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2apostila de Literatura PDF
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MÉTRICA
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b) Interpoladas ou intercaladas: O primeiro verso c) Esdrúxulas: Quando a rima acontece entre palavras
rima com o quarto, e o segundo com o terceiro (abba). proparoxítonas.
“Eu, filho do carbono e do amoníaco, Exemplo: Mágico/Trágico, Fábula/tábula.
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.”
(Psicologia de um Vencido, Augusto dos Anjos)
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Sonoridade
GÊNEROS LITERÁRIOS
a) Perfeitas (consoantes, soantes, totais): Há uma
perfeita identidade dos sons finais, assim como uma Quanto à forma, o texto pode apresentar-se em prosa
semelhança entre as últimas vogais e consoantes. ou verso. Quanto ao conteúdo, estrutura, e segundo os
Exemplo: Fada/dourada, rosa/formosa, anil/Brasil. clássicos, conforme a "maneira de imitação", podemos
enquadrar as obras literárias em três gêneros:
b) Imperfeitas (assonantes, toantes, parciais): Quan-
GÊNERO LÍRICO
do, ou há identidade apenas entre as vogais finais, não
havendo necessariamente identidade entre os sons fi- Quando um "eu" nos passa uma emoção, um estado;
nais, ou quando o sonoridade é semelhante, mas a grafia centra-se no mundo interior do Poeta apresentando forte
das palavras é diferente. carga subjetiva. A subjetividade surge, assim, como
Exemplo: Estrela/vela, vertigem/virgem, mais/faz, característica marcante do lírico. O Poeta posiciona-se
seis/fez. em face dos "mistérios da vida". É na maioria das vezes
expressa pela poesia. Entretanto é de grande importân-
Valor cia realçar que nem toda poesia pertence ao gênero
a) Pobres: Quando a rima acontece entre palavras da lírico.
mesma classe gramatical. Esse gênero se preocupa principalmente com o
Exemplo: Falar/amar, o calor/o sabor, bonito/bendito. mundo interior de quem escreve o poema, o eu lírico.
Os acontecimentos exteriores funcionam como estímulo
para o poeta escrever. O que é fundamental em um
b) Ricas: Quando a rima acontece entre palavras de poema é o trabalho com as palavras, que dá margem à
classes gramaticais diferentes. compreensão da emoção, dos pensamentos, sentimentos
Exemplo: Cantando/bando, mar/navegar. do eu lírico e, muitas vezes, levam à reflexão, portanto,
sendo geralmente escrito na primeira pessoa do singular.
c) Raras: Quando a rima acontece entre palavras de
difícil combinação melódica. Características:
Exemplo: Cisne/tisne. 1. Elementos gramaticais de primeira pessoa;
2. Predomínio da função emotiva da linguagem;
d) Preciosas: Rimas entre verbos na forma verbo- 3. Recordação (ação de retornar ao coração);
pronome com outras palavras. 4. Imagens poéticas de apelo emocional.
Exemplo: Estrela/Tê-la, Tranquilo/segui-lo.
Ode – é um texto de cunho entusiástico e melódico,
em geral uma música.
HISTÓRIA DA LITERATURA Hino – é um texto de cunho glorificador ou até santi-
ficador. Os hinos de países e as músicas religiosas são
A história da literatura estuda os movi- exemplos de hino.
mentos literários, artistas e obras de uma Soneto – é um texto em poesia com 14 versos, carac-
determinada época com características gerais terizado em dois quartetos e dois tercetos, com rima
de estilo e temáticas comuns, e sua sucessão ao longo geralmente em A-B-A-B A-B-B-A C-D-C D-C-D.
do tempo. Elegia – poesia marcada pela melancolia, cujo tema
As histórias da literatura são divididas em grandes são acontecimentos tristes ou a morte de alguém.
movimentos denominados eras, que se dividem em Idílio e écloga – poesias bucólicas, pastoris, que exal-
movimentos denominados estilos de época ou escolas tam a vida campestre. A écloga difere do idílio por
literárias. apresentar uma estrutura dialógica.
Cada escola literária representa as tendências estéti- Epitalâmio – poesia cuja temática básica são as núp-
co-temáticas das obras literárias produzidas em uma cias de alguém.
determinada época.
GÊNERO DRAMÁTICO
Os Gêneros Literários na Antiguidade
Quando os "atores, num espaço especial, apresen-
Na Grécia Clássica, os textos literários se dividiam tam, por meio de palavras e gestos, um acontecimento".
em três gêneros, que representavam as manifestações Retrata, fundamentalmente, os conflitos humanos.
literárias da época: Drama, em grego, significa "ação". Ao gênero dra-
mático pertencem os textos, em poesia ou prosa, feitos
para serem representados. Isso significa que entre autor
e público desempenha papel fundamental o elenco (in-
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QUESTÃO 07
QUESTÃO 05 (Unifesp) Para o poeta, o espelho é um amigo verdadei-
(Uerj) A concisão é uma das características que mais se ro porque:
destacam na estrutura do poema. Essa concisão pode ser a) Não permite que ele sofra, atrelando-o à realidade em
atribuída a: que vive.
a) Clara ausência de conectivos, explorando a sonorida- b) Aguça seus sentidos, incentivando-o aos devaneios,
de do poema. como uma criança.
b) Pouco uso de metáforas, enfatizando a fragmentação c) Perpetua a crença de que a imaginação nunca se aca-
dos versos. ba.
c) Abrupta mudança de versos, reforçando a lógica das d) Mostra a realidade, desnudando-lhe as faces da velhi-
ideias. ce.
d) Baixa frequência de verbos, exprimindo a inércia do e) Denuncia o estado decrépito em que está, mas cria-
eu lírico. lhe a fantasia da felicidade.
