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2016 COMPÊNDIO DE

PRODUTOS
HOMEOPÁTICOS
Naturopatia - IPS

António Pedrosa
NATUROPATIA QUÂNTICA
Índice
COMPÊNDIO DE PRODUTOS HOMEOPÁTICOS ............................................................................ 3
Produtos homeopáticos ............................................................................................................... 3
ACONITUM NAPELLUS .................................................................................................................. 4
APIS MELLIFICA ............................................................................................................................. 6
ARNICA MONTANA ....................................................................................................................... 8
BELLADONNA .............................................................................................................................. 10
BRYONIA ALBA ............................................................................................................................ 13
CALCAREA CARBONICA ............................................................................................................... 15
CALCAREA FLUORICA .................................................................................................................. 17
CALCAREA PHOSPHORICA .......................................................................................................... 19
DULCAMARA: SOLANUM DULCAMARA ..................................................................................... 21
FERRUM PHOSPHORICUM.......................................................................................................... 25
GELSEMIUM SEMPERVIRENS...................................................................................................... 27
GRAPHITES .................................................................................................................................. 30
HEPAR SULPHUR ......................................................................................................................... 33
IGNATIA AMARA ......................................................................................................................... 36
IPECACUANHA ............................................................................................................................ 38
KALIUM BICHROMICUM ............................................................................................................. 41
LACHESIS ..................................................................................................................................... 44
LUESINUM ................................................................................................................................... 47
LYCOPODIUM .............................................................................................................................. 49
MEOORRHINUM ......................................................................................................................... 52
MERCURIUS SOLUBILIS ............................................................................................................... 54
NATRUM MURIATICUM ............................................................................................................. 57
NUX VÓMICA .............................................................................................................................. 60
PHOSPHORUS.............................................................................................................................. 62
PSORINUM .................................................................................................................................. 65
PULSATILLA ................................................................................................................................. 67
PYROGENlUM ............................................................................................................................. 70
RHUS TOXICODENDRON ............................................................................................................. 72
RUTA GRAVEOLENS .................................................................................................................... 74
SEPIA ........................................................................................................................................... 76
SILICEA......................................................................................................................................... 79
SULFUR ........................................................................................................................................ 82
THUYA OCCIDENTALIS ................................................................................................................ 85
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TUBERCULINUM.......................................................................................................................... 88

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COMPÊNDIO DE PRODUTOS HOMEOPÁTICOS

Produtos homeopáticos
Os produtos homeopáticos utilizam substâncias naturais em baixas concentrações; são
remédios desprovidos de agressividade farmacológica, ou seja, não apresentam efeitos
secundários, não têm contraindicações e são adequados para todos os tipos de clientes:
grávidas, lactentes, crianças, idosos, diabéticos, entre outros.
Dadas as vantagens deste tipo de produtos, a homeopatia tem vindo a constituir-se
como uma terapêutica não convencional que goza de plena aceitação numa grande
parte da população. O tratamento homeopático, ao ser individual e específico, é uma
opção interessante para ter em conta se se sofre de uma doença e a medicina
convencional não consegue resolver o problema.
Em seguida, vamos apresentar uma lista detalhada com os mais importantes
suplementos homeopáticos utilizados, que pode ser útil para ajudar a ir conhecendo as
substâncias com as quais trabalha esta disciplina.
Depois serão expostas diferentes patologias juntamente com os remédios
homeopáticos indicados para cada caso.
Não esqueça que, para facilitar a sua consulta, no Vade-mécum encontra-se um
glossário detalhado de doenças e o seu tratamento, em que se inclui a descrição de cada
doença, os remédios de fitoterapia, aromaterapia, homeopatia e oligoterapia aplicáveis
em cada caso, assim como uma série de conselhos práticos sobre nutrição ou
preparação.

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ACONITUM NAPELLUS
Princípios ativos e preparação
Planta da família das Ranunculáceas, cujo principal alcaloide (a aconitina) é
especialmente tóxico.
A tintura-mãe prepara-se com a planta inteira colhida no final da floração. A dose letal
é muito próxima da dose terapêutica. Provoca distúrbios digestivos, neurológicos e
cardíacos, e pode até levar à morte por colapso.
Ação geral
A toxicologia e a experimentação patogenética permitiram confirmar três ações
preferenciais, cujo denominador clínico comum consiste na violência da instalação dos
sintomas e na sua intensidade:
 Sintomas nervosos. Neuralgia intensa, sobretudo do nervo trigémeo, com
sensação de formigueiro e de dormência. Espasmos digestivos. Excitação geral
com angústia, agitação, medo de morrer perante a magnitude dos sintomas e
das dores.
 Sintomas cardiovasculares. Taquicardia e rubor facial. Hipertensão arterial,
incluindo crises hipertensivas. Possíveis hemorragias de sangue vermelho
brilhante. Tudo acompanhado de angústia e medo da morte iminente.
 Estado febril. Febre súbita, com taquicardia, pele vermelha, quente e seca. Sede
intensa de grandes quantidades de água fria e agitação com ansiedade.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Dores agudas intoleráveis, especialmente nas neuralgias.
 Dormência ou formigueiro.
 Modalidades:
 Piora: com o frio intenso e brusco, e até à meia-noite.
 Melhora: quando começa a suar (na febre aguda).
 Sinais concomitantes:
 Nos estados febris: pele seca, vermelha e quente; sede intensa de
grandes quantidades de água fria; palmas das mãos quentes.
 Em todos os casos: sofrimento significativo devido à intensidade das
dores ou dos sintomas.
Tipo sensível
Para este remédio homeopático não há um claro tipo sensível, mas pode-se considerar
que os usuários com ansiedade e medo de coisas quotidianas, como atravessar a rua, a
escuridão, as multidões ou o futuro, necessitem de Aconitum.

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Principais indicações clínicas
Esta indicado em síndromes reacionais súbitos, violentos como os que surgem após
alterações bruscas de temperatura (exposição súbita ao frio, um banho de água gelada
ou um «golpe de calor»), de crises de ansiedade ou de crise hipertensivas.
 Estados febris agudos:
 Febre no início de rinofaringite, anginas, laringe-bronquites, diarreias
agudas, cólicas, etc., independentemente da sua etiologia (microbiana,
virai, etc.).
 Também se utiliza para a febre que aparece após a exposição ao frio seco
e em transtornos inflamatórios agudos febris de surgimento ou início
brusco, antes que seja identificada a sua localização.
 Golpes de calor, insolações, com pele seca e vermelha.
 Estados cardiovasculares paroxísticos:
 Em crises hipertensivas com taquicardia, pulso forte, dores de cabeça
congestiva, rosto vermelho e quente.
 Em taquicardia paroxística (após um golpe de frio intenso ou de um
susto).
 Crise de angina (ou angina de peito, especialmente se devido a uma
exposição ao frio intenso).
 Hemorragias de sangue arterial (vermelho, quente e brilhante).

 Neuralgias, especialmente do trigémeo, ou em qualquer localização se tiverem


sido causadas ou agravadas pelo frio e acompanhadas de formigueiro ou de
dormência.
 Amenorreia secundária resultado de um susto ou de uma exposição brusca ao
frio.
Posologia
Deve-se escolher o grau de diluição com base na similitude e na gravidade do caso:
prescrever cinco grânulos a cada meia hora ou a cada hora até que os sintomas
desapareçam ou que surja sudação, momento no qual é indicada a Belladonna.

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APIS MELLIFICA
Princípios ativos e preparação
Contém não só os componentes do veneno da abelha, mas também muitos outros
componentes do inseto inteiro aos quais se deve a ação patogenética e clínica do
remédio:
 Enzimas: como a fosfolipase A2 ou a hialuronidase.
 Péptidos e pequenas proteínas: alguns libertam histamina.
 Histamina, dopamina, norepinefrina e serotonina: envolvidas na reação
inflamatória aguda e na produção de edema.
A tintura-mãe é preparada a partir da abelha inteira macerada em álcool.
Ação geral
Segundo a sensibilidade do cliente pode desenvolver lesões:
 Pele: edema vermelho rosado de surgimento rápido e comichão com ardor, que
desaparece com frio local. Pode ser muito significativo se afeta as zonas com
tecido celular subcutâneo relaxado, como é o caso das pálpebras, dos genitais,
entre outras.
 Mucosas: edema espetacular (conjuntiva...) ou perigoso (edema da glote, das
mucosas respiratórias).
 Serosas: reações inflamatórias, edematosas e exsudativas bruscas, que podem
produzir derrames mais ou menos significativos: pleural, pericárdico, sinovial,
enema meníngeo.
 Aparelho geniturinário: doença do parênquima renal com um quadro clínico de
nefrite edematosa; afeção dos ovários.
 Estados febris: costumam acompanhar alguns dos quadros anteriores.
Caracterizados por: ausência de sede e pele quente que se apresenta
alternadamente seca e suada.
Aspetos característicos
 Sensações: dores pungentes e sensação de ardor ou de queimadura.
 Modalidades:
 Piora: com o calor e com o toque, ainda que seja ligeiro.
 Melhora: com o frio em todas as suas formas, com aplicações frias.
Sinais concomitantes:

 Ausência de sede.
 Descoordenação e falta de jeito sobretudo nos estados febris agudos
(relacionado com o edema meníngeo).
Tipo sensível

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Para este remédio homeopático não há um claro tipo sensível, mas podem-se considerar
usuários que necessitam de Apis Mellifica aqueles que se alteram após receber más
notícias, quer seja com raiva, com ansiedade ou com medo. É um remédio útil em caso
de ciúme, de raiva ou de confusão mental e em pessoas «difíceis de agradar».
Principais indicações clínicas
Afeções da pele: furúnculos, picadas de insetos, queimaduras solares, urticária, etc.
Edemas alérgicos ou inflamatórios, localizados ou generalizados (edema + comichão que
melhora com o frio).
 Afeções mucosas:
 Conjuntivite, ceratite.
 Anginas (com úvula pendente como um saco de água, ou edema de
glote).
 Inflamações da mucosa genital: vaginite, balanite.
 Edema que melhora com o frio e, por vezes, febre sem sede.
 Afeções serosas:
 Hidrartrose (derrame seroso articular) com edema avermelhado de
rápido aparecimento (por exemplo, pós-traumático).
 Pleurisia, pericardite, de início rápido, com febre sem sede.
 Meningites linfocitárias agudas, com dor de cabeça violenta,
entorpecimento, rubor facial e agitação da cabeça de um lado para o
outro.
 Afeções urogenitais:
 Nefrite aguda com oligúria, albuminúria e edema sem sede.
 Inflamação do ovário.
 Estados febris:
 Febre brusca com calor ardente e desejo de se destapar. Não tolera o
quarto quente e a sua característica mais marcante é a ausência de sede.
 A pele está quente e seca, alternando às vezes com fases de transpiração.
Posologia
A ação de Apis Mellifica é rápida, mas curta, de modo que em casos agudos toma-se
com muita frequência, a cada 10-15 minutos (estimulação supra máxima). Nos outros
casos, toma-se 2-4 vezes por dia. Recomenda-se evitar as diluições baixas, sobretudo
nas pessoas alérgicas.

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ARNICA MONTANA
Princípios ativos e preparação
Planta da família das Asteráceas que cresce nas pastagens das montanhas na Europa.
Contém como princípios ativos:
 Flavonoides, com tropismo venoso e também efeito cardiotónico, vasodilatador
coronário e anti-hipertensivo.
 Pigmentos carotenoides e manganês, com efeito antineurálgico, antirreumático,
anti-inflamatório, anti-equimótico.
 Fenóis (ácido cafeico e clorogénicos) de e feito cardiotónico, antibiótico e
fungicida.
 Lactonas, principalmente helenalina, que tem uma ação anti-inflamatória e uma
ação irritante sobre a pele, podendo causar alergias de contacto.
A tintura-mãe é preparada a partir da planta em flor, inteira e fresca.
Ação geral
 Sintomas locais:
 Músculos e tecido celular: provoca sensação de dores de esmagamento
ou de dores musculares, como as que surgem depois de uma concussão
ou de um exercício físico intenso.
 Capilares: provoca fragilidade capilar com hemorragias sanguíneas e
equimoses.
 Sintomas gerais:
 Estado febril adinâmico: o doente apresenta o rosto vermelho e um
pouco congestionado, enquanto o nariz e o resto do corpo permanecem
frios; ocorrência de arrepios de frio e de sede intensa.
 Aparência de um choque traumático: acorda apenas para responder caso
lhe falem voltando depois a dormir; geme durante o sono e detesta que
lhe toquem; mexe-se muito na cama.
Aspetos característicos
 Sensações: de contusão, de dores tipo picada e de dores musculares.
 Modalidades:
 Piora: ao menor contacto, com o movimento ou o abanar, e com o frio
húmido.
 Melhora: com o repouso e deitado com a cabeça para baixo.
 Sinais concomitantes:
 O usuário rejeita o contacto.
 A febre é acompanhada de extremidades frias e de cabeça quente.
Tipo sensível
Para este remédio homeopático não há um claro tipo sensível, mas podem-se encontrar
usuários que necessitem deste remédio porque se preocupam excessivamente com
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sintomas menores. Depois de uma grave lesão ou de um traumatismo, é muito provável
que o usuário venha a ter problemas para dormir, chegando mesmo a acordar
abruptamente.
Principais indicações clínicas
 Traumatismos, tanto gerais como locais:
 Acidentais: pancadas, quedas.
 Cuidados pré e pós-operatórios.
 Depois do parto, corno protetor vascular quando há hemorragias.
 Fadiga muscular:
 Depois de um trabalho árduo ou de um exercício intenso que provoca
dores musculares.
 Para a sobrecarga que sofre o coração dos desportistas.
 Afonia dos cantores ou dos oradores, por sobrecarga das cordas vocais.
 Insónia por fadiga física.
 lesões capilares ou venosas:
 Fragilidade capilar: hematomas ao menor toque, hemorragia conjuntiva,
púrpura espontânea, erupções violetas de aspeto equimótico, varizes e
telangiectasias, às vezes simétricas.
 Hematúria (sangue na urina) por nefrite (inflamação nos rins) ou pela
prática de desporto extenuante – costumam ser microscópicas.
 Hemorragias agudas e dor hemorroidal aguda.
 Síndrome febril adinâmico:
 Estados febris acompanhados de fenómenos hemorrágicos.
 Por vezes também há sintomas digestivos – dor de estômago, náuseas,
mau hálito, meteorismo, diarreia pútrida –, que também podem ocorrer
após esforços físicos intensos.
Posologia
Nos traumatismos convém administrar a Arnica de hora a hora para limitar os
hematomas e as dores (estímulo supra máximo).

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BELLADONNA
Princípios ativos e preparação
Atropa Belladonna é uma planta da família das Solanáceas. Contém principalmente dois
alcaloides muito tóxicos: a atropina e a hiosciamina, que têm uma importante ação
parassimpaticolítica (ou seja, diminui a ação do sistema parassimpático).
A tintura-mãe prepara-se com a planta inteira florescida.
Ação geral
 Sintomas mucosos: secura intensa em todas as mucosas (orofaríngea, com
disfagia e por vezes dor no ouvido; nasal, respiratória com tosse seca dolorosa;
ocular; digestiva, etc.), devido à diminuição das secreções.
 Sintomas cardiovasculares:
 Produz fenómenos intensos de congestão e de hipertensão:
 Localizada: reproduz o quadro clínico da inflamação local (rubor, tumor,
dor, calor).
 Cefálica: rubor facial, sensações vertiginosas, cefaleias pulsáteis
congestivas e vermelhidão da conjuntiva ocular.
 Geral: exantema escartatiniformena pele. Taquicardia com eretismo e
sufoco.
 Hipertensão arterial e batimentos arteriais intensos.
 Sintomas nervosos:
 Sistema Nervoso Central: hipersensibilidade geral dos sentidos (à luz, aos
ruídos, etc.). Na febre, delírios com alucinações, convulsões febris,
estados alternados de agitação e de depressão.
 Simpático: taquicardia, midríase, espasmos muito dolorosos das fibras
musculares lisas ou estriadas (esfíncteres, órgãos ocos, aparelho
músculo-tendinoso).
 Febre de início rápido, oscilante, com o rosto vermelho, quente, suado...
Aspetos característicos
 Sensações:
 De dor latejante ou de cãibras (de início e fim súbito).
 De secura das mucosas.
 De congestionamento ou calor no rosto.
 Modalidades:
 Piora: com a luz intensa, com o ruído, com o toque ou com as sacudidas,
com o calor na cabeça ou com o ar frio. Modalidades reacionais que se
explicam pela hiperestesia sensorial geral do cliente.
 Melhora: com o repouso.
 Sinais concomitantes: nos estados febris, sudorese abundante e sede variável. A
sede não é tão característica como a de Aconitum, mas pode sugerir um remédio
complementar ou sugerir até que remédio vai evoluir o doente:
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 Bryonia: quando existe uma sede intensa de grandes quantidades de
água fria.
 Arsenicum a/bum: quando existe uma sede de pequenas quantidades
repetidas com frequência.
 Gelsemium ou Apis: quando existe uma ausência de sede.
Tipo sensível
Para este remédio homeopático não há um claro tipo sensível, mas podem-se encontrar
adultos muito ativos com explosões violentas quando estão doentes. As crianças
também podem responder com birras, incluindo puxando o cabelo ou batendo em
alguns casos.
O utilizador de Belladonna é propenso a adoecer por ansiedade, amor não
correspondido, medo ou ansiedade.
Principais indicações clínicas
Febre de início abrupto e violento: indivíduo que encontrando-se bem ao deitar acorda
poucas horas depois com um estado febril agudo. O doente está muito congestionado
e o seu rosto apresenta-se vermelho, quente e coberto de suor. A febre é alta, às vezes
oscilante e é alternada com calafrios. Os suores aparecem e desaparecem
abruptamente. As mucosas estão secas, especialmente a da garganta que está
vermelha, dorida e apresenta espasmos com a deglutição. O indivíduo está agitado,
delirante e pode, inclusivamente, apresentar convulsões.
Hiperestesia ao ruído, à luz, aos abanões, ao toque e hipersensibilidade às correntes de
ar. Apesar de estar febril tem frio e quer estar numa divisão quente, com portas e janelas
fechadas.
 Congestionamentos vasculares intensos locais ou gerais:
 Local: início de inflamações ou de abscesso; em congestões cefálicas por
insolação, golpes de calor; crises hipertensivas.
 Geral: febres oscilantes, com rosto vermelho, suores abundantes,
alternância de melancolia e de agitação (delírio); exantema cutâneo
escarlatiniforme.
 Inflamação das mucosas com secura:
 Rinofaringite, anginas, início da laringotraqueíte, que muitas vezes é
acompanhada de espasmos na área: disfagia (dor ao engolir), tosse seca,
etc.
 Otite média congestiva.
 Fenómenos espasmódicos:
 Convulsões febris.
 Espasmos dos órgãos ocos de início e fim abrupto (cólicas hepáticas,
nefríticas, etc.).
 Soluço; pequenos solavancos músculo tendinosos.

