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Impressão e acabamento:
Papelmunde, SMG, Lda.
1.ª edição
Junho de 2008
ISBN: 978-989-95689-8-3
Depósito Legal n.º 278556/08
Esta obra está protegida pela lei. Não pode ser reproduzida
no todo ou em parte, qualquer que seja o modo utilizado,
sem a autorização do Editor.
Qualquer transgressão à lei do Direito de Autor
será passível de procedimento judicial.
A organização contemporânea da sociedade coabita, de forma
nem sempre harmoniosa, com a fruição do espectáculo nas suas mais
variadas expressões.
Uma colecção de livros sobre as artes do espectáculo que delas
preconizem uma vivência madura justifica-se pela necessidade de
reordenar o nosso espaço de participação e adesão críticas; na realidade,
o fenómeno do espectáculo encerra dimensões recônditas, a que razão
e emoção devem ter igual acesso.
Em “Mi.mé.sis” terão presença obras de natureza estética, técnica,
informativa, ou simplesmente lúdica; e, como não poderia deixar
de ser, o cinema, o teatro, a dança, a música, entre outros, serão os
protagonistas desta colecção.
Prefácio
desde há meio século sob a asa protectora dos estudos literários. Oferece
‑nos hoje um corpo de noções sólidas e diversificadas, muito utilizadas nas
análises fílmicas e nas oficinas de escrita de argumentos que proliferam em
todas as escolas profissionais e nas universidades.
Desde há algum tempo que cedeu o lugar às abordagens próprias
à história da arte, nomeadamente às artes plásticas, e da estética filosó-
fica. Passou‑se então do período chamado «semio‑linguístico» para o da
«figura», do «figural», da imagem‑movimento e da imagem‑tempo. Os
filósofos e os historiadores substituíram os semiólogos dos anos 70. A
literatura teórica enriqueceu‑se de forma considerável. Recentemente, o
conceito cardinal de «encenação» fílmica foi objecto da atenção dos inves-
tigadores, tanto nos Estados Unidos como em França.
Um sector desta investigação especializada diz respeito à história e
ao estatuto histórico da imagem. As questões abordadas no capítulo 6
alimentam os artigos de imprensa quando um filme retoma um problema
histórico, como, por exemplo, o valor testemunhal da imagem regis-
tada em condições particularmente dramáticas. As referências à Segunda
Guerra Mundial situam‑se nesta herança ideológica e inscrevem‑se a seu
modo no mundo contemporâneo, o mundo do pós‑guerra fria e da pro-
liferação dos conflitos sob outras formas. A imagem está mais do que
nunca no centro das lutas pelo poder e pelo domínio das multinacionais
de produção de entretenimento. A imagem vale ouro. É a nova bitola do
valor do mercado.
Mas o grande mérito deste novo livro consiste sobretudo no facto de
descompartimentar o cinema, de o integrar no todo das imagens, as do
passado e da televisão catódica e estatal, e as do presente, produzidas pelas
pequenas câmaras digitais, ao alcance de todos e difundidas na Internet.
Com efeito, é metodologicamente absurdo analisar a imagem de um
filme isolando‑a do seu contexto de produção e de recepção. Estes contex-
tos foram radicalmente modificados nos últimos 20 anos. Vários capítulos
importantes deste livro esforçam‑se por lutar contra esta autonomização
elitista e anacrónica do campo cinematográfico. A imagem de cinema só
pode ser apreendida na sua dimensão económica, antropológica e cultural.
Isto mesmo é demonstrado por todas as teorias recentes que analisam o
comportamento do espectador de cinema.
Trata‑se, efectivamente, de compreender melhor o cinema e a televi-
são no momento de todas as imagens, e as imagens contemporâneas na
herança do cinema da nossa juventude comum e da sua cinefilia muito
específica.
Michel Marie
Professor da Universidade de Paris‑3 Sorbonne nouvelle
Introdução
as continuidades e as rupturas asseguram, a vários níveis, a narrativa, o
ritmo e as sensações. A partir de uma referência às teorias mais recentes,
os capítulos 3 e 4 (As relações entre imagens e sons e Pontos de vista) dão
conta, num caso, da localização recíproca dos sons e das imagens, bem
como da recepção sonora, e, noutro, dos pontos de vista e de escuta cons-
truídos pelo filme e determinados pelas condições materiais da experiência
fílmica.
A reflexão sobre o cinema nasceu com esta técnica e continua a manter
relações com outros campos disciplinares, em particular com a Narratolo-
gia e com a História. A teoria da Narrativa Fílmica (capítulo 5) começou
assim por se apoiar nos progressos da narratologia literária antes de cons-
truir o seu espaço próprio: a respeito das noções de personagem, de espaço,
de enunciação, de ver e saber, veremos que instrumentos específicos soube
criar para traduzir o modo como um filme faz a narração.
As relações entre História e Cinema são também exemplo de um
encontro frutuoso, porque, se as histórias do cinema se modificaram pro-
fundamente no contacto com a evolução dos objectos, das concepções e
dos métodos da história, esta, por seu lado, descobriu o que podia ganhar
com o estudo dos filmes.
10
Do mesmo modo, a estética das imagens animadas pretende romper
com o ponto de vista imanente, muito frequente neste campo. Esta é reco-
locada no âmbito do debate contemporâneo sobre a natureza e relações
entre o artístico e o estético e defende uma estética integradora, em que o
sensível regressaria ao primeiro plano e se enriqueceria com o contributo
das disciplinas sociológicas e históricas.
O espectador, como dissemos, está também no centro das preocupações
actuais. O capítulo 10 é‑lhe pois consagrado, traçando um largo pano-
rama do interesse que lhe é atribuído pelas correntes históricas da análise
fílmica e pelos desenvolvimentos recentes das teorias feministas, culturais,
pragmáticas ou cognitivistas. Presente no interior das abordagens cultural,
de linguagem e estética já evocadas, encontrá‑lo‑emos também nos três
últimos capítulos, em que as imagens são examinadas pelos media.
O método desenvolvido no capítulo 11, Analisar a Televisão, constitui
um bom instrumento para avaliar a televisão na sua complexidade e na sua
evolução. Veremos como a comunicação televisiva articula os mundos de
referência de programas e de géneros em evolução permanente com a inter-
acção cadeias‑públicos e com os actores e as estratégias de programação.
