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Data (páginas internas): 21 de agosto de
1996
ÍNDICE DE ASSUNTOS
Ampla Defesa
Apelação e Júri
Competência para Julgar Habeas Corpus
Controle Abstrato e Litisconsórcio
Crime Continuado e Prescrição
Crimes contra os Costumes: Representação
Efeito Suspensivo e Competência
Equiparação Inconstitucional
Fundamentação e Nulidade
Instrumento de Mandato na Queixa-Crime
Juiz Convocado
Legitimidade Ativa de Promotor
Lex Mitior: Retroatividade Benéfica
Ne Bis in Idem - I e II
Norma de Vigência Temporária e ADIn
Pertinência Temática
Presunção de Miserabilidade
Prevenção e Nulidade
Progressão de Regime
Traslado de Agravo
Vinculação ao Salário Mínimo
PLENÁRIO
Equiparação Inconstitucional
Declarada a inconstitucionalidade de norma da
Constituição do Estado de Rondônia que assegurava
aos delegados de polícia do Estado as mesmas
garantias, vedações, vencimentos e reajustes
concedidos aos membros do Ministério Público (art.
147, § 3º). Precedente citado: ADIn 171-MG (RTJ
153/361). ADIn 791-RO, rel. Min. Ilmar Galvão,
14.08.96.
Pertinência Temática
Por falta de pertinência temática, o Tribunal não
conheceu de ação direta ajuizada pela Associação dos
Delegados de Polícia do Brasil - ADEPOL contra leis
do Estado de Santa Catarina, na parte em que
impugnava a vinculação da remuneração paga a
policiais militares com a percebida pelos membros do
Ministério Público. Considerou-se que a referida
entidade de classe só estaria legitimada a pleitear a
declaração de inconstitucionalidade se a vinculação
houvesse fixado como paradigma a remuneração da
categoria de servidores por ela representada. ADIn
1.337-SC, rel. Min. Maurício Corrêa, 15.08.96.
PRIMEIRA TURMA
Ne Bis in Idem - I
Ao fundamento de que ninguém pode ser
processado mais de uma vez pelo mesmo fato, a Turma
deferiu habeas corpus impetrado contra decisão do
Tribunal de Alçada do Rio Grande do Sul que
condenara o paciente pelo crime de furto, a despeito de
haver sido reconhecida, em habeas corpus impetrado
anteriormente, a falta de justa causa para a persecução
penal. Em conseqüência, anulou-se a condenação e
determinou-se o trancamento da segunda ação penal.
HC 73.409-RS, rel. Min. Octavio Gallotti, 13.08.96.
Ne Bis in Idem - II
Se o seqüestro, além de haver sido cometido
por quadrilha ou bando, demorou mais de vinte e
quatro horas - verificando-se, portanto, duas das três
circunstâncias qualificadoras descritas no § 1º do art.
159 do CP -, a condenação de um dos agentes pela
prática desse delito em sua forma qualificada e pelo
crime de quadrilha ou bando (CP, art. 288) não
contraria o princípio ne bis in idem. Ou seja: o fato de
o crime de quadrilha ou bando constituir circunstância
qualificadora da extorsão mediante sequestro (CP, art.
159, § 1º) não impede a condenação do agente pelos
dois delitos, se subsiste, ao lado daquela, outra
qualificadora. HC 73.789-RJ, rel. Min. Octavio
Gallotti, 13.08.96.
Fundamentação e Nulidade
Se a falha da sentença relativamente à fixação
da pena foi corrigida pelo Tribunal no julgamento de
recursos de que afinal resultou, por diversa
fundamentação, idêntica quantidade de pena, não cabe
falar em nulidade da condenação. HC 74.020-RN, rel.
Min. Sydney Sanches, 13.08.96.
Apelação e Júri
Entendendo que a apelação contra decisão
proferida pelo Tribunal do Júri não devolve ao tribunal
ad quem senão a matéria nela veiculada, a Turma não
conheceu de habeas corpus que suscitava tema
estranho ao recurso julgado pelo órgão apontado como
coator, determinando sua remessa ao Tribunal de
Justiça do Estado. HC 74.067-RS, rel. Min. Octavio
Gallotti, 13.08.96.
Juiz Convocado
Não ofende o princípio do juiz natural (CF, art.