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Posologia
Em todos os casos, espaçar no tempo conforme se vai melhorando (estímulo supra
máximo).
 Se a similitude é local (por exemplo, anginas) devem-se utilizar diluições baixas,
com alta frequência nas tomas.
 Se a similitude é maior (por exemplo, síndrome febril) devem-se utilizar diluições
médias, a cada 1-4 horas de acordo com a gravidade do caso.
 Para a prevenção das convulsões febris devem-se utilizar diluições altas, por
exemplo a cada hora, em crianças propensas.

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BRYONIA ALBA
Princípios ativos e preparação
Contém como princípios ativos glicósidos (brionina e brimonidina), taninos, fitoesteróis,
álcool cirílico e resinas.
A tintura-mãe é preparada a partir da raiz.
Ação geral
A Bryonia provoca essencialmente três fenómenos:
 Secura das mucosas: sobretudo respiratórias e digestivas, com inflamação do
tecido subjacente. Inibe as secreções e provoca uma secura característica. Isso
explica a grande sede sentida pelos sujeitos submetidos à experimentação.
 Inflamação e exsudação das serosas (pleura, pericárdio, peritoneu, sinovial, etc.):
pode afetar os órgãos subjacentes e contribui para a imobilidade característica
do modo reacional do cliente que ocorre no sentido de aliviar as dores em pontos
fixos localizados.
 Síndrome febril adinâmico: imobilidade absoluta, secura das mucosas, sede
intensa e abatimento e sudorese que alivia.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Dores agudas, pungentes, que se localizam em pontos fixos.
 Sede intensa de grandes quantidades de água fria e secura das mucosas.
 Dor no hipocôndrio direito com náuseas.
 Modalidades:
 Piora: com o movimento ou com o mais leve toque e com o calor sob
qualquer forma (exceto a dor localizada que diminui com calor local).
 Melhora: com o repouso, exercendo uma forte pressão ou deitando-se
sobre o lado dorido e com a transpiração e com o frio (não nas dores
locais).
 Sinais concomitantes: suores que aliviam; lateralidade direita predominante.
Tipo sensível
Para este remédio homeopático não há um claro tipo sensível, mas podem-se encontrar
usuários que necessitem de Bryonia Alba, nomeadamente pessoas com grandes
preocupações económicas, que para preencherem as suas necessidades de segurança
procuram cercar-se de riquezas materiais. Também pode ser particularmente adequado
para pessoas metódicas, fiáveis e críticas.
É importante que este utilizador entenda que nenhum tipo de fanatismo é bom e que a
excessiva preocupação com a situação económica consome a energia de que este
necessita para chegar a evoluir.
Como doente é irritável e prefere a solidão às atenções constantes.
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Principais indicações clínicas
 Síndrome febril adinâmico: a Bryonia é indicada em estados febris, contínuos ou
remitentes, de início mais gradual, durante os quais o doente decaído, cansado
e irritado, procura a imobilidade.
Seja qual for a causa, o remédio é indicado se o modo reacional clínico do doente
apresenta as seguintes características que correspondem às modalidades
patogenéticas experimentais:

 Secura extrema das mucosas com sede intensa.


 Agravamento das dores ao menor movimento, pelo que o doente procura
a imobilidade. As dores de cabeça, especialmente frontal, pioram com a
tosse ou pelo simples movimento dos globos oculares.
 Transpiração ácida, oleosa e abundante, que o alivia.
 Nas febres altas, possibilidade de delírio.
Artrites agudas ou hidrartrose com aumento de volume nas articulações: dores que
diminuem com aplicações quentes, o que distingue a Bryonia da Apis. Na prática,
interessa alternar ou combinar estes dois remédios, se o doente não apresenta a
modalidade característica de diminuição ou de aumento pelo frio ou pelo calor, porque
têm uma mesma ação experimental sobre as serosas articulares, um mesmo tropismo
anatomopatológico.
A Apis é um excelente complemento e o efeito anti-inflamatório destes dois remédios é
frequentemente admirável.
 Pleurite, pleurisia serofibrinosa: na fase inicial, se estas manifestam um ponto
doloroso ao nível intercostal que piora com o movimento ou com a respiração e
que melhora com a pressão ou deitando-se sobre o lado dorido. Sede intensa.
Nessas afeções a ação da Bryonia completa-se bem com Sulfur iodatum.
 Traqueíte ou bronquite: com tosse seca, dolorosa, que diminui ao mínimo
movimento ou ao entrar numa divisão aquecida, com dor retroesternal ou
torácica que melhora comprimindo o tórax com as mãos para o imobilizar.
 Obstipação: com fezes volumosas, duras e secas.
 Mastite: com mamas pesadas que ficam doridas ao menor movimento.
Posologia
Utilizar diluições 6 C a cada 3 horas, espaçando as tomas no tempo à medida que os
sintomas vão desaparecendo.

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CALCAREA CARBONICA
Princípios ativos e preparação
Obtido a partir da concha de ostra depois de raspar e remover o nácar superficial. É um
pó esbranquiçado não tóxico, quase insolúvel na água e no álcool. Contém
fundamentalmente carbonato de cálcio (> 90%), mas também sílica e carbonato de
magnésio, para além de outros sais e minerais e substâncias orgânicas como a
conchiolina, que contém numerosos aminoácidos.
Ação geral
 Metabolismo geral: sobretudo nos períodos de desenvolvimento e de involução
(infância, adolescência, velhice, menopausa).
 Tecido linfático: aumento do tamanho dos gânglios, especialmente nas cervicais,
e dos adenoides e das amígdalas; inflamação (adenite).
 Pele e mucosas: proliferações ou excrescências (verrugas, pólipos, etc.) e
eczemas.
 Ossos: descalcificação, exostose e deformações.
Aspetos característicos
 Sensações:
 De frio generalizado ou localizado (pés, pernas, cabeça).
 De fadiga, de debilidade e de pouca resistência física.
 Modalidades:
 Piora: com o frio, sobretudo se este for húmido, e com o exercício físico
ou o esforço intelectual.
 Melhora: com o tempo seco.
 Sinais concomitantes:
• Sudação fria localizada (nuca, cabeça, à mínima atividade física; no bebé lactante, suor
durante o primeiro sono, odor acre, ácido).
• Desejo de ovos, de doces, de alimentos insípidos, pouco variados (lácteos, massas,
pão, etc.), de alimentos indigestos ou não comestíveis (giz, terra, grãos de café, entre
outros).
Tipo sensível
Pessoas com mãos rechonchudas e curtas, com hipolaxidez ligamentar, muito sensíveis
ao frio e à humidade. As suas atitudes são lentas e afadigadas. Tendem a apresentar
transtornos relacionados com a alimentação (obesidade, diabetes, cálculos biliares,
arteriosclerose, etc.), eczemas, asma, afeções crónicas das vias respiratórias, pólipos ou
verrugas.
Também se descreve um tipo sensível para lactentes e crianças ou adolescentes (etapas
de grande crescimento). São lactentes geralmente barrigudos, com mãos e pés roliços,
de cabeça grande, que suam muito na nuca e na cabeça quando mamam ou dormem, e

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de pele branca com veias azuis. Costumam apresentar um atraso no fechar da
moleirinha e no aparecimento dos dentes e manifestam pouco tónus muscular e um
atraso no desenvolvimento motor. Têm predisposição a apresentar eczema da fralda,
espasmos, raquitismo e terrores noturnos. São lentos, tranquilos e medrosos.
As crianças e os adolescentes são muito sensíveis ao frio e cansam-se facilmente,
apresentando um ritmo lento e constante. Têm tendência para os eczemas, para as
infeções respiratórias recorrentes e para o atraso na puberdade, no caso das meninas.
Principais indicações clínicas
 Adultos:
• Obesidade e distúrbios associados: gota, diabetes, etc.
• Doenças degenerativas: artrite, arteriosclerose com hipertensão,
calcificações.
• Pólipos nasais, vesiculares, intestinais, genitais, etc.
• Litíase (renal, biliar, de grandes cálculos – cálcica –), como tratamento de
fundo e nas crises agudas.
• Verruga plantar ampla, isolada e não dolorosa; verrugas planas no rosto.
• Eczemas e enxaquecas.
 Crianças e adolescentes:
 Eczemas: crosta láctea e eritema da fralda no lactente; eczemas no rosto
e no couro cabeludo.
 Transtornos do crescimento, atraso no fechar da moleirinha, atraso no
aprender a andar e na dentição, etc.
 Infeções respiratórias e otorrinolaringológicas, com aumento dos
gânglios cervicais e maxilares e sinais concomitantes; afeções de
repetição.
 Tendência ao linfatismo: hipertrofia das amígdalas e dos adenoides.
 Transtornos da puberdade (atraso no seu aparecimento; menstruações
iniciais abundantes, esgotantes e com sensação de frio; mamas
hipertrofiadas e doridas antes do período, etc.).
 Transtornos digestivos: excesso de apetite, enfartamento, obesidade,
flatulência gástrica.
Posologia
Em casos de litíases (renal, de grandes cálculos – cálcica –), como tratamento de fundo
e nas crises agudas, em diluições altas a cada meia hora.

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CALCAREA FLUORICA
Princípios ativos e preparação
É o bifluoreto de cálcio, um pó branco praticamente insolúvel em água e em álcool. É
um componente dos ossos, do esmalte dos dentes, das fibras elásticas (das paredes
vasculares e do tecido conjuntivo) e da epiderme.
É uma substância pura – o sal de fluoreto de cálcio – também presente nos sais de
Shüssler, o que faz com que não tenha princípios ativos.
Ação geral
Em geral utiliza-se para manter a elasticidade dos tecidos e dissolver as excrescências
de osso duro. Também é indicado para os músculos, ligamentos e articulações
distendidos.
Ações principais:
 Ossos e dentes: osteoporose, osteofitose, exostose, cáries.
 Tecido linfático e glândulas endócrinas: infiltração e endurecimento
(adenopatias, infiltração da tiroide, fibromas nos ovários, no útero, na mama e
nos testículos, etc.).
 Pele e anexos cutâneos: seca, endurecida e com fissuras; unhas duras,
quebradiças e espessas.
 Fibras elásticas: hiperlaxidez dos ligamentos (entorses, luxações, ptose ou
vísceras descaídas); varizes.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Cefaleias com náuseas e desmaio depois do meio-dia.
 Ruído de rangido na cabeça que impede o sono.
 Ver faíscas, principalmente no olho esquerdo.
 Dor nos olhos que melhora estando com eles fechados e pressionados.
 Modalidades:
 Piora: com o repouso e ao iniciar o movimento; com as alterações
climáticas e com a humidade.
 Melhora: com o movimento contínuo e com o calor e as aplicações
quentes.
 Sinais concomitantes: secreções amarelas ou esverdeadas.
Tipo sensível
Morfologicamente são pessoas com falta de harmonia, com assimetrias, que podem
apresentar ocasionalmente distrofias ósseas, escolioses e lordoses. Costumam
apresentar paladar ogival, protrusão da arcada dental superior, dentes irregulares com
um esmalte frágil e mal implantados.

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São propensas a distúrbios oculares como a miopia e o astigmatismo. Apresentam
hiperlaxidez articular e uma tendência para a ptose visceral, ou para as vísceras
descaídas, para as varizes e para as hérnias pela excessiva lassidão do tecido de suporte.
Quanto às suas tendências para adoecer, costumam sofrer de esclerose e de
endurecimento de gânglios e glândulas e apresentar alterações dérmicas com fissuras e
gretas.
Principais indicações clínicas
 Pela sua ação sobre os tecidos elásticos:
 Entorses de repetição; lumbago de repetição.
 Varizes; bronquiectasias ou dilatações brônquicas.
 Ptose visceral (prolapso do útero, da bexiga, etc.).
 Pela sua ação sobre o osso:
 Artrose com osteófitos.
 Alterações de crescimento.
 Tendência para a osteoporose por idade avançada ou pós-menopausa.
 Outras:
 Alterações cutâneas: calos, gretas, etc.
 Bócio e outras alterações da tiroide.
 Endurecimentos benignos da mama, ovários, útero, etc.
 Adenopatias endurecidas.
Posologia
Uma vez por dia a 9 CH ou numa dose semanal a 15 CH.

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CALCAREA PHOSPHORICA
Princípios ativos e preparação
É o fosfato tricálcico, um pó branco insolúvel na água. O cálcio (Ca) é essencial na
regulação das atividades biológicas urna vez que atua como segundo mensageiro na
célula, após a ação de numerosos estímulos. Portanto, a taxa de Ca no sangue
permanece bem controlada entre margens estreitas.
Trata-se de uma substância pura – sal mineral fosfato de cálcio – pelo que não tem
princípios ativos.
Quanto à preparação do remédio, quando se adiciona o ácido fosfórico diluído no
hidróxido de cálcio forma-se um preparado branco. Para fazer o remédio filtra-se e seca-
se este preparado, que é o fosfato de cálcio.
Ação geral
Atua sobre todos os tecidos fortalecendo a sua estrutura óssea, sendo esta a sua
principal ação. Mas, para além disso atua sobre:
 A nutrição.
 O sistema nervoso (os neurónios).
 O sangue e o tecido linfático.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Dores de ossos e articulações, geralmente localizadas: epífise, apófise
espinais dorsais, sínfises, diáfises dos ossos longos.
 Dores de cabeça.
 Modalidades:
 Piora: com o frio e a humidade, com as alterações climatéricas e com a
atividade intelectual.
 Melhora: com o tempo seco e quente, no verão.
 Sinais concomitantes:
 Desejo de carne e de peixe fumados, de salgados e de presunto.
 Secreções albuminosas das mucosas, isto é, com um aspeto de clara de
ovo.
 Embora Calc.phosphorica apresente poucas manifestações cutâneas na
sua patogénese, é considerado um remédio psórico, do subgrupo
tuberculínico. Utiliza-se nas doenças infeciosas ou alérgicas crónicas e
reincidentes da criança, como por exemplo nos casos de Tuberculinum,
Natrum muriaticum, Arsenicum album e Silícea.
 Tipo sensível
O indivíduo sensível tem um tipo constitucional longilíneo.

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Os lactentes que necessitam deste composto são grandes, de tórax e de cabeça
alongada (dolicocefalia) com moleirinha ampla e atraso no seu encerramento. Tendem
a apresentar alterações digestivas: um apetite variável pelo leite que costumam tolerar
mal, vómitos, diarreias esverdeadas aquosas e cólicas com gases fedorentos.
As crianças são altas, magras, com ossos longos e retos. As mãos, finas, têm dedos
longos e unhas amendoadas. Costumam apresentar alterações da dentição com cáries,
dentes amarelados, doenças ósseas com tendência ao raquitismo, crescimento rápido,
dores nas epífises e nas costas, alterações respiratórias com afeções ORL recorrentes,
infeciosas ou alérgicas, tosse espasmódica, alterações linfáticas com amígdalas
hipertrofiadas, adenoides, adenopatias e acne em adolescentes.
Quanto ao comportamento, os lactentes são agitados, dormem mal. As crianças
costumam ser inquietas e instáveis. O esforço intelectual esgota-os e, em seguida,
produz-lhes com frequência dor de cabeça. No caso das meninas, costumam apresentar
puberdade precoce, com menstruações dolorosas e abundantes. Em geral, são pessoas
de ritmo rápido, descontínuo, variável e alternante.
Principais indicações clínicas
 Infeções ORL e respiratórias recorrentes.
 Hipertrofia das amígdalas e dos adenoides.
 Alterações digestivas do lactente.
 Alterações ósseas durante as etapas de crescimento: crescimento rápido do
adolescente, dores de costas, epifisários, etc.
 Acne adolescente.
 Dores de cabeça causadas por esforço intelectual.
 Fraturas, para acelerar a sua consolidação.
Posologia
Recomendam-se diluições baixas a 6 CH, sendo a dose 5 gotas sublinguais a cada 8 horas.
Nos casos em que se sobrepõem estados emocionais agudos utilizam-se potências mais
elevadas, a 30 CH, três vezes por dia.

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DULCAMARA: SOLANUM DULCAMARA
Princípios ativos e preparação
Também chamada «uva-de-cão» ou «doce-amarga», porque ao mastigar os raminhos o
seu primeiro sabor é amargo, mas depois torna-se doce. Contém glicoalcaloides
esteroides (responsáveis pelos seus efeitos tóxicos) e saponinas. Os frutos são mais
venenosos antes do seu amadurecimento, pois quando estão maduros apenas contêm
saponinas neutras menos perigosas. Houve casos de crianças envenenadas depois de
comer seis ou oito bagas.
Para a preparação da tintura-mãe homeopática utilizam-se os caules jovens da planta
fresca com as suas folhas e flores.
Ação geral
A sua utilização em medicina remonta a tempos antigos (época da Roma antiga, desde
a época de Galeno). Usada ao início como aplicação tópica passou, em seguida, a ser
utilizada a nível interno em diversas doenças respiratórias e cutâneas.
Em doses tóxicas ou subtóxicas, provoca:
 Alterações neurossensoriais: tonturas, dor de cabeça, distúrbios visuais sem
reação pupilar, parestesia e mioclonias, tremores e, inclusive, fenómenos de
paralisia da língua e dos membros.
 Alterações gastrointestinais: diarreia, vómitos e distúrbios da função hepática.
 Alterações respiratórias e cardiocirculatórias: relacionadas com um efeito
parassimpáticolítico.
A experimentação patogenética e a experiência clínica demonstraram um tropismo de
ação particular sobre:
 As mucosas (secreção excessiva):
 Digestivas: diarreia verde amarelada resultante de ter tomado algo frio
ou depois de um arrefecimento ou da supressão de uma erupção.
 Respiratórias: vias nasais congestionadas quando há neblina ou chuva,
constipação ou hipersecreção bronquial clinicamente comparável à tosse
produtiva invernosa com expetoração amarela esverdeada e
possibilidade de síndrome febril associado.
 O sistema linfático: hipertrofia ganglionar submaxilar, cervical, axilar ou
inguinal, de início súbito, depois de estar exposto ao frio húmido.
 O sistema músculo aponeurótico: dores reumáticas diversas, dormência e
anquilose, que pioram com a humidade e melhoram com o movimento,
sobretudo na cintura escapular e lombar.
 A pele: com localização preferencial em locais onde a pele é muito fina (dorso
das mãos, parte interna das coxas, órgãos genitais, axilas e costas). As lesões
mais frequentes são:

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• Erupções pruriginosas, húmidas nas bochechas, que pioram com a água fria e o
contacto, formando-se crostas grossas amarelas acastanhadas no rosto e no queixo.
• Verrugas grandes, lisas, moles e transparentes, que aparecem sobre a parede dorsal
das mãos ou das costas.
• Neuralgia facial causada ou agravada pela menor exposição ao frio húmido.
Aspetos característicos
Sensações:

 Obstrução nasal com o tempo húmido.


