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Ação Penal
1) Conceito:
Trata-se do direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do
Direito Penal Objetivo ao Caso Concreto. Está consagrado na Constituição em seu art. 5º,
XXXV. Ademais, é o direito de exigir do judiciário a prestação jurisdicional depois do devido
processo legal (art. 5º, LIV).
2) Característica:
Autonomia: O direito de ação, ao ser autônomo, significa que não se confunde
com o direito material, que será tutelado pela jurisdição. O direito de ação é um serviço
processual, que irá servir de instrumento para a tutela de um serviço penal (são
direitos conexos, mas autônomos, que não se confundem).
3) Condições da Ação:
São pré-requisitos para admissibilidade da ação. São os requisitos necessários e
condicionantes ao exercício regular do direito de ação. Sem essas condições a ação será
prematuramente rejeitada (art. 395, II e III).
1 O exercício arbitrário das próprias razões é tratado no art. 345 do CP como crime contra a
administração da justiça
2 As primeiras 3 condições da ação são as genéricas, trazidas pelo art. 267, VI, do CPC.
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Justa Causa3: Condição probatória, segundo Afrânio, de que haja indício mínimo
de autoria e prova de materialidade do crime. Caso contrário, a denúncia será rejeitada.
Normalmente tais elementos são extraídos do inquérito policial, mas nada
impede que possam ser obtidos através de outras peças de informação.
Tal condição serve para que não haja acusação temerária ou leviana, sem
atentar contra o satus dignitatis do demandado com o exercício da ação penal.
3 A Justa Causa é trabalha de forma autônoma no art. 395, III, do CPP, sendo polêmico o
enquadramento como uma quarta condição da ação. Alguns a integram ao interesse de agir (Greco
Filho) ou mesmo como requisito ao desenvolvimento do processo (Didier).
4 Possui natureza jurídica de condição especial de procedibilidade da ação penal.
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Contudo, outra posição, defendida por Barbosa Moreira e Alexandre Câmara, aplica a
Teoria da Asserção (Prospettazione), de modo que as condições da ação devem ser aferidas
de acordo com a narrativa constante na inicial acusatória. Assim, o magistrado analisaria a
presença ou não das condições da ação de acordo com aquilo que foi narrado pelo autor da
demanda. Superada essa fase inicial, resta ao magistrado o enfrentamento meritório.
4) Pressupostos Processuais:
Estes não se confundem com as condições da ação. A análise dos pressupostos se dá
concomitantemente à análise das condições.
Contudo, temos a possibilidade dos juízes e tribunais, sempre que verificarem que
alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal à liberdade de locomoção, concederem
habeas corpus ex officio (art. 654, §2º, CPP).
Obs.: O art. 26, que previa o “processo judicialiforme” (início da ação ocorrer
através do auto de prisão em flagrante ou por portaria emanada de autoridade
policial ou judiciária), encontra-se revogado pelo art. 129 da CRFB, pois a
titularidade da ação penal pública foi conferida ao Ministério Público com a
CRFB/88, sendo impensável o exercício da ação por iniciativa do delegado ou
magistrado. Ademais, o art. 257, I, CPP, dispõe no mesmo sentido.
Obs.2: Não pode o juiz, que não tem iniciativa penal, propor a transação
penal67 no lugar do Ministério Público. Trata-se de atribuição exclusiva do
6 De acordo com entendimento do STJ, a Transação Penal não é direito subjetivo do autor do fato, mas
acordo, exigindo-se consentimento das partes.
7 Caso descumpridos os termos da Transação, admite-se a propositura da Denúncia e o início da Ação
Penal.
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Obs.: No entanto, este princípio não impede que o MP, em suas alegações
finais, opine pela absolvição do réu, até porque isso não é desistência, mas uma
opinião, e já que o MP, além de ser parte, também e fiscal da lei, e como fiscal
da lei não há interesse em condenar um inocente. Além do mais, isto não é
desistir da ação, pois tanto é que o juiz pode condenar mesmo assim.
III. Oficialidade: A persecução penal in juízo está a cargo de um órgão oficial, qual seja,
o Ministério Público.
8 Mesmo para esta corrente, não há impedimento para que o MP faça o aditamento para lançar os demais
réus incidentalmente descobertos, afinal, o MP é movido pelo princípio da Obrigatoriedade. Apenas se
afirma que não caberia ao MP escolher arbitrariamente quem processar.
9 Essa corrente está mais ligada aos que defendem o arquivamento implícito.
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Essa também é titularizada pelo MP, afinal, trata-se de ação público, entretanto,
porque há ofensa à vítima em sua intimidade, para o seu exercício válido, o legislador optou por
condicioná-la a um permissivo externado por esta ou seu representante legal, permissivo este
denominado representação ou requisição.
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A doutrina afirma que a representação do ofendido (art. 5º, §4º, CPP) para instauração de inquérito em
sede de ação penal pública condicionada constitui uma delação qualificada, pois o ofendido, ao mesmo
tempo em que está relatando o crime, está autorizando a instauração do inquérito e da ação penal.