5º, LIII) a participação de juiz convocado no
julgamento de recurso por tribunal de segunda
instância, ainda que na qualidade de relator. Validade,
em conseqüência, da Lei Complementar 646/90 do
Estado de São Paulo, que criou o quadro de juízes
substitutos em segundo grau. Precedentes citados: HC
68905-SP (DJ de 15.05.92); HC 69601-SP (RTJ
143/962); HC 70103-SP (RTJ 148/773). HC 74.109-
SP, rel. Min. Celso de Mello, 13.08.96.
Ampla Defesa
Indeferido habeas corpus impetrado sob o
fundamento de encontrar-se o paciente sem advogado
ou defensor quando do julgamento da apelação. A
Turma entendeu que, não sendo obrigatório o
comparecimento do defensor àquele ato e não tendo
havido da parte do impetrante sequer a alegação de que
o tribunal tivesse conhecimento de que o advogado do
réu abandonara o patrocínio da causa, não seria de
declarar-se a nulidade da decisão impugnada, por
violação ao princípio da ampla defesa. HC 74.055-SP.
rel. Min. Octavio Gallotti, 13.08.96.
Traslado de Agravo
Rejeitados embargos declaratórios opostos pela
União a acórdão proferido no julgamento de recurso
extraordinário, ao fundamento de que a objeção neles
suscitada - falta da cópia da certidão de publicação da
decisão recorrida nos autos do agravo cujo provimento
ensejara a subida do recurso -, não poderia ser
examinada em sede de RE, especialmente quando a
tempestividade deste se acha devidamente
comprovada. Precedente citado: RE 183223-RS (EDcl)
(DJ de 17.11.95). RE 190.287-RS, rel. Min. Ilmar
Galvão, 13.08.96.
SEGUNDA TURMA
Prevenção e Nulidade
Se antes do julgamento das diversas apelações
interpostas pelos réus o órgão colegiado do tribunal a
que foram elas distribuídas conheceu e julgou, sob a
relatoria de mais de um dos seus juízes, pedidos de
habeas corpus formulados por vários desses réus, a
prevenção para a relatoria das apelações será de
qualquer daqueles juízes. Com base nesse
entendimento, e considerando ainda o fato de que a
nulidade, se estivesse configurada, seria relativa -
exigindo dos réus que a tivessem argüido logo após a
sua ocorrência (CPP, art. 571, VII e VIII) -, a Turma
indeferiu habeas corpus impetrado em favor de um
dos acusados. HC 73.556-SP, rel. Min. Maurício
Corrêa, 13.08.96.
Progressão de Regime
A inexistência de casa de albergado não
autoriza o deferimento da prisão domiciliar a
sentenciado cuja pena deva ser cumprida em regime
aberto. Caráter taxativo das hipóteses de cabimento da
prisão domiciliar enumeradas no art. 117 da Lei de
Execução Penal. HC 73.045-RS, rel. Min. Maurício
Corrêa, 13.08.96.
Presunção de Miserabilidade
Para os fins previstos no inciso I do § 1º do
art. 225 do CP (ação penal pública condicionada nos
crimes contra os costumes), presume-se verdadeira a
declaração de pobreza feita nos termos do art. 4º da
Lei 1.060/50 (“A parte gozará dos benefícios da
assistência judiciária, mediante simples afirmação na
própria petição inicial”), cabendo à defesa o ônus de
provar que a situação econômico-financeira da vítima
e de seus pais não corresponde à declarada. HC
74.041-MA, rel. Min. Marco Aurélio, 13.08.96.
C L I P P I N G DO D J
16 de agosto de 1996
HC N. 71382-3
RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Habeas Corpus.
- Esta Corte já firmou o
entendimento de que a apelação contra decisão do Júri
tem natureza restritiva, não devolvendo ao Tribunal
todo o conhecimento da causa (assim, dentre outros,
nos HC 71.872, 70.381, 68.878 e 68.109). (...)
HC N. 71697-1
RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
E M E N T A: HABEAS
CORPUS - RÉU PRIMÁRIO - PENA-BASE
ESTIPULADA EM LIMITE SUPERIOR AO
MÍNIMO LEGAL - NECESSIDADE DE
FUNDAMENTAÇÃO - CONCESSÃO DO SURSIS -
PERÍODO DE PROVA FIXADO ACIMA DO
MÍNIMO PREVISTO EM LEI -
IMPRESCINDIBILIDADE DE MOTIVAÇÃO DO
ATO DECISÓRIO - PEDIDO DEFERIDO.
