As articulações para as eleições majoritárias em Mato Grosso começam a se
delinear mais. Com a retirada de Dilceu Rossato (PSL) e do Procurador Mauro (PSOL) que poderiam embolar o quadro, a disputa converge para os três candidatos mais competitivos. Pedro Taques (PSDB), Mauro Mendes (Dem) e Wellington Fagundes (PR) já elevaram o tom das acusações mútuas nesta fase final de fechamento das chapas. A percepção política mais geral aponta que os três partiriam de uma base próxima em termos de cacife eleitoral, oscilando entre 15 a 20% dos votos totais. Isto significa algo em torno de 20% a 30% de votos válidos, numa eleição que será fortemente marcada pelo anti-voto ou ABN (abstenção, branco e nulo) e também pela alta rejeição dos candidatos. Esta situação nos aponta que a eleição será embolada, com moderada chance de segundo turno e com participação de qualquer um dos três. O voto ABN deve rondar 35% ou 40%, deixando apenas 65% ou 60% para a massa de votos válidos. Isto leva à conclusão de que o Governador será eleito com algo em torno de 30% a 33% + 1 dos votos totais. Há quem diga que ficará até abaixo dos 30%, baseado em projeções da eleição municipal de 2016. Isto adiciona mais uma camada de indefinição, já que mesmo candidatos com alta rejeição tem chances matemáticas de ganhar a eleição, por conta do piso baixo de votos requerido. Diante disto, torna-se central o conceito de espaço político ou margem de manobra dos candidatos para montarem suas coligações e obterem apoio popular. Este espaço pode ser descoberto ao olharmos o potencial de voto dos candidatos, formado por aqueles que votam mais os que poderiam votar, deduzido dos que o rejeitam. No caso de Mato Grosso temos Wellington Fagundes e Mauro Mendes numa situação parecida, com potencial superior à rejeição, se considerarmos a avaliação generalizada. Ambos têm um campo mais largo para construírem suas candidaturas, tanto junto aos partidos quanto ao eleitorado. Ainda há quem acredite numa composição entre eles no primeiro turno, mas os fatos vêm tornando isto cada vez mais improvável. Um segundo turno protagonizado pelos dois seria bem disputado e com final indefinido. Já o Governador Pedro Taques enfrenta forte rejeição pessoal e de sua administração, o que reduz sobremaneira sua margem de manobra. Mantém chances “matemáticas” em função dos baixos percentuais necessários, mas precisaria contar com uma fraqueza muito grande dos adversários. Ele só venceria no cenário de W.O que vêm sendo apontado por muitos desde o começo deste ano, se nenhuma das candidaturas adversárias se viabilizar por razões políticas e judiciais. Taques poderia ocupar todo o seu potencial, atingindo algo próximo a um terço do eleitorado. Mas, se a oposição tiver um mínimo de competitividade, esta hipótese fica pouco plausível. É de amplo conhecimento que não existe W.O na política. Portanto, algo que já é possível perceber é uma tentativa de Mauro e Wellington de não polarizarem entre si e focarem mais no Governador. Levar Taques para o segundo turno pode mobilizar todo o eleitorado que lhe rejeita e facilitar muito a vitória do seu adversário. Mesmo com uma parte significativa optando pelo voto ABN, o desejo de derrota-lo deve falar mais alto e garantir uma participação significativa deste amplo grupo. Por outro lado é uma jogada de alto risco, já que Taques é o Governador em exercício e tem o controle da máquina. Isto sem contar com sua atribuída influência em outras esferas de poder com forte relevância no atual momento político nacional e de Mato Grosso. Vejamos quem conseguirá atingir o desejado terço do eleitorado.