Você está na página 1de 8

1

Texto 1 – 2º Bimestre
Disciplina: Leitura e Produção Textual
FATORES DE TEXTUALIDADE Curso: Artes – UNIVEL

O que é um texto?
O que é necessário para que um texto seja nomeado com tal?
"Texto é uma sequência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma um todo que tem sentido para um
determinado grupo de pessoas em uma determinada situação. O texto pode ter uma extensão variável:
uma palavra, uma frase ou um conjunto maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de
um contexto significativo para existir."

Para um texto apresentar sentido é necessário que tenha coesão e coerência.


Você sabe o que é isso?
Observe as frases:
A Seleção Brasileira foi desclassificada porque o grupo não estava coeso. (Faltou união.)
- Vocês devem ter atitudes coerentes! - disse a professora aos alunos que estavam matando aula.
(Atitudes lógicas)

Agora, o que seria a coesão e a coerência em um texto?

Coesão e coerência textual

A elaboração de um projeto de texto, embora constitua um importante passo para o seu


desenvolvimento, não é o suficiente para garantir que o resultado final seja, de fato, um texto
perfeitamente articulado e claro. É preciso, ainda, que o autor domine todos os recursos textuais
necessários para estabelecer as relações de sentido entre as ideias que pretende expor.
Podemos comparar o processo de escrita ao processo de construção de uma
casa. Da mesma maneira que não conseguimos construir uma casa apenas
colocando tijolos uns ao lado dos outros, um texto também não se escreve pela
simples disposição linear de ideias, informações e argumentos. Precisamos de
elementos que estabeleçam uma ligação entre eles, assim como a argamassa vai
unindo os tijolos da nova casa.
A “argamassa” textual se define em dois níveis diferentes. O primeiro deles é o
aspecto formal, linguístico, alcançado pela escolha de palavras cuja função é justamente
a de estabelecer referências e relações, articulando entre si as várias partes do texto. A
essa ligação textual obtida através de elementos linguísticos específicos dá-se o nome de
coesão textual.
A coesão, portanto, precisa ser alcançada por meio de palavras e expressões que, na nossa
língua, têm como função justamente o estabelecimento de referências e relações entre grupos de
palavras e expressões.
O segundo nível da “argamassa” textual é o da significação. Somente sendo capazes de reunir
ideias, informações e argumentos compatíveis entre si, obteremos, como resultado, um texto claro.
Nesse caso, como a articulação textual ocorre no campo das ideias e conceitos, recebe o nome de
coerência textual.

1 Coerência textual
Quando falamos, precisamos ser claros para que nosso Coerência textual: é um dos principais
ouvinte entenda o que queremos comunicar. Quando escrevemos, elementos da textualidade. Resulta da
a situação não é diferente: nosso texto deve fazer sentido para boa articulação de ideias e também da
sequência lógica de um texto.
quem o lê. Se um texto faz sentido, dizemos que é COERENTE.
.
Observe a diferença:
“Eram cinco horas, porém não vou ler agora esse documento e já fomos dispensados do
trabalho”.
O trecho é incoerente, pois não produz sentido. As três orações que compõem o enunciado,
ainda que próprias da língua, não apresentam uma relação clara de sentido entre si, estão
desarticuladas. Se as mesmas orações aparecessem assim articuladas, haveria produção de sentido:
“São cinco horas. Não vou ler agora esse documento, pois já fomos dispensados do trabalho”.
2

Podemos dizer que um texto deve possuir coerência em três níveis:


- do texto em si, ou seja, uma coerência interna;
- do texto com a realidade, ou seja, uma coerência externa;
- do texto com a proposta de redação.

Observe as partes destacadas deste parágrafo:


“O homem, diante da natureza, tem se sentido um deus, um todo-poderoso que transforma
tudo em interesses econômicos. Porém aos poucos o meio ambiente vau se transformando, a
natureza vai sendo destruída e, assim, o homem não consegue mais preservar o meio em que vive,
destruindo-se”.

