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BIODIESEL A PARTIR DA REUTILIZAÇÃO DE ÓLEO VEGETAL: Uma

possibilidade para a diminuição da poluição urbana.

Claudinei Skavronski1

1 – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, e-mail: claudineis@alunos.utfpr.edu.br

Resumo: A qualidade do ar tem sido na atualidade uma das grandes preocupações para governantes de muitas
cidades e está diretamente ligada a qualidade de vida de seus habitantes, principalmente por estar associada a
diversas doenças e por afetar a sustentabilidade do planeta.
De acordo com os dados levantados em relatórios da Associação Nacional de Transporte Público (ANTP) em
2016, estipula-se que durante o ano são emitidos pelo transporte urbano de passageiros nas cidades com
população superior a 60 mil habitantes, aproximadamente 1,5 milhões de toneladas de poluentes e 25,2 milhões
de toneladas de CO2, considerando a gasolina e o diesel como os combustíveis que causam os maiores danos ao
meio ambiente.
Estuda-se a utilização do biodiesel a partir de óleo vegetal oriundo de frituras, como proposta para a diminuição
dessa poluição do ar e também do meio ambiente. Pois essa transformação, além de não permitir o descarte dessa
matéria-prima em locais inapropriados, evitando assim a poluição de solos e rios, também garante uma certa
sustentabilidade na geração de energia limpa e renovável, contribuindo para a conservação de energia.
Palavras-chave: Transporte público. Reaproveitamento de óleos. Energia renovável.
Biodiesel.

1. Introdução

Conforme Miyashiro et al.(2013), com o aumento da população e consequentemente uma


demanda energética maior, a busca por novas fontes de energia tem motivado muitos
profissionais da área e pesquisadores no desenvolvimento de novas alternativas que sejam
factíveis financeiramente e de possível aplicação nos motores existentes no mercado.

Segundo Miyashiro et al.(2013), os biocombustíveis colocam-se como alternativa de energia


renovável em substituição ao combustível fóssil derivado do petróleo, nesse caso o Diesel.
Para Miyashiro et al.(2013), no mundo, aproximadamente 40% do consumo de combustível,
são de fontes a base de petróleo, que são altamente poluentes e esgotáveis.
Como uma opção para essa geração de energia, Silva (2014, p. 1) afirma que a utilização do
biodiesel a base de “óleos animais e vegetais” tem tido o apoio crescente de instituições do
governo. E com isso o biodiesel é inserido no mercado por meio de legislação, tornando-o
obrigatório a sua mistura com o diesel comum em postos de combustível (SILVA, 2014, p. 1).
Para viabilidade deste biocombustível no mercado não se faz necessário apenas ser
economicamente viável, mas também em estabelecer segurança e qualificação ao
mercado de combustíveis renováveis, estabelecendo padrões de qualidade que são
encontrados dentro de normas especificas (MIYASHIRO et al. 2013).
Segundo Miranda et al.(2016), a utilização do biodiesel em transportes públicos está
associado a um desenvolvimento sócio-econômico-ambiental para o país. Principalmente pelo
seu consumo de diesel girar em torno de 40 bilhões de litros por ano e parte dele é importado.

2. Biodiesel no transporte público

O biodiesel surge como uma alternativa de combustível com baixas emissões de poluentes
para o transporte público e rodoviário, pois esses consumidores representam mais de 60% nas
locomoções urbanas e 95% em locomoções intermunicipais e seu combustível constitui-se
basicamente de diesel.

Como a cidade de São Paulo possui cerca de 2,9 milhões de residências (IBGE,
2016), logo, ao se multiplicar a quantidade média de óleo consumido nestas
residências se obtém 6.797,6 m3 de óleos utilizados em um mês. Usando-se o
rendimento da conversão, chega-se a um volume de 6.611 m3 de biodiesel e deste,
usando-se a densidade, obtém-se uma massa de 5.654 t de biodiesel por mês, o que
indica um potencial elevado de produção de biodiesel a partir deste resíduo
(MIRANDA et al. 2016).

Conforme Miranda et al.(2016) o biodiesel surge como uma alternativa de combustível com
baixas emissões de poluentes para o transporte público e rodoviário, pois esses consumidores
representam mais de 60% nas locomoções urbanas e 95% em locomoções intermunicipais e
seu combustível constitui-se basicamente de diesel.

3. Biodiesel

De acordo com Silva (2014, p. 17), os primeiros usos de biodiesel deram-se por volta de 1900
com Rudolf Diesel, gerando o combustível a partir de óleo de amendoim. Mas devido a
questões econômicas da época, tornou-se inviável a produção em larga escala (SILVA, 2014,
p. 17).

