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SÉRIE RUMO AO ITA ENSINO PRÉ-UNIVERSITÁRIO

PROFESSOR(A) TOM DANTAS SEDE

ALUNO(A) Nº TC
TURMA TURNO DATA ___/___/___ LÍNGUA PORTUGUESA

Classes Gramaticais e Semântica Homônimos


São vocábulos que têm a mesma pronúncia e grafia,
mas significados diferentes.
Hiponímia
são (v. ser)
Entre vocábulos de uma língua, é a relação que se são (= sadio)
estabelece com base na maior especificidade do significado
de um deles, ou seja, palavra cujo significado está englobado são (= santo)
no de outra.
Parônimos
• Mesa está numa relação de hiponímia com móvel. São vocábulos que têm certa semelhança na
• Cavalo está numa relação de hiponímia com pronúncia, mas significados distintos.
animal.
apoio (subst.)
apoio (verbo)
Hiperonímia tráfego (trânsito)
Entre vocábulos de uma língua, é a relação que se tráfico (negócio)
estabelece com base na menor especificidade do significado
de um deles.
Conceito de classe gramatical
• Móvel está numa relação de hiperonímia com No romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de
mesa. Machado de Assis, a personagem central (Brás Cubas) narra
• Animal está numa relação de hiperonímia com suas memórias depois de morta. O trecho abaixo foi extraído
cavalo. desse livro.
“[...] eu não sou propriamente um autor defunto, mas um
defunto autor, para quem a campa foi outro berço...”
Paronímia
Diz-se das palavras que têm som semelhante ao de Vamos considerar as duas expressões destacadas:
outras.
I. autor defunto.
Descrição / Discrição
Onicolor / Unicolor II. defunto autor.
Vultoso / Vultuoso
Observação:
Como a inversão da ordem das duas palavras
Antonímia originou sentidos completamente diferentes:
Caráter das palavras antônimas.
I. autor defunto (autor (o escritor) que morreu).
• autor: empregada para denominar um ser.
Sinonímia • defunto: empregada para atribuir uma característica
Fato linguístico que se caracteriza pela existência de ao ser.
palavras sinônimas.

II. defunto autor (um defunto que escreve)


Metonímia
• defunto: palavra que tem por finalidade
Associação de termos e ideias relacionados que
denominar um ser.
provoca, às vezes, a substituição de um termo por outro.
• Não ter um teto onde morar me incomoda. • autor: palavra que tem por finalidade exprimir
↓ uma característica do ser.
Casa
Ou seja, em I e II, as palavras autor e defunto foram
empregadas com finalidades diferentes. Dizemos, por isso,
• Ele não vale um níquel que elas pertencem a classes gramaticais diferentes.

• Classe gramatical – conjunto formado por todas
Moeda
as palavras que têm a mesma finalidade.

• Geralmente ele fuma um havana


Existem, em português, dez diferentes tipos de
↓ palavras, ou seja, dez classes gramaticais, conforme mostra o
charuto fabricado em Havana quadro seguinte.

1 OSG.: 34214/10
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01. Observe o quadro.

A relação correta entre as afirmações e os exemplos está


estabelecida na opção:
A) I e II estão corretas.
B) Somente III e IV estão corretas.
C) Apenas II e V estão corretas.
D) Somente IV e V estão corretas.
E) Todas as relações estão corretas.

02. Aponte o grupo de palavras que revelam hiponímia.


A) Encardido – tempo. B) Janela – casa.
C) Viveu – morreu. D) Galafura – casa.
E) Macho – ferraduras.

• Texto para as questões 03 e 04.