Perceba que as duas afirmações destacadas são contraditórias. O autor não afirmou que o
homem tinha a intenção de preservar o meio ambiente. Assim, não pode afirmar “não consegue mais”.
Trata-se, portanto, de uma contradição de ideias que ocorre no interior do texto, verificada, no caso, em
um mesmo parágrafo. (incoerência interna)

Observe agora as partes destacadas deste outro texto:


“Já a segunda [o analfabetismo] impede a valorização de várias pessoas dentro da sociedade,
distanciando homens da nossa cultura e informação, tornando-os rudes, agressivos e levando-os a
violentarem pessoas, tanto fisicamente como moralmente.”

Nesse caso, embora as ideias contidas no texto não sejam contraditórias entre si, revelam
contradições em relação ao que se conhece da realidade, isto é, nem todo analfabeto é rude e
agressivo nem vive violentando pessoas física e moralmente. (incoerência externa)
Assim, nos dois casos, os textos são incoerentes e, portanto, apresentam falhas em sua
textualidade.

O texto abaixo apresenta duas situações comunicativas:


- a comunicação que o escritor (Millôr) estabelece com os leitores;
- a comunicação que acontece entre as duas mulheres.

A vaguidão específica
“As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica”. (Richard Gehman)

–– Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.


–– Junto com as outras?
–– Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer alguma coisa com elas.
Ponha no lugar do outro dia.
–– Sim senhora. Olha, o homem está aí.
–– Aquele de quando choveu?
–– Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
–– Que é que você disse a ele?
–– Eu disse para ele continuar.
–– Ele já começou?
–– Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
–– É bom?
–– Mais ou menos. O outro parece capaz.
–– Você trouxe tudo de cima?
–– Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até
a véspera.
–– Mas traga, traga. Na ocasião, nós descemos tudo de novo. É melhor senão atravanca a entrada e
ele reclama como na outra noite.
–– Está bem vou ver como.
Millôr Fernandes

Responda:
1- Considerando o diálogo das mulheres, por que ele é incoerente para nós, leitores?
2- O autor critica, com humor, o modo de falar das mulheres. O exemplo escolhido (diálogo) é coerente
com suas intenções? Explique.
3

O trecho que segue foi extraído de um livro que relata episódios da vida do grande folclorista
brasileiro, Luís da Câmara Cascudo.
Exame oral. O estudante é Sílvio Piza Pedroza, que depois seria governador do Rio Grande do
Norte. Cascudo pergunta:
 Como o rei de Portugal teve notícias do descobrimento da Ilha de Vera Cruz?
 Pedro Álvares Cabral passou um telegrama.

Observe os três enunciados:


I- O aluno cometeu, no caso, uma incoerência externa.
II- Por desconhecer um dado de datação histórica, o aluno fez uma afirmação incompatível com o
conhecimento que temos do mundo.
III- A incoerência do texto é interna, já que se contradizem dados contidos no interior do próprio texto.

É (são) correto(s):
(A) I e II apenas. (B) II e III apenas.
(C) I e III apenas. (D) I apenas

Veja o texto abaixo. As relações de coesão estão garantidas no interior do texto. Há, entretanto,
problemas de coerência que interferem no sentido das informações apresentadas. Aponte as
incoerências:

João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina árida, cuja frente dava
para o leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções até o horizonte, uma planície
coberta de areia. Na noite em que completava 30 anos, João, sentado nos degraus da escada colocada
à frente de sua casa, olhava o sol poente e observava como a sombra ia diminuindo no caminho
coberto de grama. De repente, viu um cavalo que descia para sua casa. As árvores e as folhagens não
permitiam ver distintamente; entretanto observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto
verificou que o visitante era seu filho Guilherme, que há 20 anos tinha partido para alistar-se no exército,
e, em todo este tempo, não havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver seu pai, desmontou
imediatamente, correu até ele, lançando-se nos seus braços e começando a chorar. (KOCH, Ingedore.
A coerência textual)

Pode haver coerência sem coesão?