Quanto às imagens interactivas (capítulo 12), incompletas, latentes e
férteis, mantêm com o utilizador (o seu «especta‑actor») uma dupla rela-
ção, na qual se interligam o acto de ver e o de agir, e produzem modali-
dades particulares de representação, de enquadramento, de ponto de vista
e de relação com o mundo.
Por último, a imagem fotográfica da imprensa e da publicidade intro-
duziu uma mudança fundamental nas suas relações com a língua, dando
origem a uma nova modalidade expressiva, os textos icónicos (capítulo 13),
em que imagens e palavras se misturam, contagiam os seus sentidos e
resultam, na espuma da actualidade dos dias e para júbilo do leitor, em
descobertas curiosas.
11
fazer uma análise de sequência (pp. 56‑57) ou comparar duas sequências
(pp. 72‑74).
Estas passagens oferecem vários regimes de leitura.
Pode‑se recorrer a elas por simples curiosidade pessoal ou para se
estabelecer percursos e correspondências. Podem também ser pontos de
partida para análises pessoais e servir de apoio aos professores para con-
ceberem actividades de aprendizagem.
12
Os autores
13
O enquadramento e o plano
1.2 Denominações
O primeiro problema diz respeito às suas denominações tradicionais.
Para designar os diferentes tamanhos ou comprimentos do plano, referimo
‑nos ao lugar que o corpo humano ocupa na porção de espaço enquadrada.
Para além do Plano Geral, que coloca uma personagem no meio de uma
paisagem vasta, encontramos sucessivamente, ao delimitarmos o espaço
filmado: Plano de Conjunto, Plano Médio, Plano Americano, Plano Apro-
ximado, Grande Plano e Plano de Pormenor, que é preenchido apenas por
parte de um rosto. O conjunto destes tamanhos do plano constitui, como
se sabe, a escala dos planos.
Além do facto de estas denominações variarem de um texto para outro
ou de uma cinematografia para outra, esta escala só funciona de forma
globalmente satisfatória para a representação fílmica do homem (que
chamar, com efeito, a um «grande plano» da superfície da Lua?). Para lá
da relatividade dos termos, é à ilusão de proximidade ou de afastamento,
17
geradora de sentido e de afecção, produzida pelo enquadramento, que a
análise prestará atenção.
GRANDE PLANO
A teoria do cinema atribuiu sempre um interesse excepcional ao grande
plano. Nos anos 20, Epstein2 em França, Eisenstein na União Soviética, entre
outros, viram nele a exaltação dos poderes ideais e sensíveis do cinema3. Edgar
Morin, por seu lado, insiste nos efeitos de antropomorfismo das coisas e de
cosmomorfismo das pessoas produzidos pelo cinema, e o grande plano parece
‑lhe ser o acme destas trocas4. Mais recentemente, nos anos 80, Gilles Deleuze
associou o grande plano à noção de afecção: «A imagem‑afecção é o grande
plano, é o rosto...», «não há grande plano de rosto, o rosto é em si mesmo
grande plano, o grande plano é por si mesmo rosto, ambos são a afecção, a
imagem‑afecção.5»
A título de exemplo, recordamos um filme que utiliza admiravelmente o
grande plano: A Paixão de Joana d’Arc (1928) de Carl Dreyer.
18
Efeito imagem
As Bonecas Russas (Cédric Klapisch, 2005)
Vários espaços‑tempo enredam‑se de forma visual e narrativa. Ao questionar a sua vida,
a personagem (Romain Duris) recorda as actividades de entrevistador que exerceu.
plano enquanto unidade única do filme, como levaria a crer a sua realidade
técnica. O mesmo se diz para qualquer meio de expressão: um elemento
só tem valor de unidade em referência a um dado eixo de leitura, e se o
plano, ao nível material, surge como uma peça de mecânico para rodar e
montar, torna‑se um fragmento entre muitos outros no âmbito das leituras
a que se prestará o filme terminado.
19
como à escolha do guarda‑roupa, a um objecto ou a um motivo. A construção
dramática, o ritmo de uma sequência, uma figura de montagem e até a obra de
um cineasta podem ser objectos virtuais de análise e unidades. Ou, mais precisa-
mente, elementos, de natureza e dimensão sempre diferentes, que se constituem
em unidades, inferiores ou superiores ao plano. Dito isto, relativamente a uma
dada pertinência, nada impede que um plano, por sua vez, se torne numa uni-
dade; exemplo disto é a planificação no quadro, usada por Méliès e nos filmes
dos primeiros tempos do cinema mudo até 1908, em que se confundem o plano
e a cena.
2. Enquadramento e quadro
2.1 A imagem, um espaço de representação
Designa‑se por enquadramento o acto, bem como o resultado desse
acto, que delimita e constrói um espaço visual para o transformar em
espaço de representação.
Acto de nascimento de qualquer imagem mediática, o enquadramento
não produz uma cópia do real, ainda que o carácter analógico da imagem
tenda a fazer esquecer que ela não é o mundo, mas sim um discurso sobre
o mundo. Transforma a própria natureza daquilo que regista. Num plano
cognitivo, este estatuto de representação inscreve o filme no interior de
uma narrativa (a imagem conta) ou de um discurso (a imagem explica e
demonstra), ao mesmo tempo que, no plano sensível, induz emoções pelo
tema (o riso e as lágrimas) e pelos significantes (formas plásticas, qualidade
do desempenho de um actor, ritmo...).
20
Composição, encenação e abertura
Início de A Grande Esperança [Young Mister Lincoln] (John Ford, 1939)
Composição em profundidade, graças a um escalonamento em diagonal que guia o
olhar: troncos, carroça, pequenos grupos dispersos, ponto de fuga materializado pelas
árvores, casa e, por último, personagem na qual a acção se vai centrar nos planos seguin-
tes (o político local que faz um discurso e que apresentará Lincoln).
Um plano de abertura de função narrativa e ideológica:
– quadro tranquilo banhado por uma luz idílica;
– introdução suave de Lincoln na narrativa;
– naturalização de outro momento após a primeira cena (na carroça da direita, Lincoln
descobrirá um livro fundamental para o seu destino).
Lincoln poderá aparecer como o eleito predestinado, natural, da terra e do povo ame-
ricanos.
(Ver também pp. 112‑113)
21
3. Enquadramento e encenação
3.1 A encenação
O termo cobre várias realidades próximas que devem ser distinguidas,
porque a auréola subjectiva que as banha dá origem a uma certa variação
conceptual.