(UFRS)
Pais e adultos, em geral, são incompetentes para
entender o que vai pela cabeça das crianças; estas, por sua
Texto I vez, são incapazes de detectar o que se esconde sob os
gestos e as frases dos mais velhos. Na zona cinzenta que
A MARIA LIONÇA reúne essas duas conhecidas limitações, reside o objeto de
‘‘Quarto de Menina’’, estreia literária da psicanalista carioca
Lívia Garcia Roza.
Galafura, vista da terra chã, parece o talefe do
Luciana, oito anos, filha única de pais separados, é
mundo. inteligente, sapeca, sem papas na língua e mora com o pai,
Um talefe encardido pelo tempo, mas de sólido intelectual pacato, caladão, professor de filosofia. É ela a
granito. Com o céu a servir-lhe de telhado e debruçada sobre narradora do livro. Ao longo de 180 páginas, relata o seu
o Varosa, que corre ao fundo, no abismo, quem quiser cotidiano que se limita, aqui, ao próprio quarto, à biblioteca
tomar-lhe o bafo tem de subir por um carreiro torto, a pique, do pai, à sala e à casa da mãe. [...]
cavado na fraga, polido anos a fio pelos socos do Preguiças, o Apesar disso, não se trata de uma obra para crianças.
moleiro, e pelas ferraduras do macho que leva pela arreata. A construção híbrida da narrativa descarta episódios
Duas horas de penitência. mais banais ou preocupações que seriam em tese mais
Lá, é uma rua comprida, de casas com craveiros à comuns às crianças, dando destaque para os diálogos, seja
janela, duas quelhas menos alegres, o largo, o cruzeiro, a entre Luciana e os pais, seja entre a garota e suas bonecas.
igreja e uma fonte a jorrar água muito fria. Montanha. No primeiro caso, Luciana frequentemente não
O berço digno da Maria Lionça. entende certas insinuações dos pais, enquanto estes ficam
Fala-se nela e paira logo no ar um respeito silencioso, perplexos diante de reações ou perguntas da filha. Já nas
uma emoção contida, como quando se ouve tocar a Senhor “conversas” com seus amigos de quarto, a narradora expõe
fora. E nem ler sabia! Bens – os seus dons naturais. Mais seu estranhamento, desabafa, chora, faz planos e, ao mesmo
tempo, revela indireta e inconscientemente a dificuldade de
nada. Nasceu pobre, viveu pobre, morreu pobre, e os que,
captar o significado dos eventos que ela mesma narra,
por parentesco ou mais chegada convivência, lhe herdaram o significado que nós, eleitores presumivelmente maduros,
pouco bragal, bem sabiam que a grandeza da herança estava enxergamos logo de cara.
apenas no íntimo sentido desses panos. Na recatada alvura Nessa capacidade de explicar ao mesmo tempo uma
que traziam da arca e na regularidade dos fios do linho de história e não compreensão dessa mesma história pelo seu
que eram feitos, vinha a riqueza duma existência que ia ser a próprio narrador, aí está um dos pontos mais interessantes de
legenda de Galafura. “Quarto de Menina”. [...]
Miguel Torga Ajzenberg B. A. Abissal. Normalidade do cotidiano, Folha de São
Paulo, 15.10.95, p. 5-11

