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Ano XXXIV | Nº 47
Jul. • Ago. • Set. | 2007
ISSN 1809-7197 IBRACON
www.ibracon.org.br Instituto
Instituto Brasileiro
Brasileiro do
do Concreto
Concreto
ATIVIDADES
INTERNACIONAIS
IBRACON participa
th
da 4 ACI Spring
Convention
ARTIGO CIENTÍFICO
Obras de
concreto para OBRAS DE SANEAMENTO
Reologia de
o Saneamento
concretos: técnicas
de caracterização Ambiental:
PONTES DE CONCRETO
cuidando do
meio ambiente e
Ponte sobre o Canal
de Itajurú, Cabo Frio da saúde pública.
REVISTA CONCRETO
Empresas e entidades líderes do setor da
construção civil associadas ao IBRACON
Aditivos
Equipamentos
ADIÇÕES
ensino, pesquisa
JUNTAS e extensão
PCC
Escola Politécnica - USP
Armadura
UNIP Escritórios
de projetos
JUNTE-SE A ELAS
Associe-se ao IBRACON em defesa e valorização
da Arquitetura e Engenharia do Brasil !
pré-FABRICADOS
Controle tecnológico
ISO 9001
construtoras
FÔrmas
Cimento
Agregados
Governo
FURNAS Concreto
POLIMIX
Instituto Brasileiro do Concreto
Fundado em 1972
Declarado de Utilidade Pública Estadual
Lei 2538 ce 11/11/1980
Declarado de Utilidade Pública Federal
Decreto 86871 de 25/01/1982
Sumário
Diretor Presidente
Paulo Helene
Diretor 1º Vice-Presidente
Cláudio Sbrighi Neto
Diretor 2º Vice-Presidente
Obras de saneamento
Eduardo Antonio Serrano
Diretor 3º Vice-Presidente
Mário William Esper
Diretor 2º Secretário
normalização, projeto,
execução, controle do concreto,
Sônia Regina Freitas
Diretor 1º Tesoureiro
Luiz Prado Veira Jr.
Diretor 2º Tesoureiro
manutenção e reparação
Flávio Teixeira de Azevedo Filho
Diretor Técnico
Rubens Machado Bittencourt 10
Diretor de Eventos
Luiz Rodolfo Moraes Rego
Assessores da Presidência
24
Alexandre Baumgart
Augusto Carlos de Vasconcelos
Jorge Bautlouni Neto
Martin Eugênio Sola
Ruy Ohtake
E Mais...
Revista CONCRETO & Construções
Revista Oficial do IBRACON
Revista de caráter científico, tecnológico
e informativo para o setor produtivo da
5 Editorial
construção civil, para o ensino e para a
pesquisa em concreto 6 Converse com IBRACON
ISSN 1809-7197
Tiragem desta edição 5.000 exemplares
10 Personalidade Entrevistada. Walton Pacelli
Publicação Trimestral
Distribuida gratuitamente aos associados 14 Acontece nas Regionais
Publicidade e Promoção
Arlene Regnier de Lima Ferreira 19 Fissuração em reservatórios
arlene@ibracon.org.br
Editor
32 Normalização para obras de saneamento
Fábio Luís Pedroso – MTB 41728
fabio@ibracon.org.br 39 ETE Ribeirão Arrudas
Diagramação
Gill Pereira (Ellementto-Arte)
46 Mercado Nacional
gill@ellementto-arte.com
Assinatura e Atendimento
48 Produção de concreto para obras de saneamento
Valesca Lopes
valesca@ibracon.org.br 52 Ensino de Engenharia
Gráfica: Ipsis Gráfica e Editora 57 Armadura de retração em reservatórios
As idéias emitidas pelos entrevistados ou em
artigos assinados são de responsabilidade 61 Concreto Fresco
de seus autores e não expressam,
necessariamente, a opinião do Instituto. 67 Deterioração e intervenção em obras de saneamento
Copyright 2007 IBRACON. Todos os direitos de reprodução
reservados. Esta revista e suas partes não podem ser
reproduzidas nem copiadas, em nenhuma forma de
71 Entidades Parceiras
impressão mecânica, eletrônica, ou qualquer outra, sem
o consentimento por escrito dos autores e editores. 73 Impermeabilização em obras de saneamento
Comitê Editorial
Ana E. P. G. A. Jacintho, UNICAMP, Brasil
Antonio Figueiredo, PCC-EPUSP, Brasil
80 Concreto em Obras Marítimas
Fernando Branco, IST, Portugal
Hugo Corres Peiretti, FHECOR, Espanha 91 Recuperação de estruturas de saneamento
Paulo Helene, IBRACON, Brasil
Paulo Monteiro, UC BERKELEY, USA
Pedro Castro, CINVESTAV, México
99 Pontes de concreto
Raul Husni, UBA, Argentina
Rubens Bittencourt, PEF-EPUSP, Brasil
Ruy Ohtake, ARQUITETURA, Brasil
102 Mantenedor
Tulio Bittencourt, PEF-EPUSP, Brasil
Vitervo O’Reilly, MICONS, Cuba 104 Atividades Internacionais
IBRACON
Rua Julieta Espírito Santo Pinheiro, 68
108 Artigo Científico Créditos Capa:
Sistema Rio das Velhas – vista
Jardim Olímpia
CEP 05542-120 125 Recordes de Engenharia aérea. Foto COPASA
São Paulo – SP
REVISTA CONCRETo
Lições de quatro volumes e mais de
tres mil páginas do mais
atualizado conhecimento
4 anos de
sobre concreto de cimento
Portland e materiais de
construção civil, disciplinas
obrigatórias nos cursos de
IBRACON
engenharia civil e arquitetura de
qualquer país.
Aprendi a agradecer as
prontas, oportunas e generosas ajudas
científicas, administrativas, tecnológicas
Neste número a matéria de capa desta revista está e econômicas outorgadas pelo setor privado e público,
dedicada à valorização e reconhecimento do histórico, vitorioso assim como pelos Centros de Ensino e Pesquisa e agências de
e significativo papel do Saneamento Básico para a melhoria Fomento, para o engrandecimento da Engenharia de concreto
da saúde e da qualidade de vida de todos os povos. Registro no Brasil.
meus sinceros agradecimentos aos amigos, Carlos e Ana Aprendi a suportar as duras derrotas e a valorizar as
D’Ávila, da COPASA de MG, que entenderam a importância pequenas vitórias.
desta mensagem e mobilizaram o setor para contribuir com Deixar a sede no IPT e perder, na alfândega de
interessantes e valiosos artigos. Guarulhos, mais de mil livros doados ao Brasil pelos Profs. Mehta e
Durante a Assembléia Geral Ordinária do IBRACON, Malhotra constituiram-se em duras derrotas.
a realizar-se em Bento Gonçalves, dia 03/09/07, serão apurados Ver o crescimento significativo do número de sócios
os votos dos sócios que elegerão os vinte novos Conselheiros individuais, coletivos e mantenedores do Instituto; reconhecer
do Instituto. Esses Conselheiros mais os seis ex-presidentes o empenho, a seriedade e a vontade de acertar dos três únicos
deverão eleger um Conselheiro individual para desempenhar funcionários fixos do Instituto; sentir a satisfação dos sócios
voluntariamente o honroso papel de Presidente do Instituto para nos eventos; desfrutar de uma sede nova e independente;
a gestão 2007-9. compartilhar de uma sensação de elevada auto-estima e
Segundo o Estatuto, os candidatos à Presidência orgulho da nobre profissão de Engenheiro e Arquiteto;
devem ser sócios-diamante e o Presidente não pode ser re-eleito, encontrar o caixa da Instituição sempre com pequeno saldo
consecutivamente, mais de uma vez. positivo; ter recursos para mobiliar e equipar as novas
Nesses quatro últimos anos que tive a gratificante instalações com conforto e sobriedade; contar com doações
oportunidade de estar Presidente desta tradicional e valorosa intelectuais e profissionais de alto nível e que aprimoram o
Entidade, aprendi muita coisa interessante. conhecimento na área, são algumas das pequenas vitórias
Aprendi, por exemplo, que o Instituto é muito forte e comemoradas com sinceridade e gratidão.
que sua força vem da dedicação de seus associados que voluntária Saber que o sistema de Ciência e Tecnologia do país,
e generosamente insistem em colaborar e doar-se para o bem através do CNPq, CAPES, FINEP, FAPESP e tantas outras Agências
comum, para o desenvolvimento do setor. de Fomento à Pesquisa qualificam e classificam o CBC e as revistas
Descobri que o Instituto é reconhecido em todos os do IBRACON como de categoria A, fazem antever um futuro
rincões do país e também no exterior, como a Entidade brasileira profícuo do Instituto e remetem para o excepcional trabalho
que mais contribui para a geração, divulgação e transferência de voluntário dos Diretores, sempre dispostos a doar umas horinhas
tecnologia entre a academia e o setor produtivo. mais de seu valioso tempo, prestígio e competência para o
Aprendi que o Instituto tem muita credibilidade e engrandecimento da missão do Instituto.
desperta confiança quando se pronuncia técnica, científica e O IBRACON tem foco, sabe trabalhar em equipe,
politicamente sobre um tema. tem planejamento e metas em suas atividades, tem a fiel e
Aprendi que ainda tem muito por ser feito e que os desinteressada colaboração voluntária de muitos Diretores
profissionais do setor são sensíveis e ávidos por conhecimento
OBRAS DE SANEAMENTO
Regionais por todo o território nacional, tem a competência
produzido, divulgado ou transferido pelo IBRACON. voluntária dos Presidentes de Comitês Técnicos que empurram
Aprendi a exercitar a diplomacia e a tolerância no a fronteira do conhecimento consensuado, e tem a visão de
intercâmbio com as demais Entidades do setor que são, a igual estar investindo na promoção da pesquisa, da inovação e mais
que o IBRACON, geridas por profissionais voluntários, humanos, recentemente da Certificação de Pessoal.
capazes e sensíveis a uma palavra amiga, desinteressada e Aprendi que o IBRACON também e, principalmente,
construtiva. Sem dúvida, a palavra de ordem institucional nos dias tem a humildade de reconhecer que precisa de ajuda e de
de hoje é parceria. parcerias para efetivamente bem promover a divulgação profícua
Aprendi a conhecer os profissionais, as empresas e os do conhecimento atualizado, sustentado e ético sobre estruturas
empresários do setor. Aprendi a distinguir entre aqueles que têm de concreto.
uma visão empreendedora, institucional, comunitária e de longo Legada por seus visionários fundadores e dirigentes ao
prazo, sempre dispostos a investir num projeto de melhoria do longo dos últimos 35 anos, o Instituto continua e fortalece a sua
setor, daqueles que enxergam o relacionamento com o IBRACON ilustre missão de contribuir para o desenvolvimento do mercado
como mais um bom e lucrativo negócio da semana. de concreto e da construção civil no país.
Aprendi que o grande e nobre sentimento humano de Passaram-se quatro significativos anos onde pude
compartilhamento do saber pode ser despertado por umas poucas, renovar meu prazer pelo conhecimento e aprendizado.
profundas e sinceras palavras de incentivo e reconhecimento. A
EDITORIAL
REVISTA CONCRETO
Converse com o
IBRACON
Em defesa das atribuições da engenharia Prezado Prof. Sayão,
Caro Paulo Helene, O IBRACON vem endossando total e claramente a
Segue mensagens sobre assunto urgente e para sua correta posição de defesa das atribuições dos
o qual contamos com a análise de todas as as- engenheiros civis e de minas. Na íntegra, foi esta uma
sociações de engenharia. Imagino que você já das mensagens enviadas ao CONFEA/CREA:
tenha ouvido falar do assunto: Projeto de Lei Prezado Eng. José Tadeu da Silva, presidente do
4796, que objetiva regulamentar as atribuições Crea-SP,
do Geofísico, mas que acabou com um escopo O Instituto Brasileiro do Concreto – IBRACON, entidade
muito mais ambicioso e talvez inadequado. Se o de utilidade pública federal e estadual, cuja missão es-
projeto for aprovado, os geofísicos e os geólogos tatutária é a valorização da cadeia produtiva do concre-
poderão ter atribuições idênticas aos engenhei- to, vem a público, na figura do seu diretor-presidente,
ros e engenheiros-geólogos no que se refere a Prof. Paulo Helene, manifestar seu apoio ao projeto
obras geotécnicas! O apoio do IBRACON é muito substitutivo, elaborado pelo Confea, ao PLC 117.
importante. Amanhã irei a Brasília para uma tese Paulo Helene, Diretor Presidente
e para uma reunião na câmara de engenharia do
CONFEA. Pedi tambem uma audiência ao senador Auto-estima profissional e ensino de engenharia
Arns, que tem recebido uma chuva de emails e Ilustre Prof. Paulo Helene,
está sensível quanto a uma eventual reversão Sou professor de Direito, Ética e Sociedade na Faculda-
no assunto. de de Engenharia de Sorocaba - FACENS, onde procuro
Prof. Alberto Sayão. Presidente da ABMS. melhorar o entendimento da Ética e do Direito dentro
de um entendimento mais pragmático possível. Quero
Caros amigos engenheiros de S.Paulo dizer que os seus textos, que extrai através da inter-
Vejam só como o assunto relacionado aos geofísi- net, indicado pelo Prof. Paulo Cavalcanti (professor
cos, geólogos e engenheiros voltou a ficar confuso. de pontes), têm sido de grande e inestimável valia e
Creio até que o evento de amanhã em Brasília vai percebo que o prestígio que o senhor traz para a classe
entrar por este terreno difícil (“O Momento Atual dos engenheiros é admirável e, ao mesmo tempo, um
da Engenharia Brasileira”). Depois de todas as grande incentivo para meus alunos. A resposabilidade
nossas cartas e e-mails, o sistema CONFEA/CREA civil e ou criminal é conseqüência direta da imperícia
aprovou o projeto substitutivo que propusemos e ou negligência dos engenheiros, não somente os
e encaminhou ao senador Arns, que se mostrou projetistas, mas também os de execução que premidos
favorável. O assunto está voltando à baila e preci- pela necessidade de produtividade colocam suas vidas
samos agir, falando com o presidente do CREA-SP, profissionais à margem. Muito obrigado
que é engenheiro, para não ceder às pressões de Prof. Gilberto José de Camargo. Faculdade de Engenharia
liberar obras de engenharia (responsabilidade e de Sorocaba FACENS.
atribuição dos engenheiros civis), nem as lavras
de mineração (responsabilidade e atribuição dos I Seminário de Estruturas de Concreto/Rj
engenheiros de minas), para geofísicos. O ideal é Cara Prof. Andréia Sarmiento
se manifestar para o CREA-SP e para o CONFEA, Parabéns aos colegas da Diretoria Regional do IBRA-
por escrito e/ou por telefone, mostrando nossa CON-RJ pela iniciativa. Já está ficando difícil chamar
preocupação com o retrocesso do assunto. O Mar- de “novas” as nossas Normas Brasileiras de projeto
cos Tulio (Presidente do CONFEA) não pode voltar de estruturas de concreto, quanto mais falar de
atrás, pois irá prejudicar a habilitação profissional “impacto” de algo que já é obrigatório há mais de
da nossa área de civil. Enfim, vamos mostrar que 3 anos. Mas sempre é bom voltar ao assunto e quem
os engenheiros são também unidos. Mas é urgen- puder deve comparecer.Felicidades também ao gran-
te, pois a discussão está acontecendo agora. O de Professor e Amigo Wanderley Guimarães Corrêa.
senador está aguardando apenas a posição final Será certamente uma grande apresentação.
do CONFEA. Egydio Hervé Neto. Sócio Fundador. Ventuscore Soluções
Prof. Alberto Sayão. Presidente da ABMS. em Concreto.
REVISTA CONCRETo
V Aci / Camet International Conference on produção intelectual e profissional equivalente e de
Hpc, Manaus 2008 alta relevância para o país. Se me permitir fazer uma
Relatório sobre os trabalhos de revisão de “papers” sugestão, proponho que a Diretoria e o Conselho do
em Varsóvia Ibracon indiquem para receber o primeiro prêmio o
Paulo, próprio Arq.Oscar Niemeyer, com todo louvor e justi-
Que magnífico artigo/news escreveu para nós! Ado- ça. Porém, como acho difícil que ele vá até o evento
rei! Iniciando com a descrição da Polônia de hoje, receber a Homenagem, sugiro que o Presidente, a Di-
com dados históricos e tudo o mais. E depois, uma retoria e o Conselho do IBRACON façam esta entrega
descrição da evolução das estruturas. Gostei muito. pessoalmente no Rio de Janeiro, sendo a solenidade
Eng. Sonia Regina Freitas. Sócio Ouro. Diretor Secretário do filmada e apresentada na abertura da entrega dos
IBRACON. prêmios durante o evento. Talvez o jornalismo da
TV Globo possa ser contatado e estar presente, para
4ª Grande Revolução na Arte de Projetar e registro em rede nacional e internacional.
Construir Estruturas Paulo Terzian. Sócio Diamante. Professor e consultor.
Estimado Paulo,
Agradezco especialmente a tí y al IBRACON por el Caro Paulo,
envío de este excelente artículo/news. Considero uma justa e necessária homenagem. Estou
Ing. Carlos Stapff. Sócio Ouro. Diretor da CONCREXUR, de acordo.
Uruguai. Prof. Geraldo Cechella Isaia. Sócio Fundador. Conselheiro e
Obs.: o IBRACON recebeu outras mensagens positivas similares a esta so- Editor de Livros do IBRACON.
bre este artigo “Arte de Projetar e Construir Estruturas”, visão histórica e
perspectivas futuras. Por razões de espaço e de evitar repetições, não estão
sendo publicadas. Agradecemos o estímulo e a concordância com a visão.
Prezado Paulo,
Artigo similar será publicado em revista. Seria ótimo se o Arq. Oscar Niemeyer entregasse o
primeiro prêmio. Seria certamente aplaudido de pé
Prêmio Oscar Niemeyer por um bom tempo pela platéia.
Caro amigo Paulo Helene, Newton Newton Goulart Graça. Sócio Mantenedor. Furnas
A proposta de criar no IBRACON o Prêmio Arq.Oscar Centrais Elétricas. Conselheiro IBRACON.
Niemeyer é sensacional e digna da grande gestão que
está realizando. A quebra do protocolo de homenage- Prezados amigos,
ar pessoas em vida, ao meu ver, foi muito adequada e Concordo com a idéia proposta pelo Paulo Helene.
correta. Este fato poderá servir de abertura para que, Devemos quebrar mais este paradigma de homena-
em um tempo próximo, possamos homenagear profis- gear somente profissionais que se foram!!
sionais como você, que, apesar de ser muito mais jo- Julio Timerman. Sócio Ouro. Diretor de Certificação de
vem que Niemeyer, teve em sua área de atuação uma Pessoal do IBRACON.
Ficha técnica
n 2 volumes
n 1.700 páginas
n 12 partes
n 52 capítulos
n 85 autores
n Capa dura, padrão IBRACON de qualidade
IBRACON
REVISTA CONCRETO
Paulo, habitacionais considerando 3 grupos:
Já tínhamos conversado sobre o nome do Arq. Oscar – baixo até 5 pavimentos = 16 kg/m²
e eu entendo ser um nome e homenagem merecida. – médio de 6 a 15 pavimentos = 20 kg/m²
Concordo plenamente. – alto acima de 15 pavimentos = 24 kg/m²
Rubens Machado Bittencourt. Sócio Diamante. FURNAS 2. Qual o consumo médio usual de concreto em
Centrais Elétricas. Conselheiro e Diretor do IBRACON. m3/m2 em estruturas de edifícios habitacionais con-
Obs.: o IBRACON recebeu muitas outras mensagens positivas similares a esta siderando 3 grupos:
sobre este tema. Por razões de espaço e de evitar repetições, não estão sendo – baixo até 5 pavimentos = 0,17 m³/m²
publicadas. Agradecemos o apoio à instituição desse prêmio.
– médio de 6 a 15 pavimentos = 0,19 m³/m²
Estação Pinheiros do Metrô / SP – alto acima de 15 pavimentos = 0,21 m³/m²
Caro colega Paulo Helene, Esperamos que ainda haja tempo para que V.Sas.
Não sei se você lembra de mim. Sou Perito da Polí- possam considerar nossa contribuição. Essas caracte-
cia Científica em São José do Rio Preto. Há alguns rísticas das estruturas, bem como, as experiências em
anos, você esteve em meu escritório juntamente outros países são muito importantes para a ABECE
com outro engenheiro solicitando-me cópias das e seus associados.
fotografias que ilustrei meu Laudo Pericial de Marcos Monteiro – Vice-Presidente ABECE.
Desabamento de estrutura, referente a um aci-
dente ocorrido na quadra poliesportiva da escola Prezado Marcos,
de uma cidade aqui da região matando uma Agradecemos o empenho e resposta. Os dados
criança na hora do recreio. Relembro este fato, foram enviados ao ACI e assim que se disponha de
apenas para me identificar um pouco mais, pois, alguma publicação ou relatório de processamen-
sou engenheiro civil e já estivemos juntos em ou- to dos mesmos junto com os dados americanos e
tros eventos aqui em S. J. Rio Preto. Na certeza e de outros países, o IBRACON fará chegar ao seu
convicção que você procurou se informar sobre o conhecimento.
acidente ocorrido na Estação Pinheiros de Metrô, Obrigado.
solicito alguma informação a respeito deste fato. Paulo Helene, Diretor Presidente
Se não for possível um diagnóstico, pelo menos
uma hipótese de trabalho sobre as possíveis Balanço da Gestão
falhas ocorridas. O objetivo desta solicitação é Caro Paulo Helene,
de, apenas e exclusivamente, matar a minha curio- Gostaria de agradecê-lo pela Revolução que você
sidade a respeito. trouxe ao IBRACON e à Revista CONCRETO & Cons-
Jorge Abdanur. Perito da Polícia Científica. truções nestes últimos anos. Foi e tem sido um
grande prazer compartilhar estas conquistas com
Prezado Jorge, você e nossos demais colegas. O IBRACON deve
Devido à complexidade e implicações do caso, muito a você e sua contribuição futura também
manifestei-me publicamente por várias vezes e será essencial para consolidarmos todo o pro-
registrei meus depoimentos para consulta pú- gresso que fizemos sob sua liderança. Parabéns
blica na website do IBRACON. Por favor, acesse e muito obrigado pelas oportunidades e avan-
www.ibracon.org.br – Estação Pinheiros do Me- ços que fizemos. Conte conosco para tentarmos
trô / SP – Linha 4 manter as conquistas e melhorarmos ainda mais
Paulo Helene, Diretor Presidente o nosso IBRACON.
Túlio Bittencourt. Sócio Ouro.
Paulo, EPUSP-PEF. Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do
Congratulo-me com o prezado amigo por sua vitória IBRACON
junto à revista Época! Temi que não houvesse des-
taque da resposta, mas saiu a contento. Prezado amigo Prof. Túlio,
Eng.º Civil Marcos Carnaúba. Sócio azul. Consultor e Os avanços só são conseguidos com união e tra-
Projetista de Estruturas. balho de muitos. Nós todos do meio técnico, e eu
em especial, é que tenho a agradecer o grande
Prezado Paulo, destaque de sua dedicação incondicional à missão
Agradeço a atenção em enviar-me o esclarecimento do IBRACON, durante estas duas gestões onde
da revista Época, embora desnecessário para mim, tive a honrosa oportunidade de atuar como Pre-
pois jamais atribuiria a você declarações tão injurio- sidente. Muito obrigado.
sas e levianas. Paulo Helene, Diretor Presidente
Antonio Carlos Reis Laranjeiras. Sócio e Conselheiro do
IBRACON. Consultor e Projetista de Estruturas Prof. Paulo Helene,
Obs.: o IBRACON recebeu muitas outras mensagens positivas similares Aproveito para parabenizá-lo por tudo o que você
a esta sobre este tema. Por razões de espaço e de evitar repetições, não tem feito para (e por) todos nós. A Ciência e a En-
estão sendo publicadas. Agradecemos a solidariedade de tantos amigos
sinceros. genharia serão eternamente gratas.
Gladis Camarini. Sócio Ouro. Professora UNICAMP.
Consulta Aci sobre Estruturas
de Concreto Parcerias Institucionais
Prezado Paulo Helene, Estimado Paulo,
Segue resposta à consulta efetuada pelo ACI, refe- Cuenta con el IMCYC, anunciaremos el Congreso
rente a características das estruturas aqui no Brasil. 49CBC2007, en nuestra pagina web y ligaremos con
Vale salientar que esses índices variam muito em página web de IBRACON, y confirmamos nuestra
função da tipologia e uso da estrutura, características presencia en ese importante Congreso de Concreto.
de execução, etc. Un caluroso saludo.
1. Qual o valor médio usual de consumo de aço Daniel Dámazo. Presidente do Instituto Mexicano del
(armadura) em kg/m2 em estruturas de edifícios Cemento y el Concreto IMCYC.
REVISTA CONCRETo
Concreto Ecológico Acidente aéreo
Prezado Prof. Salomon, Estimado Paulo,
Estou produzindo um trabalho para a Faculdade Quisiera expresarles a través de la presente nues-
sobre concreto ecológico e gostaria de saber se tro sentimiento de pesar por la grave tragedia
o Instituto Brasileiro de Concreto possui algum aérea ocurrida en el aeropuerto de Congonhas.
artigo sobre o tema. Acessei o site do Instituto e En particular a los afectados por las pérdidas de
da Revista CONCRETO & Construção e não obtive parientes y amigos, y en general a todos nuestros
informações referentes a este tema e nem infor- hermanos brasileños. Elevamos nuestra oración
mações de algum departamento técnico, por isso al altísimo por las almas de los fallecidos. Con
lhes encaminho este e-mail. Peço a gentileza de sentimiento,
encaminhar esta solicitação ao CT do Meio Am- Paulo Yugovich. Sócio ouro. Consultor y Professor. Paraguai
biente, alguém com conhecimento sobre o tema
que possa me ajudar ou link´s/sites referente ao Querido Profesor Paulo,
assunto. Antecipadamente muito obrigado pela Lamento tanto lo ocurrido en el aeropuerto!!!
atenção de todos. Siento una profunda tristeza y un dolor inmenso
Guilherme dos Santos. Sócio estudante. y espero que ustedes estén bien. Quiero hacerles
llegar mi cariño a usted y a todos mis amigos de
Caro Guilherme, San Pablo y Porto Alegre, un beso y un gran abrazo,
Existem vários concretos que podem ser conside- con mucho dolor,
rados ecológicos, por exemplo, os que utilizam em Dra. Ing. Civil María Josefina Positieri. Sócio ouro. Profesora
sua produção: agregados reciclados, garrafas Pets Titular. Investigadora GINTEMAC. Argentina
e, em geral, toda e qualquer espécie de resíduos. O
Seminário Desenvolvimento Sustentável e a Reci- Dear Paulo,
clagem na Construção Civil já publicou mais de 200 Kumar is away to Toronto and will be back next
artigos no decorrer de suas 7 versões. Creio que week. Kumar and I are very grieved to hear the
seria uma opção para você começar por consultar tragedy of the plane crash and our thoughts are
os diversos artigos que podem ser localizados nos with you. Hope you and your family are OK. With
Anais desses eventos. Se necessitar de informações very best wishes.
mais específicas, é só entrar em contato com o CT- Shanti / Mehta
MAB do IBRACON.