Remete, num primeiro sentido, para a maneira como um realizador,
no momento da rodagem, organiza os elementos profílmicos, cenários,
iluminação, representação e evolução dos actores..., em correlação com
o seu enquadramento. Os traços destes actos complexos, que necessitam,
como se sabe, das intervenções de numerosos colaboradores, destinam‑se
a fundirem‑se numa realidade única, em que aquilo que foi filmado só
existe num e através de um enquadramento, um todo indivisível com o
qual se confronta a análise.
QUADRO E FORMATO
O quadro de uma imagem impõe‑se, sobretudo, enquanto formato, ou seja,
como relação relativa entre a largura e a altura dos seus limites visíveis.
No cinema, distinguem‑se hoje dois formatos dominantes para a projecção
em sala em 35 mm: o 1:85 e o 1:66. Em termos históricos, estes formatos
variaram muito: o 1:33 do cinema mudo tornou‑se em 1:37 após a passagem
para o sonoro, enquanto que os anos 50 assistiram à eclosão de várias dimensões
de formato scope.
O formato desempenha o papel de uma forma criativa na medida em que
oferece potenciais recursos expressivos. No momento de fotografar uma pai-
sagem ou uma cena, todos sabemos como enquadrar a fotografia segundo a
horizontal ou a vertical.
22
Estudar um enquadramento é levar em conta tudo aquilo que o constitui
num espaço delimitado e organizado. Ainda que o sentido deva ser procurado em
vários níveis, só existe na interacção desses níveis. Numa abordagem analítica,
é legítimo separá‑los, mas só na condição de se lhes restituir in fine a unidade
indispensável.
Por outro lado, na análise de um filme, o termo enquadramento designa por
vezes o acto de se isolar um fotograma para enfatizar os seus méritos e segredos.
É um trabalho frutuoso, embora não nos possamos esquecer de que é na sua
própria transformação, e apenas por ela, que qualquer enquadramento encontra
a sua autenticidade.
a unidade indissolúvel
cidade de uma escrita fílmica e pode valer então como um equivalente do
estilo na literatura ou da maneira na pintura (por exemplo, a encenação
de Hitchcock ou de Kiarostami).
Por último, o termo é investido de uma conotação principal: cumpre,
no espaço cultural contemporâneo, a função essencial de conferir estatuto
artístico ao cinema. Como diz Jacques Aumont: «Talvez abusivamente (para
os dicionários de etimologia), mas certamente de forma eficaz, a encenação
tornou‑se, nos usos críticos em língua francesa (e também inglesa, pois
o termo passou igualmente para o vocabulário anglo‑saxónico), a noção
central, a moeda de troca, o equivalente geral da arte do filme.11»
23
1
24
4
25
Saraband, de Ingmar Bergman (2003)
A título de exemplo, tomaremos como base o making of de Saraband, de
Ingmar Bergman (2003), no DVD das edições MK213.
As sugestões seguintes pretendem apenas dar algumas pistas, que se devem
variar e desenvolver em função de cada documento e em relação a cada estilo
de autor. O essencial, repetimos, é passar do nível imediato de curiosidade em
relação aos bastidores da rodagem, para fazer disso um instrumento ao serviço
da análise.
26
– Um criador: o seu projecto e as suas escolhas. Bergman reúne a equipa
antes da rodagem para lhe explicar as suas intenções (min. 16); as alterações
improvisadas (min. 38), etc.
4. Um jogo de distâncias
Enquadrar de forma mais ou menos fechada e segundo um eixo
determinado significa colocar o espectador a uma distância perceptiva
e imaginária do representado. Esta distância tem um papel essencial
na continuidade‑descontinuidade dos planos em que se desenrolam a
narrativa ou os discursos fílmicos.
Ora, estas distâncias produzidas pela abertura do plano conjugam‑se
do representado
Enquadrar significa colocar o espectador
a uma distância perceptiva e imaginária
com uma modulação, igualmente importante, das distâncias internas, as
que nascem dos espaçamentos, dos movimentos e das tensões no interior
do plano. Velocidades, personagem que se aproxima ou se afasta, lugares
respectivos que se modificam entre as personagens e relativamente ao
cenário, etc., tudo isto forma uma combinatória complexa e mutável, em
correlação com a narrativa, e que engendra relações, valores e afecções.
A profundidade de campo e o plano‑sequência tornam imediata-
mente visível a riqueza deste duplo jogo de distâncias.
27
(1986). Por último, um jogo frontal, virado para o espectador, com ou
sem olhar para a câmara, pode produzir ou reforçar a ilusão representa-
tiva de um espaço plano.
4.2 O plano‑sequência
Em termos técnicos, há um plano‑sequência quando uma tomada de
vista em contínuo (um plano, portanto) conjuga uma duração relativa-
mente longa com evoluções complexas das pessoas filmadas, acompanha-
das por movimentos reais e ópticos do quadro (travelling, panorâmica,
zoom, trajectória); no entanto, esta é uma definição que deixa grande
margem para a interpretação, pois um plano‑sequência pode recorrer ape-
nas a um dos traços anteriores (por exemplo, uma câmara que enquadra
personagens que não mudam de lugar, como numa cena à mesa).
Tal como a profundidade de campo, o interesse do plano‑sequência
não diz respeito à virtuosidade técnica de associar espaço e movimentos,
mas à sua capacidade inventiva. Daí o facto de poder tornar‑se facilmente
no momento forte de uma sequência, e até constituí‑la em unidade nar-
rativa, como em Welles (primeiro plano de A Sede do Mal), em Jancso
e Angelopoulos; alguns filmes, como a Arca Russa, de Sokurov (2002),
constituem longas metragens num só plano15.
O plano‑sequência coloca especialmente em evidência duas carac-
terísticas do filme: o sentimento de duração e a transformação interna
do plano, uma vez que as posições relativas dos actores, do cenário e
da câmara estão sempre a variar. A dinâmica do campo fora‑de‑campo,
em especial, é aqui necessariamente reactivada pelas entradas e saídas de
campo produzidas pelo quadro móvel.
28
e nunciação a que chama interpessoal e que volta radicalmente as costas aos
modelos linguísticos e ao antropomorfismo subjacente das concepções anteriores.