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QUESTÃO 08 QUESTÃO 11
(Unifesp) No poema, a metáfora do espelho é um cami- (PRISE/UEPA-2006) Assinale a alternativa que indica
nho para a reflexão sobre: corretamente os gêneros literários dos textos abaixo
a) A velhice do poeta, revelada por seu mundo interior, relacionados, na sequência em que estão dispostos:
triste e apático. I- “O Dr. Mamede, o mais ilustre e o mais eminente dos
b) A magia do Natal e as expectativas do presente, mai- alienistas, havia pedido a três de seus colegas e a quatro
ores ainda na velhice. sábios que se ocupavam de ciências naturais, que vies-
c) O encanto do Natal, vivido pelo homem-menino que sem passar uma hora na casa de saúde por ele dirigida
a tudo assiste sem emoção. para que lhes pudesse mostrar um de seus pacientes.”
d) A alegria que ronda o poeta, fruto dos sonhos e da (Guy de Maupassant)
esperança contidos no homem e ausentes no menino.
e) As limitações impostas pelo mundo externo ao ho- II- Todas as noites o sono nos atira da beira de um cais
mem e os anseios e sonhos vivos no menino. E ficamos repousando no fundo do mar.
O mar onde tudo recomeça...
Onde tudo se refaz...
QUESTÃO 09 Até que, um dia, nós criaremos asas.
(Unifesp) O fato de o poeta reconhecer em si a existên- E andaremos no ar como se anda na terra.
(Mário Quintana)
cia do menino indica que:
a) Há toda uma fragilidade envolvendo-o, já que se
III- Oh! Que famintos beijos na floresta!
sente um homem triste, ao qual não cabe mais nada
E que mimoso choro que soava!
senão esperar a morte.
Que afagos tão suaves, que ira honesta,
b) Tem consciência de uma força para viver, pois o
Que em risinhos alegres se tornava!
menino se define como sua base e lhe permite romper
O que mais passam na manhã e na sesta,
com a realidade que o circunda.
Que Vênus com prazeres inflamava,
c) Se ajusta placidamente à velhice presente, a qual o
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo;
amigo espelho insiste em mostrar-lhe de forma degra-
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.
dante e revestida de tristeza. (Luiz de Camões)
d) Vive como uma criança, sempre alegre e sonhador,
totalmente alheio ao mundo real de que faz parte. IV- Velha: E o lavrar, Isabel?
e) Contesta o mundo em que vive, idealizado e opressor, Isabel: Faz a moça mui mal feita,
que reflete os seus cabelos brancos e a tristeza que sen- corcovada, contrafeita,
te. de feição de meio anel;
e faz muito mau carão,
e mau costume d’olhar.
QUESTÃO 10 Velha: Hui! Pois jeita-te ao fiar
(Unifesp) No poema, o poeta contesta o senso comum, Estopa ou linho ou algodão;
isto é, a ideia de que: Ou tecer, se vem à mão.
a) As pessoas, na velhice, esperam pelos presentes de Isabel: Isso é pior que lavrar.
Natal. Para ele, os presentes são direitos apenas das (Mário Quintana)
crianças.
b) Os idosos sabem reconhecer a força exercida neles a) Narrativo – Épico – Lírico – Dramático.
pelo tempo. Para ele, essas pessoas deixam a realidade e b) Dramático – Lírico – Épico – Narrativo
vivem num mundo distante e cheio de fantasias. c) Narrativo – Lírico – Épico – Dramático
c) O menino morre com a chegada da vida adulta. Para d) Dramático – Épico – Narrativo – Lírico
ele, o menino está atrelado ao homem até o fim, portan- e) Épico – Dramático – Narrativo – Lírico
to, vivo por toda a vida.
d) A chegada da velhice faz com que as pessoas voltem Instrução: As questões de números 12, 13 e 14 tomam
a ser crianças. Para ele, os idosos são perspicazes e por base um trecho de uma carta do Padre Antônio Viei-
enxergam a realidade de forma crítica e consciente. ra (1608-1697) e um soneto do poeta simbolista brasilei-
e) O Natal é uma época de alegria e de união entre as ro Péthion de Villar (Egas Moniz Barreto de Aragão,
pessoas. Para ele, a ocasião vale pelos presentes e não 1870-1924).
pelos sonhos e sentimentos.
Carta XIII — Ao Rei D. João IV — 4 de abril de
1654
"(...)
Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se
serve quem ali governa como se foram seus escravos, e
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Florente: florido.
Custódio: defesa PADRE ANTÔNIO VIEIRA
B) O amor obsceno-satírico
Orador sacro e escritor português. Veio para o Bra-
Se o erotismo é a exaltação da sensualidade e da beleza
sil com cerca de sete anos onde tornou-se jesuíta.
dos corpos, independentemente da linguagem, que pode
Retorna a Lisboa, sendo nomeado pregador da corte
ser aberta ou velada; se a pornografia é a busca do sexo
e encarregado por Dom João IV de importantes
proibido e culpado através de imagens grosseiras e cho-
missões diplomáticas no exterior. Considerado a
cantes e valendo-se quase sempre de uma forma vulgar;
maior expressão da eloquência sacra em Portugal e
a obscenidade situa-se noutra esfera.
um dos mais ricos escritores do idioma.