11 Estamos diante de um instituto híbrido (misto - prazo processual, que porém é causa de extinção da
Obs.: Na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), em seu art. 16, prevê
que só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do
recebimento da denúncia e ouvido o MP. Altera-se, assim, o marco de
admissão, comportando retratação até antes do recebimento da
denúncia.
II) Prazo para oferecimento: Pode ser ofertada a qualquer tempo, enquanto
a infração não estiver prescrita, ou a punibilidade não estiver extinta por
qualquer outra causa (art. 107, CP). Não existe prazo decadencial pra
apresentar requisição, ao contrário do que ocorre com a representação da
vítima.
III) Retratação: Por ausência de previsão legal, e por ser um ato de natureza
política, na visão de Tourinho não cabe retratação, pois esta revelaria
fragilidade do Estado brasileiro.
Porém, para LFG, Aury e Pacceli (minoritário), é admissível a
retratação da requisição até o oferecimento da denúncia, em analogia à
representação.
6.3.a) Titularidade:
De acordo com o art. 30 do CPP, o exercício do direito de ação cabe ao
ofendido ou ao seu representante legal.
6.3.b) Princípios:
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14 Vale lembrar que o perdão é ato bilateral, precisando ser aceito pelo imputado para operar efeitos.
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Havendo ofensa à honra do funcionário público que diga respeito ao exercício das
funções (propter officium), segundo a parte final do §único do art. 145 do CP, trata-se de crime
de ação pública condicionada a representação.
Ação Privada: Não mais subsiste, a não ser que ocorra inércia do MP, quando então
terá cabimento a ação privada subsidiária da pública.
Ação Pública Condicionada: É a regra geral, mesmo quando ocasionem lesão
corporal grave ou morte (art. 225, caput, CP).
Ação Pública Incondicionada: Quando a vítima é menor de 18 anos ou pessoa
vulnerável (art. 225, § único, CP).
9) Direito Intertemporal:
Para Nestor Távora, nas hipóteses em que a ação cabível era pública incondicionada e
passa a ser condicionada à representação, deve haver notificação do ofendido ou do seu
representante, nos processos já existentes, para que represente, se deseja, sob pena de decair o
direito, ocorrendo a extinção da punibilidade, pois a norma tem natureza híbrida.
Denúncia
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1)Requisitos:
É a petição inicial da ação penal Pública, ao passo que a Queixa Crime é na Ação Penal
Privada.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo,
a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
2)Dolo e Culpa:
3)Concurso de Agentes:
Obs.: Exceção: Existe um crime em que a jurisprudência é mais flexível em relação a isso, não
exigindo tanto detalhamento na conduta de cada indiciado, já que é difícil de verificar o que
cada um fez extamente, cabendo uma denúncia um pouco mais genérica, não aplicando com
tanto rigor o art. 41. É o crime de autoria coletiva ou multitudinário (Ex: Crimes Societáios) (HC
88.525/SP).
Esta é uma tese da doutrina minoritária (Afrânio Silva Jardim), que, no entanto, já foi
perguntada em concurso do MP.
Para eles, rejeição é quando o juiz rejeita a denúncia por questões de mérito, e, se
analisou o mérito, fez coisa julgada material, não podendo haver nova denúncia. Já não-
recebimento é quando o juiz não recebe a denúncia por uma questão meramente processual,
fazendo apenas coisa julgada formal, cabendo nova denúncia caso superada esta questão
processual seja superada, já que o mérito não foi julgado. (Ex: Prescrição é matéria de mérito
(art. 107 CP); Falta de representação do ofendido em crime de ameaça é questão processual).
6)Aditamento à Denúncia:
Obs.2: Com o aditamento à denúncia, a defesa deverá ser ouvida, o réu interrogado, e deverá
ser produzidas novas provas sobre o novo fato ou sobre o novo indiciado. (art. 384)
Obs.3: Art. 384 §4º, parte final - Há o princípio da indisponibilidade da ação penal público, não
podendo desistir da ação penal. Assim sendo, quando há o aditamento, o juiz poderá condenar
nos termos da denúncia original ou da denúncia aditada, não ficando adstrita aos termos do
aditamento, como se refere o dispositivo citado.
Questão: Em relação à possibilidade de o juiz fixar de ofício o valor do art. 387, IV, há 2
correntes:
1ª Corrente: Polastri e Pacceli - Poderá fixar de ofício o valor do art. 387, IV, por
estabelecer um efeito extra-penal da sentença condenatória, fixada pela lei, ou seja, há
um comando legal que deve ser cumprido, independente do requerimento da parte
interessada
Questão 2: A indenização pela vara criminal é total ou parcial, ou seja, fixa dano
material ou fixa dano moral também?
1ª Corrente: Majoritária - Abrange tudo, já que a lei não distingue, devendo fixar dano
moral e material.
2ª Corrente: Não, sob o argumento de que o artigo 387, IV, fala apenas em prejuízo, e
prejuízo deve ser interpretado apenas como dano material.