Esta enunciação remete para os processos que introduzem no filme uma espécie
de desdobramento discursivo, desdobramento que não assenta em marcas especí-
ficas, mas que pode manifestar‑se através de múltiplas configurações e a todos os
níveis do filme. «A enunciação é uma paisagem de dobragens e debruns através
da qual o filme nos diz que é o filme», resume ele numa entrevista com Michel
Marie e Marc Vernet19. Para nos limitarmos ao tema deste capítulo, pensemos
nos enquadramentos insólitos ou simplesmente invulgares, no quadro dentro do
quadro, nas máscaras, nas variações claro‑escuro no plano, em suma, em tudo o
que faz com que o espectador sinta a presença da imagem enquanto tal.
29
1
Marie, conhecida por Casque d’or (Simone Signoret), que imediatamente antes, aquando
de uma discussão com o seu protector, já mostrara a sua personalidade, impõe‑se
novamente neste plano: as falas e olhares das duas mulheres conduzem o espectador
para Marie (imagem 1), que, ao avançar, vai crescendo até dominar a composição (ima-
gem 2)... antes de sair do campo (imagem 3). Mas o grupo, que posteriormente se vai
30
3
opor à liberdade de Marie, permanece presente: é reintroduzido pelo duplo olhar das
outras duas mulheres (imagem 4) em direcção ao plano de fundo.
A transformação contínua das distâncias internas dá assim sentido ao plano: triângu-
los que se modificam e se invertem afirmam um carácter no seu papel de personagem
central; enfim, rima visual entre o início (imagem 1) e o fim do plano (imagem 4) que
contém implicitamente a tragédia vindoura (não se pode fugir ao destino).
31
voltada para a frente do ecrã, para um espectador interpelado pelo olhar
Uma forma dramática e plástica
incessante de transformação
apanhada num processo
32
Alguns parâmetros instauram‑no preferencialmente: o olhar, as entra-
das e saídas de campo e o som.
Um olhar fora‑de‑campo apela à presença da pessoa ou do objecto que
se olha. Encontra‑se assim no princípio de uma figura de montagem, o
campo‑contracampo, em que o cinema insiste devido à sua eficácia.
Quanto ao olhar em direcção ao espectador, outra modalidade do
É a dinâmica campo
‑fora‑de‑campo que
interessa à análise
recurso ao fora‑de‑campo, usa‑se de forma totalmente oposta nos filmes
de ficção e nas imagens que se referem ao real. A ficção proíbe o olhar na
direcção do espectador (mas não em direcção à câmara, quando é uma
personagem da história que é visada), pois isso quebraria a homogeneidade
diegética. Assim, quando o utiliza, é para jogar com esta ruptura. Pelo
contrário, num documentário, ou num programa televisivo em estúdio,
o seu papel torna‑se essencial. Operador incontornável de presença e de
realidade, o olhar na direcção do espectador instala uma relação forte
entre a pessoa no ecrã e o espectador, com os afectos e as ilusões que o
acompanham. Por um movimento metonímico, olhar directamente nos
olhos pode ser visto, de forma abusiva, como sinal de veracidade: o olhar
do apresentador de telejornais encarna a sua figura emblemática 25.
Os aparecimentos e desaparecimentos produzidos pelas entradas e saí-
das de campo reforçam o conteúdo dramático de um plano e remodelam
‑lhe a composição. Os movimentos de câmara ilustram bem a tensão que
se cria então no rebordo do quadro, essa zona móvel onde desaparece e
aparece a imagem; pensemos numa panorâmica descritiva de uma paisa-
gem, numa panorâmica de reenquadramento que vai revelar um elemento
novo e alterar o sentido da cena, ou num grande travelling lateral que
assimila o olhar do espectador a uma espécie de olhar táctil, de um corpo
‑olhar que se apropria do mundo.
Por último, o som contribui também para a dinâmica do campo‑fora
‑de‑campo: quando a sua fonte não é visível, sabemos como o espectador
se interroga para perceber se pertence ou não ao fora‑de‑campo.
6. Enquadramento e duração
A imagem móvel que regista espaço e tempo tem de lidar, por natu-
reza, com a duração, que, por seu lado, é um fenómeno de percepção
eminentemente subjectivo.
Do lado do espectador, à subjectividade individual junta‑se o peso
dos hábitos culturais, das expectativas colectivas e das normas de época
ou de género que implicam uma evolução permanente na apreensão da
duração: por exemplo, uma sequência de cinema mudo parece muito lenta
ao público de hoje.
33
ACELERAÇÃO, CÂMARA LENTA E
PARAGEM DA IMAGEM
As distorções que se provocam na analogia perceptiva, jogando com a
velocidade do movimento representado, têm efeito imediato na sensação de
duração.
A aceleração serviu frequentemente os efeitos cómicos (do burlesco mudo
americano à série Benny Hill), bem como o filme científico (o crescimento de
um vegetal).
A câmara lenta (ralenti) reforça harmoniosamente as curvas de um movi-
mento rápido, torna perceptível e amplia os poderes da imagem. Não faltam
exemplos: transmissões desportivas, filmes de montagem histórica que passam
em câmara lenta os documentos de época, filmes de acção, do western italiano
dos anos 70 aos filmes de kung fu dos anos 90, ou em cineastas como John
Woo e Takeshi Kitano.
Por último, o paradoxo aparente da paragem da imagem, que, ao suspender
o movimento, prolonga e intensifica a sua duração, envolvendo‑a então com
uma aura temporal e afectiva 26. Todos nos lembramos do exemplo canónico do
último plano de Os 400 Golpes, de Truffaut.
Pontos‑chave
Relativizar a questão do plano.
Analisar o enquadramento:
– como espaço de representação;
– na sua realidade multidimensional: narrativa, axiológica e plástica;
– no seu processo de transformação constante.
