Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Contribuições da psicologia ao
estudo e à intervenção no campo da
velhice
Contributions of psychology to research and
intervention in the field of aging
Resumo Introdução
Frente ao crescimento da popula- Durante o século XX, o envelheci-
ção idosa e às mudanças ideológicas mento populacional ocorrido na Euro-
em curso, a atuação do psicólogo
com os idosos constitui-se a partir da pa ocidental e nos Estados Unidos, re-
interação da psicologia com outros giões onde a ciência do comportamen-
campos da saúde e do atendimento so- to primeiro se estabeleceu, foi forte ra-
cial. Boa formação científica e huma- zão social para a emergência do interes-
nística e cultivo do trabalho multipro-
fissional permitem bem atuar nos cam- se da psicologia pelo estudo da velhice
pos trabalho, saúde, planejamento e pelo atendimento a idosos. O progres-
ambiental, lazer, educação, sociabilida- so social desfrutado por vários países
de, família, comunidade, reabilitação e
deu origem ao aumento no número de
tratamento, construção de instrumen-
tos e técnicas de avaliação, pesquisa idosos ativos, saudáveis e envolvidos
e ensino de psicologia do envelheci- socialmente, em lugar de idosos doen-
mento, criando soluções apropriadas tes, apáticos, incapacitados e que mor-
às várias realidades de velhice normal
riam cedo, até então predominantes. Os
e patológica no Brasil.
princípios científicos vigentes não ex-
Palavras-chave: velhice, psicologia, plicavam mais o fenômeno que se obser-
campo de atuação profissional. vava nas ruas, nas instituições sociais,
69
RBCEH - Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 69-80 - jan./jun. 2004
nas universidades e entre os próprios Após realizar estudos isolados sobre
psicólogos mais velhos. Paralelamente, temas tais como atitudes em relação à
o crescimento do contingente de idosos velhice e sobre o papel de eventos de
com maior poder político criou condições transição na adaptação de adultos e de
para que pesquisadores e praticantes de idosos, os cientistas começaram a per-
várias profissões, entre as quais a psicolo- seguir as características e os determi-
gia, passassem a investir mais na pesqui- nantes do envelhecimento bem-sucedi-
sa e na intervenção com esse segmento. do. Com isso, a partir da década de 1960,
A psicologia estava preparada para a psicologia foi aprimorando a descrição
mudar seus pressupostos, uma vez que e a explicação dos fenômenos do enve-
as teorias de estágio, que não contempla- lhecimento (processo), da velhice (fase
vam a velhice, já estavam sendo vistas da vida) e dos idosos (indivíduos desig-
como superadas, em parte porque não nados como tal, a partir dos critérios da
tinham explicação satisfatória para as sociedade). Consulta à base de dados
fases do desenvolvimento ulteriores à Psychoinfo mostra 160 registros em
adolescência. Surgiam novos paradig- 1966, 9 609 em 2001 e 3 651 no primei-
mas, que abriam espaço à consideração ro semestre de 2002, bem como uma
da influência conjunta, interativa e his- produção acumulada de 151 151 títulos.
