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ATIVIDADE 1 – LPLB

Colégio Estadual DISCIPLINA: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira (LPLB)


de Condeúba - CEC

PROFESSORA: Rosângela Aguiar SÉRIE: 1º Anos (mat. e vesp.)

CONTEÚDO: Texto literário e texto não literário

Atividade 1
TEXTO LITERÁRIO E TEXTO NÃO LITERÁRIO

A seguir, leia a música “Meu guri”, de Chico Buarque, e uma notícia,


Música: O meu guri
que foi escrita baseada nos fatos apresentados na canção. Após a
Chico Buarque/1981
Quando, seu moço, nasceu meu rebento
leitura, acompanhe a explicação.
Não era o momento dele rebentar Notícia:
Já foi nascendo com cara de fome
Acerto de contas entre criminosos faz nova vítima
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando, não sei lhe explicar
Ontem, o menor V.S foi encontrado morto, por volta das 7
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice ele um dia me disse horas no morro da Providência. Ele era procurado por furto,
Que chegava lá roubo, receptação e tráfico.
Olha aí A mãe do menor, conhecida como Joaquina, afirmou não
Olha aí possuir documentos pessoais, o que dificulta a liberação do corpo.
Olha aí, ai o meu guri, olha aí Afirmou ainda desconhecer as práticas criminosas do filho. “Meu
Olha aí, é o meu guri filho era um menino bom, criei ele sozinha, com muita dificuldade.
E ele chega Ele me prometeu uma vida melhor e estava cumprindo, mas não
era fazendo nada errado não.”
Chega suado e veloz do batente
E traz sempre um presente pra me encabular
Até o fechamento dessa matéria, a mãe ainda lutava pela
Tanta corrente de ouro, seu moço liberação do corpo do filho.
(Jornal Escola, 23/08/1981, por Mayra Pavan)
Que haja pescoço pra enfiar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar, olha aí
EXPLICAÇÃO
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri Os textos lidos exemplificam a diferença entre o texto
E ele chega
literário e o não literário, entretanto, não começaremos por
Chega no morro com o carregamento
diferenciá-los, mas por definir o que têm em comum. É possível que
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador haja algo em comum entre um texto literário e o não literário? A fim
Rezo até ele chegar cá no alto de respondermos a essa questão, voltemos aos textos para
Essa onda de assaltos tá um horror descobrirmos sobre o que falam. Conseguiu descobrir? Muito bem,
Eu consolo ele, ele me consola ambos retratam a morte de um menor. Logo, eles se assemelham
Boto ele no colo pra ele me ninar quanto ao ASSUNTO. A partir disso, é possível entender que o tema
De repente acordo, olho pro lado não é um fator que diferencie um texto literário de um não literário.
E o danado já foi trabalhar, olha aí Então, o que os diferencia? Acompanhe a explicação a seguir:
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
A FUNÇÃO, ou seja, para que o texto foi escrito, é a primeira
Olha aí, é o meu guri
E ele chega
característica usada para diferenciar o texto literário do não literário.
* TEXTO NÃO LITERÁRIO: Voltando aos textos, a notícia não tem outro
Chega estampado, manchete, retrato objetivo que não o de informar, por isso, sua linguagem é objetiva,
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais clara, as palavras foram usadas no sentido em que aparecem no
Eu não entendo essa gente, seu moço
dicionário, ou seja, sentido real, não havendo a necessidade de
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato, acho que tá rindo
interpretações. Por isso, no texto não literário, a função predominante
Acho que tá lindo de papo pro ar é a Referencial (centra-se na informação e linguagem direta).
Desde o começo, eu não disse, seu moço * TEXTO LITERÁRIO: Na música “Meu guri”, percebe-se que a
Ele disse que chegava lá linguagem é artística, ou seja, bem elaborada, e as palavras ganham
Olha aí, olha aí novos significados, com sentido figurado, acompanhe a primeira
Olha aí, ai o meu guri, olha aí estrofe: “Quando seu moço, nasceu meu rebento/ Não era momento
Olha aí, é o meu guri dele rebentar/ Já foi nascendo com cara de fome...”

Professora Rosângela Aguiar| Pg.1


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Segundo o dicionário Houaiss, “rebento” é broto; enquanto rebentar é estourar, explodir, etc. Analisando
dessa forma, a mensagem não faria o menor sentido, não é mesmo? Por isso, aqui, as palavras devem ser entendidas
conotativamente, ou seja, em sentido figurado. Logo, “rebento” deve ser entendido como filho, já rebentar deve ser
compreendido como nascer de repente, sem planejamento. Outro detalhe é a presença de uma figura de linguagem
para representar que o menino já nasceu em dificuldade, ele tinha “cara de fome”. Por isso, no texto literário, percebe-
se a presença da função poética da linguagem (as palavras são cuidadosamente escolhidas e a mensagem está em
evidência).
No texto literário, não é possível sintetizá-lo sem que haja perda de significado, ou seja, da sua essência, já no
não literário é perfeitamente possível resumi-lo, retirando o que é essencial.
Percebe-se, também, que o texto literário pode ter a presença da Função Emotiva (emoções e sentimentos
sendo evidenciados). O texto em que essa função está presente aparece em primeira pessoa, pois enfatiza quem
produz a mensagem (emissor). Na música, por exemplo, o eu-lírico diz: “meu rebento”, “meu guri”, “eu não entendo”,
etc.
Acompanhe abaixo alguns exemplos de texto literário e não literário.
 TEXTO LITERÁRIO: Poemas, romances literários, contos, lendas, etc.
 TEXTO NÃO LITERÁRIO: Reportagens, livros didáticos, etc.
A seguir, um quadro resumindo todas as características que diferenciam o texto literário do não literário.
Entretanto, isso não significa que, em um mesmo texto, haja a presença de todas as características, ou que um texto
não literário não possa ter nenhuma característica do literário. Por isso, entenda que o que caracteriza o texto como
literário ou não é o predomínio de características.