Trata-se de uma ação indenizatória de natureza civil que se origina em razão da prática de um
crime. A causa petenti da ação penal e da ação indenizatória é o mesmo, derivando de um
mesmo fato.
A sentença penal condenatória servirá como título executivo para ser executada no juízo cível,
cujo objetivo é reparação dos danos decorrentes da prática do crime. A sentença penal
condenatória traz uma obrigação certa, mas sem liquidez, pois não fixará o valor da
indenização, cabendo ao juiz cível, durante o procedimento de liquidação de sentença,
determinar o montante devido. Atenção: segundo o art. 387, IV, do CPP, o juiz criminal deverá
na sentença fixar um valor mínimo, ou seja, a sentença penal já tem uma liquidez mínima.
- Polastri e Pacelli entendem que o juiz pode fixar de ofício, pois se trata de um novo efeito
extrapenal legal, cabendo ao juiz cumpri-lo, independentemente de requerimento.
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- Alexandre Câmara entende que o valor deve ser fixado somente mediante requerimento do
ofendido, sob pena de violação ao sistema acusatório que está ligado à inércia da jurisdição, à
ampla defesa. Além disso, se o réu apelar em face do valor fixado, quem será o recorrido? O
juiz? Assim, a indenização não pode ser fixada de ofício, devendo ser requerida pela vítima. Se
a vítima formular um pedido de indenização, estaremos diante de um litisconsórcio ativo.
O valor da indenização fixado pela vara criminal abrange dano material e dano moral?
Segundo entendimento majoritário, tal indenização abrange tanto o dano material quanto o
dano moral. O professor discorda, pois, para ele, o juiz criminal não tem como valorar a
violação à dignidade da pessoa humana. Além disso, o art. 387, IV, do CPP fala em “prejuízo”,
que está vinculado ao dano material.
Princípio da adesão mitigada: influência de alguns resultados da ação penal na ação civil. Toda
sentença condenatória tem efeito na ação civil, reconhecendo de plano a obrigação de
indenizar a vítima ou seus sucessores. A sentença condenatória é um título executivo, sendo
considerada um título certo. Recentemente, tal título, além da certeza, ganhou liquidez
mínima, pois o art. 387, IV, do CPP prevê que o juiz criminal deve fixar na sentença
condenatória penal o valor mínimo da indenização.
Legitimidade ativa (art. 63, do CPP): ofendido, representante legal e herdeiros. Além disso, o
art. 68, do CPP prevê a possibilidade de execução civil por parte do MP. Trata-se de uma
legitimidade extraordinária no caso de vítima hipossuficiente. Porém, a CF (art. 134, da CF)
prevê que a Defensoria é o órgão responsável pela execução civil da sentença condenatória.
Nesse sentido, tal dispositivo padece de inconstitucionalidade progressiva (RE 196.857/SP).
Legitimidade passiva (art. 64, do CPP): réu ou seu responsável civil. Polastri entende que a
parte final do dispositivo é inconstitucional, pois viola a ampla defesa e o contraditório (art. 5°,
LV, da CF), sendo a legitimidade passiva apenas do réu, e não do responsável civil, tendo em
vista não ter participado do processo penal.
Independência: conforme mencionado acima, a adesão entre a esfera penal e civil é mitigada,
podendo existir ação civil sem a ação penal. Porém, se proposta a ação civil e, posteriormente,
for proposta a ação penal, o juízo cível pode suspender a ação civil até o julgamento da ação
penal, tendo em vista a influência desta naquela (art. 64, § único).
Sentença absolutória que faz coisa julgada no cível, ou seja, impede a ação civil (art. 65, do
CPP): faz coisa julgada a sentença absolutória fundada nas causas excludentes de ilicitude. É
certo que as excludentes de culpabilidade não afastam a possibilidade de indenização no
âmbito civil.
Autonomia: existem decisões no crime que não fazem coisa julgada no cível (art. 66 e 67, do
CPP). A despeito da sentença absolutória, se esta não negar categoricamente a existência
material do crime, a ação civil poderá ser proposta. Nesse sentido, a absolvição com base no in
dubio pro reo não obsta a propositura da ação civil.
deve ser aplicado por analogia à absolvição quando se reconhece categoricamente a não
autoria por parte do réu.
No tribunal do júri vigora o princípio da intima convicção, ou seja, os jurados não precisam
motivar as suas decisões. Tendo em mente tal característica, não se aplica o art. 66, do CPP,
pois não é possível saber o fundamento da absolvição, sendo possível a propositura de ação
civil em qualquer hipótese.
III – quando a sentença absolutória decidir que o fato imputado não constitui crime (ex: dano
culposo é atípico. Porém, civilmente, o dano culposo gera ação indenizatória).
Tendo em vista a adesão mitigada, o STF vem admitindo a apelação defensiva contra sentença
absolutória, cujo objetivo por parte do réu é evitar a propositura de ação civil. Exemplo:
absolvição por ausência de prova suficiente não impede a propositura de ação civil. Nesse
sentido, é possível a interposição de apelação para que haja mudança da causa de absolvição,
impedindo a propositura de ação civil.