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Língua Portuguesa V - Nohad Mouhanna Fernandes - UNIGRAN

Aula 06

PERÍODO COMPOSTO
POR COORDENAÇÃO -
RELACIONAMENTOS
ENTRE ORAÇÕES

No semestre anterior, vimos que o objeto de estudo da Sintaxe são os períodos


simples e os períodos compostos. Agora que já estudamos o período simples, a partir de
agora, vamos estudar o período composto.
Para introduzir esse conteúdo, fazemos uso do texto Estrutura do período, de
Cláudio Cezar Henriques (2008, p. 96), o qual corrobora o nosso pensamento. Vamos a ele.

ESTRUTURA DO PERÍODO

A complexidade e a expressividade de um texto se medem a partir de vários


parâmetros. Um deles repousa certamente na observação da estrutura sintática de seus
períodos e parágrafos. Por isso, o estudo da sintaxe é um dos caminhos para desvendar os
mecanismos composicionais escolhidos pelo autor de um texto, sendo a nomenclatura e a
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fixação das regras básicas do relacionamento sintático estratégias didáticas – e não o motivo
principal do estudo.
Um texto coeso e coerente se organiza a partir de princípios lógicos, entre os quais
se incluem os mecanismos relacionais, que partem de uma “relação-micro” como a que existe
entre o núcleo de um termo e seu adjunto adnominal, passam por uma “relação-midi”, como
a que nos mostra que uma oração é principal porque outra é sua subordinada, e se encerram
numa “relação-macro”, que confirma por exemplo que uma redação escolar teve começo,
meio e fim – o que só acontecerá de fato se tiverem sido seguidas as regras elementares de
adição, oposição, reiteração, substituição e conclusão, entre tantas outras regras que se
baseiam em ampliações dos mecanismos primários expresos pelos conectivos, conjunções,
pronomes relativos, pessoais...
Nesse caminho do “mundo-micro”, feito com o estudo geral da oração, para o
“mundo-macro”, trataremos agora da estrutura do período (o “mundo-midi”), relembrando
que a solidez de conhecimentos (já estudados anteriormente) é agora o nosso pré-requisito.
Novamente, precisamos repetir que nosso estudo é de análise sintática (do período), ou
seja, o relacionamento que as orações mantêm entre si no enunciado.

Feita essa consideração preliminar, aproveitamos, ainda uma vez, a sugestão didática
do autor para se entender como se dá a divisão de um período em orações: “sublinha-se o
verbo e marca-se cada conector (conjunções coordenativas) e transpositor (conjunções
subordinativas e pronomes relativos, precedidos ou não de preposição) (...). Caso haja alguma
locução verbal, ela marcará apenas uma oração)” (Henriques, 2008, p. 97).
Passemos, agora, a examinar as relações estabelecidas entre as orações no período
composto por coordenação, fazendo menção ao conteúdo tal qual tratado em duas obras
didáticas de língua portuguesa: ABAURRE, M. L. , PONTARA, M. N. , FADEL. T.
Português Língua e Literatura. São Paulo: Moderna, 2000, p. 201- 202. e NICOLA, I.
, INFANTE, U. Gramática essencial. São Paulo: Scipione, 1997, p. 251-256)

RELAÇÕES DE SENTIDO NO INTERIOR DO PERÍODO


1. RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO E COORDENAÇÃO

Coordenação, ou parataxe, é a construção em que os termos se ordenam numa


seqüência e não ficam conjugados num sintagma. Na coordenação, cada termo vale
por si e a sua soma dá a significação global em que as significações dos termos
constituintes entram ordenadamente lado a lado; ex.: auriverde, “parte cor de ouro,
parte verde”, belo e justo, “com a qualidade da beleza ao lado da qualidade da
justiça”; saiu e entrou, “uma ação de saída e depois uma ação de entrada”; etc.J.
Mattoso Camara Jr. Dicionário de Lingüística e Gramática.
(...) Um período pode ser constituído de uma só oração. Diz-se, nesse caso,
que o período é simples. A oração que o constitui recebe, então, a denominação de
oração absoluta.
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Mônica também come pipocas.


O professor chegou atrasado.
Preciso de ajuda.

Quando se tem um período constituído de mais de uma oração, diz que o período é
composto.
Veja os exemplos:

Eduardo come pipocas e Mônica come chocolate.


Eduardo come pipocas, mas não gosta de chocolate.
Eduardo quer que Mônica compre pipocas.