TEXTO LITERÁRIO: TEXTO NÃO LITERÁRIO:

Linguagem conotativa (sentido figurado); Linguagem denotativa (sentido real);


Presença da Função Poética (centra-se na mensagem e Predomínio da Função Referencial (linguagem direta
preocupa-se com a organização das palavras); centrada na informação);
Presença da Função Emotiva (expressa sentimentos); Linguagem impessoal (sem traços particulares, escrita
Presença de figuras de linguagens; geralmente em 3ª pessoa);
Musicalidade. Fatos (realidade).

EXERCÍCIO

1º. Leia os textos abaixo para responder à questão:

(Texto 1) Descuidar do lixo é sujeira (Texto 2) O bicho


Diariamente, duas horas antes da chegada do Vi ontem um bicho
caminhão da prefeitura, a gerência de uma das filiais Na imundície do pátio
do McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos Catando comida entre os detritos.
plásticos recheados de papelão, isopor, restos de Quando achava alguma coisa,
sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável Não examinava nem cheirava:
banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar o Engolia com voracidade.
material e acabam deixando os restos espalhados pelo O bicho não era um cão,
calçadão. (Veja São Paulo, 23-29/12/92) Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de
Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971, p.145)
Analise:

I. No texto “Descuidar do lixo é sujeira”, a intenção é informar sobre o lixo que diariamente é depositado nas
calçadas através de uma linguagem objetiva e concisa, marca dos textos não literários.

II. No segundo texto, do escritor Manuel Bandeira, a linguagem não literária é predominante, pois o poeta faz uso
de uma linguagem objetiva para informar o leitor.

Professora Rosângela Aguiar| Pg.2


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III. O texto “O bicho” é construído em versos e estrofes e apresenta uma linguagem plurissignificativa, isto é,
permeada por metáforas, simbologias e emoção, traços determinantes da linguagem literária.

IV. No primeiro texto, publicado por uma revista, a linguagem predominante é a literária, pois sua principal função é
informar o leitor sobre os transtornos causados pelos detritos.

Estão corretas as proposições:


a) I, III e IV. c) II e III. e) I, II, III e IV.
b) I e IV. d) I e III.

2º. Leia os dois textos abaixo:

TEXTO I TEXTO II
O AÇÚCAR
A CANA-DE-AÇÚCAR
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema Originária da Ásia, a cana-de-açúcar
não foi produzido por mim foi introduzida no Brasil pelos
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. colonizadores portugueses no século XVI. A
região que durante séculos foi a grande
Vejo-o puro produtora de cana-de-açúcar no Brasil é a
e afável ao paladar Zona da Mata nordestina, onde os férteis
como beijo de moça, água solos de massapé, além da menor distância
na pele, flor em relação ao mercado europeu,
que se dissolve na boca. Mas este açúcar propiciaram condições favoráveis a esse
não foi feito por mim. cultivo.
Atualmente, o maior produtor
Este açúcar veio nacional de cana-de-açúcar é São Paulo,
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia. seguido de Pernambuco, Alagoas, Rio de
Este açúcar veio Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir o
de uma usina de açúcar em Pernambuco açúcar, que em parte é exportado e em
ou no Estado do Rio parte abastece o mercado interno, a cana
e tampouco o fez o dono da usina. serve também para a produção de álcool,
importante nos dias atuais como fonte de
Este açúcar era cana energia e de bebidas. A imensa expansão
e veio dos canaviais extensos dos canaviais no Brasil, especialmente em
que não nascem por acaso São Paulo, está ligada ao uso do álcool
no regaço do vale. como combustível.

Em lugares distantes, onde não há hospital (Comentários sobre os textos: “O açúcar”


nem escola, e “A cana-de-açúcar” )
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.

Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
(Ferreira Gullar)

Professora Rosângela Aguiar| Pg.3


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Responda:
a) De acordo com o poema (texto 1), como é o lugar em que o açúcar é produzido?
b) Como são os homens que produzem o açúcar? E por que eles são assim descritos?
c) O texto "O açúcar" parte de uma palavra do domínio comum – açúcar – para traçar comparações com a vida do
trabalhador que o produz. Essa comparação mostra semelhanças ou diferenças entre elas? Por quê?
d) O poema de Ferreira Gullar é um texto literário ou não literário? Por quê?
e) E o texto “A cana-de-açúcar” é um texto literário ou não literário? Explique.

3º.Sobre a linguagem não literária é correto afirmar, exceto:


a) É utilizada, sobretudo, em textos cujo caráter seja essencialmente informativo.
b) Sua principal característica é a objetividade.
c) Utiliza recursos como a conotação para conferir às palavras sentidos novos, mais amplos do que elas realmente
possuem.
d) Utiliza a linguagem denotativa para expressar o real significado das palavras, sem metáforas ou preocupações artísticas.

BONS ESTUDOS!

Professora Rosângela Aguiar| Pg.4

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