 Impressão de ter mucosidade na hipofaringe, o que provoca uma tosse
contínua.
 Dores que são sempre acompanhadas de uma sensação de frio
penetrante: agudas, pungentes ou lancinantes (como as neuralgias) ou
surdas (como a dormência ou a contusão).
 Modalidades:
 Piora: com a humidade e com o frio húmido, com o tempo chuvoso e com
a neve e a neblina.
 Melhora: com o calor (exceto a tosse), com o tempo seco, respirando ar
quente (rinite) e com o movimento (no caso dos reumatismos).
 Sinais concomitantes:
 Hipersensibilidade ao frio com sensação de frio glacial nas extremidades.
 Sede ardente de bebidas frias.
 Perdigotos com saliva espessa e viscosa.
 Este remédio pertence principalmente ao modo reacional sicótico pela:
 Sua extrema sensibilidade ao frio húmido.
 Tendência à cronicidade do seu catarro das vias respiratórias ou da
sua sintomatologia reumatológica.
 Presença frequente de verrugas e de adenopatias frequentemente
indolores.
Tipo sensível
A morfologia das pessoas que respondem bem a este remédio não é característica. São
pessoas de mentalidade robusta, dominantes e possessivas, extremamente sensíveis ao
frio e ao clima húmido e suscetíveis a constipações que podem causar outras doenças
como, por exemplo, conjuntivites, cistites, tosse com espirros ou diarreia. Costumam
apresentar quantidades de muco amarelo e espesso. Em suma, o tipo sensível é
sobretudo definido pela sua extrema sensibilidade à humidade.
Principais indicações clínicas

Afeções respiratórias:
 Rinofaringite, que se caracteriza por uma sensação de obstrução nasal,
que ocorre após a exposição ao frio húmido ou ao nevoeiro. O muco da
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faringe força-os a tossir e é, muitas vezes, acompanhado de adenopatias
satélites.
 Afeções febris secundárias a uma exposição ao frio húmido. Calafrios por
todo o corpo.
 Asma ou traqueobronquite com comichão na laringe, tosse seca e
expetoração esverdeada, depois de sofrer um arrefecimento devido à
humidade.
 Afeções digestivas: diarreias que aparecem quando a temperatura é baixa e
aparece a humidade, depois de um período de calor estival.
 Afeções reumáticas:
 Reumatismo muscular estacionai.
 Dores nos músculos e nos tendões, resultantes do tempo frio e húmido
ou de se ter molhado ou de ter suado. Tendo em conta as modalidades
idênticas, e em caso de afeções associadas do tecido fibroso peri
articular, convém alternar com Rhus tox. É um remédio conhecido para
lombalgias por arrefecimento. Pode ter dores articulares agudas que
surgem de repente devido a alterações climáticas, frio ou supressão da
transpiração.
 Paralisias das extremidades, que ficam frias como o gelo e que pioram
em repouso.
 Afeções cutâneas:
• Urticária ou eczema que aparece após a exposição ao frio húmido e que se agrava com
a água fria.
• Verrugas planas e lisas nas mãos (palmas, costas e dedos).
• Neuralgia facial resultante da remoção de uma erupção facial.
Afeções diversas:
• Congestionamento e hipertrofia dos gânglios linfáticos em crianças sensíveis ao frio
húmido.
• Cistalgias desencadeadas pelo frio húmido.
• incontinência urinária em crianças (micção involuntária por paralisia da bexiga) após
exposição ao frio húmido ou após molharem os pés.
Posologia
 Em afeções respiratórias agudas prescrevem-se diluições baixas, 3-5 grânulos a
cada 3 horas até a cura. Como preventivo, nestas indicações respiratórias,
prescreve-se em diluições médias, 3 vezes por semana durante a estação húmida
(outono- inverno).
 Em afeções digestivas prescrevem-se diluições baixas ao ritmo das evacuações.
 Em afeções reumáticas prescrevem-se diluições médias a cada 3 horas.
 Em afeções cutâneas prescrevem-se diluições 2 a 4 vezes por dia.
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 Para as restantes afeções prescrevem-se diluições médias 3 vezes por dia.

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FERRUM PHOSPHORICUM
Princípios ativos e preparação
É o fosfato férrico, um pó azul ardósia praticamente insolúvel na água e no álcool. Os
produtos homeopáticos extraídos de minerais não têm princípios ativos.
Ação geral
O Ferrum phosphoricum corresponde aos estados inflamatórios que são acompanhados
de febre relativamente moderada e de astenia, com tendência a congestões ou a
hemorragias localizadas. Corresponde à primeira fase da inflamação, mas com reações
clínicas menos violentas, porque o cliente é muito menos vigoroso.
O ferro encontra-se em todo o organismo, músculos, artérias, pulmões, etc., mas
encontra-se sobretudo no sangue, atuando nos fenómenos de oxigenação, favorecendo
a formação de glóbulos vermelhos e ajudando a transportar o oxigénio.
Costuma ser indicado quase sempre a crianças ou a adolescentes cansados, pálidos e
anémicos que sangram facilmente (epistaxe).
O estado febril adinâmico de Ferrum phosphoricum explica-se pela debilidade das
reações do doente, enquanto o Gelsemium, a Bryonia ou o Rhus tox é explicado pela
gravidade da doença.
Sintomas gerais:
 Febre moderada, acima dos 39ºC na criança ou superior a 38ºC no adulto, de
surgimento progressivo, pulsação rápida, mas suave.
 Alternância entre vermelhidão e palidez no rosto. Pele ligeiramente húmida.
 Falta de oxigenação do sangue.
 Anemia.
Sintomas locais:
 Tendência às hemorragias discretas e sobretudo às epistaxes. Apresenta
fenómenos de congestão locais, especialmente nos ouvidos ou nas vias
respiratórias.
 Tosse seca e espasmódica, muito dolorosa, dores de queimadura e ardor no
peito, às vezes com emissão involuntária de urina, que melhora com o ar frio ou
permanecendo deitado. Expetoração amarelada, às vezes com vestígios de
sangue.
 Artralgias inflamatórias irregulares e reumatismos inflamatórios moderados.
Aspetos característicos
 Sensações: de secura laringotraqueal; astenia grave.
 Modalidades:

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 Piora: com o movimento (dores nas articulações), os esforços violentos
ou prolongados; à noite; com o frio (tosse); com o barulho e com a luz
(cefaleias).
 Melhora: com o frio local (cefaleias, artralgias).
 Sinais concomitantes:
 Tonturas por congestionamento cefálico; sente-se como se empurrassem
bruscamente a sua cabeça para a frente, como se fosse a cair; tudo anda
à volta; piora ao fechar os olhos ou ao olhar para baixo.
 Cefaleia que afeta a fronte e as têmporas. Pior à direita e depois à
esquerda.
 Cefaleia congestiva, com cabeça quente, rosto vermelho e quente, ondas
de calor e vómitos.
 Dor no couro cabeludo; não tolera que lhe toquem no cabelo.
Tipo sensível
Pessoas algo intolerantes, que se incomodam com todo o tipo de obstáculos, sensíveis
ao ar frio e com lateralidade direita.
Principais indicações clínicas
 Afeções febris ou inflamatórias na fase inicial; em doenças eruptivas em período
de incubação ou de invasão.
 Otites agudas congestivas.
 Traqueíte e bronquite (em alternância com a Bryonia).
Posologia
Normalmente, este remédio bioquímico deve ser tomado entre um a dois comprimidos,
três vezes ao dia e sempre fora das refeições, durante mais de quatro meses.

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GELSEMIUM SEMPERVIRENS
Princípios ativos e preparação
É o jasmim amarelo, uma planta extremamente venenosa, especialmente a raiz e a
casca.
Contém três alcaloides muito tóxicos: a gelsemina, a semperverina e a gelsemicína.
A tintura-mãe é preparada a partir da raiz.
Ação geral
A intoxicação provoca:
 Uma síndrome febril adinâmica com incontinência dos esfíncteres, mialgia,
descoordenação motora e obnubilação.
 Uma paralisia dos nervos motores e, mais tarde, uma afeção paralítica dos
músculos respiratórios, seguida de morte por paragem cardíaca.
A experimentação patogenética demonstra:
 Sistema nervoso cerebrospinal:
 Primeira fase de excitação: tremores, cãibras, alteração da coordenação.
 Segunda fase de paralisia por congestão passiva cerebral e medular:
prostração geral, astenia e peso de todos os membros.
 Sistema cardiovascular: diminuição do ritmo cardíaco e hipotensão.
 Mucosa respiratória e digestiva: inflamação mais ou menos notável (diarreias
emocionais).
Aspetos característicos
 Sensações:
 De cansaço, de peso nos membros, de debilidade geral, de dormência e
entorpecimento e de dores musculares generalizadas.
 De cefaleia occipital, que irradia para os músculos do pescoço e vai até
aos ombros, com a sensação de cabeça pesada.
 De diplopia (visão dupla).
 Modalidades:
 Piora: com as emoções, as más notícias; com o calor.
 Melhora: com um fluxo abundante de urina e com o suor; com o
movimento ou o abanar.
 Sinais concomitantes:
 Ausência de sede durante a febre.
 Congestão cefálica com rosto vermelho e extremidades frias.
 Suores.
 Diplopia (durante a febre ou as enxaquecas).
Tipo sensível

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Podem-se encontrar usuários que necessitem de Gelsemium sempervirens,
nomeadamente pessoas com debilidade mental, emocional e física. São pessoas com
grandes medos: de perder o controlo, dos exames, medo do palco e de situações novas.
Principais indicações clínicas
 Gripe nas suas formas adinâmicas:
 Indivíduo prostrado e medroso. O tremor é muitas vezes dramático. O
estado de prostração é tal que qualquer movimento é esgotante para o
doente. Rosto vermelho carmesim, sensação de peso das pálpebras e
extremidades frias.
 Dores musculares e sensação de peso nos membros.
 Calafrios que vão e vêm ao longo da coluna vertebral.
 Cefaleias intensas em que a dor irradia em direção ao pescoço e aos
ombros.
 Poliomielite anterior aguda: o Dr. Denis Demarque publicou casos indiscutíveis
de poliomielite anterior aguda tratados com o Celsemium em diluições altas,
antes do surgimento de paralisias irreversíveis.
 Paralisias motoras localizadas:
 Paralisias virais (faciais, pós-herpéticas, pós-vacinação).
 Paralisia de compressão.
 Miastenia, sobretudo em fase inicial.
 Durante o parto, juntamente com outros remédios, para regularizar as
contrações.
 Medo: antes de exames, de compromissos sociais, de se submeter a uma
intervenção cirúrgica ou de ir ao dentista. O Celsemium está indicado quando
este medo é acompanhado de obnubilação, com distúrbios da memória,
tremores, sensação de fraquejar das pernas e tendência para a diarreia e para a
polaciúria.
 Cefaleias e enxaquecas:
 Enxaquecas precedidas ou acompanhadas por perturbações visuais
(diplopia).
 Cefaleia congestiva, com sensação de globos oculares pesados e
doloridos, peso das pálpebras, de predomínio occipital com irradiação
em direção aos músculos do pescoço e dos ombros, também presente na
cefaleia por stress. Alivia-se ao manter a cabeça erguida ou mediante
uma abundante emissão de urina.
Posologia
Nos casos de medo de enfrentar uma determinada situação, recomenda-se uma dose
em diluição alta durante a tarde do dia anterior e outra uma ou duas horas antes do
acontecimento em questão (exame, dentista, etc.).

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Nos casos de insónia, devida a ansiedade por antecipação antes de um acontecimento,
prescreve-se durante as 3 ou 4 semanas anteriores uma dose semanal ou diária e depois
as duas doses indicadas anteriormente.

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GRAPHITES
Princípios ativos e preparação
É a grafite, um mineral usado, por exemplo, para fazer as minas das lapiseiras. Contém
carbono (mais de 96%) e sílica. A linhagem é um pó preto, gorduroso ao tato, insolúvel
na água e no álcool.
Ao ser um mineral, não tem princípios ativos.
Ação geral
A Graphites é indicada para:
 A obstipação, os eczemas e a sensibilidade ao frio.
 A diminuição da atividade psíquica, metabólica e endócrina.
 A pele seca que tende a apresentar erupções escamosas.
A experimentação com doses subtóxicas em indivíduos saudáveis e a confirmação clínica
demonstraram que apresenta, preferencialmente, ações sobre:
 Pele:
 Eczemas exsudativos: erupções quentes acompanhadas de prurido e que
segregam um líquido parecido com o mel (melicéricas), espesso,
amarelado e viscoso, que quando seca forma crostas. Sangram
facilmente à mínima irritação. Localizam-se principalmente atrás das
orelhas, no couro cabeludo, nas pálpebras, à volta da boca, nos genitais,
à volta dos orifícios cutâneo-mucosos e das dobras de flexão.
 Cicatrizes queloides.
 Verrugas peri ungueais dolorosas.
 Unhas espessas que se partem, amareladas ou enegrecidas.
 Cabelo «de arame», seco e frágil; quistos na cabeça.
 Celulite.
 Aparelho digestivo:
 Dispepsia com gases, azia, dores e cólicas estomacais que melhoram
quando come, sobretudo alimentos quentes, diminuição do trânsito
gastrointestinal e inflamação das mucosas.
 Obstipação crónica atónica (sem vontade): fezes volumosas unidas por
muco.
 Hemorroidas com fissuras dolorosas, mas sem espasmos, com supuração
característica (da cor do mel).
 Genitais e sistema endócrino (défice de hormonas sexuais):
 Menstruações atrasadas, escassas, de sangue pálido. Amenorreia
secundária.
 Diminuição ou perda da libido. No homem sexo sem orgasmo:
geralmente não há ejaculação ou esta é precoce.

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 Diminuição do metabolismo basal, distiroidismo (no sentido de
hipofunção).
 Sistema circulatório:
 Anemia, rosto pálido; sufocos esporádicos ou ondas vasomotoras no
rosto.
 Epistaxes, sobretudo antes da menstruação.
 Estase venosa; varizes e úlceras varicosas.
Aspetos característicos
 Sensações:
 De frio generalizado e de calafrios; de frio localizado, por exemplo nos
pés. À noite pode ter sensação de calor e os pés, que antes estavam
gelados, ficam a «ferver».
 De ardor e de prurido nas lesões cutâneas (sobretudo sensação de ardor
e de latejar nas varizes), que diminuem com o calor da cama.
 De peso ou de dormência nas extremidades em repouso; de rigidez
articular dolorosa.
 De enfartamento ou de peso.
 De ardor ou de dor de estômago, que melhora ao comer coisas quentes.
 De ter uma teia de aranha no rosto; de sufocos na cabeça.
 Modalidades:
 Piora: com a inatividade, com o frio (embora deseje o ar fresco) e durante
a menstruação.
 Melhora: com o calor da cama (no caso de ardor e de prurido nas lesões
cutâneas), comendo (nos casos de desconforto gástrico) e com o
movimento ao ar livre.
 Sinais concomitantes:
 Bulimia ou aversão aos doces, à carne, ao sal, aos alimentos cozidos e
quentes.
 Obstipação e afeções cutâneas características.
Tipo sensível
Este produto homeopático é indicado para pessoas com tendência para engordar, mas
sem muito apetite. A sua pele é pálida, seca, áspera e tende a apresentar gretas. São
friorentas. Ruborizam, sufocam e suam facilmente.
São lentas no seu pensamento e na tomada de decisão. Reagem lentamente perante
estímulos externos e acham difícil manter um esforço mental sustentado: falta-lhes
energia. Costumam ser preguiçosos ao levantar e mais agitados e irritáveis ao final do
dia.
Ansiosas, medrosas e indecisas, choram facilmente. Os trabalhos manuais e os que se
realizam ao ar livre atraem-nas.

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Tendem para a obesidade, para apresentar distúrbios digestivos, cutâneos, genitais,
anemia, varizes e sufocos.
Principais indicações clínicas
 Cutâneas:
 Eczema atópico, impetigo e outras dermatites que ocorrem
acompanhadas de secreção, como o mel, ou que estão localizadas em
zonas características (atrás da orelha, nas dobras de flexão, nas
pálpebras, à volta da boca, nos órgãos genitais ou no couro cabeludo).
 Fissuras ou gretas no ânus, nos mamilos, ou na borda dos dedos.
 Cicatrizes queloides.
 Hiperqueratose com pele dura, espessa e seca.
 Verrugas peri ungueais.
 Cabelo seco e quebradiço; unhas grossas, frágeis e deformadas.
 Digestivas:
 Dispepsia com gases, azia e cólicas, que melhoram com a alimentação.
 Obstipação atónica.
 Hemorroidas e fissuras anais, com comichão, ardor e sangramento fácil.
 Enterocolite crónica, com muitos gases e com distensão, dores de cólicas
com expulsão de gases fétidos.
 Úlceras de estômago cicatrizantes e retrácteis.
 Genitais:
 Sufocos da pré-menopausa, especialmente em mulheres obesas e
pálidas.
 Menstruações atrasadas, escassas, de sangue pálido e com inchaço
prévio das mamas; rouquidão durante a menstruação.
 Distúrbios da libido nos homens (ejaculação precoce, ausência de
orgasmo).
 Afeções diversas:
 Distiroidismo (no sentido do hipotiroidismo).
 Varizes e úlceras varicosas.
 Reumatismos crónicos com tendência à esclerose, à fibrose e à retração
aponeurótica.
Posologia
Para as diversas afeções: diluições altas entre uma vez por dia a uma vez por semana.

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HEPAR SULPHUR
Princípios ativos e preparação
Denominado também de fígado de enxofre calcário ou sulfuro de cálcio impuro. É um
remédio que Hahnemann preparou partindo do cálcio extraído da casca das ostras
(Calcarea carbonica ostreanim) e do enxofre sublimado.
Ambos os materiais são misturados em partes iguais e são calcinados num cadinho
fechado durante 10 a 15 minutos, depois verte-se sobre uma placa de mármore e cobre-
se com uma cápsula a fim de parar a combustão. Quando arrefece obtém-se um pó
acinzentado, praticamente insolúvel na água e no álcool, que apresenta as reações do
enxofre e do cálcio.
Ação geral
Tem sido definido pela experimentação patogenética e pela observação clínica e
manifesta-se principalmente por:
 Inflamação com clara tendência para a supuração aguda e, por vezes, crónica
ao nível:
 Da pele.
 Das mucosas das vias respiratórias: laringe, sobretudo rinofaringe, seios
e ouvidos.
 Do tecido linfático.
 Hipersensibilidade do sistema nervoso:
 Às agressões físicas; hiperestesia à dor, ao toque e ao ar frio.
 Às agressões psíquicas: hipersensibilidade às contrariedades,
irritabilidade e cóleras súbitas e violentas, em contraste com um fundo
indolente (apatia). Carácter perverso.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Hiperestesia dolorosa: intolerância ao menor toque ou roçar na zona
inflamada.
 Dor, como se tivesse uma farpa ou um espinho na garganta inflamada.
 Sensibilidade do couro cabeludo ao toque.
 Dor na base do nariz.
 Estalides e dores nos ouvidos ao soprar.
 Picadas na garganta que se irradiam para os ouvidos.
 Modalidades:
 Piora: com o frio e as correntes de ar e ao menor contacto com as regiões
doridas.
 Melhora: com o calor e o tempo húmido e ameno.
 Sinais concomitantes:
 Excreções purulentas em casos crónicos.

