REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
OLIVEIRA, Carlos Henrique Blanco de. Modelo indutor de inovação para pequenas e
médias empresas baseado em capacitações dinâmicas. 2016. 88f. Dissertação de mestrado
em Engenharia Aeronáutica e Mecânica, Área de Produção – Instituto Tecnológico de
Aeronáutica, São José dos Campos.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Carlos Henrique Blanco de Oliveira
TÍTULO DO TRABALHO: Modelo indutor de inovação para pequenas e médias empresas
baseado em capacitações dinâmicas.
TIPO DO TRABALHO/ANO: Dissertação / 2016
__________________________________
Carlos Henrique Blanco de Oliveira
Rua do Aruanã, 67 – apto 104A
CEP: 12246-250, São José dos Campos - SP
iii
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
The focus of the master's thesis will be the understanding of the innovation’s influence in
the dynamics of enterprises in the private productive sector, using as the theorethical
framework the Dynamic Capabilities View. It is made an analysis of the dynamic capabilities
through their implications on business dynamics and its relations with the innovation and
business performance. The analysis is based on a selection of experiments recently carried out
worldwide related to the Dynamic Capabilities View. The selection was made by the master’s
thesis author, and it is part of his research efforts. The ultimate goal of this analysis is to propose
a simplified process flow diagram that represents the operation dynamics of innovation inside
the enterprise. This simplified diagram is called in the present thesis as “Innovation Inductor
Model”. The work also shows two practical illustrations of concept application, which will
bring their contributions for the proposed inductor model. The Dynamic Capabilities View
began to take shape from the year 2000, therefore it is an area of fairly recent studies and
constituting one of the main frontiers of knowledge in the fields of technology management and
business strategy nowadays.
vii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS..................................................................................9
1.3. Justificativa.........................................................................................................13
2. REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................14
2.1. A Inovação...........................................................................................................15
3. DESENVOLVIMENTO.............................................................................................46
4. CONCLUSÃO............................................................................................................82
4.2. Síntese dos elementos trazidos dos casos para o Modelo Indutor.......................82
4.3. Conclusões...........................................................................................................83
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................86
9
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O tema das capacitações dinâmicas representa uma recente área de estudos que começou
a tomar corpo a partir do início dos anos 2000. Sendo uma nova abordagem no campo da
estratégia empresarial, as capacitações dinâmicas têm sido bastante estudadas e exploradas nos
últimos anos, principalmente devido às estreitas relações com o estudo da inovação no meio
empresarial.
E a inovação tem sido um tema prioritário na agenda dos países desenvolvidos e no bloco
dos BRICS, principalmente após o início do século 21. Isto tem se refletido também na agenda
das empresas no Brasil. A Confederação Nacional das Indústrias – CNI tem incentivado e
organizado diversos congressos e workshops relacionados ao tema no Brasil, com o objetivo de
discutir e incentivar a prática da inovação. Segundo a CNI, “...para se obter ganhos contínuos
de produtividade, a empresa precisa de inovação, entendida como a introdução de um novo bem
ou serviço, processo, método ou modelo de negócio” (CNI, 2013).
Têm-se discutido muito sobre a inovação, entretanto as pesquisas recentes indicam queda
nas taxas de inovação no Brasil. É possível ilustrar este fenômeno através de uma citação
recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE: “Cotejando-se a incidência
de inovação entre a Pintec 2008 e a Pintec 2011, é possível identificar que houve queda
10
Inovação de produto
60,0% 54,9%
50,0%
43,0%
40,0%
30,0%
21,5%
20,0% 16,2%
10,0%
0,0%
PINTEC 2008 PINTEC 2011
50,0%
40,0% 36,5% 33,8%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
PINTEC 2008 PINTEC 2011
37,5%
37,0%
36,5%
36,0% 35,7%
35,5%
35,0%
34,5%
Então, a partir daí, buscar-se-á propor um Modelo Indutor para compreender a influência
da inovação na dinâmica das empresas, tomando como base a abordagem das capacitações
dinâmicas.
A partir dessa compreensão, pode-se tomar como ponto de partida o modelo indutor e
aplicar ferramentas de transformação nas empresas na busca pelo aumento da inovação.
Será feita uma análise das Capacitações Dinâmicas através de suas implicações na
dinâmica empresarial e relações com a inovação e o desempenho das empresas.
1.3. Justificativa
Esta pesquisa busca favorecer e auxiliar o aprofundamento dos estudos em torno dos
temas de empreendedorismo e inovação no Brasil, em especial relativos ao setor industrial.
No que tange aos seus objetivos, esta será uma Pesquisa Exploratória, pois visa
proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Âmbito do presente trabalho será o da Microeconomia da Inovação, que está voltada para
os problemas da firma (empresa) com relação às inovações, e inclui:
No final dos anos 90, a partir da Visão Baseada em Recursos, surgiu uma nova
abordagem chamada de Capacitações Dinâmicas, que estuda as habilidades associadas à
inovação na empresa.
Então o foco do presente trabalho será o tema das Capacitações Dinâmicas, cuja origem
está na Visão Baseada em Recursos, que por sua vez está inserida no contexto da
Microeconomia da Inovação.
Assim, o foco do presente trabalho pode ser melhor compreendido no diagrama a seguir:
15
Microeconomia da Inovação
Capacitações dinâmicas
2.1. A Inovação
Schumpeter (1934) associa o termo “inovação” aos novos bens de consumo, novos
métodos de produção e novos mercados. Note-se que a inovação está intrinsecamente ligada à
evolução tecnológica das sociedades. Para ele, as inovações tecnológicas são o motor do
crescimento capitalista.
Por muitos anos, desde o início do século XX, a teoria econômica tem classificado as
transformações tecnológicas, institucionais e comportamentais humanas como variáveis
exógenas na análise econômica. Ou seja, à luz do “mainstream” a análise econômica principal
se resume às leis físicas e matemáticas interpretadas puramente pela lógica. A questão das
origens comportamentais da evolução tecnológica vinha sendo alvo dos estudos de disciplinas
fora do contexto da teoria econômica neoclássica, tais como as disciplinas de marketing e
estratégia empresarial (Foster e Metcalfe, 2012).