O estudo da sintaxe do período composto consiste basicamente: 1) na identificação


do tipo de relação que se estabelece entre as orações no interior do período (de
coordenação ou subordinação); 2) na natureza do nexo semântico que se estabelece entre
as orações, nas estruturas coordenadas e subordinadas; 3) na identificação da equivalência
entre as orações subordinadas e os termos das orações cuja função elas preenchem com
relação à oração principal.

PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO

Interpretação

As palavras aí estão, uma por uma:


porém minha alma sabe mais.

De muito inverossímil se perfuma


o lábio fatigado de ais.

Falai! que estou distante e distraída,


com meu tédio sem voz.

Falai! meu mundo é feito de outra vida.


Talvez nós não sejamos nós.
Cecília Meireles. Obra poética

Se você compreendeu bem o sentido da epígrafe que introduz este capítulo, concluiu
que a noção de coordenação de estruturas implica autonomia ou independência sintática dos
termos coordenados, que simplesmente entram em relação a partir de uma ordenação em
seqüência. Pode haver coordenação:
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1) de morfemas na composição de um item lexical, como no adjetivo tragicômico


(trágico e cômico);
2) de itens lexicais, como no sujeito composto da oração Eduardo e Mônica comem
pipocas, onde há dois núcleos coordenados entre si, Eduardo e Mônica;
3) de orações, como no período composto Eduardo come pipocas e Mônica come
chocolate, em que se relacionam duas orações sintaticamente equivalentes, Eduardo come
pipocas e Mônica come chocolate.

A coordenação é também denominada parataxe.

Parataxe (do grego): pará, ao lado de + táxis, arranjo, ordem.

Observe o período abaixo, composto por coordenação:

Cheguei, vi, venci.

O período é composto por três orações, colocadas em relação através do processo


sintático da coordenação. Diz-se, portanto, que são coordenadas entre si. Cada uma delas é
sintaticamente independente das demais, sendo constituída por um sujeito simples (oculto,
ou eplítico), “eu”, e por um predicado verbal cujo núcleo é um verbo transitivo ou intransitivo.
A noção de independência sintática decorre, aqui, do fato de que nenhuma das três orações
funciona como um termo de qualquer das outras duas (nenhuma delas é sujeito, objeto direto,
objeto indireto, complemento nominal, predicativo, aposto, adjunto adnominal ou adjunto
adverbial de qualquer das outras).
Repare, agora, que, embora sintaticamente independentes, as três orações
coordenadas ocorrem em uma ordem específica. Parece impossível modificar essa ordem
para Vi, cheguei, venci, Vi, venci, cheguei, Venci, vi, cheguei, Venci, cheguei, vi, ou
Cheguei,venci, vi. Será então que essa ordem é sintaticamente determinada? Parece não
ser esse caso, porque podemos ter orações apresentadas em qualquer ordem, em casos
semelhantes de coordenação:

Estudo, trabalho e viajo.


Estudo, viajo e trabalho.
Trabalho, estudo e viajo.
Trabalho viajo, e estudo.
Viajo, trabalho e estudo.
Viajo,estudo e trabalho.

No caso, portanto, de Cheguei, vi, venci, concluímos que não são restrições
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sintáticas, mas semântico-pragmáticas, que exigem a ordenação das orações segundo um


critério cronológico das ações que se sucederam no tempo. Como você sabe, essa frase,
traduzida do latim Veni, vidi, vici, foi proferida pelo imperador romano Caio Júlio César,
após uma vitória de seus exércitos. Ora, era essa exatamente a ordem dos fatos que lhe
interessava explicitar, para assim explicar a conquista do território pelos romanos. É o contexto
da enunciação, portanto, que muitas vezes determina a ordem em que utilizamos as orações
em uma seqüência coordenada, e não restrições de ordem sintática. De fato, todas as
alternativas que descartamos, no caso dessa frase em particular, são perfeitamente possíveis
do ponto de vista sintático.
Veja outros casos interessantes:

Eduardo está muito doente, logo não vai ao cinema com Mônica.
Eduardo não vai ao cinema com Mônica, logo está muito doente.