Há textos que se organizam por justaposição ou com elipses e, mesmo assim, podem ser
considerados textos por seus leitores/ouvintes, pois constituem uma unidade de sentido. Como exemplo
de que pode haver coerência sem coesão, veja o texto seguinte:

“Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de
barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para
cabelo, pente. Cueca, camisa abotoaduras, calças, meias, sapatos, gravata, paletó. [...] Pasta, carro.
Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis. [...]
Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, [...]” (RAMOS, Ricardo)

Apesar de aparentemente desconexos, os fragmentos transcritos anteriormente têm sentido:


eles falam da rotina de um homem de negócios. A sequência das palavras ou frases justapostas retrata
um mundo moderno que bem conhecemos. Assim, apesar da estranheza que provoca em uma primeira
leitura, o texto é coerente, ou seja, faz sentido.

2 Coesão textual
Coesão textual: é também um dos
A coesão é a ligação entre os elementos de um texto, que principais elementos da textualidade.
ocorre no interior das frases, entre as próprias frases e entre os São as articulações gramaticais entre as
vários parágrafos. Pode-se dizer que um texto é coeso quando os partes que compõem o texto para evitar,
conectivos (pronomes, conjunções e também algumas sobretudo, a redundância e a
preposições) são empregados adequadamente. ambiguidade, garantindo a sequência
textual.
4

Cada elemento responsável pela coesão textual funciona, no interior do texto, como um “nó”,
que serve para amarrar duas ou mais ideias. Existem, porém, diferentes tipos de “nós” textuais. O
primeiro desses tipos envolve o estabelecimento de referências, realizado por meio de palavras de
diversas classes gramaticais. Vejamos, a seguir, quais são os mecanismos coesivos mais frequentes.

2.1 COESÃO REFERENCIAL


A coesão referencial manifesta-se por meio da anáfora e da catáfora.
Anáfora
É o tipo de coesão que faz referência a um item previamente explicitado.
Exemplo: __ Cláudia gostou do filme?
__ Ela disse que sim.

No exemplo, o termo ela só pode ser recuperado se voltarmos à sentença imediatamente


anterior e descobrirmos que sua referência é o termo Cláudia. Dizemos então que ela refere-se
anaforicamente a Cláudia e que uma relação de coesão foi estabelecida entre os dois termos para
garantir a compreensão do texto.

Catáfora
É outra possibilidade de referenciação dentro do texto,
caracterizada, entretanto, como contrária à anáfora. A catáfora
acontece quando o termo referenciado aparece depois do item
coesivo. Vejamos:
Nesse exemplo ao lado, o termo elas só pode ser
recuperado se identificarmos o referente grandes ondas, que
aparece depois dele na estrutura. Trata-se de uma relação de
coesão por anáfora.

2.2 COESÃO POR SUBSTITUIÇÃO


Consiste na colocação de um item lexical (palavra ou expressão) com valor coesivo no lugar de
outro(s) elemento(s) do texto, ou até mesmo de uma oração inteira. Exemplos:
Carlos trouxe dois computadores dos Estados Unidos. Perguntou-se se eu quero comprar um.
O papa ajoelhou-se. As pessoas também.
O papa ajoelhou-se. Todos fizeram o mesmo.
O papa é a favor do celibato. Mas eu não penso assim.

2.3 COESÃO POR ELIPSE


Consiste na omissão de um termo ou expressão que pode ser facilmente depreendida em seu
sentido pelas referências do contexto. Exemplo:
“– Aonde você foi ontem? – [ ] À casa de Paulo. – [ ] Sozinha? – Não, [ ] com amigos.”