Mas nos anos 50, Solow descobriu que um modelo de crescimento econômico baseado
apenas nos princípios da teoria econômica neoclássica poderia explicar apenas 20% do
crescimento econômico de longo prazo observado nos Estados Unidos, indiscutivelmente a
16
economia mais dinâmica do século XX. Ou seja, os outros 80% só poderiam ser explicados
pelo chamado “progresso tecnológico”, e aqui entram as transformações tecnológicas,
institucionais e comportamentais humanas; que formam a essência do conceito de inovação
tecnológica segundo Schumpeter.
Porém foi somente após o trabalho pioneiro de Nelson e Winter em 1982 que um grupo
de economistas evolucionários chamados de neo-Schumpeterianos começou a ter impacto na
disciplina da economia. Transformações tecnológicas, organizacionais e institucionais são
vistas por eles como os principais direcionadores do crescimento econômico, e estas induzem
o sistema a um processo de não-equilíbrio com mudanças estruturais que envolvem a difusão
da inovação e o processo de competição no mercado. Este processo é alimentado pela
heterogeneidade de comportamento e conhecimento e catalisado por atos de
empreendedorismo. Ou seja, o empreendedorismo gerando o romper de grandes evoluções
econômicas (Foster e Metcalfe, 2012).
Fatores-chave
Período Característica Fonte de energia universais e de baixo
custo
A origem dos conceitos da Visão Baseada em Recursos está nos trabalhos de Edith
Penrose (1995).
A visão de Penrose (1995) foi crucial para o desenvolvimento da Teoria da Firma. Ela
enxerga o sucesso da firma no longo prazo através das inovações, e aponta para a necessidade
de competir em um ambiente de negócios dinâmico por meio de inovações constantes, através
da internalização do processo de destruição criativa e através da construção de defesas – “bases
relativamente impenetráveis”, via o correto desenvolvimento de seus recursos.
A busca da inovação e poder de monopólio são dois lados da mesma moeda. A busca
exclusiva do monopólio poderia ser de grande ajuda, mas não pode ser sustentada por muito
tempo. No longo prazo, a regra é "inovar ou perecer” (Pitelis, 2004).
O foco dos trabalhos de Penrose (1995) está na questão da criação de valor. Ela descreve
a firma como um conjunto de recursos materiais e humanos, debaixo de coordenação
administrativa e autoritativa, produzindo produtos para venda no mercado com o objetivo do
lucro. Penrose sugere que a interação entre os recursos humanos e entre os recursos humanos e
recursos materiais propicia a geração de conhecimento dentro das firmas, através da
especialização, da divisão do trabalho, do processo de aprendizado e do trabalho em grupo.
Para Penrose, a força característica das firmas grandes e bem estabelecidas não deriva de
uma miscelânea de recursos em muitos campos, mas vem do fato de que elas desenvolveram
“defesas em profundidade” – recursos, em algumas áreas em especial.
21
Estes recursos são fatores valorizados pelo mercado, mas difíceis de serem encontrados.
Então as rendas extraordinárias, que seriam o alvo das estratégias empresariais, fluem de ativos
únicos (recursos), específicos da firma, que não podem ser facilmente replicados.
Além do mais, a experiência não pode ser facilmente transmitida, pois ela faz parte da
história singular de uma firma; e contém um alto nível de componentes tácitos e socialmente
complexos. Então a experiência não pode ser obtida ou comercializada no mercado, pois é
construída e desenvolvida pela própria firma ao longo do tempo. A experiência é um ativo
singular da empresa e está associada a sua capacidade de geração de vantagem competitiva. A
22
A Visão Baseada em Recursos então explica que a diferença entre as empresas em termos
de vantagem competitiva está diretamente ligada aos singulares recursos que cada uma possui.
E que tais recursos terão maior valor estratégico quanto mais resistentes sejam em seu valor e
singularidade ao desgaste causado pela competição, ou seja, quanto mais resistentes sejam à
imitação e à substituição (Burlamaqui e Proença, 2003).
A abordagem das Capacitações Dinâmicas começou a tomar corpo a partir do ano 2000
sendo, portanto, uma área de estudos bastante recente e constituindo uma das principais
fronteiras do conhecimento no campo da gestão de tecnologias e estratégia empresarial na
atualidade.
Na Visão Baseada em Recursos empresas são vistas como uma carteira de ativos e
competências (em suma – recursos) singulares e difíceis de serem obtidos no mercado. Dentro
dessa abordagem, a vantagem competitiva de uma firma em um determinado instante no tempo
flui da detenção de ativos relevantes e de difícil imitação, especialmente o know-how.
Entretanto, em ambientes de rápida mudança sujeitos a competição global, a vantagem
competitiva sustentável requer da firma mais do que apenas a propriedade de ativos singulares
de difícil imitação. Ela também requer o desenvolvimento das chamadas Capacitações
Dinâmicas.
A Abordagem das Capacitações Dinâmicas (Teece et al, 1997) pode ser considerada um
desdobramento ou extensão da Visão Baseada em Recursos, e nos últimos anos tem
gradativamente se consolidado como uma nova abordagem no campo da estratégia empresarial.
3. 1. Percepção
Transformação
2. Captura
Capacitações dinâmicas no seu sentido mais amplo podem ser entendidas como
processos empresariais, com um papel-chave centrado na contínua transformação da base de
recursos da firma. (Breznik e Hisrich, 2014)
A capacidade que uma firma tem de criar, aperfeiçoar e, se necessário, substituir modelos
de negócios é fundamental para as capacitações dinâmicas. Escolhas em torno de como capturar
valor em uma determinada oportunidade ajudam a determinar a arquitetura de um negócio; e a
arquitetura está relacionada ao modelo de negócios.
negócios e a respectiva alocação dos recursos financeiros tendem a levar a firma a um ciclo
virtuoso de crescimento e rentabilidade. E este processo de crescimento com lucratividade
levará a empresa a melhores níveis de ativos e recursos. O sucesso então levará a empresa a
evoluir num processo dependente da trajetória. Uma chave para o crescimento lucrativo e
sustentável é a habilidade de combinar e reconfigurar ativos e estruturas organizacionais
durante o processo de crescimento da empresa, e enquanto os mercados e as tecnologias
mudam. Esta capacidade de reconfiguração ou transformação de recursos é necessária para
manter a aptidão evolucionária da empresa e, se necessário, escapar da dependência de
trajetórias desfavoráreis. Esse processo evolutivo descrito está no cerne da natureza das
capacitações dinâmicas. (Teece, 2007)
As capacitações dinâmicas permitem a firma alterar o seu modo de operar (ou modus
operandi). Como para qualquer tipo de capacitação organizacional, dizer que uma empresa tem
uma capacitação dinâmica implica em comportamento padronizado e confiável. Exemplos de
capacitações dinâmicas incluem aquelas para a realização de aquisições, alianças e
29
O presente trabalho envolveu uma ampla pesquisa para selecionar dentre esses
experimentos aqueles mais relevantes em nível mundial. A pesquisa abrangeu a cuidadosa
análise de 484 artigos científico-acadêmicos relacionados com o tema das capacitações
dinâmicas, que culminou com a seleção de experimentos aqui representada.
