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Aula 06
PERÍODO COMPOSTO
POR COORDENAÇÃO -
RELACIONAMENTOS
ENTRE ORAÇÕES
ESTRUTURA DO PERÍODO
fixação das regras básicas do relacionamento sintático estratégias didáticas – e não o motivo
principal do estudo.
Um texto coeso e coerente se organiza a partir de princípios lógicos, entre os quais
se incluem os mecanismos relacionais, que partem de uma “relação-micro” como a que existe
entre o núcleo de um termo e seu adjunto adnominal, passam por uma “relação-midi”, como
a que nos mostra que uma oração é principal porque outra é sua subordinada, e se encerram
numa “relação-macro”, que confirma por exemplo que uma redação escolar teve começo,
meio e fim – o que só acontecerá de fato se tiverem sido seguidas as regras elementares de
adição, oposição, reiteração, substituição e conclusão, entre tantas outras regras que se
baseiam em ampliações dos mecanismos primários expresos pelos conectivos, conjunções,
pronomes relativos, pessoais...
Nesse caminho do “mundo-micro”, feito com o estudo geral da oração, para o
“mundo-macro”, trataremos agora da estrutura do período (o “mundo-midi”), relembrando
que a solidez de conhecimentos (já estudados anteriormente) é agora o nosso pré-requisito.
Novamente, precisamos repetir que nosso estudo é de análise sintática (do período), ou
seja, o relacionamento que as orações mantêm entre si no enunciado.
Feita essa consideração preliminar, aproveitamos, ainda uma vez, a sugestão didática
do autor para se entender como se dá a divisão de um período em orações: “sublinha-se o
verbo e marca-se cada conector (conjunções coordenativas) e transpositor (conjunções
subordinativas e pronomes relativos, precedidos ou não de preposição) (...). Caso haja alguma
locução verbal, ela marcará apenas uma oração)” (Henriques, 2008, p. 97).
Passemos, agora, a examinar as relações estabelecidas entre as orações no período
composto por coordenação, fazendo menção ao conteúdo tal qual tratado em duas obras
didáticas de língua portuguesa: ABAURRE, M. L. , PONTARA, M. N. , FADEL. T.
Português Língua e Literatura. São Paulo: Moderna, 2000, p. 201- 202. e NICOLA, I.
, INFANTE, U. Gramática essencial. São Paulo: Scipione, 1997, p. 251-256)
Quando se tem um período constituído de mais de uma oração, diz que o período é
composto.
Veja os exemplos:
Interpretação
Se você compreendeu bem o sentido da epígrafe que introduz este capítulo, concluiu
que a noção de coordenação de estruturas implica autonomia ou independência sintática dos
termos coordenados, que simplesmente entram em relação a partir de uma ordenação em
seqüência. Pode haver coordenação:
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Língua Portuguesa V - Nohad Mouhanna Fernandes - UNIGRAN
No caso, portanto, de Cheguei, vi, venci, concluímos que não são restrições
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Eduardo está muito doente, logo não vai ao cinema com Mônica.
Eduardo não vai ao cinema com Mônica, logo está muito doente.
Temos, nos dois casos, estruturas com duas orações coordenadas. A conjunção
coordenativa conclusiva logo funciona aí como um operador semântico que articula as duas
orações sintaticamente independentes (Eduardo está muito doente e Eduardo não vai ao
cinema com Mônica), estabelecendo entre elas uma relação conclusiva. O interessante é
que, para cada ordem escolhida para as seqüências de orações, tem-se um sentido diferente
para o enunciado. Assim, quando digo Eduardo está muito doente, logo não vai ao cinema
com Mônica, concluo que ele não vai ao cinema com Mônica a partir do fato de que está
muito doente, já que quaisquer pessoas muito doentes não se podem locomover. Assim o
enunciado Eduardo está muito doente é em si suficiente para que eu conclua que Eduardo
não vai ao cinema com Mônica.
Já em Eduardo não vai ao cinema com Mônica, logo está muito doente, o percurso
que trilhei para chegar à minha conclusão é um pouco diferente, pois baseia-se em uma
inferência que faço, com base em um conhecimento de tipo pragmático: conheço tão bem o
Eduardo, que sei que o único motivo que o levaria a não ir ao cinema com sua namorada,
Mônica, seria uma grave doença que o impedisse de sair de casa. Diferentemente do primeiro
exemplo, não pude concluir, apenas a partir dos elementos lingüísticos presentes no enunciado
Eduardo não vai ao cinema com Mônica, que ele está muito doente.
Mais uma vez, são considerações de ordem semântico-pragmática que levam à escolha
da ordem das orações nas estruturas coordenadas. Apresentaremos, mais adiante, os tipos
de estruturas coordenadas que se podem obter a partir dos nexos semânticos que entre elas
se deseja estabelecer.