tórica do contexto social e cultural e das A subárea mais desenvolvida é a da
condições genético-biológicas e psicoló- cognição, totalizando mais de 60% dos
gicas sobre o desenvolvimento de indi- trabalhos publicados na literatura inter-
víduos e de grupos etários. Neles, come- nacional, em parte por causa da impor-
çou-se a considerar que desenvolvimen- tância dos processos intelectuais para o
to e envelhecimento são processos bem-estar e a autonomia dos idosos, em
multidimensionais e multidirecionais parte para atender a demandas sociais,
que englobam um delicado equilíbrio visto que são altos os custos sociais da
entre vantagens e limitações. velhice disfuncional. Estudos longitu-
A psicologia beneficiou-se da intera- dinais e de corte transversal trouxeram
ção com as ciências sociais, que avança- dados robustos sobre a importância da
vam na compreensão dos processos so- integridade dos processos intelectuais e
ciais subjacentes à construção das socie- da continuidade dos mecanismos de
dades, dos grupos e das mentalidades. A auto-regulação da personalidade na de-
tradição já estabelecida de realizar estu- terminação da longevidade e da boa qua-
dos longitudinais sobre inteligência con- lidade de vida na velhice. Atividade,
feria à psicologia boas condições para cri- envolvimento social e estilo de vida sau-
ar estratégias e técnicas de investigação dável (ROWE e KAHN, 1998), além de
e de intervenção sobre os processos evo- ter metas na vida, acreditar na capacida-
lutivos na vida adulta e na velhice. de de controlar a própria vida e ser ca-
70
RBCEH - Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 69-80 - jan./jun. 2004
Contribuições da psicologia ao estudo e...
71
RBCEH - Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 69-80 - jan./jun. 2004
atingiram 15,3 para os homens e 18,1 e na geração de programas de promoção
para as mulheres (Camarano et al., de qualidade de vida e de mudança de
1999); em 2000 foi de 16 anos para os atitudes.
homens e de 19,5 para as mulheres. Com o envelhecimento populacio-
Nesse ano, a esperança de vida do brasi- nal, em todas as camadas sociais deverá
leiro aos sessenta anos era de 17,8 anos; aumentar a necessidade de oferta de ser-
aos 65, de 14,3; aos 70, de 11,1; aos 75, viços de reabilitação cognitiva e de apoio
de 8,4 e, aos 80, de 6,1 (IBGE, 2000). psicológico a idosos, já que o avanço da
O envelhecimento populacional é velhice está associado a um risco au-
caracterizado por declínio da mortalida- mentado de vulnerabilidade e disfuncio-
de infantil, por diminuição de mortes nalidade. Familiares e profissionais
de adultos por doenças infecciosas e encarregados de cuidar deverão buscar
pelo declínio das taxas de natalidade. mais serviços psicológicos no âmbito da
Vem ocorrendo de forma relativamente informação, do desenvolvimento de ha-
rápida no Brasil, tanto que nossa popu- bilidades e do restabelecimento do bem-
lação de pessoas de 65 anos e mais cres- estar psicológico e físico. Instituições
ceu de 2,8% em 1960 para 3,1% em prestadoras de serviços sociais, de saú-
1970; 4,0% em 1980; 4,8 em 1991 e para de, bem-estar, beleza, entretenimento,
5,1% em 2000. Prevê-se uma taxa de propaganda, lazer e educação necessita-
5,9% em 2010 e de 7,7% em 2020. rão de serviços psicológicos de promo-
Embora o crescimento do número de ção à saúde, educação, reabilitação e
idosos na população total e o aumento planejamento ambiental. A diminuição
da expectativa de vida sejam indícios de da natalidade deverá contribuir para
progresso social, sua ocorrência provo- deslocar, em parte, a atenção exclusiva
ca o aparecimento de novas demandas e dada à infância e à adolescência para os
de novos problemas. Em países onde mais velhos. Com isso, deveremos ter
impera forte desigualdade social e onde alterações no mercado de trabalho do
não há políticas de atendimento das psicólogo, com repercussões sobre a sua
necessidades evolutivas para cidadãos de formação.
todas as idades, caso do Brasil, as neces-
sidades decorrentes do envelhecimento A psicologia e o estudo da
individual e social costumam acarretar
ônus econômico, conflitos de interesses
velhice dos idosos
e carências de todo tipo entre os cidadãos A psicologia do envelhecimento foca-
e as instituições. Esse é um campo pri- liza as mudanças nos desempenhos
vilegiado para a ação do psicólogo, que cognitivos, afetivos e sociais, bem como as
pode atuar na orientação e no acompa- alterações em motivações, interesses, ati-
nhamento a indivíduos e a instituições tudes e valores que são característicos dos
72
RBCEH - Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 69-80 - jan./jun. 2004
Contribuições da psicologia ao estudo e...