CLASSIFICAÇÃO
ARTIGO
ENG. III-ADM
TEMA REFERÊNCIAS AMOSTRA MÉTODO
Song et al
IMPROVISAÇÃO E A Análise de regressão
1 Adm A1 INOVAÇÃO 2011 227 firmas
hierárquica
EUA / Holanda
Gunday et al
GRAU DE INOVAÇÃO E 184 firmas de Modelamento por
2 A1-A1 DESEMPENHO 2011 manufatura equações estruturais
Turquia
Kindström et al
PERCEPÇÃO, CAPTURA E 2013 Múltiplos estudos de
3 A2-A1 8 estudos de caso
TRANSFORMAÇÃO Suécia / caso
Finlandia
Weerawardena
DESENVOLVIMENTO e Mavondo Múltiplos estudos de
4 A2-A1 CAPACITAÇÕES _
DINÂMICAS 2011 caso
Australia
COMPLEMENTARIEDADE Sok e O'Cass
171 firmas de Análise de regressão
5 A2-A1 ENTRE RECURSOS E 2011 manufatura hierárquica
CAPACITAÇÕES
Austrália
GERAÇÃO DE Zheng et al
CONHECIMENTO E Modelamento por
6 A2-A1 CAPACITAÇÕES 2011 229 firmas
equações estruturais
DINÂMICAS CHINA
Wang e Wang
GESTÃO DO 226 gerentes Modelamento por
7 A2-A1 CONHECIMENTO 2012 89 firmas equações estruturais
CHINA
Camisón e
INOVAÇÃO Modelamento por
López
8 A2-A1 ORGANIZACIONAL E 144 firmas equações estruturais
DESEMPENHO 2014 (PLS approach)
ESPANHA
CAPACITAÇÕES Gebauer
Múltiplos estudos de
9 A2-A1 DINÂMICAS E 2011 8 estudos de caso
caso
DESDOBRAMENTOS
Suécia / Suíça
O experimento foi realizado com uma amostra original de 686 empresas nos Estados
Unidos. A taxa de resposta foi de 33% ou 227 empresas. Essa amostragem final incluiu
32
Em seu experimento, Gunday et al (2011) nos mostra a relação dinâmica entre a inovação
organizacional de uma empresa, o seu grau de inovação e o desempenho financeiro.
A seguir são mostrados os desdobramentos dos três atributos das capacitações dinâmicas
e respectivos mecanismos de desenvolvimento.
A Percepção:
A Captura:
- Adotar novos mecanismos de vendas baseados na entrega de valor, tais como melhorar
a disponibilidade e produtividade do cliente.
A Transformação:
Então firmas que são capazes de continuamente aprender têm melhor chance de perceber
e capturar oportunidades de negócio, resultando em novas opções de produtos e redução do
tempo de chegada do produto ao mercado. Firmas com capacidade de aprendizado superior
também são capazes de prever mudanças no ambiente de negócios e fazer ajustes para melhorar
o seu desempenho.
Além disso, firmas com capacidade de aprendizado superior são capazes de questionar
seus processos e rotinas atuais, bem como são mais capazes de coletar feedback dos clientes,
intermediários e concorrentes. Essas firmas utilizam então os resultados do feedback para
desenvolver ou melhorar suas competências essenciais.
39
As variáveis envolvidas no estudo podem ser assim descritas: É estudada a relação entre
as habilidades de aquisição do conhecimento (KAC), geração do conhecimento (KGC) e
combinação de recursos do conhecimento (KCC). Também se estuda a influência de cada uma
destas três variáveis no desempenho inovador da empresa (IP). Dentro do mesmo experimento
também é estudada a influência de quatro fatores nas habilidades de gestão do conhecimento
descritas (KAC, KGC e KCC), a saber: o compartilhamento da responsabilidade na solução de
problemas conjuntos, o nível de confiança entre as organizações, o nível de compromisso em
alianças e parcerias entre empresas, e a diversidade.
Teece (2007) sugere que o conhecimento constitui um valioso ativo intangível para a
criação e sustentação de vantagens competitivas.
As variáveis envolvidas no estudo podem ser assim descritas: O artigo considera como a
capacidade de inovação em produtos e a capacidade de inovação em processos separadamente
afetam o desempenho da firma; e também como estas duas formas de inovação se inter-
relacionam para produzir um efeito positivo no desempenho da firma. Mostra também o
importante papel da inovação organizacional neste processo.
Então isso quer dizer que a simples implementação de novas práticas gerenciais na
organização (relacionadas à inovação organizacional) não é suficiente para favorecer a
capacidade de inovação em produtos. Mas ao contrário, faz-se necessário primeiramente
desenvolver a capacidade de inovação em processos, para que depois haja impacto na
capacidade de inovação em produtos.
Fase de Percepção:
Exemplos de iniciativas:
a. Buscar ativamente conhecimento sobre as necessidades e requisitos do cliente.
b. Observar o que a concorrência está oferecendo, em termos de produtos, serviços e
atendimento.
c. Confrontar a oferta de produtos e serviços com base nas necessidades do cliente e
oferta da concorrência.
d. Identificar novas oportunidades baseadas no aumento da lucro e/ou receita.
45
Fase de Captura:
Exemplos de iniciativas:
a. Avaliar os diferentes cenários oriundos da fase de Percepção.
b. Articular a visão estratégica com as respostas adequadas.
c. Desdobrar a visão estratégica e as respostas em um “portfolio” potencial de produtos.
d. Formular e executar uma estratégia deliberada orientada a resultados e lucrativa.
e. Adequar o “portfolio” projetado, tendo em vista a oferta da concorrência e as
necessidades dos clientes.
f. Estabelecer um sistema de gerenciamento de “portfolio”.