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03. As expressões a seguir poderiam substituir a expressão Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo deixa de
‘Apesar disso’ (no início do terceiro parágrafo) sem causar amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, irmão,
alteração essencial no significado da frase, à excessão criança. E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.
de: 5 Não tema o romantismo. Derrube as cercas da
A) Contudo. B) No entanto. opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a
C) Todavia. D) Portanto. cabeça de quem você ama. Saia cantando e olhe alegre.
Recomendam-se: encabulamentos, ser pego em flagrante
E) Entretanto. gostando; não se cansar de olhar, e olhar; não atrapalhar
a convivência com teorizações; adiar sempre, se possível
04. Considere as seguintes propostas de substituições de com beijos, ‘aquela conversa importante que precisamos
expressões do texto. ter’; arquivar, se possível, as reclamações pela pouca
atenção recebida. Para quem ama, toda atenção é
I. Substituir a palavra ‘O’ (ref. 4) por ‘aquilo’; sempre pouca. Quem ama feio não sabe que pouca
II. Substituir a expressão ‘o que’ (ref. 5) por ‘o qual’; atenção pode ser toda a atenção possível. Quem ama
III. Substituir a palavra ‘que’ (ref. 6) por ‘o qual’. bonito não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que
deixou de ter.
6 Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós,
Quais delas poderiam ser realizadas sem acarretar erro?
pobres escritores que vemos a vida como a criança de
A) Apenas I. B) Apenas II. nariz encostado na vitrina cheia de brinquedos dos nossos
C) Apenas III. D) Apenas I e III. sonhos); não teorize sobre o amor; ame. Siga o destino
E) I, II e III. dos sentimentos aqui e agora.
7 Não tenha medo exatamente de tudo o que você
teme, como: a sinceridade; não dar certo; depois vir a
• Texto para as questões 05 a 07. sofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; contar a
(Uece) verdade do tamanho do amor que sente.
8 Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas,
PARA QUEM QUER APRENDER A GOSTAR golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é
sábio ser sabido): seja apenas você no auge de sua
emoção e carência, exatamente aquele você que a vida
1 “Talvez seja tão simples, tolo e natural que você impede de ser. Seja você cantando desafinado, mas todas
nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito as manhãs. Falando besteiras, mas criando sempre.
o seu amor. Gaguejando flores. Sentindo o coração bater como no
Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda, tempo do Natal infantil. Revivendo os carinhos que intuiu
apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é tão em criança. Sem medo de dizer eu quero, eu gosto, eu
fácil que ninguém aceita aprender. estou com vontade.
2 Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo, 9 Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou
bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo o seu amor,
cheios de entrega, doação e dádiva. Mas esbarram na ou amar fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases
dificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos, não altera o produto), sempre que ele seja a mais
belos ou embelezados tratados com carinho, cuidado e verdadeira expressão de tudo o que você é, e nunca:
atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi possivel, ser.
jardineiras. 10 Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se
3 Aí esses amores que são verdadeiros, eternos e preocupe mais com ele e suas definições. Cuide agora da
descomunais de repente se percebem ameaçados apenas forma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado.
e tão somente porque não sabem ser bonitos; cobram, Cuide do carinho. Cuide de você. Ame-se o suficiente para
exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de ser capaz de gostar do amor e só assim pode começar a
compreender, necessitam mais do que oferecem; tentar fazer o outro feliz.’’
precisam mais do que atendem; enchem-se de razões. TÁVOLA, Arthur da. Para quem quer aprender a amar. In. COSTA,
Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo do amor. Dirce Maura Lucchetti et al. Estudo de texto: estrutura, mensagem,
Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de recriação. Rio: DIMAC, 1987. p. 25-6.
reivindicar, de exigir justiça, equidade, equiparação, sem 05. Pertencem à mesma área semântica as palavras:
atinar que o que está sem razão talvez passe por um
momento de sua vida no qual não possa ter razão. A) “simples, tolo, natural” parágrafo 1.
Nem queira. Ter razão é um perigo: em geral, enfeia o B) “descomunais, profundos, sinceros”, parágrafo 2.
amor, pois é invocado com justiça, mas na hora errada. C) “entrega, doação, dádiva”, parágrafo 2.
Amar bonito é saber a hora de ter razão. D) “cobram, exigem, rotinizam”, parágrafo 3.
4 Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de
que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando
06. Sobre, parágrafo 6, pode ser substituído por:
do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da
alegria do encontro, da dor do desencontro a maior A) acerca de.
beleza possível? Talvez não. B) a cerca de.
Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenas C) há cerca de.
aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando D) por meio de.
talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor
tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer.