Temos, nos dois casos, estruturas com duas orações coordenadas. A conjunção
coordenativa conclusiva logo funciona aí como um operador semântico que articula as duas
orações sintaticamente independentes (Eduardo está muito doente e Eduardo não vai ao
cinema com Mônica), estabelecendo entre elas uma relação conclusiva. O interessante é
que, para cada ordem escolhida para as seqüências de orações, tem-se um sentido diferente
para o enunciado. Assim, quando digo Eduardo está muito doente, logo não vai ao cinema
com Mônica, concluo que ele não vai ao cinema com Mônica a partir do fato de que está
muito doente, já que quaisquer pessoas muito doentes não se podem locomover. Assim o
enunciado Eduardo está muito doente é em si suficiente para que eu conclua que Eduardo
não vai ao cinema com Mônica.
Já em Eduardo não vai ao cinema com Mônica, logo está muito doente, o percurso
que trilhei para chegar à minha conclusão é um pouco diferente, pois baseia-se em uma
inferência que faço, com base em um conhecimento de tipo pragmático: conheço tão bem o
Eduardo, que sei que o único motivo que o levaria a não ir ao cinema com sua namorada,
Mônica, seria uma grave doença que o impedisse de sair de casa. Diferentemente do primeiro
exemplo, não pude concluir, apenas a partir dos elementos lingüísticos presentes no enunciado
Eduardo não vai ao cinema com Mônica, que ele está muito doente.
Mais uma vez, são considerações de ordem semântico-pragmática que levam à escolha
da ordem das orações nas estruturas coordenadas. Apresentaremos, mais adiante, os tipos
de estruturas coordenadas que se podem obter a partir dos nexos semânticos que entre elas
se deseja estabelecer.
Agora que você já aprendeu o que é um período composto por coordenação, veja
que os quatro primeiros versos do Hino Nacional Brasileiro constituem um período composto
por coordenação, com duas orações:
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Ouviram do Ipiranga as margens plácidas


De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Colocando os termos das orações na ordem canônica da língua temos:

As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico


e o sol da liberdade brilhou em raios fúlgidos no céu da Pátria nesse instante.

Canônica: típica
Não é mais simples do que parece à primeira vista?
ABAURRE, M. L. , PONTARA, M. N. , FADEL. T. Português Língua e
Literatura. São Paulo: Moderna, 2000, p. 201- 202

Período Composto por Coordenação


Leia atentamente o poema abaixo, escrito pelo poeta alagoano Lêdo Ivo:

A tempestade
Para que os cajueiros possam florir caiu esta chuva
que apagou as estrelas e encharcou os caminhos.
Água e vento derrubaram as cancelas antigas,
quebraram telhas, vergaram árvores, suprimiram cercas,
desalojaram abelhas e marimbondos,
enxotaram os pássaros predatórios,
e o galinheiro é um cemitério de pintos amarelos.

Este é o regimento do mundo: relâmpagos e raios


antes da flor e do fruto.
Lêdo Ivo

Note como o poeta consegue, num texto simples e belo, mostrar que na organização
do mundo muitas vezes a destruição prepara o nascimento de novas vidas. Dessa forma, a
fúria da tempestade é o ponto de partida para que flores e frutos apareçam.
Voltando à gramática, se você contar os períodos do texto, vai perceber que são
três:

1) O primeiro começa em “Para que os cajueiros...” e vai até “... encharcou os


caminhos.”;
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2) O segundo começa em “Água e vento derrubaram as cancelas”...” e vai até “...


um cemitério de pintos amarelos.”;
3) O terceiro corresponde à segunda estrofe do poema.
Desses três períodos, merece destaque o segundo, bastante longo. Nele, o poeta
utiliza sete orações para descrever os efeitos da tempestade. Observe que se estabelece uma
seqüência de fatos, cada um deles expresso numa oração:

(1) “Água e vento derrubaram as cancelas antigas,


(2) quebraram telhas,
(3) vergaram árvores,
(4) suprimiram cercas,
(5) desalojaram abelhas e marimbondos,
(6) enxotaram os pássaros predatórios,
(7) e o galinheiro é um cemitério de pintos amarelos.”

Cada uma dessas orações é independente, podendo até mesmo ser separada da
anterior por um ponto. O que as une é a seqüência, a ordenação dos fatos que descrevem.
Essas orações são chamadas orações coordenadas.
O período que estamos analisando é um período composto por coordenação, pois
é formado apenas por orações coordenadas.
Se você observar novamente as orações coordenadas que formam o período acima,
perceberá que uma delas apresenta uma particularidade. É a sétima oração, que se liga à
oração anterior por meio da conjunção e (“... e o galinheiro é um cemitério de pintos
amarelos.”). As outras orações ligam-se umas às outras diretamente, sem que se faça uso de
nenhuma conjunção. Isso nos permite estabelecer uma primeira classificação das orações
coordenadas:

1) As orações coordenadas que se ligam à oração anterior por meio de uma


conjunção são chamadas orações coordenadas sindéticas.
2) As orações coordenadas que não apresentam conjunção que as ligue à oração
anterior são chamadas orações coordenadas assindéticas.

