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I N F O R M A T I V O S.T.F.

16 a 20 de outubro de 1995 - nº 10

Este INFORMATIVO, elaborado pela Assessoria da Presidência do STF a partir de notas tomadas nas
sessões de julgamento das Turmas e do Plenário, contém um resumo não oficial de decisões proferidas na semana
pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja uma das metas
perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a publicação das mesmas no Diário de Justiça.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 18.10.95 19.10.95 45


1ª Turma 17.10.95 ----------- 155
2ª Turma 17.10.95 ----------- 16

Índice de Assuntos

Crime Continuado e Fixação da Pena


ICMS: Creditamento e Fraude
Reincidência e Sursis
ICMS: Repasse a Municípios
Súmula 394: Incidência
Crimes Praticados por Governador
Conselho Monetário Nacional
Propostas de Emenda à Constituição
O STF e a Reforma Agrária

Julgamentos da Primeira Turma


Crime Continuado e Fixação da Pena
Se os maus antecedentes do réu já foram considerados na
determinação da pena base, descabe considerá-los novamente quando da fixação
do acréscimo pela continuidade. Habeas corpus deferido para reduzir ao mínimo
o acréscimo previsto no art. 71, caput, do CP, tendo em vista que, na espécie,
somente dois crimes foram praticados em continuação pelo paciente. Precedente:
HC 69.033 (RTJ 139/229). HC 72.959-SP, rel. Min. Octavio Gallotti, 17.10.95.

Julgamentos da Segunda Turma


ICMS: Creditamento e Fraude
Embora não se reconheça o direito à apropriação de créditos de
ICMS correspondentes à diferença entre a alíquota interna e aquela incidente nas
operações interestaduais, essa apropriação, se efetuada, não caracteriza o crime
previsto no art. 1º, II, da L. 8137/90 (“fraudar a fiscalização tributária,
inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em
documento ou livro exigido pela lei fiscal;”). Habeas corpus deferido, por
empate, contra os votos dos Ministros Maurício Corrêa, rel. orig., e Francisco
Rezek. HC 72.584-RS, rel. p/ ac. Min. Marco Aurélio, 17.10.95.

Reincidência e Sursis
A circunstância de ser o condenado reincidente não impede a
concessão do sursis, se ao crime anterior foi aplicada pena de multa (CP, art. 77,
§ 1º). Com esse entendimento, afastou-se a tese do acórdão impetrado, no
sentido de que “a pena de multa não impede a concessão do sursis, mas não
retira a reincidência”. HC 72.605-SP, rel. Min. Néri da Silveira, 17.10.95.

Julgamentos do Plenário

ICMS: Repasse a Municípios


Não ofende o art. 161, III, da CF - que, ao dispor sobre as
matérias reservadas à lei complementar, não alude ao momento em que os
Estados devem repassar aos Municípios o ICMS a eles pertencente (CF, art. 158,
IV) -, dispositivo da Constituição do Estado de Rondônia que impõe à Fazenda
Estadual a obrigação de fazer esse repasse “imediatamente após a
arrecadação”. Norma que, antes de contrariar, dá cumprimento à CF, que, no art.
160, veda a retenção ou qualquer restrição à entrega dos recursos atribuídos aos
Municípios. ADIn 95-RO, rel. Min. Ilmar Galvão, 18.10.95.

Súmula 394: Incidência


Começou a ser examinada, em questão de ordem, a
aplicabilidade da Súmula 394 (“Cometido o crime durante o exercício funcional,
prevalece a competência especial por prerrogativa de função, ainda que o
inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cessação daquele exercício.”)
a hipótese de crime supostamente praticado por deputado federal, quando o
mesmo, encontrando-se licenciado do exercício do mandato, ocupava cargo de
secretário de Estado. O Min. Celso de Mello, relator, considerando essa
circunstância e o fato de o indiciado não haver retornado ao Congresso Nacional,
afastou a competência do STF. O julgamento foi suspenso por pedido de vista do
Min. Maurício Corrêa. INQ 925-GO, 19.10.95.