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07. Conforme o contexto, está classificada corretamente a mostrando que por trás deste há uma loucura geral. A teoria
palavra: econômica diria que o consumidor obtém, com o carro e as
A) “olhar”, parágrafo 4: verbo. janelas fechadas, um nível de satisfação maior do que o
grau de conforto das janelas abertas.
B) “pouca”, parágrafo 5: advérbio. A inconsequência não é apenas do consumidor.
C) “você”, parágrafo 8: substantivo. A teoria que se diz científica, trabalhando na inconsequência,
D) “suficiente”, parágrafo 10: adjetivo. influi na divulgação e na legitimação do absurdo.
Mergulhar na realidade do país exige um mergulho
nas teorias que mais fortemente vêm influenciando a
• Texto para as questões de 08 a 10. consciência dos brasileiros. Para tanto é preciso desvencilhar-se
dos preconceitos, tentando usar o sentimento, arriscando
UM MERGULHO NO BRASIL incoerências, aventurando-se, como em qualquer mergulho.
É preciso explicar por que os brasileiros fecham os
Manaus vidros do país, para dar a impressão do bem-estar do
progresso.”
Às duas da tarde do verão de 1984, no meio de um BUARQUE, Cristovam. A desordem do progresso. 4. ed. São Paulo:
longo engarrafamento no centro da cidade, o motorista Paz e Terra, 1993. p. 5-6.
apontou para o carro à frente, e perguntou: ‘O senhor sabe
por que aquele Volks está com todos os vidros fechados?’
08. (UFBA) O texto sugere que “um mergulho no Brasil”:
Antes que eu dissesse não, ele respondeu: ‘Para que todos
pensem que tem ar-condicionado.’ ( ) revelaria a distorção das teorias dos sociólogos,
Como aquele motorista, os demais brasileiros construídas em torno de questões ultrapassadas, o
sacrificam demais o conforto possível, para dar a impressão que constituiria entrave cultural.
de dispor dos instrumentos do conforto. ( ) desvendaria submissão a comportamentos sociais
Aquele encontro, no meio de engarrafamento, padronizados, a partir de valores desvinculados das
permitiu um conhecimento maior da realidade brasileira do reais necessidades do indivíduo.
que quadros estatísticos e formulações teóricas da economia. ( ) traria à tona subsídios para uma insurreição do povo
Tomar contato com aquela realidade foi como mergulhar no brasileiro contra teorias sociais acadêmicas em
âmago da lógica da economia brasileira. Um mergulho no prática na sociedade atual.
Brasil que, para descrever e entender o país, deve começar ( ) implicaria uma avaliação de como o brasileiro age e
pelo entendimento da alma do conjunto de sua população. de como ele se autoavalia, no sentido de apreender
Tem que ser um mergulho na lógica que faz o Brasil mover-se. a lógica que rege suas ações.
Não pode-se limitar a ver o Brasil. Tem que entender como
( ) denunciaria o artificialismo das teorias utilizadas
o Brasil vê o Brasil. Como o homem dentro de um carro
fechado, no calor sem ar-condicionado, vê a si mesmo, graças pelos cientistas sociais por vaidade intelectual e
ao fato de se ver pelos olhos dos outros. Como gostaria busca de prestígio acadêmico.
que os outros o vissem: como o confortado dono de um carro ( ) evidenciaria a necessidade de se promover a
com ar-condicionado. Pervertendo o processo econômico. reabilitação das profissões diretamente relacionadas
Fazendo do ar que deveria ser usado para dominar o calor da com o desenvolvimento socioeconômico e científico
tarde o símbolo do poder de não sentir calor. Mesmo que às do país.
custas de sofrer um calor maior. ( ) subentenderia uma análise criteriosa dos fatores que
Aquele comportamento era similar ao de toda a contribuem para que se passe uma visão fantasiosa
população brasileira que, em território tropical, se submete a do país e dos seus habitantes.
uma economia desadaptada a suas necessidades,
incompatível com seus recursos, desvinculada de sua cultura, 09. (UFBA) O sentido do enunciado está devidamente
com a finalidade de dar ao mundo a impressão de riqueza. apreendido em:
Não apenas os consumidores se comportam como
( ) “Para que todos pensem que tem ar-condicionado.”
gostariam de ser vistos. Os cientistas sociais que tentam
mergulhar na realidade brasileira produzem teorias conforme — A resposta do motorista demonstra seu ponto de
imaginam que seus colegas desejam. Prendem-se a modelos vista preconceituoso, falso, a respeito do fato que
já preparados, usam linguagens especiais, para que os outros então se comenta.
pensem que eles têm o ar-condicionado do saber ( ) “para dar a impressão de dispor dos intrumentos do
academicamente oficial. Mesmo quando se atrevem a conforto” e “para que os outros pensem que eles
desnudar o real, denunciar que o carro não tem têm o ar-condicionado do saber academicamente
ar-condicionado e estamos todos morrendo de calor, os oficial”
cientistas tendem a não expor as ideias que pareçam romper — Indicam que o objetivo do consumidor e do
com o comodismo teórico do consumismo de escolas cientista social decorrem de pressões que os
estabelecidas. manipulam.
Temem abrir as janelas e demonstrar a todos a ( ) “não sentir calor” e “sofrer um calor maior”
incompetência de formulações, teorias e linguagens pouco — As expressões estão usadas para enfatizar o
acuradas. Sobretudo, quando, além de dúvidas, eles não têm
contraste existente no comportamento do brasileiro.
teorias alternativas.
Mas um mergulho no caos da consciência coletiva ( ) “Aquele comportamento era similar ao de toda a
brasileira dificilmente se faz se usarmos o escafandro das população brasileira que, em território tropical, se
teorias formuladas para explicar, como se tivessem lógica, o submete a uma economia desadaptada a suas
caos e a irracionalidade. necessidades, incompatível com seus recursos”
A realidade de um motorista suando para dar a — O autor se fundamenta num fato para avaliar
impressão de que não sente calor não pode ser explicada criticamente o comportamento do povo brasileiro no
buscando uma lógica no seu comportamento, mas sim seu todo.