Segundo Silva (2014, p. 2), o biodiesel contribui ainda para a geração de energia elétrica
limpa e sustentável através de geradores movidos com motores a diesel, permitindo uma
maior longevidade e eficiência a esses motores.
De acordo com Silva (2014, p. 2), “o biodiesel tem sido usado na adição ou substituição do
combustível diesel nos setores de transportes e geração de energia em todo o mundo, a fim de
minimizar os impactos ambientais”.
Conforme Silva (2014, p. 2), no Brasil a principal matéria-prima para sua produção é a soja e
com ela é produzido o óleo de soja, muito utilizado em frituras. Essas frituras geram gorduras
residuais, que por seu baixo custo, têm despertado o interesse de produtores de
biocombustível (SILVA, 2014, p. 2).
Para Silva (2014, p. 2),
A reciclagem do óleo de fritura como biocombustível não somente retiraria um
composto indesejado do meio ambiente, mas também permitiria a geração de uma
fonte de energia alternativa, renovável e menos poluente, constituindo-se, assim, em
um forte apelo ambiental (SILVA, 2014, p. 2).
Essa fonte alternativa de renda pode ser um complemento para a renda principal de muitos
estabelecimentos onde sua matéria prima de trabalho também é o óleo vegetal.

4. Reaproveitamento do Óleo Vegetal

Para Miyashiro et al.(2013), a motivação para a realização de seu estudo, está no fato de
poder utilizar o resíduo de óleo vegetal como matéria-prima para o biodiesel, onde muitas
vezes são descartados em locais impróprios, trazendo grandes prejuízos ao meio ambiente e
redes de tratamento de água, pois danificam tubulações e poluem mananciais utilizados para o
abastecimento público.

Na pesquisa foram utilizadas matérias-primas dos resíduos de óleos vegetais coletados em


estabelecimentos comerciais do município de Palotina no Paraná, com a cooperação de
comerciantes locais que fizeram a separação durante o período do levantamento, para
posterior armazenagem no Laboratório de Produção de Bicombustíveis da cidade para inicio
do pré-tratamento. Esse material será transformado em biodiesel e seu comportamento em
relação ao diesel à base de petróleo.
Verificou-se também, de acordo com Miyashiro et al.(2013), que o pH, o índice de acidez e a
viscosidade, estão dentro das especificações nacionais do biodiesel, portanto, dentro dos
padrões normativos para a produção do combustível a base de óleo residual.
Como principais pontos positivos em sua produção, destaca-se segundo Miyashiro et
al.(2013), que o biodiesel a base de resíduo de óleo vegetal é menos poluente, comparado ao
diesel derivado do petróleo, pois reduz em até 78% as emissões de gás carbônico, em até 90%
as emissões de fumaça e praticamente não emite óxido de enxofre na atmosfera.

5. Energia Renovável

Hoje temos três vantagens relevantes na utilização dos resíduos de óleos de fritura para a
produção de biodiesel, conforme descreve Silva (2014, p. 2): A primeira de caráter
tecnológico, pois dispensa a extração do óleo para produção; a segunda de caráter financeiro,
pois devido a essa matéria-prima ser um resíduo, tem seu custo de mercado ajustado; e a
terceira vantagem tem caráter ambiental, pois dá um destino correto a esse resíduo, não
permitindo que seu descarte contamine o solo ou venha ser executado de forma
inapropriada, comprometendo o lençol freático (SILVA, 2014, p. 2).
Conforme Miyashiro et al.(2013), no Brasil há uma grande produção de matérias-primas que
podem ser utilizadas na produção do biocombustível, dentre elas a soja, produto responsável
pela produção de 90% de todo o óleo vegetal produzido no Brasil.
Para Miranda et al.(2016), o biodiesel não deve ser visto apenas como produto, mas como um
uma política de governos que tenham como missão a promoção no curto prazo, da junção dos
recursos renováveis de energia, como o biodiesel, com as esgotáveis, no caso o petróleo.

6. Considerações Finais

Para Silva (2014, p. 1), “a energia é fundamental insumo que transforma os sistemas, dessa
forma não há crescimento sem investimento na capacidade de geração, transporte e
distribuição de energéticos” e com o aumento da população ativamente econômica, o
consumo energético tem sido impulsionado gradativamente, fazendo com que as gerações de
energias sejam estimuladas a acompanhar esse desenvolvimento (SILVA, 2014, p. 1).

Com o aumento no consumo de energia, observam-se alterações globais no clima. O problema


da poluição gerada pela queima de combustíveis fósseis utilizados na geração de energia
elétrica, em setores industriais e principalmente na área de transportes, tem-se tornado um dos
maiores problemas ambientais desse século (SILVA, 2014, p. 15).
Porém, mesmo com a vantagem do biodiesel de ser um combustível limpo, no momento pode
ser usado apenas como um complemento energético a ser adicionado ao diesel (SILVA, 2014,
p. 24).
Ainda “não há possibilidade que o mercado automotivo adote o uso do biodiesel 100% em
função da capacidade de produção de matéria prima” (SILVA, 2014, p. 24).

7. Referências

MIRANDA, Amanda. C.: et al. Biodiesel produzido a partir do óleo de fritura utilizado em residências na cidade
de São Paulo: uma matriz energética e sustentável para o transporte público urbano. Encontro Nacional de
Engenharia de Produção, 36, João Pessoa, 2016.
MIYASHIRO, Carolina. S.; et. al. Produção de biodiesel a partir da transeterificação de óleos residuais. Revista
Brasileira de Energias Renováveis, v. 1, p. 63-76, 2013.
SILVA, Thadeu A. F. Análise da eficiência de geradores de energia com biodiesel obtido de óleos de fritura
usados. 2014. 71 f. Tese (Doutorado em Engenharia Química) – Faculdade de Engenharia Química,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2014. c. 1 e 2, p. 1-27.

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