anos mais avançados da vida adulta e dos sos, à avaliação comportamental e à rea-
anos da velhice. Enfoca as diferenças bilitação. No campo do tratamento e da
intra-individuais e interindividuais que reabilitação, é comum hoje pensar em
caracterizam os diferentes processos psi- ações multiprofissionais. A fisioterapia,
cológicos na velhice, levando em conta os a terapia ocupacional, a fonoaudiologia
desempenhos de diferentes grupos de ida- e a enfermagem são exemplos dessas
de e sexo e de grupos portadores de dife- profissões, que, junto com a psicologia
rentes bagagens educacionais e sociocul- clínica, podem oferecer ajuda e cuida-
turais. Estuda também os processos e as do aos idosos em casos de dependência
condições problemáticas que caracteri- física e cognitiva. As mesmas profissões
zam e que afetam o funcionamento psi- e, além delas, a psicologia educacional
cológico dos indivíduos mais velhos. Nes- e a psicologia comunitária podem ofe-
se aspecto particular, o estudo da velhice recer alternativas de ajuda aos familia-
beneficia-se da contribuição concorrente res de idosos acometidos de doenças que
de várias disciplinas. Dentre essas se des- causam incapacidade física e cognitiva,
tacam a neurologia, a psiquiatria e a bio- organizando grupos de apoio emocional,
química, quando a questão é o declínio de informação e de auto-ajuda.
em capacidades cognitivas, por causa de A psicologia interessa-se, igualmen-
síndromes neurológicas típicas da velhi- te, por descrever e explicar as condições
ce ou de acidentes vasculares cerebrais, sob as quais é possível ocorrer a preser-
cuja probabilidade de ocorrência aumen- vação do potencial para o comportamen-
ta com a idade. Juntamente com a biolo- to e o desenvolvimento. Já se sabe que
gia, a medicina e as ciências sociais for- isso ocorre em alguns domínios do fun-
mam a base de conhecimentos da geron- cionamento intelectual, manifestos em
tologia (BIRREN e SCHROOTS, 1996). alta competência para a realização de
O paradigma que presidiu a constitui- atividades da vida prática e para lidar
ção da psicologia do envelhecimento é o com complexos problemas existenciais,
do desenvolvimento ao longo de toda a ambos dependentes do acúmulo de ex-
vida (lifespan). Pressupõe que envelheci- periência de vida (NERI, 2001; 2002).
mento e desenvolvimento são processos No Quadro 1, apresentamos os temas
correlatos e que, mesmo na presença das correntes em psicologia do envelheci-
limitações de origem biológica, os proces- mento, baseado no sumário da quarta e
sos psicológicos já estabelecidos se man- da quinta edições do Handbook of
têm e, se o ambiente cultural for propí- psychology of aging, editado por J. E.
cio, pode ocorrer desenvolvimento na Birren e K. W. Schaie, em 1996 e 2001.
velhice (BALTES, 1987, 1997). São reconhecidos como representativos
A psicologia oferece contribuições do status da área no âmbito internacio-
importantes à compreensão dos proces- nal e contêm resenhas dos avanços nos
73
RBCEH - Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 69-80 - jan./jun. 2004
assuntos mais importantes do campo nos tos e as sínteses de modo a dar uma vi-
últimos cinco anos. Especialistas são são orientadora aos estudiosos.
incumbidos de produzir os levantamen-
1. Genética comportamental*
2. A velhice e o sistema nervoso humano
3. Mudanças cognitivas associadas à idade e relações entre o cérebro e o comportamento
4. Saúde e comportamento;* Comportamentos de risco em saúde
5. Influências ambientais sobre o comportamento na velhice
74
RBCEH - Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 69-80 - jan./jun. 2004
Contribuições da psicologia ao estudo e...