Prof. Salomon Levy, Presidente do CT-MAB Queridos amigos,
do IBRACON Realmente estamos consternados con el accidente
aéreo en San Pablo. Son realmente terribles las
Formulário determina tipo ideal imágenes que se reciben por TV. Un abrazo soli-
de concreto para cada obra dario y nuestros deseos de que estén Uds. todos
Prezado IBRACON, bien al igual que familiares y amigos. América
A Ficha de Concreto, metodologia criada em está de duelo.
Campinas para estimular a compra deste ma- Raúl Husni y Sol
terial de acordo com normas técnicas, é exem-
plo para empresas de todo país. Estimuladas Estimados amigos,
pelos engenheiros Carlos Massucato e Arnoldo Solidarizo-me com vocês pelo sentimento de
Wendler, as companhias atuantes na região de profunda tristeza e pesar por esse acidente trá-
Campinas foram as primeiras a acatar o padrão gico ocorrido em São Paulo com um vôo vindo
de compra previsto na ficha. Para Massucato, de Porto Alegre. Obrigado pelas lindas e como-
Diretor Regional do IBRACON em Campinas e ventes mensagens.
REVISTA CONCRETO
Walton Pacelli de Andrade
Engenheiro Civil e Eletrotécnico – Consultor
Independente em Tecnologia de Concreto.
IBRACON – O que é uma estação de tratamento sendo os primeiros com 45 m de diâmetro, que são
de esgoto? assentados em uma base de concreto armado.
De acordo com os especialistas da COPASA, uma
Walton Pacelli de Andrade – Desejo esclare- estação de tratamento de esgoto é composta de
cer que não sou um especialista em tratamento diversas estruturas de concreto que, como no
de esgoto, mas um engenheiro com experiência caso de ETE Arrudas, são: tratamento primário;
em controle tecnológico do concreto para obras decantador primário; tanque de aeração; e de-
de saneamento. cantador secundário.
Uma estação de tratamento de esgoto, de acordo Através de um emissário de concreto, o efluente é
com a Dra. Michele Batista, consta de tanques sem conduzido em condutos forçados aos decantadores
tampa, que podem ser circulares ou retangulares, principais, responsáveis pela remoção dos sólidos em
10 REVISTA CONCRETo
suspensão, tanto sedimentáveis como flutuantes. qualidade para garantir a sua durabilidade, por
Após a decantação, o líquido passa para os tanques causa da sua importância para a sociedade.
de aeração, onde é removida a matéria orgânica
pela ação de microorganismos aeróbios, formando IBRACON – Como foi o desenvolvimento da enge-
uma biomassa em suspensão, que será submetida nharia de obras de saneamento no país?
à aeração artificial, mediante fornecimento de oxi-
gênio. Então, o líquido passa para os decantadores Walton Pacelli de Andrade – O desenvolvimento
secundários, onde ocorre a separação sólido/líquido das obras de saneamento no Brasil, como em todas
do efluente, onde se processa a separação pela as obras de engenharia, acompanhou a evolução
remoção dos sólidos e o líquido é escoado para a do que ocorreu em outros países.
rede de água fluvial existente. O registro da aplicação do concreto em obras de
Na fase sólida, elevatórios enviam o excesso do lodo saneamento remonta à utilização de argamassa
para as adensadores, onde o lodo re-circula continu- fabricada com cimento natural na construção da
amente no fundo dos decantadores secundários, de Cloaca Máxima de Roma 800 a.C., parte da qual
onde passam para os tanques de aeração. Na parte ainda se encontra em serviço.
final, a fase sólida sai dos adensadores, sendo con- A aplicação de tubos de concreto para esgotos
duzida aos digestores anaeróbicos primários em obras de saneamento foi iniciada na
e secundários, onde ocorre a estabilização da América em 1840.
matéria orgânica e a desidratação do lodo por As grandes obras de saneamento, como as
processo mecânico. das estações de tratamento de água e de
esgoto, tiveram a mesma
IBRACON – Quais são as evolução das obras de enge-
obras em concreto no se- nharia hidroelétrica.
tor de saneamento? Quais A grande preocupação A Organização Mundial de
as principais dificuldades dos engenheiros Saúde estabeleceu como
técnicas no projeto, execu- que constroem as meta para o final de 2025
ção e controle tecnológico obras de concreto para que 2,9 bilhões de pessoas
destas obras? saneamento é a qualidade tenham acesso a água tra-
para garantir a sua durabilidade, tada e 4,2 bilhões tenham a
Walton Pacelli de An- por causa da sua garantia de saneamento.
drade – As barragens para importância para Por outro lado, com o trata-
armazenamento da água a sociedade. mento da água de esgotos,
e as obras auxiliares para o ela pode ser utilizada em
desvio do rio, tomada de projetos de irrigação redu-
água e vertedouro. As obras zindo a sua carência para
personalidade entrevistada
de adução para o transporte de água podem abastecimento residencial.
ser feitas em canais de cimento, tubulação
de concreto ou de aço, que alimentam as IBRACON – Pode-se afirmar que a engenha-
estações de tratamento de água. As redes de es- ria brasileira desenvolveu conhecimento próprio
goto, que, na maioria das vezes, são de tubos de para o projeto, execução e controle das obras de
concreto que conduzem as águas para as estações saneamento, ou o conhecimento formado vem
de tratamento de esgoto. basicamente de fora?
As dificuldades técnicas do projeto, execução e
controle tecnológico são as mesmas enfrentadas Walton Pacelli de Andrade – No mundo moder-
para as grandes obras de concreto, notadamente no, a velocidade da troca de informações, através
as construções de hidroelétricas. No que diz respeito de seminários e congressos, propicia o desenvolvi-
às estações de tratamento de água e de esgoto, mento dos conhecimentos de obras de engenharia,
há que se levar em consideração os agentes quí- dificultando a separação entre o que é característico
micos presentes na água (o mesmo se aplica para de um determinado país. Nas grandes obras de
as obras de transporte de água). Para se garantir a engenharia, os conhecimentos adquiridos são assi-
durabilidade do concreto, as normas estabelecem milados continuamente no meio técnico.
os requisitos necessários de acordo com a exposição Nos projetos, na execução ou no controle da
aos agentes agressivos. A NBR 6118:2003 prescreve qualidade, houve uma evolução significativa com
com clareza a qualidade do concreto em função da a adoção de técnicas de asseguramento da qua-
classe de agressividade. lidade, que teve como marco inicial a construção
A grande preocupação dos engenheiros que cons- da primeira Usina Nuclear de Angra dos Reis, na
troem as obras de concreto para saneamento é a década de 70.
REVISTA CONCRETO 11
Algumas obras nacionais no setor de saneamento garantir a sua durabilidade. As fissuras ocasionadas
merecem destaque, como a da estação de trata- por variações volumétricas, devido às variações de
mento de água de Guandu, da Cedae (Companhia temperatura do concreto, por causa das prescrições
Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro), no impostas nas especificações técnicas para a relação
Rio de Janeiro, e a estação de tratamentos de esgoto água/cimento (≤ 0,50) e para o teor de material
do Ribeirão Arrudas, da Copasa (Companhia de Sa- cimentício (≥ 350 kg/m³), faz com que peças estru-
neamento de Minas Gerais), em Belo Horizonte. turais com menor espessura (de 40 cm) tenham que
A Cedae recebeu a confirmação de que a Estação ser consideradas como concreto massa, exigindo,
de Tratamento de Água do Guandu será incluída no por isso, a análise de seu comportamento térmico.
“Guinness” como a maior do mundo. A certificação Concretos de paredes de tanques de estações de
foi confirmada esta semana pelo diretor Internacio- tratamento de água ou de esgoto podem necessitar
nal de Recordes do Guinness, Marco Frigatti, por de pré-refrigeração para se combaterem as fissuras
e-mail. O texto reconhece o título e descreve os de origem térmica.
processos utilizados para tratar a água que abastece As fissuras provocadas por recalques, deslocamento
9 milhões de pessoas em oito cidades, incluindo o de fôrma durante o lançamento do concreto, retra-
Rio de Janeiro. Apesar de ter sido inaugurada em ções plásticas e por secagem, também têm que ser
1955, o sistema só pôde ter a certificação este ano, levadas em consideração. Medidas preventi-
após a outorga de uso da água obtida pela vas para evitá-las têm que ser tomadas.
Cedae junto à Serla (Fundação Superinten- Devido à natureza de sua utilização, algu-
dência Estadual de Rios e Lagoas). mas estruturas de concreto para obras de
Segundo a Cedae, a esta- saneamento estão expostas
ção utiliza diariamente, uma a agentes químicos agressi-
média, de 100 toneladas de vos em caráter permanente,
sulfato de alumínio ou cloreto Para garantir notadamente as estações de
férrico, 20 toneladas de cal a sanidade de qualquer estrutura tratamento, bombeamento
virgem, 15 toneladas de cloro, de uma grande obra de engenharia, e transporte de esgotos, sen-
200 quilos de polieletrólito e há que se eliminarem os riscos do estas últimas, na maioria
sete toneladas de ácido flu- de ocorrência de patologia no das vezes, de tubos de con-
orsilícico. Wagner Victer, pre- concreto nas fases creto. O conhecimento da
sidente da empresa, diz que de projeto, construção e de vida composição química destes
a certificação eleva a Estação útil (operação) agentes agressivos permite
do Guandu à categoria de dessas estruturas. que se especifique a com-
principal obra de engenharia
posição do concreto ou as
do século 20 no Brasil.
medidas preventivas a serem
IBRACON – Quais são as adotadas para garantir sua
durabilidade durante sua vida útil.
principais patologias observadas em obras de
saneamento? Quais as medidas preventivas e
IBRACON – O ensino de engenharia no país
corretivas que podem ser adotadas?
tem atendido as demandas técnicas do setor de
saneamento básico?
Walton Pacelli de Andrade – Para garantir a
sanidade de qualquer estrutura de uma grande Walton Pacelli de Andrade – Basicamente, o en-
obra de engenharia, há que se eliminarem os riscos sino de engenharia ministra noções das normas téc-
de ocorrência de patologia no concreto nas fases nicas, entre elas a NBR 6118:2003, que estabelece as
de projeto, construção e de vida útil (operação) diretrizes básicas para o concreto sujeito a agentes
dessas estruturas. agressivos. Para situações mais específicas, os cursos
A ocorrência de reação álcali/agregado (RAA) em de pós-graduação podem suprir as informações
qualquer obra de engenharia é um fenômeno necessárias para uma qualificação adequada.
patológico indesejável e perfeitamente previsível
à luz dos conhecimentos técnicos e científicos dis- IBRACON – Como o IBRACON tem contribuído
poníveis na atualidade. para também atender estas demandas técnicas
A execução de ensaios com os agregados para do setor?
detectar a RAA visa eliminar esta patologia, prin-
cipalmente nas obras hidráulicas, notadamente as Walton Pacelli de Andrade – Penso que nos con-
ligadas às construções de obras de barragens, hidre- gressos promovidos pelo IBRACON o tema de dura-
létricas e às obras de concreto para saneamento. bilidade tem sido abordado com muita freqüência,
Evitar a fissuração de peças estruturais de concreto sendo importante iniciativa para conscientizar os
em obras de saneamento é imperativo técnico para engenheiros para fazerem obras mais duráveis.
12 REVISTA CONCRETo
A base de construções com qualidade começa por aqui
Os laboratórios da ABCP formam um grande centro de referência na prestação de serviços à cadeia produtiva personalidade entrevistada
da construção civil. Neles mais de 400 tipos de ensaios sobre propriedades mineralógicas, físicas, químicas
e mecânicas em insumos, produtos, projetos e sistemas à base de cimento são realizados por profissionais
qualificados em equipamentos de alta precisão e última geração.
Presidente do Sinduscon-PR, Eng. Júlio César de Araújo Filho; presidente Instituto de Engenharia do Paraná – IEP,
Eng. Luiz Cláudio Mehl; coordenador da pós-graduação, Eng. Cesar Henrique S. Daher; diretor regional do IBRACON,
Eng. César Zanchi Daher; coordenador do curso de Engenharia Civil da UTP, Prof. Luiz Capraro; e Pró-reitora de
Pós-graduação desta mesma universidade, Prof. Elizabeth Sbardelini.
REVISTA CONCRETO 15
Enio Pazini; Mauro Oliveira (sec. adjunto de Ciência e Tecnologia do Ceará), Antonio Colaço (reitor da UVA), Barros
Neto (diretor do Centro de Tecnologia da UFC) e Francisco Carvalho (coordenador do CINPAR)
16 REVISTA CONCRETo
Evento “O Momento Atual
da Engenharia Brasileira”:
quinto debate
O Diretor Regional do IBRACON no Rio te da Agência Nacional de Águas (ANA), Eng.
Grande do Sul, Prof. Luiz Carlos Pinto da Silva Rogério Menescal; o presidente da Associação
Filho, representou o Presidente do Instituto, Prof. Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC-DF),
Paulo Helene, no quinto debate da série “O Mo- João Carlos Pimenta; o Diretor da ABECE-DF,
mento Atual da Engenharia Brasileira”, iniciada Eduardo Azambuja e o Diretor da Associação
em São Paulo, em 7 de março de 2007, após o aci- Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
dente na estação Pinheiros do Metrô, para discutir (ASBRACO), Eng. João Carlos Pimenta.
o contexto técnico, legal e econômico dentro do Durante o evento, foram discutidos
qual a engenharia nacional é exercida. alguns dos tópicos mais importantes que
Os eventos, promovidos pela Associa- emergiram nas discussões anteriores, tais
ção Brasileira de Mecânica dos Solos –ABMS, como a proposta para implantação de um
em parceria com o IBRACON, o Instituto de exame do conselho, nos moldes do exame da
Engenharia de São Paulo, a ABGE (Associação Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para
Brasileira de Geologia de Engenharia) e a garantir a qualidade dos recém-formados; a
ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e necessidade de se estimular a educação conti-
Consultoria Estrutural), foram organizados em nuada, através da criação de mecanismos que
cinco estados – além de São Paulo, no Rio de valorizem as especializações, a experiência e
REVISTA CONCRETO 17
IBRACON homenageia professor
Marcello Moraes
A Diretoria Regional do Distrito Federal
do IBRACON, o SINDUSCON-DF, a ABECE e a
ABMS-Núcleo Regional Centro-Oeste homena-
gearam os 50 anos de atuação profissional do
professor Marcello da Cunha Moraes, em evento
comemorativo realizado no dia 25 de junho de
2007, no auditório do Departamento de Enge-
nharia Civil da Universidade de Brasília (UnB).
Por ocasião da homenagem, o Prof. Paulo
Helene proferiu a palestra “As quatro revoluções
na arte de projetar e construir estruturas”.
O Prof. Marcello Moraes formou-se em
Engenharia Civil pela Escola Nacional de Enge- área de Tecnologia do Concreto. Foi conselheiro
nharia Civil da Universidade do Brasil, em 1956. e diretor regional do IBRACON.
Foi professor na Escola de Engenharia Civil da O engenheiro elaborou mais de 1200
Universidade Federal de Goiás e na Faculdade projetos na área de estruturas de concreto
de Tecnologia da Universidade de Brasília. armado, protendido, fundações. Continua tra-
Foi laureado com o Prêmio Ary Frederico balhando na elaboração de projetos estruturais,
Torres do IBRACON, destinado aos engenheiros projetos de fundações e projetos de reforço de
destaques do ano pela realização de estudos na estruturas e fundações.
PALESTRANTES
WS-I: Novas Tecnologias para Concreto de Pavimentação WS-IV: Avaliação e Análise Estrutural por Modelagem Numérica
Prof. Dr. Dan Zollinger, Texas AM University – Presidente da Prof. Dr. Lev Khazanovich, University of Minnesota – Autor
Sociedade Internacional para Pavimentos de Concreto (ISCP) Principal do Programa ISLAB de Elementos Finitos
WS-II: Modernas Técnicas para Projeto de Pavimentos de Concreto WS-V: Modelos de Desempenho e Gerência dos Pavimentos
Dra. Katheleen Teresa Hall – Vice-Presidente da ISCP Prof. (Emeritus) Dr. Michael Darter, University of Illinois –
Pesquisador e Consultor da ARA-ERES
WS-III: Evolução da Construção Mecanizada na Europa
Prof. Dr. Willy Wilk, Swiss Federal Institute of Technology WS-VI: Manutenção e Restauração dos Pavimentos após Longo Uso
Ex-Presidente da Associação Suíça de Cimento Portland Dr. Mark Snyder – Secretário Geral da ISCP
ORGANIZADORES
• INSTITUTO BRASILEIRO DO CONCRETO IBRACON • ESCOLA POLITÉCNICA DA USP
• ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PERNAMBUCO • INTERNATIONAL SOCIETY FOR CONCRETE PAVEMENTS
18 REVISTA CONCRETo
Estruturas de reservatórios:
conceitos de fissuração e
sugestões para execução
Eduardo Christo Silveira Thomaz
Luiz Antonio Vieira Carneiro
Instituto Militar de Engenharia
OBRAS DE SANEAMENTO
creto e à execu- creto, a fissura-
ção das paredes ção do concreto
de reservatórios. é inevitável.
Este tra- Além dis-
balho é um bre- so, o cimento de
ve resumo da pa- hoje é mais fino
lestra proferida do que o de an-
pelo Prof. Eduar- tigamente. Isto
do Thomaz junto conduz a uma hi-
a Companhia de dratação das par-
Saneamento de tículas de cimento
Minas Gerais – mais rápida, com
COPASA, em par- liberação de calor
ceria com a Asso- de hidratação em
ciação Brasileira menor intervalo
de Engenharia e de tempo e cho-
Consultoria Estru- que térmico do
tural – ABECE, na concreto após a
REVISTA CONCRETO 19
parte dos agregados graúdos o
impedimento da retração da argamassa de
cimento por perda de água para a atmosfera;
a coação interna entre a armadura interna
e a argamassa, havendo o impedimento da
argamassa de se retrair ao secar por parte
da armadura;
o fluxo de calor entre as camadas do
concreto e entre o interior e a superfície
externa da parede de concreto;
a retração plástica na fase fresca do
concreto nas primeiras horas;
a retração autógena que ocorre no
concreto vedado, sem haver troca de
umidade com a atmosfera;
a retração hidráulica por causa da perda
de água do concreto para o ar;
a retração térmica por resfriamento, ou
seja, há a perda de calor do concreto para
a atmosfera.
3. Tensões ao longo de
retirada das fôrmas mais elevado, o que favorece paredes de concreto
a fissuração do concreto.
Como pode ser visto na Figura 1, a hi-
dratação dos grãos de cimento se desenvolve A Figura 2 mostra, segundo algumas
em cinco fases distintas, expressa pela variação teorias, a distribuição de tensões ao longo da
da taxa de liberação de calor em função da altura de paredes de concreto para relação
variação do tempo. unitária entre altura e vão da parede.
Na fase inicial (1), ocorre a dissolução do No eixo das abscissas, tem-se o grau de
aluminato tricálcico (C3A) na água com elevada impedimento da parede em relação à fixação. O
liberação de calor em um curto intervalo de tem- valor unitário expressa o total impedimento de
po, após o que inicia-se o período de dormência deslocamento da parede do reservatório na base.
(fase 2), na qual a continuação da hidratação À medida que este valor diminui, o deslocamento
do cimento é prejudicada em conseqüência da da parede ocorre. No eixo das ordenadas, tem-se
formação de etringita na superfície dos grãos de a altura relativa da parede de concreto.
cimento. A partir da fase (3), há a retomada da Abaixo da meia altura da parede de
hidratação do cimento, havendo o aumento da concreto, podem surgir tensões de tração, que
taxa de liberação de calor. Na fase seguinte (4), a aumentam de acordo com a proximidade da
taxa de liberação de calor começa a decair, fruto base da parede. Caso estas tensões ultrapassem
da hidratação do silicato tricálcico (C3S) e do C3A, o valor da resistência do concreto à tração,
sendo formados os compostos silicatos de cálcio ocorre a fissuração do concreto e a parede pode
hidratado (C-S-H), hidróxido de cálcio (C-H) e romper por tração de concreto.
etringita (sulfoaluminato de cálcio). A seguir, Segundo o ACI 207 (1995), as tensões
na fase final (5), a hidratação passa a ser menor, tração que ocorrem ao longo da altura da
com diminuiçao da taxa de liberação de calor até parede dependem principalmente da relação
um nível constante, formando-se lentamente os entre o vão e a altura da parede e do grau de
produtos da hidratação C-S-H e C-H. impedimento de deslocamento da parede.
Várias são as causas da ocorrência de fis- A distribuição de tensões de tração ao
suras no concreto de paredes de reservatórios. longo da altura da parede de concreto, de
Dentre elas, podem ser citadas: acordo com o ACI 207 (1995), para relação
a coação externa que ocorre entre a laje entre vão e altura da parede unitária (L/H=1)
do fundo e as paredes do reservatório, pode ser vista na Figura 3a. Nela observa-se
que é o impedimento de deslocamento que os maiores valores de tensões de tração
que a laje de fundo provoca nas paredes ocorrem para distâncias relativas à base da
do reservatório; parede de até 0,5. No caso de L/H =4, estas
a coação interna entre os agregados tensões atingem valores ainda maiores, con-
graúdos e a argamassa, ocorrendo por forme mostra Figura 3b.
20 REVISTA CONCRETo
Essas tensões de tração podem ser calcu-
ladas utilizando a seguinte equação:
Onde:
– Ec é o módulo de elasticidade longitudinal
do concreto;
– εcs é a deformação de retração térmica do
concreto, dada por:
Sendo:
– a o coeficiente de dilatação térmica
do concreto;
– Dt a variação térmica;
– Kr é o coeficiente de impedimento
de deslocamento.
4. Deformações de tração
em paredes de concreto
OBRAS DE SANEAMENTO
Na Figura 4 pode ser visto um exemplo
Onde: de ocorrência de fissuras em barreira rodoviá-
– L é o vão da parede; ria com base fixa, similar ao que acontece em
– H é a altura total da parede; paredes de um reservatório.
– d é a distância medida a partir da base A taxa de armadura interna da barreira
da parede. era igual a 0,40% e os valores medidos de aber-
tura média de fissura e de espaçamento entre
Para o caso de L/H = 4, fissuras eram de 0,20 mm e 800 mm.
Fazendo a relação entre a abertura
média de fissura e o espaçamento entre fissu-
ras, tem-se a deformação média do concreto
à tração igual a 0,25 ‰, cujo valor é similar ao
encontrado em obras de concreto com retração
térmica. Caso não houvesse travamento da base
da barreira rodoviária, não teria havido esta
deformação do concreto à tração. Com o uso da
Equação 2, considerando e iguais a 10-5 oC e 25
o
C, chega-se a mesmo valor para de 0,25 ‰.
REVISTA CONCRETO 21
Em vista disso, recomenda-se que a varia-
ção térmica entre o início e fim de concretagem
não ultrapasse 25 oC. Para isto, é consenso no meio
técnico que o concreto de paredes de reservatório
deva ser resfriado entre 10 oC e 15 oC antes do
seu lançamento.
Valores de deformação do concreto à
para se evitar ou reduzir a abertura de fissuras
tração em função da resistência do concreto
nas paredes de concreto de reservatórios não
à compressão, obtidos em ensaios de ruptura
enterrados são as seguintes:
por flexão feitos pelo Laboratório de Furnas,
podem ser visualizados na Figura 5.
Em relação ao cimento:
Verifica-se que, para faixa de valores
usar cimento com baixo calor de hidratação
de resistência do concreto à compressão de 20
e com baixo teor de C3A.
MPa a 30 MPa, os valores de deformação do
concreto à tração na ruptura situam-se entre
Em relação à temperatura:
0,20 ‰ e 0,25 ‰, cujos valores são os adotados
utilizar gelo na água de mistura de
para concreto de parede de reservatório na
concreto, tal que a temperatura de
idade de 28 dias.
lançamento do concreto seja cerca de 15 oC;
Resultados deformação do concreto à
resfriar o concreto lançado com água
tração em função da resistência do concreto à
gelada circulando em serpentinas;
tração na flexão, provenientes de ensaios de
ruptura por flexão de vigotas de concreto feitos
entre os anos de 1903 e 2002, estão reunidos
na Figura 6.
Observa-se que, para valores de resis-
tência do concreto à tração na flexão entre 2,5
MPa e 4,5 MPa, valores estes compatíveis para
concretos de resistência à compressão de cerca
de 20 MPa a 30 MPa, os valores de deformação
do concreto à tração variam de 0,15 ‰ a 0,25
‰. Apesar da evolução do tempo de cerca de
cem anos, o concreto continua apresentando
valor médio para sua deformação à tração em
torno de 0,20 ‰.
22 REVISTA CONCRETo
resfriar o concreto da parede, junto da não usar fôrmas de aço, pois resfriam
laje do fundo. Não é necessário resfriar o muito rapidamente o concreto.
concreto no topo da parede.
Em relação à armadura interna:
Em relação às fôrmas: distribuir a armadura em várias camadas e
empregar fôrmas de madeira com duas não apenas nas duas faces externas;
folhas, formando uma câmara interna de espaçar as barras da armadura em torno
ar confinado. Esse ar confinado serve como de 7 φ ;
isolamento térmico. O resfriamento é adotar taxa de armadura total de
muito mais lento e o concreto tem tempo ferro horizontal de costela igual a
para ganhar resistência à tração; 1,5 %, que é aproximadamente
retirar as fôrmas após uma redução lenta igual à taxa usada nas zonas tracionadas
da temperatura no concreto; de vigas de concreto.