2.4 COESÃO LEXICAL


É o efeito obtido pela seleção de vocabulário. Tal mecanismo é garantido quando utiliza-se a
repetição do mesmo item lexical ou são usados sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos. Exemplos:
A atriz parecia nervosa. A atriz havia sido vítima de um assalto. (repetição do mesmo item
lexical)
Um menino entrou depressa num supermercado. O garoto parecia fugir de alguém. (sinônimo)
A Enterprise partiu da estação espacial com toda a tripulação. A nave faria mais uma viagem
intergaláctica. (coesão resultante do emprego de um hiperônimo. Nave, aqui, é hiperônimo, pois
designa um gênero do qual a Enterprise é uma espécie)

A saber...

Hiperônimo é uma palavra que apresenta um significado mais abrangente do que o do seu
hipônimo (vocabulário de sentido mais específico).
É o que acontece com as palavras doença e gripe – doença é hiperônimo de gripe porque em
seu significado contém o significado de gripe e o significado de mais uma série de palavras como
dengue, malária, câncer. Então se conclui que gripe é hipônimo de doença.
A relação existente entre hiperônimo e hipônimo é fundamental para a coesão textual.
5

Exemplo: Grupos de refugiados chegam diariamente do sertão castigado pela seca. São pessoas
famintas, maltrapilhas, destruídas.
Note que a palavra “pessoas” é um hiperônimo da palavra “refugiados”, uma vez que “pessoas”
apresenta um significado mais abrangente que seu hipônimo “refugiados”.
(Disponível em: < http://www.brasilescola.com/gramatica/hiponimos-hiperonimos.htm>)

Veja outro exemplo:


“Imagino a cabeça dos 600 frades franciscanos que levaram à catedral de Notre Dame os índios
do Brasil para serem batizados por Luís 13. Aqueles seres nus, pobres, ingênuos. Os espanhóis
levaram da América ouro e prata. Os franceses, só aquelas pobres almas entregues ao Diabo, para
serem convertidas ao cristianismo e salvas para Deus” (SARNEY, José. China, Kourou e as amazonas.
Folha de S. Paulo, 02 mar. 2007).

Esse trecho utiliza-se da coesão lexical. Quais palavras ou expressões foram utilizadas para
recuperar “os índios do Brasil”?

2.5 COESÃO SEQUENCIAL


Trata-se de estabelecer relações lógicas entre as ideias do texto. Para tanto, utilizamos os
chamados conectivos (principalmente preposições e conjunções). Veja os principais conectivos:
- Consequência (ou conclusão): por isso, logo, portanto, pois, de modo que, assim, então, por
conseguinte, em vista disso. Exemplo: Ela é muito competente, por isso conseguiu a vaga.

- Causa: porque, pois, visto que, já que, dado que, como, uma vez que, porquanto, por, por causa de,
em vista de, em virtude de, devido a, por motivo de, por razões de. Exemplo: Ela conseguiu a vaga, já
que é muito competente.

- Oposição: entretanto, mas, porém, no entanto, todavia, contudo. Exemplo:


Paulo tinha tudo para ganhar a corrida, no entanto, no dia da prova, sofreu um acidente de carro.

- Condição: se, caso, desde que, contanto que. Exemplo: Você pode ir brincar na rua, desde que faça
todo o dever.
.
- Finalidade: para que, a fim de que, com o objetivo de, com o intuito de. Exemplo:
Com o intuito de conseguir a vaga na faculdade, Sílvia estudava oito horas todos os dias.

A coesão sequencial também pode ser garantida pelo correto uso de outros elementos
linguísticos. Exemplo:
“Como em um passe de mágica, voltei no tempo. Ainda era detetive e estava à espera dos
sequestradores de uma menina. O saco com o dinheiro estava sobre o banco da praça, como havia
sido combinado. Os sequestradores pegariam o dinheiro e nós os pegaríamos em flagrante. Nosso
único erro foi não ter imaginado que a menina viesse junto. Era tarde demais para recuar, o tiroteio já
havia começado...”
Nesse exemplo, a utilização adequada das diferentes formas verbais garantiu a continuidade
natural da ação narrada. A construção do tempo da narrativa, nesse caso, está sendo feito através dos
mecanismos de manutenção da coesão sequencial.