Fase de Transformação:
Exemplos de iniciativas:
a. Superar a resistência interna e os conflitos durante a fase de execução da estratégia.
b. Desenvolver e lançar novos produtos ou serviços segundo a estratégia e o “portfolio”
estabelecidos.
c. Se necessário criar novas unidades de negócio ou empresas para executar a estratégia
estabelecida.
d. Estabelecer as atividades de apoio aos novos produtos, serviços e unidades de negócio
recém-lançados.
e. Desenvolver e designar os recursos humanos necessários em resposta à estratégia
estabelecida.
f. Desenvolver os processos e estruturas organizacionais relacionados, com foco na maior
eficiência em custos e aumento da qualidade dos produtos.
46
3. DESENVOLVIMENTO
Então, no Modelo indutor proposto, a última fase do ciclo de inovação será representada
por um comprovado desempenho financeiro e de mercado associado à iniciativa de inovação
catalisadora do início do processo. Esta questão é muito importante no desenvolvimento do
Modelo indutor.
ciclo de inovação se inicie na empresa. É verdade que muitas vezes esta iniciativa deliberada
precisa se unir à oportunidade de mercado no momento propício. Sim, mas a oportunidade sem
a ação humana consciente não traz resultado algum para a empresa.
Então, no Modelo indutor proposto, a primeira fase do processo será representada pela
ação humana consciente; uma iniciativa deliberada da alta direção da empresa será o catalisador
desse processo de inovação.
Para se iniciar o esboço do Modelo indutor, outro ponto importante que foi revelado
durante o esforço de pesquisa diz respeito à operação do processo de inovação: Ele se desdobra
ora dentro da organização, ora fora da organização. Quando ele está operando dentro da
organização, isto aponta para iniciativas e ações que operam internamente à empresa. São ações
que envolvem a mobilização ou transformação de recursos e competências dentro da
organização. Quando o processo de inovação se desdobra para fora da empresa, ele
normalmente está associado a iniciativas e ações que envolvem diretamente agentes externos,
tais como outras organizações parceiras, fornecedores, competidores ou clientes. Então, o fluxo
de processos que representa a trajetória evolutiva da inovação apresenta uma dinâmica de dois
pólos, ora operando dentro da empresa, ora operando fora da empresa.
Aprendizado emergente
Tendo como pano de fundo essas três fases distintas do processo de inovação, pode-se
agora tratar de maneira mais detalhada os estágios desse processo na organização.
são explicitados de maneira mais detalhada cada um dos Estágios propostos, representados
pelas letras de ‘a’ – ‘i’.
a. Ativação
Como foi visto, a inovação não é fruto da sorte ou do acaso. O iniciar do processo de
inovação é fruto da ação humana consciente; é um processo de rompimento com o status quo
vigente. Representa um ato deliberado da alta direção da empresa; e é em última instância uma
iniciativa de empreendedorismo. Este tipo de iniciativa traz à memória o conhecido processo
de destruição criativa citado por Schumpeter a respeito do capitalismo.
A Ativação pode ser iniciada em duas situações distintas. A primeira delas seria em
resposta a alguma mudança significativa no ambiente de negócios, tal como uma mudança no
cenário político da região onde a empresa está estabelecida, uma mudança no cenário
macroeconômico, uma ação da concorrência ou ainda alguma solicitação relevante por parte do
cliente. O segundo tipo de situação onde a Ativação pode ser iniciada é representada pelo desejo
da empresa em obter alguma vantagem competitiva significante numa visão de futuro. Isto
implicaria numa necessidade de transformação na situação da empresa no cenário presente, com
vistas a alcançar este futuro desejado.
b. Aprendizado
Este Estágio representa o início de um processo de aprendizado emergente interno que
requer disposição por parte da organização. O processo está relacionado principalmente ao
reconhecimento de falhas no passado e ao questionamento de sistemas de entrega de valor.
Os erros cometidos no passado podem estar ligados a fatores tais como reações erradas
frente a mudanças no meio ambiente, falhas no processo de construção de visão de futuro da
50
empresa, falhas no processo de dimensionamento dos recursos ou ainda falhas no que tange ao
sistema de relacionamento com o mercado.
c. Evolução
O Estágio de Evolução representa o momento oportuno para a empresa construir sua
visão de futuro. Este é o Estágio onde se constroem os sonhos e planos para o futuro da
organização. Missão e visão da empresa são construídas ou repensadas neste Estágio. O
processo deve ser coordenado pela alta direção da empresa, mas com a participação do maior
número de funcionários possível. O sentimento de fazer parte dessa construção de visão de
futuro é vital para que os funcionários se engajem efetivamente no processo de inovação ao
longo dos demais Estágios.
reuniões pautado pela confiança mútua, pela informalidade, por uma atitude receptiva a novas
idéias e por um ambiente receptivo aos participantes.
d. Percepção
O Estágio de Percepção é caracterizado por um processo de aprendizado focado no
mercado. Isto significa um processo de alinhamento da empresa com o ambiente de negócios
onde ela está inserida. Este Estágio permite que a firma se antecipe à evolução do mercado e se
alinhe aos requisitos dos clientes e tendências de mercado.
Este quarto Estágio, o de Percepção, abre a Segunda Fase do Processo de Inovação dentro
da empresa, ou seja, abre a Fase de processo externo (vide Figura 9).
Cabe aqui relembrar o conceito de que o processo da inovação dentro da empresa segue
um caminho, uma espécie de trajetória evolutiva. Esta trajetória é representada por um fluxo de
processos dentro da empresa que mobiliza e envolve recursos tecnológicos, recursos
financeiros, a cultura empresarial, as rotinas e processos gerenciais, os recursos humanos e um
processo profundo de interação com o mercado. Como o processo é caracterizado por uma
trajetória evolutiva, então só é possível a empresa entrar de fato no Estágio de Percepção após
a mesma ter passado pelos estágios anteriores: a Ativação, o Aprendizado e a Evolução.
É possível que o Estágio de Percepção seja iniciado antes do término do estágio anterior,
o de Evolução. O desenvolvimento de planos para o futuro e o processo de aprendizado focado
no mercado podem coexistir.
- Definição do público-alvo
e. Organização
Com o passar do tempo, processos e rotinas organizacionais tendem a ser tornar rígidos,
e a empresa começa a perder sua flexibilidade e agilidade em lidar com mudanças no meio
ambiente de negócios. Uma posição de liderança de mercado por longos períodos pode até
reforçar esta rigidez organizacional, pois aquela posição coloca muitas vezes a empresa numa
situação de zona de conforto.
f. Captura
A Captura é o Estágio representado pela interação e co-desenvolvimento com clientes e
parceiros para entender, visualizar e desenvolver propostas de valor.