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 Transpiração fácil ao menor esforço: suores abundantes, ácidos e
malcheirosos que não aliviam.
 Desejo de coisas ácidas em geral e de vinagre em particular, assim como
aversão a alimentos gordurosos.
Tipo sensível
Nos fenómenos supurativos, o Hepar sulphur pode estar indicado em qualquer pessoa,
independentemente do seu fenótipo ou comportamento. No entanto, as manifestações
características do modo reacional geral (modo psóriaco) aparecem mais durante a
infância e a adolescência sobre um tipo sensível particular:
 Morfologia: criança mais ou menos loira com o lábio superior proeminente e
erupções nos cantos dos lábios, podendo o lábio inferior estar dividido.
 Tendências mórbidas: hipertrofia das amígdalas e dos adenoides com tendência
supurativa e adenite. Tendência a fenómenos supurativos em geral.
 Comportamento: são crianças hipersensíveis, precipitadas na sua forma de atuar
(falam e comem depressa), impulsivas, irritáveis, propensas a cólera súbita e
violenta.
Principais indicações clínicas
O Hepar sulphur é indicado nos episódios de sobre infeção com supurações cutâneas
e/ou mucosas. Estes episódios aparecem periodicamente, por exemplo, a cada inverno,
e alternam o seu surgimento entre fenómenos inflamatórios ao nível da pele (episódios
de furunculose, eczema pruriginoso muitas vezes sobre infetado) e ao nível das mucosas
(otites médias supuradas, sinusites, rinofaringites, amigdalites, asma com sobre infeção
bronquial; infeções urogenitais).
 Processos supurativos agudos:
 Ao nível de pele e do tecido celular subcutâneo: furúnculos, antraz,
abcesso, hidradenite.
 Qualquer processo supurativo: conjuntivite purulenta, coriza purulenta,
amigdalite com tendência a supuração, sinusite purulenta, otite,
abcessos dentários, etc.
O denominador comum dessas manifestações é a associação de uma hiperestesia à dor
e ao toque e de uma certa sensibilidade ao frio, que melhora com o calor.
 Processos supurativos crónicos:
 Úlceras hipersensíveis ao toque, que sangram facilmente e das quais flui
um pus malcheiroso.
 Sinusite crónica que piora durante o inverno devido ao frio.
 Bronquite, abcesso pulmonar.
 Cistite com piúria.
 Uretrite, metrite e vaginite com secreção irritante e fétida.
 Manifestações respiratórias (convém vigiar os tímpanos):

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 Laringite aguda, com tosse e voz rouca, que aparece depois de um frio
intenso e seco. O doente transpira sem que isto o alivie.
 Traqueobronquite, com tosse seca e rouca, que diminui ao beber líquidos
frios, destapando-se, de manhã e de noite.
 Traqueobronquite catarral, com inflamação dos brônquios.
 Bronquite asmática com tendência à sobre infeção.
 Indicações específicas na criança: diarreia infantil esverdeada, com odor ácido e
fétido.
Posologia
 Para processos supurativos agudos: em diluições baixas Hepar sulphur tem a
mesma ação supurativa que na sua experimentação patogenética. Usa-se
quando se quer amadurecer um abcesso para fora. Note-se que, neste caso e
com esta diluição, o remédio é contraindicado para esta ação supurativa nos
abcessos que se encontram em cavidades fechadas e mal drenadas.
 Em diluições altas reabsorvem ou retardam a supuração. As diluições médias
podem ser ambivalentes: favorecem ou dificultam a supuração segundo o
estágio clínico e o modo reacional do doente.
 Em processos supurativos crónicos: prescrevem- se diluições altas e, geralmente,
alternam-se com Silicea, conhecido remédio para a supuração crónica.

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IGNATIA AMARA
Princípios ativos e preparação
Também conhecida como a Fava de Santo Inácio, é a semente de Strychnos ignatii,
arbusto originário das Filipinas da família das Loganiáceas. As sementes da baga deste
arbusto trepador contêm alcaloides com quase o dobro de estricnina desta. A
intoxicação através desta fava provoca espasmos e convulsões violentas, com exaustão
muscular e morte.
Ação geral
 Hipersensibilidade dos órgãos dos sentidos, especialmente da vista e dos
ouvidos.
 Hipersensibilidade psíquica a emoções e a desgostos.
 Tendência para espasmos, especialmente do músculo liso: tosse espasmódica,
espasmos nas pálpebras e no rosto.
 Sintomas paradoxais e contraditórios, fugazes. Por exemplo:
 Tosse espasmódica: a vontade de tossir melhora quanto mais se tosse.
 A dor de garganta é mais intensa com a ingestão de líquidos do que de
sólidos.
 Fome nervosa: quanto mais se come mais fome se tem.
 Tolera melhor os alimentos indigestos; as náuseas melhoram ao comer.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Hipersensibilidade à dor e aos odores, especialmente do tabaco (o cliente
incomoda-se com o fumo dos outros, mas não com o seu).
 De uma bola ou nó na garganta e de opressão respiratória com
dificuldade em respirar.
 Enxaqueca (sensação de ter um alfinete espetado).
 De estômago vazio com debilidade generalizada e de distonia
neurovegetativa.
 Dores súbitas, fugazes e instáveis.
 Modalidades:
 Piora: com as emoções e os odores fortes.
 Melhora: com a distração e o calor.
 Sinais concomitantes:
 Suspiros muito frequentes e bocejos espasmódicos.
 Aceleração do coração com taquicardia à mínima causa.
 Todas as situações psíquicas ou emocionais que podem ter impacto sobre
o sistema neurovegetativo podem ser uma indicação de Ignatia: as
tristezas, as angústias, os medos, os fracassos emocionais as frustrações,
as deceções amorosas, as humilhações, as raivas e as indignações

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contidas e reprimidas, etc. É o principal remédio da somatização das
emoções.
Tipo sensível
 Morfologia: costumam ser mulheres morenas, magras, com rostos encovados e
lábios gretados, que tendem a piscar as pálpebras, a bocejar ou a suspirar
repetidamente. Sensíveis, artísticas e emocionalmente frágeis. Tendem a
apresentar diversos espasmos irregulares, com formas paradoxais.
 Comportamento: costumam ser alegres, mas ficam tristes e sofrem com as
contrariedades ou o stress, caindo em si e suspirando profundamente. Têm
muitas variações de humor; choram com facilidade passando facilmente do riso
às lágrimas. Esquecem-se rapidamente das suas tristezas e das suas dores com a
distração. Podem apresentar determinadas reações histeriformes.
Muitas vezes são doentes que apresentam síndromes que enganam e que
mudam, contraditórios, com grande variabilidade de sintomas, geralmente
desencadeados por emoções ou por stress.
Principais indicações clínicas
 Nervosas:
 Hipersensibilidade com reações paradoxais.
 Estados depressivos secundários.
 Distúrbios funcionais espasmódicos histéricos:
 Histeria.
 Falta de ar ou dificuldade respiratória sem causa aparente.
 Cólon irritável, espasmos do cólon.
 Taquicardias emocionais; espasmos musculares.
 Suspiros, bocejos, tosse espasmódica.
Posologia
Em espasmos localizados: diluições baixas 1-2 vezes por dia.
Se são manifestações histeriformes em pessoas sensíveis: diluições médias-altas 1 vez
por dia.
Em depressões secundárias causadas por fatores emocionais: diluições altas, cada vez
mais espaçadas no tempo quanto mais antiga for a causa.

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IPECACUANHA
Princípios ativos e preparação
Arbusto brasileiro da família das Rubiáceas do qual se utilizam as raízes, que são colhidas
quando a planta está em flor, que depois se secam para fazer o remédio homeopático.
Na sua composição contém alcaloides (2-2,5%) derivados da isoquinolina, sendo
maioritária a emetina (60-70%) e a cefelina (25%), juntamente com outros minoritários:
psicotrina, O-metilpsicotrina, emetamina.
A presença destes alcaloides explica a sua utilização na medicina ortodoxa como:
expetorante em concentrações baixas, utilizado em tosse improdutiva ou persistente;
emético em concentrações mais elevadas, para induzir o vómito em casos de
envenenamento ou de overdose de droga (casos em que se necessite de uma lavagem
de estômago; antidisentérico, a emetina inibe a síntese proteica nas células dos
protozoários.
Para além disso, os remédios à base de lpeca têm ainda um efeito alergénico devido às
glicoproteínas alergénicas. A inalação da raiz lpeca provoca uma asma típica.
Ação geral
O lpeca é um remédio de ação limitada que atua seletivamente:
 Sobre o nervo pneumogástrico ou vago: a emetina induz o vómito pela
excitação das suas terminações reflexas e pela sua ação direta sobre os centros
bulhares.
 Sobre as mucosas respiratórias (dispneia) ou digestivas (náuseas) às quais irrita.
 Pode também provocar hemorragias de sangue vermelho, quente. A
coexistência de náuseas com hemorragias localizadas é característica deste
medicamento.
Produz dois tipos de sintomas:
Sintomas respiratórios
 Tosse espasmódica sufocante, com palidez ou coloração cianótica-
azulada do rosto, acompanhada de náuseas e de vómitos (sintomas da
tosse convulsa); e, por vezes, acompanhada de epistaxe.
 Melhora com o movimento e com o ar livre; com o repouso e com o calor.
 Grande acumulação de muco nos brônquios, com estertores finos e
sibilâncias disseminadas, tosse dispneizante e emetizante (doente
geralmente mais crónico, débil e pálido, que tosse e expetora com
dificuldade).
 Dispneia asmática, com espasmos branquiais e hipersecreção brônquica,
que aparece regularmente todos os anos.
 Hemoptise de sangue vermelho vivo, abundante, com tosse
espasmódica, náuseas e vómitos.
 Sintomas digestivos
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 Língua húmida, geralmente limpa, cor-de-rosa e com muita saliva que o
obriga a engolir constantemente; às vezes, a língua encontra-se revestida
com uma capa branca e espessa, como o giz.
 Ausência de sede.
 Náuseas persistentes e violentas com vómitos viscosos, mucosos e
abundantes que não aliviam essas mesmas náuseas.
 Hematémese de sangue vermelho vivo, com muitas náuseas.
 Fezes disentéricas, esverdeadas ou com sangue, viscosas, com muito
espasmos, cãibras à volta do umbigo, vómitos e ausência de sede.
Aspetos característicos
 Sensações: de náuseas e de dispneia.
 Modalidades:
 Piora: no inverno, com o frio e o calor húmido; com as frutas verdes.
 Melhora: com o ar fresco e o repouso.
 Sinais concomitantes: todos os transtornos patológicos que requerem lpeca são
acompanhados de:
 Náuseas significativas, com língua limpa ou levemente coberta, e vómitos
que não aliviam.
 Hipersialorreia (aumento da salivação).
Tipo sensível
Para este remédio homeopático não há nenhum claro tipo sensível, mas muitos dos
usuários que necessitam deste preparado são pessoas irritáveis e difíceis de satisfazer.
Principais indicações clínicas
 Respiratórias: remédio importante para a tosse, a dispneia e a asma:
 Tosse espasmódica, violenta, que tira o fôlego e reaparece a cada
inspiração, com náuseas persistentes, ânsias e vómitos.
 Tosse convulsa, com rigidez generalizada, cianose e palidez facial,
epistaxe e sangue bucal, com náuseas incessantes e vómitos mucosos (a
criança parece afogar-se). A tosse melhora ao beber um gole de água fria.
 Bronquite aguda, bronquiolite, com hipersecreção das mucosas
respiratórias.
 Asma, especialmente infantil, acompanhada de náuseas e de vómitos.
 Digestivas:
 Náuseas e diarreia esverdeada ou com sangue.
 Indigestão com náuseas, língua limpa ou levemente coberta, muita
salivação, palidez, olheiras, vómitos alimentares, mucosos, biliosos ou
esverdeados, com sensação de mal-estar.
 Náuseas durante a gravidez com excesso de salivação.

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 Náuseas que acompanham as cefaleias, neuralgias, transtornos
digestivos, respiratórios e hemorrágicos, menstruações muito
adiantadas, ou abundantes de sangue vermelho vivo, e dolorosas.
 Diarreia aguda disenteriforme, especialmente infantil, com náuseas e
vómitos que não aliviam.
 Colite hemorrágica, hematémese (vómitos sanguíneos).
Posologia
Diluições baixas, ao princípio, favorecem a expetoração e facilitam a eliminação do
muco, em caso de tosses improdutivas.
Diluições altas atuam melhor sobre os espasmos: tosse espasmódica, asma, cólica
diarreica, etc.
A frequência das tomas é determinada pelo ritmo da tosse, das náuseas ou das diarreias.

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KALIUM BICHROMICUM
Princípios ativos e preparação
Os dicromatos de potássio apresentam-se como cristais vermelhos alaranjados. Os
dicromatos causam muitas alergias. Encontram-se em muitos materiais profissionais,
por exemplo no cimento.
Sendo um mineral, é utilizado como princípio ativo propriamente dito.
Ação geral
É um tóxico local e geral. A intoxicação aguda produz uma gastrenterite aguda, com
desidratação e choque e, em seguida, uma afeção renal e hepática tóxica aguda. A
intoxicação crónica produz lesões nas mucosas, com secreções aderentes espessas e
mucopurulentas e lesões cutâneas do tipo eczema de contacto alérgico.
Produz os seguintes sintomas:
 Mucoso-digestivos:
 Aftas bucais, com úlceras profundas e com membranas amarelas ou
amarelas esverdeadas.
 Edema da úvula que se parece com um saco cheio de água, com úlceras
nos pilares do palato mole.
 Pirose e azia, às vezes associada a úlceras de estômago.
 Dor que acalma depois da refeição e volta pouco depois, ou dor precoce
depois de comer.
 Sensação de peso e de enfartamento após as refeições, com náuseas e
vómitos biliosos e amargos.
 Mucoso-respiratórios:
 Rinite com dor e com pressão na base nasal, com muco espesso, amarelo
esverdeado e pegajoso, que pode formar crostas aderentes ou cair para
a faringe irritando-a.
 Tosse violenta, com expetoração característica, que diminui à noite.
 Cutâneos:
 Erupções eritematosas muito pruriginosas, erupções pápulo-crostosas
com crosta; impetigo.
 Úlceras de bordas regulares, profundas, com exsudação aderente
amarela ou amarelas esverdeadas, com ausência de dor ou com pouca
dor.
 Reumáticos:
 Dores na ponta dos dedos e nos ossos salientes (cóccix, plantas dos pés,
calcanhares, etc.).
 Ciática esquerda geralmente: a dor desloca- se ao longo da perna,
aparece e desaparece de repente e aumenta com o movimento e com a
flexão.

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Aspetos característicos
 Sensações:
 Dores de início e de fim brusco. Dores erráticas que se podem deslocar
de um lugar para outro rapidamente.
 Dores na ponta dos dedos.
 Pirose e azia; sensação de peso e de enfartamento após as refeições.
 Modalidades:
 Piora: com o frio, o ar fresco, ao despir-se e com o movimento (exceto a
dor ciática ou dos membros inferiores).
 Melhora: com o calor, exceto no caso de prurido.
 Sinais concomitantes: secreções mucosas, viscosas, aderentes, amarelas ou
amarelas esverdeadas, que parecem membranas.
Tipo sensível
O Kalium Bichromicum corresponde a uma pessoa gordinha ou robusta, de aparência
resplandecente, com ideias fixas, inflexível, severa e conscienciosa. Recusa falar de
aspetos emocionais, e vai-se abaixo facilmente, sentindo-se abatida, isolada e mal-
humorada.
Principais indicações clínicas
 Digestivas:
 Aftas ou úlceras bucais, gástricas ou gastroduodenais.
 Dispepsia; intolerância à cerveja.
 Enxaquecas de origem digestiva supraorbital, precedidas de distúrbios
visuais, com dor na ponta dos dedos e vómitos abundantes amarelados.
 Respiratórias:
 Rinites agudas ou crónicas, sinusites frontais ou maxilares, com rinorreia.
 Anginas ulcerosas.
 Ginecológicas:
 Úlcera do colo do útero.
 Metrite.
 Leucorreia esverdeada e espessa.
 Cutâneas:
 Impetigo e eczema impetiginizados ou sobre infetados.
 Úlceras varicosas.
 Eczema por alergia ao cimento.
 Reumáticas:
 Dor na ponta dos dedos, em qualquer localização.
 Lumbago e ciática, especialmente esquerda, que melhoram com o
movimento.
Posologia

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Segundo a similitude sem esquecer que, como em todos os remédios de ação secretora,
as diluições baixas estimulam a secreção e as altas travam-na ou secam-na.

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LACHESIS
Princípios ativos e preparação
Este remédio é elaborado a partir do veneno de uma serpente enorme – Lachesis muta
– que vive nas selvas da América Central e do Sul, junto aos grandes rios. O seu veneno
contém, sobretudo, substâncias orgânicas com efeitos tóxicos e farmacológicos
(fosfolipase A2, aminas vasoativas, enzimas, etc.).
A sua mordedura produz:
 Alterações circulatórias: edema significativo, hipotensão, microtrombose com
fenómenos de necroses e hemorragias.
 Alterações renais secundárias.
 Inflamação, dor, etc.
Ação geral
 Sistema nervoso:
 Distúrbios vasomotores.
 Abrandamento das funções respiratórias e cardíacas.
 Hiperestesia, neuralgia.
 Alternância excitação/depressão.
 Sangue: primeiro melhora a coagulabilidade, para logo depois piorar
rapidamente a sua coagulação surgindo hemorragias e aquimoses.
 Outras afeções:
 Sistema cardiovascular (fenómenos de congestão – hemorragia).
 Pele (edema, hemorragia, supuração).
 Mucosas respiratórias e ORL
 Aparelho genital feminino.
 Tiroide.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Grande sensibilidade ao menor toque e à constrição, principalmente no
pescoço e na cintura.
 Batimentos e pulsações (cefaleias, hemorroidas, zonas inflamadas, com dor
pulsátil).
 Opressão sufocante na altura de dormir.
 Hipersensibilidade aos ruídos e à luz.
 Constrição na garganta e no coração.
 Modalidades:
• Melhora: com o surgimento de um fluxo, ao ar livre e com temperatura moderada.

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• Piora: com o atraso, a insuficiência ou o desaparecimento de um fluxo (fisiológico ou
patológico), com o roçar ou com o toque, com o calor ou com o sol, com coisas quentes,
ao adormecer e ao acordar.
 Sinais concomitantes:
 Afrontamentos (na altura da menopausa).
 Desejo de álcool.
 Alternância de períodos de logorreia/mutismo.
 Aversão às bebidas quentes; gostam de alimentos ácidos.
Tipo sensível
Podem ter um aspeto inchado e apresentar excesso de peso.
Na pré-menopausa e nos alcoólicos, o rosto pode ter certas particularidades:
congestionado com acne rosácea, lábios roxos ou escuros, nariz vermelho ou violeta.
Tendem a apresentar distúrbios relacionados com o sistema nervoso, neuro endócrino,
vascular, aparelho genital feminino e alcoolismo crónico.
O seu comportamento é bastante característico. Existe uma alternância de períodos de
loquacidade com outros de mutismo e de depressão. Têm tendência para a desconfiança
e para os ciúmes. Costumam sentir-se pior de manhã, com mais ansiedade; podem ter
fobias. São receosas.
Geralmente, são pessoas percetivas, criativas, ambiciosas, egocêntricas e ciumentas.
Muitas vezes, contradizem as opiniões dos outros.
As crianças Lachesis costumam ser faladoras, hiperativas, saltitantes, propensas a
distúrbios emocionais e de comportamento (ciúme do irmão mais novo). São
possessivas, gostam de incitar os outros a portarem-se mal. São muito inteligentes e
astutas e adivinham o que mais mal faz às suas «Vítimas».
Principais indicações clínicas
 Aguda:
 Estados infeciosos graves e supurações agudas com:
 Hipersensibilidade ao toque, dores latejantes e áreas inflamadas roxas ou
arroxeadas.
 Agravamento pela supressão repentina de uma secreção purulenta (sinusite,
otite).
 Hemorragias de sangue preto, que melhoram a dor ou o estado geral:
 Hemorroida dolorosa que melhora ao sangrar.
 Dor de cabeça que melhora ao sangrar pelo nariz (epistaxe).
 Dor menstrual (dismenorreia), que melhora com a redução da menstruação.
 Anginas:
 Da esquerda para a direita ou apenas esquerdas.