Campos em que a pscicologia pode contribuir para o bem-estar objetivo e subjetivo dos idosos
2. Relações sociais. Por exemplo, envolver treino de habilidades sociais para programas de ação gerontológica
em saúde e em defesa dos direitos sociais.
4.Instituições públicas e privadas de assistência social e à saúde dos idosos. Oferecer treinamento de
habilidades profissionais e apoio psicológico a profissionais que trabalham com idosos, assessoria ao
planejamento e à avaliação de serviços.
5. Educação, lazer e sociabilidade. Os psicólogos podem oferecer informação psicológica e atividades grupais
visando ao aprimoramento de habilidades sociais, atuar no planejamento do currículo e fazer pesquisa, tendo
em mente que a educação é um processo permanente e que os idosos devem ser tratados como participantes
ativos com uma história de vida e conhecimentos a serem respeitados. Na educação não formal, as
possibilidades se ampliam em programas veiculados pela mídia impressa e televisiva, pela internet, sobre
qualidade de vida, saúde, relações sociais, cidadania, alfabetização. Também, pela organização e orientação de
centros de memória, grupos de avós, de contadores de história e de voluntários, clubes recreativos, centros de
convivência e programas de autogestão por idosos, no trabalho, no lazer ou na ação social.
6. Trabalho. Muitos idosos trabalham para sobreviver ou para ajudar os membros mais jovens da família. Outros
o fazem por opção. O psicólogo pode ajudar com programas de capacitação e reciclagem para o trabalho,
treino de atitudes e motivação. No contexto organizacional, ele pode operar em favor dos mais velhos,
desenvolvendo instrumentos e técnicas de seleção, acompanhando providências no campo da ergonomia,
trabalhando na prevenção de riscos e promovendo alterações na cultura organizacional de modo a favorecer o
aproveitamento das competências dos idosos. Pode trabalhar atitudes e procedimentos de pessoal de recursos
humanos para lidar com os trabalhadores mais velhos; pode ajudá-los a flexibilizar a carreira, a desenvolver
papéis profissionais adequados aos ganhos da maturidade, a planejar uma segunda carreira ou a preparar-se
para a aposentadoria. Os idosos podem desenvolver atividades profissionais e de prestação de serviços
assumindo papéis de consultores, auditores e assessores especializados, transformando a experiência acumulada
em serviços. 75
7. Ambiente ecológico. Os focos são a segurança, o conforto e a satisfação nas cidades, nos lares e nas
instituições,
RBCEH fatores Brasileira
- Revista que contribuem para ado
de Ciências boa qualidade de vida
Envelhecimento objetiva
Humano, e subjetiva
Passo Fundo,dos idosos.
69-80 - jan./jun. 2004
9. Redação de material informativo, utilizando os mais variados suportes (livros, folhetos, artigos ou entrevistas
em jornais, TV, rádio, CD-ROM, videocassete) e dirigidos às mais variadas audiências (idosos, crianças,
comunidade, políticos, professores, estudantes de psicologia).
11. Pesquisa, visando à geração de conhecimento relevante do ponto de vista teórico e social, o que significa
pesquisar tendo em vista os progressos acumulados da ciência, bem como os problemas da vida real dos
brasileiros.
12. Ensino de psicologia do envelhecimento em cursos de psicologia, educação e medicina, quebrando velhos
tabus sobre a velhice como período de declínio, sobre a impossibilidade de educar idosos e da velhice como
problema de saúde. Melhor será se esse ensino for teórica e empiricamente fundamentado, não baseado em
teorias do senso comum sobre a velhice.
Em todos esses contextos de atuação, tadas pela profissão, como podemos ver
o psicólogo pode desempenhar um am- no Quadro 3, inspirado em Carstensen,
plo leque de funções que lhe são facul- Edelstein e Dornbrand (1996).
