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Caderno de Direito Administrativo (Completo) PDF
Caderno de Direito Administrativo (Completo) PDF
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5.3.1. PODER HIERÁRQUICO ...................................................................... 42
5.3.2. PODER DISCIPLINAR ......................................................................... 43
5.3.3. PODER REGULAMENTAR .................................................................. 43
5.3.4. PODER DE POLÍCIA ........................................................................... 45
5.3.4.1. ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA ......................................... 46
5.3.4.2. POLÍCIA JUDICIÁRIA x POLÍCIA ADMINISTRATIVA ................... 47
6. ATO ADMINISTRATIVO.................................................................................... 48
6.1. CONCEITO ................................................................................................. 48
6.1.1. FATO x ATO ........................................................................................ 48
6.1.2. ATO DA ADMINISTRAÇÃO e ATO ADMINISTRATIVO ...................... 48
6.2. ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO ................................................ 49
6.2.1. SUJEITO COMPETENTE .................................................................... 49
6.2.2. FORMA ................................................................................................ 50
6.2.2.1. MOTIVAÇÃO ................................................................................. 51
6.2.2.2. REGRA DO SILÊNCIO .................................................................. 51
6.2.3. MOTIVO ............................................................................................... 52
6.2.4. OBJETO ............................................................................................... 52
6.2.5. FINALIDADE ........................................................................................ 53
6.2.6. MÉRITO ............................................................................................... 54
6.3. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO ................................................. 55
6.3.1. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE ...................................................... 55
6.3.2. AUTO-EXECUTORIEDADE ................................................................. 55
6.3.3. IMPERATIVIDADE ............................................................................... 56
6.3.4. TIPICIDADE ......................................................................................... 56
6.4. CLASSIFICAÇÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS ..................................... 56
6.4.1. QUANTO AOS DESTINATÁRIOS........................................................ 56
6.4.2. QUANTO AO ALCANCE ...................................................................... 57
6.4.3. QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE ................................................. 57
6.4.4. QUANTO AO OBJETO ........................................................................ 57
6.4.5. QUANTO À FORMAÇÃO ..................................................................... 58
6.5. MODALIDADES DE ATOS ADMINISTRATIVOS ....................................... 58
6.5.1. ATO NORMATIVO ............................................................................... 58
6.5.2. ATO ORDINATÓRIO ............................................................................ 58
6.5.3. ATO ENUNCIATIVO ............................................................................ 58
6.5.4. ATO NEGOCIAL .................................................................................. 59
6.5.5. ATO PUNITIVO .................................................................................... 59
6.6. FORMAÇÃO, VALIDADE e EFICÁCIA ....................................................... 59
6.7. EXTINÇÃO ................................................................................................. 60
6.8. DEFEITOS .................................................................................................. 62
7. LICITAÇÕES ..................................................................................................... 63
7.1. CONCEITO ................................................................................................. 63
7.2. PRINCÍPIOS ............................................................................................... 63
7.3. SUJEITOS À LICITAÇÃO ....................................................................... 64
7.4. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA .................................................................. 65
7.5. CONTRATAÇÃO DIRETA .......................................................................... 66
7.5.1. POR INEXIGIBILIDADE ....................................................................... 66
7.5.1.1. PRESSUPOSTO LÓGICO ............................................................ 66
7.5.1.2. PRESSUPOSTO JURÍDICO.......................................................... 67
2
7.5.1.3. PRESSUPOSTO FÁTICO ............................................................. 68
7.5.2. POR DISPENSA .................................................................................. 69
7.6. MODALIDADES .......................................................................................... 70
7.6.1. CONCORRÊNCIA ................................................................................ 70
7.6.2. TOMADA DE PREÇOS ........................................................................ 71
7.6.3. CONVITE ............................................................................................. 71
7.6.4. LEILÃO ................................................................................................. 73
7.6.5. CONCURSO ........................................................................................ 73
7.6.6. PREGÃO .............................................................................................. 74
7.7. PROCEDIMENTO DE LICITAÇÃO ............................................................. 74
7.7.1. FASE INTERNA ................................................................................... 74
7.7.2. FASE EXTERNA .................................................................................. 75
7.7.3. FASE DE HABILITAÇÃO ..................................................................... 77
7.7.4. CLASSIFICAÇÃO................................................................................. 78
7.7.5. HOMOLOGAÇÃO ................................................................................ 78
7.7.6. ADJUDICAÇÃO.................................................................................... 79
7.8. PROCEDIMENTO INVERTIDO (PREGÃO) ............................................... 79
8. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS .................................................................. 81
8.1. CONCEITO ................................................................................................. 81
8.2. CARACTERÍSTICAS .................................................................................. 81
8.3. FORMALIDADES ....................................................................................... 82
8.3.2. PUBLICIDADE ..................................................................................... 82
8.4. CLÁUSULAS DO CONTRATO ................................................................... 83
8.4.1. CLÁUSULAS NECESSÁRIAS ............................................................. 83
8.4.2. CLÁUSULAS EXORBITANTES ........................................................... 85
8.5. ALTERAÇÃO DO CONTRATO ................................................................... 87
8.6. EXTINÇÃO DO CONTRATO ...................................................................... 88
8.7. NEGÓCIOS JURÍDICOS DA ADMINISTRAÇÃO ....................................... 89
8.7.1. CONVÊNIO .......................................................................................... 89
8.7.2. CONSÓRCIOS PÚBLICOS .................................................................. 90
9. SERVIÇO PÚBLICO ......................................................................................... 92
9.1. PRINCÍPIOS DO SERVIÇO PÚBLICO ....................................................... 92
9.2. DETERMINAÇÕES CONSTITUCIONAIS................................................... 93
9.3. CLASSIFICAÇÃO ....................................................................................... 94
9.3.1. QUANTO À ESSENCIALIDADE .......................................................... 94
9.3.2. QUANTO AOS DESTINATÁRIOS........................................................ 95
9.4. DELEGAÇÃO CONTRATUAL .................................................................... 95
9.4.1. CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO ............................................... 96
9.4.1.1. CONCESSÃO COMUM ................................................................. 96
9.4.1.2. CONCESSÃO ESPECIAL ............................................................. 99
(A) MODALIDADES DE PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA ..................... 99
(B) CARACTERÍSTICAS DA PPP........................................................... 99
(C) PROIBIÇÕES OU VEDAÇÕES LEGAIS ......................................... 100
(D) CONSTITUIÇÃO, FORMALIZAÇÃO ............................................... 100
(E) CONTROLE .................................................................................... 101
9.4.2. PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO .............................................. 101
9.4.2.1. NATUREZA JURÍDICA ................................................................ 101
9.4.2.2. FORMALIZAÇÃO ........................................................................ 102
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9.4.3. DIFERENÇAS ENTRE CONCESSÃO E PERMISSÃO ...................... 102
9.4.4. AUTORIZAÇÃO DE SERVIÇO .......................................................... 103
(A) FORMALIZAÇÃO, AUTORIZAÇÃO .................................................... 103
10. AGENTES PÚBLICOS .................................................................................. 104
10.1. AGENTES POLÍTICOS........................................................................... 104
10.2. SERVIDORES ESTATAIS ...................................................................... 105
10.3. SERVIDOR PÚBLICO ............................................................................ 105
10.3.1. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL .................................................... 106
10.3.1.1. HISTÓRICO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO ........................... 106
10.3.1.2. RJU ............................................................................................ 107
10.3.1.3. FORMAS DE OCUPAÇÃO ........................................................ 112
10.3.1.4. FORMAS DE VACÂNCIA .......................................................... 113
10.3.1.5. REMUNERAÇÃO DO SERVIDOR ............................................ 113
10.3.1.6. REGIME DISCIPLINAR ............................................................. 114
10.3.1.7. RESPONSABILIDADE .............................................................. 116
10.3.1.8. FORMAS DE PUNIÇÃO DO SERVIDOR .................................. 116
10.4. SERVIDOR DE ENTE GOVERNAMENTAL DE DIREITO PRIVADO ..... 119
10.5. PARTICULAR EM COLABORAÇÃO ...................................................... 119
10.6. ACESSIBILIDADE .................................................................................. 120
10.7. ESTABILIDADE ...................................................................................... 122
10.8. APOSENTADORIA ................................................................................. 123
11. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO .................................................. 126
11.1. HISTÓRICO ............................................................................................ 126
11.2. ELEMENTOS .......................................................................................... 128
(A) PESSOAS .............................................................................................. 128
(B) CONDUTA .............................................................................................. 129
(C) DANO ..................................................................................................... 129
(D) DIREITO DE REGRESSO DO ESTADO CONTRA O AGENTE ............ 130
12. INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE............................................................ 131
12.1. LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA ............................................................. 131
12.2. SERVIDÃO ADMINISTRATIVA .............................................................. 132
12.3. REQUISIÇÃO ......................................................................................... 133
12.4. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA ................................................................... 133
12.5. TOMBAMENTO ...................................................................................... 134
12.6. DESAPROPRIAÇÃO .............................................................................. 135
12.6.1. PARTE GERAL ................................................................................ 135
12.6.1.1.MODALIDADES.......................................................................... 135
12.6.1.2. FASES DA DESAPROPRIAÇÃO .............................................. 136
12.6.1.3. ESPÉCIES ................................................................................. 137
12.6.2. DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE PÚBLICO ......................... 137
12.6.3. DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL............................ 142
12.6.4. DESAPROPRIAÇÃO PARA REFORMA AGRÁRIA ......................... 142
13. BENS PÚBLICOS ......................................................................................... 144
13.1. CONCEITO ............................................................................................. 144
13.2. CLASSIFICAÇÃO ................................................................................... 145
13.2.1. QUANTO À DESTINAÇÃO .............................................................. 145
13.3. CARACTERÍSTICAS .............................................................................. 146
13.4. BENS PÚBLICOS EM ESPÉCIE ............................................................ 147
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13.5. FORMAS DE UTILIZAÇÃO DE BENS PÚBLICOS POR TERCEIROS .. 148
14. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA .............................................................. 151
14.1. FUNDAMENTO LEGAL .......................................................................... 151
14.2. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR ........................................................ 152
14.3. NATUREZA JURÍDICA ........................................................................... 152
14.4. SUJEITO PASSIVO ................................................................................ 153
14.5. SUJEITO ATIVO ..................................................................................... 155
14.6. ATO DE IMPROBIDADE ........................................................................ 156
14.7. SANÇÕES .............................................................................................. 157
14.8. PROCEDIMENTO................................................................................... 158
15. PROCESSO ADMINISTRATIVO ................................................................... 161
15.1. PRINCÍPIOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO ................................ 161
15.2. PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL ........................................... 165
16. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO .............................................................. 170
17. CONSÓRCIOS E CONVÊNIOS .................................................................... 173
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1. INTRODUÇÃO ao DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO é o conjunto de normas coativas, impostas pelo Estado, que vão disciplinar a
coexistência pacífica em sociedade. DIREITO POSTO é o direito vigente em determinado
momento histórico.
1.1. Conceito de DA
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(3) CRITÉRIO DAS RELAÇÕES JURÍDICAS. DA estuda TODAS relações jurídicas do
Estado, mas (i) há uma série de relações das quais o DA não cuida
(previdenciárias, tributárias) e (ii) DA cuida de eventos que não relações jurídicas.
Observações: (i) “poder” implica tanto direito quanto dever; (ii) há outros
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1.2. Fontes do DA
(5) COSTUME é a prática habitual, que se crê obrigatória. É fonte, não cria nem
exime obrigação.
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(ii) CAPACIDADE das pessoas.
(iii) ESTADO das pessoas.
(iv) PROPRIEDADE PRIVADA.
(v) REPRESSÃO PENAL.
ESTADO é a pessoa jurídica (aptidão para ser sujeito de direito e obrigações) de direito
público. No Brasil, por muito tempo, foi adotada a teoria da dupla personalidade – se
exercesse atividade privada, PJ de direito privado; se atividade pública, PJ de direito
privado – mas hoje não é mais aceita.
ESTADO tem como ELEMENTOS (i) povo; (ii) território e (iii) governo soberano,
soberania sendo independência na ordem internacional e supremacia internamente.
Poder Legislativo, exercendo sua função principal, pode inovar o ordenamento jurídico.
Essa função é ABSTRATA, porque não tem destinatário determinado, daí função GERAL,
porque atinge a coletividade.
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Judiciário: pode criar regra nova? Normalmente, aplica coativamente a lei, não inova o
ordenamento. Função jurisdicional é INDIRETA, porque depende de provocação, e
INDIVIDUAL e CONCRETA, de regra, porque se destina a indivíduos específicos, ainda
que haja casos como a ADIN. INTANGIBILIDADE JURÍDICA – a função jurisdicional tem
essa função, porque cria coisa julgada.
Executivo: pode inovar ordenamento? NÃO, mesmo MP, porque aí exercendo função
atípica. DIRETA, porque não depende de provocação, e CONCRETA, porque atinge
indivíduos específicos. Ato administrativo pode ser revisado pelo Judiciário, mas e COISA
JULGADA ADMINISTRATIVA? Coisa julgada administrativa significa que não pode ser
mudada DENTRO DA ADMINISTRAÇÃO, ou seja, esgotei vias administrativas. Mas pode
ser revisada pelo Judiciário.
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2. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
Conjunto de regras e princípios que definem o DA. “Pedras de toque”, termo usado por
Celso Antonio Bandeira de Mello, dizem respeito a DOIS princípios:
(i) PRIMÁRIO, que designa o que quer o povo, o que deseja a coletividade.
Exemplo: meio ambiente.
(ii) SECUNDÁRIO, denomina o interesse do Estado. O Estado, como PJ, tem
interesses próprios? SIM, ex.: arrecadação tributária.
O interesse primário é que deve ser perseguido, o secundário deve ser seguido quando
coincidirem.
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Banalização do interesse público (prefeito que constrói estádio para 60 mil em município
de 20 mil): o limite à supremacia vem do próximo princípio.
Administrador exerce função pública, em nome e interesse do povo. Assim, não pode
dispor ou abrir mão desse interesse. É uma restrição ao princípio da supremacia.
2.3. LIMPE
CF: 37, caput. CF: 37 foi reformado pela EC19, chamada da reforma administrativa.
2.3.1. LEGALIDADE
Já constando do CF: 5º, II (“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei”), mas reiterado na CF: 37 e CF: 150 (tributário).
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Seabra Fagundes: “princípio da legalidade é simplesmente administrar, aplicar a lei de
ofício”.
Administrador não pode agir de forma pessoal, i.e. não pode buscar interesse pessoal,
ausência de subjetividade.
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(iii) Contratação direta – casos em que licitação é dispensável e pode-se contratar
diretamente a empresa. Nesse caso, empresa não pode ter parente.
(iv) Nepotismo cruzado, em que servidores trocam parentes. Nepotismo cruzado
com outros Poderes, muito difícil de rastrear, não está proibido expressamente.
Há projeto de lei nesse sentido.
Impessoalidade está representada por dois institutos da CF, por excelência: CONCURSO
e LICITAÇÃO.
Novidade da CF88. Definição muito difícil, doutrina defende que conceito vago e
indeterminado, portanto apenas idéia de moralidade é possível: ligação com princípios
éticos, HONESTIDADE, LEALDADE e BOA-FÉ. Dessa indefinição decorre a dificuldade
de aplicação pelo Judiciário, que sempre utiliza princípio da moralidade com outros.
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Corrente tradicional (normalmente, Hely Lopes Meirelles – HLM) e corrente moderna
(normalmente, Celso Antônio Bandeira de Mello – CABM).
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Moralidade para o particular tem a ver com a correção das atitudes. MORALIDADE
ADMINISTRATIVA NÃO SE RESUME A CORREÇÃO DE ATITUDES. Há o dever de uma
boa administração.
Publicidade tem a ver com DIVULGAÇÃO, mas não se limita a ela. A primeira
conseqüência da publicidade é o
(i) CONHECIMENTO. É um desdobramento da FUNÇÃO PÚBLICA, o titular do
direito, que é o povo, deve conhecer os atos praticados em seu nome e em
seu interesse.
(ii) INÍCIO DOS EFEITOS. Publicação de contrato é condição de validade ou de
eficácia? Da EFICÁCIA, porque contrato é válido, mas seus efeitos dependem
da publicidade. O prazo para entrega das merendas, objeto do contrato,
contará a partir da publicação do edital.
(iii) INÍCIO DOS PRAZOS. Exemplo da multa: prazo para recurso não inicia na
expedição da multa, mas a partir do conhecimento da multa.
(iv) FISCALIZAÇÃO é outra conseqüência da publicidade. Exemplo das contas
municipais que são publicadas em murais. Impossibilidade de controlar assim.
Quando não haverá publicidade? Doutrina majoritária entende haver três exceções, não
havendo divergência quanto ao item “ii”:
(i) CF: 5º, X: garantia à intimidade, vida privada, honra e imagem.
(ii) CF: 5º, XXXIII: segurança do Estado.
(iii) CF: 5º, LX: atos processuais.
(a) Lei 8112, procedimento disciplinar: sigilo pode ser imposto a fim de que
instrução não seja comprometida.
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(b) Processo ético-disciplinar também deve ser sigiloso, a fim de não
provocar prejuízos ao investigado.
RESTRIÇÃO À PROMOÇÃO PESSOAL: CF: 37, par. 1º, de acordo com o qual não
podem “constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal”.
Exemplo: placas agradecendo político por obras. Ofensa à legalidade, à impessoalidade,
à moralidade, à improbidade administrativa. O simples constar o nome para informar é
permitido, não pode promover a pessoa. Há desrespeito também quando administrador
renomeia bem público em seu nome.
CF: 169 traz limites com despesas de funcionários, regulamentada pela lei de
responsabilidade fiscal, LC 101/00: 19. Limite da União é 50%; Estados e Municípios:
60%. Caso haja despesas maiores, exigem-se cortes, nessa ordem: (i) cargo em
comissão, 20% no mínimo; (ii) servidores não estáveis, tantos quanto necessários; (iii)
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servidores estáveis. Dispensa do servidor por redução de despesas: demissão (pena) ou
exoneração? EXONERAÇÃO, porque não é sanção, havendo remuneração, portanto.
Serviço público precisa ser eficiente, quanto aos MEIOS e quanto aos RESULTADOS.
Não pode haver exagero nos gastos, tampouco se gastar pouco e obter resultado porco.
CF: 5º, caput. “Tratar iguais como iguais, desiguais como desiguais, na medida da
desigualdade”, difícil de preencher. Técnica: verificar discriminação e ponderar com
objetivo da norma. Exemplo: concurso de salva-vidas, edital exclui cadeirantes – pode?
SIM, discriminação de acordo com espírito da norma. Exemplo: concurso para delegado
exigia altura mínima, pode? NÃO, função administrativa, não há porquê. Exemplo: tempo
de contribuição distinto para mulheres e homens, fere isonomia? NÃO, jornada dupla.
Exemplo: limite de idade para concurso público. Súmula 673 do STF: natureza do cargo
deve ser considerada. Jurisprudência também exige que haja lei anterior prevendo a
discriminação.
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(ii) GARANTIA DE INFORMAÇÃO. Certeza da cópia do processo? Não
necessariamente: STJ condiciona ao pagamento das cópias. Caso não seja
possível cópia, certidão. Os processos de licitação são muito grandes.
(iii) DEFESA TÉCNICA ou presença do advogado. Não é obrigatória no processo
administrativo. A defesa técnica não tem que atrapalhar um processo, ao
contrário do que o administrador pensa normalmente, pois colabora para a
legalidade do processo, evitando a nulidade do processo após seu fim. O
administrador deve viabilizar a presença do advogado. STJ cristalizou, com a
súmula 343, entendimento segundo o qual advogado é necessário em todas as
fases do processo administrativo disciplinar. Quando parte não tiver condições
de contratar um advogado, necessário Defensor Público.
(iv) GARANTIA DE PRODUÇÃO DE PROVAS. Comum a oportunidade de
produção de prova ser dada apenas formalmente, sem que a prova realizada
participe do julgamento do administrador. Além da produção, prova deve ser
submetida a análise.
(v) GARANTIA DE RECURSO. CF: 5º, LV. Exemplo: pode edital que proíbe
interposição de recurso em alguma fase do concurso? NÃO. E como recorrer
da etapa de concurso sem acesso à prova? Aqui, item anterior. E exigência de
depósito prévio da multa para interpor recurso, comum em processo
administrativo tributário? INCONSTITUCIONAL, não pode ser exigido, cf.
posição do STF (REx 388.359, REx 389.383, REx 390.513) e confirmação do
STJ (REsp 943.116) da posição do STF.
Caso dos tribunais de contas que anulavam ato administrativo
(concurso etc.) e para cujo respectivo procedimento eram chamados apenas
os administradores. Mas e os interessados prejudicados pela anulação?
Súmula vinculante nesse sentido. Mas se simples controle de legalidade, não
haveria necessidade.
Administrador precisa agir de forma razoável, i.e. agir de forma congruente, lógica,
COERENTE. Assim, observa-se o critério do homem médio.
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Proporcionalidade significa agir de forma EQUILIBRADA. Preciso de equilíbrio entre o ato
praticado e a medida do administrador, sopesando benefício e prejuízo. Doutrina entende
que proporcionalidade está dentro de razoabilidade.
Usuário de serviço público é inadimplente, pode ter serviço cortado? E servidor público
pode entrar em greve?
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DIREITO DE GREVE DO SERVIDOR. Constitucionalmente garantido, CF: 37, VII. Antes
de EC19/98, constituição exigia lei complementar. Com EC19, simplesmente lei. Mas lei
ainda não existe. Que tipo de eficácia tem essa norma constitucional? Plena, contida ou
limitada? Plena não é porque não existe a lei que a própria constituição exigiu. LIMITADA
de acordo com o STF, porque lei necessária para o exercício de direito; assim, todas as
greves de servidores entendidas como ILEGAIS desde 1988. Como conseqüência da
ilegalidade da greve, devolução ou desconto dos dias não trabalhados. Pode demitir?