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 A garganta está púrpura, com sensação de constrição, dificuldade em
engolir, especialmente líquidos quentes, e intolerância ao toque,
inclusive no pescoço.
 Crónicas:
 Pré-menopausa:
 Hemorragias de sangue negro.
 Término da menstruação durante alguns meses com distúrbios
secundários.
 Alterações circulatórias: rubor, palpitações, cefaleias ou enxaquecas
com dor latejante.
 Medo do calor.
 Alterações comportamentais: ciúmes, desconfiança, pesadelos,
alternância entre loquacidade e mutismo, etc.
 Alcoolismo:
 Nariz vermelho, veias ou capilares nas maças do rosto, ciúmes, raivas,
distúrbios do sono, alternância excitação/ aturdimento.
 Distúrbios digestivos: perda de apetite, dores de estômago.
 Fígado aumentado em tamanho, doloroso.
 Hemorroidas roxas salientes, muito sensíveis, com dores latejantes
ou de constrição que melhoram com o sangramento.
 Outras afeções:
 Asma que piora ao deitar ou ao acordar, pré-menstrual ou pré-
menopausa.
 Acne rosácea.
 Insolações.
 Úlceras de fácil hemorragia, muito sensíveis ao toque, com bordas
azuis ou lívidas (úlceras varicosas).
 Crises de ciúmes: por exemplo, de uma criança relativamente ao
irmão mais novo.
Posologia
Para a pré-menopausa: diluições médias-altas mais ou menos espaçadas no tempo.
Para o alcoolismo: diluições médias 5 dias por semana.
Para outras afeções: diluições médias 2 vezes por dia.

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LUESINUM
Princípios ativos e preparação
É um bioterápico que se prepara a partir das serosidades da úlcera ou do cancro primário
da sífilis obtidas em doentes com sífilis não tratados. Não é uma planta, pelo que não se
lhe reconhecem princípios ativos.
Ação geral
Coincide com os sinais anatomopatológicos da sífilis, apresentando tal como esta
tropismos por:
 Pele e mucosas: com lesões superficiais ou profundas, úlceras, etc.
 Gânglios linfáticos: com gânglios aumentados, esclerosados e duros.
 Aparelho cardiovascular: com inflamação de vasos arteriais, esclerose, etc.
 Osteoarticular: dores ósseas muito intensas, que se agravam à noite,
especialmente na tíbia, no crânio e nas costelas; lesões em ossos longos, no
crânio e nos ossos nasopalatinos; periostite, osteíte destrutiva.
 Sistema nervoso: paralisia geral.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Dores nos ossos longos, especialmente na tíbia, que diminuem à noite.
 Dor de cabeça na hora de dormir.
 Modalidades:
 Melhora: nas montanhas e com o movimento lento ou contínuo.
 Piora: durante a noite.
 Sinais concomitantes: estas pessoas podem afundar-se numa depressão
profunda. Às vezes têm o hábito de lavar as mãos, para se purificarem.
Tipo sensível
Podem-se encontrar usuários que necessitem de Luesinum, nomeadamente pessoas
com grande atividade mental, com alterações bruscas de comportamento e com
hiperatividade.
Principais indicações clínicas
 Má resposta ao tratamento homeopático num cliente com antecedentes de
sífilis.
 Patologias com manifestações semelhantes à sífilis terciária pela sua localização,
sensações e sinais característicos.
 Manifestações osteoarticulares: dores ósseas, dores articulares noturnas,
patologia articular com deformações não dolorosas, periostite, osteoartrite do
joelho, etc.
 Úlceras de bordas escleróticas, eczemas secos e psoríase.
 Dores de cabeça e algumas insónias.

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Posologia
Diluição 7 CH, uma dose a cada 20 dias.

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LYCOPODIUM
Princípios ativos e preparação
Lycopodium clavatum, também conhecido como Licopódio ou enxofre vegetal, é uma
planta herbácea trepadeira que cresce nos bosques e nas montanhas. Utilizam-se os
seus esporos, que se desprendem ao sacudir a planta, e que constituem um pó amarelo.
Os seus princípios ativos são a licopodina e a polenina.
Ação geral
Os dados procedem da experimentação patogenética e das observações clínicas, já que
não tem toxicidade.
 Metabolismo: alterações do metabolismo do colesterol, do ácido úrico e da
ureia.
 Aparelho digestivo:
 Dispepsia com flatulência logo após comer ou, inclusivamente, durante a
refeição e independentemente da quantidade.
 Inchaço abdominal ou distensão, sobretudo na metade inferior.
 Ardor ou azia por refluxo esofágico; úlcera duodenal.
 Fígado: desconforto, sensação de aperto no hipocôndrio direito, cálculos
biliares e insuficiência hepática.
 Vómitos acetonémicos da criança (crianças que comem pouco).
 Enxaqueca de origem digestiva (por atraso na hora de comer ou por comer
em muita quantidade): localiza-se muitas vezes sobre o olho direito e é, por
vezes, associada a distúrbios visuais (hemianopsia direita vertical).
 Aparelho urogenital:
 Urinas raras, muito claras ou turvas com areias vermelhas; polaciúria
noturna.
 Cálculos de ácido úrico, oxálico; aumento de ureia no sangue.
 Impotência, especialmente nos jovens, que conservam o desejo; ereções
fracas, ejaculação precoce. Secura vaginal.
 Pele e mucosas:
 Erupções de qualquer tipo. As lesões sangram facilmente e dão comichão
que é aliviada ao ar fresco.
 Canície (cabelos brancos) e/ou calvície prematura, pele seca e rugas; pele
pálida e amarelada (aparência de envelhecimento precoce).
 Anginas, especialmente direita; dor de garganta que é aliviada com a
ingestão de bebidas quentes.
 Obstrução nasal, principalmente noturna (dorme com a boca aberta e
ressona), e constipação crónica que flui ao longo do dia.
 Doenças pulmonares localizadas no pulmão direito.
 Sistema nervoso:
 Tiques na face.

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 Perda de memória e fadiga intelectual.
 Enxaquecas e neuralgias direitas.
 Ansiedade que se somatiza (eczemas, úlceras, etc.).
Aspetos característicos
 Sensações:
 Distensão ou inchaço abdominal e pressão na zona da cintura.
 Fome que se sacia em seguida e enfartamento à primeira dentada.
 Comichão que melhora com o ar fresco (afeções de pele).
 Ter um pé quente (especialmente o direito) e o outro frio.
 Queimadura entre as omoplatas.
 Modalidades:
 Melhora: com o ar fresco; com refeições e bebidas quentes nos transtornos
digestivos (amantes das infusões).
 Piora: entre as 16 horas e as 20 horas, com o calor provocado pelo exercício
e com a contradição.
 Sinais concomitantes:
 Desejo de alimentos muito quentes, de chás, de doces e de ostras (embora
não lhe caiam bem).
 Intolerância às cebolas, aos alhos, às pimentas e aos amidos.
 Lateralidade: os sintomas têm tendência para começar pela direita
estendendo-se pelo lado esquerdo (por exemplo, nas amigdalites).
Tipo sensível
Morfologicamente, costumam ser pessoas magras, pouco musculadas, de tórax estreito
com abdómen volumoso, aparência prematuramente envelhecida (careca ou com
pouco cabelo, de rosto enrugado, tom amarelado da pele), e muitas vezes apresentam
tiques.
De inteligência desperta, têm ao mesmo tempo uma grande falta de confiança em si
próprias, sentem muita insegurança, ansiedade e medos.
Tendem a sofrer de doenças de pele, de nervosismo, de problemas digestivos, hepáticos
e urogenitais (cálculos) e de alterações metabólicas (aumento da ureia, do ácido úrico e
do colesterol).
Principais indicações clínicas
 Mediante a importância dos antecedentes familiares:
 Eczemas, cálculos renais ou biliares.
 Elevação da ureia, do ácido úrico, do colesterol e dos triglicéridos no sangue,
e as suas consequências (arteriosclerose, insuficiência renal, etc.).
 Aparelho digestivo:
 Distúrbios dispépticos: pirose ou azia, flatulência, discinesia biliar (mau
funcionamento da vesícula) e cálculos da vesícula biliar.
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 Úlcera duodenal.
 Anorexia nas crianças.
 Pele e mucosas:
 Dermatite seborreica, eczemas e psoríase.
 Urticária crónica.
 Fissuras e hiperceratose nos calcanhares.
 Amigdalite que se inicia na amígdala direita.
 Aparelho urogenital:
 Cálculos renais (ácido úrico e colesterol).
 Impotência, conservando o desejo; prostatismo.
 Vaginismo após a menopausa.
 Sistema nervoso:
 Enxaqueca e dores de cabeça, sobretudo de origem digestiva.
 Estados depressivos secundários.
 Tiques nas crianças ou nos adolescentes.
Posologia
Produto de ação lenta, mas profunda. Recomendam- se doses em 15 CH ou 30 CH, entre
uma vez por semana a uma vez por mês, em média.

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MEOORRHINUM
Princípios ativos e preparação
Ao ser de origem animal não tem princípios ativos.
Este bioterápico prepara-se a partir das secreções uretrais purulentas de doentes com
gonocócica obtidas antes de se iniciar qualquer tratamento com antibiótico. A infeção
genital gonocócica pode dar lugar a posteriores complicações que afetam os órgãos-alvo
descritos na patogénese da Medorrhinum.
Ação geral
 Mucosas: secreções amarelas esbranquiçadas e espessas, leucorreia
esverdeada, fétida e irritante.
 Pele: erupções com vesículas que se apresentam com comichão; eczema;
pequenas verrugas, geralmente amontoadas sobretudo no rosto; e condilomas
ou verrugas genitais.
 Articulações: rigidez dolorosa por infiltração e esclerose do tecido
fibroconjuntivo (especialmente do ombro, coluna lombar, sacroilíacas, anca e
joelho), reumatismos crónicos em diferentes localizações, com grande
sensibilidade na planta dos pés e nos calcanhares.
 Sistema nervoso: afeção geral que origina agitação, precipitação e perda de
sensibilidade.
 Aparelho geniturinário: infeções vaginais e uterinas, com fluxos verdes que
produzem comichão, cistite e menstruações muito abundantes.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Ardores localizados, principalmente nas palmas das mãos, plantas dos pés e
ao longo da coluna.
 Rigidez articular, especialmente na região sacrolombar.
 Comichão, generalizada ou localizada, sobretudo nos canais auditivos.
 Modalidades:
 Melhora: com a chegada da noite (os lactentes devem estar deitados de
bruços ou na posição de joelhos ao peito), junto ao mar e com o movimento
contínuo.
 Piora: durante o dia, com o frio e ao pensar na sua doença.
 Sinais concomitantes:
 Pernas inquietas e doridas, com cãibras, formigueiro, etc.
 Dores nos calcanhares (talalgias) e uma grande sensibilidade na planta dos
pés.
 Dormir com os braços por cima da cabeça ou na posição de joelhos ao peito;
crianças com necessidade de movimento rítmico para dormir.
 Desejo de álcool.
Tipo sensível
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O Medorrhinum corresponde a uma pessoa débil, nervosa e agitada, especialmente no
que se refere às pernas. Fisicamente, é um pouco gorda, com nariz largo, lábios grossos,
muito cabelo e sobrancelhas densas, sardas, verrugas e quistos.
Pode ser impulsiva e agressiva ou tímida e desajeitada. Mostra-se muito ocupada e,
constantemente, preocupado com o futuro, o tempo passa sempre muito devagar. Tem
uma agenda muito bem planificada com tudo programado e previsto, considera que «O
tempo é dinheiro». Essa obsessão com o «agora» impede-a de desfrutar do presente, o
que lhe produz ansiedade.
São pessoas que permanecem tristonhas durante o dia, recuperando o ânimo à tarde
ou à noite.
Principais indicações clínicas
 Infeções do trato geniturinário: como a clamídia ou a gonorreia.
 Doenças reumáticas inflamatórias ou degenerativas: com dores articulares das
grandes articulações ou dores radiculares.
 Asma: especialmente se esta melhora à beira-mar ou se está relacionada com a
aplicação de vacinas ou com infeções geniturinárias rebeldes.
 Pele: eritema da fralda no lactente, herpes genital, condilomas genitais,
aglomerados de pequenas verrugas no rosto, verrugas plantares, etc.
 Sistema nervoso: estados depressivos secundários a uma doença sexualmente
transmissível ou a infeções crónicas do trato urogenital, abortos, etc.; crianças
com dificuldades de aprendizagem, com distúrbios do sono e que dormem na
posição característica, com movimentos rítmicos.
Posologia
Recomenda-se utilizar diluições a 15 CH duas vezes por mês.

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MERCURIUS SOLUBILIS
Princípios ativos e preparação
Ao ser uma substância mineral, não tem princípios ativos.
O mercúrio solúvel foi proposto por Hahnemann para substituir o excessivamente tóxico
cloreto de mercúrio. Define-se pela sua forma especial de preparação. É um pó
acinzentado, praticamente insolúvel na água e no álcool, que contém 85% de Hg.
Ação geral
Atua preferencialmente sobre:
 Mucosas: causa inflamação que pode evoluir para a supuração, com adenopatias
satélites e tendência para a cronicidade.
 Pele e ossos: produz supuração.
 Sistema nervoso: tremores, paralisia, paresia e distúrbios comportamentais.
Provoca sintomas mucosos:
 Oftálmicos: pálpebras inchadas, inflamadas e vermelhas; secreções abundantes
e irritantes, com sensação de ardor; fotofobia.
 ORL e respiratórios:
 Rinorreia corrosiva, inicialmente aquosa, com numerosos espirros e que se
torna esverdeada e fétida.
 Dor nos ossos do nariz.
 Otorreia amarela esverdeada, fétida e corrosiva.
 Tosse diurna produtiva, com expetoração purulenta, que se torna seca à
noite.
 Digestivos:
 Boca mercurial: hálito fétido com a inflamação das gengivas que sangram ao
menor contacto e/ou estão ulceradas; língua inchada e grande
(macroglossia); salivação viscosa com sede intensa.
 Vermelhidão da faringe e das amígdalas, com dor ao engolir (disfagia), que
irradia para os ouvidos.
 Pseudomembrana espessa e tendência para a formação de pus.
 Hepatomegalia (aumento do tamanho do fígado).
 Fezes esverdeadas, sangrentas ou viscosas, com espasmos (dor e dificuldade
para evacuar com desejos frequentes).
 Geniturinários:
Uretrite dolorosa com pus esverdeado.
Inflamação dos órgãos genitais (internos e externos).
leucorreia esverdeada, corrosiva e às vezes sangrenta, que irrita e produz muita
comichão.

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Disúria (desejos frequentes e dolorosos de urinar), urina escassa, escura, sangrenta
e albuminosa.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Debilidade geral, formigueiro nos lábios e gosto metálico.
 Calafrios.
 Ardor e espasmos na região perineal.
 Modalidades:
 Melhora: com uma temperatura moderada e seca.
 Piora: à noite, a maioria dos sintomas; com o suor; com o frio húmido, com
as alterações climáticas e as temperaturas extremas.
 Sinais concomitantes:
 Sinais característicos da orofaringe.
 Secreções purulentas e corrosivas que irritam.
 Suor viscoso e malcheiroso.
Tipo sensível
Pessoa apressada e inquieta, mas nem sempre eficaz. Mentalmente lenta, custa-lhe
reagir. Falta de memória, mas com grande inteligência e liderança.
Pode ser falsa, audaz, ditadora ou egocêntrica e não tem consideração pelas pessoas
que lhe são próximas.
Principais indicações clínicas
 Oculares: blefarite (inflamação das pálpebras) e conjuntivite com secreções
abundantes, irritantes e fotofobia; úlceras da córnea.
 ORL:
 Amigdalites agudas ou crónicas.
 Faringite com dor que irradia para o ouvido e adenopatias cervicais.
 Rinite e rinofaringite.
 Sinusite frontal, papeira e parotidite.
 Otite com otorreia e sensação de ardor, comichão ou irritação.
 Respiratórias:
 Traqueobronquite, broncopneumonias com expetoração mucopurulenta.
 Bronquite asmática por alergias microbianas.
 Digestivas:
 Gengivite, piorreia, periodontite, estomatite e aftas como erosões
superficiais.
 Diarreia aguda, com espasmos, muitas vezes hemorrágica.
 Colite ulcerosa, retocolite e amebíase.
 Geniturinárias:

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 Vaginite, vulvovaginite, ulcerações do colo do útero, todas com leucorreia
característica e com prurido.
 Uretrite dolorosa purulenta.
 Cistite com espasmo, ardores, urinas escuras e, por vezes, sangrentas.
 Doenças tóxicas do rim e nefropatias intersticiais.
 Neurológicas:
 Distúrbios de comportamento com instabilidade.
 Acessos coléricos bruscos em crianças. Dificuldades de aprendizagem em
crianças agitadas.
 Tremores das extremidades que se podem complicar em casos de doentes
com Parkinson.
 Cefaleias fronto-orbitais com sinusite ou neuralgias do rosto.
 Dermatológicas:
 Supurações cutâneas com prurido e comichão, eczemas ou úlceras
superficiais.
 Abcessos e adenites supurantes.
 Transpiração viscosa, abundante e noturna, que não alivia o cliente.
Posologia
Em função da similitude: sintomas locais a diluições baixas; sintomas gerais a diluições
médias; sintomas nervosos ou comportamentais a diluições altas.
Na supuração ou secreção, deve-se ter em conta que as diluições baixas estimulam ou
favorecem a secreção, as diluições altas param-na ou secam-na e as médias são
ambivalentes.