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( ) “Mas um mergulho no caos da consciência coletiva


brasileira dificilmente se faz se usamos o escafandro
das teorias formuladas para explicar, como se
tivessem lógica, o caos a irracionalidade.”
— Isso quer dizer que o “caos e a irracionalidade” • O texto a seguir servirá de base para as questões de 01 a
são uma consequência do ilogismo das teorias que 09.
se propõem interpretar a índole do povo brasileiro, PELAS NARINAS
com argumentos falseadores. Intervalo de aula em escola pública de Antonina
(PR): a molecada, barriga vazia, faz fila para pegar a
( ) “A teoria econômica diria que o consumidor obtém,
merenda. Um funcionário do colégio, então, saca um
com o carro e as janelas fechadas, um nível de frasco de perfume do bolso, manda uma borrifada num
satisfação maior que o grau de conforto das janelas 5 garoto e fala: “Hoje é Ralph Lauren, hein. Quero ver
abertas.” todo mundo cheiroso.” A molecada corre, pula, rola no
— Os economistas, dentro da ótica do consumismo, chão, faz aquela algazarra tradicional do intervalo, mas
volta perfumada para a sala de aula. Os professores têm
subestimam a aparência em favor da realidade.
adorado.
( ) “É preciso explicar por que os brasileiros fecham os 10 Em Antonina, é assim, pensa o quê? Segunda-
vidros do país, para dar a impressão do bem-estar feira, na merenda, em lugar do caldinho, perfume
do progresso.” Calvin Klein, Terça, Christian Dior. Quarta, Dolce &
Gabanna. Quinta, Gianni Versace. Sexta, Hugo Boss.
— Isso significa que uma análise da identidade do Tudo porque Ironaldo Pereira de Deus, ex-prefeito da
povo brasileiro deve fundamentar-se, antes, no 15 cidade, gastou o dinheiro do Fundo Nacional de
desvendamento dos fatores externos que a Desenvolvimento da Educação (FNDE), reservado à
merenda, na contratação de uma empresa que vende
constroem.
perfumes e cosméticos. Bonito. Tá certíssimo. Chega de
fazer feio nas grandes avaliações mundiais de educação!
20 Nossos estudantes podem não saber tabuada do dois,
10. (Mackenzie-SP) “A moça não era formosa, talvez nem
mas nem os franceses são mais cheirosos. Sem falar que
tivesse graça; os cabelos caíam despenteados, e as é coerente, num país que trata educação como
lágrimas faziam-lhe encarquilhar os olhos.’’ perfumaria.
Assinale a alternativa correta em relação ao fragmento Ironaldo, esse visionário do ensino, é um dos
25 expoentes do que há de mais moderno na educação
acima. brasileira: a pedagogia da ausência. Inspirados nas ideias
A) Formosa e graça são, sintaticamente, predicativos do defendidas pelo jornalista Gilberto Dimenstein, de que o
sujeito moça. mundo todo, e não só a escola, é um ambiente de
aprendizado, nossos governantes confundiram um
B) Na estrutura sintática predomina a subordinação. 30 pouco as coisas e deram um passo à frente (ou atrás),
C) A anteposição do adjetivo despenteados ao verbo sumindo com a própria escola.
Sentindo, lá de Brasília, o agradável cheiro de
alteraria o sentido da oração.
perfume francês, o Tribunal de Contas da União (TCU)
D) O pronome oblíquo refere-se a lágrimas. descobre, toda semana, irregularidades no uso das
35 verbas do FNDE pelo país. Para grande surpresa de
E) O ponto e vírgula estabelece a relação de concessão
todos nós, claro, que nunca desconfiamos de que esse
entre as orações. tipo de coisa acontecesse. Ainda bem que não fede.
Paulo R. Freire. Educação. São Paulo:
11. (PUC/Campinas-SP) A revista Veja anunciou-se a si Segmento, ano 28, n. 252, p. 13, abr. 2002.
mesma, utilizando a seguinte frase: Observação:
‘‘Histórias muito mal contadas em reportagens muito bem Ralph Lauren, Calvin Klein, Christian Dior, Dolce & Gabanna,
Gianni Versace e Hugo Boss são grifes estrangeiras (famosas e
escritas’’ internacionais) de perfume.
Está implícito, nesse anúncio, que a revista Veja se dispõe a:
01. O texto, por suas características, pode ser classificado
A) corrigir a redação confusa de notícias publicadas em como:
outros periódicos. A) um artigo.
B) uma crônica.
B) contornar as histórias mal contadas, por meio da C) um conto.
clareza e da elegância do estilo. D) uma notícia.
C) denunciar, em estilo preciso, os vícios de linguagem 02. O objetivo principal do texto é:
que costumam prejudicar as reportagens. A) informar, de modo preciso, sobre o descaso com que
se trata a educação no país.
D) criticar certas histórias que, por serem mal contadas, B) criticar, de forma sarcástica, o descaso com que se
redundam em más reportagens. trata a educação no país.
E) analisar casos nebulosos e apresentá-los em matérias C) convencer os leitores de que há um descaso no trato
da educação no país.
de redação clara e precisa. D) fazer os leitores rirem do descaso no trato da
educação no país.