Uma proposta de valor é uma oferta que vai de encontro à expectativa de valor de um
cliente. A expectativa de valor representa o conjunto de benefícios esperados por um produto
ou serviço oferecido, para atender a um determinado propósito.
g. Transformação
O foco principal neste Estágio é a transformação de elementos fundamentais do modus
operandi da empresa e de seus recursos, com vistas a responder às oportunidades advindas dos
Estágios anteriores.
A transformação também trará uma nova maneira de a empresa gerenciar atores externos
relevantes para o desempenho do sistema. O processo inclui também a extensão de sua base de
recursos em novos mercados e tipos de serviço, assim como a incorporação de recursos
complementares a atual base de recursos da empresa.
h. Valor
O Estágio chamado de Valor é o resultado do processo de transformação da empresa,
que ocorreu no Estágio anterior (Transformação).
Existe uma trajetória evolutiva da inovação na firma que se inicia com o Estágio de
Ativação, passando pelo desenvolvimento da inovação organizacional, passando pela inovação
em processos tecnológicos (recursos) e finalmente atingindo a inovação em produtos. Esta
trajetória evolutiva respeita a sequência de Estágios contida no presente Modelo indutor.
i. Desempenho
O último Estágio do ciclo de inovação será representado por um comprovado
desempenho financeiro e de mercado associado à iniciativa de inovação catalisadora do início
do processo. Esta questão é muito importante no Modelo indutor proposto. Toda iniciativa,
processo ou projeto para serem validados precisam estar associados a algum indicador de
desempenho da firma. E o indicador utilizado neste Modelo indutor é o diferencial de
desempenho financeiro comprovado, se comparado à situação anterior da firma, antes da
iniciativa catalisadora do processo de inovação em questão.
O valor gerado pela inovação vai além daquele quantificável. A inovação pode
proporcionar vantagens qualitativas importantes para a empresa, como por exemplo:
- Atrair talentos inovadores para seus quadros, como também conquistar a disposição a
cooperar de centros de excelência em pesquisa ou de formação de recursos humanos.
Os nove Estágios explicitados acima são encadenados e sequenciais, mas é possível uma
sobreposição entre eles sem contudo inverter a ordem sequencial dos Estágios. Ou seja, desde
que respeitada a ordem sequencial proposta, é possível iniciar-se o Estágio seguinte antes da
conclusão do Estágio anterior.
A distribuição dos nove Estágios nas três Fases propostas do processo de inovação pode
ser visualizada no diagrama abaixo:
58
• a. Ativação
1ª Fase • b. Aprendizado
(processo • c. Evolução
interno)
• d. Percepção
2ª Fase • e. Organização
(processo • f. Captura
externo)
• g. Transformação
3ª Fase • h. Valor
(processo • i. Desempenho
interno)
O Modelo Indutor proposto para o processo de inovação na empresa pode ser melhor
visualizado na Figura 11:
Há basicamente três situações onde pode-se aplicar o Modelo indutor num caso prático
empresarial. No primeiro exemplo de situação, pode-se aplicar o Modelo indutor e analisar a
reação e decisões da empresa frente a alguma mudança significativa no ambiente de negócios.
Numa segunda situação, num dado momento de sua história, a empresa pode tomar a decisão
de inovar, com uma consequente guinada em suas operações, para obter alguma vantagem
competitiva significativa frente aos competidores. Uma terceira situação ou maneira de se
aplicar o modelo indutor é analisando a própria história da empresa, até um dado momento
presente. Normalmente nesse caso o período a ser analisado é maior, podendo incluir vários
anos de sua história.
O histórico da empresa Dell representa uma boa ilustração de caso para o modelo indutor
proposto. As iniciativas e a trajetória da empresa tornam evidente a operação da inovação na
mesma.
Com apenas mil dólares, a Dell foi fundada em 1984 por Michael Dell, um calouro de
medicina da Universidade do Texas, em Austin. Na época com 19 anos, Michael Dell possuía
uma visão revolucionária de como a tecnologia deveria ser projetada, fabricada e vendida.
Michael Dell deixou o campus no final do primeiro ano da faculdade para dedicar todo o seu
tempo ao crescimento dos negócios da empresa.
A Dell criou seu primeiro sistema de computador em 1985, o “Turbo PC”, com um
processador Intel 8088 executado a 8 MHz, um disco rígido de 10 MB e uma unidade de
disquete de 5,25 polegadas.
60
Apenas três anos depois de sua fundação, a empresa abriu sua primeira subsidiária
internacional, localizada no Reino Unido. Em 1988, crescendo aproximadamente a uma taxa
de 80% ao ano, a Dell dá um salto e abre o capital. A empresa, que passa a ser oficialmente
chamada Dell Computer Corporation, concluiu sua oferta pública inicial, levantando US$ 30
milhões e aumentando a capitalização do mercado de US$ 1.000 para US$ 85 milhões.
Nos três anos seguintes houve um tremendo crescimento das vendas. Na área
internacional, as vendas cresceram mais que o dobro por três anos consecutivos. A Dell estreou
na Fortune 500; Michael tornou-se o CEO mais novo a liderar uma empresa que recebesse essa
honra. Também a Dell ingressou na lista dos cinco principais fabricantes de sistemas de
computador em todo o mundo. A empresa abriu subsidiárias na Austrália e no Japão, como
marco de sua instalação na região Ásia-Pacífico.
No ano de 1998 a Dell abre um novo centro de vendas, produção e suporte integrados
em Xiamen na China, e anuncia instalações de produção na Irlanda e nos Estados Unidos. Em
1999 a empresa abre uma fábrica em Eldorado do Sul, no Brasil, para servir melhor os seus
clientes na América Latina. No final daquele ano, a Dell assume o primeiro lugar no
fornecimento de computadores nos Estados Unidos, o primeiro lugar a nível mundial no
fornecimento de computadores para grandes e médias empresas e o primeiro lugar no
fornecimento de estações de trabalho em todo o mundo.
No ano 2000, as vendas na Internet por meio do website da Dell alcançam US$ 40
milhões por dia, o que o torna um dos sites de e-commerce de maior volume do mundo.
Apenas cinco anos após a entrada da empresa no mercado chinês, a Dell se torna a maior
fornecedora de serviços e sistemas de computador da China.