NÃO, demissão é sanção por falta grave. Greve é falta grave? Apenas se servidor não
apareceu na greve e teve ânimo de abandonar o cargo ou ainda se causou prejuízo ao
patrimônio. Para garantir o exercício do direito, o que se faz? MANDADO DE INJUNÇÃO,
STF reconhecia falta de lei, mas não podia forçar Congresso a legislar. Em 2007, após
quase vinte anos sem regulamentação, STF decidiu que exercício do direito de greve pelo
servidor é possível, desde que respeitados os limites da lei da greve aplicável ao
trabalhador privado. MI 60, 708 e 712. Decisão mesmo no mandado de injunção 708.
SERVIÇOS PÚBLICOS. Posso cortar serviço por inadimplência? Regra na lei 8.987/95:
6º, par. 3º. O corte é permitido desde que (i) por motivo de segurança (gato) ou (ii)
inadimplência, desde que houver aviso prévio. Sem aviso prévio, ILEGAL. Há uma
corrente minoritária do STJ que defende que corte de serviço essencial não pode ser feito
e que concessionária deve cobrar judicialmente, com base no CDC: 22 e 42. Mas corrente
majoritária se contrapõe dizendo que, em massa, inadimplência leva à falência, gerando
prejuízo ao usuário pagante, com base na isonomia, supremacia do interesse público.
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2.8. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA
Segundo enfoque do princípio da autotutela, apontado por Maria Sylvia Zanella di Pietro:
além da possibilidade de revisão, há o dever da administração de zelo pelos próprios
bens.
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3. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
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(autarquias e fundações públicas) podem receber a outorga. E sociedades de
economia mista e empresas públicas? NÃO.
União, por exemplo, para melhor prestação de serviço público, dividiu-se em vários
núcleos, com competências, atribuições de poder, diferentes. Esses núcleos da
administração direta denominam-se ÓRGÃO PÚBLICO. O nome veio da idéia de
especialização dos órgãos do corpo humano, em busca da eficiência. Assim, órgão
público é núcleo especializado de competência. Características:
(2) Mesmo sem PJ, órgãos têm número de CNPJ. Por quê? Para fiscalizar renda, a fim de
poder fiscalizar fluxo de renda e aquisição de recursos, a Receita entendeu melhor dar-lhe
CNPJ.
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(3) Órgão público pode ir a juízo? De forma análoga à massa falida e ao espólio, órgão
público pode ir a juízo; doutrina impõe duas exigências: (i) órgão em busca de
prerrogativas funcionais; (ii) deve ser sujeito ativo. Mas há doutrina divergente.
(4) Pode ter seu próprio representante? SIM, veja-se exemplo de procuradores de
Câmaras municipais etc. Mas não é obrigatório, pode usar procurador do quadro geral do
ente.
(5) Pode haver órgãos públicos na administração indireta? SIM, tome-se o exemplo do
INSS, por exemplo, com diversos núcleos de competência (agência diferentes em vários
Municípios distintos), cf. lei 9784/99: 1º.
(iii) SUPERIORES. Órgão superior ainda tem poder de decisão, mas não tem
autonomia ou independência, estando subordinado aos órgãos autônomos e
independentes. Exemplos: procuradorias, gabinetes.
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(iv) SUBALTERNOS. Órgãos cuidam da mera execução, não têm poder de
decisão. Exemplos: zeladoria (que cuida do patrimônio), almoxarifado, seções
administrativas etc.
(ii) COMPOSTO é o órgão que tem outros agregados a sua estrutura. Exemplo:
delegacia de ensino e escolas; postos de saúde e hospitais.
RELAÇÃO ESTADO-AGENTE
Quando Prefeitura assina contrato, prefeito tem que assinar. Como explicar? Três teorias:
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e do agente se misturam e manifestam uma vontade única. Esta foi a teoria
adotada pelo Brasil.
(1) PJ PRÓPRIA, ou seja, tem aptidão para contrair obrigações e ser titular de
direitos, respondendo por seus atos. Como corolários disso temos:
(a) PATRIMÔNIO PRÓPRIO, não importando a origem dos recursos. Se um
prédio é afetado para a autarquia, passará a pertencer ao seu patrimônio.
(b) RECEITA PRÓPRIA, que pode advir de diversas fontes, não interessando
a origem.
(c) AUTONOMIA técnica, administrativa e financeira, mas não autonomia
política (aptidão para legislar). E agências reguladoras? Capacidade para
normas técnicas, mas complementando a lei.
(2) SEM FINS LUCRATIVOS. Não tem por finalidade o lucro, podendo haver lucro, no
entanto. Mesmo empresas públicas? Quando para oferecer serviço público,
realmente não têm fins lucrativos. E quando para explorar atividade econômica
(CF: 173)? Também não, CF prevê que para segurança nacional ou o interesse
coletivo, finalidade não é lucro.
(3) FINALIDADES ESPECÍFICAS, como decorrência da sua criação por lei. Trata-se
do princípio da ESPECIALIDADE, que vincula a PJ a seus fins, que não podem
ser alterados senão por lei.
(4) CRIAÇÃO E EXTINÇÃO DESSAS PJ, como previsto pelo CF: 37, XIX. O texto
constitucional diz que “lei específica cria e autoriza criação”. Lei “específica”
implica que é ordinária e não complementar, porque, de outra forma, constituição
teria dito “complementar”. Assim, preciso de lei ordinária específica, ou seja, não
posso misturar com outras coisas.
26
Mas texto constitucional –
27
mensalão: tudo veio a tona a partir de CPI dos Correios, que é empresa pública.
Então, CPI é outro instrumento de controle da administração indireta pelo
Legislativo.
Até 2005, STF entendia que TC não podia controlar sociedade de
economia mista; no fim de 2005, o STF muda de opinião.
Judiciário pode controlar atos praticados pela administração
indireta por meio adequado: ações judiciais para controle de legalidade etc.
E o Executivo? Por supervisão ministerial. Quem faz? Respectivo
ministro verifica se finalidades estão sendo cumpridas e se despesas e receitas
estão sendo realizadas adequadamente. Via poder Executivo, o Presidente pode
nomear os dirigentes da administração indireta. Direta nomeia indireta: não é
subordinação? Apesar de tradicionalmente dizer-se que não há hierarquia, trata-se
de uma realidade.
Excepcionalmente, o presidente nomeia, mas depende de prévia
aprovação do Senado Federal. Exemplos: Bacen, agências reguladoras. Ler arts.
48 a 50 da CF1.
3.3.1. AUTARQUIAS
PJ de direito público que desenvolve atividades típicas de Estado (as mais importantes e
não passíveis de delegação para particular). Lembrar as características colocadas acima
(“PEixe FIsgou mas EScapou pelo LEIto do CÓrrego”).
REGIME JURÍDICO: os atos praticados por autarquia são atos administrativos? Seus
contratos seguem licitação? Em regra, segue o regime jurídico da administração direta,
portanto, seus atos são atos administrativos, i.e. são imperativos, auto-executivos e
gozam de presunção de verdade. E os contratos da autarquia são contratos
administrativos? SIM, seguem regime do contrato administrativo, têm que licitar, cf. lei
8.666/93, alterada muito frequentemente (três vezes em 2007).
1
CF: 49, X, “É competência exclusiva do Congresso Nacional: fiscalizar e controlar, diretamente,
ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração
indireta”; CF: 70, “A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder”.
28
RESPONSABILIDADE civil da autarquia é objetiva ou subjetiva? Responsabilidade civil
segue duas teorias: subjetiva e objetiva; qual a diferença? Elemento subjetivo, que
depende de prova da culpa e nexo de causalidade. CF: 37, par. 6º–
A ação é proposta contra a autarquia. E se autarquia não puder pagar, posso cobrar do
Estado? Responsabilidade do Estado é subsidiária (há ordem de preferência, primeiro
cobra-se da autarquia e depois do Estado) ou solidária (ambos ao mesmo tempo, não há
ordem de preferência)? Responsabilidade do Estado é SUBSIDIÁRIA. Responsabilidade
do Estado por ato da autarquia é objetiva? SIM, porque não tem que comprovar a culpa
do Estado para cobrar débito da autarquia.
29
judicial, no final, haverá hasta pública, mas bem público é condicionalmente alienável, não
é possível. Da mesma forma, penhor e hipoteca levariam a penhora e depois a alienação
em hasta pública, que não é possível, devido ao regime de alienação. Qual a garantia da
satisfação do crédito, então? Débitos judiciais são pagos por precatório (CF: 100). Assim,
se crédito constituído até 01/07 do ano, deverá ser pago no exercício do ano seguinte; se
depois de 01/07, ano seguinte. Pagamento de alimentos segue regime de precatórios?
SIM, mas com ordem cronológica própria, diferenciada da de precatórios restantes.
Autarquia também, tem fila própria.
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO. CF: 150, VI, “a”, imunidade recíproca entre os entes
políticos. Imunidade restringe-se a IMPOSTOS, podendo incidir taxa e contribuição. CF:
150, par. 2º, autarquias são imunes a impostos desde que diga respeito a sua finalidade
específica. Dois limites à imunidade das autarquias: (i) só impostos, em oposição a taxas
e contribuições; (ii) só com respeito a finalidade específica da autarquia.
30
estatutário. Os outros entes podem escolher. Mas demorou para ADIN ser julgada, alguns
entes misturaram regime. Como fica? Cautelar de ADIN é, em regra, ex nunc, mistura não
seria mais possível a partir da decisão.
AUTARQUIAS TERRITORIAIS nada mais são que territórios. Hoje, não há nenhum
território, mas constituição prevê possibilidade. Os constituintes preferiram aproximar
figura do território da autarquia, para dar-lhe regime público, qualificando como
“autárquica”. Não se trata de autarquia, no entanto, é um quase ente político.
31
AGÊNCIAS REGULADORAS
REGIME JURÍDICO:
(i) DEVER DE LICITAR. Lei 9.472/97, lei geral das telecomunicações, que criou a
ANATEL. A lei diz que agência reguladora não obedece a lei 8.666.
Modalidades de licitação exigidas: pregão e consulta. Constitucional essa lei?
ADIN 1668, STF entendeu que (a) agência deve seguir lei de licitações;
inconstitucional nessa parte, portanto; (b) pode, no entanto, seguir
modalidades específicas de pregão ou consulta. Quem pode fazer pregão hoje
no Brasil? Em 1997, ninguém fazia pregão no Brasil ou consulta. Pregão foi
introduzido em 2000 pela União, sendo estendido depois.
32
finalidade circunstâncias especiais. ADIN 2.310, STF entendeu, em sede de
cautelar, que regra inconstitucional, porque contrato não pode ser temporário
se necessidade permanente.
Presidente então começa a criar mais de cinco mil cargos públicos
por MP 155/03, convertida em lei 10.871/04. Com essa lei, que alterou lei
9.986/00, ADIN perdeu objeto.
Presidente edita MP 269/05, prorrogando os temporários até
dezembro de 2007. MP convertida em lei 11.292/06. Nova ADIN, 3.678, que
ainda está em andamento.
Como contratos temporários teriam vencido em dezembro de 2007,
presidente prorroga contratos temporários até julho de 2009 com MP 407 de
26/12/2007. Há caso de temporários sem contratos estendidos e ainda assim
continuam trabalhando.
Mas nem tudo que tem nome de agência é agência. ADA (agência de desenvolvimento da
Amazônia, sucessora da SUDAM); ADENE (agência de desenvolvimento do NE,
sucessora da SUDENE); e AEB (agência especial brasileira) são AUTARQUIAS. A ABIN
(agência brasileira de inteligência) é órgão público.
AGÊNCIA EXECUTIVA
Nasceu na lei 9.649/98: agência executiva tem natureza de autarquia e fundação, que
precisa ser melhorada. Para tanto, o ente elabora um plano estratégico de reestruturação.
Para executar o plano, ente celebra com a administração direta um contrato de gestão,
por meio do qual o ente receberá mais recursos e mais liberdade para torná-la eficiência.
O status depende de um decreto do presidente e dura até final do contrato de gestão, ou
seja, é temporário. Crítica: desde a origem o ente precisava ser eficiente; maior liberdade
deveria vir de lei, não de decreto. Como exemplo: hoje, 19/03/2008, INMETRO.
33
3.3.2. EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
Empresa ESTATAL: a que pertence ao Estado. Nem toda empresa estatal é empresa
pública ou de economia mista. Precisa preencher outros requisitos além da simples
propriedade estatal.
3.3.2.1. CONCEITO
EMPRESA PÚBLICA:
(i) PJ de direito público ou privado? PRIVADO.
(ii) Para que serve? Prestação de serviços públicos ou exploração de atividade
econômica.
(iii) A qualificação “pública” diz respeito ao capital, que é exclusivamente público,
podendo ser de mais do que um ente (Município e Estado, Município e
Município etc.).
(iv) Pode ser de qualquer modalidade empresarial (S/A, ltda. etc.).
Quais as DIFERENÇAS?
(i) Capital: EP: exclusivamente público, enquanto SEM: misto.
(ii) Constituição: EP pode ser qualquer tipo; SEM só pode ser S/A.
(iii) Competência para ações. CF: 109, I. EP federal, de quem é a competência?
Justiça federal. SEM federal: Justiça estadual. STF, súmulas 517 e 556.
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EP SEM
SIMILARIDADES
PJ de direito público
Podem prestar serviço público ou exercer atividade econômica
DIFERENÇAS
Capital exclusivamente público Capital misto
Pode constituir-se em qualquer tipo de Só S/A
empresa
Competência da Justiça Federal Competência da Justiça Estadual
CF: 173, “a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida
quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei”, intervenção na atividade econômica só se justifica
pela (i) segurança nacional e (ii) relevante interesse coletivo. Assim, não se pode explorar
qualquer atividade econômica.
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Falência Não estão sujeitas a falência, cf. lei Havia alguma doutrina dizendo
11.101/05: 1º. que cabível falência, mas LRE
não faz distinção; assim, não
estão sujeitas a falência, cf. lei
11.101/05: 1º.
Responsabil SIM, CF: 37, VI. NÃO, aplica-se o direito civil.
idade Responsabilidade OBJETIVA. Responsabilidade SUBJETIVA.
Solidariamente, existe ordem de Aqui, o Estado não responde.
preferência.
Bens Em regra, NÃO, são penhoráveis etc., porque seguem regime privado.
públicos EXCEÇÃO: só serão bens públicos aqueles diretamente ligados à
prestação de serviço público, pelo princípio da continuidade do serviço
público. Há divergência minoritária, no entanto.
Privilégios NÃO têm privilégios, desde que cobre CF: 173, par. 2º: NÃO têm
tributários tarifas. CF: 150, par. 3º: não há privilégios, salvo os extensíveis à
aplicação da imunidade recíproca iniciativa privada.
quando houver cobrança do tarifa do
usuário. Assim, quando houver
prestação de serviço público, possível
a tarifa.
Pessoal Quadro NÃO TEM SERVIDOR PÚBLICO, mas SERVIDORES DE ENTES
GOVERNAMENTAIS DE DIREITO PRIVADO, seguindo regime celetista,
i.e. empregados. Esses empregados equiparam-se a servidor público em
alguns aspectos:
(i) Concurso público;
(ii) Regime da não-acumulação (exceções na CF);
(iii) Teto remuneratório (caso precise de repasse; em caso contrário,
não aplicável teto);
(iv) Improbidade, equiparados a funcionários públicos pela lei penal;
(v) Sujeitos a remédios constitucionais.
O empregado da EP ou SEM não goza de estabilidade do CF: 41, podendo
ser a dispensa imotivada (TST, súmula 390; OJ 247)**.
36
** ECT é empresa pública, mas tem tratamento de Fazenda Pública, ou seja, autarquia
(regime de precatório, imunidade tributária recíproca, impenhorabilidade de bens etc.).
Mesmo tendo tratamento de empresa pública, abriu lojas por franchising, quando deveria
fazer licitação. Tribunal de contas foi atrás.
37
4. ENTES DE COOPERAÇÃO
Ou SISTEMA “S”, vez que quase todos começam com letra “s”: SESI, SENAC, SEBRAE,
SENAI, SEST (transportes), SENAT (transportes), SENAR (rural) etc.
FINALIDADE. Ente para-estatal serve para fomentar e dar apoio às diversas categorias
profissionais. Exemplos: cursos de profissionalização do SEBRAE, show do SESI etc.
Desenvolvimento da categoria causa o desenvolvimento do Estado.
FINANCIAMENTO. O sistema “s” tem duas receitas: (i) recursos orçamentários, i.e. direto
do orçamento, mas que não formam sua principal receita; (ii) PARAFISCALIDADE, ou
seja, cobra contribuição social. Lembrando: competência tributária é a aptidão para criar
tributos e é indelegável; já capacidade tributária é a aptidão para cobrar tributos, esta sim,
delegável. Pode-se delegar a capacidade tributária para PJ de direito público (contribuição
do INSS) ou PJ de direito privado, desde que perseguidoras do interesse público.
38
4.2. ENTIDADE DE APOIO
Exemplo: entidade de apoio à UNB que financiou lata de lixo de mil reais para o reitor da
universidade.
Objeto de várias críticas e de ADIN. Tem respaldo na lei 9.637/98. É PJ de direito privado,
sem fins lucrativos, fora da administração. Normalmente, existe de extinções de estruturas
da administração – tenho órgão público desnecessário e transfiro seus bens para ente
privado. A OS, beneficiada pelo Estado, vai manter-se vinculada ao Estado mediante
CONTRATO DE GESTÃO, que preverá recursos orçamentários e utilização de bens
públicos e servidores.
FINALIDADES. A OS não vai necessariamente prestar serviço público, mas cooperar com
o Estado nas áreas do ensino, pesquisa, saúde, meio ambiente e cultura.
39
CONTROLE. O tribunal de contas pode controlar OS. OS tinha dispensa de licitação, mas
esse privilégio foi suspenso na ADIN 1923 em sede de cautelar. ADIN, no entanto, discute
a constitucionalidade da existência mesma da OS.
CRÍTICA: para existir no mundo jurídico, OS precisa celebrar contrato de gestão. Maria
Sylvia: preciso celebrar antes mesmo de existir! É um fantasma, não dá para saber da
qualidade. Ideal seria transferir para ente já existente, com experiência.
4.4. OSCIP
Diferente da OS, OSCIP precisa existir há pelo menos um ano, exercendo atividade, para
receber recurso público por meio de TERMO DE PARCERIA.
FINANCIAMENTO. Não recebe recurso orçamentário, somente recurso público, i.e. não
recebe bens ou servidores ou recursos orçamentários, mas apenas recebe recurso
público indiretamente. É administrada pelos particulares, sem interferência de servidores
públicos.
40
5. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO
Quando o Estado vai exercer o poder disciplinar (aplicar sanção de demissão por infração
disciplinar), pratica um ato administrativo. O poder, assim, é uma abstração, vez que
objetivamente é ato administrativo. Da mesma forma, quando exerce poder de polícia
(aplicação de multa por infração administrativa), igualmente pratica ato administrativo.
Quase tudo é ato administrativo.
5.1. CARACTERÍSTICAS
(3) LIMITES. Administrador tem limites? Óbvio, segundo lei. Para que administrador
exerça poder, precisa respeitar o trinômio da NECESSIDADE, PROPORCIONALIDADE e
EFICIÊNCIA. A autoridade precisa ser competente? Sim, outro limite é a regra da
COMPETÊNCIA. Havendo desrespeito a esse limite ou abuso de poder (extrapolação dos
limites do poder), cabe RESPONSABILIZAÇÃO? Sim, se agir com ação ou com omissão.
41
O abuso de poder conhece duas modalidades:
(i) Excesso de poder, quando se vai além da autorização. Ex.: competente para
prender, mas tortura também.
(ii) Desvio de finalidade é vício ideológico, subjetivo, defeito na vontade do
administrador. Exemplos: ordem de prisão do inimigo executada durante
celebração de casamento para provocar situação vexatória; remoção de
servidor inimigo.
CRÍTICA (Maria Sylvia, Celso Antonio): não é o poder que é vinculado ou discricionário,
vez que o poder é instrumento; o ato administrativo sim. O poder é ora um ora outro.
42
CONTROLE. Em razão da hierarquia, o superior pode fiscalizar os atos dos subordinados
e revê-los, controlando-os. Além disso, o superior hierárquico pode delegar (repassar) e
avocar (chamar para si) função no exercício da hierarquia. Se subordinado pratica
infração funcional, o superior hierárquico pode aplicar sanção.
43
que é “bem e serviço comum”? Preciso enumeração desses bens e serviços comuns,
assim o decreto 355 vem e regulamenta a disposição em âmbito federal. Outro exemplo:
proibição de tráfico de drogas; preciso determinar quais as drogas, então poder
regulamentar.
O decreto regulamentar pode ser EXECUTIVO, como aquele previsto no CF: 84, 4º, que é
a regra e regulamenta uma lei. O decreto regulamentar AUTÔNOMO ou independente
age como se própria lei fosse, retirando seu fundamento da própria CF, pula a lei, que
normalmente é necessária.
Qual a diferença entre regulamento e lei? Lei vem do Congresso Nacional; regulamento
vem do chefe do Executivo, sozinho. Qual é mais representativo? Obviamente a lei, daí
sua força maior. A lei depende de processo legislativo; o regulamento depende
unicamente de vontade do chefe do Executivo, não exige rigor do processo legislativo.
Dadas as diferenças entre o regulamento e a lei, aquele não pode ter o mesmo
tratamento, a mesma força, que este.
44
sim, mesmo fora desses casos. Celso Antonio não admite nem nessas hipóteses,
lembrando MP. Alguns doutrinadores acreditam que o CF: 225 também seria um caso de
decreto regulamentar autônomo.
BUSCA DE BEM ESTAR SOCIAL. A finalidade do poder de polícia é o bem estar social
pela compatibilização de interesses.
CARACTERÍSTICAS:
(i) Atividade administrativa que persegue o bem estar social.