34
Índice dos nomes próprios
269
Chaplin C., 41, 105, 107 Eco U., 80, 188, 193
Chateauvert J., 50, 51, 248n Eisenstein S. M., 18, 41, 94, 128,
Chevalier M., 211 163
Chiabaut S., 248n Elsaesser T., 110, 251n
Chion M., 50, 51, 53, 55, 248n, Epstein J., 44, 132, 165, 178, 184,
249n 247n
Chrétien J.‑L., 256n Erté, 255n
Christian‑Jacques, 96 Esquenazi J. P., 245, 254n, 255n
Clouzot H.‑G., 82
Coen E., 43 F
Cohen‑Séat G., 181 Faizant J., 241
Collaro S., 194 Farge A., 108, 251n
Coppola F. F., 39, 49, 56 Fellini F., 56, 104, 178, 185
Crosland A., 48 Ferro M., 102, 104, 106, 251n
Feuer J., 252n
D Feuillade L., 27
Dali S., 123 Finlay, 151
Dalmasso D., 57 Flaherty R., 122, 141, 252n
Davies T., 106 Fleming V., 159, 166
De Bont J., 43, 61 Fodor J., 253n
Debord G., 242, 256n Ford J., 21, 63, 72, 154, 253n
Debray R., 156, 253n
Foster J., 138
Delacroix E., 130
Fra Angelico, 122
Delavaud G., 247n, 253n
French H., 94, 250n
Deleuze G., 18, 156, 168, 242, 245,
Freud S., 182, 184, 241, 243, 256n
247n, 253n, 254n, 255n, 256n
Delluc L., 132 Freund G., 142, 252n
Depardon R., 108, 126, 141
Desplechin A., 178 G
Didi‑Huberman G., 122, 156, 252n Gabin J., 81, 93
Doane M. A., 53 Gance A., 44, 65, 66, 249n
Doisneau R., 141 Gardies A., 7, 28, 87, 88, 250n
Douglas G., 164, 165 Gaudreault A., 28, 85, 250n
Doyle C., 122 Genette G., 78, 84-88, 250n
Dreyer C. T., 18, 65, 108, 165, 169, Gérard‑Denis F., 248n
178 Ginzburg C., 108
Dubois P., 247n Gitaï, 114
Dubuffet J., 166 Godard J.‑L., 36, 45, 56, 132, 165,
Duchamp M., 165 178
Dufrêne F., 151 Gomez M., 119, 121, 124
Dumas A., 137 Gordon D., 164
Durand A., 217, 218, 255n Goya F., 124
Duras M., 56, 68 Greenaway P., 247n
Duvivier J., 92, 106 Greimas A. J., 77, 78, 84, 90, 250n
Grierson J., 129
E Griffith D. W., 27, 37, 65
Eastwood C., 35, 164 Guibert H., 193
270
H Langlois H., 132
Hamon P., 80, 81, 250n Lanzmann C., 110
Hartung H., 127, 128, 252n Laubin J.‑M., 218
Hawks H., 35, 128, 252n Le Roux H., 255n
Hays W. H., 176 Leblanc G., 247n
Heinich N., 130, 252n Leleu‑Merviel S., 217, 218, 255n
Hermann B., 39 Lindeperg S., 102, 251n
Hitchcock A., 21, 23, 35, 39, 42, 44, Loach K., 96, 97, 106, 108
67, 132, 163, 165, 179, 184 Lubitsch E., 248n
Hjemslev L., 150 Lucas G., 49, 56, 72, 123, 157, 252n
Hoffman S., 109, 251n Luce H., 142
Holman T., 52 Lumière L. e A., 32, 61, 74, 119, 182
Hooper T., 178 Lynch D., 184, 188
Hugo V., 228 Lyotard J.‑F., 156, 253n
Huillet D., 50
Huston J., 80 M
Magritte R., 210
I Malick T., 49
Ingres D., 130 Mamoulian R., 248n
Manet E., 119, 252n
J Mankiewicz J., 35
Jakobson R., 230 Mann T., 189
Jancso M., 28 Marey E. J., 144, 145
Joly M., 237 Marie M., 13, 29, 247n, 248n, 252n,
Jost F., 28, 85, 86, 87, 88, 254n 253n, 254n
Jullier L., 13, 157, 248n, 249n, 253n Martinet A., 152, 252n
Jutra C., 129 Massin A., 228, 230, 255n
Méliès G., 18, 20
K Metz C., 28, 64, 79, 147, 149-152,
Kandinsky V., 119 154, 156, 157, 162, 184, 247n,
Kant, E., 71, 169 250n, 252n, 254n
Karmen F., 94 Milan S., 61
Kassovitz M., 7, 56, 57 Mitry J., 27, 247n
Keaton B., 178 Mondrian P., 123, 238, 252n
Kertesz A., 127, 252n Moore M., 96
Kiarostami A., 23 Morelli P., 211, 254n, 255n
Kieslowski K., 39, 41 Moretti N., 104
Kitano T., 34 Morin E., 18, 181, 247n
Kozloff S., 53 Mounin G., 147
Kracauer S., 106, 251n Mulvey L., 53
Kramer R., 247n Murch W., 49, 56
Kubrick S., 56 Murnau F. W., 32
Kulechov L., 36, 37, 240
N
L Nacache J., 250n
Lang F., 39, 68 Newton H., 139
Lange R., 154 Niepce N., 144
271
Noe G., 176 Resnais A., 39, 40, 42, 43, 109, 110,
Nolan C., 43 114, 141
Nougaret C., 248n Revel J., 113, 251n
Riefenstahl L., 66, 101
O Rivette J., 21, 132
Odin R., 100, 122, 134, 135, 186, Rohmer E., 32, 111, 132, 248n, 249n
249n, 250n, 252n, 253n Rojas E., 255n
Ophuls M., 41, 109 Romero G., 139
Ortoleva P., 104, 251n Ross H., 178
Oshima, 176 Rossellini R., 7, 92, 93, 97, 104
Ozu Y., 65 Rotella M., 231
Rouch J., 49, 126
P Rousseau J.‑J., 136
Pagnol M., 49, 56 Rousso H., 251n
Palma B. de, 35, 39 Ruiz R., 188
Pascal B., 136 Rybczynski Z., 128, 252n
Pasolini P. P., 65, 176, 249n
Peirce C., 192, 255n S
Penn A., 39 Sadoul G., 104, 251n
Perec G., 256n Sangla R., 247n
Perrault P., 129, 141 Sartre J.‑P., 189
Philibert N., 141 Saura C., 44
Pialat M., 40, 41 Saussure F. de, 82
Picasso P., 130 Scheffer J.‑M., 255
Piero della Francesca, 151, 165 Scott R., 61
Plantu J., 241 Serafine F., 49
Poiré J., 96 Sieff J.‑L., 139
Pontecorvo G., 94 Silver B., 148
Popper K., 169 Sklar R., 106
Pouillon J., 86-88 Soderberg S., 43
Poujade P., 237 Sokurov A., 28
Poussin N., 151 Sorlin P., 93, 101, 106, 250n, 253n
Prédal R., 248n Souchier E., 255n
Prévert J., 178 Souriau É., 181, 247n, 250n
Propp V., 76, 78 Spielberg S., 110, 124
Prouvost J., 142 Staiger J., 138, 276
Stendhal, 60, 166, 167, 249n
Q Straub J.‑M., 50, 56
Quéau P., 213, 254n, 255n Syberberg H., 110
R T
Rancière J., 165, 253n Tarkovski A., 40
Rapson S., 164 Tati J., 56, 70
Ray M., 164 Taylor C., 171
Reitz M., 110 Thoret J.‑B., 39
Renoir J., 27, 49, 81, 92, 102, 153, Ticiano, 124
167 Tisseron S., 182
272
Todorov T., 87, 88 Warhol A., 132, 164
Tour F. de la, 165 Watkins P., 119, 126, 252n
Truffaut F., 34, 104, 132 Watzlawick P., 242, 243, 280
Tulli V., 57 Weber M., 171
Weir P., 178
V Weissberg J.‑L., 224
Varda A., 104 Weitz M., 254n, 255n
Vélasquez D., 176 Welles O., 27, 28, 37, 40, 45, 56, 83
Veray L., 101 Wiaz, 241
Vernet M., 251n Wiene R., 27
Veron E., 272 Willem, 241
Vertov D., 129 Wittgenstein L., 256n
Vigne D., 111 Wong Kar‑Wai, 40
Villeglé J., 231 Woo J., 34
Visconti L., 101 Wood E., 166
W Z
Wachowski A. e L., 182 Zemon Davis N., 111, 251n
Walsh R., 43, 66 Zola É. 141, 252n
273
Índice das principais noções
Este índice limita‑se aos termos essenciais e menciona apenas as páginas
em que são objecto de um desenvolvimento
274
– localização, perspectiva, fonte, IMAGEM
51‑53, 60‑61 – definição, 120
Saber do espectador e interpretação: Grandes tipos sociais de imagens:
– cinefilia, 132‑133 – amadora, fotografia e filme de
– espectador e construção do sentido, família, 133‑136, 155
121, 162‑163, 186 – artística, 130‑133
– espectador e ponto de vista, 59‑70 – científicas, 144‑145
– zapping, 203 – comercial, 138‑140
– espectador representado, 176‑180 – divertimento (de), 136‑140
– espectadores singulares, 188‑189 – imagem e plano, 19
– identificação, 183 – informação (de), 140‑144
Televisão e espectador: Cap. 12, As imagens interactivas,
– promessa espectatorial, 192, 197‑198 – interpretação, 121
– temporalidade espectatorial na
televisão, 197, 203 LINGUAGEM
– três categorias de espectadores, 198 Cap. 8, A abordagem da linguagem
das imagens, 147‑157
ESTÉTICA – arte e linguagem, 149‑150
– análise estética, 161‑163 – encenação, 22‑23
– atitude e quadro estético, 159‑163 – funções da linguagem, 154‑155
– estética e técnica, 160‑161
– linguagem, língua, linguagens,
– estética impura, 169‑170
147‑148
– juízo estético, 169‑170
– olhar, 160‑161
MONTAGEM
– prazer, 168‑170
Cap. 2, Poética da montagem, 35‑46
FICÇÃO Montagem e cinema:
– ficcional versus factual, 79 – elos (tipos de), 37‑44
– três mundos da televisão (os): real, – montagem e narrativa, 37‑40
ficcional, lúdico, 192‑194 – montagem imagens‑palavras nos
textos icónicos e na imprensa: ver
GÉNERO texto icónico,
– Cultural Studies e géneros – planificação, 35‑36
cinematográficos, 187 – pontos de montagem, 45
– géneros televisivos, 200‑202 – raccords, 38, 45
– lógicas de nomeação, 200‑202 – ritmo, 44‑45
