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1. Conceito
- Caio Mário (a partir de Lafayette Rodrigues Pereira): domínio é o direito real que vincula
legalmente e submete ao poder absoluto da nossa vontade a coisa corpórea na substância,
acidente e acessórios (bens materiais).
- Domínio: poder de inflexão que o sujeito tem sobre o bem. Não existe posse sobre bens
imateriais porque o domínio não recai sobre bens imateriais.
- Direito civil-constitucional.
- Função social da propriedade: art. 5º, XXIII c/c art. 170, III.
- Desde a CF de 1934 há previsão de função social da propriedade, mas sempre no
capítulo da ordem econômica e social. Apenas a CF de 1988 transfere isso para a
seção dos direitos e garantias fundamentais, ampliando a força normativa do
princípio.
- Elementos internos (usar, fruir, dispor) que são como o sujeito se relaciona com a coisa +
elemento externo (sequela - buscar a coisa nas mãos de quem indevidamente a possua ou
detenha) que é como o titular do direito se relaciona com terceiros.
- A função social também é elemento externo (art. 1228, § 1º, do CC).
- Função social (já nasce com a propriedade, não requer justificativa) ≠ interesse público
(constitui-se a posteriore e requer funtamentação).
a) Subjetividade
- Oponível erga omnes, gerando um dever da sociedade de abstenção em relação ao
regular exercício do direito pelo proprietário. Descumprimento da função social é exercício
irregular.
b) Absolutividade
- É direito absoluto por ser oponível a terceiros mas não pode ser exercido de forma
absoluta.
c) Elasticidade
- Os poderes conferidos ao titular podem ser alargados ou restringidos conforme a vontade
do proprietário.
d) Perpetuidade
- O direito não se extingue por decurso de tempo. Enquanto a coisa existir, subsistirá o
direito.
e) Complexidade
- A complexidade decorre da inclusão de um feixe de poderes que são o domínio.
f) Limitação
- É um direito limitado pois o proprietário sofre uma série de limitações internas e externas.
- Há quem defenda que a função social é uma dessas limitações, embora alguns
compreendam que a função social é um elemento externo da propriedade que já
nasce com ela, não sendo, pois, uma limitação.
- Art. 1231 do CC dispõe que a propriedade nasce plena, mas entende-se que pode ser
limitada.
g) Exclusividade
- É um direito exclusivo porque cabe ao proprietário afastar qualquer ingerência indevida
sobre esse direito, sendo a legitimidade só dele (salvo os casos em que tenha havido
cessão de poderes). Art. 1231, CC: a propriedade não só nasce plena como também
exclusiva (cabendo a mesma ressalva anterior).
h) Acessoriedade
- O princípio da acessoriedade estabelece que ao proprietário do bem principal pertencem
os acessórios.
- Função social.
- Art. 187, CC: também comete ato ilícito o titular de um direito quer ao exercelo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico e social, pela boafé e pelos
bons costumes.
- Limites ao direito de propriedade: preservação do meio ambiente (art. 225 da CF1), política
de desenvolvimento urbano (art. 182 da CF2), direitos de vizinhança (art. 1277 do CC3),
limitações administrativas, etc.
- Poda de árvores que ultrapassem limites de terreno (art. 1283 do CC).
- Passagem forçada (art. 1285 CC).
- Águas naturais advindas de imóvel topograficamente superior (Art. 1.288 CC).
- Muros divisórios (art. 1297 CC).
- Direito de construir (art. 1299 CC).
- Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257 de 2001) – edificação compulsória (art. 5º),
preempção devido ao plano diretor (art. 39), estudo sobre impacto de vizinhança (art.
36).
- Lei de Parcelamento do Solo Urbano (Lei nº 6.766 de 1979).
- Lei de crimes ambientais.
- Lei de proteção da vegetação nativa.
- Código de Águas.
- Código brasileiro de aeronáutica.
1 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações.
2 A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais
fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes.
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O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança,
aosossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.
d) cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade.
- Capacidade aquisitiva: tem capacidade de adquirir a propriedade todo aquele que tem
poder de disposição e aquisição. A capacidade de aquisição pode ser plena ou relativa,
como no caso dos pródigos, que apenas podem adquirir a título gratuito ou sucessão
hereditária.
- Coisa suscetível de aquisição: o bem deve estar disponível para que seja adquirido. O
bem precisa estar disponível para aquisição. Há bens insuscetíveis de aquisição, como os
bens públicos de uso comum do povo ou de uso especial. Os bens públicos dominicais
podem ser vendidos.
- Modo de aquisição: a lei exige certas solenidades para a aquisição de alguns bens. No
silêncio legal, o modo de aquisição será o contrato.
7. Procedência da Propriedade
- Propriedade originária: a aquisição será o marco zero, não havendo direitos reais que
estejam ligados àquela propriedade. Não se transmitem direitos reais anteriores
(obrigações, tributos, etc).
- Modos de aquisição originária: ocupação, usucapião, achado de tesouro,
especificação, confusão, comistão, adjunção.
- Transmissão indireta: é feita por interposto da pessoa ou por meios indiretos de aquisição.
- Tradição: requer entrega efetiva da coisa e acordo de vontades. É a tradição que transfere
a propriedade, não o contrato. Apenas o proprietário pode transferir a propriedade.
- Tradição pode ser real (entrega da coisa em si) ou ficta (entrega de um símbolo
que representa a coisa, como as chaves da casa ou do carro).
- Caso a coisa seja oferecida em leilão ou estabelecimento comercial (publicidade),
sob tais circunstâncias que o adquirente de boa-fé acredite estar adquirindo do
legítimo dono mesmo não sendo (Teoria da Aparência), poderá haver aquisição.
a) Descoberta
- Deve-se buscar o dono.
- O descobridor tem direito à recompensa não inferior a 5% do valor do bem + restituição
dos gastos que fez para manutenção da coisa.
b) Acessão (Princípio da Acessão: tudo aquilo que ao solo acede pertence ao dono do solo,
porque vira acessório de um bem principal.)
- Conceito de Caio Mário: quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo
a cada uma delas igual direito, idealmente, sobre o todo e a cada uma de suas partes
- Pressupostos: indivisão do bem (voluntária, pela natureza do bem, por decisão judicial ou
legal); pluralidade subjetiva (múltiplos sujeitos sendo donos de uma fração ideal mas
respondendo pelo todo da propriedade).
9.1. Classificação
a) Quanto a origem
- Voluntário/convencional: decorre da vontade das partes.
- Coativo/forçado: não acaba com decurso do tempo, não existe prazo estabelecido.
- Cada condômino poderá usar a coisa conforme sua destinação, sem excluir o direito ao
uso pelos demais.
- Cada condômino poderá gravar ou alienar a sua parte, respeitando a preferência dos
demais.
- Qualquer condômino pode defender a sua posse, inclusive contra os outros condôminos.
- Nenhum dos condôminos pode dar posse ou uso da coisa a estranhos sem o
consentimento dos demais.
- Sendo divisível o bem, extingue-se o condomínio voluntário por decisão das partes em
dividir o bem.
- Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa comum por prazo não maior de
cinco anos, suscetível de prorrogação.
- Se o condomínio foi determinado pelo termo de doação ou num testamento o prazo será
de cinco anos sem prorrogação.
- O condomínio edilício pode ser instituído por ato entre vivos ou causa mortis.