(ii) Atinge, principalmente, os direitos à liberdade e à propriedade. Esse poder de
polícia atinge a pessoa do particular? Não, atinge seus interesses, bens e
direitos.
(iii) O poder de polícia define a forma de exercer os direitos, não podendo gerar
indenização. Se Estado determina que construção não pode ultrapassar oito
andares, limitação ao direito de construir; a verificação do cumprimento da
limitação enseja a TAXA DE POLÍCIA (CTN: 78). “Taxa” porque possível
quando há contraprestação estatal; no caso, houve diligência ao
estabelecimento.
45
Poder de polícia pode ser realizado por atos NORMATIVOS (determinação de limite de
velocidade) ou por atos PUNITIVOS (aplicação da sanção). Atos punitivos têm inúmeras
espécies (embargo de obras).
“Poder de polícia é negativo?” Sim, em regra, porque institui obrigações de não fazer,
impõe abstenções.
Fundamento para o exercício do Poder de Polícia: pode ter uma atuação estatal que
se fundamentará em uma supremacia especial e uma que se fundamentará em
supremacia geral. Se a atuação do Estado decorre de um vínculo jurídico anterior, é
supremacia especial. Ex: um servidor público pratica uma infração funcional e o chefe
dele aplica uma sanção. Aplicar sanção ao servidor depende de um vínculo anterior, a
aprovação e posse em concurso. Assim aplicar sanção é supremacia especial. Outro
exemplo: aluno de escola pública que recebe suspensão do diretor. A supremacia geral
é aquela que não tem vínculo anterior. Sujeito desrespeita velocidade na avenida “X” e
a administração aplica a multa. Poder de polícia depende de vínculo jurídico anterior?
Poder de polícia é exercício de supremacia geral. Se existir vínculo anterior não será
poder de polícia. Não se admite poder policia quando se fala em supremacia especial
(sanção que depende de uma relação jurídica anterior).
(1) DISCRICIONARIDADE
(2) AUTO-EXECUTORIEDADE
46
Atributo segundo o qual o administrador pode realizar seus atos independentemente do
Judiciário. Administrador pode multar, por exemplo, mas parte pode, por insatisfação, ir ao
Judiciário. Administrador pode pedir auxílio policial, por exemplo, para realizar certo ato,
como fechar estabelecimento.
(3) COERCITIVIDADE
47
6. ATO ADMINISTRATIVO
Tema muito cobrado em provas de concursos federais. Matéria com muita divergência
doutrinária.
6.1. CONCEITO
Fato é acontecimento, que por vezes tem efeitos jurídicos. Nesses casos, diz-se FJ. Se o
FJ, mais especificamente, atinge o direito administrativo, fala-se em FATO JURÍDICO
ADMINISTRATIVO. Exemplo: morte de funcionário público; abre-se sucessão
imediatamente, no campo civil; no campo administrativo, gera a vacância.
O ato é a manifestação de vontade; será ato jurídico se tiver efeitos no mundo jurídico;
será ATO JURÍDICO ADMINISTRATIVO se atingir o direito administrativo.
“Ato jurídico (Diógenes Gasparini) ou fato administrativo são simples atos materiais da
administração, que não manifestam ato de vontade específica, como nos casos de
condução da viatura, ministrar aula.” O simples ato não tem um fim jurídico específico,
realmente, apesar de gerar direitos (direito à remuneração pelo trabalho, direito à
aposentadoria). A afirmativa está totalmente certa.
Ato envolve vontade e, por isso, pode ser anulado ou revogado; um fato, por não implicar
vontade, não pode ser anulado ou revogado (nascimento: não dá pra voltar atrás). Além
disso, ato goza de presunção (veracidade, moralidade etc.); fato, não.
48
administração; se regido por direito privado, diz-se simplesmente ato da administração;
caso regido pelo direito privado, ATO ADMINISTRATIVO. Mas há atos regidos pelo direito
público que não são praticados pela administração (atos do Legislativo, Judiciário,
concessionárias e permissionárias); nesse caso, diz-se também ato administrativo. Enfim,
temos três tipos: (1) ato da administração + ato administrativo; (2) ato da administração
só; (3) ato administrativo só.
Celso Antônio Bandeira de Mello não trata apenas desta maneira: deve-se separar
elementos dos pressupostos. Elementos formariam o conteúdo do ato, as condições para
sua existência. Quanto aos pressupostos, há dois tipos: (i) existência, quando condição
para ato administrativo; e (ii) validade. Assim, manifestada a vontade, há ato; quando a
manifestação pertencer ao direito administrativo, preenche-se o requisito de pressuposto
de existência. Para que seja ato administrativo válido, precisa preencher os requisitos de
validade.
49
O sujeito é o agente público, o exercente de função pública. Mas o agente público deve
ser competente.
A delegação gera a COMPETÊNCIA CUMULATIVA, vez que tanto quem delega quanto
quem tenha recebido competência continuam competentes.
6.2.2. FORMA
A forma do ato administrativo precisa ser a prevista por lei, não pode ser praticado de
qualquer jeito. A vontade deve ser manifesta, a exteriorização da vontade é necessária.
Na perspectiva de Celso Antônio, é elemento.
50
determinado insumo. Caso dos defensores públicos investidos, já trabalhando, e cujo
concurso foi anulado por suspeita de fraude; STF reafirmou necessidade de prévio
processo, principalmente quando se atinge a órbita de alguém. O processo administrativo
deve observar o amplo contraditório. O processo dará a fundamentação para o ato
administrativo. Celso Antônio chama esse requisito da forma de PRESSUPOSTO
OBJETIVO DE VALIDADE.
6.2.2.1. MOTIVAÇÃO
Em regra, obrigatória ou facultativa? José dos Santos Carvalho Filho entende que
facultativa, porque quando o legislador exigiu expressamente, facultou a justificação nos
outros casos, com base nos arts. 93 e 50 da lei 9.784. Maioria da doutrina entende que
OBRIGATÓRIA, porque (i) CF: 1º: poder emana do povo; (ii) CF: 1º; (iii) CF: 5º, XXXIII
(garantia de informação) e XXXV (possibilidade de controle pelo Judiciário); (iv) CF: 5º,
XXXV, se Judiciário precisa justificar seus atos, quanto mais administração; (v) lei 9784:
50 traz lista de atos para os quais a justificativa é obrigatória. Como lista muito extensa,
abarca quase todos os atos.
Em regra, atos administrativos devem ser realizados por escrito, de acordo com o
PRINCÍPIO DA FORMALIDADE. Posso praticar ato administrativo de forma não-escrita?
Sim, desde que lei autorize. Para se praticar de outra maneira, requer-se que a lei o diga.
Lei 8.666, art. 60: contrato verbal permitido nos contratos de pronta entrega e pronto
pagamento, se abaixo de R$ 4 mil. Outro exemplo: guarda que gesticula e com isso
determina que o motorista estacione o veículo. Não há ato escrito, mas gestual,
possibilitado por previsão legal.
51
SILÊNCIO: a falta de resposta da administração significa anuência? Não, é um nada
jurídico, não significa “sim” nem “não”, a menos que a lei determine algum efeito. Se lei
afirmar que silêncio é “sim” ou “não”, assim será.
Exemplo: cidadão vai e pede licença à prefeitura. Cabe mandado de segurança em casos
de lesão ao direito de petição. O judiciário pode deferir uma licença? Não, apenas fixar
um prazo para que o administrador resolva a questão. Celso Antônio lembra que, em
casos de atos discricionários, não cabe a interferência do Judiciário; nos casos de atos
estritamente vinculados, que dependem de mero preenchimento de requisitos, nada
impede que o Judiciário forneça a resposta requerida.
Quanto tempo tem o administrador para responder? CF: 5º, LXXVIII: processos
administrativos e judiciais devem observar prazo razoável.
6.2.3. MOTIVO
Fato + fundamento jurídico que levam à prática do ato. O motivo vincula o administrador,
mas precisa ser verdadeiro.
6.2.4. OBJETO
52
(1) LÍCITO. Se no direito civil é o não proibido em lei, no direito administrativo,
o objeto é lícito na medida em que a lei o autorize (princípio da legalidade).
(2) POSSÍVEL, faticamente possível. Não dá para promover funcionário
público falecido, por exemplo.
(3) DETERMINADO.
Celso Antônio divide o objeto em duas dimensões: decisão, chamado CONTEÚDO (eu
autorizo, eu concedo, eu ordeno) e o assunto, chamado OBJETO (sobre o que se decide).
É pressuposto de existência, validade? É condição para ato jurídico, i.e. ELEMENTO
[condição de existência]. E o assunto ou objeto? É pressuposto de existência [depende
disso para existir enquanto ato administrativo específico]. Lembrar: elemento é condição
de ato jurídico; condição de existência é condição para ato administrativo mais
especificamente.
6.2.5. FINALIDADE
Ato com vício de finalidade é ilegal e deve ser retirado do ordenamento jurídico.
53
“Desvio de finalidade é defeito no motivo e na finalidade?” Imagine-se governador que
remove servidor namorado da filha a fim de livrar-se dele – finalidade é livrar-se do
namorado. Neste caso, o governador alegará que o ato é praticado a fim de satisfazer
necessidades do serviço – esse é o motivo. Hely Lopes Meirelles: desvio de finalidade
pode gerar vício de finalidade e motivo.
6.2.6. MÉRITO
Para ato vinculado, imagine-se servidor homem que tenha alcançado 60 anos e 35 de
contribuição: administrador precisa conceder a aposentadoria, todos elementos do ato
administrativo são vinculados.
Assim, todos elementos do ato vinculado são vinculados; quanto ao ato discricionário,
apenas o motivo e o objeto são discricionários. Assim, o que é MÉRITO DO ATO
ADMINISTRATIVO? É a discricionariedade do ato administrativo, é sua conveniência e
oportunidade. Onde se encontra o mérito? No motivo e no objeto. Portanto, ATO
VINCULADO NÃO TEM MÉRITO.
MÉRITO pode ser revisto pelo poder judiciário? [Decisão do CADE pode ser revista pelo
judiciário?] NÃO pode. Judiciário pode rever o motivo e o objeto do ato administrativo?
54
PODE, no que tange à legalidade em sentido amplo (motivo verdadeiro e objeto lícito de
acordo com lei OU constituição?).
“A forma do ato administrativo é sempre vinculada?” De acordo com Celso Antônio, forma
é em regra vinculada; mas se lei autoriza mais do que uma forma (ou finalidade), dando
alternativas, há discricionariedade. Lei de licitações, art. 62, o administrador pode
escolher o instrumento do contrato administrativo caso o valor do contrato for do valor do
convite. Ato sempre visa ao interesse público, mas lei pode autorizar várias finalidades
específicas: saúde e meio ambiente, por exemplo; envolve discricionariedade.
Presunção é RELATIVA ou iuris tantum, porque pode ser questionada. Ônus da prova
cabe a quem alega – normalmente, administrado.
6.3.2. AUTO-EXECUTORIEDADE
55
É derivada, decorrente, da presunção de legitimidade. Significa o administrador poder
praticar seus atos independentemente do Judiciário. O judiciário pode intervir?, pode
controlar? Sim. Auto-executoriedade compõe-se por:
(1) Exigibilidade. É o decidir sem o Judiciário. Meio coercitivo indireto. Todo ato tem.
(2) Executoriedade. É o pôr a mão na massa sem o Judiciário. Meio coercitivo indireto ou
direto? Direto, “ponho a mão na massa”. Nem todo ato é assim: só não dependerá de
Judiciário se previsto em lei ou caso de urgência.
Todo ato tem auto-executoriedade? Não, porque nem todo ato tem executoriedade.
6.3.3. IMPERATIVIDADE
6.3.4. TIPICIDADE
Introduzida no ordenamento por Maria Sylvia, reconhecida por Celso Antonio e outros
doutrinadores. Cada ato tem sua aplicação exata e determinada. Para cada ato, há uma
aplicação determinada. Aquisição de bens: desapropriação; infração: punição etc. Não
posso usar ato para qualquer coisa, mas apenas para o fim previsto por lei.
GERAL, ato abstrato, impessoal, aplicável à coletividade como um todo, erga omnes, sem
destinatário determinado. Exemplo: administração decide sobre direção de rua: aplica-se
a todos.
56
INDIVIDUAL, tem destinatário determinado. Se apenas um único destinatário,
SINGULAR; se mais de um destinatário determinado, então PLÚRIMO.
57
(2) ATO DE GESTÃO. Praticado pela administração em patamar de igualdade com o
particular. Doutrina normalmente dá o exemplo do contrato de locação, mas contrato de
locação regido pelo direito privado e, destarte, ato da administração, não ato
administrativo.
(3) ATO DE MERO EXPEDIENTE. Este ato não tem conteúdo decisório, apenas
impulsiona o processo. Exemplo: despacho de mero encaminhamento.
(1) ATO SIMPLES. Perfeito e acabado com simples e única manifestação de vontade.
Essa única manifestação pode vir de único agente (SINGULAR) ou de vários
(COLEGIADA).
(2) ATO COMPOSTO. Depende de mais de uma manifestação de vontade, uma principal
e outra secundária (patamar de desigualdade), surgidas num mesmo órgão.
(3) ATO COMPLEXO. Depende de mais de uma manifestação de vontade. Duas
manifestações, em órgãos diferentes, em patamar de igualdade. Exemplo: nomeação
de dirigente de agência reguladora; aprovação pelo Senado e nomeação pelo
presidente.
6.5.3. ATO ENUNCIATIVO. É o que não decide nada: atesta, certifica ou emite opinião.
Exemplo: parecer, certidão, atestado.
58
6.5.4. ATO NEGOCIAL. Tem em seu conteúdo uma coincidência de vontades, entre o
poder público e particular. Exemplos: licença, permissão, autorização, todos atos
unilaterais e, assim, não são NJ.
6.5.5. ATO PUNITIVO. Contém uma punição; implica poderes de polícia (multa) e
disciplinar (infração de servidor).
ATO PERFEITO é o ato que já percorreu todo seu ciclo de formação. Exemplo: para
nomeação de dirigente de agência reguladora, necessárias manifestações do Senado e
Presidente. Não interessa se válido ou eficaz. Lembrar que Hely Lopes Meirelles, em
oposição com resto da doutrina, fala de ato perfeito para ato sem defeito.
Ato perfeito pode ser inválido e eficaz? Administração deveria manter sigilo de propostas
durante licitação, mas quebrado. Até descoberta do vício de fraude na licitação e
invalidação, ato produz efeitos. Ato ilegal produz efeitos até declarado ilegal.
Ato perfeito pode ser válido e ineficaz? Princípio da publicidade (conhecimento, produção
de efeitos, início de contagem de prazos). Publicidade é condição para eficácia de
contratos administrativos. Então, caso se licite, percorrido todo o percurso, é perfeito; se
preenche requisitos, válido; não publicado, ineficaz.
Ato perfeito pode ser inválido e ineficaz? Mesmo exemplo da licitação com sigilo quebrado
e, portanto, inválido; caso não se o publique, ineficaz.
59
(2) ATÍPICOS (efeitos secundários, que não vão acontecer sempre). Os atípicos podem
ser:
(a) REFLEXOS. Estado decide desapropriar imóvel; efeito típico é tomar o bem;
proprietário tinha imóvel locado e locatária também será afetada pelo Estado.
(b) PRODRÔMICOS ou PRELIMINARES. Senado aprova nome para agência
reguladora e presidente nomeia; esse ato anterior à designação do presidente o
vincula a manifestar-se: trata-se de um exemplo de efeito prodrômico. Assim, é o
efeito anterior à conclusão, surgido durante ciclo de formação do ato que exige
mais de uma manifestação de vontade, “contemporâneos à emanação do ato”,
independem da vontade do agente e não podem ser suprimidos.
6.7. EXTINÇÃO
60
anos. O judiciário pode retirar o ato via controle judicial. Quais os
efeitos da anulação? Em regra, ex tunc; observe-se que ato que retira
outro deve obedecer todos as condições do ato administrativo. Imagine-
se, no entanto, ato de anulação restritivo (ato que retira concessão de
gratificação); neste caso, não pode o servidor arcar com prejuízo e
anulação ex nunc. Caso ato de anulação for ampliativo, no entanto,
efeito ex tunc. Candidato nomeado para cargo público sem concurso ou
concurso ilegal. Descoberta ilegalidade, o ato administrativo que retira a
nomeação é ex tunc; no entanto, os atos do sujeito enquanto servidor
deverão ser tidos como válidos, em nome da segurança jurídica; além
disso, os salários recebidos não precisam ser devolvidos, porque o
sujeito trabalhou, afinal de contas, ainda que ilegalmente. Esse ato de
anulação da nomeação deve observar o contraditório? Sim, porque ato
administrativo como outros e deve preencher as condições do ato
administrativo.
61
empresário muda atividade para motel, proibido dentro dos limites do
município. Condições da licença foram descumpridas, extinto o ato.
(4) RENÚNCIA. Exemplo: servidor renuncia a cargo. O dono do direito não o quer
mais: tenho autorização de uso e não o quero mais.
6.8. DEFEITOS
Às vezes, defeito do ato é tão grave que sequer é possível de ser admitido, denominado
ATO INEXISTENTE. Por exemplo: ato que contém conduta criminosa. Se ato tiver defeito
de mera padronização (assinado com tinta azul em vez de preta), então ATO VÁLIDO,
erro nem precisa ser corrigido. Se defeito sanável (competência, forma), então ato
ANULÁVEL, passível de convalidação. Se defeito insanável, então ATO NULO;
necessária anulação. Há quem diga “invalidação” em vez de “anulação”; outros dizem
“invalidação” como sinônimo de “retirada pelo poder público”. CONVERSÃO ou
SANATÓRIA (preferível): os requisitos para certo ato não são preenchidos então
transformo em ato mais simples. Exemplo: ato não preenche condições para concessão,
converto em permissão.
62
7. LICITAÇÕES
7.1. CONCEITO
É um procedimento administrativo que tem como finalidade (i) escolher a proposta mais
vantajosa para o interesse público, podendo não ser a mais barata; (ii) não excluir de
forma sumária, aplicando-se a impessoalidade, dando oportunidade para todos que
preencham os requisitos legais.
7.2. PRINCÍPIOS
A licitação está sujeita a todos os princípios da administração pública, mas tem princípios
próprios.
(2) JULGAMENTO OBJETIVO. Tudo o que for utilizado como critério de seleção deverá
estar previsto no edital. O tipo de edital deverá estar previsto no edital (os tipos estão no
art. 45 – técnica, preço, técnica mais preço... – e não devem ser confundidos com
modalidade – convite, tomada de preço... –). Imagine-se uma proposta por menor preço
(tipo) de compra de canetas; licitante X propõe caneta por R$1,00; licitante Y oferece, por
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R$1,01, caneta banhada a ouro e pagamento parcelado em 10 vezes – quem ganha? X
tem que ganhar, porque caneta melhor e parcelamento deveriam constar como critérios
de seleção caso a administração tivesse interesse. Caso a administração perceba que
poderia exigir mais, pode retirar o edital e fazer novo.
(3) SIGILO DE PROPOSTA. “Qual a modalidade de licitação que não exige sigilo de
proposta?” Sigilo deve ser mantido até momento de abertura de propostas em sessão
pública; só não há sigilo quando não houver envelope lacrado, ou seja, LEILÃO. Convite
tem sigilo; pregão tem duas etapas: envelope lacrado e lances verbais, portanto também
exige sigilo. Quem viole o sigilo, incidirá no crime de “fraude a sigilo de proposta”, previsto
na própria lei de licitações; além disso, improbidade administrativa.
(5) COMPETITIVIDADE. Este princípio é proposto por Celso Antônio. Edital faz
especificações de tal forma que apenas uma empresa preenche; se especificações são
detalhes que apenas inviabilizam a competitividade, então contrário ao princípio.
64
código orçamentário, um número no orçamento. Tem como este código fazer
licitação? Não, então não tem sentido essa previsão, legislador cometeu
impropriedade.
(4) DEMAIS ENTES CONTROLADOS, direta ou indiretamente. Vários problemas.
Serviços sociais autônomos: tribunal de contas decidiu que estaria sujeito a dever
de licitar, mas via procedimento simplificado.
Organizações sociais: sua constitucionalidade está sendo apreciada (ADIN 1923);
STF em sede cautelar deixa claro que está sujeita a licitação, ainda que se discuta
art. 24, inc. XXIV, dispositivo este que discute possibilidade de dispensa nos
contratos decorrentes do contrato de gestão.
OSCIP está sujeita à licitação? Não há previsão legal, mas doutrina entende que
sim; Marçal Justen Filho diz que OSCIP em situação análoga à OS e aos SSA e
que lhe deveriam ser aplicados a licitação simplificada dos SSA.
CF: 22, XXVII, “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XXVII -
normas gerais de licitação e contratação (...)”. Competência privativa opõe-se à exclusiva,
que exclui todo mundo e não admite delegação; privativa admite delegação. No silêncio,
competência é exclusiva; se traz possibilidade de delegação, então privativa. União já
exerceu essa competência? Já, nas leis 8.666 (norma geral), 10.520/02 (pregão),
8.987/95 (concessão e permissão), 11.079/04 (PPP).
Lei 8.666 só traz norma geral? Não; mas União pode legislar sobre norma específica?
Norma específica para âmbito nacional (todos os entes) ou federal (União)? Norma geral
de âmbito nacional, porque para todos os entes, cumprindo constituição; norma específica
de âmbito federal, porque apenas para União, a fim de que se não descumpra ordem
constitucional. Se Estados legislam sobre normas específicas, então norma de âmbito
estadual; se Municípios, então âmbito municipal; se DF, âmbito distrital: norma vale para
ente que a criou. A discussão está na ADIN 927; STF fez interpretação conforme de
algumas alíneas do art. 17, dizendo que normas específicas devem ser entendidas como
norma federal, de aplicação somente para a União.