Observe o texto a seguir:

“Um gel desenvolvido por cientistas americanos para ajudar a cicatrização de ferimentos profundos e
queimaduras graves representará o primeiro resultado comercialmente visível de uma nova geração de
medicamentos. A pomada cicatrizante, que chegará às farmácias americanas até o início do próximo
ano, será uma espécie de cola biodegradável, cuja função é juntar as células sadias em torno do
ferimento, reconstituindo os tecidos em um tempo 30% mais rápido que qualquer outro remédio. Além
disso, o gel elimina toda a cicatriz. O novo medicamento é fruto do desenvolvimento de um dos ramos
mais recentes da medicina, o que estuda a adesividade das células do corpo humano, a partir de uma
constatação óbvia: os cerca de 100 trilhões de células que formam o organismo de uma pessoa podem
ser comparados a tijolos de um edifício que precisam estar devidamente unidos em camadas de
cimento. Se o cimento é de má qualidade, ou ineficiente, o prédio pode ruir. Da mesma forma, os
cientistas trabalham agora com a certeza de que um “cimento biológico” dá estrutura ao corpo humano
6

e o domínio dessa substância fará a medicina avançar a passos largos no combate a uma série de
doenças.”

a) No trecho sublinhado, ocorre a coesão referencial por catáfora. Explique.

b) No fragmento “...a partir de uma constatação óbvia: os cerca de 100 trilhões de células que formam o
organismo de uma pessoa podem ser comparados a tijolos de um edifício...” também ocorre a coesão
referencial por catáfora. Explique por que isso ocorre.

c) Marque no texto as palavras ou expressões utilizadas como forma de coesão lexical.

Utilizando os recursos de coesão, substitua os elementos repetidos quando necessário:

“Todos ficam sempre atentos quando se fala de mais um casamento de Elizabeth Taylor. Casadoura
inveterada, Elizabeth Taylor já está em seu oitavo casamento. Agora, diferentemente das vezes
anteriores, o casamento de Elizabeth Taylor foi com um homem do povo que Elizabeth Taylor encontrou
numa clínica para tratamento de alcoólatras, onde ela também estava. Com toda pompa, o casamento
foi realizado na casa do cantor Michael Jackson e a imprensa ficou proibida de assistir ao casamento de
Elizabeth Taylor com um homem do povo. Ninguém sabe se será o último casamento de Elizabeth
Taylor”.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO – COESÃO E COERÊNCIA


LEIA ATENTAMENTE AS QUESTÕES, RESPONDENDO AO SOLICITADO:

TEXTO 01
Quando se lê, considera-se não apenas o que está dito, mas também o que está implícito: aquilo que não está dito
e que também está significando. E o que não está dito pode ser de várias naturezas: o que não está dito, mas que,
de certa forma, sustenta o que está dito; o que está suposto para que se entenda o que está dito; aquilo a que o que
está dito se opõe; outras maneiras diferentes de dizer o que se disse e que significa com nuances distintas etc.
De certa forma bastante resumida, podemos dizer que há relações de sentidos que se estabelecem entre o que um
texto diz e o que ele não diz, mas poderia dizer, e entre o que ele diz e o que outros textos dizem. Essas relações
de sentido atestam, pois, a intertextualidade, isto é, a relação de um texto com outros elementos (existentes,
possíveis, ou imaginários). Os sentidos que podem ser lidos, então, em um texto não estão necessariamente ali,
nele. O(s) sentido(s) de um texto passa(m) pela relação dele com outros textos.
(Eni P. Orlandi – Discurso & leitura)

01) Observe atentamente os termos destacados no texto. O que se pode afirmar em relação a eles,
respectivamente, é:
(A) mas também adiciona uma informação em relação ao que foi dito anteriormente; mas introduz uma
contraposição ao que foi dito anteriormente; pois introduz uma explicação ao que foi dito anteriormente.
(B) mas também introduz uma contraposição ao que foi dito anteriormente; mas introduz uma contraposição ao que
foi dito anteriormente; pois introduz uma explicação ao que foi dito anteriormente.
(C) mas também adiciona uma informação em relação ao que foi dito anteriormente; mas adiciona uma informação
ao que foi dito anteriormente; pois introduz uma conclusão à ideia expressa na oração anterior.
(D) mas também adiciona uma informação em relação ao que foi dito anteriormente; mas introduz uma
contraposição ao que foi dito anteriormente; pois introduz uma conclusão à ideia expressa na oração anterior.