– mistura dos géneros e géneros – temporalidade, 43‑44
dominantes, 123‑124 – unidade, continuidade/
– tipos de filmes, 123‑124 /descontinuidade, 38‑44
– variação das definições, 200‑202
NARRATIVA, NARRAÇÃO,
HISTÓRIA E CINEMA NARRATIVIDADE
Cap. 6, História e cinema, 91‑115 – montagem e narrativa, 37‑40
– dupla perspectiva histórica, 91 – narrativa fílmica, 75‑90
– história do som no cinema, 48‑49 – narratividade geral, 76‑78
– princípios da abordagem histórica,
problemática, corpus, fontes, 95, 107 OBRA cf. AUTOR
275
PERSONAGEM – tele‑realidade e publicidade,
– definição, 80‑81 206‑207
– personagem e actor, 83 – tele‑realidade, 197‑198
– três mundos da televisão (os): real,
PLANO ficcional, lúdico, 192‑194
Cap. 1, O enquadramento e o plano, – verdade e História, 108‑115
17‑34
– definição e designações, 17‑18 REGIMES DE INTERPRETAÇÃO
– dimensão, escala, 18 – icónico, 126‑128
– distâncias (jogo de), 27‑28 – indicial, 125‑126
– duração, 33‑34 – narrativo, cap. 2, 35‑46;
– grande plano, 18 cap. 5, 75‑90
– plano e imagem, 18‑19
– plano e unidade, 19‑20 REPRESENTAÇÃO
– plano‑sequência, 28 – estudos de representações, 106‑113
– imagem (a), espaço de
PONTO DE VISTA representação, 20, 212‑213
Cap. 4, Ponto de vista, 59‑74
– ponto de vista e História, 102 TELEVISÃO
– ponto de vista e narrativa fílmica: Cap. 11, Analisar a televisão, 191‑207
ver e saber, 86‑88 Programas:
– conteúdo e estrutura dos
– ponto de vista nas imagens
programas, 203‑206
interactivas, 223‑226
– formato e serialização, 207
– grelha, programação vertical e
PRÁTICAS CULTURAIS
horizontal, 203‑206
Cap. 7, Uma abordagem cultural da – rotulagem dos programas, 195‑196
imagem, 119‑145 Sistema da televisão, 192‑195
Categorias socioculturais das – géneros televisivos, 200‑201
imagens: – tele‑realidade, 197‑198
– amadoras, fotografia e filme de – trabalho de análise, 195‑200
família, 133‑136, 155 – três mundos da televisão (os),
– artística, 130‑133 192‑194
– científicas, 144‑145
– comercial, 138‑140 TEMPO
– divertimento (de), 136‑140 – duração (sensação de duração no
– informação (de), 140‑144 plano), 33‑34
– temporalidade televisiva: cadeias,
PUBLICIDADE programas, espectadores, casas
– escoramento imagem‑palavras na horárias, 203‑204
imagem publicitária, 234, 236 Tempo e História:
– imagem publicitária, 138‑140 – anacronismos, 111‑113
– televisão e publicidade, 205‑207 – filme no seu tempo (o), 92‑94
– género histórico (o), 110‑111
REAL, REALISMO, VERDADE – tempo e montagem, 39, 43‑44
– jogos televisivos (os), 194‑195 – tempo e narrativa, 84‑85
– real/virtual, 212‑215 – tempo e ritmo na montagem, 44
276
TEXTO – cinema, cap. 1‑6
– texto e contexto, 121‑122 – imagens interactivas, cap. 12
– texto e contexto na História, 91‑96 – televisão, cap. 11
– textos icónicos, cap. 13
TEXTO ICÓNICO Segundo a sua utilização social:
– escoramento imagem‑palavras – amadora, fotografia e filme de
na primeira página da imprensa, família, 133‑136, 155
238‑240 – artística, 130‑133
– escoramento imagens‑palavras na – científicas, 130‑133
imagem publicitária, 234‑236 – comercial e publicitária, 138‑140
– condensação, deslocação, – divertimento (de), 136‑140
elaboração, na publicidade e na
– informação (de), 140‑144
Primeira Página, 240‑241
– seis funções de escoramento, 234‑236 Regimes de interpretações;
– três funções das relações imagens – indicial, 125‑126
‑palavra (as): ancoragem‑relés – icónico, 126‑128
‑escoramento, montagem imagens – narrativo, cap. 5; cap. 2
‑palavras nos textos icónicos e na
imprensa, 227‑228 UNIDADES FÍLMICAS
– códigos, 152‑153
TIPOS E REGIMES DE IMAGEM – dupla articulação, 152
Segundo os media: – plano e unidade fílmica, 19‑20
– capítulos sobre todas as imagens: – regras de admissibilidade, 153
cap. 7, 8, 9 e 10 – signos e unidades, 152
277
Índice dos quadros de metodologia
278
Índice dos «zooms informativos»
279
A relação dos jovens com o fenómeno das séries televisivas ........................ 137
A propósito dos filmes de culto .................................................................. 138
Os critérios (problemáticos) da intencionalidade ........................................ 148
A abordagem da linguagem das imagens:
definição teórica e definição social ....................................................... 151
A dupla articulação . ................................................................................... 152
Códigos e cinema ....................................................................................... 152
Um filme, vários textos . ............................................................................. 153
A questão da forma legítima ....................................................................... 155
A estética das imagens animadas: questão de olhar .................................... 160
Compreender ou sentir? . ............................................................................ 162
Cinema de artistas ...................................................................................... 164
A desfiguração ............................................................................................ 165
Encontrar filmes ......................................................................................... 168
A questão do imaginário do espectador . .................................................... 181
Funções da imagem .................................................................................... 182
A produção de sentido segundo Roger Odin . ............................................ 186
O jogo entre realidade e ficção ................................................................... 194
A invenção da tele‑realidade ....................................................................... 197
A promessa da tele‑realidade . ..................................................................... 198
Definição da obra televisiva ........................................................................ 200
Reality‑show ou tele‑realidade? .................................................................... 201
O que revelam as casas horárias dos programas televisivos . ....................... 205
Loft Story e a publicidade . .......................................................................... 206
Os CD ROM multimédia .......................................................................... 210
Diferentes modos de leitura das imagens interactivas ................................. 217
Quanto à letra... ........................................................................................ 227
Confusão do leitor ...................................................................................... 233
Prolongamento: textos icónicos publicitários e «mitologias» ....................... 236
Condensação na primeira página . .............................................................. 240
Deslocamento na primeira página .............................................................. 241
280
Índice
Prefácio .................................................................................................. 7
Introdução ............................................................................................. 9
Primeira parte: o cinema . ................................................................ 9
Segunda parte: as imagens . ............................................................. 10