Alinhada com as tendências de mercado, no ano de 2006, a empresa demonstra mais uma
vez o seu pioneirismo ao ser a primeira do setor a oferecer reciclagem gratuita de produtos para
consumidores em todo o mundo. Além disso, em iniciativas que mostram alinhamento da
empresa com as tendências de mídia social, a Dell estréia no Twitter, também lança o primeiro
Blog de relações com investidores, e lança o IdeaStorm.com, um local em que os clientes podem
postar e compartilhar ideias.
Nos anos de 2009 a 2012, a Dell decide estrategicamente fazer fortes investimentos no
fortalecimento de competências essenciais. Este período é caracterizado por investimentos
concentrados em tecnologias-chave, na propriedade intelectual e na área de recursos humanos,
principalmente nos seus talentos mais importantes.
Em 2009, numa ampla pesquisa de satisfação, a Dell recebe o primeiro lugar em termos
de satisfação do cliente empresarial, devido aos servidores x86, os computadores portáteis e os
desktops empresariais da empresa. No mesmo ano a empresa lança os computadores portáteis
62
Análise:
a. Ativação
b. Aprendizado
boa parte do poder de barganha da cadeia de valor dos computadores estava nas mãos dos
revendedores, que ditavam as regras do mercado.
Na época da fundação da empresa, ainda com 19 anos, Michael Dell possuía uma visão
revolucionária de como a tecnologia deveria ser projetada, fabricada e vendida. Ou seja, uma
visão pioneira do sistema de entrega de valor ao cliente. Visão esta que pavimentou o processo
de Aprendizado emergente na Dell.
c. Evolução
Seu objetivo é ser a primeira empresa a lançar determinado produto no mercado, ser
pioneira em determinada tecnologia ou ainda se antecipar às tendências de consumo e
sustentabilidade. A evolução é bem evidenciada na trajetória da empresa.
d. Percepção
e. Organização
- Em apenas dois anos após sua fundação, em 1986, na feira de negócios Spring Comdex,
a Dell apresenta ao mercado o PC mais rápido do setor.
- Três anos após sua fundação, a empresa abriu sua primeira subsidiária internacional,
localizada no Reino Unido. Nos anos que se seguiram, houve um forte crescimento das vendas
internacionais, que cresceram mais que o dobro por três anos consecutivos.
- Em apenas oito anos após sua fundação, a Dell ingressou na lista dos cinco principais
fabricantes de sistemas de computador em todo o mundo.
f. Captura
O novo modelo de negócios é utilizado pela Dell até os dias de hoje. Um indicador de
sucesso pode ser verificado no ano 2000 (apenas oito anos após a adoção do novo modelo de
negócios): naquele ano as vendas na Internet por meio do website da Dell alcançaram a cifra de
US$ 40 milhões por dia, o que o tornou um dos sites de e-commerce de maior volume do
mundo.
g. Transformação
- A abertura das operações internacionais da Dell apenas três anos após sua fundação
exigiu um grande investimento em novos recursos, principalmente em termos de instalações
físicas, novas máquinas e sistemas de produção. A transformação de seu sistema logístico
também foi muito profunda. Antes acostumada a entregas dentro do território dos Estados
Unidos, a empresa passou a fazer entregas intercontinentais. Um exemplo disso foi a abertura
de sua filial no Reino Unido em 1987, que passou a atender os usuários na Europa e África.
h. Valor
Vários exemplos que caracterizam a inovação em produto podem ser citados no caso da
Dell:
66
i. Desempenho
- Em 1988, apenas quatro anos após sua fundação, a empresa está crescendo
aproximadamente a uma taxa de 80% ao ano.
- No mesmo ano a Dell dá um salto e abre o seu capital, levantando US$ 30 milhões e
aumentando a capitalização do mercado de US$ 1.000 para US$ 85 milhões.
- No ano 2000, as vendas na Internet por meio do website da Dell alcançam US$ 40
milhões por dia, o que o torna um dos sites de e-commerce de maior volume do mundo
- Em 2003, apenas cinco anos após a entrada da empresa no mercado chinês, a Dell se
torna a maior fornecedora de serviços e sistemas de computador da China.
- No ano de 2011, num ato que representa a grande capacidade de investimento frente
aos seus concorrentes, a Dell investe US$ 1 bilhão em pesquisa, desenvolvimento e inovação,
ao mesmo tempo em que anuncia a abertura de novos centros de pesquisa em Israel e nos
Estados Unidos. Ainda em 2011, a empresa celebra o maior aumento de receitas num único ano
da sua história.
67
O estudo avalia os fatos ocorridos durante o período de 2009 a 2011, época em que a
empresa foi beneficiada por recursos de um programa federal de incentivo ao desenvolvimento
de novas empresas com produtos de alto valor agregado em termos de tecnologia e inovação.
Mesmo considerando o alto consumo desses insumos de nutrição vegetal no país, mais
de 45% dos mesmos são importados, o que revela um grande mercado potencial, ainda mais se
levada em conta a grande demanda reprimida gerada pelos pequenos agricultores que não têm
acesso a esses produtos e serviços de suporte.
A margem de lucro dos fertilizantes foliares é muito elevada, tornando este tipo de
negócio extremamente atrativo, ainda mais no mercado brasileiro, onde o nível de concorrência
ainda é baixo.
68
Segundo a Alpha, a absorção dos nutrientes pela folha é muito mais rápido que pela raiz.
Faz-se um complemento na raiz, mas com quantidades bem menores. Por exemplo, o composto
a base de Fósforo: se aplicado através de fertilizantes foliares, basta 1 kg do composto para
fazer o mesmo efeito de cerca de 75 kg do composto aplicado na raiz.
Desde sua fundação, a Alpha investiu uma parte considerável de seus recursos em
pesquisa e desenvolvimento para aumento do desempenho dos fertilizantes foliares. Essa
decisão foi tomada devido a uma importante pesquisa realizada junto aos seus principais
clientes. A pesquisa levantou os principais quesitos que influenciam a decisão de compra
segundo os clientes. Depois pediu para que cada cliente atribuísse uma nota de 1 a 6 para cada
quesito, onde 1 significava que o cliente considerava o quesito como sendo de baixa
importância, enquanto que 6 significava um quesito de máxima importância do ponto de vista
do cliente. Os resultados da pesquisa são mostrados na figura abaixo:
69
A 4 2 1 3 5 6
B 4 2 1 3 6 5
C 5 2 1 3 6 4
D 5 2 1 4 6 3
E 5 4 1 2 6 3
F 5 2 1 4 6 3
G 6 2 1 3 5 4
H 5 2 1 3 6 4
I 3 4 5 6 1 2
J 5 1 2 6 4 3
K 6 4 2 5 3 1
Figura 12 – Pesquisa realizada pela Alpha junto aos clientes (Fonte: Alpha em 2010)
Pode-se notar que o quesito desempenho do produto (pontuação: 53) está praticamente
empatado com o quesito condições comerciais (pontuação: 54). E ambos os quesitos têm uma
pontuação muito mais elevada que os demais. Um importante cliente da Alpha relatou: “Eu não
compro produtos por indicação, mas sempre faço testes na lavoura com os produtos, para
depois tomar a decisão de compra”.