TEXTO 02
Amazônia: a floresta sem fim
Antes apontada como o “pulmão do mundo”, sabe-se que hoje a importância da Amazônia é muito maior. De celeiro
da biodiversidade a elemento controlador do clima do planeta, a região ainda guarda muitos mistérios sob as copas
das árvores. [... ] Entre o solo rico em agentes decompositores e a copa das árvores, a 40 metros há um hiato
envolto pela penumbra. [... ].
GIASSETI, Ricardo. Revista Amazônia, 2007
7

02) O termo “ainda” destacado no texto, funciona como:


(A) introdutor de um argumento a mais, que estabelece uma relação sequencial, indicando a Amazônia, também,
como guardiã de mistérios.
(B) conector que estabelece, ao mesmo tempo, uma relação de contradição e de concessão, tendo em vista a
Amazônia ser o “pulmão do mundo” e guardar muitos mistérios.
(C) elemento coesivo que marca uma relação de conclusão, pois a relevância da floresta amazônica é maior do que
se pensava.
(D) elemento coesivo que marca uma relação de ressalva, trazendo “muitos mistérios” como uma exceção a tudo
que a Amazônia representa.

TEXTO 03
Considerando a importância crescente e a falta quase absoluta de informação, dedicamos vários capítulos aos
métodos e técnicas qualitativas de pesquisa. Assim, a análise de conteúdo, a entrevista em profundidade e a análise
histórica recebem nossa atenção especial. Nesse sentido, pela importância da pesquisa qualitativa, acrescenta-se
um capítulo sobre as características que deve ter a pesquisa social crítica.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas
03) A única expressão que poderia substituir a palavra “Assim”, no penúltimo período do parágrafo acima, sem
alterar o sentido do texto é:
(A) entretanto
(B) no entanto
(C) por isso
(D) todavia

TEXTO 04
(1) Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... (2) Os urubus, aves por natureza
becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza, eles haveriam de se
tornar grandes cantores. (3) E, para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejavam do-ré-mi-fá,
mandaram imprimir diplomas e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e
teriam a permissão de mandar nos outros. (4) Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes
pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a
quem todos chamavam por Vossa Excelência. (5) Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos
urubus foi estremecida. (6) A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os
canários e faziam serenatas com os sabiás... (7) Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e
eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito. (8) “__ Onde estão os documentos dos seus
concursos?” (9) e As pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas
houvessem. (10) Não haviam passado por escolas de canto, por que o canto nascera com elas. (11) E nunca
apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam, simplesmente... (12) “__ Não, assim não
pode ser. Cantar sem titulação devida é um desrespeito a ordem”. (13) E os urubus, em uníssono, expulsaram da
floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás. (14)

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se ouve o canto de sabiá.


Rubem Alves, Estórias de Quem gosta de Ensinar
04) Sobre a coesão e coerência do texto, marque V para verdadeiro e F para falso:
( ) A expressão para isto (3) remete ao trecho “fundaram escolas e importaram professores”.
( ) Tudo(5) expressa uma coesão referencial por anáfora pois seu sentido foi apresentado no decorrer do
parágrafo anterior a essa expressão.
( ) O uso do conector mas(2) estabelece uma relação de contradição entre a ideia anterior e a ideia seguinte.
( ) Com o uso do porque (9) tem-se uma ideia de condição já que justifica a expressão “as pobres aves se
olharam perplexas”.
( ) No fragmento 12, ocorre a coesão referencial por anáfora com o termo “assim” pois retoma uma informação já
apresentada anteriormente.
8