Na poesia obscena-satírica, Gregório de Matos não
apresenta qualquer requinte voluptuoso. Sua visão do
Em 1614, com sete anos, muda-se com a família pa-
amor físico é agressiva e galhofeira. Quer despertar o
ra o Brasil, estuda num Colégio Jesuíta da Bahia e, aos
riso ou o comentário maldoso da plateia. Por isso, mani-
15 anos, foge de casa para ingressar na companhia de
festa desprezo pela concepção cristã do amor que en-
Jesus. Aos 18 anos, já ensina Retórica. Desde muito
volve a camada espiritual, conforme podemos verificar
cedo se têm notícias de seus triunfos como pregador e
no texto abaixo:
destaca-se em 1640, quando os holandeses cercam a
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I - Mantém uma estrutura formal e rítmica regular. e) "Pequei Senhor; mas não porque hei pecado,
II - Enfatiza as ideias opostas. Da vossa alta clemência me despido;
III - Emprega a ordem direta. Porque quanto mais tenho delinquido,
IV - Refere-se à cidade de São Paulo. Vos tenho a perdoar mais empenhado. "
V - Emprega a gradação. Gregório de Matos Guerra
Então, pode-se dizer que são verdadeiras:
a) Apenas I, II, IV. QUESTÃO 05
b) Apenas I, II, V. (UFRGS-RS) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso)
c) Apenas I, III, V. as afirmações abaixo sobre os dois grandes nomes do
d) Apenas I, IV, V. Barroco brasileiro.
e) Todas. ( ) A obra poética de Gregório de Matos oscila entre os
valores transcendentais e os valores mundanos, exem-
QUESTÃO 03 plificando as tensões do seu tempo.
(UEL-PR) Ao lado dos versos críticos e contundentes, ( ) Os sermões do Padre Vieira caracterizam-se por uma
em geral dirigidos contra os poderosos e os oportunis- construção de imagens desdobradas em numerosos
tas, há os versos líricos, tocados pelo sentimento amoro- exemplos que visam enfatizar o conteúdo da pregação.
so ou pela devoção cristã. Num e noutro casos, apura- ( ) Gregório de Matos e o Padre Vieira, em seus poemas
vam-se o engenho verbal, as construções paralelísticas, e sermões, mostram exacerbados sentimentos patrióticos
o emprego de antíteses e hipérboles, por vezes inspiran- expressos em linguagem barroca.
do-se diretamente em versos ou fórmulas dos espanhóis ( ) A produção satírica de Gregório de Matos e o tom
Gôngora e Quevedo — mestres desse estilo. dos sermões do Padre Vieira representam duas faces da
O trecho anterior está-se referindo à obra poética de: alma barroca no Brasil.
a) Cláudio Manuel da Costa.
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Responda:
a) Em qual dos fragmentos o sujeito lírico é caracteriza- ROMANTISMO
do de acordo com a convenção arcádica?
b) Explique.
O novo movimento literário valoriza o
QUESTÃO 07 nacionalismo e a liberdade, refletindo os
anseios de um país recém-libertado, que
(Ufscar-SP)
precisa criar sua própria história, sua
"Onde estou? Este sítio desconheço:
própria literatura.
Quem fez diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
CONTEXTO HISTÓRICO
De estar a ela um dia reclinado.
Ali em vale um monte está mudado:
No início do século XIX, o país assistiu a um fato
Quanto pode dos anos o progresso!
decisivo para sua independência política e social: a
Árvores aqui vi tão florescentes,
chegada da corte de D. João VI. Assim que desembar-
Que faziam perpétua a primavera:
cou no Rio de Janeiro, a família real adotou medidas
Nem troncos vejo agora decadentes.
para possibilitar a administração à distância. Entre elas,
Eu me engano: a região esta não era
destacam-se a abertura dos portos, a fundação do Banco
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
do Brasil, a criação dos tribunais de Finanças e de Justi-
Meus males, com que tudo degenera!"
Cláudio Manuel da Costa. Sonetos (VlI). ça, a permissão para o livre funcionamento de indús-
In: Péricles Eugênio da Silva Ramos (Intr., sel. e notas). trias, a implantação da imprensa. Ocorreram ainda as
Poesia do outro - Antologia. São Paulo: Melhoramentos, fundações da Academia Militar e da Biblioteca Real,
1964, p. 47. com 60 mil volumes, que está na origem da Biblioteca
Nacional. Paralelamente a isso, o florescimento do cul-
O estilo neoclássico, fundamento do Arcadismo brasi-
tivo de café deslocava o eixo econômico de Minas Ge-
leiro, de que fez parte Cláudio Manuel da Costa, carac-
rais para São Paulo, onde se concentravam as planta-
teriza-se pela utilização das formas clássicas convencio-
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O GUESA QUESTÃO 02
Sua obra mais perturbadora é O Guesa, poema em (Ufam) Só uma das afirmativas abaixo se refere de
treze cantos, dos quais quatro ficaram inacabados. A modo correto a Sousândrade. Assinale-a:
base do poema é a lenda indígena do Guesa Errante. O a) Sua lírica apresenta a tentativa de reconstruir, dez
personagem Guesa é uma criança roubada aos pais pelo anos depois, a atmosfera de anticonvencionalidade que
deus do Sol e educado no templo da divindade até os 10 os byronianos haviam instaurado durante o segundo
anos, sendo sacrificado aos 15 anos, após longa peregri- momento da poesia romântica.
nação pela "estrada do Suna". b) Incompreendido por seus contemporâneos, esquecido
Na condição de poeta maldito, Sousândrade identifi- pela crítica por mais de sessenta anos depois da morte,
ca seu destino pessoal com o do jovem índio. Porém, no foi recuperada pelas vanguardas do século XX, princi-
plano histórico-social, o poeta vê no drama de Guesa o palmente pelos concretistas.