Ainda em 2009 a empresa estruturou uma equipe de vendedores que começou a abordar
um razoável número de clientes, mas sem bons resultados. A empresa ainda não tinha até então
uma carteira de clientes expressiva, e começaram na época a desenvolvê-la.
estruturada e com metodologia adequada, que permitisse à empresa obter sucesso em seu
processo de inserção no mercado, garantindo-lhe um crescimento sustentável e a perpetuação
do negócio.
Porém entre 2010 e 2011 a Alpha investiu na capacitação das equipes de vendas e
marketing, além de buscar melhorar seus conhecimentos em estratégia de vendas através da
contratação de consultoria especializada.
a. Ativação
b. Aprendizado
A empresa questionou as práticas vigentes de fertilização pela raiz para descobrir que a
fertilização foliar era um nicho pouco explorado e de alto potencial no Brasil.
c. Evolução
d. Percepção
e. Organização
Durante os dois primeiros anos de existência, a Alpha demonstrou uma clara deficiência
em termos de capacidade de gestão e planejamento organizacional, um quesito que significa a
capacidade da empresa em termos de gestão de pessoas e gestão de projetos; suas habilidades
em termos de organização e pensamento estratégico empresarial. Essas habilidades são, na
essência, fruto do desenvolvimento da inovação organizacional. O líder principal, apesar de ser
um empreendedor nato, não conseguia transmitir suas novas idéias e planos para a equipe
72
gerencial na mesma velocidade com que elas eram geradas. Nesse contexto, falhas de
comunicação e planejamento comprometeram o alinhamento da equipe gerencial com a visão
de futuro do líder principal. A equipe de vendas, formada por representantes, foi prejudicada
como consequência dessa falha.
Não por acaso, os dois primeiros anos da empresa foram marcados pela lentidão no
processo de crescimento das vendas, gerando uma situação de vulnerabilidade financeira.
A partir do final de 2010, dois anos após a fundação da empresa, as vendas da empresa
começaram a sinalizar uma recuperação.
f. Captura
g. Transformação
h. Valor
- Falha na extensão da base recursos da Alpha para novos tipos de mercados e serviços.
i. Desempenho
Abaixo são citados alguns modelos de inovação de outros autores, ao mesmo tempo em
que é feita uma breve comparação com o Modelo indutor proposto.
75
Hernandez (2011) sustenta que um modelo de inovação num contexto tecnológico deve
possuir cinco estágios principais, conforme descritos abaixo:
Weerd-Nederhof (2007) sustenta que a inovação deve ser compreendida sob uma
perspectiva ampla e integral. Inovação é mais do que o desenvolvimento de novos produtos,
pois ela também envolve o desenvolvimento de processos e a inovação em serviços.
Este modelo na forma de funil caracteriza a inovação como um processo, bem como
salienta que ele é um processo orientado para o mercado – resultando em novos produtos,
processos e serviços.
Além dos três elementos citados, o Innovation Pentathlon incorpora mais dois elementos,
perfazendo o total de cinco elementos principais, conforme mostrado na Figura 13.
e) Pessoas e cultura: este elemento do modelo trata dos recursos humanos, da parte
organizacinal e da inovação.
Apesar de numa primeira abordagem os dois modelos parecerem muito distintos, uma
análise um pouco mais aprofundada mostra bastante sinergia entre seus conceitos.
O modelo sustenta que existem alguns ingredientes importantes para o florescer das
iniciativas de inovação dentro da empresa: a gestão participativa, um sistema de decisões
transparentes, as pessoas sentindo-se valorizadas, um ambiente onde o aprendizado é
78
encorajado, um ambiente de confiança onde as pessoas podem emitir suas opiniões sem serem
retaliadas.
Dessa maneira, o modelo de Barbieri e Álvares (2016) é representado por uma espécie
de duto, ao invés de um funil, conforme mostrado na Figura 14. As novas idéias que chegam
entram pela parte superior do duto; a secção transversal é ampla para representar uma grande
quantidade de idéias entrando.
O Modelo de inovação de Lobacz e Glodek (2015) para pequenas empresas pode ser
descrito em termos de três camadas de processo distintas, porém estritamente interconectadas,
conforme mostrado na Figura 15.
A primeira camada (mais baixa) do Modelo de Lobacz e Glodek poderia ser traduzida
no Modelo Indutor proposto pela sequência de dois Estágios representada pela Evolução –
Organização. O trabalho de Lobacz não deixa muito claro o tipo de recurso a que ele se refere,
81
A camada mais alta do Modelo de Lobacz e Glodek poderia ser traduzida no Modelo
Indutor proposto pela sequência de Estágios representada por Aprendizado (busca por
conhecimento tecnológico) – Transformação – Valor (inovação em produto).
4. CONCLUSÃO
Também conforme planejado inicialmente, foram utilizados dois exemplos práticos para
ilustrar a aplicação do Modelo indutor no meio empresarial. Os exemplos práticos juntamente
com a descrição de outros modelos de inovação analisados trouxeram conclusões e
contribuições importantes para a validação do Modelo Indutor proposto.
4.2. Síntese dos elementos trazidos dos casos para o Modelo Indutor
A aplicação do Modelo Indutor de Inovação nos dois casos práticos descritos permite
que se façam algumas reflexões.
Por outro lado, a aplicação do Modelo indutor na empresa Alpha foi feita analisando-se
um período curto de sua história – cerca de três anos. As próprias conclusões descritas no estudo
de caso mostram que a análise de períodos mais curtos de tempo torna mais factível e proveitosa
a aplicação do Modelo indutor, resultando em um plano de ação mais efetivo para intervenção
no processo de inovação da empresa.