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03. Considere o trecho. 09. Considere o trecho.


“Nossos estudantes podem não saber tabuada do dois, “Inspirados nas ideias defendidas pelo jornalista Gilberto
mas nem os franceses são mais cheirosos. Sem falar que é Dimenstein, de que o mundo todo, e não só a escola, é
coerente, num país que trata educação como um ambiente de aprendizado, nossos governantes
perfumaria.” (linhas 20 a 23) confundiram um pouco as coisas [...]” (linhas 26 a 30).
A frase em destaque revela:
A) uma ironia, reforçando a ideia defendida na frase A oração sublinhada desempenha a mesma função
anterior. sintática da oração destacada em:
B) uma ironia, contradizendo a ideia defendida na frase A) Educadores têm certeza de que a escola pública
anterior. precisa de mudanças urgentes.
C) uma explicação, reforçando a ideia defendida na frase B) Educadores desconfiam, conforme dizem os jornais,
anterior. de que houve desvio de verbas do FNDE.
D) uma explicação, contradizendo a ideia defendida na
frase anterior. C) A educação, de que o indivíduo necessita para
seu crescimento pessoal, nem sempre está ao
04. No primeiro parágrafo do texto, predomina: alcance de todos.
A) descrição de cena rotineira. D) A educação de que se faz defesa veemente deve
B) descrição de pessoas simples. ser pública e gratuita.
C) narração de um fato real.
D) narração de um fato fictício.
10. (ITA) Leia o seguinte trecho com atenção.
05. No trecho “Sentindo, lá de Brasília, o agradável cheiro de “Iniciamos a jornada, uma jornada sentimental, seguindo
perfume francês, o Tribunal de Contas da União (TCU) as regras estabelecidas. Os cavalos pisavam tão macio,
descobre, toda semana, irregularidades no uso das verbas tão macio que parecia estarem calçados de sapatilhas.
do FNDE pelo país” (linhas 32 a 35), o emprego A rigor não pisavam. Faziam cafuné com as patas
conotativo da linguagem atribui ao TCU uma imagem de: delicadas ao longo do caminho.”
A) atuação repressora. OLIVEIRA, Raymundo Farias de. Na madrugada do silêncio,
B) controle eventual. Linguagem Viva, n° 142. São Paulo: jun. 2001, p. 2.
C) vigilância constante.
D) intervenção eficaz.
O confronto das frases “Os cavalos pisavam” e “A rigor
não pisavam” concretiza:
06. Considere o trecho.
“[...] o Tribunal de Contas da União (TCU) descobre, toda A) um desmentido. B) uma indecisão.
semana, irregularidades no uso das verbas do FNDE pelo C) uma ironia. D) uma contradição.
país. Para grande surpresa de todos nós, claro, que nunca E) um reforço.
desconfiamos de que esse tipo de coisa acontecesse.
Ainda bem que não fede.” (linhas 33 a 37)
A forma verbal em destaque encontra-se no singular por: • As questões 11 e 12 dizem respeito ao seguinte aforismo
A) não apresentar sujeito. de Millôr Fernandes:
B) não apresentar sujeito determinado.
C) concordar com o sujeito pronominal elíptico ele.
D) concordar com sujeito explicitado em período Beber é mal, mas é muito bom.
anterior.
FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de São Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.
07. Considere o trecho abaixo.
11. A palavra mal, no caso específico da frase de Millôr, é:
“[...] Segunda-feira , na merenda , em lugar do caldinho ,
A) adjetivo. B) advérbio.
perfume Calvin Klein . Terça , Christian Dior . Quarta ,
C) substantivo. D) pronome.
Dolce & Gabanna . Quinta , Gianni Versace . Sexta , E) preposição.
Hugo Boss.” (linhas 10 a 13)
12. O efeito de sentido da frase de Millôr Fernandes deve-se a
No que se refere aos sinais de pontuação em destaque no uma relação de:
trecho transcrito, é correto afirmar que:
A) causa. B) semelhança.
A) nenhuma vírgula poderia ser substituída por
travessão. C) antecedência. D) concessão.
B) todas as vírgulas poderiam ser substituídas por E) consequência.
dois-pontos.
C) todos os pontos poderiam ser substituídos por ponto
e vírgula. Texto
D) qualquer ponto poderia ser substituído por vírgula.
HERANÇA
08. As expressões “todo mundo” (linha 06) e “o mundo
todo” (linhas 27 e 28):
A) apresentam o mesmo núcleo. – Vamos brincar de Brasil?
B) desempenham a mesma função sintática. Mas sou eu quem manda
C) retomam informações explicitadas anteriormente.
Quero morar numa casa grande
D) mantêm equivalência semântica entre si.