TEXTO 05
05) No texto que segue, foram eliminadas propositalmente conectivos responsáveis pela articulação de palavras,
orações, frases e ideias. Levando em conta a coesão textual, indique quais são os elementos coesivos mais
adequados para preencherem as lacunas, de acordo com a sequência:

A humanidade vive em função da busca inútil de uma cura para um mal incurável: a solidão.
□, será mesmo a solidão um mal, um aspecto negativo, □ inevitável, da condição humana?
Os seres humanos tornam-se infelizes, □ não suportam a ideia de serem sós, □ a solidão física é realmente muito
perturbadora. É claro que todos têm aquela necessidade de ficarem sós por alguns momentos, para poderem
aprender a lidar com □ sentimentos, refletirem sobre □ atos, repensarem as □ vidas. □, essa solidão física se cura
com companhia, e é muito diferente da solidão de cada um. O homem, por ser único, original e inimitável, é também
só, e □ é um fato incontestável que □ tem dificuldades de aceitar como verdade, □ ainda não desistiu de encarar a
solidão como um sofrimento atroz: ainda não □ compreendeu.

(A) porém - mesmo que - pois - já que - seus - seus - suas - no entanto - esse - nós - porque - a.
(B) no entanto - embora - porque - pois - seus - seus - suas - porém - nisso - ele - porque - a.
(C) porém - mesmo que - pois - já que - seus - seus - suas - se - isso - ela - porque - a.
(D) no entanto - embora - porque - pois - seus - seus - suas - porém - esse - ele - porque - a.

TEXTO 06
Nenhuma língua permanece a mesma em todo o seu domínio e, ainda num só local, apresenta um sem-número de
diferenciações. Mas essas variedades de ordem geográfica, social e até individual, pois cada um procura usar o
sistema idiomático de forma que melhor lhe exprime o gosto e o pensamento, não prejudicam a unidade superior da
língua, nem a consciência que têm os que a falam diversamente de se servirem de um mesmo instrumento de
comunicação, de manifestação e de emoção.
Celso Cunha, Uma Política do Idioma.

06) Observe as expressões destacadas acima e indique a que elas se referem dentro do próprio texto:
(A) seu domínio refere-se à língua; essas variedades refere-se às diversas ordens; a refere-se à unidade.
(B) seu domínio refere-se à local; essas variedades refere-se às diferenciações; a refere-se à língua.
(C) seu domínio refere-se à local; essas variedades refere-se a um sem-número de diferenciações; a refere-se à
consciência.
(D) seu domínio refere-se à língua; essas variedades refere-se a um sem-número de diferenciações; a refere-se à
língua.

TEXTO 07
07) Quando o treinador Leão foi escolhido para dirigir a seleção brasileira de futebol, o jornal “Correio Popular”
publicou um texto com muitas imprecisões, do qual consta a seguinte passagem:
“Durante a sua carreira de goleiro, iniciada no Comercial de Ribeirão Preto, sua terra natal, Leão, de 51
anos, sempre impôs seu estilo ao mesmo tempo arredio e disciplinado. Por outro lado, costumava ficar horas
aprimorando seus defeitos após os treinos. Ao chegar a seleção brasileira em 1970, quando fez parte do grupo que
conquistou o tricampeonato mundial, Leão não dava um passo em falso. Cada atitude e cada declaração eram
pensadas com um racionalismo típico de sua família, já que seus outros dois irmãos, Edmilson, 53 anos, e Édson,
58, são médicos.”

a) O que aconteceria com Leão se ele efetivamente ficasse “aprimorando seus defeitos”? Reescreva o trecho de
maneira a eliminar o equívoco.

b) A expressão “por outro lado”, no início do segundo período, contribui para tornar o trecho incoerente. Por quê?

Você também pode gostar