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Tucuruí – PA
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA)
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ (CAMTUC)
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA (FEM)
Professor:
Dr.º Paulo Cordeiro Machado
Tucuruí – PA
2018
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 5
2 SELEÇÃO DE MATERIAL PARA ENGRENAGEM DE TRANSMISSÃO
AUTOMOTIVA ........................................................................................................................ 6
2.1 CAIXA DE CÂMBIO ...................................................................................................... 6
2.1.1 Engrenagens de Dentes Retos ................................................................................. 6
2.1.1.1 Falhas ................................................................................................................. 8
2.1.1.1.1 Desgaste por Interferência ........................................................................... 8
2.1.1.1.2 Desgaste Abrasivo ....................................................................................... 9
2.1.1.1.3 Quebra por Sobrecarga ................................................................................ 9
2.1.1.1.4 Quebra por Fadiga ..................................................................................... 10
2.2 METODOLOGIA DE SELEÇÃO ................................................................................. 10
2.2.1 Equação da Flexão de Lewis ................................................................................. 11
2.2.2 Índice de Mérito ..................................................................................................... 12
2.2.3 Diagrama de Seleção de Material......................................................................... 13
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 19
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 23
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 24
ANEXO A – Materiais adequados e índices de desempenho. ................................................. 25
ANEXO B – Caixa de transmissão automotiva........................................................................ 26
5
1 INTRODUÇÃO
Diversas razões impedem que os veículos sejam movidos diretamente pelo motor de
combustão interna, dentre eles podemos citar: a rotação do motor geralmente é bem mais alta
que a das rodas do veículo; ao começar a mover-se em subidas, o veículo necessita receber mais
força do motor do que em pisos horizontais; todas as mudanças de marcha do veículo devem
ser feitas sem que ocorram trancos, isto é, de forma suave. Todas essas funções são
desempenhadas pelo sistema de transmissão do veículo, que atua como intermediário entre o
motor e as rodas motrizes do veículo. É a transmissão que envia a rotação do motor às rodas,
reduzindo ou aumentando seu valor para permitir ao veículo fornecer mais força ou mais
velocidade em seu deslocamento.
São muito encontradas nas caixas de transmissão de veículos e equipamentos, como os
tratores, engrenagens de dentes retos. Essas peças possuem os dentes posicionados de forma
paralela entre si, quando comparados em relação ao eixo. As engrenagens de dentes retos são
frequentemente utilizadas para atuar em transmissões em que haja a necessidade de mudança
na posição das engrenagens que estão em funcionamento. Isso acontece devido ao fato destas
engrenagens possuírem um fácil engate.
Tendo como principal função realizar, entre dois eixos, a transmissão relativa ao
movimento rotativo e ao torque, as engrenagens de dentes retos se tornam extremamente
importante em diversos setores da indústria. É importante que se conheça mais informações
referentes ao funcionamento e ao material, para identificar falhas e danos como desgaste por
interferência, desgaste abrasivo, quebra por sobrecarga, quebra por fadiga entre outros.
6
Fonte: http://www.mevi.com.br/engrenagens-dentes-retos.php.
2.1.1.1 Falhas
Engrenagens podem falhar, basicamente, por dois tipos de solicitação mecânica: a que
ocorre no contato entre as engrenagens, devido à tensão normal, e a que ocorre no pé do dente,
devido a flexão causada pela carga transmitida. A fadiga no pé do dente causa a quebra do
dente, o que não costuma acontecer se o sistema de transmissão for bem projetado. Sabendo
disso, veremos então as principais causas de defeitos em engrenagens.
Fonte: http://www.mhfpreditiva.com.br/site/pagina/16
9
Fonte: http://www.mhfpreditiva.com.br
Fonte: http://www.mhfpreditiva.com.br
Fonte: http://www.mhfpreditiva.com.br
Em 1892, Wilfred Lewis introduziu uma equação para estimar a tensão de flexão dos
dentes de engrenagens, tal equação ainda hoje permanece como base para o desenho da maioria
das engrenagens atuais.
