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Brasília, 11 a 14 de novembro de 1996 - Nº

53
Data (páginas internas): 20 de novembro de
1996

Este Informativo, elaborado pela


Assessoria da Presidência do STF a partir de
notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não-
oficiais de decisões proferidas na semana pelo
Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao
conteúdo efetivo das decisões, embora seja
uma das metas perseguidas neste trabalho,
somente poderá ser aferida após a sua
publicação no Diário da Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Assistente de Acusação: Intervenção em HC
Autonomia Universitária
Conflito entre Fundamentação e Dispositivo
Contribuição Social e Agro-Indústria
Controle Difuso de Constitucionalidade
Depositário Infiel
Escala Progressiva de Adicionais
Nulidade: Alegação Extemporânea
Prisão de Militar e Perda da Graduação
Reforma Agrária: Notificação Prévia
Revisão Geral da Remuneração
Seqüestro e Cárcere Privado
Soldo e Salário Mínimo
Supressão de Instância
Vício de Iniciativa e Usurpação de Poder

PLENÁRIO
Soldo e Salário Mínimo
Iniciado julgamento de recurso extraordinário em
que se discute sobre a validade de dispositivo da
Constituição do Estado do Rio Grande do Sul que
assegura aos servidores militares locais soldo nunca
inferior ao salário-mínimo. Em seu voto, o Min. Ilmar
Galvão, relator, declara a inconstitucionalidade da
norma estadual, ao fundamento de que, sendo embora
lícito aos Estados estabelecer um piso para a
remuneração de seus servidores militares uma vez que
a CF, conquanto não estenda a esses servidores a
garantia do salário mínimo (art. 42, § 11), não proíbe
tal extensão , isso somente poderia ser feito por
iniciativa do chefe do Poder Executivo, sob pena de
violação ao art. 61, § 1º, II, a e c, da CF. O julgamento
foi suspenso por pedido de vista do Min. Maurício
Corrêa. RE 198.982-RS, rel. Min. Ilmar Galvão,
11.11.96.

Controle Difuso de Constitucionalidade


O tribunal competente para o julgamento da
representação de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo estadual ou municipal em face da
Constituição estadual (CF, art. 125, § 2º) não está
impedido de examinar, no exercício dessa
competência, argüição incidente de
inconstitucionalidade formulada em face da CF, como
questão prejudicial ao julgamento da representação.
Com base nesse entendimento, o Tribunal julgou
improcedente reclamação ajuizada pelo Município de
Indaiatuba-SP contra decisão do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo que rejeitara argüição de
inconstitucionalidade da norma de parâmetro da
Constituição local invocada na representação ajuizada
contra lei desse município. Rcl 526-SP, rel. Min.
Moreira Alves, 11.11.96.

Conflito entre Fundamentação e Dispositivo


Verificando-se em decisão judicial transitada em
julgado a existência de conflito insuperável entre a
fundamentação e o dispositivo, o conteúdo deste
prevalece sobre o daquela. Com base nesse
entendimento, o Tribunal, após conhecer de
reclamação ajuizada com o fim de preservar a
autoridade do acórdão proferido no julgamento ADIn
598-TO, julgou-a procedente, por maioria, para anular
atos e decisões dos Poderes Executivo e Judiciário do
Estado do Tocantins praticados em desconformidade
com o disposto na ata do referido julgamento.
Vencidos os Ministros Carlos Velloso e Néri da
Silveira, ao fundamento de que os atos impugnados
não desafiaram a autoridade da decisão tomada na
ADIn 598-TO, cuja extensão deve ser aferida à luz dos
votos então proferidos. Precedentes citados (quanto ao
cabimento da reclamação): Rcl 399- (DJ de 24.03.95);
Rcl 385-MA (RTJ 146/416); Rcl 397-RJ (RTJ 147/31).
Rcl 556-TO, rel. Min. Maurício Corrêa, 11.11.96.