Referências Bibliográficas
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 1995, Effect of Restraint, Volume Change, and Reinforcement on Cracking
of Mass Concrete, ACI Committee 207.2R.
CARLSON, R. W., READING, W. L., 1988, Model Study of Shrinkage Cracking in Concrete Building,
ACI Structural Journal, v. 85, issue 4, jul., pp. 395-404.
Cusson, D., Repette, W. L., 2000, Early Age Cracking in Reconstructed Concrete Bridge Barrier Walls,
ACI Materials Journal, July-August.
Pacelli, W. A., 1997, Concretos - Ensaios e Propriedades, Laboratório de Concreto, Furnas, Editora Pini.
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as atuais normas brasileiras de Concreto
O curso irá abordar temas como fluxo dos materiais (ensaios em uma central Apresenta o estado da arte em patologia e durabilidade do concreto. Expõe a
dosadora); tecnologia do concreto; definição de concreto; concretos especiais; metodologia de inspeção, diagnóstico e prognóstico. Discute, através de estudos
responsabilidades (NBR 12655); agressividade do meio ambiente (NBR 6118); de casos, a importância da realização de um diagnóstico correto para o sucesso
especificação e aceitação do concreto. de uma intervenção.
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Introdução
24 REVISTA CONCRETo
Instalação da barra de pára-raios (Re Bar TEL-760) em fundações profundas (h > 5m)
galvanizada a fogo (tab.4 da Norma), dentro pois a acidez deste poderá corroer a barra.
de todos os pilares da torre do prédio desde a A “Re Bar” tem 3,40m x ∅ 10mm (3/8”) lisa
fundação até o ponto mais alto. e sempre que seja necessário deverá ser emenda-
da com a próxima “Re Bar” . Esta emenda deverá
ser feita com um transpasse de 20 cm assegurada
por 3 clips 3/8” também galvanizados.
REVISTA CONCRETO 25
A “Re Bar” deverá ser instalada na hori- aterramento, principalmente porque estes são
zontal, dentro do cintamento (vigas baldrames), emendados com solda elétrica durante a sua
interligando todas as ReBar que passam pelas cravação. A barra deverá ser soldada no topo do
fundações, formando um anel externo e even- trilho, atravessar o bloco e entrar nos pilares.
tualmente também fechamentos internos, de No caso de fundação direta, deverá ser
modo a garantir que todos os pilares da torre adotado o mesmo critério que consiste no refor-
do prédio sejam interligados. ço horizontal através da colocação da re-bar no
Não é necessário colocar a barra em cintamento/ coroamento (viga baldrame).
todas as fundações, bastando apenas uma No caso da estaca pré-moldada de con-
fundação para cada pilar; assim, o número de creto (centrifugada), o procedimento será o
fundações aterradas coincide com o número de mesmo da estaca trilho.
pilares do pavimento tipo.
Sempre que exista cruzamento de ferra- Descidas
gens verticais dos pilares com ferragens horizon-
tais das vigas, lajes e blocos, a “Re Bar” deverá As descidas serão executadas através da
ser obrigatoriamente ligada, através de ferro colocação de uma RE-BAR em todos os pilares
comum em forma de “ L” com 20cm por 20cm, do corpo do prédio. Esta barra será fixada nos
amarrado com arame PG7 (arame recozido, co- estribos do pilar, correndo paralela às demais
mum), e as demais ferragens verticais deverão ferragens estruturais. Nos pilares externos (de
ser amarradas em posições alternadas (uma sim, fachada) deverá haver a preocupação de colo-
uma não), conforme figuras seguintes. car a RE-BAR na face mais externa do pilar, de
Estas amarrações deverão ser repetidas modo a receber as descargas laterais que só
em todas as lajes, com todos os pilares que per- atingem estes. Nos pilares internos, sua localiza-
tencem ao corpo do prédio. Salienta-se que a ção poderá ser em qualquer face, porém sempre
execução deste procedimento não gera custos dentro do estribo, sem invadir o cobrimento .
adicionais, pois os ferros em “L” são aproveita- No cruzamento das ferragens verticais
dos das sobras de outros ferros e a mão de obra (pilares) com as horizontais (Vigas e lajes), estes
é muito pouca. Nas grandes construtoras, este deverão ser amarrados com ferros da constru-
método já virou cultura e rotina de obra. ção com diâmetro de 8mm a 10mm , conforme
No caso de fundação com trilho metálico, fig. 19 e 20, obedecendo sempre que, em pri-
é dispensada o uso da barra adicional (re-bar) meiro lugar, deverá ser amarrada a RE-BAR e
na fundação, pois o próprio trilho já substitui o depois as demais barras verticais, uma sim, uma
26 REVISTA CONCRETo
Perspectiva da instalação da barra do pára-raios nas vigas e tubulões de fundações rasas (h <= 5m)
não, alternadamente . Esta etapa, bem como a cobre nú #35mm2 ou Barra chata de
fundação, deve ser executada pela construtora Alumínio ref. TEL-770 (por questões
para minimizar os custos. estéticas).
Ao se chegar na última laje tipo, alguns Captação por cima – Nos locais onde
pilares irão morrer, outros irão continuar e ou- não existe fácil acesso ao público, as Barras
tros irão nascer . Os pilares que morrem deve- deverão sair por cima dos parapeitos
rão ser interligados com os que sobem para os (telhado de cobertura, casas de máquinas,
níveis superiores. Esta interligação é feita com tampa de caixa d’água , etc.) e ser
RE-BAR na horizontal, dentro da laje e vigas interligadas com cabo de cobre #35mm2
(ver exemplo abaixo) e todas as emendas da na horizontal (ver desenho). Neste caso
RE-BAR serão feitas com 3 clips. não é necessário o uso da barra chata de
alumínio, pois, como os cabos vão ficar
Captação por cima dos parapeitos, não tem
problema estético, uma vez que são áreas
A captação consiste basicamente na onde somente o pessoal de manutenção
interligação horizontal das RE-BARs que estive- tem acesso.
rem aflorando no topo do prédio. Esta captação
se divide em 2 tipos: Equalizações de potenciais
Captação por fora, ou seja, nos locais onde
existe acesso de público, a barra deverá ser A equalização de potenciais se divide
direcionada para o lado de fora do em dois itens:
TECNOLOGIA
REVISTA CONCRETO 27
de fita perfurada estanhada
no piso do cubículo, de modo
a que os botijões de gás sem-
pre estejam em contato direto
com a fita. A tubulação metá-
lica que sai da central de gás
para distribuir para o prédio
também deverá ser aterrada
ainda dentro do cubículo com
a fita perfurada estanhada,
assim como o portão metálico
da central de gás. Após todas
estas estruturas aterradas, este
conjunto deverá ser interligado
com a ferragem da lage, no
ponto mais próximo da central
(ver desenho).
Esta medida tem como
objetivo equalizar os poten-
ciais das diferentes estruturas
metálicas (botijões, portões e
tubulações), evitando, assim, a
possibilidade de centelhamen-
to e possível explosão. A norma
não aborda este assunto espe-
cificamente, pois, em cidades
como São Paulo, a maioria do
gás é canalizado e nem sempre
Detalhes das amarrações entre “Re Bars” e ferragens verticais com ferragens horizontais existe a central de gás.
b) Equalização no nível dos
da concessionária telefônica) e do QDG (qua- anéis horizontais deverá ser
dro da concessionária de energia elétrica) e executada do seguinte modo:
interligar a caixa a qualquer ferragem do A cada 20 metros de altura a partir
pilar, quebrando cuidadosamente qualquer do solo (onde seriam os anéis de cintamento
quina do pilar até remover o cobrimento horizontal no SISTEMA EXTERNO/EMBU-
deste. TIDO), deverão ser feitas as equalizações
Conectar os aterramentos telefônico e de potenciais
elétrico na caixa de equalização de potenciais, A caixa de equalização TEL-901 deverá ser
através de cabo de cobre isolado (750V) #16mm2. locada de preferência no Hall do andar (embutida
Esta conexão deverá ser feita na haste mais pró- na parede a ± 20 cm do piso), interligada através
xima de cada um dos aterramentos, lembrando de fita perfurada estanhada na ferragem da lage
que, caso existam outros aterramentos (eleva- mais próxima e na carcaça metálica do QDC (qua-
dores, interfone, etc.), o procedimento será o dro de distribuição de circuitos ) do apartamento
mesmo. mais próximo. Se os circuitos elétricos possuem
Interligar todas as massa metálicas (Pru- fio “terra”, não é necessário interligar os outros
madas de incêndio, recalque, tubos de gás, água QDCs do andar, visto já estarem equalizados por
quente, guias do elevador e contrapeso, etc.) na
este, caso contrário, todos os QDCs deverão ser
caixa de equalização, através de cabo de cobre
levados à caixa de equalização, através de cabo de
nu #35mm2 (também poderá ser encapado) . A
cobre encapado #16mm2, passando por baixo do
conexão com as respectivas tubulações deverá ser
feita com a fita perfurada de latão estanhada ref. contrapiso (ou barroteamento) do andar.
TEL-750 para abraçar tubos com diferentes diâ- As demais massas (Prumadas de Incên-
metros. Para a tubulação de incêndio e recalque, dio, recalque, água quente, gás, guias dos ele-
é recomendável que estas sejam aterradas no vadores e contrapesos, etc) poderão ser ligadas
subsolo com uma haste e depois equalizada. diretamente nas ferragens das lajes, através de
A central de gás normalmente localizada fita perfurada estanhada ou na caixa de equa-
no pilotis deverá aterrada, através do lançamento lização, dependendo da distância.
28 REVISTA CONCRETo
Amarração do vergalhão do pára-raios com outras Amarração dos vergalhões estruturais dos pilares com
ferragens próximas outras ferragens próximas (lages ou vigas), 1 sim, 1
não, alternadamente
TECNOLOGIA
REVISTA CONCRETO 29
Sugestão de ligações na caixa de equalização para embutir TEL-901
30 REVISTA CONCRETo
REVISTA CONCRETO
31
OBRAS DE SANEAMENTO
Estruturas de concreto para obras
de saneamento: a necessidade de
normalização específica
José Márcio Calixto e Ronaldo Chaves
UFMG
Fausto Ribeiro
ABECE/BH
32 REVISTA CONCRETo
de serviços de saneamento básico. Nunca se in- norma NBR 7187 - Projeto de pontes de concreto
vestiu tanto no setor como nos últimos anos. A armado e de concreto protendido – Procedimento,
sociedade espera que estes investimentos sejam fixa exigências específicas aos projetos estruturais
duradouros para que o problema seja, se não de pontes em concreto. Já uma edificação residen-
eliminado, pelo menos reduzido a um patamar cial, salvo situações excepcionais, pode dispensar
mínimo condizente com a dignidade humana. tal verificação.
Diante deste quadro de significativos Existe uma importante lacuna hoje, na
aportes financeiros destinados ao setor, o normalização brasileira, já que não temos ainda
profissional de engenharia possui um papel uma norma específica para os projetos de estru-
fundamental. Cabe a ele garantir o máximo de turas de concreto para obras ditas hidráulicas e
eficiência na aplicação destes recursos, que tan- de saneamento. Tal fato acaba por induzir alguns
to custam à nação. É preciso que a técnica seja projetistas a adotarem critérios não apropriados
utilizada com todo esmero para que evitemos a estes tipos de estruturas, tais como:
desperdícios decorrentes de projetos e obras mal Limite máximo de abertura de fissuras de flexão;
executados. Tão ruim quanto não fazer, é fazer Cobrimentos da armadura;
errado e precisar consertar em seguida, implican- Resistência mínima do concreto;
do em recursos gastos em duplicidade. Armadura de retração;
Grande parte das unidades de saneamen- Espessura mínima de paredes de reservatórios;
to destinadas ao tratamento de água e esgoto é Taxa mínima/máxima de armadura.
construída em concreto. Logo, é fácil entender a Seria importante também um estudo mais
importância do papel exercido por toda a cadeia aprofundado e recomendações bem específicas
produtiva do setor, que envolve cimenteiras, con- para a construção das estruturas hidráulicas a
creteiras, fornecedores de insumos, construtoras, fim de atender a durabilidade e estanqueidade,
projetistas, órgãos reguladores e fiscalizadores, desde a dosagem e classe do concreto, especi-
laboratórios de controle, etc. O resultado final só ficação de agregados e aditivos, relação água
será satisfatório se todos os elos desta corrente /cimento, transporte, lançamento, adensamento
funcionarem com eficiência. e cura. Sem esquecer também das soluções para
os escoramentos, fôrmas e juntas.
Uma preocupação constante também é a
Normalização das obras de saneamento necessidade de novas soluções hidráulicas a fim
de compatibilizar as exigências do projeto básico
às novas considerações de dimensionamento das
Um dos elos mais importantes trata-se, peças estruturais. Tais como nichos para apoio das
sem dúvida, do projeto estrutural. É possível comportas, calhas internas, vigas e pilares atenden-
consertar um erro cometido em obra quando do às dimensões mínimas.
se tem um bom projeto estrutural, porém se Estas preocupações são resultado de
o mesmo for mal executado, as conseqüências consenso entre pesquisadores, projetistas,
serão percebidas por toda a vida útil da unidade, construtores, fornecedores e equipes técnicas
por mais que se tente eliminá-las. de concessionárias de água e esgoto reunidos
OBRAS DE SANEAMENTO
O projeto estrutural de qualquer edificação no 1° Seminário Estruturas de Concreto para
em concreto no Brasil hoje, é regido pelas pres- Obras de Saneamento (SECOS), promovido pela
crições constantes da norma NBR 6118 – Projeto ABECE – Associação Brasileira de Engenharia e
de Estruturas de Concreto – Procedimento, cuja Consultoria Estrutural e COPASA – Companhia
versão em vigor é a de 2003, corrigida em 31 de de Saneamento de Minas Gerais, em Belo Ho-
março de 2004. Esta norma estabelece os requi- rizonte, em maio de 2006.
sitos básicos exigíveis para projeto de estruturas Como ponto de partida, vale lembrar que
de concreto simples, armado e protendido, de o American Concrete Institute (ACI) já possui uma
uma maneira genérica, não entrando no mérito especificação própria para execução das obras de
do tipo de utilização final da edificação. Ocorre saneamento denominada “ACI 350 – Code Requi-
que existem recomendações que são específicas a rements for Environmental Engineering Concrete
certos tipos de estruturas e têm menor importância Structures”. A justificativa para sua existência
para outras. No caso de uma ponte rodoviária, é está mencionada na própria introdução desta
fundamental que seja dimensionada para resistir especificação: em relação a edifícios usuais, as
às oscilações de esforços provenientes do trânsito estruturas de obras de saneamento estão sujeitas
de veículos, de maneira a evitar a ocorrência do aos carregamentos diferenciados, condições mais
fenômeno de ruptura por fadiga de materiais, e severas de exposição e critérios mais restritivos
complementando às prescrições da NBR 6118, a para a situação de serviço. Os carregamentos di-
REVISTA CONCRETO 33
ferenciados incluem, além de cargas permanentes Construtores;
e acidentais, cargas dinâmicas devido a equipa- Fornecedores de equipamentos;
mentos eletromecânicos (por exemplo, bombas, Fiscalização;
geradores, motores), bem como ao próprio fluxo Concessionárias e/ou proprietários
da água. A presença de agentes químicos agressi- dos empreendimentos;
vos em contato direto com o concreto e os ciclos de Operadores;
molhagem e secagem são exemplos das condições Manutenção;
mais severas de exposição. Como critério de serviço, Agências de fomentos de recursos.
a necessidade de estanqueidade é uma premissa Neste sentido, a COPASA – Companhia
básica destas construções. de Saneamento de Minas Gerais, visando ob-
É fundamental que as estruturas hidráu- ter estruturas estanques, duráveis, com alta
licas sejam projetadas e executadas visando qualidade construtiva e técnica elaborou uma
aliar a condição de máxima durabilidade, com norma interna que está em vigor desde 1994,
o mínimo de manutenção. Toda interrupção de cuja nomenclatura é T 175, fixando as condições
uma unidade em operação é acompanhada de exigíveis para projeto, execução, fiscalização,
custos elevados e transtornos para os clientes. controle e recebimento de materiais e manu-
Como tais estruturas estão expostas a condições tenção de estruturas de concreto em obras de
mais severas de agressividade do que as demais saneamento. Porém, é imprescindível a ela-
edificações, seus requisitos de desempenho boração de um documento com abrangência
devem ser igualmente mais rigorosos. nacional, que servirá para a unificação dos
Portanto, uma normalização específica critérios adotados, além de servir de excelen-
para estruturas de concreto para saneamento te oportunidade para compartilhamento de
não é só uma necessidade dos projetistas. Vários informações e experiências. Com certeza, os
outros segmentos fazem parte desta cadeia disputados recursos financeiros passarão a ser
produtiva, onde um procedimento específico aplicados com maior eficiência, o que tornará
resultaria em um produto final com mais du- viável a oferta dos serviços de saneamento bá-
rabilidade e segurança. Seriam eles: sico a uma maior parcela da população.
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Master em Produção de Estruturas de Concreto
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Práticas de Projeto e Execução de Edifícios Protendidos Dimensionamento de elementos estruturais pela NBR 6118
O curso discorre sobre as vantagens para a arquitetura e para a engenharia da O curso apresenta uma visão geral das mudanças introduzidas pela NBR 6118 no
adoção das lajes protendidas. Apresenta as particularidades do projeto e execução dimensionamento de elementos estruturais como lajes, vigas e pilares. Avalia a
deste tipo de obra. Mostra os novos conceitos, materiais e equipamentos utilizados. importância da adoção de dimensões mínimas em elementos de concreto. Discute
Analisa o estado da arte no Brasil e as perspectivas de desenvolvimento. sobre o estado da arte e as perspectivas de desenvolvimento do cálculo estrutural.
Eugenio Luiz Cauduro Túlio Nogueira Bittencourt
Engenheiro Consultor, especialista em protensão, reconhecido pelo destaque na Professor Associado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. PhD em
introdução e desenvolvimento desta técnica no Brasil Engenharia Estrutural pela Cornell Univeristy (EUA)
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Engenheiro Projetista, especialista em estruturas protendidas com mais de 200
projetos realizados
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REVISTA CONCRETO 35
NOTA – este subsistema deverá ser inte-
grado ao subsistema captor.
ANEXO E (normativo)
Ensaio de continuidade de armaduras
36 REVISTA CONCRETo
volume de concreto. Sendo “ρ” a resistividade especiais também nas cintas, o que tornará o
elétrica, a resistência de terra de uma fundação conjunto no melhor sistema de aterramento
rasa, molhada, é obtida da expressão, onde “V” da atualidade.
é o volume de concreto: R= 2 ρ/π2 V1/3 10) Por exigência de normas específicas
5) Sendo de alta freqüência as correntes todo sistema de pára-raios deve estar devidamen-
dos raios o caminho percorrido ao longo de te aterrado e facilitar a medição de resistência
uma barra será a sua superfície externa, e não de terra, através de caixas de inspeção no solo
foram encontradas diferenças nas tensões de – no último subsolo para prédios – para acesso
aderência entre a barra – submetida a passa- às hastes de cobre cravadas na terra e que estão
gens de correntes de impulso- e o concreto em interligadas aos cabos do pára raios.
experiências realizadas na USP. Sublinhei para 11) Inspeções obrigatórias.
o que será dito mais adiante. a) Inspeção visual, anual, de todos os compo-
6) Nas obras de concreto armado não nentes do SPDA, para verificar se estão em
há necessidade de fixar, rigidamente, umas bom estado, as conexões firmes e livres de
nas outras, as barras a serem emendadas por corrosão.
traspasse. No caso de aproveitá-las como parte b) inspeções periódicas, completas, de acordo
do SPDA elas terão que se manter rigidamente com a Norma, em intervalos de:
fixadas porque, se não existir um perfeito con- b.1 – cinco anos para estruturas destinadas a
tato entre as barras emendadas, fatalmente fins residenciais, comerciais, administrativos,
surgirá um arco elétrico (de uma para a outra) agrícolas e industriais, excetuando-se as áreas
que, em questão de segundos, eliminará a classificadas como de risco de incêndio ou ex-
água do concreto com riscos de sérios danos plosão;
ao pilar. Ensaios de laboratório demonstraram b.2 – três anos para estruturas destinadas a
que junções de barras com resistências de con- grandes concentrações públicas, como hospitais,
tato acima de 5-10 Ω não resistem a correntes escolas, teatros, cinemas, estádios esportivos,
de impulso acima de 50kA. shoppings, pavilhões e outros; indústrias conten-
7) No caso de barras utilizadas para es- do áreas com risco de explosão, conforme a NBR
coar, também, correntes de curto circuito – 5kA 9518, e depósitos de materiais inflamáveis;
escoando em até 5 segundos – a barra do pilar b.3 – um ano para estruturas contendo muni-
poderá aquecer a 700o C comprometendo a sua ções ou explosivos.
aderência no concreto – citada no item 5. Nota: em locais expostos à corrosão
8) No caso de sapatas serem utilizadas severa o intervalo entre as inspeções deve ser
para o aterramento, têm que ser levados em adequadamente reduzido.
consideração os resultados de testes realizados Na fase de projeto do SPDA deverá ser
em laboratórios que concluíram o seguinte so- avaliada a resistividade do solo de uma de-
bre a possibilidade de danos ao concreto sob terminada área, e o procedimento padronizado
a ação de alguns valores da corrente elétrica pela ABNT é o método de Wenner. Baseado
gerada pelo raio: nesses resultados o projetista definirá o melhor
a) nenhum dano se < 5A/cm2; sistema de aterramento para o SPDA. O aterra-
b) alguns danos se > 10A/cm2 e < 15A/cm2 mento dos pára-raios deverá ser integrado ao
c) poderá comprometer o concreto se > 15A/cm2 aterramento das instalações elétricas – exceto
9) Existem recomendações de especialis- para computadores – para constituírem um
tas nessa área de SPDA para que se utilizem com sistema único de proteção equipotencial.
segurança as barras de pilares como proteção Influenciam na resistividade do solo
de raios, dentro da realidade brasileira. a sua composição química e a umidade. Se a
a)Todos os pilares terão uma barra especial – resistividade for alta o aterramento usando,
desconsiderada no dimensionamento – emenda- somente, as fundações, poderá ser insuficiente
da por soldagem ou conectores especiais; arma- e carecerá de estudos mais abrangentes que
duras específicas, contínuas, a serem conectadas envolvem a inserção de hastes complementares
nas barras dos pilares, serão inseridas, também, vinculadas a armaduras.
TECNOLOGIA
REVISTA CONCRETO 37
de baixo para cima por ventos fortes, dá ori- monumentos, não encontramos justificativas
gem a grandes quantidades de cargas elétri- – avaliando o parâmetro risco/benefício que
cas positivas que se posicionam no topo das imponham a sua embutidura, se considerarmos
nuvens, e negativas que se posicionam nas os itens seguintes.
suas bases. A migração de cargas positivas da 3 – A mão de obra brasileira não está
terra para a nuvem desencadeia o processo preparada, ainda, para atuar dentro da tecnolo-
elétrico do qual resulta uma faísca que se gia que o procedimento de usar barras comuns
chama raio. de pilares (lajes, vigas, etc.) requer.
2 – O conhecido “poder das pontas” 4 – Não há confiabilidade - no Brasil
tende a atrair os raios para os pontos mais al- como um todo – na sistemática de aferimento
tos dos edifícios onde se instalam os pára-raios do sistema projetado por profissionais espe-
– dispositivo criado por Benjamim Franklin cializados, mas executado em canteiros de
– composto de uma haste implantada no topo obras sem mão de obra qualificada, sem afe-
dos edifícios, um cabo de descida e um ater- rição coerente da resistividade e resistência
ramento profundo para evitar que a difusão do solo, e de peças estruturais.
superficial da descarga elétrica afete homens 5 – Há riscos de danos sérios – ao homem,
e animais nas suas cercanias. à edificação, e equipamentos – se o sistema não
3 – Durante a condução do raio ao longo for tecnicamente implantado, coerentemente
do cabo de descida forma-se, no entorno, um aferido e periodicamente inspecionado.
campo magnético que, se variável, induz tensão 6 – A eliminação do fio terra do projeto
em qualquer material condutor de eletricidade elétrico visa economizar no custo de eletrodutos
que esteja nas proximidades, podendo gerar – ao invés de três fios, conduzirão dois – que te-
o centelhamento pelo ar, ou pelo interior de rão menor diâmetro, e gera um risco potencial
paredes, com riscos de incêndio e ao próprio se barras da estrutura forem, também, usadas
homem. Daí a importância da equipotenciali- como hastes de pára-raios.
zação do conjunto. 7 – As estruturas de instituições de aná-
4 – Está se tornando usual a eliminação lise de projetos e fiscalização – no caso mais
do fio terra – da base ao topo do edifício – que comum, o Corpo de Bombeiros – não estão,
é substituído por um aterramento em barras ainda, preparadas para opinar sobre a coerência
dos pilares. Nesse caso, não só a corrente de desse sistema de SPDA.
impulso gerada pelo raio atuará no edifício, 8 – Há indicativos do mau funciona-
mas, também a de curto circuito, com riscos a mento de equipamentos eletrônicos de pre-
usuários, e de danos a equipamentos eletro- cisão – onde o sistema foi empregado sem
eletrônicos, e à própria estrutura. critérios precisos – e os campos magnéticos
5 – Ficou claro – dentro das exigências gerados podem afetar o uso de aparelhos
normativas – que o uso de barras dos pilares em celulares. Servirá como teste - para quem
substituição das hastes metálicas, externas, do mora em apartamentos e tem áreas onde
conhecido pára-raios de Franklin é uma opção os celulares não funcionam – verificar se o
factível obedecidos todos os condicionantes acima aterramento elétrico está usando barras de
relacionados que envolvem os pilares, vigas, lajes, armaduras.
vigas baldrames e sapatas. Se, no dimensionamento e na execução
de peças de concreto armado, as normas em
vigor nem sempre são obedecidas – ou integral-
Conclusões mente dominadas por engenheiros de obras
– poderá ser uma temeridade utilizar um Siste-
ma de Proteção Contra Descargas Atmosféricas
1 – A orientação das normas ficou clara – SPDA utilizando barras comuns das armaduras
para obras novas, recomendando a inserção dos pilares como parte do SPDA cuja eficiência
de uma barra especial, complementar, contí- só será testada durante tempestades elétricas
nua, desde o topo até a base da edificação; dá como a da foto.
como opção a utilização de barras comuns das Como o sistema proposto pela norma
armaduras de pilares sob os cuidados acima é polêmico, envolve, também, o Calculista
requeridos. de Estruturas, e está sendo utilizado em
2 – Grande parte dos pára-ráios existen- grande escala Brasil afora, entendemos
tes em edifícios é inócua porque eles não estão como pertinente sugerir a ampla discussão
associados a malhas que formam a gaiola de do assunto durante uma Jornada de Estru-
Faraday. Salvo exigências arquitetônicas em turas ou do IBRACON.