𝑀
𝜎= (1)
𝐼⁄
𝑐
Lembrando que:
𝑀 = 𝑊𝑡. 𝑙 (2)
𝐹. 𝑡 3
𝐼= (3)
12
𝑡
𝑐= (4)
2
Substituindo (2), (3) e (4) em (1), temos:
12
𝟔. 𝑾𝒕 . 𝒍
𝝈= (5)
𝑭. 𝒕𝟐
Onde:
𝜎 = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜;
𝐼 = 𝑀𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐼𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎;
𝑐 = 𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑔𝑒𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒;
𝑊 𝑡 = 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎;
𝑙 = 𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜 𝑝é 𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒 𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑓𝑜𝑟ç𝑎;
𝐹 = 𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑡𝑜 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑑𝑢𝑎𝑠 𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠;
𝑡 = 𝐿𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒;
Com base índice de mérito (𝜎⁄𝜌), obtido pela eq.(9), é possível concluir que quanto
maior for este índice menor será o peso do produto, resultando em economia enquanto este for
movimentado.
13
Logo, para selecionar os materiais mais adequados ao projeto deve-se buscar as maiores
relações entre (𝜎⁄𝜌).
𝟔. 𝑾𝒕 . 𝒍. 𝒃
↓ 𝒎. 𝒕 = 𝝈
(𝝆) ↑
Esboço da curva obtida no ensaio de tração (curva tensão-deformação convencional). Fonte: Garcia (2012).
14
Por sua vez, a densidade é uma propriedade que está relacionada com a massa final da
engrenagem. Maiores densidades representam engrenagens com maiores massas, que para o
caso deste trabalho deve ser evitado, uma vez que engrenagens muito pesadas necessitam de
maiores torques iniciais para vencer a inércia do movimento, além de representam uma parcela
considerável no peso final do veículo, que por sua vez influencia no consumo de combustível
do veículo.
Como exigência para a seleção de materiais para engrenagens de caixas de câmbio de
automóveis populares temos: baixa densidade e elevada resistência ao escoamento.
Nesse ponto, torna-se necessário examinar os índices de desempenho (ou mérito) de
uma variedade de materiais potenciais. Esse procedimento é acelerado pela utilização do que
são conhecidos por diagramas de seleção de materiais. Estes são gráficos que contêm os
valores de uma propriedade do material em função dos valores de uma outra propriedade, em
nosso caso a resistência ao escoamento em função da densidade.
Ambos os eixos estão em escala logarítmica e abrangem, em geral, aproximadamente
oito ordens de grandeza, de modo a incluir as propriedades de virtualmente todos os materiais.
As grandezas abrangidas no gráfico de seleção de materiais são as seguintes: espumas, materiais
naturais, elastômeros, polímeros, vidros, cerâmicas porosas, compósitos, metais e ligas.
Utilizando o software CES EduPack (versão 2013) foi possível plotar o gráfico de
seleção de materiais densidade versus tensão de escoamento, conforme mostrado a seguir:
Polymers
1e8
Natural materials
Yield strength (Pa)
Foams
1e7
Glasses
1e6
100000
10000
Silicon
Tungsten alloys
Gold
Silver
1e8 Zinc alloys
Aluminum alloys
Cast iron, gray Copper alloys
Tin
Lead alloys
1e7
Silicon
Tungsten alloys
Gold
Silver
1e8 Zinc alloys
Aluminum alloys
Cast iron, gray Copper alloys
Tin
Lead alloys
1e7
É importante notar que os materiais cujas posições estão cima de uma linha em particular
irão apresentar índices de desempenho mais altos, enquanto aqueles que estão localizados
abaixo dessa linha irão exibir desempenho piores. Os materiais que estão localizados ao longo
ou acima dessa linha encontram-se na “região de busca” do diagrama e são possíveis candidatos
para materiais de engrenagens de transmissão automotiva.
Restrições de propriedades como: módulo de elasticidade, limite elástico, resistência à
tração, etc. foram inseridas no gráfico para limitar a seleção apenas nos metais e ligas. A tabela
abaixo nos apresenta os valores adicionados:
Os valores adicionados acima correspondem à faixa dos metais e ligas e foram indicados
pelo software.
Silicon
Tungsten alloys
Gold
Silver
1e8 Zinc alloys
Aluminum alloys
Cast iron, gray
Copper alloys
Tin
Lead alloys
1e7
A figura acima (para melhor visualização ver ANEXO A) nos mostra a localização da
linha de seleção, sendo esta a localização mais adequada no entendimento da equipe, uma vez
que ela transpassa várias subclasses de materiais que já são conhecidos como materiais de
fabricação de engrenagens, tais como as ligas de aço e ferros fundidos cinzento e nodular.
Abaixo da linha, encontraremos índices de méritos piores devido a tensão de ruptura ser menor,
e menos subclasses de materiais existirem naquela região.
Portanto, os materiais que foram interceptados pela linha de seleção, e aqueles que estão
acima da linha, são selecionados como possíveis candidatos para o material de engrenagens de
caixa de transmissão automotiva, a tabela a seguir nos apresenta esses materiais.