Crimes Praticados por Governador


Declarada a inconstitucionalidade de dispositivos de vinte e uma
Constituições estaduais que reproduziam a disciplina contida nos §§ 3º e 4º do
art. 86 da Constituição Federal - que exclui, quanto ao Presidente da República, a
possibilidade de prisão, nas infrações penais comuns, antes da sentença
condenatória, e a de ser ele responsabilizado, na vigência do mandato, por ato
estranho ao exercício de suas funções -, a fim de que fosse ela aplicável
aos respectivos Governadores. Essa disciplina, segundo entendimento da
maioria, aplica-se exclusivamente ao Presidente da República, não servindo de
modelo para os Estados. Confirmadas as medidas liminares. ADIn 978-PB,
1.008-PI, 1.009-PA, 1.010-MT, 1.011-MA, 1.012-GO, 1.013-ES, 1.014-BA,
1.015-AM, 1.016-AL, 1.017-AC, 1.018-MG, 1.019-RR, 1.020-DF, 1.021-SP,
1.022-RJ, 1.023-RO, 1.024-SC, 1.025-TO, 1.017-RS e 1.028-PE, rel. orig.
Min. Ilmar Galvão; rel. p/ ac. Min. Celso de Mello, 19.10.95.

Conselho Monetário Nacional


Referendado despacho do Presidente (DJ de 01.08.95) que, no
período de férias do Tribunal, indeferira medida cautelar requerida em ação
direta ajuizada pelo PT contra dispositivos da L. 9.069/95 que alteraram a
composição e a estrutura do Conselho Monetário Nacional - CMN. O Tribunal
considerou insuficiente para justificar a suspensão liminar dos preceitos
impugnados, o fundamento de que, tratando-se de órgão integrante do sistema
financeiro, a disciplina do CMN teria de ser baixada por lei complementar, na
forma do que estabelece o art. 192, caput, da CF. Não se reconheceu, ainda, a
existência do periculum in mora. ADIn 1.312-DF, rel. Min. Moreira Alves,
20.10.95.

Outros Assuntos

Propostas de Emenda à Constituição

Além daquelas noticiadas no Informativo anterior, tramitam na


Câmara dos Deputados, as seguintes Propostas de Emenda Constitucional (PEC),
concernentes ao Poder Judiciário:

1. PEC nº 92/95
Autor: Deputado Nícias Ribeiro
Relator: Deputado José Luiz Clerot
Ementa: Dá nova redação ao art. 101 da Constituição Federal, determinando que
os membros do STF serão escolhidos dentre os membros dos tribunais superiores
que integrem a carreira da magistratura, com menos de sessenta e cinco anos de
idade, indicados em lista tríplice pelo próprio tribunal, com nomeação pelo
Presidente da República e aprovação do Senado Federal.
Último andamento: Em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça e de
Redação.

2. PEC nº 127/95
Autor: Deputado Ricardo Barros
Relator: Deputado Ivandro Cunha Lima
Ementa: Dá nova redação ao inciso VI do art. 93 da Constituição Federal,
aumentando para 75 anos a idade limite para que os magistrados se aposentem
compulsoriamente (no mesmo sentido, PEC 172/93)..
Último andamento: Em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça e de
Redação.

3. PEC nº 132/95
Autor: Deputado Roberto Magalhães
Relator: Deputado Régis de Oliveira
Ementa: Altera a redação do inciso IV do artigo 24 da Constituição Federal e
acrescenta parágrafo ao mesmo artigo, incluindo dentre a competência da União,
Estados e Distrito Federal de legislarem concorrentemente sobre criação de taxa
judiciária, excluindo as custas dos serviços forenses.
Último andamento: Vista ao Deputado Jarbas Lima (Comissão de Constituição e
Justiça e de Redação).