Outra questão importante que pode ser levantada é com relação ao porte da empresa. No
caso da Dell, caso fosse necessário o planejamento de uma operação de intervenção no processo
de inovação da empresa após a aplicação do Modelo indutor, a mesma seria caracterizada por
um alto grau de complexidade. Ademais, seriam necessárias diversas ferramentas adicionais de
suporte ao plano de intervenção além do Modelo indutor. Isso em parte pode comprometer a
relevância e a efetividade do Modelo enquanto uma ferramenta de apoio a um plano de
intervenção no processo de inovação em empresas de grande porte. Já o estudo de caso da Alpha
demonstra que para empresas de pequeno e médio porte é grande a efetividade da aplicação do
Modelo indutor. Torna-se muito mais viável a associação dos Estágios do Modelo com
iniciativas, ações e departamentos envolvidos na operação do processo de inovação da empresa.
E isso torna mais factível o planejamento de um plano de intervenção no processo, com vistas
a melhorar o fluxo da inovação dentro da firma com impacto positivo em seu desempenho.
4.3. Conclusões
A inovação definitivamente não é fruto do acaso, mas sim fruto de uma decisão
consciente: uma iniciativa deliberada da alta direção da empresa, que envolve muita força de
vontade, um espírito empreendedor e a disposição de mobilizar todos os recursos necessários
dentro e fora da empresa para que o ciclo de inovação se inicie.
84
Outro aspecto importante revelado é que o fluxo de processos que representa a trajetória
evolutiva da inovação apresenta uma dinâmica de dois pólos, ora operando dentro da empresa,
ora operando fora da empresa. Quando ele está representado dentro da organização, isto aponta
para iniciativas e ações que operam internamente à empresa. São ações que envolvem a
mobilização ou transformação de recursos e competências dentro da organização. Quando o
processo de inovação se desdobra para fora da empresa, ele normalmente está associado a
iniciativas e ações que envolvem diretamente agentes externos, tais como outras organizações
parceiras, fornecedores, competidores ou clientes. E este processo é caracterizado por três
importantes Fases: a primeira representa um processo interno de aprendizado emergente; a
segunda Fase representa um processo externo de aprendizado por enraizamento relacional; e a
terceira Fase representa um processo interno de transformação de recursos e criação de valor.
Cada uma das três Fases descritas engloba três diferentes Estágios, perfazendo um total
de nove Estágios, que juntos foram o Modelo Indutor fruto do presente projeto de pesquisa.
Com relação à delimitação do uso do Modelo Indutor proposto, cabem aqui algumas
conclusões. No que tange ao porte das empresas, conclui-se que o Modelo é mais efetivo se
aplicado em empresas de pequeno e médio porte. No que tange ao intervalo de tempo de análise,
85
conclui-se que o Modelo possui mais efetividade e relevância se aplicado em duas condições:
a primeira delas é utilizá-lo para analisar curtos períodos da história da empresa; a segunda
condição é utilizar o Modelo para analisar especificamente a operação do processo de inovação
na firma associado a alguma iniciativa específica catalisadora – por exemplo o desejo de entrar
em um novo mercado, desenvolver uma nova plataforma tecnológica ou reagir a alguma
mudança no ambiente de negócios.
Outra conclusão importante é a de que o Modelo pode ser utilizado como um instrumento
indutor de um processo essencial de transformação na empresa. Este processo de transformação
é baseado na inovação, com um impacto claro e substancial no desempenho da empresa.
- Fazer uma análise clara e efetiva do ambiente de negócios onde ela está inserida.
- A própria estratégia inovadora deve evoluir ao longo do tempo, num processo contínuo
de experimentação, aprendizado e adaptação.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANSARI, S.; KROP, P. Incumbent performance in the face of a radical innovation: towards a
framework for incumbent challenger dynamics. Research Policy, v. 41, p. 1357-1374, April.
2012.
AUGIER, M.; TEECE, D. J. Dynamic capabilities and the role of managers in business
strategy and economic. Organization Science, v.20, n. 2, p. 410–421, 2009.
BREZNIK, L.; HISRICH, R. Dynamic capabilities vs. innovation capability: are they related?
Journal of Small Business and Enterprise Development, v. 21, n. 3, p. 368-384, Aug.
2014.
GUNDAY, G.; ULUSOY, G.; KILIC, K.; ALPKAN, L. Effects of innovation types on firm
performance. Int. Journal of Production Economics, v. 133, n. 2, p. 662-676, Oct. 2011.
HELFAT, C. E.; WINTER, S. G.; Untangling dynamic and operational capabilities: strategy
for the (n)ever-changing world. Strategic Management Journal, v. 32, n. 11, p. 1243-1250,
Nov. 2011.
JONG, M.; MARSTON, N.; ROTH, E. The 8 essentials of innovation. McKinsey Quarterly,
April. 2015.
OLIVEIRA, C.; CORREIA, A.; CABRAL, A.; DIAS, R. A inovação e o desempenho sob a
ótica da visão baseada em recursos: um estudo comparativo de sete empresas startups. In:
CONGRESSO DE GESTÃO DE TECNOLOGIA LATINO
IBEROAMERICANO ALTEC, 15, 2013, Porto. Anais [30 Out, Apresentação 41.4], 2013.
PENROSE, E. T. The theory of the growth of the firm. 3 ed. New York: Oxford University
Press, 1995.
PITELIS, C. N.; WAHL, M. W. Edith penrose: pioneer of stakeholder theory. Long Range
Planning, v. 31, n. 2, p. 252-261, April. 1998.
SONG, M.; IM, S.; VAN DER BIJ, H.; SONG, L. Does strategic planning enhance or impede
innovation and firm performance? Journal of Product Innovation Management, v. 28, n. 8,
p. 503-520, Jul. 2011.
TEECE, D.; PISANO, G.; SHUEN, A. Dynamic capabilities and strategic management.
Strategic Management Journal, v. 18, n.7, p. 509–533, Aug. 1997.
WANG, Z.; WANG, N. Knowledge sharing, innovation and firm performance. Expert
Systems with Applications, v. 39, n. 10, p. 8899-8908, Aug. 2012.
ZHENG, S.; ZHANG, W.; WU, X.; DU, J. Knowledge-based dynamic capabilities and
innovation in networked environments. Journal of Knowledge Management, v. 15, n. 6, p.
1035-1051, Jun. 2011.
FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO
1. 2. 3. 4.
CLASSIFICAÇÃO/TIPO DATA REGISTRO N° N° DE PÁGINAS
Modelo indutor de inovação para pequenas e médias empresas baseado em capacitações dinâmicas.
6.
AUTOR(ES):
12.
GRAU DE SIGILO: