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VIGILÂNCIA LABORATORIAL NO PERÍODO PÓS ELIMINAÇÃO

SARAMPO

MARIA AUXILIADORA MONTEIRO NOVAIS


Farmacêutica-Bioquímica/Epidemiologista
Laboratório Central de Saúde Pública
LACEN/FVS-AM
SARAMPO

• É uma doença viral infecciosa aguda, potencialmente grave,


transmissível, extremamente contagiosa, comum na infância.
• Agente Etiológico: RNA vírus pertencente ao gênero Morbillivirus,
família Paramyxoviridae.
• Modo de Transmissão: ocorre de forma direta, por meio de
secreções de nasofaringe expelidas ao tossir, espirrar, falar ou
respirar.
• Período de Transmissibilidade: 4 a 6 dias antes do exantema até 4
dias após seu aparecimento (>2 dias antes e 2 dias após o início
do exantema).
• Período de incubação: ~ 10 dias (7 a 18 dias).
Nota Técnica Nº 05/2018/DVE/FVS-
AM de 07/03/2018

Definição de Caso Suspeito para Sarampo

Todo indivíduo que, independentemente da idade e da


situação vacinal, apresentar febre e exantema
máculopapular acompanhados de um ou mais dos
seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou coriza e/ou
conjuntivite; ou todo indivíduo suspeito com história de
viagem à região com caso confirmado de sarampo nos
últimos 30 dias, ou de contato, no mesmo período, com
alguém que viajou.
EVOLUÇÃO DOS SINAIS E
SINTOMAS DO SARAMPO
PORTARIA Nº 204, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016
Ministério da Saúde

• Define a Lista Nacional de notificação compulsória de


doenças, agravos e eventos de saúde pública nos
serviços de saúde públicos e privados em todo o território
nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências.
PORTARIA Nº 204, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016
Ministério da Saúde
PLANO DE SUSTENTABILIDADE DO SARAMPO
MINISTÉRIO DA SAÚDE
OS 3 COMPONENTES PARA UM
PROGRAMA DE ELIMINAÇÃO

• Altas coberturas vacinais

• Vigilância Epidemiológica

• Rede de Laboratórios ( Sorologia e Biologia Molecular)


DIAGNÓSTICO E
INVESTIGAÇÃO CINENTÍFICA
DIAGNÓSTICO

• Diagnosticando Doenças Infeciosas.


- Diagnóstico Clínico;
- Diagnóstico Epidemiológico;
- Diagnóstico Laboratorial;

• Como Diagnosticar Infecções no Laboratório?


- Diretamente: detecção do agente infecioso ou partes dele;
- Indiretamente: detecção de anticorpos produzidos contra o
agente infecioso;
DIAGNÓSTICO

• Fatores que auxiliam no diagnóstico das doenças


exantemáticas.
- Idade do paciente;
- Situação vacinal;
- Relato de viagem;
- Presença de tosse;
- Período do ano;
- Características do exantema ????
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

1 – Fase aguda – Pesquisa de Anticorpos Anti – IgM

 Amostras coletadas entre o 1º e o 28º dia do aparecimento do exantema


são consideradas amostras oportunas (S1).

 As amostras coletadas após o 28º dia são consideradas tardias, mas,


mesmo assim, devem ser enviadas ao laboratório.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

1 – Sorológico

 Detecção de anticorpos Anti-IgM: desde os primeiros dias até 4


semanas após o aparecimento do exantema.
 Detecção de anticorpos Anti-IgG: podem, eventualmente, aparecer na
fase aguda da doença e costumam ser detectados muitos anos após a
infecção.
 Pode-se avaliar, também, a soroconversão de IgG - (pareamento de
amostras S1 + S2).
METODOLOGIAS DE DIAGNÓSTICO
LABORATORIAL
1 - Para detecção de anticorpos, são utilizadas as seguintes
técnicas:

• ensaio imunoenzimático (EIE/ELISA), para dosagem de IgM e IgG;


• inibição de hemoaglutinação (HI), para dosagem de anticorpos totais;
• imunofluorescência, para dosagem de IgM e IgG;
• neutralização em placas.

• No Brasil, a Rede de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs), referenciada, dos


estados para o MS, utiliza a técnica de ELISA para detecção de IgM e IgG para o sarampo e
rubéola, com sensibilidade de 85% e especificidade de 98%.
METODOLOGIAS DE DIAGNÓSTICO
LABORATORIAL

2 - Para pesquisa de vírus, são utilizadas as seguintes técnicas


de biologia molecular:

• PCR convencional e RT-PCR em tempo real


• Seqüenciamento
• Genotipagem
OBJETIVOS DA IDENTIFICAÇÃO VIRAL

 Identificar o padrão genético circulante no país;


 Diferenciar os casos autóctones dos casos importados;
 Diferenciar o vírus selvagem do vírus vacinal;
 Meio de identificar a fonte e os caminhos da transmissão viral;
 Vigilância da diversidade viral;
 Documentar a interrupção da transmissão do vírus do sarampo.
SARAMPO

Fluxo de informações

Interpretação de resultados laboratoriais


FLUXO DE AÇÕES PARA CASO
SUSPEITO DE SARAMPO

Caso Suspeito
Sarampo

Notificar à Secretaria
Municipal de Saúde
(24h)

Coleta de sangue para Vacinação de Bloqueio


Investigar sorologia e material para Vacinar os contatos
identificação susceptíveis
(em até 48h) viral no 1º contato ( em até 72 horas)
com o paciente
INTERPRETAÇÃO DO RESULTADO

• A classificação de um caso suspeito de sarampo, a partir da interpretação


do resultado dos exames sorológicos, tem relação direta com o período em
que a amostra foi coletada (oportuna ou tardia).
• Todas as amostras de soro (1ª e 2ª) com resultado sorológico IgM positivo
ou inconclusivo deverão ser enviadas ao laboratório de referência nacional
(Fiocruz/RJ) para reteste, com as amostras de material clínico.

Coleta oportuna da amostra Resultado da sorologia Classificação do caso

IgM Reagente Coletar a 2ª amostra (obrigatória)

Reinvestigar se a amostra foi coletada


Até 28 dias desde o início do exantema IgM Não reagente
oportunamente

Inconclusiva Coletar a 2ª amostra (obrigatória)


DESAFIOS NOS RESULTADOS
LABORATORIAIS

• IgM positivo ou inconclusivo

• Falso positivo em casos esporádicos;

• Falso negativo;

• Segunda amostra:
• IgG: importante para interpretação de caso mesmo com uma única amostra

• Diagnostico Diferencial (Dengue, Parvo B19) - interpretação difícil sem segunda


amostra de soro.
CASOS IgM REAGENTES

• Investigação MINUCIOSA
• RETESTE ;
• Diagnostico diferencial;
• Segunda amostra

• IDENTIFICAÇÃO VIRAL :
• Confirma casos esporádicos;
• Exantema por vacina recente.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL PARA SARAMPO

DENGUE

PARVOVÍRUS
CHIKUNGUNYA
AMOSTRA B19
NÃO
REAGENTE
PARA
SARAMPO

ZIKA HERPES
VÍRUS TIPO 6
OBJETIVOS DO DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL
• Detectar casos de sarampo em surtos de outras doenças
exantemáticas

• Validar os resultados IgM positivos para sarampo;

• Identificar outros agentes etiológicos em surtos de doenças


exantemáticas.
COLETA DE AMOSTRAS BIOLÓGICAS
ORIENTAÇÕES PARA PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS
SUCESSO NO DIAGNÓSTICO
LABORATORIAL
• Qualidade das amostras e informações - recomendações:

 Coleta da amostra adequada( tipo de material biológico);


 Importância do período de doença (início dos sintomas/exantema)
 Armazenamento e transporte das amostras coletadas.
 Liberação dos resultados em tempo oportuno contribui para o controle
da doença;
 Articulação entre a Vigilância Epidemiológica e Laboratório para a
identificação e obtenção de amostras fora do período oportuno.
COLETA DE AMOSTRAS - TIPO DE
MATERIAL
• As amostras de sangue dos casos suspeitos, coletadas nas
Unidades de Saúde, devem ter a coleta, sempre que possível, no 1º
atendimento ao paciente.
Amostras coletadas entre o 1º e o 28º dia do aparecimento do exantema são
consideradas amostras (coletas) oportunas (S1).
• As coletadas após o 28º dia são consideradas tardias, mas, mesmo
assim, devem ser encaminhadas ao laboratório.
 Os resultados de IgM reagente, indeterminado ou inconclusivo,
independentemente da suspeita, devem ser comunicados imediatamente à
vigilância epidemiológica estadual, para a realização da reinvestigação e coleta
da 2ª amostra de sangue (obrigatória)
 A realização da 2ª coleta (S2) é obrigatória e imprescindível para a classificação
final dos casos, e deverá ser realizada entre 20 e 25 dias após a data da 1ª
coleta.
PROCEDIMENTOS PARA COLETA

1. Para sorologia

• Material - O material a ser coletado é o sangue, na quantidade de 5 a 10


mL e sem anticoagulante;

• Tipo de amostra – soro;

• OBS - Quando se tratar de criança muito pequena, e não for possível


coletar o volume estabelecido, coletar 3 mL.
PROCEDIMENTOS PARA COLETA

• Separação do soro

 A separação do soro pode ser feita por meio de centrifugação, após a


retração do coágulo em temperatura ambiente ou a 37ºC.
 Deixar o sangue à temperatura ambiente por 1 hora para retração do
coágulo, após a retração do coágulo, separar o soro na centrífuga;
 Dentrifugar o soro no próprio tubo, com tampa, a 1.500 rpm (rotações
por minuto), por 10 minutos;
 Transferir o soro (sobrenadante) para outro frasco estéril e seco. Fechá-
lo hermeticamente com a tampa de borracha;
 Identificar o frasco com o nome do paciente, número do registro (GAL),
tipo de amostra, data da coleta;
 Enviar ao LACEN com a requisição do GAL e ficha do SINAN.
CONSERVAÇÃO E ENVIO AO LACEN

 Após a separação do sangue, conservar o tubo com o soro em


refrigeração, na temperatura de 4º a 8ºC, por, no máximo, 48 horas;

 Enviar ao LACEN no prazo de dois dias, no máximo, colocando o tubo


em embalagem térmica ou caixa de transporte para amostra biológica,
com gelo ou gelo reciclável (gelox);

 Caso o soro não possa ser encaminhado ao laboratório no prazo de


dois dias (48h), congelar o soro à – 20ºC (freezer) até o momento do
transporte para o LACEN. O prazo máximo para envio da amostra ao
LACEN é de 4 dias;
PROCEDIMENTOS PARA COLETA

2 - Para identificação viral

• O vírus do sarampo, pode ser identificado na urina, no aspirado de


nasofaringe, no sangue, no líquor cérebro-espinhal ou em tecidos do
corpo.

O material de eleição para identificação viral é a urina e aspirado


de nasofaringe, onde concentra-se a maior quantidade de vírus.
IDENTIFICAÇÃO VIRAL

2.1. Isolamento viral – urina

• Coletar 15 a 100 mL de urina, em frasco estéril;


• coletar, preferencialmente, a 1ª urina da manhã após higiene íntima,
desprezando o 1º jato e coletando o jato médio. não sendo possível obter
a 1ª urina do dia, colher em outra hora, quando a urina estiver retida de 2
a 4 horas;
• Imediatamente após a coleta, colocar a urina em caixa para transporte de
amostra com gelo recliclável e enviar ao Laboratório Central de Saúde
Pública – LACEN, dentro de 24 a 48 horas, no máximo, para evitar que o
crescimento de bactérias diminua a possibilidade de isolamento do vírus.
A urina não deve ser congelada
IDENTIFICAÇÃO VIRAL

2.2 – Aspirado de nasofaringe

 Colocar os swabs no mesmo tubo contendo meio (fornecido pelo


laboratório);
 Enviar ao LACEN - NÃO CONGELAR.
 Outra maneira de coletar é utilizar uma sonda acoplada a um equipo de
soro com a ajuda de uma bomba a vácuo (presentes em ambiente
hospitalar).

Ilustração: Coleta de swab:

Fonte: Guia de Vigilância em Saúde, 2017.


PERÍODO E CRITÉRIOS PARA COLETA DE
ESPÉCIMES PARA IDENTIFICAÇÃO

 Amostras de espécimes clínicos (urina e aspirado de


nasofaringe) devem ser coletadas até o 5º dia a partir do início do
exantema, preferencialmente nos 3 primeiros dias;
 O período pode ser estendido em consonância com a Vigilância
epidemiológica e o laboratório;
 Em presença de surto de sarampo, independentemente da
distância do laboratório central; casos importados e independente
do país de origem, em todos os casos com resultado laboratorial
IgM positivo ou indeterminado para sarampo, observar o período
de coleta adequado.
INDICADORES OPAS
RECOMENDAÇÕES DA VIGILÂNCIA LABORATORIAL DAS
DOENÇAS EXANTEMÁTICAS PÓS ELIMINAÇÃO

• Coletar amostra sorológica e identificação viral no 1º contato com o paciente;

• Todo caso suspeito de sarampo com IgM+, inconclusivo deve ter 2ª amostra coletada;

• Casos suspeitos em que amostra foi coletada antes do 5º dia do início do exantema e que
apresente resultados não reagente (IgM e IgG), devem ter 2ª amostra coletada;

• Realizar diagnóstico diferencial: Dengue, Parvovírus B19, Herpes, Citomegalovírus,


Mononucleose, Exantema Súbito, Zika Vírus e Chikungunya (conforme clínica e situação
epidemiológica local);

• O Critério Laboratorial deve ser considerado PADRÃO OURO para encerramento de casos de
sarampo.

• Cada cadeia de transmissão deve ter pelo menos uma identificação viral;

• Manter atividades para atingir as metas dos Indicadores de Qualidades das Vigilâncias
Epidemiológica e Laboratorial das Doenças Exantemáticas.
ENCAMINHAMENTO DE AMOSTRAS AO
LACEN SISTEMA GAL

• As amostras deverão estar acompanhadas de ficha


epidemiológica e requisição do GAL devidamente preenchidas e
legíveis.
• O rótulo de cada amostra deve conter nome do exame, nome do
paciente completo e por extenso, data da coleta, natureza da
amostra e número da amostra (se 1ª ou 2ª amostra),
• Usar etiquetas com tinta resistente aos meios de conservação e
legível.
• Todas as amostras encaminhadas ao LACEN devem estar
cadastradas pela unidade no sistema GAL (encaminhar para a
rede/imprimir relatório de encaminhados em 2 vias).
ENCAMINHAMENTO DE AMOSTRAS AO
LACEN SISTEMA GAL
ENCAMINHAMENTO DE AMOSTRAS AO
LACEN SISTEMA GAL
LACEN - INFORMAÇÕES

FVS/LACEN - Setor de Virologia


Responsável: Auxiliadora Novais
E-mail: lacenam.virologia@yahoo.com.br
Telefones: (92) 3182-8760 / 3182-8750
Celular Institucional: (92) - 98428-2607

FVS/LACEN - Setor de Recepção de Amostras


Responsável: Ester Avelino
E-mail: lacenam.biomedica@yahoo.com.br
Telefones: (92) 3182-8802 / 3182-8750
Celular Institucional: (92) - 98427-2331

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