- Nenhum condenado tem direito
público subjetivo à estipulação da pena-base em seu
grau mínimo. É lícito ao magistrado sentenciante,
desde que o faça em ato decisório adequadamente
motivado, proceder a uma especial exacerbação da
pena-base. Impõe-se, para esse efeito, que a decisão
judicial encontre suporte em elementos fáticos
concretizadores das circunstâncias judiciais
abstratamente referidas pelo art. 59 do C.P., sob pena
de o ato de condenação transformar-se numa
inaceitável e arbitrária manifestação de vontade do
magistrado aplicador da lei. Precedentes.
- Cumpre ao órgão judiciário
sentenciante, sempre que fixar o período de prova do
sursis acima do mínimo legal, proceder a uma
necessária e adequada fundamentação desse ato
decisório, sob pena de injusta coação ao status
libertatis do condenado (RTJ 135/686).
Jurisprudência e doutrina.
HC N. 72726-3
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: HABEAS CORPUS. EXPULSÃO
FUNDADA NA NOCIVIDADE DA PERMANÊNCIA
DO ESTRANGEIRO NO PAÍS. PEDIDO DE
REVOGAÇÃO. FILHO BRASILEIRO. LEI Nº
6.815/80, ART. 75, § 1º.
O fundamento ensejador do decreto de expulsão
do paciente foi a nocividade de sua permanência no
território nacional. A revogação desse ato
circunscreve-se ao juízo de conveniência do Presidente
da República.
Havendo o paciente demonstrado que tem filho
brasileiro, cujo reconhecimento da paternidade,
todavia, foi superveniente ao fato que motivou a
expulsão, não há impedimento legal à efetivação desta.
Precedentes da Corte.
Habeas corpus indeferido.
HC N. 73297-6
RELATOR: MIN. MAURICIO CORREA
EMENTA: "HABEAS CORPUS".
ESTELIONATO. ENTIDADE DE DIREITO
PÚBLICO. PENA: FIXAÇÃO ACIMA DO MÍNIMO
LEGAL: FUNDAMENTAÇÃO SATISFATÓRIA: RÉ
TECNICAMENTE PRIMÁRIA MAS COM MAUS
ANTECEDENTES. CRIME CONTINUADO:
AUSÊNCIA DE CONFIGURAÇÃO: INVOCAÇÃO
PREMATURA.
1. Embora tecnicamente primária, não podem
ser considerados bons os antecedentes registrados na
vida pregressa da paciente que responde a mais de
sessenta inquéritos policiais já instaurados e a mais de
vinte ações penais, oito das quais em grau de recurso
interposto pela defesa no próprio tribunal apontado
como coator.
2. A prática reiterada de delitos contra entidade
estatal, cometidos por servidora no exercício das
funções de chefia, com indicações de graves prejuízos
à previdência social, justifica a aplicação da pena
acima do mínimo legal, compatível com o preconizado
no art. 59 do Código Penal.
(...)
4. Pendentes de conclusão alguns inquéritos
policiais instaurados contra a ré e ainda não julgados
alguns recursos por ela interpostos das decisões
monocráticas, faz-se prematuro invocar-se a
configuração do crime continuado.
HC N. 73898-2
RELATOR: MIN. MAURICIO CORREA
EMENTA: "HABEAS-CORPUS. CRIME DE
TRÁFICO DE ENTORPECENTES. CONDENAÇÃO
EM SEGUNDA INSTÂNCIA: ALEGAÇÃO DE
FALTA DE JUSTA CAUSA; NULIDADES.
1. Justa causa: a condenação tem outros
fundamentos suficientes, além da confissão perante a
autoridade policial e depois retratada em juízo, com
alegação de que houve coação.
2. O Estado não tem o dever de manter
advogados nas repartições policiais para assistir
interrogatórios de presos; a Constituição assegura,
apenas, o direito de o preso ser assistido por advogado
na fase policial.
3. Não ocorre, no caso, a hipótese de flagrante
preparado, mas a de esperado; não tem aplicação a
Súmula 145 porque o art. 12 da Lei de Tóxicos prevê
diversos tipos penais, entre eles a posse da substância
entorpecente, suficiente para consumar o crime de
tráfico, sendo irrelevante que a sua venda tenha se
consumado ou não.
4. Nulidades ocorridas durante o inquérito
policial não contaminam o processo penal, eis que
após a prolação da sentença condenatória, esta é que
deve ser atacada por eventuais nulidades.
5. "Habeas-corpus" conhecido, mas indeferido.
Acórdãos publicados: 47
T R A N S C R I Ç Õ E
S
É o relatório.
Examinemos o recurso.
II
III
IV