38 REVISTA CONCRETo
Estação de tratamento de esgoto
do Ribeirão Arrudas – aspectos de
projeto e construtivos
Ana Paula Reis
Milva Galdina
Carlos A. C. d’Ávila
Companhia de Saneamento de Minas Gerais
OBRAS DE SANEAMENTO
Arrudas, que como agravante, recebe efluentes que foram detalhadamente estudados, tanto no
industriais em seu leito. Com base nos princípios que se refere ao projeto estrutural quanto às pe-
ambientais de esgotamento sanitário e com o culiaridades adotadas durante sua execução, com
REVISTA CONCRETO 39
por um tratamento preliminar que é o
responsável pela retenção de sólidos de
maiores dimensões, materiais flutuantes
e materiais inorgânicos arenosos que se
encontram contidos no esgoto. Através
de um emissário de concreto armado, o
efluente deste tratamento preliminar
é conduzido em conduto forçado aos
decantadores primários [1], responsáveis
pela remoção dos sólidos em suspensão
sedimentáveis e os sólidos em suspensão
flutuantes. O líquido decantado é então
encaminhado aos tanques de aeração
[2], de onde será removida a matéria
orgânica pela ação de microorganismos
aeróbios, formando uma biomassa em
suspensão que será submetida à aeração
artificial mediante fornecimento de oxi-
gênio. Dando seqüência ao tratamento,
o líquido é conduzido aos decantadores
secundários [3], onde ocorre a separação
sólido/líquido do efluente do tanque de
aeração com dupla finalidade: remover
sólidos em suspensão para clarificar
o esgoto tratado e encaminhá-lo ao
Arrudas; e concentrar o lodo no fundo
dos decantadores. Na fase sólida, duas
elevatórias enviam o excesso de lodo pro-
duzido no processo para os adensadores
[4], enquanto a terceira recircula conti-
nuamente o lodo do fundo dos decan-
tadores secundários para os tanques de
aeração. Finalizando a fase sólida, o lodo
o objetivo único de garantir o sucesso de sua ope- sai dos adensadores e são conduzidos aos
ração, através da estanqueidade das estruturas, do digestores anaeróbios primários e secundário[5],
aumento da vida útil e durabilidade das mesmas. onde ocorre a estabilização da matéria orgânica e
a redução dos sólidos voláteis, criando condições
favoráveis para a desidratação do lodo. A partir
2. Projeto e execução das daqui, o lodo é submetido à desidratação mecânica
estruturas de concreto armado [6]. Este processo pode ser ilustrado e observado no
organograma, esboço e figura 1.
40 REVISTA CONCRETo
OBRAS DE SANEAMENTO
padrões de segurança, na concretagem e,
estabilidade e quali- conseqüentemente,o
dade desejáveis, além surgimento de pe-
da Norma Brasileira quenas fissuras nas
6118 – Projeto de Es- Figura 2 – Densidade de armadura paredes, além de al-
trutura em Concreto, gumas segregações
é adotada uma norma localizadas, sobretudo
interna da COPASA, a em locais onde havia
T 175/1 – “Norma para junta de dilatação,
Projeto e Execução das conforme figura 4.
Estruturas de Concreto Essa elevada
para Obras de Sanea- densidade de arma-
mento”, que vem a ser dura foi ligeiramen-
um complemento da te alterada na etapa
NBR6118, priorizan- seguinte (tanques de
do especificidades das aeração, decantado-
estruturas em contato res secundários), onde
com um meio agressi- se optou por redimen-
REVISTA CONCRETO 41
42 REVISTA CONCRETo
Foi exigido um plano de concretagem,
onde ficou definida a ordem de concretagem
das partes da estrutura; o volume a concretar
e a duração das concretagens; o equipamento
necessário para o lançamento, adensamento e
o pessoal necessário para cada tarefa; o traço
para cada peça e, finalmente, o plano de des-
forma e cura da estrutura.
Para a fixação das fôrmas paralelas, foi
utilizado um sistema de união de faces opostas
do tipo trespassante. O tirante fica envolto em
um tubo de PVC e, após a desforma, ambos
eram retirados simultaneamente. Em obras de
edificações ou onde a estanqueidade não seja
primordial, este é um procedimento comum e
Figura 6 – Execução das estacas – Tanques de Aeração sem grande importância. No entanto, em se
tratando deste tipo de estrutura, cada furo era
cnom, entre outros) estão explicitados nas no- tratado com especial cuidado. Após a retirada
tas de cada prancha (desenho), objetivando do tirante e do PVC, cada furo foi preenchido
oferecer o maior número de informações ao com “grout”, devidamente adensado, de ma-
executante. neira a garantir a estanqueidade da unidade
Numa obra de grande porte, faz parte em questão.
dos cuidados especiais e dos critérios específicos No caso dos digestores, optou-se por
de projeto, a apresentação do método execu- utilizar o sistema de protensão. Devido a este
tivo. Consideramos que um bom projeto está processo adotado, foi grande a dificuldade em
diretamente associado a um bom planejamen- se fazer a concretagem das paredes, uma vez
to, o que certamente incidirá em uma melhoria que a espessura das mesmas era de apenas 25
na qualidade da execução. cm e considerando a dimensão das cordoalhas,
sobrava-se pouco espaço para executar a vibra-
2.3 Disposições construtivas ção e adensamento do concreto. Outra parti-
cularidade adotada no caso dos digestores foi
No aspecto construtivo, são inúmeras o uso da tecnologia de fôrmas deslizantes, de
as peculiaridades de uma obra deste porte. A matriz francesa, que permitia erguer as paredes
norma T175/ define parâmetros relacionados dos tanques a um ritmo de 20 centímetros por
ao procedimento de recebimento em obra dos hora. Este fato permitiu executar cada um dos
diversos materiais e equipamentos, além de digestores de 18 metros de altura em apenas
um critério de armazenamento e controle de três dias. No preenchimento dos furos deixados
qualidade desses materiais. Estão especificados pelos barrões da fôrma deslizante, foi utilizada
todos os ensaios de caracterização que devem uma calda composta por cimento portland de
OBRAS DE SANEAMENTO
ser realizados. alta resistência inicial e um aditivo cristalizante,
de maneira a garantir a aderência e estanquei-
dade do local.
Tanto o lançamento quanto o adensa-
mento do concreto foram executados dentro
dos padrões e recomendações das normas
NBR6118 e T175/1. A altura de queda livre no
lançamento do concreto não podia ultrapassar
1,5m, sendo que, em algumas peças, o concreto
era lançado através de janelas executadas nas
fôrmas. Estas, por sua vez, eram devidamente
preparadas, limpas e saturadas para receber
o concreto. Especial cuidado foi considerado
ao se fazer o adensamento, uma vez que a
densidade da armadura é bastante elevada.
A máxima distância de introdução da agulha
do vibrador era da ordem de dez vezes o diâ-
Figura 7 – Movimentação de terra metro da mesma, não sendo permitido vibrar
REVISTA CONCRETO 43
2.4 Reparos no concreto
44 REVISTA CONCRETo
3. Conclusões
OBRAS DE SANEAMENTO
REVISTA CONCRETO 45
Construção e Saneamento
Samara Miyagi
Austin Asis
A precariedade das condições estruturais montante real investido –, conforme pode ser
do Brasil, como por exemplo nos setores de observado no histórico apresentado na tabela
transportes, habitação e saneamento básico, abaixo, que contém investimentos efetivamen-
inibem diretamente um desenvolvimento mais te realizados.
expressivo da economia. A expansão dos investimentos em infra-
O setor de saneamento, em particular, estrutura, inclusive na área de saneamento,
possui um preocupante déficit de atendimento, deverá refletir diretamente no setor de constru-
em especial nos serviços relacionados a esgoto. ção, com destaque para as grandes obras.
Os resultados insatisfatórios do setor devem-se Um dos segmentos que deverá sentir
principalmente aos reduzidos investimentos, os reflexos positivos é o de tubos de con-
visto que, além de serem insuficientes para cretos, tanto para escoamento sanitário
sanar os problemas existentes, os valores pre- – emissários e redes troncos de esgotamento
vistos nos orçamentos são bem diferentes dos sanitário – como em tubos utilizados na dre-
aplicados efetivamente. nagem fluvial, empregados principalmente
Tendo em vista esse cenário adverso na drenagem de aeroportos, rodovias, gale-
da infra-estrutura nacional, o Governo Fede- rias e bueiros.
ral lançou, no início de 2007, o Programa de Cabe ressaltar que o setor de sanea-
Aceleração de Crescimento (PAC). O principal mento básico poderá atrair a iniciativa privada,
objetivo do programa é aquecer áreas chaves através das Parcerias Público-Privadas (PPPs), já
para um melhor desenvolvimento da economia que nos municípios brasileiros essa é uma área
do País. bastante carente em investimentos.
De acordo com o planejamento original No entanto, como o mercado de sane-
do PAC, o investimento para 2007, somente amento não possui leis eficazes e específicas
nas áreas de habitação e saneamento será de regendo o setor – no que tange a entrada de
R$ 36,3 bilhões, sendo R$ 27,5 bilhões e R$ 8,8 capital privado – o que, conseqüentemente,
bilhões, respectivamente. No setor de sanea- gera muitas incertezas e riscos aos possíveis
mento básico, o projeto prevê um total de R$ investidores, estudos vêm sendo elaborados no
40 bilhões em investimentos, até 2010. intuito de se analisar a viabilidade de investir
Os investimentos anunciados para este em parcerias.
ano representam um considerável incremento Podemos inferir que para que as PPPs
comparativamente aos anos anteriores – em passem a ser uma realidade no setor de sa-
relação ao valor previsto e, possivelmente, no neamento, de modo a incentivar ampliação
46 REVISTA CONCRETo
de obras e maior cobertura de serviços, se faz Em que pese os efeitos do PAC e a his-
necessária uma política de incentivos mais tórica problemática em relação aos atrasos na
eficiente e atrativa para a iniciativa privada implementação efetiva dos recursos disponibi-
– ponto este, pouco explorado na nova lei de lizados, estima-se que os primeiros resultados
saneamento, estabelecida no início de 2007. venham a ser sentidos a partir de 2008.
De uma maneira geral, caso os investi- A partir daí, muitas obras e empreendi-
mentos orçados para a área sejam realmente mentos já deverão ter sido iniciados e, seguindo
empregados, as perspectivas para o setor de essa tendência, novos negócios deverão aquecer o
saneamento serão bastante promissoras. desempenho do setor de construção no Brasil.
MERCADO NACIONAL
REVISTA CONCRETO 47
Tecnologia e produção
de concreto para obras
de saneamento
Oswaldo da Rocha Soares Filho
Retech Serviços Especiais de Engenharia Ltda.
48 REVISTA CONCRETo
das estruturas de concreto”, pode-se enqua-
drar as obras de saneamento, em contato com
água tratada ou esgoto, nas classes III ou IV,
conforme a tabela 6.1 “Classes de agressivi-
dade ambiental”.
Com base nesta classificação, a NBR
12.655, em sua tabela 2 “Correspondência
entre classe de agressividade e qualidade
do concreto”, estabelece, para a Classe de
agressividade III, relação água/cimento ≤ 0,55
e para a classe IV, relação água/cimento ≤
0,45. Na Tabela 3, desta mesma norma, tem-se
a recomendação para “Condições em que é
necessário um concreto de baixa permeabili-
dade à água”, a relação água/cimento deverá
ser ≤ 0,50.
A Norma T.175 da COPASA, define em
sua Tabela 3 – “Parâmetros estabelecidos em
função das condições e local de exposição”:
“Estruturas para Tratamento de Água”:
relação A/C ≤ 0,50
“Estruturas em contato com Esgoto e seus
Gases”: A/C ≤ 0,45.
Estes têm sido os valores, por nós
Foto 2 – medição de slump test após aplicação
do super plastificante adotados, para elaboração das Dosagens
Racionais.
qualidade desejadas. Os volumes produzidos por
betonada são pequenos e o controle de umidade
é bastante difícil por tratar-se de produção de Agregados
concreto por sistema volumétrico. Para estes
casos, é fundamental ter na obra um laboratório
equipado, pelo menos, para execução de ensaios Necessário se faz, inicialmente, uma ava-
de caracterização dos agregados, controle da sua liação na região onde será executada a obra,
umidade, determinação da plasticidade e mol- para conhecimento dos agregados disponíveis,
dagem de corpos de prova. A operação deverá bem como a capacidade de fornecimento de
estar a cargo de um laboratorista experiente cada instalação.
com capacidade para produzir, quando necessá- Em todos os fornecedores que se encon-
rio, ajustes na dosagem. Nesta condição, o uso tram em condições de atender à obra, são cole-
de aditivo super-plastificante, no intuito de se tadas amostras para ensaios de caracterização,
OBRAS DE SANEAMENTO
reduzir as possibilidades de fissuração, material conforme a norma NBR 7211 da ABNT. A partir
importante quando se trabalha com baixos con- destes ensaios, serão definidos os agregados a
sumos de cimento e baixo fator água/cimento, serem utilizados.
seria praticamente impossível. Devido ao peque- Na Central de Concreto os agregados
no tempo “em aberto” que propicia ao concreto, deverão ser estocados em baias separadas, de
seu uso fica difícil em função da velocidade de forma a se impedir a contaminação entre eles.
produção nestas condições. Devem ser cobertos por lona nos períodos chu-
A seguir apresentamos alguns critérios, vosos e homogeneizados antes de se medir a
por nós usados, para o estudo de concretos em umidade. A determinação da umidade deverá
Reservatórios de Água e de Esgoto, em obras ser feita, pelo menos, três vezes ao dia, durante
de porte médio a grande. as concretagens.
REVISTA CONCRETO 49
mento, tem-se utilizado cimentos dos tipos que, normalmente se situa entre 50 e 70 minu-
CPIII, CPIV e CPV-RS ou cimentos especiais com tos, dependendo das condições atmosféricas,
propriedades específicas de baixo calor de das dosagens e dos materiais utilizados. Para
hidratação, resistência a sulfatos, inibidor da se conhecer este parâmetro, estuda-se a perda
reação álcali-agregado e resistências inicial e de abatimento do concreto, em intervalos de
final compatíveis com o prazo de execução ou 15 minutos.
cronograma da obra. Com relação aos agregados é necessá-
rio, para se conseguir um bom funcionamen-
to do policarboxilato, que o teor de finos
Aditivos passando na peneira 0,15 mm, existente no
traço, seja da ordem de 480 kg/m³ do con-
creto. O teor de argamassa usual é da ordem
Os aditivos usados normalmente para de 54%.
estes concretos são: plastificantes, plastificantes Com base nestes parâmetros é possível,
retardadores e super-plastificantes, estes últi- quando a relação A/C = 0,45, trabalhar-se com
mos em geral a base de policarbixilato. consumo de cimento da ordem de 370 kg/m³,
e para A/C = 0,50 com 330 kg/m3, dependendo
dos agregados e do cimento.
Dosagem racional
Central de concreto
Para que se possa atender aos requi-
sitos de durabilidade, estanqueidade e re-
sistência à compressão, a dosagem racional As instalações deverão ser compatíveis
do concreto, devido a sua complexidade, com as características e volumes dos concretos
deverá ser desenvolvida por Laboratório de a serem produzidos. Todos os equipamentos
Tecnologia do Concreto e Materiais, com deverão estar aferidos: as baias deverão ter
experiência comprovada. cobertura e as balanças deverão ter capaci-
Quando se adota uma dosagem de dade de pesar, de uma só vez, os materiais
concreto, previamente estudada em labo- necessários ao carregamento do volume do
ratório, busca-se, numa primeira etapa, a Caminhão-Betoneira.
reprodutibilidade e repetibilidade necessárias O fluxo de entrada e saída dos Ca-
à execução da obra. Desta forma, devem ser minhões Betoneira, na posição de carrega-
levadas em consideração: mento, deverá ser previamente estudado de
As exigências estabelecidas no projeto forma a reduzir ao máximo o tempo de cada
estrutural e nas Normas Técnicas; carregamento e assim melhorar a produtivi-
As características geométricas das peças; dade da Central.
Os materiais disponíveis na região;
O equipamento em que será produzido;
O meio de transporte e a distância entre
o ponto de produção e o de lançamento
do concreto;
As condições de lançamento, inclusive
com relação ao tempo necessário;
O sistema de adensamento a ser adotado,
entre outros.
Quanto à dosagem propriamente dita,
no que tange aos aditivos, normalmente se faz
uso combinado de polifuncional com super-
plastificante a base de policarboxilato. Nestas
condições, o concreto deverá ter inicialmente
uma plasticidade da ordem de 20 a 40 mm,
obtida com a ajuda do polifuncional, devendo
atingir uma plasticidade de 200 a 220 mm com
a adição do policarboxilato.
Uma característica muito importante é
o tempo em aberto (pot life) deste concreto, Foto 3 – medição de espalhamento do concreto – flow
50 REVISTA CONCRETo
Caminhões–betoneira to do concreto, o tempo de aplicação de cada
camada de forma a se evitar junta fria.
OBRAS DE SANEAMENTO
pelo Laboratório responsável pela dosagem.
REVISTA CONCRETO 51
A importância da boa
comunicação na prática
da engenharia
Maria Regina Leoni Schmid
Rudloff Sistema de Protensão Ltda.
1
ROSENFELD, Louis; MORVILLE, Peter. Information
REVISTA CONCRETo
52 Architecture for the World Wide Web. Sebastopol:
O’Reilly&Associates, 1998. p. 11.
O design da informação
O design da infor-
mação visa representar
a informação de forma
estruturada e fiel ao seu
conteúdo original, fa-
zendo uso de técnicas de
design para possibilitar
uma representação este-
ticamente agradável aos
leitores. A disciplina tem
como o seu centro e ponto
de partida o usuário da
informação e busca não
somente orientá-lo, mas
fazê-lo de forma confor-
tável, procurando possi-
bilitá-lo a encontrar as
informações que precisa,
compreendê-las e usá-las
adequadamente.
Sua aplicação nor-
malmente tem funções
tais como auxiliar indiví-
duos no desenvolvimen-
to de atividades especí-
ficas, orientar a solução
de problemas, apresen-
tar materiais informa-
tivos eficientes com um
mínimo de dados, unir
interesses comerciais a
comunicações técnicas.
Seus conceitos são apli-
cáveis na concepção e
produção de materiais
como mapas, manuais de
instrução, painéis de co-
ENSINO DE ENGENHARIA
O custo para se produzir um material de mando, guias, catálogos
comunicação é muito elevado para que técnicos, publicações científicas, materiais
ele necessite ser refeito por não ter sido educativos, sinalizações, softwares, websites
bem organizado. e vários outros.
O custo do treinamento para se usar Design da informação é uma junção de
um sistema é elevado e pode ser reduzido disciplinas, envolvendo pelo menos soluções
através da sua simplificação, com visuais, de escrita e de usabilidade. Assim,
informações apresentadas de forma coerente. disciplinas como o design gráfico, a lingüística
O valor de uma marca não está somente e a arquitetura da informação, entre outras,
associado à estética agradável apresentada estariam para o design da informação, assim
por seu material de comunicação, mas como geometria, cálculo e álgebra estão para a
também à sua eficiência em transmitir matemática, formando um conjunto complexo
informações úteis de forma prática. onde cada elemento é igualmente importante.
O catálogo técnico é uma das diversas Conseqüentemente, para atuar perante as
formas possíveis de manifestação do design da diversas áreas constituintes do design da in-
informação, disciplina que orientou o desenvol- formação, cabe ao profissional uma formação
vimento desta pesquisa. multidisciplinar, além do conhecimento das tec-
REVISTA CONCRETO 53
nologias tratadas em cada produto específico mente por um engenheiro ou por um comuni-
que ele desenvolve. cador. Porém, percebemos que na realidade da
prática da engenharia ocorre que em grande
parte dos casos, tanto comunicadores quanto
A comunicação técnica engenheiros não têm uma formação adequada
para unir comunicação com engenharia e che-
gar a um resultado eficaz.
A comunicação técnica é uma ferramen- Acreditamos que esta é a principal
ta essencial a ambientes técnicos e científicos justificativa para o fato de que em países eu-
para possibilitar a transformação de assuntos ropeus e norte-americanos, onde a prática da
técnicos em informações mais práticas e aces- disciplina comunicação técnica é mais intensa,
síveis, daqueles que as conhecem e dominam, é comum o seu ensino ser responsabilidade de
para aqueles que delas necessitam. Na prática faculdades de tecnologia, e não de comunica-
da engenharia, esta é a forma de comunicação ção. Existe, atualmente, um reconhecimento
que permite a transmissão de resultados de da comunidade científica internacional de
estudos técnicos de maneira clara e compreen- que engenheiros devem estar habilitados
sível, possibilitando o seu entendimento tanto para comunicar, além de atuar tecnicamente.
a profissionais da área, com os mais variados Em se tratando da realidade nacional, porém,
graus de instrução, quanto a leigos. esta mentalidade ainda não é senso comum.
Para ser bem sucedida, esta forma de Através de consulta a diversas faculdades na-
comunicação requer que se leve em conside- cionais de engenharia, constatamos que boa
ração os seus três principais constituintes, que parte delas não possui, em sua grade curricu-
são a mensagem, o emissor e o receptor, de lar, alguma disciplina diretamente voltada à
forma cuidadosa. prática da comunicação técnica ou ao estudo
Ao se tratar de uma comunicação técni- da informação.
ca, existe uma necessidade natural do material Contudo, a percepção de que a atuação
ter um conteúdo relevante, prioritária à ne- do engenheiro no local de trabalho envolve não
cessidade da sua satisfação do ponto de vista somente problemas técnicos parece estar, aos
estético. Enquanto outros tipos de comunicação poucos, mudando o ensino de engenharia. A
podem ser bem sucedidos somente por uma alteração do foco na formação de profissionais
apresentação estética adequada, a comuni- da engenharia, em busca de um profissional
cação técnica requer mais do que isso, ela ne- mais versátil e dinâmico, parece ser uma ten-
cessita gerar credibilidade pelo seu conteúdo. dência mundial.
Uma produção visual excepcional não substitui É importante esclarecermos, porém,
eventual falta de conteúdo técnico. que ao abordar a comunicação em seus cur-
Na transmissão da informação, o fato rículos, a engenharia não tem a pretensão de
de um material possuir deficiências em sua substituir profissionais da comunicação por
apresentação estética, sendo porém legível e engenheiros, uma vez que ambos possuem
confiável no que diz respeito ao seu conteúdo, seus campos de trabalho bem delimitados
não impede a sua utilidade, do ponto de vista e necessitam de anos de formação e prática
da transmissão de informações técnicas. Porém, para adquirir suas habilidades. Não estamos
a recíproca não é verdadeira e, se as deficiências defendendo que atividades profissionais de
estiverem relacionadas ao conteúdo técnico, comunicação sejam feitas por engenheiros,
não há recursos estéticos que possam esconder nem que engenharia seja feita por comuni-
essa realidade e criar a mesma confiabilidade cadores. Porém, o que tem se mostrado como
que informações técnicas proporcionariam. uma necessidade, é que os profissionais de
Mijksenaar2 explica o motivo disto, ao defender comunicação técnica sejam mais especializa-
que a beleza de um material é uma conseqüên- dos para a atividade de “comunicar tecnica-
cia de seus aspectos racionais, e não uma carac- mente”, com a habilidade de possibilitar uma
terística que ocorre de forma independente. transdisciplinaridade entre conhecimentos
de comunicação e conhecimentos do assunto
técnico a ser comunicado. Assim como a for-
O profissional da comunicação técnica mação de engenheiros está se abrindo mais
para o lado da comunicação, seria desejável
que a formação de comunicadores atuantes
No dia-a-dia da engenharia, a comunica- junto à comunicação técnica envolvesse igual-
ção técnica costuma ser desenvolvida principal- mente assuntos mais técnicos.
2
MIJKSENAAR, Paul. Visual function:
54 REVISTA CONCRETo
an introduction to information design. Nova Iorque:
Princeton Architectural Press, 1997. p. 18.
O que defendemos é a presença de de usabilidade e falta de transparência
um profissional mais completo para desen- ao usuário da informação. A análise de
volvimento da comunicação técnica, seja ele documentos existentes pode auxiliar na
engenheiro ou comunicador. Um profissional criação de documentos mais claros.
que tenha domínio do assunto que está sendo Verificar a possibilidade de reduzir a
tratado no material de comunicação e que, informação do material – nem sempre é
além de sua formação convencional, tenha necessário se mostrar tudo de uma só
capacidade de: vez, o que em muitos casos sobrecarrega
Oferecer um material confiável – isso pode
o receptor.
gerar a necessidade de mostrar ao receptor
Ter certeza que a informação promove
fontes oficiais e seguras que geraram as
informações. compreensão e é facilmente integrada,
Pesquisar e aprender através de fontes destacável de ruídos, memorável e
diversas sobre a informação que precisa suficientemente relevante, considerando
ser transmitida. Dificilmente, uma fonte tanto as necessidades do receptor, quanto
única será capaz de sintetizar todos os os objetivos do emissor.
dados que farão parte de uma informação Ter capacidade de dar formas variadas
bem projetada. a uma mesma informação, direcionando-
Entender como a informação que a apropriadamente a diferentes canais,
está sendo criada será experienciada e que podem envolver materiais publicados
comunicada aos receptores. A informação em mídias diversas, impressas ou eletrônicas.
somente tem valor quando comunicada Prever maneiras de medir o impacto
com sucesso. Se não pode ser acessada ou
causado pelas modificações conseqüentes
compreendida, não tem qualquer valor.
Manter-se fiel aos objetivos que a
de um desenvolvimento diferenciado do
informação está direcionada a atender material de comunicação.
durante todo o processo de Estar aberto a toda e qualquer disciplina
desenvolvimento do material. Alcançar do campo de conhecimento, encorajando
os objetivos corretos é a proposta de e participando da prática de pesquisas
informações e a razão pela qual elas sobre a informação, visando compreendê-la
precisam de um design específico. melhor e entender como as pessoas
Estar atento ao contexto e eventuais respondem a ela, como o cérebro humano
funções implícitas no material, a processa e constrói o conhecimento e
normalmente relacionados a organizações. como o homem organiza o conhecimento e
Transformá-los pode significar tanto a o converte em comportamento.
necessidade de alterações na sua aparência,
Percebemos que a atividade de comu-
quanto na forma de funcionamento das
organizações. Pode significar adição de nicar tecnicamente é bastante abrangente
algo novo ao que já existe ou extinção de para ser feita por um único profissional.
algo existente para resultar em uma nova Acreditamos, porém, que isso não pode ser
ENSINO DE ENGENHARIA
forma de circulação de informações. um fator de impedimento ao desenvolvimen-
Entender o contexto político, cultural, to de um bom material, pois na inexistência
social, mercadológico, etc., onde a deste profissional, o desenvolvimento da co-
informação será inserida. Receptores são municação técnica pode ser feito através de
influenciados por fatores externos. um conjunto de profissionais. Esse conjunto
Estar atento ao fato do design de uma boa seria constituído por especialistas em comu-
informação não estar limitado ao produto nicação e especialistas no assunto técnico
final – é necessária atenção para a criação tratado, trabalhando de forma integrada e
e disseminação de informações durante
procurando, através da parceria, superar as
todo o seu desenvolvimento. Se a
suas limitações. Uma exposição de Drucker
informação e a comunicação com o cliente
não forem bem projetadas, é provável que nos possibilita fechar este raciocínio:
a informação não seja transmitida A evolução do conhecimento demanda,
de forma adequada e não alcance a pela primeira vez na história, que pessoas com
compreensão desejada. conhecimentos assumam a responsabilidade
Buscar simplicidade e clareza: materiais de se fazerem compreendidas por pessoas que
muito complexos podem causar problemas não têm a mesma base de conhecimentos. Isso
3
DRUCKER, Peter. Managing in a time of great change. REVISTA CONCRETO 55
Oxford: Butterworth-Heinemann, 1995. p. 208.
requer que as pessoas aprendam, preferencial- requer interação contínua entre comunicador
mente cedo, como assimilar no seu trabalho e seu cliente, em busca do balanceamento
conhecimentos específicos de outras áreas e ideal entre a estética e o conteúdo, entre
outras disciplinas3. técnicas manipulativas e a transmissão de
conteúdos técnicos.
Procuramos, com esta pequisa, colaborar
Considerações finais com a prática da comunicação de engenharia e
de assuntos técnicos em geral. Pudemos consta-
tar que o design da informação, com seu caráter
A análise da comunicação técnica do pon- multidisciplinar, é capaz de possibilitar à comuni-
to de vista do design da informação nos permitiu cação técnica resultados surpreendentes. Ainda
avaliar que sua prática não é tarefa simples. há muito para ser estudado, pois as evidências
Porém, a interseção das duas disciplinas pode que encontramos se referem a uma pesquisa
resultar em uma integração positiva e equilibra- de campo bem restrita. Porém, são suficientes
da entre o conhecimento intelectual inerente a para concluirmos que é possível existir uma re-
uma informação técnica e a representação visual lação positiva entre conhecimento intelectual e
advinda de um produto de comunicação. representação visual, entre um conhecimento
O estudo nos mostrou que a aceitação abstrato e a comunicação visual, cuja relação é
da informação por parte do seu receptor está freqüentemente mal-entendida ao se tratar de
relacionada ao valor que ela lhe representa. comunicação técnica. No seu desenvolvimento, é
Já a aceitação da informação por parte do seu possível se estabelecer critérios para que a pola-
emissor está relacionada à ferramenta que ela ridade comunicação técnica x comunicação visual
lhe representa. Ao comunicador, cabe o desa- constitua um conjunto integrado e eficaz.
fio de conhecer o receptor da informação e A dissertação de mestrado citada
desenvolver um material cuja funcionalidade neste artigo foi desenvolvida na USP e en-
atinja o maior número de consumidores pos- contra-se disponível para download no site
sível. A comunicação técnica, acima de tudo, www.rudloff.com.br
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Master em Produção de Estruturas de Concreto
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Técnicas modernas para Diagnosticar, Reparar A evolução dos agregados na tecnologia do concreto
e Prevenir deficiências em Estruturas de Concreto convencional e arquitetônico
O curso apresenta uma visão global da problemática das anomalias estruturais e O curso apresenta histórico da evolução técnica na produção e nos critérios de
suas possíveis soluções racionais. Discorre sobre os conceitos modernos de escolha dos agregados para concreto e suas perspectivas. Analisa as principais
responsabilidade social, custo total, confiabilidade, vida útil, prevenção de falhas alternativas de seleção e uso de agregados convencionais e alternativos. Discute
aplicável às etapas do processo construtivo, entre outros. Apresenta exemplos de sobre os resultados das pesquisas recentes e as tendências atuais no uso dos
diagnóstico, recuperação e instrumentação. agregados e sua normalização.
Raul Husni Claudio Sbrighi Neto
Engenheiro Consultor e Projetista. Professor Titular do Departamento de Doutor em Engenharia. Geólogo Consultor, especialista em patologia dos
Construções e Estruturas da Faculdade de Engenharia da Universidade de materiais. Professor Titular da Faculdade de Engenharia da FAAP e do Curso de
Buenos Aires. Autor de numerosas publicações desta especialidade. Co-diretor Pós-graduação do IPT. Coordenador do Comitê Técnico da ABNT sobre
da Revista Ingeniería Estructural da Asociación de Ingenieria Estructural, da qual agregados. Diretor- Primeiro-Vice-Presidente do Ibracon.
já foi presidente.
Patrocinador Patrocinador
1. Introdução
OBRAS DE SANEAMENTO
quer forças no mesmo. Nas estruturas reais, no situações críticas como essas são as das lajes em
entanto, as interligações entre os diversos ele- balanço, na direção longitudinal, perpendicular
mentos e com seus apoios funcionam como res- ao balanço; as das lajes-corredor de grande
trições a essas variações de volume. A fissuração comprimento, na direção do lado maior; as das
ocorre quando as forças de tração geradas por paredes dos reservatórios, na direção horizon-
essas restrições são suficientemente grandes para tal e as das lajes de fundo, em ambas direções,
vencer sua resistência à tração. Nos reservatórios, quando apoiadas no solo.
esse é um problema crítico, pois essas fissuras
ameaçam sua necessária estanqueidade.
A figura 2.1 identifica casos simples de 3. Estudo de casos
interligação entre elementos que oferecem
restrições às alterações diferenciadas de volume
entre elementos mais robustos, que retraem 3.1. Caso 1
mais lentamente, associados aos elementos
esbeltos, que retraem mais rapidamente. Tanques de decantação da Estação de
A última figura abaixo, à direita, pode Tratamento de Água, na cidade de Juazeiro,
representar a seção transversal de um reservató- BA. A Figura 3.1 identifica a forma e dimensões
rio ou mesmo de um canal, pela qual se percebe desses reservatórios apoiados no solo.
REVISTA CONCRETO 57
Consta do Relatório de Vistoria: “O tanque A Figura 3.4 representa, esquematica-
de decantação da estação de tratamento de água mente, as fissuras localizadas nas paredes, nos
de Juazeiro, BA, de concreto armado, apresentou intervalos entre juntas verticais
vazamento de água, após ter sido colocado em
carga, o que prejudicou sua utilização.” 3.3. Caso 3
Pela configuração das fissuras (figura
3.2), supõe-se que deficientes armações, hori- Tanque de água bruta da Estação de
zontal das paredes e longitudinal da laje do fun- Tratamento de água do mar, campo D. João,
do, entraram em escoamento com a fissuração Petrobrás, BA, 1972.
e seus alongamentos permitiram as acentuadas O reservatório, cujas dimensões estão
trincas e vazamentos observados. indicadas na figura abaixo, tem paredes com es-
pessura variável, de 50cm na base e 20cm no topo,
3.2. Caso 2 divididas em painéis de 8m de comprimento,
interligados por perfilados do tipo Fugenband. A
Tanque de decantação de água do mar, laje do fundo com 15cm de espessura é, do mesmo
estação TS-2, campo de Taquipe, Petrobrás, modo, dividida em painéis. As linhas verticais da
BA.Esse reservatório, cujas dimensões são
Figura 3.5 representam as juntas.
apresentadas na figura abaixo, tem as paredes
Consta do Relatório da Vistoria: “Cons-
e laje do fundo divididas em painéis de 10 e
15m, interligados por perfilados SIKA, do tipo tata-se presença sistemática de fissuras na laje
Fugenband. As paredes têm espessura de 1m na do fundo e fissuras verticais nas paredes a meia
base e a laje do fundo entre as fundações das distância ou a 1/3 da distância entre juntas.”
paredes tem apenas 10cm de espessura. O quadro de fissuração observado é típico do
Do Relatório Técnico da vistoria consta: efeito das restrições à retração.
“Os decantadores de água do mar da estação
TS-2, apesar de concluídas suas obras há mais 3.4. CASO 4
de um ano, não foram ainda recebidos definiti-
vamente pelo seu proprietário - a Petrobrás. A Tanques de Detenção da Central de
razão desse fato é que, ainda em fase de experi- Incineração da CETREL (Central de Tratamento
mentação, apresentaram fissuras e vazamentos de Efluentes Líquidos), Polo Petroquímico, Ca-
que impedem sua utilização.” maçari, BA, 1991.
58 REVISTA CONCRETo
Trata-se de um reservatório semi-enter-
rado, com as paredes e laje do fundo com 20cm
de espessura, e demais dimensões conforme
indicadas na Figura 3.6. jeto nas paredes é de φ10 C/10, em cada face,
Consta do Relatório da vistoria: “Observam- que corresponde a uma taxa de 0,8%.
se trincas bem visíveis em todas as paredes...”“Estas
trincas estendem-se verticalmente por toda a 3.6. CASO 6
altura das paredes, seccionando-as de um lado a
outro, com aberturas medidas de 0,2 a 0,3 mm (ao Canal de Adução da Pequena Central Hi-
topo das mesmas).” “A armadura horizontal das drelétrica de Alto Fêmeas, BA, com mais de 1000
paredes é de apenas 0,4% de sua seção.” m de comprimento, vistoriado ainda na fase de
construção, em 1989, em virtude da acentuada
3.5. CASO 5 fissuração das paredes, no trecho já executado.
O canal, cujas dimensões estão indicadas
Tanques de decantação (separador de na figura abaixo, tinha juntas de movimento
água e óleo), Refinaria Landulfo Alves, Madre a cada 24 m e juntas de concretagem a cada 6
de Deus, BA. metros, todas vedadas com perfilados do tipo
Trata-se de um reservatório apoiado no Fugenband.
solo, com comprimento de 56m, paredes de Consta do Relatório de vistoria: “As
20cm de espessura, laje do fundo de 25cm e paredes do Canal apresentam trincas verticais,
demais dimensões na Figura 3.7. coincidentes com as juntas verticais de concre-
Os vazamentos devidos à fissuração das tagem, com aberturas máximas de 0,4 mm” “
paredes podem ser observados na foto que se Observam-se outras trincas intermediárias, en-
seguem, pelas manchas de óleo e eflorescências tre juntas de concretagem, com valor máximo
nas faces externas das mesmas. de 0,35 mm”
O que chama a atenção nesse caso é que A taxa de armadura horizontal nas pa-
a armadura de retração utilizada já é maior do redes, referida à espessura média das mesmas,
que o usual na prática corrente de projetos, é de apenas 0,22%, equivalente a uma simples
OBRAS DE SANEAMENTO
mas ainda assim insuficiente para garantia da armadura de pele.
estanqueidade. A armação horizontal de pro-
REVISTA CONCRETO 59
sobre a exigência do item sobre a armadura
de retração: Isso não é mais armadura de pele!
Parecem mais “costelas de dinossauros”! Como
aceitá-las tão desproporcionais?!!
A terceira dificuldade é que os enge-
nheiros de estruturas, quando defrontados
com esses tipos de danos, costumam transferir
a causa de seus males para os vícios da prática
construtiva. Imaginam que o problema bem
que poderia ser resolvido na área da tecno-
logia, extraprojeto, através de dosagens e
curas adequadas. Na verdade, o fenômeno da
retração hidráulica começará sempre após a
4. Omissão dos projetos cura, não importa quão demorada e eficiente
ela seja.
A quarta e última dificuldade aqui lista-
Algumas circunstâncias, relatadas a se- da é que a exigência da armadura de retração é
guir, dificultam a incorporação de adequadas uma exigência nova e inédita nos texto de nossa
armaduras de retração à prática de projeto de Norma (item 17.3.5.2.2). É natural que ocorram
reservatórios, canais e piscinas, apesar dos seve- questionamentos como, por exemplo: “Se é tão
ros danos que sua deficiência provoca – como já importante, por que só agora?””O que há de
salientavam, há mais de 30 anos, os Professores errado em manter a prática anterior?”
Fritz Leonhardt e Huber Rüsch. A melhor ação para superar essas difi-
A primeira dificuldade é o desconheci- culdades é a de conscientizar os engenheiros
mento por grande parte dos engenheiros da da ocorrência das fissuras danosas nos reserva-
existência desses severos danos de que fala a tórios e assemelhados, que comprometem sua
literatura técnica. Realmente, são danos que estanqueidade, em decorrência dos fenômenos
não ocorrem à época da construção ou ime- da retração e da eficácia de uma armação ade-
diatamente após a obra ser entregue ao uso, quada no controle dessa fissuração.
mas sim após decorridos, geralmente, alguns
meses, quando os engenheiros já se afastaram
e alimentam a falsa imagem de que tudo está 5. Conclusões
bem em suas construções, e não há defeitos
a registrar.
A segunda dificuldade é que os enge- Os efeitos da retração são causa fre-
nheiros associam essa armação àquela outra qüente de fissuração em paredes e lajes de
que a Norma e a literatura costumam designar fundo de reservatórios, piscinas e canais, com
de “armadura de pele”. Essa armadura, utliza- prejuízo de sua condição de estanqueidade.
da nas faces das vigas altas, tem função bem As taxas de armação necessárias para
distinta da armadura de retração. De fato, a controle dessa fissuração em paredes até 30cm
armadura de pele pretende evitar a ocorrência de espessura é de pelo menos 1%. Esse valor re-
do fenômeno designado em Portugal por “ar- fere-se a uma abertura de fissura w90=0,15mm,
borização das trincas”, isto é, pretende evitar a qual se colmata pela carbonatação do cimen-
que as múltiplas fissuras existentes ao nível to, mantendo-se estanque.
das armações longitudinais, na face inferior
das vigas, se juntem mais acima para formar
fissuras em menor número e, desconfortavelm
ente, mais abertas.
Essa armadura de pele, recomendada
em nossa Norma, é de apenas 0,10% da seção
da viga, em cada face (item 17.3.5.2.3). É natural
que cause assombro que essa pseudo “armadu-
ra de pele”, de repente, para controlar a fissu-
ração devido à retração, necessite ser 5 vezes
maior. Ocorre-me a respeito que um colega,
com justa razão, observou-me, em tom irônico,
60 REVISTA CONCRETo
Propriedades reológicas del
hormigon autocompactable
Raúl Zerbino
Conicet-Lemit/UNLP
Bryan Barragán
Universitat Politécnica de Catalunya
REVISTA CONCRETO 61
programa experimen- Actualmente
tal realizado con el existen reómetros y
propósito de analizar viscosímetros espe-
variables que afectan cialmente desarrolla-
la producción del HAC, dos para determinar
como el mezclado, la los parámetros reoló-
temperatura y las con- gicos del hormigón,
diciones de exposi- entre los que mere-
ción (8). Finalmente se cen mencionarse el
muestran ejemplos de UBC rheometer, el BT
la vinculación entre las RHEOM y el viscosíme-
medidas de los ensayos tro BML de cilindros
ingenieriles y los pará- coaxiales. Se ha com-
metros reológicos. probado una buena
correlación entre las
medidas de diversos
Comportamiento aparatos (12). El com-
reologico del portamiento reológi-
hormigon fresco co típico responde a la
ecuación [3] donde (T)
es el esfuerzo torsor, g es la resistencia al flujo
La reología es la ciencia que estudia la (N.m) y h la viscosidad del torque (N.m.s).
deformación y flujo de la materia. Para definir el
comportamiento reológico de un fluido se recurre
a la denominada curva de flujo, que representa la
relación entre el esfuerzo aplicado (τ, tensión de
corte) y el gradiente de velocidades de deforma-
ción (γ).En la Fig. 1 se muestran curvas de flujo de Los estudios reológicos han contribui-
diferentes tipos de materiales (9). A los materiales do al mayor conocimiento de las propiedades
que poseen un valor umbral por debajo del cual en estado fresco de los materiales a base de
no se produce el movimiento se los conoce como cemento portland. Aunque la pasta es esen-
viscoplásticos. Algunos fluidos responden al mo- cialmente agua y partículas de cemento, su
delo de Bingham. Este modelo es uno de los que comportamiento es bastante diferente a una
mejor representa el comportamiento de la pasta suspensión de sólidos inertes; existen fuerzas de
de cemento, el mortero y el hormigón; emplea atracción entre las partículas que dan lugar a
dos parámetros para caracterizar el movimiento: la formación de flóculos, poco tiempo después
el umbral de cizallamiento (τ0) que representa del contacto con el agua se producen rápidas
la resistencia a la deformación en condiciones reacciones que dan lugar a la disolución de
estáticas y la viscosidad plástica (µ), que se puede iones y luego comienzan a formarse productos
asociar a una resistencia creciente al movimiento hidratados sobre las superficies de las partícu-
(ecuación 1). las. Estas membranas que se forman en torno
a los flóculos se rompen durante el mezclado
por lo que el esfuerzo necesario para mover el
sistema cambia en función de la velocidad de
deformación (9).
La mayoría de los cambios que se produ-
Los materiales que por encima de la cen en la composición del hormigón afectan su
tensión umbral se comportan como dilatantes respuesta reológica (9). El contenido de agua
o pseudoplásticos son mejor representados afecta en forma notoria la viscosidad plástica
por otros modelos como el de Herschel-Bulkley y la resistencia al flujo, a mayor contenido de
(ecuación 2) donde a y b son constantes (10). agua ambos parámetros se reducen en forma
Este modelo también ha sido utilizado para significativa. Los aditivos reductores de agua,
representar el comportamiento del HAC (11). en especial los superfluidificantes, reducen
ligeramente la viscosidad plástica pero dismi-
nuyen en gran medida la resistencia al flujo. El
aire incorporado reduce ambos parámetros, en
general a medida que aumenta el contenido de
62 REVISTA CONCRETo
aire los efectos sobre requiere una adecua-
la viscosidad son me- da combinación entre
nores. En la Fig. 2 se la tensión umbral y la
esquematiza el efec- viscosidad plástica para
to del cambio en los lograr movilidad sin
contenidos de agua, riesgos de segregación;
superfluidificante y en mezclas con alta
aire incorporado. viscosidad se requiere
El tipo de ce- que la tensión umbral
mento y las adiciones sea prácticamente nula,
minerales también mientras que en un
afectan la respuesta HAC menos viscoso es
reológica. No es sen- conveniente que au-
cillo acotar el efecto mente. Una combina-
del tipo de agregado, ción donde ambos pa-
ya que cuando éste se rámetros (τ 0 y µ) fueran
modifica también cam- extremadamente bajos
bian parámetros como podría implicar riesgos
el contenido de agua de segregación. Esto co-
o el volumen de pasta; incide con lo sugerido
se ha encontrado que por Nielsson and Wa-
agregados con formas llevik (13) que han pro-
redondeadas reducen significativamente la vis- puesto (Fig. 4) una zona de autocompactabilidad
cosidad plástica y, en parte, la tensión umbral. en base a los parámetros reológicos determinados
Además para el mismo conjunto de materiales con un aparato CONTEC Viscometer 3.
existen otros factores que modifican la respues-
ta reológica, entre ellos se destacan el paso del
tiempo y los cambios de temperatura. Experiencias
Los estudios reológicos han permitido
comprender el comportamiento del HAC y de ese
modo han contribuido a un diseño más racional La calidad final del HAC está directamen-
de este nuevo hormigón. En la Fig. 3 se comparan te relacionada con sus propiedades reológicas en
en forma esquemática curvas de flujo de un HAC, estado fresco; existen diversos factores que las
un hormigón convencional (HC) y un hormigón pueden modificar y en consecuencia inciden en
fluido de alta resistencia (HAR). Un HAR posee el control de producción del HAC. Entre ellos se
habitualmente mayor destacan la tempera-
viscosidad plástica que tura del hormigón y la
un HC, debido a su me- energía de mezclado.
nor relación agua/ligan- En la Fig. 5.a
te, y también presenta se muestran curvas
menor umbral de ci- momento torsor (N.m)
zallamiento. Un HAC vs. velocidad (revolu-
posee tensión umbral ciones por segundo)
casi nula y una viscosi- obtenidas con el visco-
dad suficiente para ga- símetro BML sobre tres
CONCRETO FRESCO
rantizar el transporte, HAC con agregados
llenado y consolidación de 12 mm de tamaño
del hormigón sin que máximo, elaborados
segregue. con idénticas propor-
En HAC la flui- ciones y tipo de mate-
dez, la capacidad de riales pero variando la
pasaje y la resistencia temperatura del agua,
a la segregación son que fue incorporada
fundamentales, pero en a 2, 22 y 37 ºC. Si bien
general las dos primeras los hormigones alcan-
se oponen a la última. zaron temperaturas
Para lograr un HAC se apenas diferentes (21,
REVISTA CONCRETO 63
24 y 27 ºC respectivamente) las curvas se modi- En la Fig. 6 se comparan las curvas mo-
ficaron y la mayor fluidez correspondió al HAC mento torsor vs. velocidad correspondientes a
con temperatura intermedia. hormigones con idénticas proporciones elabo-
En la Fig. 5.b se presentan las curvas de rados con diferentes mezcladoras y en distintos
otras mezclas con agregados de 20 mm de tamaño volúmenes; la experiencia se realizó en verano
máximo, también se elaboraron con las mismas (V) y luego se repitió meses más tarde a tempera-
proporciones de materiales y todos los compo- turas moderadas (M). El material de los pastones
nentes (a excepción del aditivo) se mantuvieron pequeños muestró mayor viscosidad plástica
herméticamente embolsados durante 24 horas a 5, que el HAC elaborado en mayor volumen. Esto
20 o 40 ºC. Los HAC alcanzaron temperaturas de 17, confirma el significativo efecto del tipo y energía
27 y 35 ºC respectivamente; nuevamente la mayor de mezclado sobre las propiedades del HAC. Las
fluidez se obtuvo con la temperatura intermedia y mediciones reológicas fueron consistentes con
la mayor viscosidad con los materiales más fríos. los resultados obtenidos en los ensayos inge-
nieriles de escurrimiento y embudo en V que se
realizaron al mismo tiempo (ver Tabla 1).
Parámetros reológicos
y ensayos ingenieriles
64 REVISTA CONCRETo
boquilla de salida de 65 x 75 mm de sección. Los dos de los ensayos ingenieriles. Se ha encontrado
detalles de los dispositivos y forma de realización que para un mismo conjunto de materiales algu-
de los ensayos han sido ampliamente descriptos nos ensayos se correlacionan con los parámetros
en la bibliografía (6, 7). reológicos, sin embargo las correlaciones pueden
Además recientemente en las European variar entre distintos tipos de HAC.
Guidelines for Self Compacting Concrete (7) se En las experiencias realizadas se reali-
han propuesto tres clases de HAC en base al zaron los ensayos de escurrimiento y embudo
ensayo de escurrimiento según el tipo de apli- en V en forma simultánea con las medidas del
cación para el que esté destinado el material. viscosímetro para dos tipos de HAC que difieren
En forma similar se han planteado dos tipos de en el tamaño máximo de agregado utilizado. Si
HAC según la viscosidad a partir de los valores bien los materiales componentes son similares
del T50 en el ensayo de escurrimiento o del tiem- se realizaron experiencias en diferentes épocas
po de vaciado del embudo en V (TV). y a distintas temperaturas. Además de las medi-
Los estudios reológicos han permitido una ciones realizadas inmediatamente al finalizar el
mayor comprensión del significado de los resulta- mezclado, en varios casos se tomaron medidas
CONCRETO FRESCO
REVISTA CONCRETO 65
del HAC en estado fresco durante las dos horas adecuada combinación de ambos parámetros
siguientes. Durante este lapso algunos hormi- permite lograr la movilidad deseada evitando
gones perdieron su condición de HAC. la segregación; en mezclas con alta viscosidad es
En la Fig. 7 se presenta la variación de los conveniente una tensión umbral extremadamente
resultados del ensayo de escurrimiento (Df, T50) baja, mientras que en HAC con menor viscosidad
y los tiempos del embudo en V en función de es deseable que aumente la tensión umbral. El es-
los parámetros reológicos. Los datos se diferen- tudio experimental comprobó que para un mismo
cian según el tamaño máximo del agregado de HAC los parámetros reológicos se modifican con
cada HAC (12 o 20 mm); y según las condiciones la temperatura o con la energía de mezclado, por
ambientales (M: a temperaturas moderadas, V: lo que estos factores pueden constituir una causa
en verano). Es posible observar que se encon- importante de variación en la producción. Final-
traron buenas correlaciones entre el diámetro mente se observó que para un mismo conjunto
de escurrimiento y la tensión umbral, y entre de materiales existen buenas correlaciones entre
la viscosidad plástica y los tiempos de flujo (T50 el diámetro de escurrimiento y la tensión umbral
o TV). Por el contrario al representar la tensión y entre la viscosidad plástica y los tiempos de flujo
umbral en función de los tiempos de flujo surge (T50 o TV). Desde este punto de vista las medidas
un panorama muy disperso, lo mismo que si se reológicas permiten una mayor comprensión del
considera la relación entre la viscosidad plástica significado de los ensayos ingenieriles.
y el diámetro de escurrimiento.
Agradecimientos
Consideraciones finales
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(01) Okamura, H., Ozawa, K. and Ouchi, M., “Self-Compacting Concrete”. Structural Concrete, Journal of the FIB Vol. 1, N° 1,
March 2000, pp. 3-17.
(02) RILEM Pub. PRO 007, 1st Int. RILEM Symposium on Self-Compacting Concrete, Ed by Å. Skarendahl and Ö. Petersson, 1999,
Stockholm, Sweden. 804 p.
(03) RILEM Report rep023, State-of-the-Art report of RILEM Technical Committee 174-SCC. Self-Compacting Concrete. Edited
by Å. Skarendahl and Ö. Petersson, 2000. 168 p.
(04) RILEM Pub. PRO 33. 3rd Int. RILEM Symp. Reykjavik, Iceland, 2003, Ed. O. Wallevik and I. Nielsson, 1056 p.
(05) Sec. North Am. Conf. on the Design and Use of Self-Consolidating Concrete (SCC) and the Fourth Int. RILEM Symp.
on Self-Compancting Concrete, 2005, Ed. S. P. Shah, H. Wood Pub., Addison, IL, USA. Vol. 1 and 2, 1270 p.
(06) EFNARC 2002, Specifications and Guidelines for Self-compacting Concrete, http://www.efnarc.org/pdf/SandGforSCC.pdf
(07) EPG 2005, The European Guidelines for Self-Compacting Concrete Specification Production and Use.
http://www.efnarc.org/pdf/SCCGuidelinesMay2005.pdf
(08) Zerbino, R., Agulló, L. Barragán, B., García, T. y Gettu, R. “Caracterización reológica de hormigones autocompactables”, Ed: Dto. Ing.
de la Construcción Univ. Politécnica de Catalunya, Barcelona, ISBN: 84-87691-40-4-2, 2006, 83 p.
(09) Beaupré, D. and Mindess, S. “Rheology of Fresh Concrete: Principles, Measurement, and Applications”, in Materials
Science of Concrete V, Ed. J. Skalny and S. Mindess, American Ceramic Society, USA, 1998, pp 149-190.
(10) de Larrard, F., Ferraris, C. F., Sedran, T., “Fresh Concrete: A Herschel-Bukley Material” Materials and Structures, Vol. 31,
N° 211, 1998, pp. 494-498.
(11) Mouret, M. and Cyr, M. Discussion of ‘‘The effect of measuring procedure on the apparent rheological properties of self-
compacting concrete’’ by M. R. Geiker et al, Cement and Concrete Research Vol. 33, 2003, pp. 1901-1903.
(12) Brower L.E. and Ferraris C.F. “Comparison of concrete rheometers”. Concrete International, Aug. 2003, pp. 41-47.
(13) Nielsson, I. and Wallevik, O.H. “Rheologycal evaluation of some empirical test methods–Preliminary results”.
3rd Int. RILEM Symp. Reykjavik, Iceland, Ed. O. Wallevik and I. Nielsson, (RILEM Pub. PRO 33), 2003, pp. 59-68.
66 REVISTA CONCRETo
Deterioração, durabilidade e
intervenção em estruturas de
concreto de obras de saneamento
Simone Kochepki Campaner
Maria José Herkenhoff Carvalho
Adriana Verchai de Lima Lobo
SANEPAR – Companhia de Saneamento do Paraná
OBRAS DE SANEAMENTO
tratamento de água mais antiga do Paraná en- compatíveis com a necessidade funcional e
trou em operação em com o tempo disponí-
1945 e permaneceu vel para a paralisação
em funcionamento operacional, de modo
durante 59 anos. a evitar, por exemplo,
Reservatórios o desabastecimento
de concreto armado das cidades, com pos-
estão em carga há mais sibilidade de graves
de 40 anos. Reatores riscos à saúde pública e
anaeróbios de manto à qualidade de vida.
de lodo operam no
sistema da SANEPAR
há 25 anos. Antes disso, Deterioração
há décadas, já existiam e durabilidade
outros tanques cons-
truídos e funcionando
em várias cidades pa- Figura 2 – Eflorescências e estalactites na parte inferior Frente às condi-
ranaenses, os quais fo- da laje de fundo de canal de água tratada ções fortemente agressi-
REVISTA CONCRETO 67
vas do meio e à ação me- cução de Estruturas de
cânica dos líquidos em Concreto”, é de se espe-
movimento, grande par- rar que as novas obras
te das obras hidráulicas tenham vida útil com-
apresenta, em determi- patível com o período
nada idade, manifesta- de alcance dos projetos
ções patológicas diversas de abastecimento de
que comprometem sua água e de esgotamen-
operação, funcionalida- to sanitário, conforme
de e durabilidade. é a necessidade das
Outros fatores companhias de sanea-
que contribuem para o mento e a expectativa
surgimento de proble- da sociedade.
mas patológicos estão Dever-se-ia con-
relacionados a falhas de siderar, pelo menos,
projeto, de planejamen- Figura 3 – Deterioração do concreto na parte interna de uma vida útil de projeto
tanque utilizado para tratamento de esgoto sanitário
to e à não observância de 50 a 60 anos. Infeliz-
dos critérios técnicos durante a execução das mente, o novo texto da NBR 6118:2003 ainda não
obras. Infelizmente, a engenharia não tem dado estipula o prazo de vida útil desejável. Observa-se
devida atenção ao treinamento da mão-de-obra também que a NBR 6118:2003 introduziu modifi-
da construção civil, a qual ainda é pouco qualifi- cações no que se refere aos limites para fissuração,
cada. Ademais, o Brasil ainda não dispõe de pro- apresentando valores menos conservadores para o
gramas nacionais de certificação de pessoal. Como concreto armado, em relação às aberturas máximas
conseqüência, tem-se a diminuição significativa e características (wk) previstas pela NBR 6118:1978,
precoce da vida útil das obras. apesar de o cálculo empregar expressões bastante
Dentre as inúmeras manifestações pato- semelhantes àquelas da norma antiga (1).
lógicas, podem-se citar fissuras, desplacamentos, A norma de 1978 prescrevia abertura
corrosão de armaduras, desintegração do con- máxima de fissura de 0,1mm para peças não
creto por ação de sulfatos, desgaste superficial, protegidas em meio agressivo; 0,2mm para
fadiga de juntas de dilatação, lixiviação, eflo- peças não protegidas em meio não agressivo e
rescências, expansão, entre outras. As Figs. 1 a 0,3mm para peças protegidas. A norma atual
4 exemplificam quatro dos tipos de anomalia admite aberturas de até 0,4mm para casos de
relacionados. Dependendo da natureza dos pro- agressividade ambiental fraca a até 0,2mm para
blemas, do componente estrutural lesionado e ambientes extremamente agressivos.
do grau de severidade do ambiente, podem até Uma característica das estruturas em con-
mesmo acarretar problemas de instabilidade. creto das obras de saneamento, principalmente
As obras executadas sob a luz da antiga reservatórios de água e estações de tratamento
NBR 6118:1978, ou ainda executadas em confor- de água e de esgoto sanitário, evidencia que,
midade com a NB 1:1960, ou até mesmo ante- mesmo com as evoluções importantes trazidas
riormente a esta norma pela NBR 6118:2003,
técnica, foram, na sua haverá prejuízos à es-
maioria, concebidas tanqueidade neces-
sem consideração de as- sária. Isto porque tais
pectos de deterioração estruturas estão sujei-
e critérios de durabili- tas ao carregamento
dade da estrutura. máximo durante todo
Com as altera- o período de sua vida
ções substanciais quan- útil, enquanto que as
to à durabilidade, ao edificações em geral,
dimensionamento e ve- via de regra, estão su-
rificação das estruturas jeitas ao carregamento
de concreto introduzi- máximo por pequenos
das pela NBR 6118:2003 períodos de tempo du-
“Projeto de Estruturas rante a sua vida útil.
de Concreto” e com a Por esta razão,
Figura 4 – Água percolando através de junta de
entrada em vigor da concretagem em colapso, em estação de tratamento as estruturas das obras
NBR 14931:2004 “Exe- de água. de saneamento ten-
68 REVISTA CONCRETo
dem a apresentar a fissuração máxima permitida,
ou seja, aberturas de até 0,2mm. Em termos prá-
ticos, considerando que o diâmetro de uma mo-
lécula de água é 10-10m, uma abertura de 0,2 mm
permite percolação de 2 milhões de moléculas de
água. Ou seja, para obras de saneamento, que
necessitam de estanqueidade, a nova ordem de
grandeza permitida para a abertura das fissuras
contribuirá para o estabelecimento precoce de
mecanismos de envelhecimento das estruturas.
Diagnóstico, projeto e
obras de reabilitação
OBRAS DE SANEAMENTO
cientes nesse aspecto. A normalização brasileira
a respeito de reabilitação das estruturas ainda
é incipiente. Aliado a isso, não há ensaios pres-
critivos ou de desempenho normalizados que
permitam prever os problemas e possibilitem
discernir, entre várias técnicas, materiais, pro-
dutos e sistemas, qual aquele mais adequado a
uma necessidade.
REVISTA CONCRETO 69
pode ficar limitado a, tecnologias e materiais,
no máximo, 10 a 12 gera um panorama
horas, por exemplo. complexo, que muitas
Nesse período devem vezes resulta na escolha
ser cumpridas todas inadequada. Seleções
as etapas do trata- incorretas não podem
mento, além de que ser compensadas em
a recolocação da es- outras etapas, impli-
trutura em carga não cando em prejuízo à
pode comprometer o qualidade técnica e du-
desempenho dos pro- rabilidade do sistema
dutos e sistemas recém como um todo.
empregados.
Segundo Hele-
ne(2), o preparo do subs- Necessidades
trato pode ser considera- do setor de
do uma das partes mais saneamento
importantes do reparo
ou reforço, sendo res- Com a visão de
ponsável por 100% do Figura 7 – Recuperação estrutural de canal de água progresso tecnológico
filtrada em estação de tratamento de água – ambiente
sucesso destes trabalhos. pouco iluminado e com dimensões reduzidas constante, a indús-
A equipe de execução tria da construção civil
tem o desafio de preparar o substrato, preparar e deve aprimorar o desenvolvimento de tecnolo-
aplicar o material (cuja qualidade também é res- gias que convirjam para as necessidades das in-
ponsável por 100% do sucesso), dar acabamento e tervenções em estruturas de concreto das obras
curar no tempo disponível e diante das condições de saneamento. As necessidades são especiais e
de trabalho geralmente adversas: ambientes pouco devem ser cuidadosamente interpretadas.
iluminados, sem ventilação, de dimensões por vezes Considerando que uma recuperação ou
reduzidas e com várias interferências. reforço estrutural pode implicar em custos da
Além do atendimento adequado ao ordem de 50% a 150% do custo total da obra
prazo e condições de trabalho existentes, os nova, entende-se que é urgente e necessário
produtos e sistemas devem atender a: não avançar em estudos e discussões que visem
prejudicar a potabilidade da água e a eficiência maior durabilidade das estruturas de concreto
dos processos do tratamento da água ou do das obras hidráulicas.
esgoto; resistir aos agentes químicos e biológi- Mesmo com a grande atualidade da NBR
cos inerentes aos processos de tratamento; não 6118:2003, é importante ressaltar que as obras
serem tóxicos; apresentarem características e novas de saneamento requerem normas e pro-
propriedades adequadas de impermeabilidade, cedimentos de projeto, especificação, execução
aderência, flexibilidade, fluidez, resistência e controles específicos e mais cuidadosos que
mecânica, à abrasão, à difusão de vapor d´água a maioria das obras de concreto. Assim, devem
e a pressões negativas ou positivas adequadas, ser realizados esforços nacionais no intuito de
conforme cada caso; possuírem alta qualidade aumentar o número de documentos normativos
e grande durabilidade; não criarem impactos consensuados neste setor.
ambientais negativos. No campo dos materiais e sistemas de repa-
Em presença das necessidades elenca- ro, proteção e reforço de estruturas de concreto das
das, verifica-se que faltam produtos e sistemas obras de saneamento, a carência de normas ainda
“personalizados” para bem atender às obras é mais crítica e deve ser enfrentada urgentemente.
de saneamento. Tal fato, aliado à carência de Há um importante e valioso patrimônio histórico e
documentação técnica para balizar a seleção das tecnológico a zelar, e ele é de concreto!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1) SANTOS, S., SAGAVE, A. DUARTE, L. A Nova NBR 6118 e a Durabilidade das Estruturas. Florianópolis.
Alto QI – Tecnologia aplicada à engenharia, 2003.
70 REVISTA CONCRETo
Alerta aos consumidores
de cimento
A ABCP, no intuito de proteger o inte- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
resse dos consumidores de cimento, estabele- NICAS (ABNT), conforme ilustra o gráfico. Os
ceu, por intermédio do Instituto de Pesquisas resultados do presente ciclo de coleta, con-
Tecnológicas – IPT, a partir de Junho de 2004, tudo, evidenciam que apenas duas amostras
um programa de ensaios coletando amostras não cumpriram as normas. Vale lembrar que
comercializadas em algumas cidades do Para- valores de resistência à compressão aos 28 dias
ná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Essas abaixo do limite mínimo estabelecido de 32
amostras – que também passaram a ser colhi- MPa indicam oscilações não compatíveis com
das, a partir de Novembro de 2004, pelo pró- processos industriais dotados de controles efi-
prio Instituto em pontos de vendas – sempre cazes de qualidade. Acrescentece-se ainda que
desses fabricantes e de novos que porventura as informações contidas nas embalagens devem
surjam, são encaminhadas, ainda nos sacos condizer com seu conteúdo.
lacrados originais, aos laboratórios do IPT, em Cimentos fora de norma colocam em
São Paulo, para as análises prescritas pelas risco a durabilidade e a segurança das obras,
normas técnicas. uma vez que está sendo comercializado um
Os resultados históricos indicam que produto com características distintas das dos
grande parte das amostras dessas empresas produtos normalizados, como aqueles deten-
não obedeciam aos requisitos de resistência tores de Selo de Qualidade outorgados pela
à compressão estabelecidos pelas normas da ABCP e outros organismos.
ENTIDADES PARCEIRAS
REVISTA CONCRETO 71
A responsabilidade
pelos danos causados pelo
cimento fornecido em de-
sacordo com as normas da
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS (ABNT)
envolve não só o fabricante
como o comerciante do pro-
duto e as penalidades civis e
criminais previstas pelo Códi-
go de Defesa do Consumidor
compreendem a aplicação
de multa, a apreensão do
produto e a interdição do
estabelecimento fornecedor
do cimento.
Fato agravante é o
desconhecimento dos con-
sumidores da existência des-
ses cimentos, que podem se
precaver exigindo dos seus
fornecedores a comprova- sacordo com as normas vigentes, que muitos
ção de que os cimentos atendem às normas prejuízos podem causar à construção civil e
da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS aos consumidores do produto.
TÉCNICAS (ABNT).
A sociedade e os comerciantes preci- SAC / DCC 0800-0555776 – dcc@abcp.org.br
sam ficar atentos à venda de cimento em de- www.abcp.org.br
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O curso apresenta os conceitos gerais sobre tecnologia de recuperação, reforço e O curso propicia uma visão global das pesquisas e do conhecimento tecnológico
proteção de estruturas de concreto, mostrando aos participantes as técnicas mais da reciclagem, do reaproveitamento de resíduos de recursos minerais utilizáveis
usadas, os materiais e procedimentos. São apresentados e discutidos diversos na construção civil. Apresenta exemplos práticos de reciclagem adotados no Brasil
estudo de casos. e no exterior. Discorre sobre as contribuições já realizadas pelo Comitê Técnico
"Meio Ambiente" do IBRACON (CT – AM). Apresenta o atual estágio da
José Eduardo Granato normalização brasileira sobre o assunto.
Engenheiro Consultor, especialista com 30 anos de experiência na área de
recuperação e de impermeabilização Salomon Levy
Doutor em Engenharia. Professor da UNINOVE. Coordenador do CT sobre Meio
Ambiente do Ibracon
Márcio Estefano
Doutor em Engenharia. Professor da UNESP/ UNITAU. Fundador do CT sobre
Meio Ambiente do Ibracon
Patrocinador Patrocinador
OBRAS DE SANEAMENTO
deve considerar o efeito erosivo da água com de durabilidade. Sendo assim, torna-se neces-
partículas sólidas e, principalmente, a ação de sária uma mudança substancial nos padrões
bactérias em sistemas de tratamento de esgo- de projeto, execução e manutenção das obras
to fechados, que costuma ocasionar grandes de saneamento. Portanto, é preciso tornar de
problemas de corrosão na parte superior de amplo conhecimento público os principais con-
REVISTA CONCRETO 73
dicionantes, benefícios e limitações das soluções DBO5 e COT são parâmetros de determi-
de impermeabilização e proteção. nação de quantidade de matéria orgânica no
Este artigo visa contribuir na divulgação esgoto. As ações de microorganismos sobre o
de importantes descobertas e as normas em vigor, material orgânico produzem o gás sulfídrico (H2S),
principalmente na Europa onde existem em maior que são inconvenientes por se oxidarem na forma
número e mais detalhadas. Mostraremos também de ácido sulfúrico (H2SO4), este ataca a superfície
brevemente os mecanismos de deterioração das do concreto e a armadura, podendo ocasionar a
estruturas de concreto para saneamento bem fragilização das barras de ferro pelo processo de
como uma comparação entre os principais siste- fragilização por hidrogênio molecular;
mas de proteção disponíveis no mercado. Nitrogênio total: o nitrogênio é um
elemento indispensável para o crescimento
dos microorganismos e algas; sais de amônio
2. Características físico-químicas (NH3) são inconvenientes porque reagem com
da água bruta e do esgoto a alcalinidade protetora do concreto;
Fósforo: é um nutriente essencial para o
crescimento de microorganismos e algas;
Para a avaliação da eficácia dos reves- pH: o valor é próximo ao neutro pH 7;
timentos para impermeabilização e proteção Cloretos: a presença de íons cloretos
química, é necessária a quantificação das cargas promove a corrosão eletroquímica pontual da
físico-químicas, sendo necessários levantamen- capa passivante da armadura do concreto;
tos de campo na área em estudo, incluindo Alcalinidade: pela própria natureza quí-
amostragem, análise de laboratório, medição mica da pasta de cimento, pode-se prever que o
de vazão e outros, podendo-se complementar concreto, devido à sua natureza alcalina, apre-
com dados de literatura. sente boa resistência à ação de bases. Entretanto,
A água bruta apresenta inúmeras em presença de soluções concentradas alcalinas,
impurezas, sendo várias delas inócuas e ou- pode se verificar a deterioração do concreto;
tras prejudiciais à saúde humana, tais como Óleos e graxas: a presença de solventes
substâncias tóxicas, bactérias e vírus. Assim, o orgânicos ou compostos com ligações covalen-
tratamento prévio da água é de fundamental tes e, portanto considerados não-eletrólitos,
importância para o consumo humano, pois dificilmente originam casos de corrosão, sendo
confere à água características de potabilida- que ficam mais relacionados com a presença
de e boa aparência ao eliminar as impurezas de impurezas que podem existir nos mesmos
presentes que devem ser removidas. Os prin- ou na solução;
cipais produtos utilizados no tratamento são Ácido sulfúrico biogênico: atenção
apresentados na tabela 1. especial deve-se tomar ao ataque por ácido
Na área dos efluentes, devido à ampla sulfúrico biogênico, pois se trata do maior po-
variabilidade das suas características qualitati- tencial de deterioração existente em estruturas
vas, torna-se difícil a generalização dos valores de esgoto.
mais comuns. Também se deve considerar que Os problemas de formação de gás sul-
a prática comum é a integração dos despejos fúrico biogênico são bastante conhecidos em
industriais com os esgotos domésticos na rede tubulações de grandes diâmetros nas estrutu-
pública de coleta. As características quantitati- ras das estações de tratamento de esgoto. O
vas químicas típicas de esgotos predominante- concreto de tubulações de esgoto está sujeito
mente domésticos encontram-se apresentados à ação de bactérias, como o Thiobacillus thioxi-
de forma sintetizada na tabela 2. dans e Thiobacillus concretivorus, que oxidam
Sólidos totais: deve se considerar o compostos de enxofre (H2S) presentes no esgoto
efeito erosivo do fluxo de água contendo estas e os transformam em ácido sulfúrico biogêni-
partículas principalmente em locais com veloci- co. Essas bactérias são aeróbicas e necessitam
dade de fluxos mais elevados; da presença de oxigênio e, portanto a ação
74 REVISTA CONCRETo
Figura 1 – Mecanismo de deterioração do concreto por ataque de ácido sulfúrico biogênico
oxidante dessas bactérias costuma ocasionar do gás sulfídrico como mostra a Figura 1. A
corrosão mais intensa na parte superior de formação de gás sulfídrico, H2S, é proveniente
grandes tubulações ou nos tetos das estruturas da ação redutora de bactérias anaeróbicas
de armazenamento de esgotos. Seus processos Desulfovíbrio desulfuricans, sobre compostos
metabólicos ocasionam valores de pH do ácido orgânicos ou inorgânicos de enxofre presentes
sulfúrico biogênico em torno de 2, podendo nos esgotos, e possuem o inconveniente do
alcançar valores ainda menores de 0,7. cheiro de “ovo podre”.
O ataque por ácido sulfúrico biogênico Grandes deteriorações podem ocorrer
ocorre em estruturas de esgotos que necessita- no concreto dos tetos destas estruturas com
ram de uma tampa para evitar a propagação perdas que podem chegar a 7 cm de cobrimen-
to do concreto em menos
de 5 anos, como mostra a
OBRAS DE SANEAMENTO
Figura 3.
3. Revestimentos
minerais x resinas
orgânicas
Durante as últimas
décadas diversos sistemas
de proteção foram desen-
volvidos e utilizados para
a proteção de estruturas
de água e esgoto. Basica-
mente, podemos distinguir
estes sistemas em dois, os
orgânicos e os inorgânicos.
Figura 2 – Instalação de tampas sobre aeradores de esgoto Os sistemas orgânicos são
REVISTA CONCRETO 75
constituídos principalmen-
te por resinas de epóxi,
poliuretano, furânicas,
fenólicas ou de poliéster.
Os inorgânicos são prin-
cipalmente à base de ci-
mento ou outros sistemas
minerais.
As principais carac-
terísticas típicas encontra-
das nos sistemas minerais
e orgânicos estão demons-
tradas na tabela 3.
4. Risco de osmose
em revestimentos
orgânicos
Figura 3 – Ataque de ácido sulfúrico biogênico
76 REVISTA CONCRETo
de sistemas que tornam
o concreto menos per-
meável devido a reações
de formações de cristais
nos poros e capilares do
concreto.
Diversos sistemas
estão disponíveis, sendo
os atuais manuseados da
forma monocomponente
e aplicados por pintura
sobre o concreto em não
mais do que duas cama-
das. Suas propriedades
permitem sua aplicação
em áreas de água potável
e também de efluentes,
pois sua resistência quí-
mica encontra-se numa
faixa de pH entre 3 e 11.
Porém, cuidados devem
ser tomados, pois estes
Figura 4 – Efeito de osmose sistemas não possuem
resistência à abrasão.
Deve-se considerar o efeito de pressão
de vapor sobre revestimentos impermeáveis, 5.2 Revestimentos a base de cimento
pois a umidade retida tende a sair e empolar polimérico – baixa espessura (< 3 mm)
películas impermeáveis. O gradiente de pres-
são de vapor dentro do concreto, causada Os revestimentos à base de cimento
pelo movimento de vapor d´água, a partir polimérico consistem normalmente em pro-
de áreas de grande umidade para de baixa dutos bicomponentes, sendo um pó a base
umidade, pode chegar a valores de 1,5 MPa de cimento e um líquido a base de polímeros.
de pressão de arranque. Portanto, encapsular Como nos sistemas cristalizantes, os produtos
o concreto com películas impermeáveis repre- mais atuais utilizam em sua formulação po-
senta um grande risco. límeros em pó e são manuseados da forma
monocomponente, o que diminui a possibili-
dade de erros na dosagem. Suas propriedades
5. Sistemas de
impermeabilização
e proteção minerais
Atualmente, os
principais sistemas de im-
OBRAS DE SANEAMENTO
permeabilização e prote-
ção de estruturas minerais
estão divididos em:
5.1 Sistemas de
cristalização
Os sistemas de
cristalização são conhe-
cidos e vêm sendo aplica-
dos mundialmente com
sucesso durante as úl-
timas décadas. Trata-se Figura 5 – Efeito de osmose em revestimento orgânico
REVISTA CONCRETO 77
permitem normalmente sua aplicação em 5.3 Revestimentos de alta resistência
estruturas de água, não sendo recomendados química à base de cimento – alta
para a aplicação em estruturas de efluentes espessura (> 5,0 mm)
devido à sua baixa resistência química e falta
de resistência à abrasão. Os revestimentos minerais de alta
Porém, este sistema tem sido contestado resistência à base de cimento atendem aos
na Alemanha onde recentemente foi publicado requerimentos da DVGW e, preferencial-
o resultado de um estudo da VDZ, associação mente, utilizam cimentos isentos de C 3A em
alemã dos fabricantes de cimento. O estudo função da necessária resistência aos sulfa-
foi feito com base em uma pesquisa em diver- tos. Podem ser aplicados manualmente ou
sos reservatórios e testes de laboratórios, que projetados e são recomendados para apli-
mostraram a formação de pontos de corrosão cação em estruturas que armazenam água
nos revestimentos. Esta corrosão deve-se prin- potável e em estruturas que contenham
cipalmente a presença de metil-celulose e um efluentes devido à sua grande resistência
alto fator água cimento nos produtos. Com base química (pH 3 a 14).
neste estudo a DVGW – “Associação Científica
e Técnica Alemã para Gás e Água – Comitê de 5.4 Revestimentos minerais de alta
Armazenamento de Água”, publicou um ma- resistência química isentos de cimento
nual de requerimentos básicos para o uso de
revestimentos cimentíceos em reservatórios de O sistema de revestimento de alta
água potável, sendo os principais requerimen- resistência química tem como base um sili-
tos os seguintes: cato polimérico. Consiste de gel de silicatos
amorfos (SiO 2 . nH 2 O) dentro da matriz
Fator água cimento equivalente < 0,5; endurecida desta substância mineral pura,
Ar incorporado na argamassa fresca < 5 %; cuja aderência, durabilidade e estabilidade
Volume total de poros 90 dias < 10 %; dimensional o tornam ideal para proteção de
Resistência a compressão > 45 MPa superfícies de concreto e aço em estações de
Aderência > 1,5 MPa; efluentes, indústrias químicas e instalações
Espessura mínima 5 mm. de energia elétrica.
78 REVISTA CONCRETo
Os revestimentos minerais à base de a operação e durabilidade das estruturas
silicatos poliméricos são abertos à difusão de saneamento. Portanto, hoje em dia, a
de vapores de água e é resistente a todos os utilização de sistemas de impermeabili-
ácidos orgânicos e inorgânicos com pH próxi- zação e proteção se faz necessária tanto
mos ao ZERO (exceto ao ácido hidrofluórico) em estruturas novas como em estruturas
e resistente a temperaturas de até 570°C. Este existentes, pois a tecnologia de concreto
tipo de revestimento pode ser usado para empregada no passado não mais atende
aplicações onde altos carregamentos mecâ- os requerimentos atuais.
nicos e agentes agressivos são encontrados Diversos sistemas de proteção estão
ao mesmo tempo. A Figura 5 mostra cubos disponíveis, principalmente orgânicos à base
de silicatos poliméricos e concreto com 35 de resinas e inorgânicos à base de cimento ou
MPa, após o contato com solução ácida com não. Características como a abertura a difusão
pH menor que 1,0. de vapor de água, possibilidade de aplicação
em substratos úmidos e a execução de reparos
pontuais diminuem os riscos da utilização de
6. Conclusões sistemas minerais tanto durante a aplicação
como na operação e manutenção. Portan-
to, por sua natureza, similar ao concreto, a
Apesar da grande evolução de tec- aplicação de revestimentos minerais para a
nologia do concreto, os sistemas de tra- impermeabilização e proteção de estruturas
tamento de água e esgoto são cada vez parece uma tendência e a mais apropriada
mais agressivos e podem colocar em risco para estruturas de saneamento.
OBRAS DE SANEAMENTO
REVISTA CONCRETO 79
Aplicação do concreto
em estruturas offshore
Juliana Ferreira Fernandes
Túlio Nogueira Bittencourt
Paulo Helene
Universidade de São Paulo
Resumo
Este artigo
apresenta uma re-
visão da aplicação
do concreto em es-
truturas offshore
nos últimos 35 anos.
Atualmente, há 350
plataformas de con-
creto de gravidade
e flutuante em ope-
ração e em projeto
no Mar do Norte,
norte do Canadá,
Austrália, Holanda,
Congo, Nigéria, In-
Figura 1 – Tanques de estocagem de petróleo de Ekofisk I e quebra-mar
donésia, Rússia, Fi-
lipinas, Brasil e no
Golfo do México. Mais recentemente, um
importante terminal de gás offshore LNG Introducão
(Liquefied Natural Gas) foi projetado e está
sendo construído em Algeciras, próximo ao
estreito de Gibraltar na Espanha. Nos últimos O aço e o Concreto competem como ma-
30 anos, houve uma considerável melhoria terial estrutural na exploração e na produção
nas dosagens e nos aspectos construtivos de óleo e gás offshore. Nenhuma dessas opções
na produção do concreto. Hoje, com o apri- de material estrutural deve ser excluída sem
moramento da tecnologia dos concretos e uma análise prévia e criteriosa das condições
com o desenvolvimento de novos materiais encontradas no campo petrolífero.
componentes, como os aditivos redutores Desde 1940, o aço foi preferido na
de água e as adições pozolânicas, como me- execução de plataformas offshore que ex-
tacaulim e sílica ativa, é possível obter com ploram e que produzem óleo, devido aos
facilidade alta resistência mecânica e elevada avanços tecnológicos desse material e aos
durabilidade. Também o uso de agregados equipamentos empregados na região do
leves, material importante para a redução do Golfo do México. Contudo, o aço apresenta
peso da estrutura, colabora para as questões algumas desvantagens, dentre elas, o custo
de maior flutuabilidade. A execução de uma e a disponibilidade do material na quanti-
estrutura offshore de concreto no contexto dade necessária, cuja oferta às vezes escas-
atual pode ser uma excelente opção para as seia. O fator econômico foi um dos motivos
empresas petrolíferas. para o incentivo de estudos de um material
80 REVISTA CONCRETo
te, a necessidade
de alcançar grandes
profundidades. Com
novas geometrias e
novas técnicas, fo-
ram desenvolvidos,
nos anos 70, proje-
tos de plataformas
de concreto, capazes
de suportar o agita-
do Mar do Norte, as
quais estão hoje em
excelente estado de
operação.
Em 1973, foi
Figura 2 – Plataformas offshore brasileiras: (a) PUB-2; (b) PUB-3
construída no mun-
do a primeira pla-
alternativo para a execução de estruturas taforma de concreto, denominada Ekofisk
offshore. (Fig.1). O principal objetivo desta unidade
O concreto emergiu como uma res- offshore é a armazenagem de 159.000m 3 de
posta a estas questões por ser um material óleo. Ela está localizada no meio do Mar do
abundante e barato. Além disso, são bastan- Norte a uma distância de 170km da costa
te conhecidas as técnicas para sua produção Norueguesa. Esta plataforma é uma estru-
contínua e lançamento adequado. Com o tura de concreto protendido, com 90m de
aprimoramento da tecnologia dos concretos altura que se sustenta por uma base apro-
e com o desenvolvimento de novos materiais ximadamente circular de 99m de diâmetro
componentes, como os aditivos redutores [1]. Essa unidade possui uma barreira de
de água e as adições pozolânicas, podem-se proteção projetada para reduzir a energia
obter com facilidade alta resistência mecâ- cinética das ondas. A barreira é feita de
nica e elevada durabilidade. Além dos con- concreto pré-fabricado com 8634 furos.
cretos de alta resistência, há a tecnologia A resistência à compressão do concreto
da protenção com cabos de aço de altíssima utilizado na estrutura de proteção foi em
REVISTA CONCRETO 81
no interior da costa da Bahia. O local do flutuantes Heidrun TLP (Tension Leg Plata-
canteiro de obras foi no interior da Baia de form), Fig. 3, e a semi-submersível Troll B,
Todos os Santos. Logo após a construção, as Fig. 7. Existem 12 plataformas de concreto
unidades foram rebocadas desde o canteiro instaladas no setor britânico. Além dessas
até a costa do Rio Grande do Norte, onde se unidades, existem plataformas de concreto
encontram instaladas atualmente, Fig.2. instaladas na Indonésia, Canadá, Alemanha,
As plataformas de gravidade brasi- Estados Unidos, Holanda, Congo, Nigéria
leiras são estruturas multi-celulares feitas e Austrália. As mais recentes plataformas
de concreto protendido. Cada unidade pos- têm sido instaladas na Rússia (Ilha Sacalina),
sui 53m de comprimento, 46m de largura. Dinamarca, Filipinas e Nigéria. A Tabela 1
Com 25,7m de altura e pesando cerca de ilustra uma lista mais detalhada sobre as
28.000t cada uma, necessitavam de uma estruturas offshore de concreto. Mais re-
profundidade de 15m para navegação. Cada centemente, um importante terminal LNG
unidade possui 22 células para material de offshore foi projetado e agora está sendo
lastro, e 20, para armazenamento de óleo, construído em Algeciras próximo ao Estreito
consumindo na sua construção cerca de de Gibraltar, Espanha. Essa estrutura será o
10.000m 3 de concreto, 1.200t de aço doce e primeiro terminal offshore do mundo. Ele
270t de cabo de protenção. A sua constru- será instalado offshore em Rovigno, Itália.
ção foi iniciada num dique seco e, após ter Essa obra é conhecida como projeto LNG
condições de flutuação com altura de 7,8m, Adriático. Similares terminais LNG estão em
foi rebocada para uma ponte, onde ali, era estágio de projeto.
finalizada sua execução. Uma das caracterís-
ticas do processo construtivo foi à utilização
de formas deslizantes para a concretagem Tipos de projetos
das paredes, que totalizava uma extensão
de 750m e era acionada por cerca de 400
macacos. Para utilização deste processo foi Tanques cilíndricos
necessário dotar o concreto das paredes
de características especiais, principalmente A plataforma Ekofisk foi construída
com relação à pega de cimento, cujo início de acordo com o conceito Francês-Canaden-
foi retardado em 16 horas. O concreto em- se. A decisão de construir essa plataforma
pregado possuía condições necessárias para permitiu o desenvolvimento, não somente
manipulação por bombeamento. Durante o da estrutura offshore, mas também do avan-
controle do concreto
das três estruturas,
os valores médios
da resistência à com-
pressão aos 28 dias
situaram-se sempre
acima de 50MPa,
sendo que no pro-
jeto estrutural foi
prevista uma resis-
tência característica
de 35MPa [2].
Desde então,
mais de 40 platafor-
mas offshore de con-
creto de gravidade
e flutuante foram
construídas e insta-
ladas ao redor do
mundo. No mar do
Norte, existem 15
plataformas instala-
das no setor norue- Figura 3 – Algumas plataformas de concreto instaladas na região norueguesa
guês, incluindo as (www.olavolsen.no)
82 REVISTA CONCRETo
ço da tecnologia do concreto, métodos de mesmo conceito de tanque de concreto. Essa
projeto, métodos construtivos, previsão de plataforma foi uma das edificações mais
carregamento, qualidade de gerenciamento desafiadoras do mundo, executada com pe-
e evolução na segurança [4]. Posteriormen- rícia e domínio tecnológico, com traços de
te no Mar do Norte, três projetos similares concreto dosados em diferentes densidades.
ao conceito Ekofisk foram realizados (Frigg Os concretos utilizados foram executados
CDP-1 1975, Frigg MP-2 1976 e Ninian Centre com mistura de 50% de agregados leves e
1978) [4]. 50% de agregados normais, atingindo resis-
Finalizada em 1997, instalada no tências à compressão média de 80MPa em
norte do Canadá nas águas geladas de corpos de prova cúbicos [5]. Essa estrutura
Newfoundland, a gigantesca plataforma resiste a impactos de icebergs pesando mi-
“Hibernia”, construída pela Mobil, possui o lhões de toneladas de gelo (Fig.4).
REVISTA CONCRETO 83
dade. Todo o casco,
incluindo as vigas
mestras e pilares,
exceção o deck que
é de aço, foram uti-
lizados concreto de
ele vado de sempe -
nho com agregados
leves, a densidade
específica do con-
Figura 4 – Plataforma Hibernia offshore (a) ela sendo rebocada do dique seco para alto creto foi em torno
mar; (b) planta da vista superior da estrutura de concreto com diferentes densidades de 1950kg/m 3 . Essa
em seus componentes estruturais [5]
estrutura recebeu da
FIB um prêmio por
Condeeps e estruturas
estrutura destaque no ano de 1998, Fig. 6.
similares de gravidade
O volume de concreto utilizado nesta pla-
taforma foi em torno de 65.700m 3. O peso
O conceito de projeto Condeep é ba-
próprio do casco é 89.000t (além de 65.000t
seado sobre uma base celular formada por
do deck mais maquinário), o deslocamento
células circulares. Acima das células há pila-
res, que podem variar de um a quatro colu- da estrutura é 285.000t.
nas (shafts). A principal vantagem é a forma
delgada desses shafts que vão até o fim da Estrutura
zona de ondas. Essas plataformas apoiam no flutuante ancorada
fundo do mar por gravidade dispensando a por catenária
fixação por estacas. Em 1975, Beryl Alpha, a
A primeira plataforma de concreto
primeira plataforma Condeep, foi lançada
ancorada por catenária foi a Troll Ole ou
sobre a região do Reino Unido. Já em 1995,
Troll B, instalada no Mar do Norte em 1995
um total de aproximadamente 14 platafor-
a 340m de profundidade (Fig.7). Essa estru-
mas Condeeps tinham sido instaladas no
tura foi a primeira da geração designada
Mar do Norte (Figuras 3 e 5) [4].
semi-submersível (semi-sub). A escolha desse
projeto depende de vários fatores (profun-
didade, condições das ondas, etc.) e não
Plataformas flutuantes de concreto permite a aplicação de risers rígidos. A es-
tabilidade e a flutuabilidade são alcançadas
por quatro grandes pilares conectados por
TLP (Tension leg plataform) um anel (pontoon). O volume de concreto
utilizado nessa unidade foi 46.000m 3, possui
Como a exploração de hidrocarbone- peso-próprio de 32.500t. O deslocamento é
tos vem também sendo realizada em águas de 190.000t [4].
profundas, nesse
caso, estruturas flu-
tuantes são muito
mais competitivas do
que as estruturas de
gravidade.
A plataforma
Heidrun foi a primei-
ra TLP de concreto
construída no mun-
do. Essa unidade foi
instalada em 1995
em uma zona de
águas profundas no
Mar do Norte com
345m de profundi- Figura 5 – Plataformas de concreto do tipo Condeep: (a) Gulfack C em operação;
(b) Sleipner A em construção
84 REVISTA CONCRETo
sejam transportados
via mar.
Plataformas
offshore flutuantes
LNG/LPG de armaze-
nagem podem servir
para outros fins de
transporte, como li-
quefação ou como
regasificação. O casco
de concreto proten-
dido tem várias van-
tagens em relação a
outros materiais ao
armazenar produtos
Figura 6 – Plataforma Heidrun de concreto (tension leg platform) criogênicos, dentre
eles estão: excelen-
Heavy lift vessels tes resistências a temperaturas criogênicas,
shocks térmicos e desempenho marítimo. Um
A MPU Offshore Lift da Noruega com bom exemplo de estrutura de concreto flutu-
a Keppel Verolme dos Países Baixos lança- ante é o terminal LPG Ardjuna Sakti [8].
ram por 140 milhões de Euros uma nova A Ardjuna Sakti é uma unidade de
plataforma flutuante. Essa plataforma será armazenagem LPG de concreto protendido
similar a uma semi-submersível, a primeira com dimensões 140.5 x 41.5 x 17.2 m (com-
dessa linha, prevista para estar finalizada primento x largura x altura) e deslocamento
em 2009. de 66.000t. Essa barcaça foi construída e
A semi-sub de concreto, projetada completamente finalizada em Tacoma (Wa-
pela Grenland Group em Sanderfjord, será shington). Após sua execução, ela foi reboca-
em forma de U, Fig.8. A MPU – Multi Pur- da por 16.000km através do Oceano Pacífico
pose Unit – Heavy lifter é resultado de um com destino ao Mar Java, Indonésia, onde
programa de pesquisa de oito anos de du- permanece ancorada em um bom estado de
ração, que está incluso o projeto detalhado conservação até os dias de hoje.
Plataformas
Offshore
flutuantes de
concreto LNG/LPG
LNG, Lique-
fied Natural Gas,
com temperatura de
–160 oC, LPG, Lique-
fied Petroleum Gas,
com temperature de
-40oC, ocupam apro-
ximadamente 630 ve-
zes e 310 vezes, res-
pectivamente, menos
volume do que a for-
ma gasosa a tempera-
tura e a pressão cons-
tantes. A redução de
volume permite que Figura 7 – Troll B a primeira plataforma de concreto flutuante ancorada por catenária:
produtos criogênicos (a) projeto; (b) parte interna de uma das colunas
REVISTA CONCRETO 85
em uma doca seca em Campamento, Bacia de
Algeciras, próximo ao Estreito de Gibraltar
no Sul da Espanha (Fig.10). O terminal LNG
Adriático será instalado offshore em Rovigno,
Itália e está previsto entrar em operação em
Abril de 2008. O terminal receberá LNG de
Catar, onde o gás líquido será armazenado e
regaseificado. O gás será alimentado por um
oleoduto a 17km da costa, aproximadamente
a 30km da cidade de Rovigno pelo sistema
de distribuição de gás italiano e onde será
distribuído aos consumidores. A finalidade
desse terminal é receber gás natural em for-
ma líquida de navios petroleiros de Catar a
cada três dias. O terminal consiste em uma
Figura 8 – Heavy lift vessels estrutura de gravidade GBS instalado em local
de águas rasas, similar a uma ilha artificial.
Barcaças Devido ao seu tamanho 180 x 88 x 48 m (com-
primento x largura x altura), o GBS deve ser
Nkossa: Operadora pela Elf Congo, essa construído dentro de um dique seco. Após sua
barcaça é considerada a maior do mundo em finalização, a doca é inundada e a unidade é
concreto de alta resistência protendido. Essa rebocada até o seu destino final.
unidade, construída em Marseille, França, pos-
sui dimensões 220 x 46 x 16 m (comprimento x
largura x altura) com deslocamento de 107.000t. Aplicações de concreto
Sua função é de armazenar óleo e gás natural, para unidades offshore
além da exploração de óleo. Depois de finali-
zada em 1996, ela foi rebocada por 7200km até
chegar a Costa Oeste do Congo, África, onde A maioria das plataformas offshore
permanece ancorada a 170m de profundidade. tem empregado concreto de alta resistência
O volume de concreto consumido nessa emprei- altamente armado e protendido. As classes
tada foi de 27.000m3 com resistência média à dos concretos variam de C40 a C85 [11].
compressão variando de 70 a 78 MPa. O peso
Esse tipo de estrutura tem proporcionado o
total da estrutura é 33.000t [9].
avanço na tecnologia do concreto além das
C-Boat 500: Essa unidade é um protótipo
utilizadas na prática normal de projeto. A
de barcaça, construída no Japão em 1982, com
dimensões 37 x 9 x 3,1 m (comprimento x lar- bibliografia técnica sobre o concreto de alta
gura x altura) e com uma capacidade de carga resistência é vasta e com aspectos comuns.
de 490t. O concreto utilizado no casco foi o O primeiro é que há várias normas em todo
concreto leve pré-fabricado e protendido com o mundo, mas elas não satisfazem o uso do
densidade de 1800 kg/m3 e resistência média à concreto de alta resistência. Várias delas
compressão de 50 MPa [10].
Terminal
86 REVISTA CONCRETo
Figura 10 – Terminal LNG Adriático em construção em doca seca
são muito conservadoras e outras, condu- sílica ativa, cinzas volantes, pozolanas natu-
zem a estimativas acima da capacidade dos rais e cinzas de casca de arroz.
elementos estruturais de concreto de alta
resistência. O segundo, é essencial e neces- Construção
sário ter um confinamento eficiente do aço
para prever uma ductilidade adequada ao A utilização do concreto de alta re-
membro estrutural. Inúmeros modelos vêm sistência cria vários problemas com respeito
sendo propostos. a construção em estruturas offshore. O pri-
meiro é a necessidade de alta porcentagem
Dosagem do concreto aplicado de armaduras com espaçamentos reduzidos
em estruturas offshore dos estribos e a alta quantidade de cabos
de protensão. Essas necessidades criam
Em estruturas offshore de concreto, a um congestionamento e dificuldades de
alta resistência do material depende de vá- alojamento das barras, as quais requerem
rios fatores, talvez o mais importante, o uso uma redução do diâmetro máximo nominal
REVISTA CONCRETO 87
turas offshore. Uma das maiores pesquisas trabalhável em todos os estágios, desde
sobre o assinto foi o “LettKon” – Lightwei- a manufatura, transporte, lançamento e
ght Aggregate Concrete for Structural Ap- compactação. As propriedades do con-
plication, realizado entre 1996 à 1999. Foi creto fresco e endurecido devem estar
gasto nesse projeto por volta de 9 milhões especificadas através de normas nacionais
de NOK. A meta desse programa consistiu e internacionais, tais como a resistência à
em: posicionar o concreto leve no mercado compressão, resistência à tração, módulo de
competitivo; consolidar a tecnologia no- elasticidade e energia de fratura. Proprieda-
rueguesa do concreto de alta resistência des que podem causar fissuras no concreto
leve, com o intuito de proporcionar maior estrutural devem estar bem avaliadas, tais
qualidade ao material e menor densidade como fluência, retração, calor de hidrata-
para ser usado nas plataformas e nas pon- ção, expansão térmica e efeitos similares.
tes; economizar e aumentar a eficiência em A durabilidade do concreto estrutural está
todas as partes do processo de fabricação ligada a permeabilidade, a absorção, a
do material; produzir um guia técnico para difusão e a resistência aos ataques físicos
o uso do concreto leve e normalizá-lo. e químicos encontrados em ambientes ma-
LettKon foi desenvolvido em paralelo com rítimos. O concreto deverá ter uma relação
o programa da União Européia “EuroLi- água/cimento menor que 0,45 e na zona
ghtCon” – Brite EuRam III programme:
de respingo, esta relação deverá ser menor
Economic Design and Construction with
que 0,40.
Light Weight Aggregate Concrete.
As normas do Reino Unido, Austrália,
Normalmente, o concreto de alta
França, Alemanha, Canadá e Estados Unidos
resistência permite densidades variando de
também são utilizadas.
1900-2000 kg/m 3 e pode ser produzido em
grande escala no canteiro de obra (compa- A Norma mais consultada nas es-
rado aos concretos C75-C85 com densidades truturas offshore de concreto é o ACI-357
normais de 2450 kg/m 3). As matérias primas – Concrete Offshore Structures. As Normas
dos agregados leves, geralmente utilizadas alternativas são a canadense S-474 – Con-
em plataformas offshore, são: argila expan- crete Structures Offshore Structures e a
dida, cinza volante e folhelho. A Tabela 2 norueguesa NS-3473 – Guide for the Design
ilustra alguns agregados leves utilizados nas and Construction of Fixed Offshore Concrete
estruturas offshore. Structures.
Estas Normas abrangem as condições
Critérios de projeto do ambiente de carga no contexto offshore,
os requisitos de materiais empregados, as
Na Noruega, o conjunto de Normas condições estruturais de projeto, a insta-
utilizadas na industria offshore são deno- lação, a manutenção e o reparo. Além das
minadas NORSOK. A partir de 2007 esse condições citadas anteriormente, as conside-
conjunto foi substituído pela ISO/DIS 19903, rações das etapas de construção, a resposta
além da NS 3473 para projeto de estruturas dinâmica durante as ondas de tempestade,
de concreto utilizada no setor norueguês vento, cargas de corrente, impactos locais
desde a década de 70. de ondas e de barco, e as cargas dinâmicas
A norma ISO/DIS 19903 sobre estru- de terremoto também estão inclusos. As
tura de gravidade offshore estabelece que provisões para a inspeção e a segurança são
o concreto fresco deva ser inteiramente estabelecidas e ressaltadas.
88 REVISTA CONCRETo
Conclusões A quantidade de mão-de-obra local para
construção de plataformas de concreto
pode ser maximizada, sendo fator importante
Após anos de utilização de platafor- para desenvolvimento da economia do país
mas de concreto para exploração de pe- onde se pretende instalá-las.
tróleo e gás, algumas evidências sobre seu
comportamento podem ser apresentadas Para se obterem concretos de altas
conforme abaixo: resistências necessários para as aplicações
offshore, os agregados graúdos devem
As necessidades da indústria de construção ser devidamente selecionados. Geralmente,
de plataformas offshore têm sido essenciais agregados basálticos e graníticos são
para o incentivo ao desenvolvimento de recomendados. Certos tipos de gnaisses
novos concretos de alta performance e de são também possíveis de ser utilizados,
modernos métodos de construção. mas devem-se evitar agregados calcáreos
e dolomíticos. Agregados leves, como as
As estruturas offshore de concreto têm argilas expandidas, são frequentemente
apresentado um excelente desempenho em utilizados para garantir uma redução de
operação. Nenhum sinal de deficiência peso da estrutura. A qualidade do
ligado ao material tem sido observado. cimento é também crucial para que as
características de resistência e durabilidade
Os desenvolvimentos tecnológicos especificadas em projeto sejam
presentes nas atuais plataformas de adequadamente atingidas.
concreto serão cruciais em futuras
aplicações que possuam grandes demandas
de desempenho, economia e durabilidade. Agradecimentos
[01] Xercavins, M. “Offshore Oil Storage in the North Sea-Ekofisk Reservoir”. Concrete Sea Structures.
Proceedings of the Fip Symposium. Tbilisi, September, 1973. pp. 105-108.
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Technology: Past, Present, and Future, Proceedings of V. Mohan Malhotra Symposium, Mar 21-23, 1994.
Ed. by P. Kumar Mehta; American Concrete Institute ACI, Detroit, MI, 1994, pp. 289 - 305. (ACI SP 144).
REVISTA CONCRETO 89
Programa MasterPec
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90 REVISTA CONCRETo
Introdução As patologias
mais freqüentes
Reservatórios,
Decantadores, Flo- Para se definir
culadores, Filtros, os sistemas de recupe-
Reatores, Canais, ração e proteção ade-
Galerias, Adutoras, quados, é preciso, pri-
Interceptores e Emis- meiramente, elaborar
sários são estruturas um diagnóstico que
que apresentam pa- determine as causas das
tologias específicas patologias, os condi-
e diferenciadas no cionantes físicos e quí-
decorrer de sua vida micos e os mecanismos
útil. Via de regra, de deterioração sob os
causadas pelo am- quais a estrutura está
biente agressivo e, submetida (quadro 1 e
mais precisamente, 2). As normas relaciona-
pelo contato com das a este tema, a NBR
águas puras ou com 6118 (ABNT, 2004) e
efluentes e gases; por CETESB L1.007 (Compa-
isso, devem receber nhia de Tecnologia de
OBRAS DE SANEAMENTO
tratamentos adequa- Saneamento Ambiental
dos a cada especificidade. do Estado de São Paulo, 1980), podem auxiliar
É importante analisar, antes de qual- neste processo para a classificação do meio e o
quer tipo de intervenção, as causas das grau de agressividade deste ao concreto, porém é
patologias, e as demandas de cada peça no importante ressaltar a lacuna existente nas normas
intuito de se eleger a melhor tecnologia ou quando se necessita de diretrizes específicas para
combinação entre tecnologias, que atendam as estruturas de concreto no saneamento.
as condicionantes físicas e químicas a que a O sistema escolhido para o reparo deve,
estrutura está submetida. primeiramente, garantir a estabilidade da estru-
Dentro deste raciocínio, podem ser tura durante a intervenção e uso. Posteriormente,
necessários vários tipos de sistemas, mes- deve assegurar a durabilidade da peça recupera-
mo para a intervenção nas estruturas de da considerando o meio ao qual a estrutura está
uma mesma ETA (Estação de Tratamento de exposta. O sistema de reparo e proteção deve
Água), pois, tomando-se como exemplo um ser capaz de estancar todos os mecanismos de
filtro de fluxo descendente com retro lava- agressão com durabilidade e suportar todos os
gem, o desgaste se dá, principalmente, por condicionantes sem perder sua função.
abrasão, o que não ocorre nas paredes e laje Para aumentar as chances de acerto na
dos decantadores. escolha dos sistemas de proteção e reparo é impor-
REVISTA CONCRETO 91
tante entender como funcionam os mecanismos
de degradação preponderantes ao concreto e ao
aço. Por isso, vamos fazer uma breve descrição dos
processos relacionados às patologias mais comuns
no meio do saneamento.