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NATRUM MURIATICUM
Princípios ativos e preparação
É o sal marinho. Contém principalmente cloreto de sódio, mas também pequenas
quantidades de cloreto de potássio e de magnésio com traços de cálcio, alumínio e
outros metais.
O cloreto de sódio é um componente essencial do organismo, muito importante na
manutenção da homeostase e do equilíbrio eletrolítico entre o espaço intra e
extracelular.
É o remédio mais importante no período de crescimento, na adolescência e na
juventude.
Ação geral
A intoxicação aguda (por exemplo, nos náufragos) provoca irritação da mucosa digestiva
com vómitos e diarreia, febre e, posteriormente, delírios que resultam em coma e na
morte.
A patogénese do Natrum muriaticum é muito rica e variada. Inclui, entre outras ações:
• Alterações da nutrição: infiltração celulítica da cintura para baixo com afinamento da
parte superior do corpo.
 Pele:
 Alternância de áreas de pele oleosa com zonas secas e escamosas no rosto.
 Pápulas e/ou vesículas-pústulas, especialmente no limite do couro cabeludo
na testa e nas dobras de flexão das articulações (eczema, acne); feridas ao
redor da boca (herpes).
 Verrugas nas palmas das mãos, nas dobras dos dedos e na testa.
 Peles secas e com fendas peri ungueais.
 Mucosas: alternam a secura e o estado catarral (inflamação + secreção).
 Sistema nervoso:
 Estados depressivos, que se agravam com o consolo (foge dos contactos).
 Astenia, alternada com agitação, precipitação e irritabilidade.
 Hiperemotividade.
 Dor de cabeça; enxaqueca com sintomas oculares prévios ou seguindo a
curva solar.
 Locomotor:
 Dores lombossacrais.
 Dificuldade e atraso a aprender a andar, no caso das crianças.
 Retrações dos tendões.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Frio.
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 Fadiga.
 Formigueiro e dormência.
 Ardor ou comichão nas mucosas (faringe, lábios, conjuntiva, uretra).
 Peso na pélvis, com prisão de ventre e com dor que irradia para a região
lombossacral.
 Modalidades:
 Piora: à beira-mar, entre as nove e as onze horas da manhã, especialmente a
febre; piora com o calor e com a exposição ao sol.
 Melhora: ao ar livre, com a transpiração (febre e dor de cabeça) e com a
pressão prolongada (dobrado ao meio para a dor lombar).
 Sinais concomitantes:
 Sede insaciável.
 Bulimia ou grande apetite sem aumento de peso.
 Anorexia com adelgaçamento significativo.
 Aumento das secreções mucosas.
 Língua com zonas sem papilas.
Tipo sensível
Costumam ser crianças, adolescentes ou jovens adultos, especialmente magros na
metade superior do corpo e com bom apetite. Têm a pele pálida, a face oleosa, com
acne, incluindo eczema na borda do couro cabeludo. Costumam ter os lábios secos, com
uma fissura média na metade inferior.
Quanto ao seu comportamento, costumam estar tristes, deprimidos e desanimados,
mas às vezes pode existir uma excitação e uma atividade precipitada. Sentem muitas
vezes dificuldades para dormir ou impressão de sono insuficiente, apesar de terem
dormido muitas horas. Podem ter problemas de memória, dificuldades de atenção,
alterações de humor e podem ser facilmente distraídos, todos estes fatores muito
característicos na adolescência.
Principais indicações clínicas
 Gerais:
 Convalescença de uma doença debilitante, sobretudo se houver
desidratação por grande perda de líquidos (suores, diarreia, hemorragias...),
perda de peso, etc.
 Cansaço físico ou mental com emagrecimento, dores lombares e dores de
cabeça latejantes (situações frequentes nos estudantes nas datas dos testes).
 Transtornos do crescimento em crianças de modo reacional tuberculínico.
 Cutâneas:
 Acne juvenil comum na testa.
 Eczemas secos na borda do couro cabeludo.
 Herpes peri labial, especialmente depois de um processo de febre ou de ter
estado a tomar banhos de sol.

COMPÊNDIO DE PRODUTOS HOMEOPÁTICOS P á g i n a 58 | 89


 Urticárias físicas e crónicas provocadas pelo sol ou pelo exercício intenso,
com sudorese.
 Pequenos edemas localizados: pálpebras, dedos, etc.
 Pele desidratada e envelhecida.
 Respiratórias:
 Rinite alérgica e lacrimejante, com abundante secreção aquosa.
 Rinofaringite de repetição nas crianças, ao menor frio. Alterna a secura da
mucosa e o catarro.
 Asma seca ou com hipersecreção, alternadamente.
 Digestivas:
 Anorexia com perda de peso. Alternância bulimia/anorexia.
 Obstipação e fissuras anais.
 Geniturinárias:
 Incontinência urinária ao tossir, ao realizar um esforço ou ao andar.
 Nefropatia com distúrbios eletrolíticos, edema, desidratação, etc.
 Poliúria, poliquiuria noturna (oligúria, retenção de líquidos, edema
localizados).
 Proteinúria ortostática do jovem.
 Síndrome pré-menstrual e secura vaginal.
 Amenorreia da puberdade; oligomenorreia com interrupção de vários
meses.
 Nervosas:
 Estados depressivos secundários, por tristeza ou deceção, e
hiperemotividade.
 Cefaleias e enxaquecas dos estudantes; enxaqueca oftálmica.
 Espasmo filia: dormência da língua e dos lábios.
 Outras afeções:
 Anemias, geralmente por perdas crónicas (menstruação).
 Palpitações e arritmias nas pessoas emotivas e nos adolescentes.
 Distúrbios distiroideos da puberdade (palpitações, perda de peso, sede,
fraqueza, irritabilidade, etc.).
 Dores lombossacrais.
Posologia
Diluições médias 3 vezes por semana.

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NUX VÓMICA
Princípios ativos e preparação
A tintura-mãe é preparada a partir das sementes secas da noz-vómica, que contém 3%
de alcaloides, nomeadamente a estricnina e a brucina.
A sua toxicidade é devida principalmente à estricnina. Esta atua sobre a medula espinhal
dificultando as conexões entre as fibras nervosas motoras e sensitivas, causando em
doses tóxicas efeitos convulsivos (crises tetânicas) e em doses muito altas efeitos
curativos. Em doses terapêuticas, aumenta a excitabilidade dos neurónios, a acuidade
dos sentidos e o peristaltismo digestivo.
Ação geral
A Nux vómica é usada em situações de sobrecarga dos sistemas nervoso e digestivo, tais
como o abuso de bebidas alcoólicas, de comida, de café, de tabaco, de estimulantes, de
calmantes e de laxantes, de stress intelectual e profissional, de sedentarismo, etc. Atua,
sobretudo, produzindo hiperexcitabilidade e tendência ao espasmo dos sistemas
nervoso e digestivo:
 Sistema nervoso: hiperexcitabilidade e hiper-reactividade, híper-reflexia de
tendões, espasmos, epilepsia, transtornos de humor (irritabilidade e agressão),
hipersensibilidade (ruídos, odores e tato), intolerância, etc.
 Sistema digestivo: meteorismo gástrico, arrotos e dor, náuseas e vómitos que
melhoram o desconforto, síndrome do intestino irritável, prisão de ventre com
sensação de evacuação incompleta e hemorroidas com comichão.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Hipersensibilidade à luz, aos sons, aos odores e ao toque; e também ao frio,
com calafrios e pele de galinha.
 Comichão insuportável no nariz ou na trompa de Eustáquio.
 Cãibras na barriga e nos dedos dos pés.
 Indisposição gástrica entre 1 a 2 horas após comer; sonolência.
 Falsa vontade de defecar.
 Modalidades:
 Melhora: à tarde; com o calor (exceto no caso das hemorroidas).
 Piora: com o frio; depois de comer e de acordar; com o álcool, o tabaco, o
café ou as especiarias em excesso.
 Sinais concomitantes:
 Desejo de álcool, de café, de tabaco, de especiarias e de alimentos picantes.
 Língua coberta de saburro branco-amarelado na parte posterior, mas limpa
na parte anterior.
 Sonolência após as refeições.
 Espasmos no sentido inverso à necessidade do órgão.

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Tipo sensível
Os indivíduos Nux vomica são caracterizados pela sua tendência para adoecer e pelo seu
comportamento: são hipersensíveis, impacientes, nervosos, irritáveis, intolerantes,
coléricos e agressivos. Muitas vezes, trata-se de sedentários ativos que costumam
abusar de antiácidos, de laxantes, de ansiolíticos, de sedativos e de estimulantes. O
stress laboral pode levá-los a uma depressão.
Principais indicações clínicas
 Digestivas:
 Síndromes digestivas com todos ou alguns destes sintomas: língua coberta
na parte posterior, náuseas que melhoram com o vómito, obstipação com
desejos ineficazes ou evacuação insuficiente, diarreia com evacuações
pequenas, sonolência depois de comer, etc.
 Hemorroidas, com prurido, que melhoram com banhos frios.
 Nervosas:
 Síndromes nervosas com espasmos, hiperatividade geral, hipersensibilidade
ao ruído, aos odores, ao toque, etc.
 Transtornos de humor (irritabilidade, cólera, agressividade).
 Cefaleias, enxaquecas e insónias devidas ao stress.
 Retenção urinária após anestesia.
 Febre com calafrios.
 Respiratórias:
 Rinite espasmódica, com surtos de espirros e prurido nasal.
 Síndrome gripal (coriza + febre com calafrios + dores lombares noturnas).
 Asma com crises de madrugada.
 Outras afeções:
 Lumbago que piora à noite.
 Alterações produzidas por tóxicos, álcool, café, excitantes, tabaco ou
fármacos.
Posologia
 Para síndromes digestivas: diluições médias ou altas se há sintomas nervosos, 2
a 3 vezes por dia.
 Para hemorroidas com comichão: diluições baixas 2 a 3 vezes por dia.
 Para síndromes nervosas com espasmos: diluições altas 1 vez por dia.
 Para distúrbios de carácter: diluições altas 1 vez por dia.
 Para síndromes gripais: diluições médias 3 a 5 vezes por dia.
 Para distúrbios causados por tóxicos, álcool, café, excitantes, tabaco ou
fármacos: como medida preventiva, antes de grandes petiscos ou antes de beber
bebidas alcoólicas podem-se tomar uns grânulos de Nux vomica em diluição
média-alta.

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PHOSPHORUS
Princípios ativos e preparação
É o fósforo branco, uma substância muito tóxica praticamente insolúvel na água. É um
potente redutor muito ávido de oxigénio. A nível bioquímico origina alterações do
metabolismo dos glícidos, dos lípidos e das proteínas, e uma diminuição do metabolismo
energético.
A intoxicação por fósforo pode ocorrer por via oral ou pulmonar e pode ser aguda ou
crónica: a Intoxicação aguda: aparece em primeiro lugar uma gastrenterite aguda,
seguida posteriormente de uma alteração de alguns órgãos: miocárdio, fígado
(esteatose que pode progredir para cirrose), rins (insuficiência renal aguda com
hematúria), sistema nervoso (cefaleias, tonturas, síncopes, delírio e coma).
 Intoxicação crónica: origina astenia com palidez e perda de apetite, desconforto
gastrointestinal, irritação do trato respiratório com tosse, osteomalacia,
neuralgias dentárias e gengivites, esteatose e cirrose hepática, anemia,
hemorragias, etc.
Ação geral
Os dados provêm de três fontes: toxicologia, experimentação patogenética e
observações terapêuticas. Atua preferencialmente em:
 Parênquimas nobres: fígado, pulmão, rim, coração. Primeiro produz
congestionamento, seguido de hemorragias e, finalmente, produz a
degeneração da gordura (lesão anátomo-patológica).
 Sangue: hemorragias.
 Sistema nervoso: primeiro produz excitação motora e mental e depois
depressão, que pode chegar a paraplegia por transtornos medulares.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Hipersensibilidade dos órgãos dos sentidos (à luz, ao ruído, ao odor, etc.).
 Queimadura ou ardor nas palmas das mãos, na coluna vertebral, entre as
omoplatas, etc.
 Congestão, sobretudo na cabeça.
 Mucosa da laringe em vermelho vivo, com rouquidão.
 Opressão ou peso no peito.
 Tonturas; vazio na cabeça e no abdómen.
 Modalidades:
 Melhora: com o calor em geral (exceto no caso dos sintomas na cabeça ou
no estômago); com o sono.
 Piora: com o frio (exceto no caso dos sintomas na cabeça ou no estômago);
à tarde; deitado sobre o lado esquerdo; com o esforço físico ou intelectual;
com os ruídos, a luz, os odores, as emoções, o tumulto, etc.
COMPÊNDIO DE PRODUTOS HOMEOPÁTICOS P á g i n a 62 | 89
 Sinais concomitantes:
 Desejo de alimentos e de bebidas frias, de sal e de alimentos salgados.
 Fome voraz à noite.
 Aversão às bebidas quentes, ao chá, aos alimentos doces, à carne e ao peixe
salgado.
 Palpitações e ansiedade quando se deita sobre o lado do coração.
 Sono tardio; à noite sonhos contínuos e uma grande agitação.
Tipo sensível
Morfologicamente, são pessoas de constituição longilínea, altas, magras, de tórax
estreito e tendem a curvar-se. Cansam-se facilmente. Têm um ritmo de vida acelerado,
mas inconstante, variável e alternado.
Quanto ao seu comportamento, existe uma alternância entre períodos de excitação
intelectual e dos sentidos com outros de depressão, de angústia e de timidez (espírito
artístico). São muito vulneráveis e muito sensíveis a tudo o que as rodeia. O seu
comportamento e carácter podem variar em função das características do ambiente: se
é hostil ou se estão cansadas, tornam-se mal-humoradas, irritadas, ansiosas e
desconcentram-se; se o ambiente é agradável, mostram-se saciáveis, alegres,
simpáticas, faladoras, etc. Têm tendência para os excessos, não conhecem a moderação.
Relativamente às tendências para adoecer, tendem a sofrer de transtornos
hemorrágicos (menorragia, epistaxe, etc.), de ansiedade e de depressões reacionais.
Principais indicações clínicas
 Agudas:
 Hemorragias:
 Nas mucosas, frequentes, repetidas e abundantes (nariz, gengivas,
reto, intestino, urina).
 De feridas ou úlceras sangrentas.
 Como preventivo das hemorragias cirúrgicas.
 Hepatites virais.
 Doenças pulmonares:
 Pneumonia típica ou atípica, quando há foco congestivo,
especialmente se houver febre alta com sede intensa de água fria e
expetoração com sangue.
 Tosse seca, dolorosa e rouca, que provoca dor ou ardor no peito.
 Laringite com rouquidão.
 Doenças digestivas:
 Gastrenterite aguda dos lactentes; vómitos acetonémicos graves.
 Pancreatite aguda.
 Doenças renais com hematúria (sangue na urina).
 Crónicas:

COMPÊNDIO DE PRODUTOS HOMEOPÁTICOS P á g i n a 63 | 89


 Alcoolismo: analogia nos tecidos entre as lesões produzidas pelo álcool e as
da intoxicação por fósforo (congestão hepática, cirrose, polineurite).
 Doenças crónicas do fígado e vias biliares: insuficiência hepática, colecistite
e pancreatite.
 Insuficiência cardíaca.
 Arteriosclerose: a intoxicação crónica por fósforo provoca esclerose das
paredes vasculares e hemorragias.
 Tonturas e cefaleias congestivas em idosos, hemorragias retinia nas e
complicações vasculares da diabetes.
 Insuficiência renal crónica.
 Doenças neurológicas: neurite, polineurite, mielite e mielopatia.
 Outras indicações: distúrbios comportamentais: alternância entre estados de
excitação/depressão, hiperatividade ou aversão ao trabalho, indiferença ou
hipersusceptibilidade, alegria/tristeza, agitação/fadiga extrema, etc.
Posologia
Para hepatites virais: diluições altas 1 a 2 vezes por dia até normalizar as transaminases;
depois, continuar 3 vezes por semana.
Para doenças pulmonares: diluições médias-altas 2 vezes por dia.
Para gastrenterites agudas dos lactentes: diluições médias 3 a 4 vezes por dia.

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PSORINUM
Princípios ativos e preparação
Ao ser de origem animal, não tem princípios ativos.
É um bioterápico que se prepara a partir das secreções obtidas de lesões de sarna em
doentes não tratados.
Ação geral
Os dados da patogénese procedem sobretudo da observação da sua ação terapêutica:
 Estado geral: perda de peso, debilidade, tendência a estados depressivos.
Doença recorrente e periódica.
 Pele e mucosas: irritação e alergias.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Grande sensibilidade ao frio (vestem muita roupa).
 Sensação de fraqueza geral.
 Prurido intenso que se agrava com o calor da cama, da lã e das lavagens.
 Modalidades:
 Melhora: com o calor, tapando-se (menos a comichão) e com a ingestão de
alimentos. As recaídas ou as manifestações apresentam-se periodicamente,
com grandes intervalos, e permanecem durante longos períodos com
convalescenças difíceis.
 Piora: com o frio, com as correntes de ar e com a supressão de uma erupção.
 Sinais concomitantes:
 Perda de peso apesar do aumento do apetite; fome noturna e durante a
enxaqueca.
 Secreções fétidas.
Tipo sensível
Costumam ser pessoas debilitadas com doenças crónicas, ou de repetição, de
convalescença difícil. Têm um aspeto magro, pálido, doentio, com uma pele que parece
suja e um mau odor corporal. Estão tão cansadas das suas manifestações e recaídas que
se consideram incuráveis e sentem, por isso, um grande cansaço e ansiedade. São muito
friorentas e tapam-se muito, mesmo no verão. Os seus distúrbios pioram no inverno e
melhoram com a alimentação.
Principais indicações clínicas
 Gerais:
 Modo reacional psoríaco em clientes debilitados, depressivos, friorentos ou
não friorentos, mas que não reagem ou que reagem mal a remédios
adequadamente prescritos.

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 Convalescenças longas com perda de peso, fadiga e grande sensibilidade ao
frio.
 Emagrecimento, apesar de se manter o apetite.
 Cutâneas:
 Micose.
 Erupções periódicas que se agravam no inverno, muito crónicas ou que não
reagem: psoríase.
 A pele está muito seca, com fissuras e gretas sangrentas, com erupções tipo
borbulhas, com furúnculos, com crostas e com bolhas, todos estes com
supuração. Eczemas atrás das orelhas.
 Mucosas:
 Infeções ORL e respiratórias de repetição.
 Crises periódicas de asma: asma por sensibilidade ao frio.
 Rinite alérgica.
 Obstipação persistente.
Posologia
Nos casos relacionados com a pele utiliza-se Psorinum 6 CH.