Para uma didáctica das imagens ...................................................... 11
Os autores ........................................................................................ 13
Lista dos autores e dos seus contributos: .......................................... 13
281
2. Poética da montagem . ....................................................................... 35
1. Dar sentido ...................................................................................... 35
1.1 Os elos narrativos . ..................................................................... 37
1.2 Os elos de conteúdo . ................................................................. 40
1.3 Os elos sensíveis ......................................................................... 41
1.4 Os elos temporais . ..................................................................... 43
2. Dar ritmo ........................................................................................ 44
2.1 A duração dos planos . ............................................................... 44
2.2 Os pontos de montagem . .......................................................... 45
2.3 Os raccords . ............................................................................... 45
3. As relações entre imagens e sons ....................................................... 47
1. O que é o som audiovisual? ............................................................. 47
2. História concisa das técnicas sonoras no cinema ............................. 48
3. Localização dos sons ........................................................................ 50
4. Recepção do som ............................................................................. 51
4.1 O cinema como acontecimento ................................................. 51
4.2 Abordagens psicanalíticas e feministas da recepção do som ...... 53
4.3 Recepção e cognitivismo ........................................................... 54
5. Conclusão ........................................................................................ 58
4. Pontos de vista ................................................................................... 59
1. Pontos de vista físicos . ..................................................................... 60
1.1 O ponto de vista real ................................................................. 60
1.2 O ponto de escuta real . ............................................................. 61
2. Pontos de experiência construídos pelo filme . ................................. 64
2.1 O ponto de vista óptico ............................................................. 64
2.2 O ponto de escuta ..................................................................... 67
2.3 Dialéctica ponto de vista/ponto de escuta ................................. 68
3. Conclusão: do ponto de vista perceptivo ao ponto de vista moral ...... 70
5. Narratologia e cinema A narrativa no ecrã ........................................ 75
1. A narração como entidade autónoma ............................................... 76
1.1 Definições terminológicas .......................................................... 76
1.2 A narrativa mínima ................................................................... 76
2. Especificidades audiovisuais da narrativa fílmica ............................. 78
2.1 O mundo diegético . .................................................................. 79
2.2 Narração, ficção e factual .......................................................... 79
3. A personagem .................................................................................. 80
3.1 Uma figura complexa . ............................................................... 81
282
4. O espaço .......................................................................................... 82
4.1 Um dispositivo estruturante ...................................................... 82
4.2 Espaço e lugares ........................................................................ 82
4.3 O espaço narrativo .................................................................... 84
5. A temporalidade . ............................................................................. 84
5.1 A temporalidade segundo Genette ............................................. 84
5.2 O tempo no cinema . ................................................................. 85
6. Ver e saber ....................................................................................... 86
6.1 Quem fala? Quem vê? ............................................................... 86
6.2 Mostrar, contar: localização, mostração, polarização . ............... 86
7. As vozes do filme . ............................................................................ 88
7.1 Será que «isso fala»? . .................................................................. 88
7.2 O doador da narrativa . .............................................................. 89
7.3 Narrativa, discurso . ................................................................... 89
6. História e cinema ............................................................................... 91
1. Modos de abordagem . ..................................................................... 91
1.1 Texto e contexto ........................................................................ 91
1.2 Posição e função do filme no espaço e no tempo . ..................... 92
1.3 Problemáticas e corpus . .............................................................. 95
2. Tratamento documental . ................................................................. 100
2.1 Começar por ver os filmes: o papel da análise ........................... 100
2.2 Cruzamentos documentais: o papel das fontes .......................... 102
3. A utilização do filme pelos historiadores . ........................................ 103
3.1 Filmes‑documentos: testemunhas e agentes ............................... 103
3.2 Produção de uma história fílmica .............................................. 107
283
3.3 As imagens de divertimento ...................................................... 136
3.4 A imagem comercial .................................................................. 139
3.5 A imagem de informação . ......................................................... 140
4. Conclusão ........................................................................................ 145
8. A abordagem da linguagem das imagens .......................................... 147
1. O que é uma linguagem? ................................................................. 147
2. A questão da intencionalidade ......................................................... 148
3. Arte e linguagem ............................................................................. 149
4. Da linguagem às linguagens ............................................................ 150
5. A questão das unidades e dos códigos . ............................................ 152
6. O papel do contexto ........................................................................ 153
7. As funções da linguagem ................................................................. 154
8. A abordagem da linguagem em causa .............................................. 155
9. Conclusão ........................................................................................ 157