1. Avaliação psicológica
2. Planejamento e execução de intervenção psicológica
3. Orientação e aconselhamento
4. Informação e mudança de atitudes em relação à velhice
5. Psicoterapias individuais e grupais com idosos, voltadas para problemas de ordem emocional e psicossocia
6. Tratamento de déficits e de distúrbios cognitivos e psicomotores, ou reabilitação cognitiva dos idosos
7. Orientação, aconselhamento e psicoterapia, individuais e grupais, a familiares de idosos dependentes e
fragilizados
8. Intervenções individuais e grupais em situações de crise
9. Assessoria a instituições públicas, a organizações públicas e privadas que amparam e cuidam de idosos e a
famílias de idosos
10. Assessoria, planejamento e execução de programas de promoção em saúde na comunidade
11. Assessoria, planejamento e execução de programas de promoção social para idosos
12. Assessoria e planejamento de providências ecológicas e de programas de mudança de atitudes visando ao
bem-estar dos idosos, nas cidades, nas instituições e nas organizações
13. Apoio psicológico a profissionais que cuidam de idosos
14. Participação em equipes multiprofissionais
76
RBCEH - Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 69-80 - jan./jun. 2004
Contribuições da psicologia ao estudo e...
Embora não esgote o leque de opções de. No Quadro 4, vemos uma relação de
da profissão, o campo central de formação campos de intervenção clínica específicos
e de identificação do psicólogo é o da saú- ao campo da velhice (Birren et al., 1992).
Quadro 4 - Principais campos de intervenção clínica para os psicólogos que lidam com idosos
77
RBCEH - Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 69-80 - jan./jun. 2004
tência comportamental, da dependên- motivação e atitudes. Pode atuar direta-
cia, da depressão, da insegurança, do mente no planejamento e assessoramento
isolamento, do abandono, da negligên- empresas, profissionais, familiares e o
cia e dos maus-tratos (LAWTON, 1991). próprio idoso, para proporcionar condi-
O psicólogo pode atuar sobre o am- ções para que o idoso possa viver bem no
biente do idoso com base em conheci- seu ambiente (SCHAIE e SCHOOLER,
mentos oferecidos pela psicologia da per- 1998; NERI, 2000) (Quadro 5).
cepção e por estudos sobre satisfação,
Quadro 5 - Tópicos de interesse em psicologia ambiental e envelhecimento
1. A avaliação dos contextos gerontológicos, como, por exemplo, o lar e os asilos, com base em teorias
psicológicas e sociológicas
2. O controle ambiental como base para a segurança e a competência física e psicossocial dos idosos
3. Características psicossociais dos ambientes gerontológicos. O papel da organização, da beleza, do conforto e
da novidade
4. Os ambientes de lazer, educação e sociabilidade como contextos de desenvolvimento
5. Fatores ambientais de risco para o abandono, maus-tratos e violência em relação aos idosos, na cidade, nas
instituições e em casa
Considerações finais
Os psicólogos que hoje estão traba- hoje poucas possibilidades de atuação
lhando com idosos valem-se de informa- para os psicólogos uma vez que: a) ain-
ções advindas de várias áreas da psico- da não existe opinião formada na clien-
logia, estando afiliados especialmente a tela em relação à validade ou à possibi-
serviços de saúde existentes em hospi- lidade de realizar intervenções psicote-
tais e em centros de saúde. As iniciati- rapêuticas com idosos; b) os cursos de
vas em medicina da família, recente pro- psicologia não investem nessa faixa
grama do Ministério da Saúde que en- etária nem estimulam os futuros psicó-
volve parceria entre prefeituras e hospi- logos a melhor compreendê-la; c) preva-
tais de referência, deverão abrir um lecem preconceitos a respeito da flexi-
campo novo para o profissional de psi- bilidade dos idosos para a mudança, o
cologia. Instituições asilares, casas de que tradicionalmente tem sido um en-
repouso particulares, instituições públi- trave para o desenvolvimento de trata-
cas, universidades abertas à terceira ida- mentos apropriados aos mais velhos; d)
de, cursos de especialização e centros de a clínica exercida em moldes individuais
convivência para idosos estão abrindo e privados é cara para uma população
outros espaços para atuação. pobre, caso da maioria dos idosos; e) o
No campo da psicologia clínica serviço público de saúde não presta aten-
exercida nos moldes tradicionais, há dimento psicológico universal à popu-
78
RBCEH - Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 69-80 - jan./jun. 2004
Contribuições da psicologia ao estudo e...
