Você está na página 1de 2

c 



       

Luiz Goes, sócio-sênior e diretor da GS&MD ± Gouvêa de Souza

Passaram-se as eleições e o segundo turno se mostrou realidade em âmbito


nacional. Em São Paulo, Netinho não irá soar seu pagode no Senado Federal,
enquanto como Aloysio Nunes, apontado como terceiro colocado, foi o senador
mais votado, com o dobro do número de votos previstos na sexta-feira, algo
que a maioria das pesquisas eleitorais não mostrava. Parece que apenas o
Tiririca conseguiu manter a unanimidade conquistada antes do pleito de
domingo.<br /><br />

A verdade é que muitas pesquisas realizadas apresentaram situações que não


foram confirmadas nas urnas, especialmente nas votações majoritárias, com
mais destaque para a maior delas, para Presidente da República. É certo que
sempre existem fenômenos explicáveis ou que podem amparar o resultado
equivocado de uma pesquisa. Pode ser o ³fenômeno das 48 horas´ que
antecedem o dia da eleição, quando o boca -a-boca passa ser uma arma
visceral. Pode ser a onda verde de Marina Silva, que abrigou os descontentes
com os dois candidatos mais fortes; ou outras razões que sempre serão
encontradas. <br /><br />

A situação é uma só: muitas pesquisas, inclusive aquelas realizadas por


empresas de renome, não conseguiram prever o resultado. Dilma estava eleita
para muitos, o que não aconteceu, ao menos no primeiro turno. A eleição para
cargos eletivos em São Paulo ou mesmo em outros Estados não aconteceu da
forma como as pesquisas previam. <br /><br />

O que aprender disso tudo? A resposta é simples: as pesquisas devem ser


realizadas de forma rigorosa. Uma pesquisa que pretende conhecer, por
exemplo, a opinião do consumidor brasileiro sobre um determinado produto,
marca ou serviço, não pode se intimidar f rente a amostras pequenas e,
portanto, não representativas. Muitas vezes, melhor do que tentar prever o
sucesso de uma nova empreitada com uma amostra tímida, o que significa,
obviamente, menos investimento, é investir em uma pesquisa qualitativa capaz
de nortear os rumos de uma campanha publicitária, de um trabalho de
<i>branding</i> ou da criação de uma nova marca, sem gerar números ou
expectativas, mas somente lapidando conceitos. <br /><br />
Vsso não significa dizer que as pesquisas nunca traduzem a re alidade.
Significa, sim, que elas devem ser usadas com critérios técnicos adequados e
analisadas com bom senso. Um bom senso que extrapola as células de uma
tabela estatística. Trazidas para a realidade de mercado e considerando que o
custo de realização não é baixo, implica dizer que é melhor conhecer mais a
fundo um determinado estrato da população, como os homens ou os mais
jovens ou então uma determinada região geográfica, do que partir para uma
arriscada e heterogênea leitura nacional. Se essa última f or absolutamente
primordial, e em muitos casos é efetivamente necessária, melhor preparar -se
para ouvir uma amostra que atenda a todas as especificidades da realidade
brasileira, ampla o suficiente para abrigar as informações do Oiapoque ao
Chuí. <br /><br />

Vnfelizmente, o Exmo. Sr. Deputado Federal Tiririca talvez nem saiba o que
signifiquem, verdadeiramente, pesquisas eleitorais e muito menos aquelas
voltadas ao mercado, mas uma coisa é certa: aparentemente, ele foi a única
unanimidade das pesquisas pré vias ao pleito. Vnfelizmente, salvo pela situação
vexatória de tê-lo como componente do Congresso Nacional, esse resultado
muda quase nada no cenário político brasileiro. Seria algo como descobrir, em
uma pesquisa de mercado, que crianças gostam de bolacha s de chocolate.

Você também pode gostar