Preponderantes ao concreto
92 REVISTA CONCRETo
ou extremamente básicos. Estes casos devem ser
tratados pontualmente, com materiais indicados
para cada caso. Deve-se ainda alertar aos opera-
dores sobre a necessidade de proteção preventiva,
caso seja preciso a mudança do ponto de dosagem
de produtos químicos.
Preocupação constante nas estruturas em
contato com água, mas não menos recorrentes, são
os vazamentos que vem sendo combatidos com
todo o esforço, no intuito de reduzirem as perdas
de água tratada e os danos causados pelos mesmos
à estrutura, através do processo de degradação por
lixiviação. Os vazamentos nas estruturas ocorrem,
principalmente, através de juntas de dilatação,
trincas, juntas de concretagem e brocas.
Já nas estruturas das ETE’s (estação de tra-
tamento de esgoto) os problemas mais freqüen-
tes, apesar do pequeno tempo de uso deste tipo
de estrutura no Brasil, são decorrentes dos gases
formados pelo esgoto doméstico. Por possuírem
um pH muito baixo, é necessário pouco tempo
de utilização para que se inicie um processo de
Despassivação por ataque ácido: Em degradação da estrutura, sobretudo na região
ambientes com alto teor de sulfetos, após a expan- sujeita ao contato com os gases (Figura 1). Nos ca-
são do concreto e a perda do cobrimento protetor nais de chegada, emissários e interceptores nota-se
das armaduras, acontece a corrosão das mesmas também um grande desgaste devido ao fluxo de
pela ação das bactérias e do ácido sulfúrico. sólidos imersos no líquido do esgoto (abrasão). Este
Um dos problemas recorrentes em estru- tipo de degradação é extremamente preocupante,
turas de saneamento é o ataque químico causado uma vez que, nestas unidades, não se tem uma
pela dosagem de produtos extremamente ácidos sistemática de inspeção e manutenção. Devido
OBRAS DE SANEAMENTO
REVISTA CONCRETO 93
à dificuldade de paralisação destas unidades e o uma proteção geral à estrutura. É ainda impor-
tempo necessário para uma eficiente inspeção e tante colocar que fissuras por ação de cargas,
manutenção, quando a patologia é identificada independentemente dos cuidados de concretagem
o processo de degradação pode encontrar-se em e cura, vão ocorrer em concretos com altas resis-
um estágio avançado. tências, módulo de elasticidade e aços de elevada
Os vazamentos, assim como nas estruturas resistência como CA50 e CA60, como cita Helene
em contato com água, acontecem com grande em seu estudo A Nova NB1/2003 (NBR6118) e a
freqüência através de juntas de dilatação, trincas, Vida Útil das Estruturas de Concreto: “...O apa-
juntas de concretagem e brocas e atacam as arma- recimento de fissuras nas estruturas de concreto
duras e o próprio concreto através dos sistemas de armado é inerente aos materiais que as compõe.
agressão vistos anteriormente. A utilização de aços de elevada resistência (...)
As normas atuais para concreto armado implica em deformações à flexão e à tração impor-
têm recomendado, acertadamente, um maior tantes no concreto que envolve essas armaduras
recobrimento de proteção das armaduras (35 superando, na maioria das vezes, a deformação
a 45mm) e um aumento da resistência dos con- específica máxima à tração do concreto. Superada
cretos (35 a 40 MPA) nos meios de agressividade essa capacidade de absorção de deformações, o
forte ou muito forte, no intuito de se garantir concreto fissura.”
uma maior durabilidade das estruturas, pois um
concreto com maior resistência apresenta uma
maior compacidade e, por conseqüência, maior As tecnologias tradicionais
impermeabilidade, o que protege as armaduras de recuperação e proteção
do ataque de agentes agressivos. Apesar de
aumentarmos a proteção às armaduras através
do aumento de recobrimento, é importante Antes de qualquer apresentação das técni-
ressaltar que, em estruturas de concreto para cas de recuperação, é importante esclarecer que
saneamento, é possível encontrarmos pontos qualquer técnica depende diretamente da mão
delicados e propensos a algum tipo de compro- de obra de aplicação, equipamentos e materiais,
metimento, como é o caso das trincas e brocas, como um sistema integrado que não deve falhar
juntas de concretagem e de dilatação. Um maior em nenhum desses pontos.
recobrimento é indicado para garantir uma O conhecimento das técnicas e dos ma-
maior espessura de proteção para que, mesmo à teriais é de suma importância para o sucesso da
longo prazo, os mecanismos de agressividade se operação de reparo, assim como a expertise da
estabilizem, assim como vimos no gráfico acima equipe de aplicação. Os sistemas de recupera-
relativo à carbonatação. ção, proteção e reforço dependem de materiais
Portanto, é sempre necessário considerar sensíveis e detalhes simples de aplicação, porém
tratamentos específicos para trincas, brocas e determinantes para que o resultado desejado
juntas de concretagem, caso não seja especificada seja alcançado.
94 REVISTA CONCRETo
Uma preparação de superfície adequa- projeção. No segundo caso, o concreto já adicio-
da é um item crítico para qualquer sistema, seja nado com água é levado à câmara de projeção,
de recuperação, impermeabilização, proteção onde através do ar comprimido, é levado até o
ou reforço, e em muitas vezes, é desprezado bico de projeção. A partir daí, adiciona-se mais
em função dos custos. Entretanto, considera- ar para a projeção contra o substrato.
mos de extrema importância para o resultado Corretamente aplicado e com a superfície
do sistema. corretamente preparada, o material é estrutural-
Nas estruturas para reservação e pro- mente adequado e durável, capaz de excelente
dução de água potável, um cuidado adicional aderência a outro concreto.
deve ser tomado. Todos os produtos das etapas
de recuperação, proteção e impermeabilização
do concreto devem ser aprovados para este Argamassa polimérica
uso através de laboratórios independentes e
normas de potabilidade da água aplicável em
sistema de impermeabilização, como a norma No intuito de se recuperar o recobri-
NBR 12170/1992, para se garantir que não mento original do concreto e melhorar as ca-
haverá contaminação da água potável pelos racterísticas de proteção da armadura, tem-se
produtos aplicados. utilizado, com bastante freqüência, argamassas
Existem algumas tecnologias que são recor- poliméricas industrializadas. O material pode
rentes na recuperação de estruturas de concreto ser aplicado projetado ou manualmente. As
armado em peças de saneamento e que serão principais características deste sistema são: a
apresentadas a seguir: redução de água da mistura para se obter uma
boa trabalhabilidade; a baixa permeabilidade;
e a boa aderência a substratos devidamente
Concreto ou argamassa projetada preparados.
Este sistema é indicado para reparos su-
perficiais de até 50 mm de espessura. Cada tipo
A técnica de concreto projetado é bas- de argamassa polimérica deve seguir a espessura
tante utilizada nos processos de recuperação máxima de aplicação por camada. As argamassas
e reforço e consiste em se conduzir, através poliméricas industrializadas têm-se desenvolvido
de uma mangueira, concreto ou argamassa, no sentido de eliminar etapas de tratamento, evi-
projetando-o em alta velocidade (acima de 120 tando a necessidade de ponte de aderência e pin-
m/s). A força do jato de concreto, ao encontrar tura anti-corrosão das armaduras, já incorporando
a superfície de base, comprime o material man- essas etapas na própria composição da massa.
tendo-o auto-aderido.
A superfície que vai receber o concreto
pode estar na vertical, inclinada ou horizontal. Juntas de dilatação pré-formadas
Existem dois tipos de processos relacionados a esta de neoprene aderida com epóxi
técnica: via seca e via úmida.
OBRAS DE SANEAMENTO
No primeiro, o concreto é levado até
o bico de projeção sem a adição de água que Conforme dito anteriormente, as juntas
é adicionada no bico imediatamente antes da de dilatação em estruturas de concreto armado
REVISTA CONCRETO 95
no saneamento geram problemas críticos de va-
zamento e degradação. As juntas de dilatação Os sistemas atuais de
são normalmente tratadas preventivamente recuperação e proteção
pelo sistema de juntas fungenband (Figura 4),
que em algumas vezes não é efetivo para a ve-
dação dos líquidos presentes nas estruturas, seja Revestimento mineral de alta resistência
por motivo de má aplicação (falta de vibração química para impermeabilização e
em torno das abas ou mau posicionamento da proteção das estruturas
junta) ou por elevada movimentação da estru-
tura, rompendo assim o perfil e/ou o concreto O sistema acima descrito consiste na aplica-
em torno deste. Nestes casos, as recuperações ção de um revestimento mineral modificado sin-
têm sido executadas através do sistema de co- teticamente, aplicado manualmente (com ponte
lagem de perfil de neoprene extrudado com de aderência) ou projetado (diretamente sobre a
resina epoxídica*. Assim como os outros sis- estrutura preparada). Tem espessura de camada
temas apresentados anteriormente, o sistema final mínima de 5mm e máxima de 10mm. O sis-
de reparo funciona efetivamente, desde que tema tem grande versatilidade já que possui altas
sejam seguidos os detalhes de preparação de resistências às substâncias agressivas e à abrasão,
superfície, cuidados necessários na aplicação, boa impermeabilidade e permite a difusão de
assim como os cuidados de se garantir a imper- vapor d’água.
meabilidade do concreto na região de colagem Este processo tem sido bastante utili-
do perfil. zado tanto em estruturas de tratamento de
esgoto (áreas em contato com o efluente),
quanto em estruturas de reservação e produ-
Revestimento com cimento ção de água potável.
polimérico – (baixas espessuras)
Proteção superficial à base
de silicato polimérico
O sistema de impermeabilização com
Argamassa de silicatos alcalinos poliméricos
cimentos poliméricos industrializados tem
de alta aderência a substratos minerais pode ser
sido utilizados para a proteção e impermea-
aplicada manualmente ou projetada em uma es-
bilização de estruturas de reservatório e ETAs
pessura entre 8 e 12 mm. Apresenta gel de silicatos
(Estações de Tratamento de Água), porém
amorfos (SiO2 . nH2O) dentro da matriz endure-
este sistema tem sido contestado na Alema-
cida, de forma que sua aderência, durabilidade e
nha, onde a DVGW – “Associação Científica e
estabilidade dimensional faz torná-la apta para a
Técnica Alemã Para Gás e Água – Comitê de proteção contra os gases formados pelo esgoto
Reservação de Água”, publicou um manual de doméstico nas áreas em contato com gases das
requerimentos básicos para o uso de produtos estações de tratamento de efluentes. Este gel de
à base de cimento em reservatórios, onde silicatos é resistente a todos os ácidos orgânicos e
indica que a utilização deste tipo de revesti- inorgânicos com pH próximos ao ZERO (exceto ao
mento para impermeabilização ou proteção de ácido hidrofluórico).
estruturas de concreto deve seguir uma série
de requerimentos, entre os quais: Tratamento químico impermeabilizante
Espessura mínima de 5mm para arga- de alta penetração
massas com tamanho da partícula máxima de
1mm; e espessura entre 5-15mm para argamas- O tratamento químico cristalizante tem por
sa projetada com tamanho de partícula máxima objetivo impermeabilizar e proteger as estruturas
de 2-4mm. de concreto armado. Aplicado sobre o concreto, o
A recomendação publicada foi resul- tratamento é capaz de gerar formações cristalinas
tado de um estudo produzido com base em profundas, tornando-se parte integrante do mes-
diversos reservatórios pesquisados e testes mo e formando uma barreira definitiva que sela os
de laboratório que mostram a rápida perda poros e capilaridades, impedindo a penetração da
de resistência e adesão de argamassas po- água, mesmo sob altas pressões hidrostáticas.
liméricas de pequena espessura (aplicadas O sistema de tratamento químico crista-
como pintura ou projetadas), provocando a lizante é complementado com argamassas para
degradação do sistema de impermeabilização reparos e tamponamentos formulados para recu-
e proteção. perar concretos com defeitos ou danificados.
REVISTA CONCRETo
96 * Junta Tipo Jeene – Figura 5
O tratamento químico cristalizante define- componentes, bi-componentes e bombas de inje-
se como sendo um processo físico-químico que visa ção de microcimento. Os benefícios indispensáveis
preencher as porosidades e capilaridades caracterís- em um equipamento de injeção são:
ticas da microestrutura do concreto, desencadeando Ajuste ou limitação possível da pressão de
um processo catalítico de formação de cristais não injeção através dos controles de operação
solúveis e não tóxicos numa profundidade mínima do equipamento;
de 50 mm na estrutura do concreto, de modo a Facilidade para operar;
garantir que não haja a penetração de água por Objetividade para testar sua efetividade;
capilaridade, suportando pressões hidrostáticas Risco pequeno de paradas;
tanto positivas quanto negativas de até 0,7 MPa. O Facilidade de limpeza e movimentação
concreto tratado com o sistema é capaz de proteger O sistema de injeção pode ser utilizado
a estrutura de concreto além das armaduras, no que para atingir diversos objetivos, dentre os mais
diz respeito à oxidação a partir da carbonatação e comuns e mais utilizados nas estruturas de
ataque de cloretos. Os tratamentos químicos crista- concreto do saneamento estão:
lizantes cumprem as características de não toxidade,
não comprometimento da potabilidade da água e, Tratamento estrutural
principalmente, de não ataque aos componentes
do concreto existente. O tratamento estrutural visa recompor as
condições iniciais de suporte da estrutura e dos es-
Sistema de Injeção forços resistentes do concreto estrutural. Para que
a estrutura volte a ser monolítica, é necessária a
A tecnologia de injeção consiste no pre- injeção de materiais de altas resistências mecânicas
enchimento completo dos vazios (mínimo 80% nas fissuras das peças. Esses materiais são rígidos
da fissura) com um material adequado para cada ou dúcteis e, portanto, não podem ser aplicados
tipo de fissura ou vazio, utilizando equipamentos em fissuras ativas. Resinas à base de epóxi, poliu-
de pressão e bicos para possibilitar a introdução retano estrutural e microcimento são os materiais
dos materiais no interior da estrutura. disponíveis atualmente para essa finalidade.
O sucesso desta tecnologia depende dire-
tamente, além da correta escolha do material de Selamento de fissuras
injeção, da experiência do aplicador e da seleção
dos equipamentos. O selamento de fissuras visa impedir a
Esta técnica tem sido utilizada largamente entrada de agentes agressivos na estrutura como:
como complemento aos sistemas rígidos de im- água, cloreto, gás carbônico (CO2), sulfatos, etc.
permeabilização e proteção, para tratamento de Os materiais disponíveis para selamento são
trincas e para reparos localizados em estruturas resinas à base de poliuretano, os quais são en-
em operação, pois possibilita o tratamento mesmo contrados na versão hidroativada, para injeção
com a estrutura em carga. em fissuras com fluxo d’água, e resinas de po-
Os materiais necessários para realização liuretano flexível para promover um selamento
de injeção são: definitivo. Não é indicado para o selamento de-
OBRAS DE SANEAMENTO
Produtos de injeção finitivo a injeção, somente de poliuretano hidro-
Resina de poliuretano ativado (espuma), ou seja, quando necessária a
Resina de poliuretano estrutural aplicação de poliuretano hidroativado para selar
Resina epóxi provisoriamente o fluxo de água, o poliuretano
Microcimento flexível deve ser injetado, no mesmo local, como
Gel acrílico ou hidroestrutural um complemento do sistema. Essas resinas podem
Gel acrílico polimérico tanto ser injetadas em fissuras úmidas ou secas;
Bicos de injeção ativas ou passivas.
Bicos de Perfuração
Bicos de Adesão Selamento de juntas de dilatação
Bicos Plásticos
O selamento de juntas de dilatação visa o
preenchimento total do vazio entre as peças e em
Bomba de injeção torno da fungenband para propiciar a estanquei-
dade e proteção. O material mais indicado para
este tipo de tratamento é o Gel Acrílico Polimérico
Existem vários tipos de bombas de injeção. que alia uma ótima aderência ao concreto à gran-
Dentre as mais utilizadas estão as bombas mono- de flexibilidade.
REVISTA CONCRETO 97
Impermeabilização (áreas) estruturas com espessura máxima de 60 cm. Em
estruturas com espessuras maiores e situações es-
A impermeabilização ainda é um avanço peciais, o planejamento para instalação dos bicos
recente dos sistemas de injeção que vem sendo deve ser estudado antes do início dos serviços, e o
adotada, cada vez mais, nas obras subterrâneas. objetivo deverá sempre ser a garantia do preen-
Trata-se da injeção de uma resina à base de gel chimento total da fissura ou vazio.
acrílico, também conhecida como hidroestrutural, A injeção deve sempre iniciar pelo ponto
na parte posterior das estruturas de concreto, em mais baixo e seguir consecutivamente os bicos.
grandes áreas. O material injetado forma uma Usualmente deve ser iniciada a injeção de um bico
membrana flexível em pouco tempo, devido ao quando, o material de preenchimento injetado
curto tempo de reação, impermeabilizando estru- pelo anterior, verter por este.
turas abaixo do lençol freático.
Os bicos de injeção devem ser instalados,
de modo a permitir um completo preenchimento Conclusão
da trinca. Em bicos de perfuração, a regra geral é
executar furos de 14 mm perfurados em ângulos
de 45º em relação à superfície, com espaçamento É importante ressaltar que todo e qualquer
equivalente à metade da espessura da parede. Os sistema de recuperação deve vir acompanhado de
furos devem interceptar a trinca na metade de um projeto fundamentado em um diagnóstico
sua profundidade. Os bicos plásticos podem seguir consistente, visando garantir a qualidade da in-
a regra básica dos bicos de perfuração e podem tervenção. Para que o projeto se torne realidade,
também ser instalados em furos sobre as trincas, deve-se garantir que a execução dos serviços seja
dependendo da abertura da trinca, preservando conduzida através de uma empresa especializada e
o espaçamento entre os bicos. com experiência comprovada. Um item importan-
Já os bicos de adesão devem ser instalados te, no longo prazo, são as manutenções e inspeções
com espaçamento equivalente a espessura da pare- posteriores ao tratamento, de forma a garantir a
de. Com este sistema não é necessária a perfuração durabilidade dos reparos ou identificar alguma
da estrutura, porém só pode ser utilizado em subs- patologia ainda em uma fase insipiente.
tratos secos, devido a seu adesivo epoxídico. Os sistemas de impermeabilização prote-
O procedimento básico para instalação ção e recuperação, têm-se desenvolvido com uma
dos bicos deve ser seguido, quando possível, em velocidade muito grande, em decorrência do em-
penho de fabricantes deste tipo de material e de
pesquisas relacionadas a este tema. Os materiais
de injeção, por exemplo, têm se tornado cada vez
menos viscosos e mais eficientes para o preenchi-
mento de trincas e vazios. Novos produtos com
fins específicos têm sido lançados no mercado para
atender a cada tipo de situação. Este desenvolvi-
mento tem propiciado uma larga expansão do
campo de injeção, mostrando-se uma ferramenta
extremamente valiosa para a solução de diversos
tipos de patologia.
É interessante citar alguns dados próprios
para exemplificar o volume de uso de cada tipo de
material de injeção para uma análise do desenvol-
vimento do sistema.
Fica claro, através das informações apre-
sentadas, que os sistemas de proteção, recu-
peração e impermeabilização de estruturas de
concreto no saneamento estão exigindo, a cada
dia, mais especialização e um maior conhecimen-
to de todos os profissionais envolvidos. Serão
exigidos capacitação e conhecimento por parte
dos projetistas, empresas de aplicação, técnicos de
campo e mão-de-obra, de forma que todo este
conjunto possa lograr os resultados de eficiência
e durabilidade esperados.
98 REVISTA CONCRETo
Ponte sobre o canal
de Itajurú – Cabo Frio
Eng. José Luis Cardoso
JLC Engenharia e Projetos
o canal, mantendo as suas seções originais, o extremos de 3,50 m e vãos de 40,0m – 85,0m
que para os amantes da natureza e da boa – 40,0 m, com um comprimento total de 172,0
técnica garantiu o perfil arquitetônico do local m e um raio de curvatura de 111,866 m. Os
e a sua estética. ângulos centrais correspondentes aos arcos de
REVISTA CONCRETO 99
40,0 e 85,0 m, são, respectivamente, 20,48729º Princípio construtivo
e 43,53550º.
Quanto ao greide, a fim de atender O processo consiste em construir uma base
ao gabarito mínimo de 4,20 m, na ligação de partida, para a partir daí, executar a obra (supe-
Cabo Frio – Portinho, à concordância com a restrutura) por avanços progressivos, isto é, fazer
Rua Vereador Carriço e à ligação com a Av suportar pela estrutura de apoio já construída as
dos Pescadores, foi necessário uma rampa de fôrmas e aparelhagens que permitam executar as
8%, do lado do Cemitério e 6 % ao lado da aduelas da superestrutura de forma sucessiva.
Av. dos Pescadores. Assim, a ponte em balanços sucessivos
Quanto ao sistema estrutural, previu-se, consiste em construir o tabuleiro de uma ponte
a fim de manter o vão central livre de pilares avançando por aduelas progressivas.
dentro do Canal, a execução do vão de 85,0 m A estabilidade de cada construção por
pelo processo de Balanço Sucessivos, com 10 cabos de protensão detalhados nas nervuras e
aduelas de 4,10m de cada lado da ponte, e o laje superior da estrutura da ponte.
fechamento central de 3,00 m, dando continui-
dade ao mesmo, visando assim uma estética Vantagens do processo
para a obra, condizente com a realidade da de construção
BELEZA de CABO FRIO. em balanços sucessivos
A necessidade de uma grande rigidez
torsional da seção transversal da ponte em A principal vantagem da construção dos
curva com raio de 111,866 m e, em função do balanços sucessivos, como já dito anteriormente,
processo construtivo, em balanços sucessivos, é a supressão dos cimbramentos, deixando total-
nos levou a utilização da seção transversal em mente livre a secção de navegação do canal.
caixão unicelular, configurando a estética exi-
gida para o empreendimento. Outras vantagens importantes
Características operacionais
das aduelas
As aduelas foram simé-
tricas em relação ao pilar com a
utilização de treliças móveis. O
comprimento das aduelas foi pro-
jetado para 4,10 m, a fim de que
os pesos fossem compatíveis com
a treliça econômica para a sua
sustentação na fase construtiva.
As aduelas foram con-
cretadas com dos equipamentos
móveis em estrutura metálica,
que tomaram apoio sobre a par-
te do tabuleiro já construído.
PONTES
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em Bento Gonçalves RS
Terça, 4 de Setembro de 2007 Manhã – 9h00 às 10h30
Coffee Break – 10h30 às 11h00
11h00 às 13h00
Sala 1 Sala 2
Temas em discussão sobre vida útil do concreto armado: Como conseguir estanqueidade nas estruturas de concreto
novas filosofias e modelos
O curso proporciona o necessário conhecimento das técnicas de
O curso discorre sobre as coincidências, diferenças, limitações e evolução das impermeabilização, com uso de recursos audiovisuais. Busca a aplicação correta,
definições sobre vida útil e durabilidade expressas na literatura internacional. a otimização do desempenho do produto e a valorização da técnica no resultado
Propõe versões holísticas desses conceitos em consonância com a realidade final da obra.
latino-americana. Apresenta a evolução dos modelos probabilísticos e
determinísticos de vida útil de estruturas de concreto armado em termos da Marcos Storte
durabilidade e a filosofia do novo modelo holístico de vida útil. Engenheiro Civil. Mestre em Engenharia. Professor de cursos de pós-graduação.
Experiência de 25 anos dedicados à tecnologia da impermeabilização
Pedro Castro-Borges
MANTENEDOR
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ATIVIDADES INTERNACIONAIS
in the Americas, mais uma das atividades da
do IBRACON e membro honorário do ACI Convenção do ACI. “A palestra sobre ‘high
(recebeu a máxima distinção do ACI a um performance concrete – more than strengh’
profissional estrangeiro); passou uma mensagem atual, moderna, enga-
Júlio Timerman, diretor de Certificação do jada e consciente da engenharia de concreto
IBRACON e ex-presidente da ABECE; brasileira”, observou Helene.
Selmo Kuperman, ex-presidente, Outro momento forte do evento foi a
conselheiro e assessor de relações Conferência Internacional de Fouad Yazbe-
internacionais do IBRACON, além de ck e Rabith Fakih sobre o concreto de alta
professor da USP; durabilidade no Palm Jumeirah Project, em
Fernando Stucchi, presidente do Comitê Dubai, nos Emirados Árabes, que apresen-
Técnico de Estruturas do IBRACON, tou o retrospecto até a fase de construção
professor da USP e engenheiro da EGT; atual por que passa a construção civil na-
Jussara Tanesi, gerente de projetos da quela região.
FHWA em Washington; Aproveitando a presença de pesquisa-
Sofia M.C. Diniz, professora adjunta do dores e profissionais tão ilustres, o Prof. Paulo
Departamento de Engenharia de Estruturas Helene convidou o engenheiro Pepe Izquier-
da Universidade Federal de Minas Gerais do, ex-presidente do ACI, para participar do
e presidente do Comitê Técnico “ACI 348 49CBC2007, que vai acontecer em Bento Gon-
Structural Safety”; çalves, de 1 a 5 de setembro de 2007.
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Técnicas de caracterização
reológica de concretos
Juarez Hoppe Filho
Maria Alba Cincotto
Rafael Giuliano Pileggi
Escola Politécnica da Usp
3. Reômetros
3.1.4 Finalidade
3.3.4 Finalidade
Multiponto: ensaio que permite a determinação da tensão de escoamento e das viscosidades plásticas para as
correspondentes taxas de cisalhamento.
[01] BANFILL, P. F. G. The rheology of fresh cement and concrete – a review. 11TH International Congress on the
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truck. Journal of research of the National Institute of Standards and Technology. Volume 110, Number 1,
p. 55 – 66, January-February 2005.
3º Concurso Ousadia
Concurso IBRACON para estudantes de Arquitetura e Engenharia
Concurso IBRACON para estudantes de Arquitetura e Engenharia IBRACON
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128 REVISTA CONCRETo