79
RBCEH - Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 69-80 - jan./jun. 2004
Referências IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
tatística, 2000. Disponível em: http://
BALTES, P. B. Theoretical propositions of the www.ibge.gov.br/home/estatistica/populaçao/
life span developmental psychology: on the tabuadevida/textoambosossexos2000/shtm
dynamics between growth and decline. LAWTON, M. P. A multidimensiol view of
Developmental Psychology, v. 23, p. 611-696, quality of life in frail elders. In: BIRREN, J. E.
1987. et al. (Ed.). The concept and measure of quality of
BALTES, P. B. On the incomplete architecture life in the frail elderly. San Diego, Cal.: Academic
of human ontogeny. Selection, optimization, Press, 1991. p. 4-26.
and compensation as foundation of NERI, A. L. Qualidade de vida na velhice e aten-
developmental theory. American Psychologist, v. dimento domiciliar. In: DUARTE, Y. A. de O.;
4, n. 52, p. 366-380, 1997. DIOGO, M. J. D’Élboux (Org.). Atendimento
BALTES, P. B.; MAYER, K. U. (Ed.). The Berlin domiciliar: um enfoque gerontológico. São
aging study. Aging from 70 to 105. Cambridge: Paulo: Atheneu, 2000. cap. 5.
Cambridge University Press, 1999. NERI, A. L. Paradigmas contemporâneos sobre
BIRREN, J. E.; SCHAIE, K. W. (Ed.) Handbook o desenvolvimento e o envelhecimento. In:
of psychology of aging. 4 th ed. San Diego: NERI, A. L. (Org.). Desenvolvimento e envelhe-
Academic Press, 1996. cimento. Campinas: Papirus, 2001. cap. 1.
BIRREN, J. E.; SCHAIE, K. W. (Ed.). Handbook NERI, A. L. Envelhecer bem no trabalho: pos-
of psychology of aging. 5 th ed. San Diego: sibilidades individuais, organizacionais e so-
Academic Press, 2001. ciais. A Terceira Idade/Sesc, São Paulo, v. 13, n.
24, p. 7-27, 2002.
BIRREN, J. E.; SCHROOTS, J. J. F. Concepts,
theory, and methods in the psychology of aging. ROWE, J. R.; KAHN, R. L. Successful aging. New
In: BIRREN, J. E.; SCHAIE, K. W. (Ed.). York: Pantheon Books, 1998.
Handbook of psychology of aging. 4th ed. San SCHAIE, K. W.; SCHOOLER, C. (Ed.). Impact
Diego: Academic Press, 1996. cap. 1. of work on older adults. New York: Springer, 1999.
BIRREN, J. E. et al. (Ed.). Handbook of mental
health and aging. San Diego: Academic Press, Endereço
1992.
Avenida Bertrand Russell, 801
CAMARANO, A. A. et al. Como vive o idoso
Campinas - SP
brasileiro? In: CAMARANO, A. A. (Org.). Muito
além dos 60. Os novos idosos brasileiros. Rio de CEP: 13083-970
Janeiro: Ipea, 1999. Fone (19) 3788 5670/5595/5555.
CARSTENSEN, L. L.; EDELSTON, B. A; E-mail: anitalbn@lexxa.com.br
DORNBRANB, L. (Ed.). The practical handbook
of clinical gerontology. Thousand Oaks, Cal.: Sage.
80
RBCEH - Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, 69-80 - jan./jun. 2004