65
A Bahia, lei 9433, inverteu procedimento: primeiro se escolhe a proposta para depois
analisar os documentos das empresas. Mas pode o Estado inverter o procedimento? Não
é norma geral, de competência da União? Essa forma de licitar representa grande
economia para o Estado. Os responsáveis pela alteração da lei 8.666 confirmaram que a
lei baiana representa um avanço e deverão alterar a lei nos seus moldes. Alteração deve
sair em seis meses (até final de 2008).
Hipótese de inexigibilidade: lei 8.666: 25, caput, “É inexigível a licitação quando houver
inviabilidade de competição, em especial”, i.e. quando faticamente for impossível
competir, inexigível a licitação. O rol que segue nos incisos do art. 25 é taxativo ou
exemplificativo? Exemplificativo; quando mais a licitação será inexigível? O que tem que
ser observado para haver inexigibilidade? São três os pressupostos: lógico, jurídico e
fático.
66
(2) SERVIÇO SINGULAR. Serviço naturalmente tem uma singularidade devido a seu
caráter pessoal. Então, não pode simplesmente ser singular, mas obedecer três
condições:
(i) Constar do art. 13 da lei 8.6661;
(ii) Singularidade necessária. Exemplos: (i) empresa pública que precisa de
advogado para cuidar das causas trabalhistas; (ii) Estado que precisa
resolver problema do boicote internacional à carne brasileira: os dois
serviços são singulares, mas no primeiro caso qualquer advogado pode dar
conta; o segundo, no entanto, exige o melhor, dada sua seriedade;
(iii) Notória especialização – o próprio mercado reconhece que tal pessoa é a
melhor em certo assunto. Se houver divergência no próprio mercado, como
normalmente há, o administrador pode fazer juízo de valor.
1
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os
trabalhos relativos a: I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; II -
pareceres, perícias e avaliações em geral; III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias
financeiras ou tributárias; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) IV - fiscalização, supervisão
ou gerenciamento de obras ou serviços; V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou
administrativas; VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; VII - restauração de obras de arte
e bens de valor histórico.
67
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.
O par. 1º, art. 1º da lei de licitações também resguarda possibilidade de afastar exigência
de licitação:
A CF: 173 mais particularmente dispõe, em seu par. 1º, inciso III:
Além disso, inexigível a licitação para empresas públicas e sociedades de economia mista
quando o procedimento prejudicar o objetivo desses entes, qual seja serviço público,
interesse coletivo ou segurança nacional.
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participa da licitação porque algum ato do procedimento não foi observado: falta de
publicidade etc.
Aqui, a competição é possível, mas o próprio legislador diz que licitação não é necessária.
Se administrador ama licitar, pode licitar mesmo assim? DEPENDE: se licitação
DISPENSADA, então não cabe licitação de jeito nenhum. Exemplo: alienação de imóveis
pela Administração nos casos do art. 17, caput, inciso I da lei 8.666; se licitação
DISPENSÁVEL, então cabe ao administrador decidir sobre realização ou não da licitação.
As hipóteses de dispensa do art. 24 da lei de licitações devem ser memorizadas,
principalmente as dez primeiras.
Licitação DESERTA, para a qual não apareçam interessados, a despeito de o objeto ser
interessante, pode ensejar dispensa de licitação caso nova licitação cause prejuízo à
Administração. Pode-se então contratar, desde que nos termos do edital.
Exemplo da compra de xícaras sem licitação por ocasião de visita de chefe de Estado,
invocando a situação de emergência. Possível? Não, porque situação de emergência é
aquela que envolve risco para a população. A emergência pode ser criada pelo próprio
administrador e pode levar a se exigir dispensa de licitação; neste caso, cabe
responsabilização por improbidade administrativa.
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7.6. MODALIDADES
A fim de saber se modalidade escolhida correta, pensar no seguinte: grosso modo, há três
opções de licitação quanto ao valor: concorrência para valor alto, tomada de preço para
valor médio, ou convite, para valor baixo. Quando houver qualificação do objeto e
silenciar-se sobre o valor, pense-se nas seguintes hipóteses: leilão, concurso ou pregão.
Prestar atenção para casos de concorrência, em que há qualificação de objeto, e casos
de leilão, que tem limite de valor.
7.6.1. CONCORRÊNCIA
Concorrência escolhida pelo valor ou pelo objeto? VALOR. Lei de licitações: art. 23.
Hipóteses:
Acima de 1,5 milhão Entre 150 mil e 1,5 milhão Até 150 mil
Concorrência Tomada de preço Convite
(3) A concorrência será obrigatória para casos de imóveis. Há uma exceção no art. 19:
quando a administração recebe imóvel por decisão judicial ou dação em pagamento
(pagamento de maneira distinta daquela prevista), o administrador pode vender imóvel
por leilão ou concorrência.
70
INTERVALO MÍNIMO entre publicação do edital e entrega dos envelopes. O prazo
mínimo deve ser de 45 dias caso tipo técnica ou técnica mais preço; se critério for
somente preço, 30 dias. A proposta técnica é mais trabalhosa, daí o prazo maior. O prazo
deve ser computado em dias corridos, vez que a lei calou-se. Lembrar que se trata de
intervalo mínimo; administrador pode oferecer prazo maior.
7.6.3. CONVITE
Para engenharia, cabe convite quando valor até R$150 mil ou R$80 mil. Há possibilidade
de dispensa quando valor for de até 10% desses valores. Uma exceção é prevista no art.
24, par. único:
71
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste
artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços
contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa
pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como
Agências Executivas.
A lei 11.107/05, que cria consórcio público (associação de entes políticos), prevê que,
caso associação de três entes, limite máximo para convite dobra; caso associação tenha
mais de três, pode ser até triplo do limite máximo (art. 23, par. 8º da lei 8.666).
Se lei exigir convite, administrador pode fazer também tomada ou concorrência; caso
tomada, concorrência também possível.
Quem pode participar do convite? Os licitantes convidados. Quem pode ser convidado?
Os licitantes cadastrados ou não, desde que no ramo de atividade, no mínimo de três. Os
cadastrados também podem participar, desde que interesse demonstrado 24 horas de
antecedência. Qual o prazo para cadastramento? A doutrina defende que seja de 3 dias,
com base no prazo da tomada.
INTERVALO MÍNIMO no convite será de cinco dias ÚTEIS. O que é dia útil para direito
administrativo? Se repartição funcionou, computa-se dia útil. Assim, normalmente ponto
facultativo não será; o mesmo se repartição fechada para pintá-la etc.
COMISSÃO DE LICITAÇÃO. Pelo menos, três servidores, em regra. Lei de licitações, art.
51, par. primeiro (“No caso de convite, a Comissão de licitação, excepcionalmente, nas
pequenas unidades administrativas e em face da exigüidade de pessoal disponível,
72
poderá ser substituída por servidor formalmente designado pela autoridade competente”),
prevê que um só servidor poderá organizar o CONVITE para casos de repartição pequena
e três servidores comprometerem a continuidade dos trabalhos.
7.6.4. LEILÃO
Regra geral: leilão serve para ALIENAR (assim, modalidade por objeto). Que tipo de bem
pode ser alienado via leilão?
(i) Imóvel, cuja propriedade tenha sido adquirida em decorrência de decisão
judicial ou dação em pagamento;
(ii) Móveis, se (a) inservíveis, ou (b) apreendidos, ou (c) empenhados (a despeito
de lei falar em “penhorado”).
OBSERVAÇÃO: lei de licitações prevê, art. 17, par. 6º (“Para a venda de bens móveis
avaliados, isolada ou globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23,
inciso II, alínea "b" desta Lei, a Administração poderá permitir o leilão”), que outros
móveis, que não inservível, apreendido ou empenhado, podem ser vendidos por leilão até
o limite de R$650 mil.
7.6.5. CONCURSO
73
O procedimento do concurso vem em REGULAMENTO PRÓPRIO.
7.6.6. PREGÃO
Quando o pregão foi definido pela primeira vez? Agências reguladoras, lei 9.472/97; MP
2.026/00 regulou pregão para União e, tornada lei 10.520/02, regula pregão para todos os
entes.
Quando se utiliza o pregão? Para a AQUISIÇÃO (contrário de leilão, que só serve para
vender) de BENS E SERVIÇOS COMUNS. O que quer dizer “bens e serviços comuns”?
Aqueles definíveis no edital com expressões comuns de mercado. O que depende de
técnica, como obra de engenharia, não pode ser adquirida por pregão.
Pregão realizado pelo pregoeiro, assistido por equipe de apoio. Quem manda é o
pregoeiro.
INTERVALO MÍNIMO: oito dias úteis. (Lembrar: menores prazos são em dias úteis.)
Pregão pode ser PRESENCIAL ou ELETRÔNICO. Pregão eletrônico não costuma cair
porque está em decreto (decreto 5.450/05).
74
recurso (crédito falso, caso do “Odarongi da Silva”) ou à administração não ter
agido como devia.
(4) Nomeação da comissão de licitação, cf. lei 8.666: 51. Comissão tem três
membros. Exceções: concurso pode ser feito por qualquer um; pregão é feita por
equipe; convite pode ter comissão especial com um membro só.
(5) Projeto básico, caso seja necessário estudo mais aprofundado. Quem faz?
Dependendo do objeto, pode-se contratar empresa especializada.
(6) Elaboração do edital. Quais os requisitos do edital? Art. 40 da lei 8.666. Lembrar
que a minuta do contrato já vem prevista dentro do edital, em anexo. No começo,
contrato é anexo do edital; depois, edital vira anexo do contrato.
(7) Parecer jurídico. Membros da comissão não precisam ter formação jurídica, daí
necessidade de se verificar seu conteúdo.
(8) Autorização da deflagração do certame. O chefe do órgão, uma autoridade
superior, faz a autorização formal, conforme lei especial.
(iii) COBRANÇA POR EDITAL. A reprodução do edital pode ser cobrada. Só cobro
se há custo envolvido. Posso condicionar a participação à compra do edital? Não,
ilegal: necessário conhecer o edital, podendo-se fazê-lo sem comprá-lo.
(2) IMPUGNAÇÃO
(iv) IMPUGNAÇÃO POR CIDADÃO. Impugnação do edital pode ser proposta por
qualquer cidadão em até cinco dias antes da abertura dos envelopes, cf. lei
8.666: art. 41. Comissão tem três dias úteis para julgá-la.
(v) IMPUGNAÇÃO POR “LICITANTE”. O art. 41, par. 2º, dispõe que o “licitante”
também pode impugnar o edital. Lembrar que ele aqui ainda é potencial licitante,
podendo apresentar sua impugnação em até dois dias úteis de antecedência. A
75
comissão não tem prazo para apreciar essa impugnação, apesar de se dever
apreciá-la o quanto antes, a fim de garantir validade da licitação. Mesmo assim,
se comissão não o fizer, a licitação poderá prosseguir, vez que a impugnação
não tem efeito de recurso ou efeito suspensivo. Decai o direito do “licitante” de
impugnar qualquer disposição do edital depois de dois dias antes da abertura de
envelopes. Decadência, no entanto, administrativa; via judicial pode ser usada
mesmo após isso.
(3) ENVELOPES:
(vii) ENVELOPES. No mínimo, dois envelopes por licitação (técnica OU preço): um
com os documentos da empresa e o outro com a proposta. Caso licitação por
técnica MAIS preço, então necessários três envelopes: um para proposta técnica,
outro para preço e outro com documentos da empresa. Todos os envelopes
devem ser lacrados.
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de evitar troca de envelopes. STJ já decidiu que, caso haja muitos licitantes,
possível que se elejam três para rubricar em nome dos demais licitantes.
I - habilitação jurídica;
II - qualificação técnica;
IV - regularidade fiscal.
(3) DESISTÊNCIA. Art. 43, par. 6º da lei 8.666: pode desistir livremente até o julgamento
da habilitação; após o julgamento da habilitação, só poderá desistir justificadamente,
a critério da comissão.
77
prazo para três dias úteis”). O prazo pode ser reduzido para até três
dias úteis em caso de convite.
(5) RECURSO. Cinco dias úteis, podendo baixar para dois dias úteis em caso de
convite, cf. art. 109 da lei 8.666. Em regra, recurso na licitação não tem efeitos
suspensivo; no caso de recurso na habilitação, EXCEÇÃO: há efeito suspensivo.
7.7.4. CLASSIFICAÇÃO
7.7.5. HOMOLOGAÇÃO
Nesta fase, três opções: (i) HOMOLOGAR; (ii) Havendo alguma ilegalidade, qual deve ser
a providência da administração? Ato ilegal: ANULAÇÃO. (iii) Caso não haja mais
interesse, REVOGAÇÃO.
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QUEM vai homologar? Poderia a própria comissão homologar? Não, necessário
autoridade superior que nomeou a comissão e autorizou o certame, ela tem competência
para homologar.
7.7.6. ADJUDICAÇÃO
Imagine-se que vencedor não queira contratar: o trabalho todo da licitação seria em vão?
Vencedor é obrigado a assinar o contrato, desde que chamado em até SESSENTA DIAS
após entrega dos envelopes. Tem que ser entrega de envelopes porque foi nessa
oportunidade que licitante apresentou seus preços. Prazo pode ser maior que sessenta
dias, de acordo com edital.
Imagine-se que vencedor não queira contratar mesmo: nesse caso, penalidades do art. 87
da lei de licitações. O que acontece com licitação? Administração chama os melhores
colocados para verificar se aceitam proposta do vencedor. Caso isso não ocorra, então
necessária outra licitação.
79
Assim, há que escolher a melhor proposta e as três seguintes. Mesmo que a terceira
menos melhor exceda os 10%, deverá ser selecionada.
Terminada esta fase, abre-se a fase de HABILITAÇÃO, cf. art. 27 da lei 8.666. Só que só
se abre envelope da empresa vencedora na etapa anterior. E se não preencher os
requisitos? Chama-se a segunda colocada NO SEU PREÇO, i.e. no preço ofertado à
administração.
Feita a habilitação, aberta oportunidade para RECURSO, que deve ser interposto na hora.
As razões do recurso, no entanto, podem ser apresentadas em até três dias depois. Dias
úteis ou corridos? Há divergência. Decreto anterior falava três dias úteis. Doutrina
majoritária: dias corridos.
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8. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Dá pra usar teoria geral de contratos para contrato administrativo? SIM, apenas se deve
qualificá-la com regime público. Deve-se aproveitar a teoria geral.
8.1. CONCEITO
O que é contrato administrativo? É vínculo jurídico por meio do qual sujeito e sujeito
passivo se comprometem a prestação e contraprestação, constituindo, regulando ou
extinguindo interesse ou direito comum. É um acordo de vontade, submetendo-se ao
regime público.
8.2. CARACTERÍSTICAS
(1) NJ.
(2) PARTES: poder público participa necessariamente, por PJ. Posso ter nos dois pólos o
poder público? Sim. Pelo menos de um dos pólos tem que ser ocupado pelo poder
público.
(3) CONSENSUAL, em oposição ao contrato real, i.e. o primeiro torna-se perfeito e
acabado quando vontades manifestadas, enquanto o segundo depende da entrega do
bem, não bastando a manifestação de vontade.
81
(4) COMUTATIVO, em oposição ao aleatório. No comutativo, prestação e
contraprestação são pré-determinadas e equivalentes.
(5) PERSONALÍSSIMO: qualidades do contratado são levadas em consideração.
Possível subcontratação? Representa desrespeito ao caráter personalíssimo, frauda o
dever de licitar (subcontratado executa contrato sem ter participado da licitação) e fere
isonomia. Art. 78 da lei 8.666: subcontratação não prevista no edital enseja sua
rescisão. Mas doutrina opõe-se e aponta condições: (i) previsão edital ou contrato;
(ii) anuência da administração; (iii) administração deve, para permitir subcontratação,
os mesmos requisitos da licitação; (iv) subcontratação não pode cobrir totalidade do
contrato, mas apenas parte, vez que de outro modo haveria série de empresas
laranjas. A doutrina traz essas regras a partir da lei de concessões.
(6) ADESÃO. Contrato em que uma das partes tem monopólio sobre clausulado.
Administração impõe contrato e particular entra se quiser.
(7) FORMAL. Quais formalidades?
(i) LICITAÇÃO PRÉVIA. Se for inexigível ou dispensável, substitui-se a licitação
prévia por procedimento de justificação. Possível contrato administrativo
verbal? SIM, excepcionalmente, quando a lei autorizar. Contrato é espécie de
ato: valem mesmas regras. Exceção prevista pelo art. 60, par. único, da lei
8.666, “É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração,
salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas
de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23,
inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento”.
(ii)
8.3. FORMALIDADES
8.3.1.
Quando a lei der alternativas, a forma do ato administrativo pode ser discricionária. Se
posso escolher entre carta de empenho etc., então a forma é discricionária.
8.3.2. PUBLICIDADE
O contrato precisa ser publicado, por exigência da lei 8.666: 61, par. único:
82
A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na
imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será
providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de
sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer
que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26
desta Lei
(1) EDITAL. Da mesma forma que o contrato é anexo do edital, o edital tem que vir
anexado ao contrato, cf. “XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a
dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor”. Da mesma forma,
a proposta vencedora também deve vir anexado ao contrato.
83
ou para o contrato? São para ambos, vez que um é parte do outro. Assim, a lei exige que
o contratado preencha as condições da licitação (regularidade fiscal etc.) durante
TODA a execução, cf. “XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a
execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas,
todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação”. A
Administração não pode sequer contratar a empresa vencedora caso se observe que
após a licitação a empresa torna-se irregular. Agora, se durante o contrato, a contratada
torna-se irregular, incide em DESCUMPRIMENTO de cláusula contratual,
INADIMPLEMENTO.
(3) GARANTIA. O art. 55 da lei diz que “VI - as garantias oferecidas para assegurar sua
plena execução, quando exigidas”. O art. 56 especifica essa obrigação: “A critério da
autoridade competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento convocatório,
poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras”.
A partir daí, o administrador precisa exigir garantia ou trata-se de uma faculdade?
Divergência na doutrina: tradicionalmente, vê-se como faculdade, com base na
literalidade da lei; mas parte razoável dos doutrinadores tende a vê-la como obrigação,
por decorrência do princípio da indisponibilidade.
De quanto deve ser a garantia? Até 5% do valor (cf. par. 3º), podendo excepcionalmente
chegar a 10% do valor caso o objeto do contrato seja “de grande vulto envolvendo alta
complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis” (par. 4º).
(4) DURAÇÃO DO CONTRATO. O art. 55 traz o seguinte inciso, “IV - os prazos de início
de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento
definitivo, conforme o caso”, exigindo o prazo do contrato. O art. 57 detalha essa
disposição.
84
Qual o prazo máximo do contrato? DOZE MESES, por ser este o limite da lei
orçamentária, não podendo o presente administrador vincular o próximo. Se o contrato for
realizado em junho, contrato tem seis meses; se em dezembro, um mês. Há exceções:
(A) PPA. O art. 165 e seguintes da CR tratam do orçamento: PPA (plano
plurianual), para metas dos próximos quatro anos; estes quatro anos são
divididos em quatro anos, cabendo a cada um, uma LDO (LDO1, LDO2, LDO3
e LDO4). A LDO é detalhada, definindo-se quantidades na LOA (lei
orçamentária anual). Assim, contrato pode pertencer a um PPA, mas o
contrato acabará contido em uma LOA.
(B) SERVIÇOS DE FORMA CONTÍNUA. Quanto maior o prazo, melhor o preço,
pela segurança oferecida. Ante essa possibilidade de economia, a
administração pode fazer contrato de prestação de serviços continuados por
até sessenta meses, cf. “II – à prestação de serviços a serem executados de
forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e
sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais
vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses”. Os 60 meses
podem ser prorrogados, excepcionalmente, em mais doze meses.
(C) “IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática,
podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses
após o início da vigência do contrato”.
(D) LEI ESPECÍFICA. Normalmente, quanto maior o investimento, maior a
possibilidade de retorno.
(E) CONTRATOS SEM DESEMBOLSO. Quando Administração não desembolsa
nada, sem comprometimento de crédito orçamentpario, então pode o contrato
durar mais do que imposto por lei, mas terá que ter termo, tem que ter prazo
determinado.
As cláusulas exorbitantes são aquelas que saem do comum dos contratos, não constando
do contrato; caso fizesse parte do contrato, seria abusiva. As cláusulas exorbitantes são
arroladas no art. 58 da lei 8.666:
(1) Modificar unilateralmente.
(2) Rescindir unilateralmente.
85
(3) Fiscalização da execução, detalhado no art. 67. Não se trata de faculdade,
mas dever.
(4) Aplicação de penalidades. Quais as sanções possíveis? Vêm previstas no
art. 87 da lei de licitações: (a) advertência, (b) multa, com valor a depender
de previsão contratual; (c) suspensão de contratar, impedida a empresa de
contratar, por no máximo dois anos, valendo apenas para ente que aplicou
a pena; (d) declaração de inidoneidade, que a impede de contratar com
todos entes da Administração, valendo por até dois anos; a reabilitação
depende não somente da passagem de dois anos mas também da
indenização dos danos causados. A declaração de inidoneidade depende
de subsunção a comportamento incriminado. A escolha da pena é
discricionária do administrador.
(5) Ocupação provisória de bens. Durante o andamento do processo de
decisão sobre extinção do contrato. Ao final do processo, reversão. Precisa
indenizar? Ora, mas ocupo porque contratada inadimplente, não preciso
indenizar; agora, se ocupação por motivo de interesse público, preciso
indenizar. Assim, indenização depende da previsão contratual. Que tipo de
bem pode ser passível de ocupação? São ocupáveis provisoriamente os
bens indispensáveis à prestação do serviço.
