de São Paulo, se
bem teimem em declarar que não são futuristas, valem-se delas como um
“cartel de desafio”, conforme proclamaria Menotti Del Picchia em discurso
num dos festivais da Semana de Arte Moderna. Essas palavras são críticas,
distinguem, separam, dividem. Para uns, representam nomes que identificam
uma situação nova. Para outros, já inevitavelmente apodados de passadistas,
têm gosto de insulto, de doesto, até mesmo de baixo xingamento.
[...] Numa pequena nota cabe apenas o aplauso a quem se arroja a expor, no
nosso pequeno mundo de arte, pintura tão pessoal e tão moderna. [...] A
impressão inicial que produzem os seus quadros é de originalidade e de
diferente visão. As suas telas chocam o preconceito fotográfico que
geralmente se leva no espírito para as nossas exposições de pintura. A sua
arte é a negação da cópia, a ojeriza da oleografia. [...] A realidade existe,
estupenda, por exemplo, na liberdade com que se enquadram na tela as
figuras número 11 [O homem amarelo] e número 1 [Lalive]; existe,
impressionante e perturbadora, na evocação trágica e grandiosa da terra
brasileira que é o quadro número 17 [Paisagem de Santo Amaro]; existe,
ainda, sutil e graciosa, nas fantasias e estudos que enchem a exposição.
Paulo Menotti Del Picchia (1982-1988), uns dos mais complexos artistas,
realizou cada dia na semana uma apresentação diferente, sendo expostos através de
palestras e poemas dos demais artistas que estavam sendo expostos, assim como,
pinturas, poesias e esculturas.
Heitor Villa Lobos (1987-1959) Para o evento, elaboraram um cartaz
convidando a ouvir Villa Lobos para apresentação da última noite cultural, entrando
para tocar no palco com a sua musicalidade erudita. Villa Lobos que até então era um
cantor conservador no final do século XIX, foi convidado a participar do evento por
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5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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