4. PEC nº 160/95
Autor: Deputado Coriolano Sales e outros:
Relator: Deputado José Luiz Clerot
Ementa: Altera a alínea “b” do inciso I do art. 105 da Constituição Federal,
incluindo na competência originária do Superior Tribunal de Justiça o
processamento e julgamento dos mandados de segurança e dos habeas data contra
ato dos tribunais regionais e dos tribunais de justiça dos estados.
Último andamento: Em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça e de
Redação.

5. PEC nº 200/95
Autor: Deputado Beto Lelis e outros
Relator: Ainda não designado
Ementa: Acrescenta alínea ao inciso I do artigo 105 da Constituição Federal e
parágrafos ao mesmo artigo, incluindo, dentre as competências do STJ, o
processamento e julgamento de ação direta de ilegalidade de ato normativo do
Poder Executivo.
Último andamento: Lido em Plenário em 2.10.95 e encaminhado à
Coordenadoria de Comissões Permanentes.

6. PEC nº 204/95
Autor: Deputado Feu Rosa e outros
Relator: Ainda não designado
Ementa: Altera os arts. 119, 120, 121 e 218 da Constituição Federal, dispondo
sobre a escolha dos membros do Tribunal Superior Eleitoral e dos tribunais
regionais eleitorais, propondo a “institucionalização de uma Justiça Eleitoral
especializada, com um quadro fixo de magistrados e procuradores”, criando,
inclusive, o Ministério Público Eleitoral.
Último andamento: Encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça e de
Redação.

O STF e a Reforma Agrária


De 6 de julho de 1993 - data em que entrou em vigor a LC 76
- a 13 de outubro de 1995, foram impetrados no STF 43 mandados de segurança
contra decretos do Presidente da República, declarando imóveis rurais como de
interesse social para fins de reforma agrária. Dezessete já estão julgados (15
denegados e 2 concedidos). Apenas 11 decretos expropriatórios estão suspensos
por força de liminar deferida pelo STF. Dos 26 mandados de segurança ainda
não julgados, os três mais antigos foram distribuídos em novembro de 1994; 17
estão com vista para a Procuradoria Geral da República; 6 estão conclusos com
parecer do MP e 2 estão em pauta para julgamento.

Sugestões: Ramal 5505.


CLIPPING DO D.J.

20 de outubro de 1995

Acórdãos Publicados: 229

RECLAMAÇÃO N. 476-7
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO

EMENTA: CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. JUIZADO ESPECIAL DE


PEQUENAS CAUSAS. Lei 7.244, de 07.11.84. CABIMENTO DO R.E.
I. - Cabimento de recurso extraordinário de decisão proferida pelo Colegiado Recursal dos Juizados
Especiais de Pequenas Causas.
II. - Precedentes do S.T.F.: Reclamações 438, 459 e 470.
III. - Reclamação julgada procedente.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE N. 1.302-5 - medida liminar


RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO

ESTABILIDADE - EMPREGADOS DE EMPRESAS PÚBLICAS E DE SOCIEDADES DE


ECONOMIA MISTA - REGÊNCIA EM CARTA ESTADUAL - LIMINAR
- RELEVÂNCIA DO PEDIDO. Ao primeiro exame, conflita com a Carta Política da República preceito de
Constituição estadual que implique a impossibilidade de ser resilido contrato de trabalho mantido por empresas
públicas e sociedades de economia mista. Precedentes: ações diretas de inconstitucionalidade nºs 144/RN e
289/CE.