9. A estética das imagens animadas ....................................................... 159
1. A estética, do lado da análise ........................................................... 161
2. A estética, do lado artístico . ............................................................ 163
3. A estética, do lado da sensação ........................................................ 166
Conclusão: para uma estética impura .................................................. 169
10. O espectador .................................................................................... 173
1. O espectador‑alvo: economia, sociologia .......................................... 173
2. O espectador representado ............................................................... 176
2.1 Figuração ................................................................................... 176
2.2 Interpelação ............................................................................... 178
2.3 Direcção .................................................................................... 179
3. O espectador analisado .................................................................... 180
3.1 Gestalttheorie e gestaltismo . ....................................................... 180
3.2 Filmologia . ................................................................................ 181
3.4 Pragmática ................................................................................. 186
3.5 Cultural Studies . ........................................................................ 187
3.6 Cooperação textual . .................................................................. 187
3.7 Cognitivismo ............................................................................. 188
4. Espectadores singulares: escritores, críticos, analistas, teóricos ........ 188
11. Analisar a televisão .......................................................................... 191
1. Os mundos da televisão ................................................................... 192
1.1 O mundo real ............................................................................ 192
1.2 O mundo ficcional . ................................................................... 193
284
1.3 O mundo lúdico ........................................................................ 193
2. A comunicação televisiva ................................................................. 195
2.1 A rotulagem dos programas ....................................................... 195
2.2 O programa como objecto de comunicação .............................. 196
2.3 A promessa da cadeia . ............................................................... 197
3. Os géneros televisivos . ..................................................................... 200
3.1 Um instrumento de regulação ................................................... 200
3.2 Um indicador de sucesso ........................................................... 201
3.3 Um instrumento de análise ....................................................... 201
3.4 Um quadro necessário à interpretação ....................................... 202
4. A programação . ............................................................................... 203
4.1 Temporalidade das cadeias, temporalidade dos telespectadores . .. 203
4.2 A adaptação dos programas à vida quotidiana . ......................... 204
4.3 O papel da publicidade na programação ................................... 205
12. As imagens interactivas ................................................................... 209
1. A imagem . ....................................................................................... 209
1.1 Que imagem? ............................................................................. 209
1.2 Que representação? .................................................................... 212
2. O espectador . .................................................................................. 214
2.1 Um espectador «interior» ........................................................... 214
2.2 Uma leitura complexa . .............................................................. 216
3. O enquadramento ............................................................................ 218
3.1. Um pensamento do enquadramento ......................................... 218
4. O ponto de vista .............................................................................. 223
4.1 Uma imagem‑objecto ................................................................ 223
4.2 Um alargamento do campo dos possíveis .................................. 224
4.3 Uma multiplicidade dos centros ................................................ 225
4.4 Uma abolição do olhar? ............................................................. 226
13. Textos icónicos, o jogo das imagens e das palavras:
imprensa e publicidade «de papel» .................................................. 227
1. Nas paredes das grutas... .................................................................. 227
2. Textos icónicos . ............................................................................... 228
3. Um leitor panóptico . ....................................................................... 231
4. Primeira abordagem teórica: ancoragens e relés ............................... 232
5. Do escrito entregue a si mesmo ....................................................... 233
6. Seis funções de escoramento aplicadas à mensagem publicitária . .... 234
6.1 Função de consolidação ............................................................. 234
6.2 Função de enunciação ............................................................... 234
285
6.3 Função de figuração .................................................................. 235
6.4 Função de explicitação . ............................................................. 235
6.5 Função de elucidação . ............................................................... 235
6.6 Função de invalidação ............................................................... 236
7. Textos de imprensa e «mitografias» .................................................. 237
8. A imagem da primeira página: colisões e colusões ........................... 238
9. Condensações e deslocamentos ........................................................ 240
10. Processo de «elaboração» ................................................................ 241
Para concluir: textos icónicos em regime «espectacular» ...................... 242
Conclusão . ............................................................................................. 245
Notas ...................................................................................................... 247
Bibliografias ........................................................................................... 257
Índice dos nomes próprios ..................................................................... 269
Índice das principais noções .................................................................. 274
Índice dos quadros de metodologia ....................................................... 278
Índice dos «zooms informativos» ........................................................... 279
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