Em seu texto, Loic Wacquant defende que o desmantelamento do estado-providência se deu de maneira concomitante ao desenvolvimento do estado penitenciário. Por meio de dados, o autor demonstra o crescimento econômico norte-americano chamando atenção para o fato de que apenas 5% dos mais ricos puderam aproveitar 95% do lucro obtido. Por esse motivo, a população mais pobre pagou o preço do crescimento, ao sofrer com desemprego ou subemprego e a redução de salários devido ao corte de gastos. A ideia apresentada à Europa dos Estados Unidos como um país economicamente desenvolvido, com qualidade de vida à população, é assim, ilusória uma vez que poucas pessoas puderam usufruir dos ganhos do Estado, ao passo que outras ficaram para trás por sua condição social.
Título original
Resenha WACQUANT, Loïc. As Prisões da Miséria, RJ: Zahar, 2001.
Em seu texto, Loic Wacquant defende que o desmantelamento do estado-providência se deu de maneira concomitante ao desenvolvimento do estado penitenciário. Por meio de dados, o autor demonstra o crescimento econômico norte-americano chamando atenção para o fato de que apenas 5% dos mais ricos puderam aproveitar 95% do lucro obtido. Por esse motivo, a população mais pobre pagou o preço do crescimento, ao sofrer com desemprego ou subemprego e a redução de salários devido ao corte de gastos. A ideia apresentada à Europa dos Estados Unidos como um país economicamente desenvolvido, com qualidade de vida à população, é assim, ilusória uma vez que poucas pessoas puderam usufruir dos ganhos do Estado, ao passo que outras ficaram para trás por sua condição social.
Em seu texto, Loic Wacquant defende que o desmantelamento do estado-providência se deu de maneira concomitante ao desenvolvimento do estado penitenciário. Por meio de dados, o autor demonstra o crescimento econômico norte-americano chamando atenção para o fato de que apenas 5% dos mais ricos puderam aproveitar 95% do lucro obtido. Por esse motivo, a população mais pobre pagou o preço do crescimento, ao sofrer com desemprego ou subemprego e a redução de salários devido ao corte de gastos. A ideia apresentada à Europa dos Estados Unidos como um país economicamente desenvolvido, com qualidade de vida à população, é assim, ilusória uma vez que poucas pessoas puderam usufruir dos ganhos do Estado, ao passo que outras ficaram para trás por sua condição social.
Resenha WACQUANT, Loïc. As Prisões da Miséria, RJ: Zahar, 2001.
Em seu texto, Loic Wacquant defende que o desmantelamento do estado-
providência se deu de maneira concomitante ao desenvolvimento do estado penitenciário. Por meio de dados, o autor demonstra o crescimento econômico norte-americano chamando atenção para o fato de que apenas 5% dos mais ricos puderam aproveitar 95% do lucro obtido. Por esse motivo, a população mais pobre pagou o preço do crescimento, ao sofrer com desemprego ou subemprego e a redução de salários devido ao corte de gastos. A ideia apresentada à Europa dos Estados Unidos como um país economicamente desenvolvido, com qualidade de vida à população, é assim, ilusória uma vez que poucas pessoas puderam usufruir dos ganhos do Estado, ao passo que outras ficaram para trás por sua condição social. A redução dos investimentos em políticas sociais resultou em um crescimento de investimentos em encarceramento e investimentos penais, tornando os Estados Unidos o país com a maior população carcerária do mundo. A maior parte dos presos tem origem negra ou imigrante e pertence à classes que perderam os benefícios do estado-providência. Foram presos por delitos pouco importantes que poderiam ser tratados com penas alternativas ou tratamento em clínicas para aqueles que foram detidos por uso de entorpecentes. O sistema penal norte-americano passou a adotar um banco de dados criminais, por meio de um organismo federal, que distribuía dados processuais e identificação de presos para observação de órgãos da administração pública, serviços sociais e até mesmo para organismos privados. Essas "fichas criminais" continham quase um terço da população masculina dos Estados Unidos. A ideia por trás do encarceramento de massa nos mostra a desistência do processo de reabilitação do condenado por aquilo que Wacquant chama de "nova penalogia", que busca afastar da sociedade grupos considerados perigosos, e portanto, não apenas cumprir o objetivo inicial de prevenção ao crime ou de lidar com presos para que retornem à sociedade. Os crescentes gastos ao encarceramento só foram possível com a redução dos custos em saúde, educação e ajudas sociais. Para diminuir os custos das detenções, o governo passou a adotar certas táticas: 1) limitar os benefícios aos presos como educação, esportes e lazer; 2) adotar a tecnologia como aliada à vigilância humana; 3) transferir parte dos gastos aos presos e suas famílias como comida e tratamento médico; 4) utilizar a mão-de-obra carcerária em trabalho compulsório, tendo empresas como Microsoft, Boeing e Konika como beneficiadas deste sistema. Vemos então um processo de mercantilização do sistema carcerário, que gera lucros para empresas privadas, que por sua vez, oferecem uma série de bens e atividades necessárias à detenção. Notamos uma privatização do encarceramento, cuja "indústria" movimenta até 4 bilhões de dólares ao ano. Wacquant aponta outro ponto importante: os afro-americanos são maioria nas prisões, mesmo representando apenas 2% da população. Isso porque bairros que concentram população negra e latina são considerados mais passíveis de vigilância. Dessa forma, negros e latinos acabam sendo confinados em determinados guetos e bairros para maior vigilância e assim, facilmente presos. Para o autor, essa população é perseguida por uma política social de abandono e sofre uma agressiva repressão penal e policial. O isolamento de negros aos brancos não é consequência de uma divergência de conduta e propensão ao crime, mas do caráter discriminatório do sistema penal e das práticas policiais. Portanto, o sistema carcerário assume um importante papel no que o autor chama de "novo governo da miséria" que é de vigiar e controlar as "populações desviantes e dependentes". Para tanto, o sistema prisional acaba tendo certas funções que Wacquant nos mostra. Uma delas é a regulação do mercado de trabalho, como já demonstrado anteriormente, a lógica carcerária retira das ruas uma massa de desempregado e, por outro lado, gera empregos no setor de bens e serviços carcerários para empresas de segurança privada. Outra função é a exclusão de grupos étnicos e a "perpetuação da ordem racial", substituindo os guetos cuja população é considerada "perigosa". A última função é a mercantilização da assistência e da prisão, tornando pobres e presos "rentáveis" a partir de empresas privadas que gerenciam o serviço social do país. Wacquant mostra que há tendência em quase todo mundo de seguir o sistema penitenciário norte-americano, adotando políticas econômicas neoliberais, retirando o papel social do Estado, fortalecendo o sistema judiciário e punindo as populações consideradas "supérfluas" que acabam sendo marginalizadas, desamparadas e assim, encarceradas. Dessa maneira, o espaço público passa a ser um espaço de repressão e não um ambiente de aprendizagem social.