Exceptio non adimpleti contractus, ou exceção do contrato não cumprido, ou seja, não se
pode exigir do outro sem que a prestação própria tenha sido cumprida. É aplicável ao
contrato comum? Sim, cf. CC. Cabe no contrato administrativo? Tradicionalmente,
entende-se que essa cláusula não é aplicável aos contratos administrativos. A não
aplicação da exceptio é cláusula exorbitante? Sim, vez que em regra, comumente, a
exceptio é aplicável; ante sua ausência, há uma peculiaridade, que pode ser classificada
de cláusula exorbitante. Doutrina mais moderna, majoritária, no entanto, fundando-se no
art. 78, XV, da lei 8.666 (“o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos
pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes,
já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do
cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação”). Assim, nos
primeiros noventa dias, não é possível aplicar a exceptio; após esse prazo, porém,
possível sua aplicação. A aplicação não automática resulta do princípio da continuidade.
86
Segundo essa posição moderna, é cláusula exorbitante? Tem no contrato comum? Tem,
então não tem nada de exorbitante. Lembrar: exorbitante é o que não tem o comum.
Toda alteração contratual é cláusula exorbitante? Não, apenas a unilateral, vez que a
bilateral é normal no regime comum. A alteração contratual é regulada pelo art. 55 da lei
8.666. Duas hipóteses de alteração unilateral (exorbitante):
(1) ESPECIFICAÇÕES DO PROJETO. Trata-se de alteração qualitativa:
contrato para construção de escola e mudo tamanho da cerâmica usada.
Exemplo: contratação de construção de 100 km de rodovia; para tanto,
será necessária terraplanagem em 80 km. Imagine-se que se verificou que
a área terá de ser maior: houve alteração do objeto? Não, apenas se
alterou especificação do projeto, vez que o objeto permanece: 100 km de
rodovia.
(2) ALTERAÇÃO QUANTITATIVA DO OBJETO. Exemplo: compra de cem
canetas inicialmente; depois, altera para cento e vinte. A natureza do
objeto é imutável: não posso contratar compra de canetas e depois exigir
prestação de serviços telefônicos: natureza do objeto mudou. A
administração paga por aquilo que recebeu efetivamente; se recebeu
menos, paga menos; se mudou de idéia no meio do caminho, então não.
Essa alteração quantitativa é livre? Alterar de cem canetas para 200 é
fraude ao dever de licitar. Assim, limite de 25% para a alteração
quantitativa do contrato. Nos casos de reforma de edifícios e
equipamentos, limite excepcional de 50%. Posso aplicar esses limites para
alteração qualitativa? O tribunal de contas e parte da doutrina entendem
que sim.
87
(4) PARA EQUILÍBRIO ECONÔMICO E FINANCEIRO. A fim de buscar o equilíbrio
econômico-financeiro, podem as partes fazer alterações. Trata-se da TEORIA DA
IMPREVISÃO: fato superveniente imprevisto (não imaginaram) e imprevisível
(não poderiam imaginar nem se tivessem sido cuidadosos) que vai desequilibrar
o contrato. FATO DO PRÍNCIPE: atuação do poder público, geral e abstrata, que
atinge o contrato de modo indireto ou reflexo. Coleta de lixo contratada pela
administração; ISS de 2%; poder público majora a alíquota do ISS para 5%. A
coleta de lixo não fica impedida, mas o preço do serviço deverá ser reequilibrado,
ou seja, contrato atingido indiretamente. Já FATO DA ADMINISTRAÇÃO é a
atuação do poder público que vai atingir diretamente o contrato. Imagine-se
negação de desapropriação de imóvel que impede construção de viaduto. Nesse
caso, atuação específica, que atinge diretamente o contrato.
(5) INTERFERÊNCIAS IMPREVISTAS. Novamente teoria da imprevisão. Imagine-se
contratada que descobre que solo muito arenoso e que fundações deverão ser
mais profundas. Característica da natureza, que já existia quando da celebração
do contrato, mas que só pode ser descoberta ao tempo da execução.
(6) CASO FORTUITO ou FORÇA MAIOR.
Hipóteses:
(1) Conclusão do objeto.
(2) Ocorrência do termo final (prazo).
(3) Rescisão:
(a) Administrativa, quando feita pela Administração de forma unilateral,
possível quando (i) houver descumprimento de cláusula contratual pelo
contratado ou por (ii) razões de interesse público.
(b) Judicial, caso o contratado não deseje mais continuar com o contrato.
(c) Consensual ou amigável, o distrato no direito civil.
88
(4) Ilegalidade do objeto, via anulação.
8.7.1. CONVÊNIO
89
LEGISLATIVO E CONVÊNIO. Lei de licitações, art. 116, par. 2º, “Assinado o convênio, a
entidade ou órgão repassador dará ciência do mesmo à Assembléia Legislativa ou à
Câmara Municipal respectiva”. A finalidade dessa regra é submetê-lo ao controle
legislativo. Várias constituições estaduais e leis orgânicas municipais condicionam a
celebração do convênio à prévia aprovação do Legislativo. STF reiteradamente declara a
inconstitucionalidade dessas normas, que submetem convênio à autorização prévia do
Legislativo (ADI 462, ADI 770), por invasão de competência do Executivo.
MUNICÍPIO IMPLICA PARTICIPAÇÃO DO ESTADO. LCP: 1º, par. 2º, “A União somente
participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados em
cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados”.
ESPÉCIES, previstas no art. 1º, par. 1º da lei 11.107/05, “O consórcio público constituirá
associação pública ou pessoa jurídica de direito privado”:
(1) CONSÓRCIO DE PJ DE DIREITO PRIVADO. Aplica-se ao consórcio público de direito
privado o direito comum e CLT, mas também exige-se respeito à lei de licitações,
realização de concurso público etc., cf. lei 11.107/05, “No caso de se revestir de
personalidade jurídica de direito privado, o consórcio público observará as normas de
direito público no que concerne à realização de licitação, celebração de contratos,
90
prestação de contas e admissão de pessoal, que será regido pela Consolidação das
Leis do Trabalho - CLT”.
(2) ASSOCIAÇÃO PÚBLICA é a denominação do consórcio público de personalidade
jurídica de direito público. O CC: 41, IV, foi alterado para dar conta dessa lei
11.107/05: “São pessoas jurídicas de direito público interno: IV - as autarquias,
inclusive as associações públicas”. Com essa alteração, associação pública passou a
ser espécie de autarquia. Além disso, a associação pública integrará a administração
indireta dos entes associados simultaneamente (lei 11.107/05, art. 6º, par. 1º, “O
consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administração
indireta de todos os entes da Federação consorciados”). Semelhante a isso apenas o
BRDE (banco regional de desenvolvimento do extremo-sul), criado como autarquia
interestadual antes da regulamentação, e que se determinou fosse tido como empresa
pública pelo STF.
91
9. SERVIÇO PÚBLICO
Não há uma lista fechada, mas cambiável conforme época. Pense-se em bonde há
algumas décadas e telefonia celular ou energia elétrica hoje.
Serviço público é uma (1) utilidade ou comodidade material, que (2) visa à satisfação de
uma necessidade coletiva, (3) fruível individualmente, de acordo com suas próprias
necessidades, a seu modo. Se é coletiva, o Estado assume a prestação desse serviço
como (4) dever seu, podendo prestá-lo (5) diretamente (escola) ou indiretamente
(transporte público). (6) O regime público é total ou parcialmente público.
Lembrando que há divergências sobre quais os princípios que regem o serviço público e
que os princípios da administração pública continuam valendo aqui.
Da lei 8.987/95 (lei das concessões e permissões), art. 6º, par. 1º, “Serviço adequado é o
que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança,
atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas”, inferem-se
vários princípios:
(1) EFICIÊNCIA.
(2) CONTINUIDADE.
(3) GENERALIDADE, o que inclui UNIVERSALIDADE, i.e. o serviço tem que ser
prestado erga omnes. Vários problemas no Brasil quanto à generalidade.
(4) SEGURANÇA, ou seja, não pôr em risco a segurança do administrado.
(5) ATUALIDADE, ou ADAPTABILIDADE, quer dizer, deve seguir as técnicas mais
modernas, cf. art. 6º, par. 2º, “A atualidade compreende a modernidade das
técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a
melhoria e expansão do serviço”.
(6) REGULARIDADE, i.e. não basta que o serviço público seja prestado bem
eventualmente, mas todos os dias.
(7) MODICIDADE, ou seja, tem que ser o mais barato possível, o que exige baixa
tarifa. Mas energia elétrica no Brasil tem modicidade?, o de transporte público?
92
(8) CORTESIA, ou seja, o administrador tem que agir com urbanidade.
A competência vem muitas vezes definida pela CR88: 21 a 30. Caso não venha previsto
na CR88, vez que a CR88 não esgota as possibilidades, não sendo taxativa, pode vir
determinado por lei. Mas, não havendo disposição constitucional, como se faz para decidir
competência? Deve respeitar a REGRA DA ÓRBITA DE INTERESSE: se o serviço for de
interesse nacional, então compete à União; se de interesse regional, Estado; se de
interesse local, Município. Exemplo: serviço funerário, de interesse local, de competência
municipal.
Às vezes, o Estado não tem competência privativa para prestar certo serviço, podendo ser
prestados por particulares. Agora, quando o serviço for privativo, pode ser prestado
DIRETA ou INDIRETAMENTE pelo Estado, sendo possível concessão ou permissão.
Desta forma, há quatro hipóteses constitucionais sobre serviços privativos e não
privativos:
93
estar por trás desse serviço. ”Hora do Brasil” é só publicidade, que utiliza o serviço do
particular como canal.
9.3. CLASSIFICAÇÃO
94
9.3.2. QUANTO AOS DESTINATÁRIOS
Serviços:
(A) GERAIS, prestados à coletividade como um todo, que não tem destinatário
determinado, prestado erga omnes. Tem como medir quanto cada um utiliza de
iluminação pública? Não dá; assim, diz-se serviço INDIVISÍVEL. Como não dá para
saber quanto cada um utiliza, então como deve ser pago esse serviço? Taxa? Não,
taxa exige contraprestação; assim, paga-se por receita geral (impostos).
(B) INDIVIDUAIS, ou específicos, são prestados a destinatário determinado, suscetíveis
de cálculo e, assim, DIVISÍVEIS. Cobrado por taxa ou tarifa? Depende: se
COMPULSÓRIO, paga-se TAXA; se FACULTATIVO, TARIFA. Não há rol de serviços
individuais compulsórios e facultativos; normalmente, os menos importantes são
facultativos. TAXA é espécie vinculada de tributo, podendo ser de polícia ou de
serviço. Existe possibilidade de cobrança de TAXA MÍNIMA, cobrada pelo simples
fato do serviço estar à disposição. Mas há administrador que cobra taxa de
saneamento de quem não tenha acesso a ele.
Há muitas taxas inconstitucionais: “taxa do bombeiro”, tem como saber quanto se
utiliza do serviço? Não tem, deveria ser bancado pela receita geral do Estado, não
por cobrança de taxa. “Taxa do buraco”: taxa para tapar buraco; mas dá para saber
quanto se usa? Não, então inconstitucional. “Taxa de iluminação pública”: iluminação
pública é serviço indivisível, não passível de cobrança por taxa, daí a declaração de
sua inconstitucionalidade. Administrador decidiu impor contribuição para substituir a
taxa inconstitucional, mas ela tampouco é constitucional. Telefonia não implica taxa,
mas tarifa. “Assinatura”: há série de ACP aguardando decisão, mas se acredita que
passe pelo crivo do Judiciário, porque a cobrança mínima é derivada de contrato e
aceitação do usuário, mas realmente devido ao lobby.
É o assunto mais provável dentro do tema serviço público. Qual o respaldo legal? CR88:
175, “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”.
95
9.4.1. CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO
Pode ser (1) CONCESSÃO COMUM ou (2) CONCESSÃO ESPECIAL. A diferença deriva
da criação da PPP, nove anos após regulação com a lei 8.987/95. Para resolver natureza
especial do PPP, legislador distingue entre concessão comum da lei 8.987/95 e
concessão especial (PPP, lei 11.079/04).
Como todo contrato administrativo, concessão precisa ter prazo determinado, constante
da lei específica do serviço. Posso prorrogar? Se estiver dentro do limite imposto pela lei,
tendo também que ser previsto no edital ou no contrato.
96
Em concessão de serviço, a empresa assume o serviço por sua conta e risco. Imagine-se
que Estado tenha contratado empresa privada para coleta de lixo e que empresa não
desempenhe bem o serviço. O que vai acontecer nesse caso para o usuário? Se
normalmente o usuário pode reclamar com o Estado, por muitas vezes ignorar quem
realize o serviço, no caso de concessão, a concessionária é responsável. Posso reclamar
com agência reguladora, mas a ação deverá ser proposta contra a concessionária. Caso
a concessionária não tenha como responder, cabe subsidiariamente responsabilidade do
Estado? SIM, porque dever de prestar serviço público ainda é do Estado, ele concedeu
porque quis.
Pode-se fazer concessão de serviço precedida de obra pública, cf. definição da lei 8.987,
art. 2º, II. A maioria entende que se trata de modalidade especial de concessão comum;
há quem entenda, porém, que sejam duas concessões.
97
Possível TRANSFERÊNCIA de concessão? Pode haver transferência de controle
acionário da concessionária sem conseqüências para a prestação do serviço, desde que
não se trate de empresa laranja. E SUBCONCESSÃO? Pode? Se a concessionária
transfere o contrato, fere regra do contrato administrativo personalíssimo, incide em
fraude à licitação, fere a isonomia. A lei, no entanto, prevê possibilidade (art. 26). A
doutrina, no entanto, impõe algumas condições para a subconcessão:
(3) Tem que estar previsto no edital e contrato.
(4) A empresa subconcessionária tem que obedecer as regras originais.
(5) Tem que contar com anuência da Administração.
(6) Transferir a totalidade é desrespeito ao dever de licitar, podendo a Administração tão
somente concordar com transferência de parte da licitação.
Observar que o art. 26, par. 1º, exige concorrência para a subconcessão. E
subconcedente e subconcessionária são solidariamente responsáveis. Agora, se exige
concorrência, então nova concessão; a doutrina descarta o art. 26.
Formas de extinção
98
9.4.1.2. CONCESSÃO ESPECIAL
(Tem muita chance de cair em procuradorias, no mais, não costuma cair muito.) É
também chamada de parceria público-privada (PPP). Prevista na lei 11.079/04. É um
exemplo marcante do neoliberalismo.
É uma concessão com regras especiais. É contrato administrativo, por isso os interesses
são divergentes. Mas, como se fala de uma parceria, significa a reunião de esforços para
um interesse em comum. A doutrina critica o nome parceria, pois não é interesse comum,
convergente. O particular quer o lucro, quer o investimento. É contrato complexo, de
grande vulto.
99
(1) FINANCIAMENTO PRIVADO. Se não existir financiamento, não há que se falar em
parceria. O setor privado vai investir e vai receber de volta a longo prazo.
(2) COMPARTILHAMENTO DOS RISCOS. Se algo der errado, os dois parceiros
arcarão com o prejuízo. O ponto positivo é que, se o investimento é alto, a divisão
dos riscos torna a relação mais confiável, incentiva os investimentos. O ponto
negativo do compartilhamento é a preocupação quanto a quem vai executar o
serviço, tem que haver necessidade do povo e não se pode comprometer o recurso
público com algo que vá beneficiar um pequeno grupo, assim é preciso um consulta
pública para que a sociedade controle a situação.
(3) PLURALIDADE COMPENSATÓRIA. O Estado pode pagar o financiamento,
participar da relação, de diversas formas. Pode haver depósito bancário para
quitação, transferência de créditos não tributários, utilização de bem público
(abatendo do financiamento), outorga de direitos (outorga onerosa de solo criado,
que é quando o Estado concede algo além do que a lei permite, mediante o
pagamento, e este pagamento pode ser abatido), além de outras formas permitidas
em lei. O ponto positivo é que, de várias maneiras, o comprometimento do recurso
público pelo Estado é menor. O ponto negativo é que a fiscalização é mais
complicada, pois são ares de atuação diferentes e se não houver fiscalização, pode
gerar enriquecimento ilícito.
(1) QUANTO AO VALOR. Não pode ser inferior a 20 milhões. O valor não é
‘assustador’ quando se pensa em projetos de obras públicas.
(2) QUANTO AO OBJETO. A lei diz expressamente que o objeto é concessão de
serviço. Assim, o objeto deve ser um serviço, mas não pode ser objeto único,
devendo haver um outro elemento. Tem objeto complexo, é possível serviço +
obra (ex: faz a rodovia e conserva), ou serviço + fornecimento.
(3) QUANTO AO PRAZO. Não pode ter prazo inferior a 5 anos e não pode ser
superior a 35 anos. O prazo maior se justifica pelo investimento, que é muito alto.
100
A formalização ocorre via contrato administrativo. Deve haver licitação prévia e a
modalidade será concorrência. Esta concorrência tem regras próprias, com possibilidade
de procedimento invertido, lances verbais, etc. Se é concessão, precisa de lei que
especificamente autorize.
(E) CONTROLE
É por contrato administrativo ou por ato unilateral? É importante saber a natureza jurídica
da permissão. A natureza jurídica da permissão é de contrato ou de ato unilateral?
Permissão de serviço (ou de uso de bem público) – o instituto surgiu no Brasil por meio de
ato unilateral, discricionário e precário. Era ato unilateral, a administração faria só, de
101
acordo com a conveniência e a oportunidade, com juízo de valor. Era precário,
significando que poderia ser retomado a qualquer tempo, e sem indenização.
Com o advento da Lei 8.987/95, que cuidou da permissão de serviço (e não fala nada de
permissão de uso), estabeleceu-se que a permissão de serviço formaliza-se por contrato
administrativo e é precário.
Assim, conclui-se que permissão de serviço público é contrato. É a posição adotada pelo
STF. Alguns doutrinadores, minoritariamente, criticam (Celso Antônio).
9.4.2.2. FORMALIZAÇÃO
É contrato administrativo (após a lei 8.987). Mas o contrato é precário, que pode ser
retomado a qualquer tempo sem ter que indenizar. Mas é contraditório, pois o contrato
deve ter prazo. A doutrina entende que a precariedade desta mitigada, assim pode ser
retomado, apesar de ter prazo determinado. Assim, pode ser retomado a qualquer tempo,
mas deve ser indenizado pela retomada antes do prazo.
Aplica-se no que couber a concessão. Tem que licitar, a modalidade licitatória será
qualquer uma, dependendo do critério do valor do contrato.
CONCESSÃO PERMISSÃO
- Destinatário é pessoa jurídica ou - Destinatário é pessoa física ou
consórcio. jurídica.
- Modalidade licitatória é a concorrência. - Qualquer modalidade serve a
depender do valor.
- Depende de autorização legislativa - Não há essa exigência.
específica.
- É ato solene, sem possibilidade de - É ato precário.
102
retomada.
OBS.: Permissão de uso de bem é ato unilateral, discricionário e precário. A Lei 8.987 só
fala de permissão de serviço.
103
10. AGENTES PÚBLICOS
São aqueles que estão no topo da estrutura estatal, aquele que constitui a vontade do
Estado. São a chefia de cada um dos poderes:
→ Poder Legislativo – Chefes do Legislativo – Senadores, Deputados Federais,
Deputados Estaduais, Vereadores.
→ Poder judiciário – problema, pois há uma idéia de que a escolha é política, porém a
escolha dos membros deste poder é por meio de concurso (escolha meritória). Assim,
alguns autores criticam esta inclusão, mas a posição que prevalece é de que os
Magistrado e os membros do MP são agentes políticos. Também são agentes políticos os
ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas.
104
De outro lado, se os direitos decorrem de contrato de trabalho, chama-se de regime
contratual ou celetista. O regime será de emprego público se for CLT. O emprego existe
tanto em pessoa jurídica de direito público quanto em pessoa jurídica de direito privado.
É todo aquele que atua no Estado, sem importar se é administração indireta ou direta.
Subdivisão: Servidor público ou Servidor de entes governamentais de direito privado.
105
Foram quase 10 anos de mistura dos regimes. A preocupação é para os servidores dos
regimes contrários aos adotados, pode ser que seus cargos/empregos desapareçam.
Ou seja, o STF afastou o regime múltiplo, e hoje volta a valer o regime jurídico
únicos. Doutrinariamente admite-se que o regime preferencialmente é o estatutário, mas
não é a regra, não necessariamente é a regime estatutário.
Lei 8.112 institui o RJU, aplicável aos servidores da União, autarquias federais e
fundações de direito público. Existe ainda um RJU?
Em 1990, edita-se a lei 8.112, que estabelece o RJU estatuário para os servidores
públicos. Em 1998, a EC 19 muda completamente o art. 39, substituindo a
obrigatoriedade de RJU pelo seguinte texto: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal,
integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes”. Assim, ACABA a
exigência constitucional do RJU.
Lei 9.986/00 criava regime para funcionários de agências reguladoras, mas eficácia
suspensa na liminar da medida cautelar da ADI 2310, em voto do ministro Marco Aurélio,
sob fundamento de que celetistas não poderiam ter poder de polícia.
Medida cautelar na ADI 2135 teve liminar concedida1, tendo sido suspensa a eficácia do
art. 5º da EC 19, que justamente alterava o caput do art. 39, por motivo de vício formal.
1
Decisão: O Tribunal, por maioria, vencidos (..) Nelson Jobim, Ricardo Lewandowski e Joaquim
Barbosa, deferiu parcialmente a medida cautelar para suspender a eficácia do artigo 39, caput, da
106
Assim, a nova redação do CF: 39 foi suspensa, retornando o texto original da CF, “A
União, os Estados, o DF e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência,
regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública
direta, das autarquias e das fundações públicas”.
10.3.1.2. RJU
107
PREVISÃO LEGAL: lei 8.112/90, art. 3º, par. único, exige que cargos públicos sejam
criados por lei, por, entre outros motivos, repercussão orçamentária. Nesta esfera, o
princípio do paralelismo das formas (o que se cria por instrumento legal deve ser extinto
pelo mesmo tipo de instrumento legal – crio por decreto, extingo por decreto –) é
quebrado. Assim, cargo criado por lei, caso VAGO, pode ser extinto por decreto, por força
do CF: 84, VI, “b” (“Compete privativamente ao Presidente da República: VI – dispor,
mediante decreto, sobre: b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos”), e
NÃO VAGO, “cargo provido”, por lei, cf. CF: 84, XXV, “Compete privativamente ao
Presidente da República: XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma
da lei”.