Agora que você já aprendeu o que é um período composto por coordenação, veja
que os quatro primeiros versos do Hino Nacional Brasileiro constituem um período composto
por coordenação, com duas orações:
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Língua Portuguesa V - Nohad Mouhanna Fernandes - UNIGRAN
Canônica: típica
Não é mais simples do que parece à primeira vista?
ABAURRE, M. L. , PONTARA, M. N. , FADEL. T. Português Língua e
Literatura. São Paulo: Moderna, 2000, p. 201- 202
A tempestade
Para que os cajueiros possam florir caiu esta chuva
que apagou as estrelas e encharcou os caminhos.
Água e vento derrubaram as cancelas antigas,
quebraram telhas, vergaram árvores, suprimiram cercas,
desalojaram abelhas e marimbondos,
enxotaram os pássaros predatórios,
e o galinheiro é um cemitério de pintos amarelos.
Note como o poeta consegue, num texto simples e belo, mostrar que na organização
do mundo muitas vezes a destruição prepara o nascimento de novas vidas. Dessa forma, a
fúria da tempestade é o ponto de partida para que flores e frutos apareçam.
Voltando à gramática, se você contar os períodos do texto, vai perceber que são
três:
Cada uma dessas orações é independente, podendo até mesmo ser separada da
anterior por um ponto. O que as une é a seqüência, a ordenação dos fatos que descrevem.
Essas orações são chamadas orações coordenadas.
O período que estamos analisando é um período composto por coordenação, pois
é formado apenas por orações coordenadas.
Se você observar novamente as orações coordenadas que formam o período acima,
perceberá que uma delas apresenta uma particularidade. É a sétima oração, que se liga à
oração anterior por meio da conjunção e (“... e o galinheiro é um cemitério de pintos
amarelos.”). As outras orações ligam-se umas às outras diretamente, sem que se faça uso de
nenhuma conjunção. Isso nos permite estabelecer uma primeira classificação das orações
coordenadas:
Definição
Período composto por coordenação é aquele formado por orações
coordenadas, ou seja, por orações independentes ligadas umas às outras.As orações
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Língua Portuguesa V - Nohad Mouhanna Fernandes - UNIGRAN
porém,
contudo,
As abelhas foram desalojadas, todavia, flores surgiram nos cajueiros.
entretanto,
no entanto,
oração coordenada sindética adversativa
No primeiro exemplo, temos fatos que se alternam; no segundo, fatos que se excluem
mutuamente.
Essas orações são chamadas orações coordenadas sindéticas alternativas, pois
estabelecem entre si uma relação de alternância. Observe que, nos exemplos citados, as
duas orações de cada período são introduzidas por conjunção (ora...,ora...; ou (isolada ou
em pares); já..., já...; quer..., quer...).
Às vezes, a conjunção ou pode introduzir apenas a segunda oração:
Uma oração coordenada também pode exprimir uma conclusão que se tira a partir
de um fato ou pensamento expresso na oração anterior. É uma oração coordenada sindética
conclusiva, como a do exemplo abaixo:
verbo conjunção
Choveu muito; haverá, pois, uma farta colheita.
oração coordenada oração coordenada
assindética sindética conclusiva
Existe ainda mais um tipo de oração coordenada sindética. Este último tipo exprime
uma explicação, um motivo para que se tenha feito uma declaração anterior. Observe, nos
períodos abaixo, exemplos de orações coordenadas sindéticas explicativas:
conjunção verbo
A tempestade foi violenta, pois muitas cercas foram derrubadas.
oração coordenada assindética oração coordenada sindética explicativa
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1- assindéticas
2- sindéticas – aditivas
adversativas
alternativas
conclusivas
explicativas
Observação:
Em nossa apresentação das orações coordenadas, seguimos as orientações fixadas
pela Nomenclatura Gramatical Brasileira. Essas orientações, no entanto, criam um sério
problema a quem se dispõe a fazer um estudo dos fatos da língua portuguesa sem querer
submetê-los a uma teoria preexistente. Isso ocorre porque, segundo essa Nomenclatura, as
orações coordenadas sindéticas devem ser classificadas de acordo com o tipo de conjunções
que as introduzem. De acordo com esse procedimento, só devem ser classificadas em aditivas,
adversativas, conclusivas e explicativas as orações sindéticas; além disso, devem-se levar
em conta as conjunções que encabeçam essas orações e não o sentido da relação que se
estabelece. As limitações dessa postura são muitas. Observe:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATIVIDADES
As atividades referentes a esta aula estão disponibilizadas na ferramenta
“Atividades”. Após respondê-las, enviem-nas por meio do Portfolio- ferramenta do
ambiente de aprendizagem UNIGRAN Virtual. Em caso de dúvidas, utilize as
ferramentas apropriadas para se comunicar com o professor.
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