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PULSATILLA
Princípios ativos e preparação
A Pulsatilla ou a anémona dos campos, é uma planta perene da família das
Ranunculáceas, de aspeto delicado e originária do norte da Europa e da Escandinávia.
As substâncias ativas são o heterósido, a ranunculina, os esteróis e os taninos.
A tintura-mãe é preparada com plantas frescas em flor.
Ação geral
Os dados procedem da experimentação patogenética e da observação na prática clínica:
Sintomas mucosos: produz uma inflamação catarral das mucosas em geral,
especialmente ao nível respiratório e digestivo, com secreções abundantes,
espessas, amareladas ou amarelas esverdeadas, não irritantes:
 Respiratórios:
 Coriza (inflamação da mucosa nasal) com perda dos sentidos do
paladar e do olfato.
 Tosse diurna produtiva, com expetoração espessa amarelada, e seca
à noite.
 Rinorreia diurna pela manhã e durante o dia, mas nariz tapado e seco
à noite.
 Digestivos:
 Mau sabor na boca de manhã, amargor, e por vezes, perda do paladar
e do olfato.
 Boca seca sem que se tenha sede.
 Sensação de peso gástrico especialmente depois de ingerir alimentos
gordurosos, com digestão lenta, pesada, inchaço e arrotos.
 Grande variabilidade na consistência e na cor das fezes. Predomínio
da diarreia.
 Diarreia após a ingestão de fruta, de bolos e de gelados.
 Obesidade por abuso de glícidos (açúcar, doces, bolos, refrigerantes,
etc.).
 Sintomas venosos:
 Eritrocianose das extremidades, com pele mármore, cianótica.
 Veias dilatadas que incomodam e doem; pernas pesadas.
 Sintomas genitais:
 Menstruação atrasada, escassa, de sangue preto, espessa. Maior fluxo
durante o dia, por vezes intermitente (interrompe- se durante um dia).
 Puberdade tardia.
 Leucorreia espessa e amarelada (é a única secreção que pode,
ocasionalmente, ser irritante).
 Dismenorreia (dor de menstruação) com dor na região lombar e nas coxas.
Diarreia antes e durante a menstruação.
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Aspetos característicos
 Sensações:
 Frio e calafrios.
 Peso no estômago.
 Dor nas pernas que piora quando estas se encontram penduradas; varizes
que doem.
 Tensão e dor nos peitos antes da menstruação.
 Modalidades:
 Melhora: com o ar livre, com o movimento contínuo, com o conforto, o apoio
e as manifestações de simpatia.
 Piora: com o calor em geral, com o repouso, ao iniciar o movimento, com as
alterações hormonais (puberdade, gravidez, antes e durante a menstruação).
 Sinais concomitantes:
 Crises dolorosas que, frequentemente, são acompanhadas por calafrios e
choro.
 Ausência de sede, especialmente durante a febre.
 Desejo de gelados mal tolerados ou de alimentos saborosos.
 Intolerância às gorduras.
Tipo sensível
Os indivíduos Pulsatilla são geralmente mulheres de aspeto nórdico (loiras, de olhos
azuis claros, pele de aspeto marmóreo) que tendem ao excesso de peso e que coram
facilmente. São mais importantes as tendências mórbidas, com predisposição ao catarro
das mucosas com secreções espessas, amareladas ou amarelas esverdeadas, não
irritantes, e a tendência para a congestão venosa e para a má circulação periférica, assim
como a menstruação atrasada e escassa.
As pessoas Pulsatilla costumam ser doces, amáveis, tímidas, pudicas e temperamentais.
Principais indicações clínicas
 Digestivas:
 Dispepsia com os sintomas já descritos: peso, digestão pesada, lenta,
flatulência abdominal e arrotos que se repetem.
 Intolerância às gorduras, aos gelados e aos bolos, com dispepsia ou diarreia
variável e com cólicas flatulentas.
 Respiratórias:
 Coriza aguda ou crónica, especialmente se se perde o gosto e o olfato, com
rinorreia diurna e secura e obstrução à noite.
 Rinofaringite e bronquite catarrais de repetição, com expetoração
característica, espessa, amarelada e abundante; tosse produtiva diurna e
tosse seca à noite.
 Otites purulentas com exsudação amarelada espessa.
 Ginecológicas:

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 Menstruações atrasadas e pouco abundantes.
 Síndrome pré-menstrual com alterações de humor, seios doridos e
desconforto pélvico.
 Leucorreia característica.
 Alterações vasculares:
 Varizes, úlceras varicosas e sequelas da flebite.
 Eritrocianose, extremidades frias e frieiras.
 Outras afeções:
 Depressões secundárias.
 Doenças eruptivas (sarampo, rubéola, etc.) com febre sem sede.
 Parotidite, orquite e ovarite, de origem viral.
 Conjuntivite, treçolho e blefarite.
 Reumatismo errático e variável, principalmente pela manhã ao iniciar o
movimento.
Posologia
 Para afeções digestivas: diluições médias 1 a 2 vezes por dia.
 Para promover a expetoração: diluições baixas com frequência.
 Na bronquite crónica com hipersecreção: diluições altas e mais espaçadas para
a travar.

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PYROGENlUM
Princípios ativos e preparação
Ao ser de origem animal não tem princípios ativos.
É um bioterápico que se prepara à base de um autolisado de carnes submetidas a
putrefação (processo através do qual se auxilia uma substância, neste caso carne de
vaca, a decompor-se). Contém produtos de degradação, germes e substâncias
pirogénicas.
Ação geral
Atua como um antibiótico natural eficaz, sem os efeitos secundários dos antibióticos
convencionais. Utiliza-se com êxito para todos os tipos de processos infeciosos (otites,
bronquites, processos febris resultantes de uma infeção, etc.).
Este remédio deve ser utilizado especialmente em:
 Processos infeciosos agudos ou crónicos (muitas vezes prescritos em
complementaridade com Hepar sulphur) que afetam o estado geral:
 Discordância entre a pulsação e a temperatura.
 Secreções fétidas.
 Angústia, ansiedade, agitação ou prostração.
 Língua vermelha, brilhante e com gretas.
 Muito útil como antisséptico interno em casos de supurações, especialmente
em abcessos dentários e na amigdalite supurativa.
 Intoxicações alimentares por produtos em mau estado (em cujo caso também
se deveria administrar Arsenicum album).
Aspetos característicos
 Sensações: grande inquietação, ansiedade e angústia. Consciência de ter um
coração cansado. Podem produzir-se sensações de calor intenso, por exemplo,
associadas a um abcesso. Todas as descargas corporais são extremamente
repugnantes.
 Modalidades:
 Melhora: com o movimento, com a mudança de posição e com um forte
movimento oscilante.
 Piora: com o frio.
 Sinais concomitantes:
 Os ossos doem muito e sente-se todo o corpo magoado.
 Experimenta-se uma enorme ansiedade e a língua está seca, gretada,
vermelha e brilhante.
Tipo sensível
Este remédio ainda não tem um tipo sensível suficientemente estudado, mas as pessoas
que precisam deste remédio são, geralmente, muito ansiosas e irrealistas.
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Principais indicações clínicas
 Inflamações agudas piogénicas com tendência à supuração:
 Abcessos, furúnculos, antraz.
 Feridas e chagas infetadas.
 Supuração dental, que responde bem ao Pyrogenium e ao Mercurius,
alternando-os ou combinando-os.
 Estados infeciosos crónicos:
 Supurações crónicas: sinusite, otite, fístulas, que podem secar com
Pyrogenium combinado com Silicea.
 Doenças infeciosas crónicas com febre, servindo de apoio ao tratamento
antibiótico em casos graves.
Posologia
Para as afeções em que haja um processo infecioso, utilizar diluições a 7 CH, ou 2
grânulos 8 vezes por dia, espaçando segundo a evolução.

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RHUS TOXICODENDRON
Princípios ativos e preparação
É a hera venenosa ou o sumagre venenoso, um arbusto da família das Anacardiáceas.
Contém, entre outros princípios ativos, derivados fenólicos – urushioles – os prováveis
causadores por reação alérgica da irritação cutâneo-mucosa com bolhas e comichão.
A tintura-mãe é preparada a partir de folhas frescas que contêm um látex muito
venenoso, especialmente irritante para a pele.
Ação geral
Os sintomas provêm da toxicologia e da experimentação patogenética:
 Sintomas cutâneos (produz edema e erupções):
 Erupções de pequenas bolhas de 1 a 2 mm com líquido transparente sobre
uma base eritematosa, com sensação de queimadura e de comichão que
aumenta com aplicações quentes.
 Erupções eritematosas pontilhadas com zonas de pele saudável, que dão um
aspeto de pele de leopardo.
 Erupções erisipelóides da face – como uma placa vermelha e inflamada –,
com as pálpebras edemaciadas, inflamadas e coladas. Comichão intensa e
ardente.
 Sintomas nas mucosas (causa irritação e edema):
 Nas síndromes febris: boca e garganta seca, língua saburrosa, exceto na
ponta, onde se apresenta um triângulo vermelho; sede intensa de água ou
de leite frio.
 Diarreia com fezes frequentes, pouco abundantes, nauseabundas e, às vezes,
ensanguentadas, com ardor no reto. Hipersensibilidade na fossa ilíaca
direita.
 Sintomas peri articulares (tendões e ligamentos): sensação de rigidez articular
dolorosa que melhora com o movimento contínuo, corno se a articulação se
desentorpecesse com o calor e piora-se com a humidade e o frio.
 Sintomas nervosos:
 Síndrome febril adinâmico com estado de entorpecimento, de prostração e
de agitação, na medida em que os pontos de apoio doem, o que obriga o
doente a mudar constantemente de posição.
 Calafrios, muitas vezes acompanhados de tosse seca.
 Herpes perioral; língua seca saburral.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Contusão, de dores musculares, de rigidez e de insensibilidade.
 Dores lancinantes.
 Boca e garganta secas nos estados febris.
COMPÊNDIO DE PRODUTOS HOMEOPÁTICOS P á g i n a 72 | 89
 Modalidades:
 Melhora: com o movimento lento, com a mudança de posição (dor articular,
comichão, estado febril), com o calor e com as aplicações quentes e com o
tempo quente e seco.
 Piora: com a humidade, com o contacto com algo molhado e com o frio
húmido; ao iniciar o movimento e com a fadiga articular; com o repouso e
com a imobilização.
 Sinais concomitantes: desejo de se mover e de se friccionar.
Tipo sensível
Este remédio não tem um tipo claro sensível, mas entre os seus usuários encontram-se
pessoas com tendência para a irritação e para a inquietação. Costumam conter os seus
sentimentos e isso dá-lhes urna aparência rígida.
Principais indicações clínicas
 Cutâneas:
• Dermatoses eritemato-edematosas ou vesiculares.
• Eczema, urticária, erisipela, acne rosácea, herpes ou herpes zóster.
 Mucosas:
 Rouquidão de início que melhorar conforme se vai falando ou cantando.
 Conjuntivite ou ceratite herpética.
 Musculo articulares:
 Reumatismos musculares ou de tendões, especialmente se são causados
pela humidade.
 Entorses, luxações, fadiga muscular e coração de desportista.
 Ciática com dores pungentes, ao longo do nervo, que diminuem com o
movimento e aumentam com o repouso.
 Síndrome febril adinâmico:
 Gripe e síndromes gripais.
 Todas as infeções, especialmente virais, que apresentem similitude de
reação.
Posologia
Utilizar diluições baixas, 3 vezes por dia, e espaçar de acordo com a melhoria.

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RUTA GRAVEOLENS
Princípios ativos e preparação
Planta também chamada arruda ou erva amarga. Contém, entre outros princípios ativos,
rutósidos com propriedades de tónicos venosos.
A tintura-mãe é preparada a partir da parte aérea.
Ação geral
 Periósteo (membrana que cobre os ossos).
 Tendões, aponeuroses e cartilagens, especialmente dos tornozelos e dos pulsos.
 Músculos e tendões do olho: cansaço da vista.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Contusão, dores musculares e rigidez, especialmente nos tornozelos, nos
punhos e na coluna vertebral.
 Tendões encurtados e doridos, especial mente os tendões flexores.
 Dor nos pontos de apoio na cama, obrigando a mudanças constantes de
posição.
 Fadiga ocular ou dor após forçar a vista (coser, ler textos com letra pequena,
computador, etc.).
 Modalidades:
 Melhora: com o movimento e com o calor.
 Piora: com o repouso e com o frio húmido.
 Sinais concomitantes:
 Debilidade extrema, cansaço geral; enfraquecimento das pernas ao levantar
ou ao sentar, depois de caminhar mesmo uma distância curta.
 Tonturas quando se levanta de manhã, sentado ou caminhando ao ar livre;
pode causar quedas.
 Cefaleias, como se tivesse uma agulha espetada. Dores no crânio associadas
a lesões ou quedas. Cefaleia occipital com dor atrás dos olhos.
 Úlceras no couro cabeludo; comichão.
Tipo sensível
As pessoas que necessitam de Ruta graveolens podem sentir-se deprimidas e não
experimentar a satisfação pessoal. Também podem mostrar-se críticas com os outros e
ansiosas.
Principais indicações clínicas
 Afeções traumáticas e reumatológicas:
 Entorses simples ou complicados e luxações.
 Tendinite, periostite, periartrite ou contusões periosteais.

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 Entorses, com torção ou alongamento excessivo de algum ligamento,
produzidos por algum movimento brusco, queda ou embate.
 Reumatismo, com inflamação e dor habitual, nos tendões e nos músculos.
 Quistos sinoviais do pulso, granularidade em ligamentos ou tendões,
lombalgia e lumbociáticas.
 Dor no cóccix, traumas do sacro, etc.
 Vista cansada: por perturbações de acomodação ou após esforços visuais.
Posologia
Em geral, o Ruta graveolens é usado em diluições baixas, 2 a 4 vezes por dia. Se as dores
forem muito intensas, podem-se usar diluições mais altas. Complementa-se bem com a
Arnica e o Rhus tox.

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SEPIA
Princípios ativos e preparação
Este remédio é preparado a partir da tinta de um molusco cefalópode conhecido de
todos, o Sepia officinalis.
A sua tinta contém principalmente aminoácidos, para além de todotirosina (precursor
das catecolaminas, hormonas da tiroide, melanina), de enzimas como a tirosinase, a
sepiamelanina – pigmentos pretos – e a taurina, e muitos oligoelementos e sais minerais
(magnésio, cobre, silício, cloreto de sódio, etc.).
Ação geral
É um remédio homeopático de grande ação em diferentes sistemas:
 Tecidos de suporte: produz o relaxamento do tecido conjuntivo fibroso e elástico
dando lugar a:
 Ptose visceral (descida ou queda de órgãos por relaxamento das estruturas –
ligamentos, cápsula – que os mantêm na sua posição).
 Ptose gástrica com sensação de vazio no estômago.
 Ptose da vesícula com desaceleração da sua função.
 Prolapso uterino.
 Ptose renal.
 Ptose da bexiga (cistocele).
 Varizes.
 Hemorroidas que tendem ao prolapso.
 Pele e mucosas:
 Afeções de pele muito variadas, que tendem a ser localizadas em torno da
boca, do queixo e das dobras de flexão.
 Alteração da pigmentação: manchas, cloasma (mancha à volta da boca, do
nariz e da testa, característica da gravidez).
 Erupções secas escamosas (psoríase, eczema) e gretas e fissuras não
dolorosas, mas que parecem a ponto de sangrar, especialmente no meio do
lábio inferior.
 Irritação e catarro das mucosas: bronquial com expetoração, ou genital com
leucorreia branca amarela esverdeada, fétida e irritante, para além de uma
sensação de secura vaginal.
 Circulação sanguínea: êxtase venoso que congestiona e sobrecarrega o fígado
(falta de apetite, náuseas, língua saburral, hemorroidas).
 Sistema nervoso e neuro endócrino: alternância entre fases de fadiga e de
depressão (indiferença, frieza, procura de solidão, choro e hipotensão,
relacionados com um défice funcional das glândulas suprarrenais), e fases de
hiperatividade e/ou irritabilidade, sobretudo antes da menstruação.
Aspetos característicos

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 Sensações: (relacionadas com as ptoses viscerais):
 Vazio no estômago.
 Peso no reto e evacuação insuficiente de fezes.
 Peso na pélvis e aperto doloroso na região sacrolombar (relacionado com a
tendência de prolapso uterino: a mulher tende a cruzar as pernas e não
tolera estar em pé parada).
 Ondas de calor com transpiração que ascendem do abdómen para o rosto,
com sensação de desmaio.
 Modalidades (relacionadas com o êxtase venoso):
 Melhora: com tudo o que favorece a circulação venosa (pernas para cima,
movimento e exercícios físicos – ginástica, dança), com o calor, com a
pressão forte, deitado sobre o lado direito (descongestiona o fígado).
 Piora: com tudo o que favorece a estase venosa (repouso, de joelhos,
bipedestação prolongada), com o frio, o tempo nublado sombrio e durante e
após a gravidez.
 Sinais concomitantes:
 Desejos de vinagre, pepinos, alimentos ácidos, amargos, fortes e salgados.
 A versão aos odores da cozinha e à visão ou ao cheiro desses alimentos;
aversão ao leite.
 Transpiração intensa, por todo o corpo exceto na cabeça, sobretudo nas
mãos e nas axilas.
Tipo sensível
Geralmente são mulheres morenas, magras e de tez amarelada ou terrosa. Podem ter
manchas acastanhadas na face, sobre o nariz ou à volta da boca.
Têm tendência para o cansaço físico e mental, com fases de exaustão e de fadiga que
alternam com fases de hiperatividade e de irritabilidade, e para a tensão pré-menstrual.
Tendem a apresentar doenças cutâneas e do aparelho genital, distúrbios venosos,
digestivos e nervosos.
Principais indicações clínicas
 Digestivas:
 Desconforto ou dispepsia gástrica, com secreção insuficiente de ácido
clorídrico.
 Transtornos biliares.
 Obstipação com a sensação de evacuação insuficiente, de bola retal.
 Hemorroidas que se prolapsam, com dor que diminui com o andar.
 Náuseas de gravidez (primeiros meses).
 Cutâneas:
 Psoríase com fissuras indolores que parecem que vão sangrar.
 Herpes catamenial (relacionado com a menstruação).

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 Eczemas de contato, fúngicos e atópicos, especialmente à volta da boca ou
nas pregas de flexão, de fácil sangramento.
 Cloasma ou mancha da gravidez.
 Geniturinárias:
 Infeções urinárias recorrentes e desconforto relacionado com a ptose renal,
uretral ou da bexiga.
 Candidíase de repetição (psorinum); infeções genitais com leucorreia crónica
irritante.
 Prolapso do útero.
 Distúrbios da menopausa: afrontamentos, síndrome do ninho vazio (devido
ao abandono do lar dos filhos crescidos).
 Cólicas menstruais, frigidez, tendência para o aborto espontâneo, nos
primeiros meses de gravidez, ou para partos prematuros, especialmente em
mulheres com tipo sensível Sepia.
 Neuro-endócrinas:
 Estados depressivos secundários à gravidez/parto e a situações de
ansiedade: astenia; enxaquecas, principalmente à esquerda, em pessoas
com tipo sensível Sepia ou com transtornos digestivos ou genitais
característicos.
 Outras indicações:
 Asma e bronquite crónicas.
 Existem várias circunstâncias que podem causar transtornos e reações muito
semelhantes à patogénese de Sepia: a gravidez e o pós-parto, a menopausa
e o stress emocional ou as contrariedades e as deceções repetidas.
Posologia
 Para as afeções cutâneas: diluições médias-altas entre 1 vez por dia a 1 vez por
semana.
 Para as afeções neuro-endócrinas: diluições altas entre 1 vez por dia a 1 vez por
semana.