Então, à primeira vista o aço baixa liga apresenta um maior índice de desempenho, logo,
parece ser o mais apropriado para a aplicação do projeto. Contudo, deve-se prezar pelos custos
do material no mercado e de seu processo de fabricação. Por conseguinte, comparar esses
mesmos critérios aos demais materiais, visando selecionar um material de ótimo desempenho
aliado a um custo relativamente razoável, atendendo, finalmente, às especificações do projeto.
Retomando à análise do aço baixa liga, tem-se que o mesmo se trata de uma liga Fe-C
com adição de determinados elementos de liga tais como Cr, Ni, Mo e V. A Tabela 3 mostra o
valor percentual desses elementos que são geralmente adicionados.
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Tabela 3. Elementos de liga adicionados à matriz de ferro para o aço baixa liga.
Elemento de liga Percentual (%)
C (Carbono) < 1,0
Cr (Cromo) < 2,5
Ni (Níquel) < 2,5
Mo (Molibdênio) < 2,5
V (Vanádio) < 2,5
Fonte: Autoria própria.
Portanto, já é possível verificar que o aço baixa liga demanda o incremento de elementos
relativamente caros no mercado (exceto o carbono). Por isso, é plausível analisar as condições
de outros materiais candidatos. Neste caso, a liga de magnésio também exibe um significativo
índice de mérito, entretanto, apresenta custo elevado tanto com o material como para o processo
de fabricação. Além disso, a liga de magnésio, apesar da vantagem de possuir baixa densidade
(em média 1800 kg/m3), não possui um valor expressivo de tensão de escoamento (podendo ser
inferior a 200 MPa) se comparado ao dos aços. Todavia, o que mais se destaca negativamente
para este material é o seu custo relativamente elevado.
De outro modo, o aço alto carbono e o aço médio carbono apresentam índices de
desempenho não muito inferiores ao do aço baixa liga, e o mais importante é que apresentam
propriedades mecânicas semelhantes às deste último (especialmente o aço alto carbono), as
quais são as melhores dentre os materiais listados na Figura 16.
Outra observação relevante é que os aços de alta e de média liga também são ligas Fe-
C que, no entanto, não demandam a adição de elementos de ligas onerosos no mercado tal como
o aço baixa liga o faz. Na verdade, especificamente, o aço médio carbono possui de 0,3-0,7%
de C, ao passo que o aço alto carbono de 0,7-1,7% de C. A seguir, as Figuras 17, 18 e 19
apresentam as propriedades mecânicas destas três ultimas referidas ligas Fe-C.
Essas três últimas ligas Fe-C, por mostrarem os maiores valores de tensão de
escoamento e relativa baixa densidade (7800-7900 kg/m3), até então, são os mais atrativos, com
destaque para o aço alto carbono que alia resistência mecânica parecida com a do aço baixa
liga, porém com custos de fabricação mais reduzidos.
Contudo, a industrial moderna está alicerçada em ferro fundido: ele é o material que fez
a revolução industrial possível. Nos dias atuais, ele ainda assume o status de metal para
engenharia mais barato. Ademais, as composições químicas do ferro fundido dúctil e do ferro
fundido cinzento contêm pelo menos 2% de C (na maioria dos casos de 3,2-4,1% de C), além
de proporções de Si (1-3%), Mn (< 0,8%), P (< 0,1%), e S (< 0,03%). Quanto as suas aplicações
têm-se os discos de freio, eixo de cames, engrenagens, anéis de pistão, bloco de motor
automotivo, etc.
Em seguida, as Figuras 20 e 21 apresentam com mais detalhes suas propriedades
mecânicas.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FRANCKLIN, Alexandre Reis. Um Breve Estudo sobre Ferro Fundido Nodular. UEZO –
Centro Universitário Estadual da Zona Oeste. Rio de Janeiro – RJ, julho de 2009. Disponível
em: http://www.uezo.rj.gov.br/tccs/capi/AlexandreFrancklin.pdf. Acesso em 30 de janeiro de
2018.
GARCIA, Amauri. SPIM, Jaime Alvares. SANTOS, Carlos Alexandre dos. Ensaios dos
Materiais. 2ª Edição. Rio de Janeiro, RJ; LTC, 2012. Cap. 4.
Silicon
Tungsten alloys
Gold
Silver
1e8 Zinc alloys
Aluminum alloys
Cast iron, gray
Copper alloys
Tin
Lead alloys
1e7