Os nomes sindéticas e assindéticas provêm da palavra de origem grega síndeto,


que quer dizer ‘conjunção’, ‘elemento que une’. Em assindética, o a é prefixo com idéia de
negação (assindética = ‘não tem síndeto’, ‘não tem conjunção’).

Definição
Período composto por coordenação é aquele formado por orações
coordenadas, ou seja, por orações independentes ligadas umas às outras.As orações
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coordenadas podem ser sindéticas (são introduzidas por conjunção) ou assindéticas


(não são introduzidas por conjunção).

Classificação das Orações Coordenadas Sindéticas


Quando são introduzidas por conjunção, ou seja, quando são sindéticas, as orações
coordenadas são também classificadas a partir do sentido da relação que estabelecem. Reveja,
por exemplo, a sétima oração do período composto que estamos estudando. Essa oração
adiciona mais um fato à seqüência estabelecida pelas orações anteriores. É, por isso, uma
oração coordenada sindética aditiva:

“enxotaram os pássaros predatórios,


oração coordenada assindética

e o galinheiro é um cemitério de pintos amarelos.”


oração coordenada sindética aditiva

As orações coordenadas sindéticas aditivas mostram seqüências de fatos ou


pensamentos. As conjunções que introduzem as orações aditivas são geralmente e e nem:
A tempestade derrubou árvores e arrancou cercas.
oração coordenada assindética oração coordenada sindética aditiva

A tempestade não derrubou árvores nem arrancou cercas. (nem=e não)


oração coordenada assindética oração coordenada sindética aditiva.

A oração coordenada sindética aditiva exprime um fato ou pensamento que


se soma (adiciona) ao que está expresso na oração anterior. As conjunções aditivas
mais comuns são e e nem.

Às vezes, a oração coordenada sindética exprime um fato que estabelece um contraste


com o fato expresso na oração anterior. No período abaixo, por exemplo, a segunda oração
estabelece uma oposição em relação à primeira. Entre as duas orações, cria-se uma relação
de adversidade, de oposição. É por isso que a oração introduzida pela conjunção mas é uma
oração coordenada sindética adversativa.

A tempestade derrubou árvores, mas fez germinar as sementes.


oração coordenada assindética oração coordenada sindética adversativa

Além da conjunção mas, podemos utilizar as conjunções porém, contudo, todavia,


entretanto e a locução no entanto para exprimir adversidade, oposição.
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porém,
contudo,
As abelhas foram desalojadas, todavia, flores surgiram nos cajueiros.
entretanto,
no entanto,
oração coordenada sindética adversativa

A oração coordenada sindética adversativa exprime um fato ou idéia que


estabelece contraste ou cria oposição com aquilo que a oração anterior exprime. As
conjunções normalmente utilizadas são mas, porém, contudo, todavia, entretanto e
a locução conjuntiva no entanto.

Há orações coordenadas que exprimem fatos ou pensamentos que se alternam ou


que se excluem mutuamente. Observe:

Ora desaba a tempestade, ora o sol ilumina as flores.


Ou vem a chuva, ou os brotos não germinarão.

No primeiro exemplo, temos fatos que se alternam; no segundo, fatos que se excluem
mutuamente.
Essas orações são chamadas orações coordenadas sindéticas alternativas, pois
estabelecem entre si uma relação de alternância. Observe que, nos exemplos citados, as
duas orações de cada período são introduzidas por conjunção (ora...,ora...; ou (isolada ou
em pares); já..., já...; quer..., quer...).
Às vezes, a conjunção ou pode introduzir apenas a segunda oração:

Ponha as sementes na terra ou não aproveitará as chuvas da primavera.


oração coordenada assindética oração coordenada sindética alternativa

As orações coordenadas sindéticas alternativas exprimem idéias ou fatos que


se alternam ou que se excluem mutuamente. A conjunção ou e os pares ou..., ou...;
ora..., ora... normalmente ligam as orações alternativas.

Uma oração coordenada também pode exprimir uma conclusão que se tira a partir
de um fato ou pensamento expresso na oração anterior. É uma oração coordenada sindética
conclusiva, como a do exemplo abaixo:

A chuva fez germinar as sementes, portanto os brotos vão rebentar em breve.


oração coordenada assindética oração coordenada sindética conclusiva
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As orações coordenadas que exprimem uma conclusão são normalmente introduzidas


pelas conjunções, portanto, logo, por isso. A conjunção pois também exprime conclusão
quando não aparece antes do verbo da oração que introduz. Observe:

verbo conjunção
Choveu muito; haverá, pois, uma farta colheita.
oração coordenada oração coordenada
assindética sindética conclusiva

A oração coordenada sindética conclusiva normalmente é introduzida pelas


conjunções logo, portanto, por isso e, pois (que não deve vir antes do verbo) e
exprime uma conclusão que se extrai daquilo que a oração anterior declara.