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SILICEA
Princípios ativos e preparação
A sílica é um composto oxigenado de silício SiO2 presente na natureza numa grande
quantidade e variedade de minerais (sílex, ónix, ágata, etcJ. Para a preparação deste
homeopático utiliza-se a sílica pura, extraída do cristal de rocha, que constitui um pó
fino branco insolúvel na água.
Em baixas concentrações, a sílica protege a parede arterial. Em concentrações altas, tem
um efeito tóxico sobre o macrófago (células do sistema imunitário que estão localizadas
nos tecidos precedentes da emigração desde o sangue a partir de um tipo de leucócito
denominado monócito).
Ação geral
A primeira experimentação patogenética com silicea foi realizada por Hahnemann. Em
experiências com ratos, este demonstrou a atividade das diluições altas de sílica sobre
o metabolismo dos macrófagos peritoneais.
Atua sobre:
 Sistema imunológico: produz fenómenos supurativos e infeções crónicas com
adenopatias graves, localizadas na pele, nas mucosas (respiratórias, ORL,
oculares, urogenitais) e nos ossos.
 Nutrição e crescimento:
 Transtornos de assimilação digestivos, com impacto sobre o estado geral e o
crescimento.
 Epífise de crescimento (patologia predominante da tíbia muito ligada à
prática intensiva de desporto de alto nível), osteoporose, raquitismo, atraso
na calcificação, etc.
 Sistema nervoso:
 Distúrbios do comportamento com nervosismo, irritabilidade, debilidade,
desânimo e falta de energia; distúrbios do sono; hipersensibilidade; nas
crianças: agitação, teimosia, nervosismo, timidez e uma grande necessidade
de afeto.
 Cefaleias occipitais.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Impressão de espinha ou de lasca espetada.
 Hipersensibilidade geral, psíquica e sensorial: sobressalta-se ao menor ruído,
ao toque, etc.
 Hipersensibilidade ao frio, especialmente na cabeça.
 Modalidades:
 Melhora: com o calor, com o tempo seco e quente e protegendo a cabeça.

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 Piora: com o frio, no inverno, com a humidade e ao destapar-se; com as
vacinas, as doenças e os tratamentos que afetam o sistema imunológico; com
o cansaço físico e intelectual.
 Sinais concomitantes:
 Magreza e hipersensibilidade ao frio e, contrariamente, desejo de alimentos
frios e aversão a alimentos quentes e a carne.
 Falta de energia ou de reação geral; redução do desempenho intelectual.
 Transpiração intensa, especialmente na cabeça e nos pés.
 Unhas quebradiças com manchas brancas.
Tipo sensível
Morfologicamente, costumam ser pessoas magras, de aparência frágil, com ossos e
extremidades finos. O abdómen pode ser abobadado.
As crianças Silicea têm cabeças grandes, suadas e com fios de cabelo finos; a pele é
pálida e delicada e têm pequenos gânglios no pescoço. A testa costuma ser
proeminente, com olhos vivos e brilhantes.
Apresentam um atraso no desenvolvimento (baixo peso/altura), pelo que são pequenos
para a sua idade embora sejam bem proporcionados. Possuem uma forte intolerância
ao leite. São muito sensíveis ao frio e têm as mãos e os pés sempre frios e húmidos.
Quanto ao carácter das crianças, estas são retraídas, delicadas, inteligentes, rápidas e
bem-comportadas. São muitas vezes nervosas e agitadas e têm uma grande necessidade
de afeto.
Por outro lado, os adultos têm medo de assumir responsabilidades, falta de confiança
em si próprios, e falta de energia. São hesitantes e têm medo de falhar, mas quando
aceitam realizar uma tarefa são tenazes e muito obsessivos com os pequenos detalhes,
trabalhando muito até à exaustão. Sofrem de distúrbios do sono. Devido à sua
insegurança podem deixar-se levar de um lado para o outro, pelas circunstâncias da
vida, e têm tendência a converter-se em eternos estudantes.
Tendem a sofrer processos infeciosos de repetição, às vezes crónicos e com supuração,
a sofrer afeções ósseas e dentárias e a apresentar transtornos nervosos.
Principais indicações clínicas
 Relacionadas com processos supurativos crónicos ou reincidentes:
 Mucosas (QRL, oculares, respiratórias e urogenitais):
 Rinite, rinofaringite, amigdalite e otite de repetição, especialmente
no inverno; otite crónica supurativa.
 Treçolho de repetição, blefarite purulenta (nas pálpebras).
 Doenças pulmonares crónicas, com expetoração purulenta, que se
intensifica no inverno: bronquite crónica, bronquiectasia, silicose,
etc.

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 Cistite crónica, prostatite, uretrite, infeções do útero ou das trompas
(metrite, salpingite).
Pele:
 Furúnculos, acne com pus e impetigo.
 Infeções fúngicas relacionadas com um excesso de suor (micose
interdigital).
 Ossos e dentes:
 Inflamação dos ossos e das articulações, especialmente se há
supuração.
 Fístulas ósseas.
 Inflamação das gengivas ou doenças gengivais e infeções dentárias.
 Relacionadas com distúrbios nutricionais e do crescimento:
 Síndromes de má absorção com diarreia.
 Doenças parasitárias intestinais. Podem produzir tosse espasmódica, dores
abdominais, enurese, etc.
 Obstipação por falta de tónus muscular com dificuldade de expulsão de fezes
(atónico).
 Raquitismo; epífise do crescimento.
 Tendência à perda de cálcio dos ossos (osteoporose) e ao atraso na
consolidação das fraturas.
 Cáries precoces, múltiplas, por alteração do esmalte dentário.
 Neuro psíquicas:
 Falta de energia, cansaço intelectual com desânimo, perturbações da
atenção e da memória.
 Timidez e medo.
 Distúrbios do sono: acorda sobressaltado e perturbado ou sofre de
sonambulismo.
 Dores de cabeça e do pescoço, especialmente provocadas pelo estudo, com
sensibilidade no couro cabeludo.
Posologia
Diluições baixas 3 vezes por dia.

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SULFUR
Princípios ativos e preparação
É o enxofre sublimado e lavado, um pó amarelado praticamente insolúvel na água e no
álcool. É o principal remédio do modo reacional psóriaco.
O enxofre é um elemento essencial para o organismo: está presente em numerosos
processos enzimáticos e em estruturas plásticas, como as proteínas da pele, os fâneros,
e os muco polissacarídeos do tecido conjuntivo (muito importantes no processo de
inflamação), no fígado (que elabora compostos de enxofre para eliminar as substâncias
tóxicas), na parede arterial, no plasma, no aparelho osteoarticular, etc.
Ação geral
Considera-se o remédio homeopático que atua em mais profundidade e durante mais
tempo, especialmente em manifestações clínicas periódicas e crónicas (reumatismo,
dermatoses, cefaleias, asma, hemorroidas). Atua sobre:
 Pele: erupções cutâneas, eczema, etc.
 Mucosas e serosas.
 Tecido conjuntivo: inflamações subagudas ou crónicas.
 Sistema circulatório, arterial e venoso: tendência à hipertensão arterial e à
congestão venosa do sistema portal.
 Fígado: favorece a desintoxicação hepática.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Queimadura e ardor generalizado na pele e nas mucosas, ou localizado nos
pés, nas palmas, nas áreas congestionadas, etc.
 Calor.
 Comichão ou prurido.
 Modalidades:
 Melhora: com o bom tempo e com o movimento mais lento, que
descongestiona.
 Piora: com o calor em geral (da cama ou de uma divisão aquecida) e com
agua.
 Sinais concomitantes:
 Coloração avermelhada dos orifícios corporais resultado de uma congestão
localizada: orelha, bordas das pálpebras, orifícios nasais, lábios, ânus, etc.
 Secreções irritantes.
 Desejo de doces e de coisas enjoativas; desejos de álcool e de alimentos
condimentados; aversão à carne; muita sede e apetite variável.
 Diarreia noturna e matutina.
 Sudação abundante e fétida, especialmente nas axilas, nos genitais e nos pés.
Tipo sensível
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A característica mais significativa do tipo sensível é a sua tendência para adoecer. As
patologias correspondem às do modo reacional psóriaco (de pele – afeções
eritematoescamosas; mucosa – constipa-se facilmente, diarreia fétida, secreções
escoriantes e malcheirosas; serosas – artrite e artralgias; circulatórias; transtornos
hepáticos e metabólicos, etc.). Apresentam-se de forma sucessiva, alternada ou
combinada.
A morfologia do Sulfur é muito variável. Geralmente, costumam-se diferenciar dois
tipos:
 O Sulfur gordo, pletórico, alegre, sociável, muito ativo, com grande resistência
física e intelectual, impulsivo e colérico.
 O Sulfur magro, alto, curvado, que não suporta estar parado em pé, cansado e
friorento, mas que não suporta o calor. Tem menos resistência e menos saúde
que o Sulfur gordo. O cansaço e a preguiça fazem com que a sua atividade seja
mais desordenada, em picos, alternando fases de hiperatividade e de máxima
extroversão com fases de fadiga e de preguiça.
Quanto ao comportamento dos indivíduos Sulfur, estes costumam ser ativos e otimistas
quando estão saudáveis, mas quando adoecem ficam mal-humorados, irritados e
preguiçosos.
Principais indicações clínicas
 Estados febris agudos das doenças eruptivas: sarampo, rubéola, escarlatina, etc.
 Inflamações agudas: cutâneo-mucosas, serosas ou do tecido conjuntivo.
 Cutâneas:
 Todas as doenças de pele que causam prurido que aumenta com o calor da
cama e da água. O prurido é seguido por uma sensação de ardor ou de
queimadura.
 Eczema atópico, eczema de contato, ânus eczematizado, blefarite escamosa
(inflamação da borda das pálpebras), herpes, tendência a sofrer de treçolhos
repetidos, acne pustuloso, furunculose e frieiras.
 Respiratórias:
 Alergias: coriza espasmódica (nariz seco, tapado ou com rinorreia ardente,
irritação, espirros frequentes e prurido).
 Certas asmas e inflamações de repetição das mucosas respiratórias; rinite,
faringite e bronquite crónica, com secreções malcheirosas, etc.
 Digestivas:
 Inflamação da mucosa digestiva: estomatite, aftas, gastrite, colite e
enterocolite com diarreia irritante, ardor e enxaquecas hepatodigestivas.
 Congestão hepática (principalmente nos apreciadores de comida e de
bebida), com dor localizada, inchaço abdominal e gases fétidos. Obstipação
com hemorroidas e prurido; por vezes diarreia matinal imperiosa, fezes
macilentas, vazio no estômago a meio da manhã, etc.
 Parasitas.
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 Reumatismo articular:
 No início da pelviespondilite.
 Artroses; reumatismo do pé e das pequenas articulações.
 Lombalgias (o indivíduo tem dificuldade para se levantar da cadeira, caminha
curvado e endireita-se lentamente).
 Cardiovasculares:
 Hipertensão arterial.
 Início de uma insuficiência cardíaca esquerda; sensação de que o coração não
cabe no peito.
 Vasodilatações periféricas: hemorroidas e varizes ardentes que se agravam
com o calor e ao estar em pé.
 Geniturinárias:
 Enurese noturna na criança.
 Cistite crónica.
 Prostatismo.
 Vaginite.
 Leucorreias.
Posologia
 Nas inflamações e nas erupções: num primeiro momento administra-se uma
dose de Sulfur em diluição alta. Isso ajuda a que a erupção surja melhor e se
manifeste, acelerando a evolução do quadro clínico.
 Para afeções cutâneas: não administrar Sulfur em diluições baixas e de forma
muito repetida, sobretudo nas pessoas sensíveis, porque inicialmente pode-se
agravar a doença de pele.

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THUYA OCCIDENTALIS
Princípios ativos e preparação
Thuya é uma conífera, conhecida como a «árvore da vida» ou o cedro branco, que cresce
na América do Norte. Na Europa é cultivada como planta ornamental.
Contém taninos, flavonoides e óleos essenciais, cujo principal constituinte é a thuyona,
que tem uma ação específica sobre a pele e as mucosas.
A tintura-mãe é feita a partir dos ramos com folhas colhidos na primavera.
Ação geral
Os dados procedem da experimentação patogenética e das observações clínicas. Atua
principalmente sobre:
 Pele:
 Verrugas de todos os tipos, lipomas, nevos, manchas, etc.
 Infiltração de gordura (celulite) especialmente nas ancas e nas nádegas, pele
facial oleosa, varizes em zonas celulíticas, narinas, etc.
 Erupções com pá pulas, bolhas ou pústulas, com mais ou menos comichão,
acne cístico e pustuloso.
 Suor generalizado (especialmente nas axilas e nos genitais, e em forma de
gotas sobre o lábio superior).
 Hirsutismo, pelo do corpo desenvolvido.
 Unhas moles, deformadas e que crescem rapidamente.
 Micoses cutâneas, crónicas e recorrentes.
 Geniturinário:
 Provoca irritação + inflamação + secreção + processos vegetativos
(condilomas, papilomas, pólipos, irritação do prepúcio, corrimento uretral,
leucorreias espessas, esverdeadas, purulentas, etc.).
 Sudorese abundante e fétida na zona.
 Dor no ovário esquerdo.
 Sistema linfático:
 Hipertrofia (aumento de tamanho) das amígdalas, dos adenoides, dos
gânglios linfáticos, etc.
 A Thuya atua sobre o sistema reticuloendotelial provocando uma disfunção
do sistema imunológico, com tendência para sofrer infeções crónicas e de
repetição.
 Sistema nervoso:
 Neuralgias, muitas vezes acompanhadas de tremores na zona.
 Hipersensibilidade geral, física e psíquica.
 Obsessões, fobias e cenestesias (falsas perceções internas de que há algo
dentro que se move ou que cresce); medo do cancro (cancrofobia).
Aspetos característicos

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 Sensações:
 De neuralgia intolerável.
 De que há algo dentro do ventre que se move.
 De grande fragilidade dos membros.
 Modalidades:
 Melhora: com o calor seco e com o suor; alongando-se (no caso de dores)
com o movimento lento, contínuo e progressivo.
 Piora: com o frio e com a humidade, com as vacinas e com alguns
tratamentos farmacológicos que se mantêm ou que se repetem, com a
cebola, o chá, o café e as gorduras (que provocam neuralgias).
 Sinais concomitantes:
 Transpiração.
 Secreções amareladas ou esverdeadas.
 Sons abdominais (borborigmos).
 Nosofobia (medo das doenças), obsessões e ideias fixas, muitas vezes
relacionadas com as suas sensações.
 Tendência à depressão, geralmente como consequência da natureza crónica
das suas afeções.
Tipo sensível
Morfologicamente, são indivíduos gordos, principalmente no tronco, com as
extremidades magras (aspeto de sofrer da doença de Cushing, cujos sintomas são a
obesidade da parte superior do corpo e os braços e as pernas magros). No rosto,
apresentam uma pele oleosa, com veias nas narinas e gotas de suor sobre o lábio
superior. Costumam ter verrugas em muitos locais, o cabelo seco e quebradiço e unhas
moles e estriadas.
Quanto ao seu comportamento, costumam ser depressivos, indecisos, com medo das
doenças e, especialmente, do cancro. São hipersensíveis ao frio e à humidade.
Principais indicações clínicas
 Cutâneas:
 Verrugas, condilomas, papilomas (verrugas venéreas causadas pelo vírus
HPV).
 Patologia relacionada com a hipertrofia dos folículos pilossebáceos:
hidradenite (íngua), furúnculos, acne juvenil, acne rosácea, pele oleosa, etc.
 Celulite localizada.
 Unhas fracas, onduladas ou em camadas.
 Geniturinárias:
 Hipertrofia da próstata.
 Pólipos da bexiga.
 Miomas e quistos nos ovários.

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 Infeções urinárias ou genitais crónicas ou recorrentes (uretrais, dos ovários
ou das tampas, útero com leucorreia).
 Micoses.
 Nervosas:
• Neuralgias, especialmente se há tremores na zona.
• Cenestesias (perceções procedentes dos órgãos internos).
• Obsessões, ideias fixas ou nosofobias relacionadas com doenças que se prolongam e
que podem originar depressões reativas secundárias.
 Sistema linfático - disfunções imunitárias:
 Rinofaringites, anginas, bronquites de repetição e tratadas muito
frequentemente.
 Adenoides e hipertrofia das amígdalas.
 Alergias suprimidas por tratamento agressivo que se manifestam com asma,
eczema, etc.
 Distúrbios secundários à vacinação, cuidados prolongados (antibióticos, anti-
inflamatórios, anticoncecionais, corticoides, etc.).
Posologia
Diluições baixas 3 vezes por dia.

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TUBERCULINUM
Princípios ativos e preparação
É um bioterápico que é preparado a partir de culturas esterilizadas de Mycobacterium
tuberculosis, de origem humana e bovina (os mesmos utilizados para o teste de
tuberculina ou teste de Mantoux).
Ação geral
Coincidem com as diferentes localizações da tuberculose:
 Mucosas: respiratórias, ORL, digestivas e urogenitais.
 Sistema linfático: com adenopatias.
 Pele: com reações alérgicas.
 Sistema nervoso: com dor de cabeça e alterações comportamentais.
 Estado geral: com perda de peso e debilidade.
Aspetos característicos
 Sensações:
 Hipersensibilidade ao frio e às mudanças de temperatura, pelo que se
constipam facilmente.
 Cansaço e fadiga.
 Modalidades:
 Melhora: ao ar livre e com o repouso.
 Piora: com o mínimo esforço ou exercício, quando confinado numa divisão
mal ventilada, permanecendo de pé e com o tempo frio e húmido.
 Sinais concomitantes:
 Perda de peso e cansaço, embora sem alteração do apetite, que por vezes
aumenta. É frequente a fome noturna.
 Transpiração durante a febre, o sono e ao mais leve exercício.
 Necessidade de mudar de profissão, de local e de alguma instabilidade
emocional.
Tipo sensível
Os indivíduos Tuberculinum são magros, mas comem, têm um crescimento muito rápido
e uma tendência para apresentar infeções recorrentes, principalmente respiratórias, e
distúrbios psicológicos e emocionais. Apesar da sua sensibilidade ao frio, desejam o ar
fresco.
Quanto ao comportamento, são muito sensíveis, emotivos e ansiosos. Necessitam
frequentemente de mudanças (de trabalho, afetivas, do interior da casa, etc.) e
apresentam um humor variável, alternando fases de otimismo e de criatividade, com
fases de pessimismo. Costumam ser mais hiperativos ao final do dia e ao início da noite
do que pela manhã, quando estão mais irritáveis.
Principais indicações clínicas
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 Afeções respiratórias, ORL e oculares de repetição: rinofaringite, anginas,
bronquite, otite, laringite com rouquidão dolorosa, blefarite, treçolhos, tosse
irritante, especialmente à noite, hipertrofia das amígdalas ou dos adenoides, etc.
• Afeções digestivas: diarreia crónica com perda de peso, fadiga, suores; inflamação dos
gânglios abdominais (adenite mesentérica na criança).
• Afeções cutâneas: alergias e eczemas, especialmente no couro cabeludo, à volta das
orelhas e nas pregas de flexão.
• Afeções urogenitais: infeções, cistites crónicas ou recorrentes, distúrbios menstruais
em jovens com ciclos curtos, dismenorreia, períodos abundantes e prolongados, etc.
 Afeções do sistema nervoso: dor de cabeça nos estudantes, hiperemotividade
com ansiedade, fadiga mental, etc.
 Outras afeções: distúrbios do crescimento, emagrecimento mantendo o apetite,
disfunção da tiroide no sentido da hiperfunção ou das glândulas suprarrenais no
sentido da hipofunção.
Posologia
O Tuberculinum utiliza -se em diluições altas e muito espaçadas, por exemplo 1 a cada
15 dias ou 1 por mês. Também é prescrito quando os remédios adequados não
funcionam.

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