REMUNERAÇÃO: 8.112/90, art. 3º, par. único, faz com que faça parte do conceito de
servidor público a remuneração, proibindo gratuidade.
108
em comissão. Liberdade poderá ser limitada por lei, no entanto: lembre-se a súmula
vinculante 13, que estende até 3º grau.
(3) DESLIGAMENTO. Cargo em comissão é de livre exoneração, diferentemente do
cargo efetivo, que depende de procedimento em que seja respeitado ampla defesa e
contraditório, como vem decidindo STF desde década de 60.
(4) ATRIBUIÇÕES. Em virtude do CF: 37, V, cargos em comissão só podem ter
atribuições de diretoria, chefia ou assessoria; cargos efetivos podem ter essas
atribuições, mas têm exclusividade sobre atribuições técnicas.
(5) REGIME PREVIDENCIÁRIO. Cargo efetivo submetido ao regime de previdência
própria dos servidores (RPPS), cf. CF: 40; cargo em comissão submetido ao regime
geral de previdência social (RGPS), do INSS.
109
(1) Nomeação. É a forma originária de provimento; não se exige que o nomeado seja ou
tenha sido servidor.
(2) Promoção, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução são
formas derivadas, que dependem de nomeação anterior.
(3) Ascensão e transferência foram formas declaradas inconstitucionais, porque forma de
burlar concurso; nesse sentido, a súmula 685 do STF, “É inconstitucional toda
modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação
em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a
carreira na qual anteriormente investido”.
ITINERÁRIO.
(1) Concurso público:
(a) FORMA: só pode ser de provas ou de provas e títulos.
(b) PRAZO: “prazo de validade”, expressão vulgar para prazo de eficácia, é de 2
anos, prorrogáveis por mais 2. Prorrogação é vinculada ou discricionária? Se logo
após termo, abriu-se mão de prorrogação e se abriu novo concurso. Nos RE
192568 e 273605, foi decidido que necessária fundamentação para abrir mão de
prorrogação se continua necessidade de preenchimento.
(c) DIREITO À NOMEAÇÃO. Tradicionalmente, aprovação em concurso não gerava
direito, mas expectativa de direito. Ainda que não se possa dizer que há
orientação jurisprudencial consolidada nesse sentido, há decisões recentes (RMS
236XXX) segundo as quais há direito subjetivo à nomeação no limite do número
de vagas.
(d) PRETERIÇÃO DIRETA. Mesmo dentro da perspectiva tradicional, há UM direito
pelo menos, o de observância à ordem classificatória, cf. súmula 15 do STF,
“Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à
nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação”.
(e) PRETERIÇÃO INDIRETA. Contratação temporária para burla de ordem
classificatória em concurso público. Tribunais entendem nulas essas contratações.
(2) NOMEAÇÃO. Ato pelo qual se convoca o candidato para ser empossado.
Conseqüências:
(a) PROVÊ a vaga, impedindo a nomeação de outro candidato.
(b) DIREITO À POSSE, cf. súmula 16 do STF, “Funcionário nomeado por concurso
tem direito à posse”.
110
(c) DEVER DE TOMAR POSSE em 30 dias. Esse prazo é contado em favor de
quem? Em favor do candidato, ou seja, ele pode abreviar esse prazo ou usá-lo até
o final. Este prazo é determinado por lei, não podendo ser restringido.
(3) POSSE, cf. lei 8.112/90, art. 7º, “A investidura em cargo público ocorrerá com a
posse”. Investidura é o ato pelo qual se liga o servidor ao cargo. Efeitos:
(a) Direito do servidor de entrar em exercício.
(b) Dever de entrar em exercício em 15 dias. Este prazo favorece o servidor: ele é que
pode abreviá-lo ou usá-lo até o fim.
111
(1) Ocupação por cargo efetivo, tendo nele ingressado por concurso público.
Redundância para que quem tenha, irregularmente, ingressado SEM concurso não
possa exigir estabilidade.
(2) Prazo de três anos.
(3) Estágio probatório, cf. CF: 41, par. 4º, “Como condição para a aquisição da
estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
instituída para essa finalidade”. Em 14-8-8, editada MP 431, que deu nova redação ao
art. 20 da lei 8.112/90, adaptando prazo com a CF.
112
RECONDUÇÃO. Imagine-se que servidor estável pede vacância de cargo para ocupar
outro cargo e que foi reprovado no estágio probatório para o segundo cargo; neste caso,
tem direito a retornar ao cargo deixado vago, cf. art. 29, I. O STF e o STJ já
reconheceram a figura da RECONDUÇÃO VOLUNTÁRIA, cf. MS 24543 e 22933 (STF) e
MS 8339 (STJ): ainda que não seja reprovado no estágio probatório, pode o servidor
retornar ao posto original, desde que não tenha se tornado estável no novo cargo. Assim,
é a possibilidade de o servidor retornar ao seu cargo de origem, no qual já era estável, até
que seja estabilizado em outro cargo. Uma terceira hipótese de recondução é prevista no
inciso II: o servidor tem direito a ser reconduzido ao cargo original se outro servidor tiver
sido reintegrado ao cargo novo.
113
ocupantes do mesmo cargo recebem o mesmo vencimento, mas podem receber
remunerações diferentes, cf. art. 41 da lei 8.112/90.
SUBSÍDIO: em vez de partes fixas e variáveis, o servidor recebe somente uma parcela
única, invariável, cf. CF: 39, par. 4º, “O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo,
os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados
exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI”. Quem recebe
subsídio? Em regra, AGENTE POLÍTICO. No entanto, a CF previu que algumas carreiras
poderiam ser remuneradas da mesma maneira, cf. CF: 39, par. 8º, “A remuneração dos
servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º”.
Para que serve? Para estipular regras de comportamento (DEVERES previstos a partir do
art. 116 da lei 8.112/90, além das PROIBIÇÕES do art. 117) para o servidor, que deve
observá-las, sob pena de punições também previstas no regime disciplinar.
114
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
FUNÇÃO PÚBLICA + ATIVIDADE PRIVADA. Não há regra geral que proíba servidor
público de ter outras atividades na área privada, mas há proibições que criam restrições
por INCOMPATIBILIDADE, cf. XVIII, art. 117 da lei 8.112/90. Previstas na lei do cargo ou
que regulamenta a profissão (Estatuto da OAB, por exemplo).
115
(C) PROVENTOS (CF: 40) + PROVENTOS (CF: 40)
CF: 40, par. 6º, “Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na
forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta
do regime de previdência previsto neste artigo”. Assim, em regra, não pode. Mas há
exceções, observado o teto remuneratório: cargos acumuláveis na atividade (dois cargos
de professor etc.).
10.3.1.7. RESPONSABILIDADE
Fatos do servidor:
(1) CRIME enseja responsabilidade penal do agente, mediante um processo penal.
(2) LESÃO PATRIMONIAL contra a própria administração ou terceiro enseja a
responsabilidade civil do agente, mediante um processo civil.
(3) INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA enseja a responsabilidade administrativa, mediante
PAD ou sindicância.
E BIS IN IDEM? Impossibilidade de pessoa ser punida mais de uma vez pelo mesmo fato
por penas da mesma natureza, o que permite condenação nas três esferas. Em regra, um
processo não interfere no outro. EXCEÇÃO: lei 8.112/90, art. 126.
SUSPENSÃO. Violação das proibições constantes do art. 117, incisos XVII e XVII. De
todos os incisos, apenas estes dois não geram advertência nem demissão direta,
restando a suspensão para esses dois incisos.
116
(1) Indisponibilidade dos bens e ressarcimento do erário (art. 136) em caso de ofensas ao
patrimônio público;
(2) Impossibilidade de nova investidura em cargo público federal por cinco anos (art.
137),
(3) Impossibilidade perene de retorno à administração federal nos casos do parágrafo
único do art. 137. Constitucional? Professor: inconstitucional porque pena perpétua;
STF, no entanto, ainda não considerou inconstitucional, senão em obiter dicta.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. Lei 8.112/90, art. 142. Prazo contado a partir
do CONHECIMENTO do fato, cf. par. 1º. Conhecimento efetivo ou formal? Lei não
responde essa pergunta. O prazo da infração administrativa que coincida com tipo penal
seguirá o prazo prescricional deste.
117
INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. Enquanto corra o PAD,
interrompida a prescrição, voltando a correr após a decisão. Prazo regular de PAD é 140
dias (60 dias + 60 dias + 20 dias). E se durar mais do que 140 dias? Anula o processo?
NÃO, de acordo com jurisprudência do STF e STJ. Agora, se durar mais do que 140 dias,
RECOMEÇA a contagem do prazo prescricional, ou seja, há PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE no PAD.
FLUXOGRAMA DO PAD:
(1) CONHECIMENTO DA INFRAÇÃO de ofício ou por denúncia, esta devendo seguir as
exigências do art. 143. Há precedentes em maior número entendendo que não
observação de requisito vicia a denúncia, impossibilitando instauração.
(2) APURAÇÃO. Apura-se por:
(a) Sindicância, art. 145. Da sindicância poderá resultar arquivamento, aplicação de
punição de até 30 dias (para punições mais graves, necessário PAD), ou
instauração de PAD. Prazo para a sindicância: 30 dias. Sindicância deve observar
o contraditório? Não, a menos que queira impor punição.
(b) PAD. Há um “PAD comum ordinário” e dois “PAD especiais”, para infrações de
menor complexidade: (i) acumulação ilegal de cargos (art. 133), que oferece
chance de optar por cargo antes de aplicar a pena; (ii) abandono de cargo e
inassiduidade habitual (art. 140). As etapas do PAD são claras, como dispõe o art.
151:
(i) Instauração, que faz delimitação fática e deve observar art. 149.
(ii) Inquérito administrativo, ou procedimento administrativo disciplinar
propriamente dito. Dividido em três etapas: (1) instrução probatória, com
eventuais testemunhos, perícia etc., ocorrendo “indiciação”, (2) def. esc., que
indica qual seja a infração supostamente incorrida (3) relatório.
(3) JULGAMENTO. Recebido o relatório da comissão pela autoridade, deve-se acatá-lo,
salvo se contrário às provas dos autos.
118
consolidou entendimento de que seria necessária a defesa técnica, sob pena de nulidade
do PAD. (Observe-se que, no STJ, 3ª Seção (5ª e 6ª Turmas) é responsável pelo direito
penal e, por excesso de volume, a 1ª Seção, encarregada do direito público, delegou
àquela as questões sobre servidores. Assim, influência do direito penal sobre o direito
administrativo.) Em oposição à súmula 343 do STJ, veio a súmula vinculante n. 5 do STF,
“A falta de defesa técnica por advogado no PAD não ofende a Constituição”.
Para dispensa, diferem dos servidores públicos. A dispensa é imotivada, o que significa
dizer que, segundo orientação do TST (Súmula 390), não têm estabilidade. A súmula é
complementada pela OJ 247, e o TST complementa dizendo que a dispensa é imotivada.
É aquele que colabora com o Estado, aquele que não perde qualidade de particular mas
num dado momento exerce função pública.
Particulares requisitados: são os obrigados a participar.
Ex: mesário na eleição, serviço militar obrigatório, jurado no Júri.
119
Particulares voluntários: vão por livre e espontânea vontade. Alguns doutrinadores
chamam de particulares em esponte própria.
Ex: amigos da escola, dirigente de órgão de classe (presidente da OAB)
Ely Lopes Meireles chamava de agente honorífico.
Concessionárias e permissionárias:
Delegados de função: situação específica da CF, art. 236. São os serviços notariais, dos
cartórios notariais, pois não se trata de concessão ou permissão, delegado de função é
particular em colaboração. Hoje exige-se concurso público para ser notário.
Particulares que praticam atos oficiais e sujeitam-se a todas as exigências doas atos
oficiais da administração.
10.6. ACESSIBILIDADE
Quem pode ser servidor público no Brasil: brasileiro; estrangeiro (EC n° 19/98).
120
preenchendo algumas condições, de temporário virava empregado público
permanente. Como pode tal aproveitamento? Preciso de processo seletivo!
Institucionalização da prática pode trazer problemas graves.
PRAZO DE VALIDADE do concurso público: até dois anos, prorrogável por igual período,
cf. CR88: 37, III, “o prazo de validade do concurso público será de até dois anos,
prorrogável uma vez, por igual período”. Prorrogação é decisão discricionária ou
vinculada? Discricionária. A prorrogação pode ser revogada? A jurisprudência entende
que sim, DESDE QUE ainda não tenha começado, porque então teria gerado direito
adquirido. Prorrogação condicionada igualmente à VALIDADE do concurso, ou seja,
concurso precisa ser válido; se já vencido, não se pode prorrogar.
Súmulas ligadas aos requisitos do concurso público. Requisitos devem ser compatíveis
com natureza do cargo cf. descrito na lei da carreira:
(6) Súmula 683 do STF fala sobre limite de idade, “O LIMITE DE IDADE PARA A
INSCRIÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO SÓ SE LEGITIMA EM FACE DO ART.
7º, XXX, DA CONSTITUIÇÃO, QUANDO POSSA SER JUSTIFICADO PELA
NATUREZA DAS ATRIBUIÇÕES DO CARGO A SER PREENCHIDO”.
121
(7) Súmula 686 do STF, sobre psicotécnico, “SÓ POR LEI SE PODE SUJEITAR A
EXAME PSICOTÉCNICO A HABILITAÇÃO DE CANDIDATO A CARGO
PÚBLICO”. Hoje, psicotécnico mal visto, dado a sua subjetividade.
(8) Lembrar que o CNMP e CNJ regulamentaram a exigência da CR88 de três anos de
experiência jurídica. Em outros cargos que não magistratura ou MP, então
necessária previsão na lei da carreira, não bastando o edital.
(9) Súmula 684 do STF, “É INCONSTITUCIONAL O VETO NÃO MOTIVADO À
PARTICIPAÇÃO DE CANDIDATO A CONCURSO PÚBLICO”.
(10) Súmula 266 do STJ, “O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo
deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público”. Trata-se
de entendimento aplicável somente quando não houver previsão na lei da carreira.
10.7. ESTABILIDADE
CR88: 41, “São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público”. Exigências para estabilidade
são então:
(1) Nomeação para cargo efetivo (caráter definitivo) mediante prévia aprovação por
concurso público. “Cargo” é termo trazido pela EC 19. Há estabilidade para
emprego por pessoa pública? Até ADI 2135 sobre regime único, podia misturar.
Lembrar súmula 390 do TST, que diz que empregado por PJ de direito público tem
estabilidade do art. 41. Mas súmula também trata de empregado de PJ de direito
privado (EP/SEM), que entende não ter estabilidade do CR88: 41.
(2) 3 anos de efetivo exercício.
(3) Aprovação na avaliação de desempenho.
EFETIVO é cargo; servidor que ocupa cargo efetivo tem chance de ESTABILIDADE.
122
como regra para âmbito federal, dizendo que estágio aumentado para 3 anos. STJ, no MS
9.373/04, no entanto, decidiu contrariamente: estágio e estabilidade são coisas distintas;
lei compatível com EC 19, porque coisas diferentes. Em 2006, TST, resolvendo sobre seu
próprio quadro de servidores, edita resolução 1.145, determinando que seus servidores
seguissem estágio probatório de 24 meses; vendo que teria que pagar retroativo, TST
edita resolução 1.187, que substitui a resolução, impondo 36 meses de estágio probatório.
RESUMO: STJ: 24 meses; TST: 36 meses; AGU: 3 anos.
10.8. APOSENTADORIA
Há muita dúvida sobre a regulamentação por EC 20/98, mas ainda não está sendo
discutido porque não há quem se aposente por essas regras.
A CR88 originalmente previa apenas por tempo de serviço. Há dois regimes: o RGPS
(regime geral de previdência social) e o RPPS (regime próprio de previdência social). Em
administrativo, estuda-se o RPPS, pelo qual se aposentam servidores efetivos (estáveis)
e vitalícios. Cargo em comissão, por expresso mandamento constitucional, aposenta-se
123
pelo RGPS, de responsabilidade do INSS, no âmbito do direito previdenciário. O RPPS do
CR88: 40 é estudado pelo direito administrativo.
A EC 20/98 afasta o requisito único de tempo de serviço e o substitui por limite de idade e
tempo de contribuição. Com o advento da mudança, tenho situações distintas:
(1) Servidores que já preenchiam os requisitos para aposentar-se pela regra antiga,
anterior à EC 20, têm direito adquirido;
(2) Servidores que ingressaram funcionalismo APÓS a EC 20, aposentam-se pela regra
nova;
(3) Aos servidores que entraram antes de 1998 e não preenchiam os requisitos para se
aposentar pela regra antiga, foi facultado um regramento intermediário (nem tão bom
quanto o regime antigo, nem tão ruim como o novo), de acordo com o art. 8º da EC
20 (já revogado).
MODALIDADES:
(1) PROVENTO POR INVALIDEZ. Em regra, servidor nesse caso receberá proventos
proporcionais; em casos de “acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei”, cf. CR88: 40, par. 1º, I, proventos
integrais.
(2) COMPULSÓRIA. Em regra (cf. CR88: 40, par. 1º, II), servidor aposenta-se com
proventos proporcionais aos 70 anos de idade, independentemente de sexo. Há
projeto de emenda para alterar esse mínimo de idade para 75 anos, com
possibilidade de aumentar o limite da voluntária.
(3) VOLUNTÁRIA. Para tanto, exigem-se 10 anos de serviço, com 5 anos no cargo.
Ocorre em duas situações: se homem, aposenta-se com proventos integrais, se 60
anos de idade com 35 de contribuição; se mulher, aposenta-se com PROVENTOS
INTEGRAIS, se 55 anos de idade com 30 de contribuição. Servidor aposentar-se-á
com PROVENTOS PROPORCIONAIS, desde que o homem tenha 65 anos de idade
e mulher 60 anos de idade.
(4) ESPECIAL. A partir da EC 47, é possível a professores, hipótese já regulamentada
pelo par. 5º, art. 40 da CR88. Nesses casos, o servidor pode receber proventos
124
integrais caso tenha exercido, com exclusividade, atividade de magistério em
educação infantil e ensino médio e fundamental, tendo, caso homem, 55 anos de
idade e 30 de contribuição, e caso mulher, 50 anos de idade e 25 de contribuição.
Há também a hipótese de portadores de deficiência, quem exerça atividade de risco
e aqueles “cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física”, cf. CR88: 40, par. 4º. Esta hipótese
exige regulamentação.
(5) EC 41/03. Os requisitos são os mesmos; as quatro alterações mais importantes são as
seguintes:
(i) MÉDIA DA VIDA LABORAL. Revogação do princípio da integralidade, de acordo
com o qual o servidor receberia a integralidade dos proventos recebidos por
último. Muitas vezes, o servidor tinha ganhado muito menos durante sua
carreira, aposentando-se com um salário muito maior; havia, portanto, muita
diferença entre contribuição e aposentadoria. Integralidade é substituída por
MÉDIA DA VIDA LABORAL.
(ii) VALOR REAL. Revogação do princípio da paridade. “Paridade” porque os direitos
do servidor ativo são repassados ao
inativo. A paridade foi substituída pelo princípio da preservação do valor real, i.e.
garantir o mesmo poder de compra ao valor da aposentadoria.
(iii) TETO DE PROVENTOS. A EC 41 traz teto de proventos do RGPS para o RPPS.
A aplicação dessa regra depende de criação de regime complementar: o Estado
ofereceria possibilidade ao servidor de contribuir mais e assim passar o teto. Por
enquanto, essa regra não existe.
(iv) CONTRIBUIÇÃO DE INATIVOS. A contribuição de inativos tem alíquota mínima
de 11%, podendo, Estado ou Município, aumentar essa alíquota. Qual a base
de cálculo? O que ultrapassar o teto geral da previdência. Toma-se a
aposentadoria do servidor, subtrai-se o teto do RGPS e sobre o resto incide a
alíquota.
125
41/03. Assim, o art. 2º da EC 41/03 serve para servidores admitidos antes de 98.
Só que a EC 41 também trouxe no art. 6º outra regra de transição. Como EC 41 foi
feita na pressa, veio depois EC 47 com regra melhor, também válida para
servidores entrados após 98.
Servidor admitido antes de 98 e mudou de cargo após 98 tem direito à regra de transição?
Sim, desde que não haja nenhuma descontinuidade.
Há algum tempo, havia grande discussão; hoje, no entanto, Estado é entendido como
sujeito responsável. Qual o fundamento? A regra geral da responsabilidade civil manda
que qualquer que cause dano tenha obrigação de indenizar; se a ordem jurídica é uma só,
não pode o Estado escusar-se do dever de indenizar. O fundamento da responsabilidade
começa mesmo no PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: o Estado responde por ato ilícito. Mas
a regra da responsabilidade civil não se limita aos atos ilícitos; responde também por fatos
lícitos, por força do PRINCÍPIO DA ISONOMIA. Imagine-se o Minhocão: é justo que a
cidade ganhe em detrimento do bem estar do morador das proximidades do viaduto? Não
faz sentido que um administrado pague pelo bem-estar dos outros; nessas hipóteses,
cabe também responsabilidade civil do Estado.
11.1. HISTÓRICO
126
inadequadamente; a vítima aciona o prefeito, que aponta o secretário de obras, que
por sua vez aponta o mestre de obras etc.
(4) FALTA DO SERVIÇO. A teoria evolui para a CULPA ANÔNIMA (faute du service): a
vítima não precisa mais demonstrar agente específico, mas simplesmente
demonstrar que o serviço não tenha sido prestado, prestado de forma deficiente ou
está atrasado. Mas ainda assim, qualquer elemento ausente afasta a
responsabilidade.