MANDADO DE SEGURANÇA N. 21.291-8 (AgRg) (QUESTÃO DE ORDEM) *


RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO - LIBERAÇÃO DE RECURSOS


ORÇAMENTÁRIOS (CF, ART. 168) - IMPETRAÇÃO POR ENTIDADE DE CLASSE (ASSOCIAÇÃO DE
MAGISTRADOS) - INADMISSIBILIDADE - PRERROGATIVA DE PODER - GARANTIA INSTRUMENTAL
DA AUTONOMIA FINANCEIRA DO PODER JUDICIÁRIO - “WRIT” COLETIVO - DEFESA DE DIREITOS
E NÃO DE SIMPLES INTERESSES - ILEGITIMIDADE ATIVA “AD CAUSAM” DA ASSOCIAÇÃO DE
MAGISTRADOS - EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENO DO MÉRITO.
A norma inscrita no art. 168 da Constituição reveste-se de caráter tutelar, concebida que foi para
impedir o Executivo de causar, em desfavor do Judiciário, do Legislativo e do Ministério Público, um estado de
subordinação financeira que comprometesse, pela gestão arbitrária do orçamento - ou, até mesmo, pela injusta
recusa de liberar os recursos nele consignados -, a própria independência político-jurídica daquelas Instituições.
Essa prerrogativa de ordem jurídico-institucional, criada, de modo inovador, pela Constituição de
1988, pertence, exclusivamente, aos órgãos estatais para os quais foi deferida. O legislador constituinte, na
realidade, não a partilhou e nem a estendeu aos membros e servidores integrantes dessas instituições. Só poderá
exercê-lo - dispondo, inclusive, de pretensão e de ação - aquele a quem se outorgou, no plano jurídico-material, a
titularidade exclusiva do seu exercício.
A qualidade para agir, no caso, só pertine a tais órgãos estatais, os quais, por seus Presidentes ou
Procuradores-Gerais, estarão legitimados para postular, em juízo, a defesa daquela especial prerrogativa de índole
constitucional, não sendo lícito a uma simples entidade de classe, atuando substitutivamente, deduzir, em nome
próprio, pretensão jurídica que nem a ela nem a seus associados pertence.
Simples interesses, que não configurem direitos, não legitimam a válida utilização do mandado de
segurança coletivo.

* Transcrição parcial.

HABEAS CORPUS N. 70.408-5


RELATOR : MIN. FRANCISCO REZEK

EMENTA: - HABEAS CORPUS. PENA DE MULTA. INEXISTÊNCIA DE AMEAÇA À


LIBERDADE DE IR E VIR. NÃO-CONHECIMENTO. PRECEDENTES.
O pressuposto do habeas corpus é o risco ou a atualidade de uma coação sobre a liberdade ambulatória
da pessoa, sobre sua liberdade física (artigo 5º LXVIII da CF). Não se conhece do pedido se não há sequer
ameaça de ilegítimo cerceamento a tal liberdade. Precedentes do S.T.F.
Habeas corpus não conhecido.
HABEAS CORPUS N. 70.559-6
RELATOR : MIN. FRANCISCO REZEK

EMENTA: HABEAS CORPUS. DEFENSOR PÚBLICO. RECURSO. PRAZO EM DOBRO.


DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 97 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
I - É de se observar o cômputo em dobro do prazo recursal para a defensoria pública, à vista do que
dispõe o parágrafo 5º do artigo 5º da Lei 1.060/50, acrescido pela Lei 7.871/89.
II - Para a declaração de inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público é
imperioso que se observe o princípio da reserva de plenário (artigo 97 da Constituição Federal). De
resto, o Supremo Tribunal firmou entendimento sobre a higidez constitucional da Lei 7.871/89 (HC 70.426,
entre outros).
Habeas corpus concedido.

HABEAS CORPUS N. 72582-1


RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO

EMENTA: HABEAS CORPUS. PACIENTE CONDENADO POR DECISÃO DE JUIZADO DE


PEQUENAS CAUSAS. ALEGADA NULIDADE DO PROCESSO, POR INCONSTITUCIONALIDADE
DA LEI PARAIBANA QUE INSTITUIU O REFERIDO ÓRGÃO.
O Supremo Tribunal Federal, no HC 71.713/PB, decidiu pela inconstitucionalidade do art. 59 da Lei nº
5.466/91, do Estado da Paraíba, que, na ausência de lei federal a respeito, outorgou competência penal a
juizados especiais.
Nulidade do processo instaurado contra o paciente.
Habeas corpus deferido.

HABEAS CORPUS N. 72.788-3


RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES

EMENTA: "Habeas corpus".


- Inexistência de nulidade pelo fato de a sentença ter considerado a ocorrência de lesão grave com
base no exame pericial que concluiu, antecipadamente, que a incapacidade perduraria por mais de 30 dias em
face da gravidade das lesões sofridas, bem como em depoimentos testemunhais que comprovaram essa
circunstância.
- Embora as partes tenham sido intimadas conjuntamente para a apresentação de alegações finais, a
abertura de vista para elas se fez sucessivamente, em conformidade com o disposto no artigo 500 do C.P.P.
- O desentranhamento das alegações finais apresentadas intempestivamente por advogado constituído
devidamente intimado para apresentá-las não acarreta nulidade por falta de defesa, porquanto, de há muito, se
firmou a jurisprudência desta Corte no sentido de que ainda quando o advogado, devidamente intimado para
fazê-lo, deixe de apresentar alegações finais (e a isso se equipara a apresentação intempestiva por ter sido
feita quase três meses depois da abertura de vista), não há nulidade por falta de defesa (assim, nos HC 47.712 e
69.431, RECr 100.511 e RHC 47.130).
- Inexistência da ocorrência de prescrição.
"Habeas corpus" indeferido.

HABEAS CORPUS N. 72.897 - 9


RELATOR: MIN. MAURÍCIO CORRÊA

EMENTA: "HABEAS CORPUS". CRIME HEDIONDO: TRÁFICO DE ENTORPECENTES.


PENA: CUMPRIMENTO: REGIME PRISIONAL: PROGRESSÃO. COISA JULGADA. "REFORMATIO IN
PEJUS".
1. O Juiz, ao fixar a pena na sentença condenatória, deve estabelecer o regime inicial de cumprimento
da pena privativa de liberdade (art. 59, III, do CP e art. 110 da LEP); cabe ao Juiz da Execução determinar
que a pena deve ser cumprida de forma progressiva (art. 112 da LEP). Impositivamente a Lei dos
Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) fixa o cumprimento integral dessas reprimendas sempre no regime
fechado.
2. Contudo, embora tratando-se de cumprimento de pena em regime fechado, se o Juiz fez literalmente
constar na sentença condenatória que o réu cumprisse inicialmente a pena no regime fechado, e tendo esta
decisão transitado em julgado, não há como reformá-la, sob pena de violação ao princípio da "ne reformatio in
pejus".
3. A sentença trânsita em julgado que aplica o direito à espécie, bem ou mal, não mais pode ser revista
pelo Tribunal "ad quem" quanto à possibilidade de progressão de regime concedida ao paciente, nem
tampouco ao Juiz que a lavrou explicitar sua intenção, ao asseverar o regime inicialmente da pena.
4. Faz jus assim o paciente à progressão, obedecidos os critérios e requisitos subjetivos e objetivos do
artigo 112 e seu parágrafo único da Lei de Execução Penal.
5. "Habeas Corpus" conhecido e deferido.

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA N. 21.856-1


RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
E M E N T A: CONSTITUCIONAL - PROVENTOS DA APOSENTADORIA - SUJEIÇÃO AO TETO
REMUNERATÓRIO (CF, ART. 37, XI) - DIREITO ADQUIRIDO E GARANTIA DE IRREDUTIBILIDADE
- SITUAÇÕES QUE NÃO PODEM SER INVOCADAS EM FACE DO TEXTO CONSTITUCIONAL
(ADCT/88, ART. 17) - RECURSO IMPROVIDO.
- A limitação constitucional definida em tema de remuneração pelo art. 37, XI, da Carta Política -
que constitui, para esse específico efeito, cláusula revestida de suficiente densidade normativa e dotada de
conseqüente auto-aplicabilidade - estende-se aos proventos dos servidores públicos inativos. Precedentes
do Supremo Tribunal Federal.
- Os servidores públicos vinculados ao Poder Executivo da União, ainda que aposentados, e sempre
ressalvadas as vantagens de caráter individual e/ou as relativas à natureza ou ao local de trabalho (RTJ
130/475), não podem receber estipêndio que supere os valores pecuniários percebidos, a qualquer título, como
remuneração, por Ministro de Estado, que representa, para esse específico efeito, o paradigma constitucional
desses agentes estatais.
- A superação do limite remuneratório imposto pela Carta Política impede que se atribua, com
fundamento em um inexistente direito adquirido, legitimidade ao excesso pecuniário percebido pelo servidor
público, eis que situações revestidas de inconstitucionalidade não podem justificar o
reconhecimento de quaisquer direitos. Doutrina e precedentes do STF.
- O desconto efetuado pela Administração Pública, com o objetivo de adequar a remuneração dos
agentes estatais aos limites fixados pela própria Constituição da República, não importa em ofensa à
garantia da irredutibilidade de vencimentos, eis que esse comportamento administrativo nada mais traduz
senão mera conseqüência derivada da execução do comando constitucional inscrito no art. 37, XI, da Carta
Política.

RECURSO EXTRAORDINÀRIO N. 121.501-1


RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO

GRATIFICAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO - ACUMULAÇÃO PROIBIDA. Versando a


controvérsia sobre o cômputo de tempo de serviço considerado o desempenho de cargo em período em que
vedada a acumulação, descabe caminhar no sentido do reconhecimento do direito à gratificação por tempo de
serviço. O ato nulo não gera efeitos, somente sendo mitigada esta máxima quanto à remuneração dos serviços
prestados, já que impossível o retorno absoluto ao statu quo ante, ou seja, à situação anterior à prática do ato.

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 153.669-2


RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO

CONCURSO PÚBLICO - LIMITE DE IDADE. Não contraria a Carta de 1988 regra contida em
legislação local no sentido de afastar-se o limite de idade quanto àqueles que já sejam servidores públicos. A
rigor, por força do disposto no inciso XXX do artigo 5º, aplicável aos servidores públicos em virtude da
remissão inserta no § 2º do artigo 39, ambos da Carta de 1988, descabe, sem justificativa socialmente
aceitável, impor o limite, quer se trate de servidor ou mesmo cidadão que não mantenha qualquer vínculo com o
serviço público. Precedentes: recurso ordinário em mandado de segurança nº 21.046-0/RJ e recurso
extraordinário nº 174.548-7/AC, relatados, respectivamente, pelos Ministros Sepúlveda Pertence e Carlos
Velloso, perante o Plenário e a Segunda Turma, cujos acórdãos restaram publicados nos Diários da Justiça de 14
de novembro de 1991 e 15 de abril de 1994, às páginas 16.356 e 8.076.

EMBAR. DECL. EM AGR. REG. EM AGR. DE INSTRUMENTO N. 153.988-0


RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO - PREQUESTIONAMENTO - ABRANGÊNCIA. O


pressuposto de recorribilidade inerente aos recursos de natureza extraordinária, que é o prequestionamento, há
que ser observado de forma linear, sem distinção quanto à matéria. A regra segundo a qual, em se tratando de
incompetência absoluta, é possível a apreciação a qualquer tempo e grau de jurisdição - § 3º do artigo 267 do
Código de Processo Civil - não guarda pertinência com a fase extraordinária.

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 159.232-1


RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO

EMENTA: ACÓRDÃO QUE, APÓS RECONHECER A PENSIONISTAS DE EX-SERVIDORES


ESTADUAIS O DIREITO A DIFERENÇAS VENCIDAS, RELATIVAS AO BENEFÍCIO, MANDOU
CORRIGI-LAS, MEDIANTE APLICAÇÃO DOS ÍNDICES OFICIAIS MEDIDORES DA INFLAÇÃO.
IRRESIGNAÇÃO EXTRAORDINÁRIA, COM ALEGAÇÃO DE AFRONTA AO PRINCÍPIO DA
AUTONOMIA DO ESTADO-MEMBRO, CUJAS LEIS REGULAM A REVISÃO DOS BENEFÍCIOS
PREVIDENCIÁRIOS. INADMISSÃO.
Alegação descabida, posto que, no caso, já não se está diante de questão de reajuste de benefício
previdenciário, mas de crédito que, judicialmente reconhecido, perde essa qualificação, expondo-se à
incidência dos índices oficiais medidores da inflação, aplicáveis a qualquer espécie de obrigação.
Irresignação que, de qualquer modo, não tinha condições de prosperar, ante a ausência do pressuposto do
preqüestionamento.
Agravo regimental improvido.

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 161.793-5


RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES

EMENTA: - Agravo regimental.


- O acórdão recorrido, à luz apenas do exame em face à legislação infraconstitucional, orientou-se no
sentido de que os índices calculados pela FIPE eram oficiais e que por isso podiam servir de base à UFESP
para a correção monetária do ICMS.
- Assim, sendo esses índices oficiais, podem eles, com base na competência concorrente dos Estados
para legislar sobre direito tributário, financeiro e econômico (art. 24, I, da Constituição Federal), ser
usados para a correção monetária do ICMS devido ao Estado-membro, porquanto, não tendo havido, por parte
de legislação federal, a desindexação total dos tributos, podem os Estados-membros, à falta de índice
específico federal, adotar índices oficiais próprios (e isso foi decidido, apenas com base na legislação
infraconstitucional, como salientei acima) para essa correção, sem violação ao sistema monetário federal, que
continuou a admitir a indexação.
Agravo a que se nega provimento.

RECURSO EXTRAORDINÀRIO N. 162.375-6


RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO

JUROS - DÉBITO DA FAZENDA - ARTIGO 33 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES


CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS. O preceito do artigo 33 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias encerra uma nova realidade. Faculta-se ao Estado a satisfação dos valores pendentes de
precatórios, neles incluídos os juros remanescentes. Observadas as épocas próprias das prestações -
vencimentos - impossível é cogitar da mora, descabendo, assim, a incidência dos juros, no que pressupõem
inadimplência e, portanto, a "mora solvendi". Os compensatórios têm a incidência cessada em face da
alusão apenas aos remanescentes e às parcelas tidas como iguais e sucessivas.

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 170.882-5


RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO

EMENTA: CANDIDATOS AO CARGO DE PROFESSOR, DO QUADRO DO MAGISTÉRIO DO


ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. LEI ESTADUAL Nº 6672/74 QUE, NO PARÁGRAFO ÚNICO AO
ART. 17, ISENTA DO LIMITE MÁXIMO DE IDADE FIXADO NO INC. II, OS FUNCIONÁRIOS
ESTADUAIS. ACÓRDÃO QUE CONCLUIU PELA INCONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA.
IRRESIGNAÇÃO MANIFESTADA POR MEIO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO EM QUE SE
ALEGA A INCONSTITUCIONALIDADE NÃO DO INC. II, MAS DO PARÁGRAFO ÚNICO.
Evidente acerto do acórdão, dado tratar-se de hipótese em que o teto etário não está justificado pela
natureza das atribuições do cargo a ser preenchido, conforme orientação assentada na jurisprudência do
STF.
Alegação de ofensa ao princípio da isonomia não demonstrada.
Agravo regimental improvido.

O “INFORMATIVO S.T.F.” e o “CLIPPING DO D.J.” são elaborados pela Assessoria da Presidência do


Supremo Tribunal Federal.

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