mesmo dos povos aborígenes da América, condenando c) A sensualidade direta, embora ligada a uma psicolo-
gia infantil, afastou sua obra das visões mórbidas dos
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A importância de Joaquim Manuel de Macedo re- Filho de tradicional família da elite cearense, José
sulta de uma percepção do próprio escritor: o público Martiniano de Alencar nasceu em Mecejana, no interior
leitor nacional, centralizado na capital federal e devora- do Ceará. Seu pai, homem culto, liberal extremado,
dor de folhetins europeus, estava disposto a aceitar um participou de várias revoluções, como a chefiada por
romance adaptado a cenários brasileiros, desde que a Frei Caneca, em 1817, e a Confederação do Equador,
conservado o modelo de enredo das narrativas inglesas e em 1824, exercendo também cargos políticos importan-
francesas. tes, como o de senador do Império. O menino viveu,
portanto, em um ambiente familiar intelectualizado e
Trecho da obra favorável à formação cultural. Tinha nove anos quando
A Moreninha se mudou com os pais para a Corte (Rio de Janeiro),
1 onde fez seus estudos primários, seguindo depois para
Aposta Imprudente São Paulo com o objetivo de concluir o secundário e
Bravo! exclamou Filipe, entrando e despindo a casaca, matricular-se em Direito, curso no qual se formou em
que pendurou em um cabide velho. Bravo!... interessan- 1851, com vinte e dois anos de idade.
te cena! mas certo que desonrosa fora para casa de um De volta à Corte, trabalhou como advogado e jorna-
estudante de Medicina e já no sexto ano, a não valer-lhe lista. Em 1856 teceu duras críticas ao poema Confede-
o adágio antigo: - o hábito não faz o monge. ração dos tamoios, de Gonçalves de Magalhães, que,
- Temos discurso!... atenção!... ordem!... gritaram a um por seu turno, foi defendido pelo próprio Imperador,
tempo três vozes. também sob pseudônimo. No mesmo ano, Alencar pu-
- Coisa célebre! acrescentou Leopoldo. Filipe sempre se blicou seu romance de estreia, Cinco minutos. Em 1857,
torna orador depois do jantar... lançou no jornal O Diário do Rio de Janeiro, sob a
- E dá-lhe para fazer epigramas, disse Fabrício. forma de capítulos, o folhetim O guarani, que teve uma
- Naturalmente, acudiu Leopoldo, que, por dono da repercussão jamais conhecida por qualquer outro escri-
casa, maior quinhão houvera no cumprimento do recém- tor até então no país. Com trinta e cinco anos, casou-se
chegado; naturalmente. Bocage, quando tomava carras- com a sobrinha do Almirante Cochrane, herói da Inde-
pana, descompunha os médicos. pendência. O casal teve quatro filhos.
- C?est trop fort! bocejou Augusto, espreguiçando-se no Obras principais:
canapé em que se achava deitado. Romances urbanos: Cinco minutos (1856); A viuvinha
- Como quiserem, continuou Filipe, pondo-se em hábi- (1857); Lucíola (1862); Diva (1864); A pata da gazela
tos menores; mas, por minha vida, que a carraspana de (1870); Sonhos d'ouro (1872); Senhora (1875); Encar-
hoje ainda me concede apreciar devidamente aqui o meu nação (1877).
amigo Fabrício, que talvez acaba de chegar de alguma Romances regionalistas ou sertanistas: O gaúcho
visita diplomática, vestido com esmero e alinho, porém, (1870); O tronco do ipê (1871); Til (1872); O sertanejo
tendo a cabeça encapuzada com a vermelha e velha (1875);
carapuça do Leopoldo; este, ali escondido dentro do seu Romances históricos: As minas de prata (1862); Alfar-
robe-de- chambre cor de burro quando foge, e sentado rábios (1873); A guerra dos mascates (1873)
em uma cadeira tão desconjuntada que, para não cair Romances indianistas: O guarani (1857); Iracema
com ela, põe em ação todas as leis de equilíbrio, que (1865); Ubirajara (1874)
estudou em Pouillet; acolá, enfim, o meu romântico
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Era nos primeiros anos do reinado do Sr. D. Pedro II. Visconde de Taunay é o mais interessante dos ficcio-
No fértil e opulento município de Campos de Goitaca- nistas do sertanismo romântico, embora tenha publica-
ses, à margem do Paraíba, a pouca distância da vila de do apenas um romance dentro da referida linhagem.
Campos, havia uma linda e magnífica fazenda.
Era um edifício de harmoniosas proporções, vasto e Trecho da obra
luxuoso, situado em aprazível vargedo ao sopé de ele- A Retirada da Laguna
vadas colinas cobertas de mata em parte devastada pelo Episódio da Guerra do Paraguai
machado do lavrador. Longe em derredor a natureza CAPÍTULO I
ostentava-se ainda em toda a sua primitiva e selvática
rudeza; mas por perto, em torno da deliciosa vivenda, a Formação de um corpo de exército destinado a atuar,
mão do homem tinha convertido a bronca selva, que pelo norte, sobre o alto Paraguai. Distâncias e dificulda-
cobria o solo, em jardins e pomares deleitosos, em gra- des de organização.
mais e pingues pastagens, sombreadas aqui e acolá por Para dar uma ideia, algum tanto exata, dos lugares onde,
gameleiras gigantescas, perobas, cedros e copaíbas, que em 1867, ocorreram os acontecimentos cuja narrativa se
atestavam o vigor da antiga floresta. Quase não se via aí vai ler, convém lembrar que, ao finalizar de 1864, ha-
muro, cerca, nem valado; jardim, horta, pomar, pasta- vendo o Paraguai atacado e invadido, simultaneamente,
gens, e plantios circunvizinhos eram divididos por viço- o Império do Brasil e a República Argentina, achava-se,
sas e verdejantes sebes de bambus, piteiras, espinheiros decorridos dois anos, após tal investida, reduzido a
e gravatás, que davam ao todo o aspecto do mais apra- defender o próprio território, invadido do lado do sul,
zível e delicioso vergel... pelas forças conjuntas das duas potências aliadas, a
quem coadjuvava pequeno contingente de tropas da
VISCONDE DE TAUNAY (1843-1899) República do Uruguai. Ao sul oferecia o caudaloso
Paraguai mais vantagens à expugnação da fortaleza de
Alfredo d' Escragnolle Taunay, nasceu de uma culta Humaitá, que, pela posição especial, se convertera na
e refinada família francesa, de forte tradição artísti- chave estratégica do país, assumindo, nesta porfia en-
ca. Engenheiro, militar e depois político, teve na carniçada, a importância de Sebastopol, na Campanha
literatura obra variada, porém irregular. Inocência, da Criméia.
seu mais conhecido e publicado romance, traz aspec- Ao norte, do lado de Mato Grosso, eram as operações
tos de simplicidade e bom gosto, fato que o fizeram infinitamente mais difíceis, não só porque ocorriam a
muito popular desde seu lançamento, em 1872. milhares de quilômetros do litoral atlântico, onde se
concentram todos os recursos do Brasil, como ainda por
Alfredo d'Escragnolle-Taunay nasceu no Rio de Ja- causa das inundações do rio Paraguai, que cortando na
neiro, no seio de uma família aristocrática e dada às parte superior do curso terras baixas e planas, transbor-
artes. Seu avô paterno, Nicolau Antônio, viera da Fran- da anualmente, a submergir então regiões extensíssimas.
ça para fundar a Academia de Belas Artes do Rio de Consistia o plano de ataque mais natural em subir as
janeiro. Seu pai, o também pintor Félix Taunay, tornara- águas do Paraguai, do lado da Argentina, até o coração
se preceptor de d. Pedro II. Induzido pelos familiares a da república inimiga e, do Brasil, descê-las a partir de
abraçar a carreira das armas, Alfredo cursou engenharia Cuiabá, a capital mato-grossense que os paraguaios não
na Escola Militar e como segundo tenente participou da haviam ocupado.
expedição que tentou repelir os paraguaios que domina- Teria impedido à guerra arrastar-se durante cinco anos
vam o sul da província de Mato Grosso. A derrota mili- consecutivos esta conjugação de esforços simultâneos.
tar que se seguiu, ocasionada pela falta de víveres e pelo Mas era-lhe a realização extraordinariamente difícil,
cólera, seria retratado de forma pungente em A retirada devido às enormes distâncias a transpor. Basta lançar os
de Laguna, relato escrito em francês, já que o futuro olhos sobre um mapa da América do Sul e examinar o
visconde era bilíngue. interior do Brasil, em grande parte desabitado, para que
Finda a Guerra do Paraguai tornou-se professor de qualquer observador de tal se convença logo.
geologia da Escola Militar. Em 1872, publicou Inocên-
cia, espécie de Romeu e Julieta sertanejo, certamente a FRANKLIN TÁVORA (1842-1888)
sua principal obra. Foi nomeado presidente da província
de Santa Catarina e depois presidente do Paraná. Em Nasceu em Baturité, no interior do Ceará. Formou-se
1886, alcançou o Senado, mas por fidelidade ao Impe- em Direito, na célebre Faculdade do Recife. Em 1874
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QUESTÃO 12
QUESTÃO 10
(PUC-RS)
(Fuvest-SP) Iracema faz parte da tríade indianista de
Para responder à questão, ler o texto que segue.
José de Alencar, juntamente com outros dois romances:
Texto
a) Quais?
“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no
b) Cada um desses romances teria uma finalidade histó-
horizonte, nasceu Iracema.
rica. Qual teria sido a intenção do autor com Iracema?
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabe-
los mais negros que a asa da graúna, e mais longos que
QUESTÃO 11 seu talhe de palmeira.
(UFSCar/SP) O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a
baunilha recendia no bosque como seu hálito perfuma-
“Os tacapes, vibrados pela mão pujante dos guerreiros, do.
bateram nos largos escudos retinindo. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem
Mas a voz possante da multidão dos guerreiros cobriu o corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua
imenso rumor, clamando: guerreira tribo da grande nação tabajara. O pé grácil e
— Tu és Ubirajara, o senhor da lança, o vencedor de nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que
Pojucã, o maior guerreiro da nação tocantim. vestia a terra com as primeiras águas.
[...]
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2. REALISMO/NATURALISMO
a) Os protagonistas das duas cenas são Seixas e Aurélia,
marido e mulher. O Realismo é uma reação contra o Roman-
b) Ao contrário do que esperava Seixas, Aurélia de- tismo: O Romantismo era a apoteose do
monstrará desprezo pelo marido, que teria casado por sentimento; - o Realismo é a anatomia do
interesse financeiro. caráter. É a crítica do homem. É a arte que
c) Depois de onze meses, acontece a redenção do “he- nos pinta a nossos próprios olhos - para condenar o
rói”. Ao “devolver” o dote a Aurélia, Seixas recupera a que houve de mau na nossa sociedade.
condição amorosa do casamento. (Eça de Queirós)
3. A 4. E 5. C 6. B 7. E 8. E 9. D CONTEXTO HISTÓRICO
10.
A segunda metade do século XIX, na Europa, defi-
a) A tríade indianista de José de Alencar se completa
ne-se por uma série de transformações econômicas,
com O guarani e Ubirajara.
científicas e ideológicas que possibilitam o surgimento
b) A intenção de Alencar era romancear e tartar como
de uma estética antirromântica.
lenda, ao modo indígena, a origem do Ceará.
Uma nova revolução industrial, caracterizada pelo
avanço tecnológico e progresso científico, modifica não
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apenas os processos de produção, mas a própria estrutu-
a) Ubirajara ou "senhor da lança" é típico herói românti-
ra econômica. Os negócios familiares em pequena esca-
co nascido no nacionalismo. É aclamado herói por ser
la são substituídos por grandes empresas, muitas vezes
descendente de grande guerreiro e por estar ligado à
agrupadas em cartéis, e a população se concentra em
terra de seus ancestrais.
vastos aglomerados urbanos, impelida pela industriali-
b) O índio romântico terá o perfil do grande herói e será
zação. As nações tornam-se representantes de seus gru-
caracterizado como forte e próximo aos heróis medie-
pos econômicos privados, ampliam o mercado interna-
vais e também da Antiguidade. Trata-se de uma ideali-
cional e terminam por se fazer imperialistas, partindo
zação do índio com base no modelo europeu. Já em
para a conquista direta ou indireta de considerável nú-
Macunaíma, Mário de Andrade parece anunciar um
mero de países africanos e asiáticos. É o grande momen-
índio bem diferente do herói romântico. Ser "preto retin-
to da Europa: a burguesia urbana, enriquecida pelo
to" e "feio" distancia Macunaíma das idealizações ro-
espólio colonial, vive o luxo, goza o poder sobre o
mânticas e o aproxima da comicidade, da sátira e da
mundo.
paródia que não se leem no Indianismo.
Um mundo que agora se explica a partir de si mes-
mo: Comte cria o Positivismo e a sociedade passa a ser
12. B
entendida em sua existência concreta; Darwin elabora a
13. VVVVV
teoria sobre a evolução das espécies; Lamarck estabele-
Justificativa: Todas as respostas sobre o indianismo
ce bases reais para a Biologia; a Psicologia é associada à
estão corretas. O passado que os indianistas abordaram
Fisiologia; a Medicina se torna experimental; Pasteur
foi, na maioria das vezes, inventado. Os autores mais
penetra nos segredos de micro-organismos; Taine orga-
importantes nessa corrente foram Alencar e Gonçalves
niza padrões objetivos para a crítica literária. Eis um
Dias. As obras citadas desse segundo autor estão corre-
mundo claro, sem abismos, que já não encerra mistérios,
tas. O indianismo é uma nova concepção sobre a origem
como afirmam os cientistas da época.
racial do brasileiro.
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A morte da amada é um tema dominante em sua po- As asas que Deus lhe deu
esia: a morte da noiva amada, a doce Constança, desa- Ruflaram de par em par...
parecida na flor da mocidade. De certa forma, não con- Sua alma subiu ao céu,
seguirá mais esquecê-la e, assim, os seus poemas de Seu corpo desceu ao mar
amor sempre se vincularão à ideias fúnebres. Amor e REVISÃO
morte é uma velha fórmula romântica, mas Alphonsus a PARNASIANISMO
tratará de maneira diferente, fugindo do patético e al-
Poesia antirromântica criada pelo materialismo cientí-
cançando um tom elegíaco*, onde predominam a me-
fico.
lancolia e a musicalidade.
A poesia deixa de ser sentimento exacerbado e denun-
Nem o casamento, nem o passar do tempo ajudarão o
cia as injustiças.
poeta a atenuar esta tristeza. Em vários momentos, a dor
parece mais uma convenção poética do que propriamen- Paisagens emotivas, exóticas, objetos raros.
te um sentimento real. No entanto, um soneto como Hão A impassividade como norma.
de chorar por ela os cinamomos guarda forte carga de Forma perfeita: rimas raras; vocábulos sonoros.
emoção: Princípio da arte pela arte; o objeto da poesia é ela
mesma.
Hão de chorar por ela os cinamomos É a representação da poesia do realismo no Brasil.
Murchando as flores ao tombar do dia A Tríade Parnasiana: Albertto de Oliveira, Raimundo
Dos laranjais hão de cair os pomos Correia e Olavo Bilac.
Lembrando-se daquela que os colhia. Beleza material da palavra.
Versos longos, decassílabos ou Alexandrinos.
As estrelas dirão: - "Ai, nada somos, Rigor na forma.
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PRODUÇÃO LITERÁRIA
OLAVO BILAC
(Unesp-SP) Os textos a seguir referem-se à próxima
É o representante mais perfeito dessa poesia. questão e à de número 2.
Culto pela beleza inigualável. Tercetos
Empolgado com a epopeia bandeirante, cantou o herói "Noite ainda, quando ela me pedia
nacional da época, os Bandeirantes. Entre dois beijos que me fosse embora,
Elegante na elaboração de seus textos. Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
Também conhecido como poeta do amor - expressões 'Espera ao menos que desponte a aurora!
delicadas e grande emotividade. tua alcova é cheirosa como um ninho...
Ficou afastado dos ideais da época. e olha que escuridão há lá fora!
Como queres que eu vá, triste e sozinho,
SIMBOLISMO Casando a treva e o frio de meu peito!
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!
QUADRO GERAL: Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
INÍCIO: Não me arrojes à chuva e à tempestade!
No Brasil - obra Missal e Broquéis, Cruz e Souza. Não me exiles do vale do teu leito!
TÉRMINO: Início do século XX com o início do pré- Morrerei de aflição e de saudade...
modernismo. Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!
PAINEL DE ÉPOCA Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
O cansaço causado pelo culto da forma (Parnasianis- Repousar, como há pouco repousava...
mo), facilita o nascimento de uma forma estética mais Espera um pouco! deixa que amanheça!'
solta, mais humana e subjetiva. — E ela abria-me os braços. E eu ficava."
Antiparnasianismo: solta a intimidade do ser. Em Bilac, Olavo. Alma inquieta: poesias. 13. ed. São Paulo: Francisco
Alvez, 1928, p. 171-172.
Na França: Baudelaire, Mallarmé e Verlaine.
A busca pelo espiritual, o místico, o estado da alma. Ela disse-me assim
É o fim da literatura com visão científica e determi- "Ela disse-me assim
nista do mundo. Tenha pena de mim, vá embora!
Retorno de alguns temas Românticos mas com uma Vais me prejudicar
estrutura poética mais liberada, solta. Ele pode chegar, está na hora!
A busca da musicalidade das palavras. E eu não tinha motivo nenhum
Nefelibatas: os habitantes das nuvens. Para me recusar,
Presença de sinestesia: apelo para os sentidos do ho- Mas aos beijos caí em seus braços
mem. E pedi pra ficar.
Sabe o que se passou
PRODUÇÃO LITERÁRIA Ele nos encontrou, e agora?
Alphonsus de Guimaraens Ela sofre somente porque
Exploração do tema da morte. foi fazer o que eu quis.
Literatura gótica próxima aos escritores românticos. E o remorso está me torturando
Atmosfera mística e litúrgica. Por ter feito a loucura que fiz.
Poesia uniforme e equilibrada. Por um simples prazer, fui fazer
Ambiente místico da cidade de Mariana e as chama Meu amor infeliz."
Lupicínio Rodrigues Samba-canção gravado por José Bispo dos
sentimental vivido na adolescência. Santos, o Jamelão.
Influências Árcades e Renascentistas sem cair no Continental, 1959.
formalismo parnasiano. QUESTÃO 01
Separados pela distância do tempo, o texto do composi-
Cruz e Souza tor Lupicínio Rodrigues (1914-1974) mantém relações
Apresenta diversidade e riqueza em sua poética. de semelhança e de dessemelhança com o poema de
Aspectos noturnos do Simbolismo, herdado do Ro- Olvao Bilac (1865-1918). Releia-os com atenção e, a
mantismo: culto da noite, o pessimismo, a morte, etc. seguir:
Preocupação formal; o gosto pelo soneto; o verbalis- a) Responda em que sentido o samba-canção de Lupicí-
mo requintado; a força das imagens. nio poderia representar uma continuidade ou mobiliza-
Inclinação para uma poesia meditativa e filosófica que ção do tema enfocado pelo poeta parnasiano.
o aproxima de Antero de Quental. b) Do ponto de vista formal da versificação, aponte pelo
Poesia metafísica e dor de existir. menos um procedimento de Lupicínio que o distancia
do poema de Bilac.
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QUESTÃO 14
PRÉ-MODERNISMO
14. (PUC-SP) Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens
são poetas identificados com um movimento artístico
cujas características são: As duas primeiras décadas do século
a) O jogo de contrastes, o tema da fugacidade da vida e XX não registram, no Brasil, convulsões
fortes inversões sintáticas. semelhantes às ocorridas na Europa. A
b) A busca da transcendência, a preponderância do abolição da escravatura e o golpe republicano pouco
símbolo entre as figuras e o cultivo de um vocabulário haviam alterado as estruturas básicas do país. A
ligado às sensações. economia - ainda voltada para as necessidades dos
c) A espontaneidade coloquial, os temas do cotidiano e países europeus - assentava-se na dependência exter-
o verso livre. na e no domínio interno dos cafeicultores.
d) O perfeccionismo formalista, a recuperação dos ide-
ais clássicos e o vocabulário precioso. CONTEXTO HISTÓRICO
e) O jogo dos sentimentos exacerbados, o alargamento
da subjetividade e a ênfase na adjetivação. Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guer-
ra Mundial, o Brasil começa a viver, a partir de 1894,
Gabarito um novo período de sua história republicana: com a
1. posse do paulista Prudente de Morais, primeiro presi-
a) O sambista, assim como o poeta parnasiano, apresen- dente civil, inicia-se a "República do café-com-leite",
ta um eu lírico que quer manter-se ao lado da amada dos grandes proprietários rurais, em substituição a "Re-
quando ela pede para ele ir embora. A canção indica a pública da Espada" (governos do marechal Deodoro e
continuidade do poema: ela permite que ele fique e o do marechal Floriano). É a áurea da economia cafeeira
marido da amada os descobre. no Sudeste; é o movimento de entrada de grandes levas
b) A diferença está na metrificação. Enquanto Lupicínio de imigrantes, notadamente os italianos; é o esplendor
utiliza versos livres, Bilac usa versos decassílabos. da Amazônia com o ciclo da borracha; é o surto de
urbanização de São Paulo.
2. Mas toda esta prosperidade vem deixar cada vez
a) Uso de métrica rigorosa e de rimas ricas. mais claros os fortes contrastes da realidade brasileira.
b) Excesso de sentimentalismo: “Morrerei de aflição e É, também, o tempo de agitações sociais. Do abandono
de saudade”.
do Nordeste partem os primeiros gritos da revolta. Em
fins do século XIX, na Bahia, ocorre a Revolta de Ca-
3. 4. E, C, C, E, C 5. E
nudos, tema de Os sertões, de Euclides da Cunha; nos
C
primeiros anos do século XX, o Ceará é o palco de con-
6. a) Duas características simbolistas no poema são: o flitos, tendo como figura central o padre Cícero, o fa-
misticismo religioso e a musicalidade. moso "Padim Ciço"; em todo o sertão vive-se o tempo
b) A musicalidade podemos ler no uso das figuras de do cangaço, com a figura lendária de Lampião.
linguagem conhecidas por aliteração: “Em violas e O Rio de Janeiro assiste, em 1904, a uma rápida
violoncelos”. Já o misticismo religioso pode ser lido no mais intensa revolta popular, sob o pretexto aparente de
vocabulário metafórico bíblico: “pomba”, “cordeiro”, lutar contra a vacinação obrigatória idealizada por Os-
“cruz”. waldo Cruz; na realidade, tratava-se de uma revolta
contra o alto custo de vida, o desemprego e os rumos da
7. a) Paralelismo. República. Em 1910, há outra importante rebelião, desta
b) O início de cada estrofe revela estrutura sintática vez dos marinheiros liderados por João Cândido, o "al-
semelhante: “Eras a canção de outrora/Eras a harmonia mirante negro", contra o castigo corporal, conhecida
esparsa/Eras tudo, tudo quanto”. como a "Revolta de Chibata". Ao mesmo tempo, em
São Paulo, as classes trabalhadoras sob a orientação
8. a) Simbolismo. anarquista, iniciam os movimentos grevistas por melho-
b) Em “O vento passa, brando, brando...” nota-se a res condições de trabalho.
sonoridade típica dos simbolistas ou ainda em “Escuto o Essas agitações são sintomas de crise na "República
vento assim passar...” além da sonoridade, nota-se a do café-com-leite", que se tornaria mais evidente na
presença de elemento sensorial. década de 1920, servindo de cenário ideal para os ques-
tionamentos da Semana da Arte Moderna.
9. D 10. D 11. A 12. C 13. C 14. B
O pré-modernismo deve ser situado nas duas déca-
das iniciais deste século, até 1922, quando foi realizada
a Semana da Arte Moderna. Serviu de ponte para unir
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Não esqueça: Fernando Sabino tornou-se o romancista A história se passa em três níveis:
de toda uma geração ao escrever O encontro marcado a) (realidade) Atropelada, uma jovem senhora, Alaíde,
(1956). Acompanhando a crise existencial, sexual e é operada num hospital.
ideológica de três jovens em Belo Horizonte do pós- b) (alucinação) A moribunda divaga, encontrando, em
guerra, construiu um quadro simultaneamente inocente seu delírio, Madame Clessi, famosa prostituta do início
e dramático das esperanças, frustrações e vida cotidiana do século, assassinada pelo amante adolescente, e de
dos jovens de classe média. quem Alaíde, no plano real, tinha um diário de confi-
dências. Nesta atração, condensam-se todos os desejos
LUÍS FERNANDO VERISSIMO (1936) reprimidos de Alaíde, entediada de seu marido, Pedro.
c) (memória) Revela-se, pouco a pouco, que Alaíde
Obras principais: roubara Pedro de sua própria irmã, Lúcia. A consciência
culpada leva-a imaginar cenas de traição entre Pedro e
O popular; Ed Mort; O analista de Bagé; O gigolô das
Lúcia. No final, Alaíde morre e Lúcia, após período de
palavras (1986); Comédias da vida privada; Comédias
hesitação, resolve casar-se com Pedro.
para se ler na escola (2001)
Criador de tipos risíveis que entram no anedotário
brasileiro: o analista de Bagé, o fracassado detetive Ed BIBLIOGRAFIA
Mort e a Velhinha de Taubaté. - NICOLA, José de. Literatura Brasileira: das origens aos nossos
A consolidação do sucesso de público veio com a dias. 16ª edição. São Paulo: Scipione, 2004;
publicação das Comédias da vida privada. São crônicas - INFANTE, Ulisses. Curso de Literatura de Língua Portuguesa. 1ª
edição. São Paulo: Scipione, 2001.
de humor retratando as contradições amorosas, sexuais, - www.biblio.com.br
espirituais, geracionais e econômicas das classes médias - www.portasdasletras.com.br
urbanas, com seus pequenos dramas existenciais que se - www.folhetim.com.br
prestam mais ao humor do que à tragédia humana. - www.educaterra.terra.com.br
- www.itaucultural.org.br
- www.literatura.pro.br
O TEATRO CONTEMPORÂNEO -
Principais peças:
O crítico Sábato Magaldi estabeleceu uma divisão temá-
tica das peças:
- Peças psicológicas (Vestido de noiva - Viúva, porém
honesta, etc.)
- Peças míticas (Álbum de família - Senhora dos afoga-
dos)
- Tragédias cariocas (A falecida - Beijo no asfalto - Os
sete gatinhos - - Boca de ouro - Toda a nudez será casti-
gada, etc.)
Segundo Magaldi: "As peças psicológicas abordam
elementos míticos e da tragédia carioca. As peças míti-
cas não esquecem o psicológico e nelas aflora a tragédia
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