(5) TEORIA DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA. O CC16 previa responsabilidade
subjetiva; a partir da constituição de 1946, o Brasil passou a adotar a teoria da
responsabilidade objetiva. Aqui, não há necessidade de conduta ilícita; no caso do
Minhocão, a conduta é lícita. Os elementos exigidos são (i) conduta, (ii) dano e (iii)
nexo. A excludente da responsabilidade pode vir com a ausência de qualquer dos
três elementos. Há duas teorias para responder essa pergunta: (i) teoria do risco
integral, o Estado responde sempre, não se admitindo excludente; (ii) teoria do risco
administrativo, admite-se excludente quando faltar qualquer dos elementos. No
Brasil, aplica-se a TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO, ou seja, há excludente de
responsabilidade civil objetiva do Estado brasileiro, ou seja, ausência de qualquer
dos elementos excluir responsabilidade.
São excludentes, DENTRE OUTRAS HIPÓTESES, a culpa exclusiva da vítima, caso
fortuito e força maior. Estas excludentes são exemplos; faltando qualquer dos
elementos, não há responsabilidade. Imagine-se o caso do suicida na frente de carro
de servidor que corria como louco: CULPA CONCORRENTE. A culpa concorrente
NÃO exclui responsabilidade, mas diminui. Se não houver como saber quanto cada
um participou no dano, jurisprudência é no sentido de dividir ao meio.
A TEORIA DO RISCO INTEGRAL, de acordo com a teoria tradicional, aplica-se em
três casos: material bélico, substâncias nucleares e danos ambientais. A teoria
moderna critica esse entendimento: Celso Antônio fala do caso de suicida em tanque
de usina nuclear; não tem como indenizar.
127
específica. Mas no caso de construção de Minhocão, trata-se de responsabilidade
indireta: a administração não causou dano intencionalmente, mas sem querer.
11.2. ELEMENTOS
(A) PESSOAS
“[S]eus agentes, nessa qualidade”: agente é qualquer um que exerça função pública. Mas
tem que ser na qualidade de servidor; se servidor resolve matar esposa no final de
semana, obviamente não cabe indenização do Estado. Responsabilidade primária ou
subsidiária. Se Estado chamado para indenizar dano causado por seu agente,
responsabilidade PRIMÁRIA. Se Estado chamado para indenizar no lugar de autarquia
sem recursos para pagar dano causado por agente da autarquia, então responsabilidade
SUBSIDIÁRIA. Neste caso, cobro da autarquia e DEPOIS do Estado.
128
(B) CONDUTA
(2) ATO OMISSIVO. Dois casos de omissões: atos ilícitos, em conseqüência do princípio
da legalidade; atos lícitos, em conseqüência do princípio da isonomia. Nos casos de
omissão por ato ilícito, aplica-se responsabilidade subjetiva, exigindo-se dever legal e
dano evitável (Estado não é salvador universal, precisa estar dentro da reserva do
possível). Caso do preso que se suicida com roupa do colega; neste caso, suicídio é
inevitável; caso preso se suicide com arma que entra na prisão, há dever
descumprido, Estado responde.
(3) SITUAÇÕES DE RISCO. Quando o Estado cria uma situação de risco maior do que a
necessária, o Estado responde por uma AÇÃO, responsabilidade objetiva, portanto.
Exemplo: acidente causado por falha de semáforo. A regra geral, vez que a finalidade
é proteção da vítima, é a responsabilidade objetiva. Material bélico, material nuclear
etc. criam situações de risco pelas quais o Estado é responsável objetivamente. Preso
mata o outro, Estado responde? Sim, por responsabilidade objetiva, vez que Estado
assume risco ao colocar número exagerado de presos no mesmo local.
(C) DANO
Veja-se REsp 934630, em que STJ decidiu que Estado do RJ não deveria indenizar
demolição de obras edificadas por particular sobre terreno em área proibida por motivo
ambiental (24-6-8).
129
(D) DIREITO DE REGRESSO DO ESTADO CONTRA O AGENTE
130
12. INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE
DIREITO DE PROPRIEDADE: usar, gozar, usufruir e dispor e reaver o bem com quem
que esteja, garantido constitucionalmente pelos incisos XXII e XXIII do art. 5º.
EXEPCIONALMENTE pode o Estado intervir na propriedade, exigindo-se previsão legal
para tanto. A intervenção do Estado atinge a propriedade em seus três aspectos:
(i) LIBERDADE. Sempre que o Estado intervém na propriedade, está limitando a
liberdade (“pode-se construir até 8 andares”) e restringindo o caráter absoluto da
propriedade
(ii) EXCLUSIVIDADE. Quando o Estado impõe uma servidão administrativa, por
exemplo, limita também a exclusividade, forçando o uso conjunto.
(iii) PERPÉTUO. Quando desapropria, o Estado limita a capacidade de dispor da
propriedade do titular.
Apesar das limitações, o Estado normalmente não altera a titularidade, mas apenas um
aspecto da propriedade, com exceção da desapropriação.
131
DEVER DE INDENIZAR. A limitação administrativa não impõe dever de indenizar ao
Estado, porque sujeitos atingidos são indeterminados. Caso a limitação imponha outros
deveres – imagine-se que, além de não poder construir acima de oito andares à beira-
mar, determina-se a demolição de andares acima do oitavo – surge obrigação de
indenizar.
DEVER DE REGISTRO. Há três origens possíveis para a servidão administrativa: (i) lei,
(ii) decisão judicial e (iii) acordo. A servidão exige, em regra, o registro, a fim de proteger
terceiros de boa-fé; o registro cumpre dever de publicidade, que a lei já cumpre,
dispensando o registro. O dever de registro persiste em casos de decisão judicial e
acordo.
132
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. Tomem-se as torres de fio de alta tensão, que impõe
graves restrições ao direito de propriedade: tão graves que importam desapropriação.
Estado disfarça desapropriação de servidão para evitar indenização imediata.
12.3. REQUISIÇÃO
133
INDENIZAÇÃO. Se Estado ocupou por anos, impedindo de alugar e causar dano, então
cabe.
12.5. TOMBAMENTO
134
(ii) Sobre bem público ou privado.
(iii) Sobre bens determinados ou indeterminados (todos os imóveis pertencentes a
certo bairro ou cidade).
(iv) Voluntário ou obrigatório.
(v) Provisório, enquanto estiver em andamento o processo de tombamento, ou
definitivo.
12.6. DESAPROPRIAÇÃO
AGU: todas as leis secas (pelo menos 3.365/41) e súmulas sobre desapropriação.
COMPETÊNCIA:
(i) LEGISLATIVA. Apenas a União, cf. CF: 22, II, pode legislar sobre desapropriação.
(ii) MATERIAL. Apenas a administração direta? Não, podem autarquias e
concessionárias (DELEGADOS, pela linguagem da época do DL 3.365/41) fazê-lo,
desde que não em totalidade, devendo haver participação na fase declaratória da
administração direta. A autarquia e concessionária ocupam-se da fase executória.
BENS SUSCETÍVEIS À DESAPROPRIAÇÃO. Tanto bem móvel como imóvel, até mesmo
direitos ou ações. Exceções: alimentos, direito a imagem, autoral, da personalidade. Bem
público pode ser desapropriado? Sim: União pode desapropriar bens do Estado e
Município; os Estados podem desapropriar bens dos Municípios; os Municípios podem
desapropriar apenas bens dos particulares.
12.6.1.1.MODALIDADES:
135
(1) COMUM ou ordinária. CF: 5º, XXIV. Esta modalidade é possível para qualquer ente e
impõe indenização prévia, justa e em dinheiro. Critérios:
(i) Necessidade ou utilidade pública, cf. 3.365/41: 5º. Aqui, não há distinção entre
necessidade e utilidade, que cabe à doutrina: se houver urgência,
necessidade; não havendo urgência, utilidade.
(ii) Interesse social, cf. lei 4.132/62, art. 2º. Normalmente, para diminuir
desigualdade social.
(2) SANCIONATÓRIA ou extraordinária. Duas hipóteses:
(i) Desrespeito à FUNÇÃO SOCIAL da propriedade. Aqui, a indenização é por
título. Duas possibilidades:
(a) Reforma agrária. CF: 184; 191. Detalhes: LC 76/93. Quem pode? União
somente. Bens imóveis rurais. Indenização da terra nua por título da dívida
agrária (TDA) resgatável em 20 anos; as benfeitorias são pagas em
dinheiro. Não se admite a desapropriação para reforma agrária caso seja a
propriedade única, pequena e média ou produtiva.
(b) Plano Diretor. CF:182, par. 4º, Estatuto da Cidade (lei 10.147/01). Quem
pode? Município e DF, em sua competência municipal. Bens imóveis e
urbanos. Indenização em TDP (título da dívida pública), resgatável em até
10 anos.
(ii) CONFISCATÓRIA, por entorpecente. CF: 243. Confiscatória porque não há
dever de indenizar. Duas hipóteses:
(a) Gleba de terra usada para plantio de drogas, que será destinada a
assentamento de colonos.
(b) Bens utilizados no tráfico, que serão destinados à investigação ou casa de
recuperação.
(3) INDIRETA. Quando acontece? Quando o poder público realiza desapropriação sob
disfarce de outros institutos.
136
12.6.1.3. ESPÉCIES:
(1) INDIRETA. Maffini: inadequado chamar de desapropriação indireta o que seja, na
verdade, a desapropriação por apossamento/esbulho administrativo, que não segue
regras da desapropriação.
(2) DIRETA. Três grandes grupos:
(a) ORDINÁRIAS. Denominação justifica-se pelo seu caráter não-sancionatório, pela
indenização justa e prévia em dinheiro, por não haver restrição de competência, nos
respectivos âmbitos. Nesse sentido, CF: 25, IV. Espécies: (i) necessidade pública
(sobrevivência) e (ii) utilidade pública (não relacionado à sobrevivência), ambos
regulados pelo DL 3.365/41, além de (iii) interesse social geral, regrada pela lei
4.132/62.
(b) EXTRAORDINÁRIAS, caracterizadas pelo caráter sancionatório (punem
descumprimento da função social da propriedade), indenização justa e prévia em
títulos, havendo restrição de competência. Espécies: (i) interesse social para fins de
reforma agrária (CF: 184-6) e (ii) interesse social para fins de reforma urbana (CF:
182, par. 4º, II).
(c) CONFISCO, CF: 243, terras destinadas a cultivo de plantas psicotrópicas.
COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR: União, cf. CF: 22, II, “Compete privativamente à União
legislar sobre: II - desapropriação”. Daí DL 3.365/41.
MARGENS DE RIO. Não pode o particular ser indenizado por ter as margens de rio,
dentro de sua propriedade, declaradas bens públicos. Nesse sentido, súmula 478 do STF,
“As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação
e, por isso mesmo, excluídas de indenização”.
DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA. Imagine-se que Poder Público vai desapropriar área
para construir estrada; área lindeira vai valorizar-se e, caso Poder Público vislumbre que
vá necessitar dessa área num futuro próximo, pode valer-se da desapropriação por zona,
desapropriando uma área maior do que a imediatamente necessária, justamente para
137
evitar esse desembolso maior, a que a própria Administração dá causa. Nesse sentido,
DL 3.365/41, art. 4º.
EXCEÇÃO: hoje, no entanto, a ANEEL pode declarar de interesse público, cf. art. 10 da
lei 9.074/95, “Cabe à Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, declarar a utilidade
pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administrativa, das áreas
necessárias à implantação de instalações de concessionários, permissionários e
autorizados de energia elétrica”.
138
demolira o federalismo. Bens da União pode ser desapropriado? NÃO, nem da
Administração indireta.
FASE EXECUTIVA: pode ser administrativa (se o desapropriado concordar com valor
oferecido pelo Poder Público) ou judicial (se o desapropriado não concordar). A execução
judicial vem rareando, justamente por a Administração aproximar-se cada vez mais do
valor real do imóvel. V. art. 10 do DL 3.365/41: “A desapropriação deverá efetivar-se
mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de cinco anos, contados da data da
expedição do respectivo decreto e findos os quais este caducará”.
PRAZO DECADENCIAL de cinco anos do decreto expropriatório, cf. art. 10, par. único, do
DL 3.365/41: “Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização
por restrições decorrentes de atos do Poder Público”.. Nos casos de desapropriação de
interesse social, prazo decadencial de dois anos. Decaído o decreto, pode ser renovado?
SIM, desde que passado um ano, cf. caput do art. 10 do DL 3.365/41, “Neste caso,
somente decorrido um ano, poderá ser o mesmo bem objeto de nova declaração”.
139
contíguas terá direito a reclamar perdas e danos do expropriante”. Como conjunto dos
bens pode valer mais do que a parte do bem efetivamente desapropriada, pode o
particular buscar a diferença.
IMISSÃO PROVISÓRIA NA POSSE, possível cf. STF, súmula 652, “Não contraria a
Constituição o art. 15, par. 1º, do DL 3.365/41 (lei de desapropriação por utilidade
pública)”.
JUROS COMPENSATÓRIOS.
TAXA: 12% a.a., cf. súmula 618 do STF, “Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa
dos juros compensatórios é de 12%”, além da ADIN 2.332.
DESDE QUANDO? Súmula 69 do STJ, “Na desapropriação direta, os juros
compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na desapropriação
indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel”; 113, “Os juros compensatórios, na
desapropriação direta, incidem a partir da imissão na posse, calculados sobre o valor da
indenização, corrigido monetariamente”.
CUMULAÇÃO COM MORATÓRIOS. Súmula 12 do STJ, “Em desapropriação, são
cumuláveis juros compensatórios e moratórios”;
140
§ 4o Nas ações referidas no § 3o, não será o Poder Público onerado por juros
compensatórios relativos a período anterior à aquisição da propriedade ou
posse titulada pelo autor da ação." (NR) (Incluído pela Medida Provisória nº
2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)
Os parágrafos 1º, 2º e 4º estão suspensos por ter entendido o STF que a regra restringe
indevidamente a indenização.
JUROS MORATÓRIOS. Ver art. 15-B do DL 3.365/41, “Nas ações a que se refere o art.
15-A, os juros moratórios destinam-se a recompor a perda decorrente do atraso no efetivo
pagamento da indenização fixada na decisão final de mérito, e somente serão devidos à
razão de até seis por cento ao ano, a partir de 1o de janeiro do exercício seguinte àquele
em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição”.
TAXA: 6%.
DESDE QUANDO? Súmula 70 do STJ, “Os juros moratórios, na desapropriação direta ou
indireta, contam-se desde o trânsito em julgado da sentença”. No entanto, STF julgou
constitucional a parte final do art. 15-B do DL 3.365/41, sendo devidos juros moratórios a
partir de 1º de janeiro do ano seguinte ao ano em que o pagamento deveria ser feito,
valendo a regra dos precatórios.
141
escola, mas se constrói hospital), STF entende desapropriação lícita, não incorrendo em
tredestinação. V. RESP 968414 e AgRg no RESP 73907.
12.6.4. DESAPROPRIAÇÃO PARA REFORMA AGRÁRIA. CF: 184-6. Lei 8.629/93 (Lei
sobre a desapropriação para reforma agrária – LDRA) e LC 76/93. Governo Olívio Dutra
entendeu que governo federal não estava cumprindo seu dever constitucional de realizar
reforma agrária, lançou mão do art. 2º, III, da lei 4.132/62 para desapropriar áreas para
fins de reforma agrária. Grande debate sobre constitucionalidade da regra, porque
utilizados instrumentos impróprios. Em MS, TJRS denegou ordem; recurso ordinário para
o STJ, que chegou a prover, mudando de opinião, sendo acompanhado pelo STF. V. STF,
SS 2217 e STJ, RMS 16627 e 13359.
STF e STJ entendem que há duas espécies de desapropriação para fins de reforma
agrária:
(1) A que a União exclusivamente pode promover, regulada pela CF: 184, LC 76/93 e lei
8.629/93;
(2) A do art. 5º, XXIV, regulamentada pelo art. 2º, III, lei 4.132/62, de competência de
todos os entes políticos e que exige prévia e justa indenização em dinheiro.
CF: 184
142
FRAUDE. LDRA: 2º, par. 4º, “Não será considerada, para os fins desta Lei, qualquer
modificação, quanto ao domínio, à dimensão e às condições de uso do imóvel, introduzida
ou ocorrida até seis meses após a data da comunicação para levantamento de dados e
informações de que tratam os §§ 2o e 3o”: a partir da notificação, podem-se desconsiderar
quaisquer negócios relativos ao imóvel. Isso se justifica para fins de blindar o instituto
contra burla (doação para
143
PAGTO DA DESAPROPRIAÇÃO EM TDA + BENFEITORIAS EM $. Será feito em títulos
da dívida agrária, resgatáveis em até 20 anos, nos termos do LDRA:5º:
(1) Imóvel de até 70 módulos fiscais – resgate entre 2 e 15 anos.
(2) Imóvel entre 70 e 150 módulos fiscais – resgate entre 2 e 18 anos.
(3) Imóvel acima de 150 módulos fiscais – resgate entre 2 e 20 anos.
INDENIZAÇÃO. LC73: 14, “O valor da indenização, estabelecido por sentença, deverá ser
depositado pelo expropriante à ordem do juízo, em dinheiro, para as benfeitorias úteis e
necessárias, inclusive culturas e pastagens artificiais e, em Títulos da Dívida Agrária, para
a terra nua”. Benfeitorias: dinheiro; terra nua: TDA. STF RE 247866 declarou ser esse
mecanismo inconstitucional por afronta à sistemática dos precatórios, já que o valor em
dinheiro não deve ser depositado em conta, mas em precatório.
13.1. CONCEITO
144
passaram a incluir esses entes no dispositivo. E empresas públicas e sociedades de
economia mista? Também incluídos como bens públicos, ainda que com particularidades.
No final, chegou-se até a se pensar em aplicar aos bens das concessionárias de serviço
público o regime de bens públicos.
CC02: 98, “São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas
de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem”. As pessoas de direito público interno são as definidas no CC: 41, “I - a
União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as
autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público
criadas por lei”. O inciso V serve para fundações de direito público, se as leis que as
instituírem assim preverem. Assim, bens de empresas públicas, sociedades de economia
mista e concessionárias ficaram fora da definição legal, ainda que possam a doutrina e
jurisprudência voltar a interpretar extensivamente o Código.
13.2. CLASSIFICAÇÃO
(1) DE USO COMUM: bens afetados (destinados) à utilização sem restrições, respeitadas
as restrições do próprio bem (carro não anda na contramão da rua). Cobrança por uso
torna a coisa de uso comum em de uso especial? CC: 103, “O uso comum dos bens
públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela
entidade a cuja administração pertencerem”.
145
(3) BENS DOMINICAIS. Patrimônio disponível do Estado, composto dos bens não
afetados (não usar “desafetado”, porque talvez bem nunca tenha sido afetado).
13.3. CARACTERÍSTICAS
146
(3) IMPENHORABILIDADE. Penhora (constrição judicial de bem para fins de garantir a
dívida), hoje visa a possibilitar efeito suspensivo, diferentemente do que ocorria há pouco,
que tinha caráter de caução para opor embargos à execução. Duas as justificativas:
(a) A impenhorabilidade decorre do sistema próprio de cobrança de dívida (precatórios),
que por sua vez é conseqüência da presunção de solvabilidade absoluta da
Administração. Nesse sentido, CF: 100 e CPC: 730.
(b) Além disso, a penhora de bens públicos poderia comprometer a continuidade dos
serviços públicos. Antes de 2002, se entendia que bens das SEM e das EP eram
penhoráveis contanto que não afetados à prestação de serviço público. Hoje, por
bens desses entes serem particulares, ainda se aplica a restrição de
impenhorabilidade quando afetados seus bens ao serviço público. Assim também os
bens de concessionárias.
A impenhorabilidade pode ser imposta pela lei a bens que não sejam públicos. Exemplos:
ECT, cujos bens são impenhoráveis por força do DL 509/69. RE 220.906, STF entendeu
pela constitucionalidade dessa regra.
Em 2000, EC 30 alterou ADCT, acrescentando art. 78; então se quis parcelar as dívidas
constituídas até ali em dez vezes; como relativa desvantagem, quis-se compensar o
parcelamento com garantia do seqüestro, cf. ADCT: 78, par. 4º, “O Presidente do Tribunal
competente deverá, vencido o prazo ou em caso de omissão no orçamento, ou preterição
ao direito de precedência, a requerimento do credor, requisitar ou determinar o seqüestro
de recursos financeiros da entidade executada, suficientes à satisfação da prestação”.
(4) NÃO ONEROSIDADE (por direito real de garantia), que se circunscreve aos bens de
uso comum ou especial, mas não dominicais, cf. CC: 1.420, “Só aquele que pode alienar
poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se podem alienar
poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca”. A não onerosidade decorre da
inalienabilidade.
147
CONCEITO: bem público que não está destinado a nenhum uso público, nem
legitimamente integrado ao patrimônio particular. Terras devolutas são bens dominicais,
passíveis de alienação.
ESTADOS SÃO, EM REGRA, TITULARES DAS TERRAS DEVOLUTAS, por força do
CF:20, II, “São bens da União: II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental, definidas em lei” e CF: 26, IV, “Incluem-se entre os bens dos
Estados: IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União”. Lembre-se que
Estados membros podem doar suas terras devolutas a Municípios.
(2) TERRENOS DE MARINHA. DL 9.760/46, art. 2º. Formado pelos terrenos entre a linha
de preamar médio e trinta e três metros daí.
A utilização de bens públicos por terceiros pode ser regida pelo direito privado ou público.
A seguir, os institutos de direito público.
148
concessões, bastando que a lei orgânica do Município etc. preveja essa possibilidade de
maneira genérica.
(5) CESSÃO DE USO é a transferência de um bem público para outra entidade ou órgão
público ou para particulares que desempenham interesses gerais e legítimos (terceiro
setor; exemplo: APAE). Quarto setor seria a economia informal e quinto setor seria o
crime organizado.
(6) ENFITEUSE. Apesar de extinto pelo CC, ainda existe enfiteuse marinha, regulada pelo
DL 9760/46 (que, ao lado da lei 9636/98, é bastante solicitado em concursos públicos
federais).