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... Começou desse jeito a nossa história. B) apenas em III.


5 Negro fez papel de sombra. C) em I e II.
E foram chegando soldados e frades D) em I e III.
Trouxeram as leis e os Dez-Mandamentos
Jabuti perguntou: Gabarito – Exercícios Propostos
"— Ora é só isso?"
10 Depois vieram as mulheres do próximo 01 02 03 04 05 06 07 08
Vieram imigrantes com alma a retalho B B A A C D C A
Brasil subiu até o 10º andar
09 10 11 12 13 14 15 16
Litoral riu com os motores
Subúrbio confraternizou com a cidade A E A D A D B D
15 Negro coçou piano e fez música
Vira-bosta mudou de vida
Anotações
Maitacas se instalaram no alto dos galhos
No interior o Brasil continua desconfiado
A serra morde as carretas
20 Povo puxa bendito pra vir chuva
Nas estradas vazias
Cruzes sem nome marcam casos de morte
As vinganças continuam
Famílias se entredevoram nas tocaias
25 Há noites de reza e cata-piolho
Nas bandas do cemitério
Cachorro magro sem dono uiva sozinho
De vez em quando a mula sem cabeça sobe a serra
ver o Brasil como vai
Raul Bopp

13. No poema “Herança”:


A) revelam-se as influências dos povos que deram
origem ao brasileiro.
B) superestima-se a voz do colonizador português.
C) minimiza-se a importância do negro na formação do
povo brasileiro.
D) subestima-se a influência do índio em nossa cultura.

14. Considerando-se as formas verbais empregadas no


poema, constata-se que o pretérito perfeito dialoga com
o presente, de modo a permitir a divisão do texto em
duas partes: a primeira parte, do verso 1 ao 17, e a
segunda, do verso 18 ao 29. Sobre essas duas partes,
podemos afirmar que:
A) a primeira retrata a realidade brasileira do tempo da
colonização; a segunda, os primeiros anos do século XX.
B) a primeira sugere o processo de formação da cultura
brasileira; a segunda, a manifestação, no presente, de
valores do passado.
C) a primeira enfoca o passado numa perspectiva da
história; a segunda, o presente em contradição com o
passado.
D) a primeira focaliza o legado cultural herdado pelo
povo brasileiro; a segunda, as marcas de um passado
esquecido.

15. A articulação das duas partes do texto é feita,


principalmente, pelo (a):
A) notação de lugar, no interior (verso 18).
B) significação da forma verbal continua (verso18).
C) substantivo Brasil (verso 18).
D) uso da quadra, que repete o formato da estrofe
inicial.

16. O cotejo das duas partes do texto sugere-nos, como


ideia(s) básica(s) do poema:
I. a diversidade cultural brasileira;
II. a precariedade da cultura brasileira;
III. a permanência da tradição na cultura brasileira.
É correto o que se afirma:
A) apenas em I.

ITA/IME – PRÉ-UNIVERSITÁRIO 7
TC – LÍNGUA PORTUGUESA

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OSG.: 3421410 HA 8.7.10 – Rev.: MHC
ITA/IME – PRÉ-UNIVERSITÁRIO

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