Existe ainda mais um tipo de oração coordenada sindética. Este último tipo exprime
uma explicação, um motivo para que se tenha feito uma declaração anterior. Observe, nos
períodos abaixo, exemplos de orações coordenadas sindéticas explicativas:

Deve ter chovido muito, porque muitas telhas foram quebradas.


oração coordenada oração coordenada
assindética sindética explicativa

Proteja-se, que a chuva será violenta.


oração coordenada oração coordenada
assindética sindética explicativa

As orações coordenadas sindéticas explicativas são normalmente introduzidas pelas


conjunções que e porque.
A conjunção pois exprime explicação quando aparece antes do verbo da oração
que introduz, como no exemplo abaixo:

conjunção verbo
A tempestade foi violenta, pois muitas cercas foram derrubadas.
oração coordenada assindética oração coordenada sindética explicativa

A oração coordenada sindética explicativa exprime o motivo, a justificativa


de se ter feito uma declaração anterior. As conjunções que, porque e, pois (que deve
vir antes do verbo) normalmente introduzem esse tipo de oração coordenada.

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Resumindo – O período composto por coordenação é formado por orações


coordenadas, ou seja, orações independentes ligadas entre si. Essas orações podem ser:

1- assindéticas
2- sindéticas – aditivas
adversativas
alternativas
conclusivas
explicativas

(NICOLA, I. , INFANTE, U. Gramática essencial. São Paulo: Scipione, 1997,


p. 251-256)
Para concluir esta aula, uma observação importante deve ser feita sobre o estudo
das orações coordenadas. Leia o texto abaixo extraído de INFANTE, Ulisses. Curso de
gramática aplicada aos textos 5 ed. São Paulo: Scipione, 1996, p. 441-442.

Observação:
Em nossa apresentação das orações coordenadas, seguimos as orientações fixadas
pela Nomenclatura Gramatical Brasileira. Essas orientações, no entanto, criam um sério
problema a quem se dispõe a fazer um estudo dos fatos da língua portuguesa sem querer
submetê-los a uma teoria preexistente. Isso ocorre porque, segundo essa Nomenclatura, as
orações coordenadas sindéticas devem ser classificadas de acordo com o tipo de conjunções
que as introduzem. De acordo com esse procedimento, só devem ser classificadas em aditivas,
adversativas, conclusivas e explicativas as orações sindéticas; além disso, devem-se levar
em conta as conjunções que encabeçam essas orações e não o sentido da relação que se
estabelece. As limitações dessa postura são muitas. Observe:

Você quer ajuda, e eu não o posso ajudar.


Faça o que lhe digo e será bem-sucedido.

• nesses dois casos, se seguíssemos as orientações propostas, teríamos de falar em


orações coordenadas sindéticas aditivas, pois estamos lidando com orações encabeçadas
pela conjunção e. É evidente, no entanto, que essas orações não são puramente aditivas; no
primeiro caso, há um inegável valor adversativo (Você quer ajuda, mas eu não posso ajudar),
no segundo caso, percebe-se um valor consecutivo (Faça o que eu lhe digo e em
conseqüência será bem-sucedido.).

Fiz de tudo para alertá-los do perigo; ninguém me quis ouvir.


Não fale alto: não tenho nenhum problema auditivo!
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• as duas orações destacadas, apesar de assindéticas, têm sentidos bem marcados;


a primeira tem valor adversativo; a segunda, explicativo.
Por isso, voltamos a insistir em que você se preocupe mais com o uso efetivo das
estruturas lingüísticas do que com as intermináveis discussões dos gramáticos sobre questões
de nomenclatura...

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABAURRE, M. L. , PONTARA, M. N. , FADEL. T. Português Língua e Literatura. São


Paulo: Moderna, 2000.
HENRIQUES, Cláudio Cezar. Sintaxe: estudos descritivos da frase para o texto. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2008.
INFANTE, Ulisses. Curso de gramática aplicada aos textos 5 ed. São Paulo: Scipione,
1996.
NICOLA, I. , INFANTE, U. Gramática essencial. São Paulo: Scipione, 1997.

ATIVIDADES
As atividades referentes a esta aula estão disponibilizadas na ferramenta
“Atividades”. Após respondê-las, enviem-nas por meio do Portfolio- ferramenta do
ambiente de aprendizagem UNIGRAN Virtual. Em caso de dúvidas, utilize as
ferramentas apropriadas para se comunicar com o professor.

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