(7) CONCESSÃO FLORESTAL. Definida pela Lei 11.284/06, art. 3º, VII. Unidades de
conservação de proteção integral (uso permitido apenas indireto, como turismo) e unidade
de conservação de uso sustentado (limite menor).
149
(e) Só pode ser extinta nos casos previstos no artigo 8º da MP (dar finalidade distinta da
moradia ou adquirir outro imóvel ou outro direito de concessão de uso especial de
uso).
150
14. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
BASE CONSTITUCIONAL:
(1) CF: 37, par. 4º, “Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
penal cabível”
(2) CF: 14, par. 9º, “Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os
prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade
e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta”.
(3) CF: 15, V, “É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se
dará nos casos de: V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º”.
Observar que os direitos políticos não podem ser cassados, mas suspensos, por força
de improbidade administrativa.
(4) CF: 85, “São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que
atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:”. Se houver crime de
responsabilidade e improbidade simultaneamente? STF entendeu que prevalece o
crime de responsabilidade, o que não quer dizer, no entanto, que o presidente (ou
outro agente político) não responde por improbidade, podendo levar a impeachment.
151
14.2. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR. Entendimento doutrinário de que seja da União,
não havendo base positiva para isso. A doutrina chegou a isso porque as medidas de
improbidade do CF: 37, par. 4º, “suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário”, são de competência da
União, cf. CF: 22, I, “Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil,
comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho”.
ILÍCITO DE IMPROBIDADE É PENAL? Já foi decidido pelo STF na ADI 2797, que tratou
da competência para a ação de improbidade. Para fazê-lo, STF estabeleceu que ação de
improbidade não tem natureza penal. Mas não era preciso o STF declarar isso, porque o
próprio artigo 37, par. 4º, menciona “sem prejuízo da ação penal cabível”, em que pese
doutrinadores dizerem-no. A mesma conduta pode vir prevista na lei penal, o que
possibilita ajuizamento de ação penal também. Todo crime é ato de improbidade? NÃO,
porque nem todo crime incorre em ofensa à Administração. Todo crime contra a
Administração é ato de improbidade? SIM. Todo ato de improbidade é crime contra a
administração? NÃO.
152
administrativo no estatuto do servidor; (3) processada civilmente, por meio de ação de
improbidade.
BASE POSITIVA PARA INCOMUNICABILIDADE. Nesse sentido: Lei 8.112, art. 126, “A
responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal
que negue a existência do fato ou sua autoria”, CC: 935, “A responsabilidade civil é
independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou
sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo
criminal”, e CPP: 66, “Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil
poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência
material do fato”.
14.4. SUJEITO PASSIVO. O sujeito ativo do ato de improbidade será o sujeito passivo da
ação de improbidade, enquanto o sujeito passivo do ato de improbidade poderá ser o
sujeito ativo da ação de improbidade. Nesse sentido o artigo 1º da lei de improbidade: “Os
atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao
patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão
punidos na forma desta lei. Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta
lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba
153
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como
daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de
cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a
sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos”.
Assim, são hipóteses contidas no artigo 1º:
(1) Administração direta.
(2) Administração indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e
sociedades de economia mista).
(3) PJ de direito privado com cuja criação ou receita anual o Estado haja participado em
mais de 50%. Exemplo: receita de um milhão, para a qual o Estado concorreu com
60%; a sanção patrimonial pode atingir até a totalidade da receita.
(4) PJ de direito privado com cuja criação ou receita anual o Estado haja participado em
menos de 50%. Exemplo: receita de um milhão, para a qual o Estado concorreu com
30%; a sanção patrimonial pode atingir até 30% da receita, não a totalidade.
(5) PJ de direito privado que recebam subvenções, benefícios ou incentivos, fiscais ou
creditícios. A sanção por improbidade, neste caso, atinge até o limite do incentivo.
CASOS ESPECÍFICOS:
(1) Conselho de classe. Por natureza equiparada a autarquia, submete-se à ação de
improbidade.
(2) OAB. Contribuição não tem natureza tributária, nem a OAB é autarquia, daí não haver
razão para sua regência pela lei de improbidade.
(3) Partido político é suscetível à lei de improbidade, porque recebe recursos públicos.
(4) Sindicato cobra contribuição sindical, que tem natureza tributária, daí sua
suscetibilidade à lei de improbidade.
(5) Serviço social autônomo (Sistema “S”); organizações sociais; OSCIP TAMBÉM se
encontram na lista de aplicação da lei de improbidade, porque contam com recurso
público.
154
Legitimidade Pedido
Ação popular Qualquer cidadão Anulação e reparação
Ação de improbidade MP e lesada Anulação e punição
“AGENTE PÚBLICO”, de acordo com o artigo 1º da lei de improbidade: aquele que exerce
função pública, independentemente a que título: remunerado ou não etc. Pode ser
particular, portanto.
AGENTE DE FATO pode ser sujeito ativo do ato de improbidade? STF definiu a teoria do
agente de fato, que tem duas espécies:
(1) NECESSÁRIO (caso de epidemia etc.): responde por improbidade.
(2) PUTATIVO (caso de funcionário que fraudou concurso para passar em concurso).
AGENTE POLÍTICO. Grupo especial dos agentes de fato. Reclamação 2138: crime de
responsabilidade e ação de improbidade simultâneos: bis in idem? Doutrina inicialmente
entendia possível que ambos tramitassem juntos. Ocorre que os objetivos de uma ação e
de outra são diferentes, sendo que a ação de improbidade possibilita reparação e sanção.
STF, no entanto, entendeu que o reclamante não deveria pagar por improbidade naquele
caso concreto, enfatizando que os agentes políticos não poderiam ajuizar reclamação
indiscriminadamente, nem que o entendimento era aplicável a todos os casos,
dependendo de verificação de aplicação caso a caso.
TERCEIRO, cf. lei de improbidade, art. 3º, “As disposições desta lei são aplicáveis, no que
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática
do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta”. São
três as situações em que terceiros poderão ser responsabilizados: induza o ato de
improbidade, concorra para o ato ou se beneficie com ele. Mas serão todas as sanções?
NÃO. Pode PJ responder por ato de improbidade? SIM, podendo receber certas sanções,
excluída a suspensão dos direitos políticos, por exemplo.
155
(1) ENRIQUECIMENTO ILÍCITO: dolo.
(2) DANO AO ERÁRIO: culpa ou dolo.
(3) OFENSA A PRINCÍPIO: dolo.
O ato de improbidade precisa ser ato administrativo? Engavetar processo, levar dinheiro
para casa etc. não são atos administrativos, ainda que sejam atos de improbidade. Assim,
os atos de improbidade podem ou não ser administrativos.
MODALIDADES:
(1) ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, cf. art. 9º, “Constitui ato de improbidade administrativa
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade
nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente”. A lista do artigo 9º
não é taxativo. É a modalidade mais grave e a jurisprudência utiliza-se do bom
senso: não é toda garrafa de vinho que vai gerar enriquecimento ilícito.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL: gera presunção de enriquecimento ilícito. V. site da
Transparência.
(2) DANO AO ERÁRIO, cf. art. 10, “Constitui ato de improbidade administrativa que
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje
perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente”. Ato de
improbidade de média gravidade. Normalmente, implica enriquecimento ilícito.
Exemplos:
(i) Presidente da comissão de licitação + licitante fraudam; agente público,
diferentemente do licitante, não enriqueceu – enriquecimento ou dano ao
erário? Deve-se verificar a ação do AGENTE: ele se enriqueceu? NÃO, então
apenas dano ao erário.
(ii) Propaganda para promoção do administrador; se utilizou dinheiro público,
caracteriza-se dano ao erário; se recursos próprios, violação de princípio.
156
(iii) Doação de bem público: v. lei 8.666: 17, é possível; mas o administrador que
o faz sem observar as exigências desse artigo, incorre em dano ao erário. Se
prejuízo não ficar demonstrado, pelo menos viola princípio da legalidade e
gera violação de princípio da administração.
(iv) Quitação geral de IPTU em troca de voto. Óbvio dano ao erário.
14.7. SANÇÕES
Rol da LIA é mais extenso do que o previsto pela CF. Cabe ao juiz decidir quais as
sanções aplicáveis, contanto que NÃO AS MISTURE.
157
(2)
(quando agente)
Suspensão de 8 a 10 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos
direitos políticos (2)
Multa civil Até 3 vezes Até 2 vezes Até 100 vezes
(a vantagem) (o dano) (a remuneração do
servidor)
Proibição de 10 anos 5 anos 3 anos
contratar com o
Poder Público
14.8. PROCEDIMENTO
LEGITIMIDADE:
(1) MP. Houve discussão no início, em razão de os recursos recuperados serem devidos
ao lesado – pode o MP agir em interesse de PJ? Decidiu-se que sim, porque o MP
aqui age no interesse da sociedade, não sendo representante da PJ. Essa PJ lesada
precisa participar do processo? SIM, mas pode optar por efetivamente participar ou
158
abster-se, já que agente pode ainda estar exercendo mesma função (LIA: 7º, par. 3º,
“No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no
que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965”;
LAP: 6º, par. 3º, “As pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado, cujo ato
seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar
ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do
respectivo representante legal ou dirigente”).
(2) PJ LESADA (sujeito passivo do ato pode ser o sujeito ativo da ação). Não se trata de
qualquer PJ, mas a PJ do LIA: 1º. Neste caso, o MP deve participar como “custus
legis”.
COMPETÊNCIA. ADI 2797 e ADI 2860 contra lei 10.628/02, que estabelecia foro
privilegiado para ação de improbidade; STF decidiu pela inconstitucionalidade, vez que (i)
foro privilegiado deveria ser previsto pela CF e que (ii) tribunal teria afastamento
prejudicial ao processamento da causa. Essas ADI levaram à suspensão de inúmeros
processos e à prescrição; atualmente, ADI 2182 tenta declaração de inconstitucionalidade
por erro formal, mas suspensão dos processos não tem sido deferida.
CAUTELARES:
(1) AFASTAMENTO PREVENTIVO DO AGENTE. Se o agente permanecer no cargo,
corre-se o risco de tumulto do conjunto probatório. Como cautelar, esse afastamento
depende de decisão judicial, por 60 dias, IMPRORROGÁVEL, ainda que esse prazo
seja claramente insuficiente.
(2) INDISPONIBILIDADE DE BENS.
(3) SEQÜESTRO, que deve recair sobre bens determinados. Doutrina entende que
legislador errou aqui, porque quis dizer “arresto”; para prova objetiva, no entanto,
aconselhável ficar com o texto da lei.
(4) INVESTIGAÇÃO E BLOQUEIO DE CONTAS BANCÁRIAS.
159
DESTINAÇÃO DOS VALORES: PJ lesada.
PRESCRIÇÃO:
TIPO DE CARGO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DO...
Mandato eletivo, cargo em 5 anos Fim do mandato
comissão ou função de
confiança (situações
temporárias de comando)
Demais servidores 5 anos, normalmente, mas Conhecimento da
depende do que o estatuto fixa infração
quanto à pena de demissão
160
15. PROCESSO ADMINISTRATIVO
OBJETIVOS:
(1) LEGITIMAR a conduta do administrador.
(2) DOCUMENTAÇÃO.
(3) TRANSPARÊNCIA ao processo decisório.
(4) CONTRADITÓRIO. Para extinguir contrato, para demitir servidor, Administração
precisa oferecer oportunidade para que a parte atingida se defenda.
(5) CONTROLE.
161
(3) CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. Apesar de consolidados na via judicial, ainda é
muito incipiente no âmbito administrativo, havendo muitos administradores que não o
respeitam. É pressuposto do contraditório a ciência do processo, para que o atingido
possa participar e haja real bilateralidade. Quais os desdobramentos dessa ampla defesa,
garantida constitucionalmente (5º, LV)?
(iii) Defesa prévia. Lembre-se que, ainda que no processo administrativo haja uma
inversão da ordem dos atos, relativamente ao processo judicial (defesa vem
depois das provas), a defesa deve ser apresentada antes da decisão.
(v) Recurso. Não há necessidade de previsão de recurso típico (Pacto de São José, art.
8º, n. 2, letra “h”, “Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua
inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda
pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: h) direito de
recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior”). Questões especiais:
(a) Motivação é imprescindível, de acordo com doutrina majoritária (Paulo Santos
minoritário, contrário a isso).
(b) Ciência da decisão é indispensável para que se a impugne.
(c) Depósito prévio: muito comum no processo administrativo tributário. O STF (RE
388359) afastou essa exigência, por acreditá-la óbice à ampla defesa; STJ também
segue esse entendimento (RESP 943116).
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(d) Preparo: não pode ser cobrado no processo administrativo, valendo a regra da
gratuidade, de acordo com o art. 2º da lei 9.784/99 (par. único, “Nos processos
administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: XI - proibição de
cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei”).
(e) Direito a diárias do servidor.
(vi) Defesa técnica. Em processo administrativo, de forma geral, não se exige defesa
técnica, apesar de a jurisprudência entender que a defesa técnica contribui para a
realização do processo, para sua fiscalização e melhor andamento, devendo ser
viabilizada sua presença.
No caso do PAD, há aproveitamento das regras do direito penal e processual penal, em
face da seriedade da punição, consolidando-se o entendimento pela necessidade de
defesa técnica; assim a súmula 343 do STJ, “É obrigatória a presença de advogado em
todas as fases do processo administrativo disciplinar”. Lei 8.112, no entanto,
expressamente dizia que presença de advogado era facultativa e governo federal,
percebendo o “esqueleto” que teria com esse entendimento (muitos PAD foram realizados
sem defesa técnica, o que levaria ao retorno do servidor e pagamento dos vencimentos
no ínterim), pressiona STF, que cede e edita súmula vinculante 5, “A falta de defesa
técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”,
baseando-se em apenas dois processos. Como STJ vem discordando do STF, súmula
vinculante era o único instrumento para matar a questão. A solução alternativa seria
modular temporalmente decisão.
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apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão”:
(a) Primeira parte (até “interessado”): a súmula exige que, se ato que beneficia alguém
poderá ser revogado ou anulado pelo TCU, autoridade deverá dar oportunidade de
participação.
(b) Segunda parte: concessão de aposentadoria, reforma, pensão é ato complexo, que
depende de mais de uma manifestação de vontade. No caso, a Administração precisa
manifestar-se, consolidando-se o direito somente com a confirmação do TCU; aí sim,
há direito, perda do qual exige ampla defesa. Outra a situação quando já há direito
(concessão de licença, por exemplo): nesse caso, revogação pelo TCU deveria ser
antecedida de participação pelo interessado.
(4) PRINCÍPIO DA VERDADE REAL ou MATERIAL. Vale só para direito penal, como se
diz normalmente? NÃO – imagine-se processo de investigação de paternidade, ou
processo do qual se dependa todo patrimônio do sujeito. Tampouco se pode crer que há
verdade real absoluta, porque inatingível: depende do homem, cuja intimidade não é
perscrutável. Assim, necessidade da verdade possível. Apesar disso, doutrina
administrativista ainda insiste no princípio da verdade real. No entanto, há (i) falta de
estrutura para se tentar alcançar a verdade real e (ii) prazos muito curtos.
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sobretudo, para PAD; em outros processos administrativos, ainda não há entendimento
consolidado nesse sentido.
E-MAIL. E-mail pode ser utilizado como prova lícita? SIM, porque e-mail institucional
pertence à Administração. Mas e se a Administração restringir acesso a e-mail particular?
Em geral, possível limitação, mas se deve verificar caso concreto.
PRAZO no processo administrativo deve ser contado como no direito processual: exclui-
se o primeiro (publicação), devendo-se adiar até o próximo dia útil (dia em que a
repartição funciona efetivamente), e inclui-se o último. Se o órgão estiver fechado por
alguma razão, não se deve contar como dia útil.
LUGAR DOS ATOS: os atos devem ser praticados na repartição, a menos que haja um
bom motivo (grande número de licitantes, repartição pequena, realiza-se licitação em
auditório externo).
TEMPO DOS ATOS: os atos devem ser praticados durante o horário de funcionamento,
podendo-se estender para além do horário determinado, caso suspensão ofereça risco à
segurança do procedimento (exemplo: rubrica de documentos da licitação).
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intimação, para prática de ato; lei administrativa, no entanto, não é rigorosa, podendo até
utilizar termo “notificação”.
NÃO COMPARECIMENTO DO RÉU NO PAD: réu citado não compareceu, arca com
efeito da REVELIA, que no âmbito administrativo limita-se à dispensa de intimação dos
outros atos; não se supõem verdadeiros fatos alegados.
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(4) DEFESA. Normalmente, deverá ser apresentada dentro de dez dias.
(5) RELATÓRIO. Comissão processante encerra sua tarefa, produzindo relatório.
Lembre-se que quem elabora relatório não pode julgar. O relatório deverá conter
história e conclusão, devendo indicar uma solução (demissão etc.) para a autoridade
superior, que julgará o caso. O relatório é importante porque resultado da proximidade
com a prova.
(6) JULGAMENTO pela autoridade superior. O relatório vincula a autoridade superior?
NÃO EM REGRA: o relatório é apenas propositivo, podendo a autoridade superior
decidir diferentemente. Há uma exceção: o relatório no PAD vincula a autoridade
superior, a menos que a proposição de solução for contrária ao conjunto probatório.
INDICIAMENTO: a portaria pode ser instalada de forma aberta, de modo a que, durante o
processo administrativo, durante a instrução, especifique-se qual a conduta incorreta,
para que a defesa possa ser adequadamente exercida.
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Prazo: dez dias, caso não haja determinação específica.
“Reformatio in pejus”: possível? SIM, pense-se no caso de concurso público, recurso
contra nota; até em PAD é possível.
(iii) Revisão. Pressuposto: fato novo, inexistindo prazo. Aqui, não pode haver
revisão “in pejus”.
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(ii) Se for ocupante de cargo em comissão ou função de confiança, não se fala em
demissão, mas em destituição.
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16. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
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momento. As políticas públicas dependem de grande discricionariedade, que
pode, no entanto, ser controlada a partir dos princípios constitucionais. Nesse
sentido, v. ADPF 45, que trata da reserva do possível e do mínimo existencial.
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CONTROLE DE LEGALIDADE. Tanto o Judiciário quanto Administração podem fazer
controle de legalidade. Formas:
(1) CONVALIDAÇÃO. Havendo erro, servidor tem dever de consertá-lo: cabe convalidar
ato se o erro for sanável (ato inválido passa a ser válido), preservando-se a natureza
do ato (licença continua licença; permissão continua permissão).
(2) CONVERSÃO. Em alguns casos, posso aproveitar ato para outro (conversão ou
sanatória); transformo ato mais rigoroso e defeituoso em ato mais simples, porém
sem defeito: concessão de serviço público exige autorização legislativa; sem esse
requisito, posso aproveitá-lo para permissão, contrato precário.
(3) ANULAÇÃO. O administrador tem o dever de retirar o ato se ilegal. ESTABILIZAÇÃO
DE EFEITOS: se retirada de ato cumpre com dever de legalidade, mas ao mesmo
tempo descumpre outros deveres constitucionais (segurança jurídica), deve-se
ponderar: melhor retirar ato mesmo? Teoria do funcionário de fato: servidor nomeado
ilegalmente deve ser retirado, mas sua remuneração não pode ser devolvida,
tampouco devem seus atos serem declarados nulos, prevalecendo a segurança
jurídica. O STJ chegou mesmo a ir além: em caso de servidor empossado sem
concurso em 1989, em virtude do grande tempo entre nomeação e ciência da
legalidade, decidiu-se manter o servidor no cargo.
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Controle quanto à HIERARQUIA:
(1) Controle HIERÁRQUICO: decorrente do poder hierárquico, sendo o principal
instrumento de controle hierárquico a fiscalização hierárquica; há também o recurso
administrativo.
(2) Controle FINALÍSTICO: próprio da descentralização (transferência da administração
direta para outra PJ): existe hierarquia entre administração direta e indireta?
Descentralização tem como base a AUSÊNCIA de hierarquia, mas permanece o
controle quanto ao cumprimento da finalidade. Melhor exemplo: supervisão
ministerial.
CONSÓRCIO PÚBLICO. Com lei 11.107/2005, criou-se instituto para reunião de entes
políticos (não podem ser outros), a fim de gestão associativa visando ao cumprimento de
obrigação específica, permitindo-se criação de nova PJ para tanto. Exemplo: proteção
ambiental de área em Município, que interessa também a Estado e União. Para tanto,
necessário PROTOCOLO DE INTENÇÕES, que fixam os objetivos; a aprovação depende
do Legislativo de cada ente; aprovado, possível firmar CONTRATO DE CONSÓRCIO. É
uma modalidade nova de contrato administrativo, junto com concessão, permissão etc.,
do qual se origina uma ASSOCIAÇÃO de regime a ser decidido por entes (associação
poderá ser de regime público, ficando semelhante à autarquia, ou de regime privado,
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aproximando-se da SEM e EP). Crítica: se associação de regime privado, não seria
totalmente privado, mas híbrido como SEM e EP, o que levaria à evasão de uma série de
obrigações dos entes políticos. Agora, se associação for de regime público, será como
autarquia, só que autarquia exige lei, enquanto associação depende somente de contrato
– outro motivo de crítica. A associação resultante do consórcio público poderá cobrar
preço por serviço, poderá desapropriar etc. Regime de pessoal dos consórcios públicos:
CLT, emprego público. Isso é importante porque, em 2005, valia regime múltiplo (um ente,
vários regimes), mas hoje vale regime único – se União for partícipe, e o regime da União
é estatutário, como ficam os empregados de consórcio de que faça parte a União? Cabe
solução pelo STF. A lei 11.107 trouxe regras especiais para as licitações: multiplicação de
limites de dispensa de licitação. Novamente: maior liberdade para licitar, indicativa de que
lei foi motivada por interesses escusos.
AQUI...
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