Contribuição Social e Agro-Indústria - 1


Iniciado julgamento de ação direta ajuizada pela
Confederação Nacional da Indústria contra a norma do
§ 2º do art. 25 da Lei 8870/94, que equipara ao
faturamento, para efeito de incidência de contribuição
previdenciária a cargo das agro-indústrias, a
transferência, para o setor industrial da empresa, dos
produtos originários de seu setor agrícola. Após os
votos do Min. Néri da Silveira, julgando improcedente
a ação, e dos Ministros Maurício Corrêa, Francisco
Rezek, Marco Aurélio e Carlos Velloso, declarando a
inconstitucionalidade do citado dispositivo, o
julgamento foi suspenso em virtude de pedido de vista
do Min. Ilmar Galvão.

Contribuição Social e Agro-Indústria - 2


Definiram-se até o momento duas posições: a do
relator, considerando válida a equiparação entre
transferência e faturamento e, conseqüentemente,
inaplicável à hipótese a regra do § 4º do art. 195 da CF
que admite a criação de “outras fontes destinadas a
garantir a manutenção ou expansão da seguridade
social”, mas impõe, nesse caso, a observância do
disposto no art. 154, I, da CF (“A União poderá
instituir: I - mediante lei complementar, impostos não
previstos no artigo anterior, desde que sejam não-
cumulativos e não tenham fato gerador ou base de
cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição;”); e a dos demais Ministros, julgando
tratar-se de nova espécie tributária uma vez que a
referida transferência não podia ser equiparada a
“faturamento” (que pressupõe operação de compra e
venda), e nem se cuida na espécie de contribuição
sobre a folha de salário e o lucro , e acolhendo, à vista
disso, a alegação de contrariedade ao mencionado § 4º
do art. 195. ADIn 1.103-UF, rel. Min. Néri da Silveira,
13.11.96.

Reforma Agrária: Notificação Prévia


A notificação a que alude o § 2º do art. 2º da Lei
8629/93 (“Para fins deste artigo, fica a União,
através do órgão federal competente, autorizada a
ingressar no imóvel de propriedade particular, para
levantamento de dados e informações, com prévia
notificação.”) deve ser feita diretamente ao
proprietário do imóvel ou a seu representante legal,
sob pena de violação ao art. 5º, LV, da CF (“aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e
recursos a elas inerentes;”). Com esse fundamento, o
Tribunal deferiu segurança impetrada contra decreto
do Presidente da República que declarara de interesse
social para fins de reforma agrária imóvel rural de
propriedade do impetrante, por considerar inválida a
notificação a este remetida por via postal e recebida,
conforme A.R., por terceiro sem poderes de
representação (porteiro de edifício). Precedentes
citados: MS 22164-SP (DJ de 17.11.95); MS 22165-
MG (DJ de 07.12.95). MS 22.320-SP, rel. Min.
Moreira Alves, 11.11.96.

Autonomia Universitária
Concluindo o julgamento de recurso ordinário
em mandado de segurança no qual se discutia, à luz do
princípio da autonomia universitária (CF, art. 207) e do
direito adquirido, sobre a possibilidade de ser
determinado pelo poder público o fechamento de curso
superior, o Tribunal decidiu, por unanimidade,
confirmar a decisão indeferitória do writ. Tratava-se de
segurança impetrada perante o STJ por universidade
particular contra portaria do Ministro da Educação que
determinara o fechamento de curso de odontologia
criado sem autorização do Presidente da República e,
portanto, em desconformidade com o Decreto 359/91.
RMS 22.111-DF, rel. Min. Sydney Sanches, 10.04.96.

Revisão Geral da Remuneração


Na ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral da
República contra lei do Estado da Bahia que,
disciplinando o regime de trabalho dos professores
integrantes da Carreira do Magistério Superior,
modifica o enquadramento e a remuneração dos
docentes com jornada superior a quarenta horas
semanais, assegurando-lhes, no entanto, a manutenção,
como vantagem pessoal “fixa e irreajustável, a ser
absorvida em futuros aumentos”, da parcela que
exceder o padrão de vencimentos ou salário básico por
eles percebido, o Tribunal declarou a
inconstitucionalidade da expressão sublinhada, “com a
intepretação de que da inconstitucionalidade
declarada não resulta obrigatória a extensão à
vantagem pessoal em causa de eventuais aumentos
reais da remuneração do exercício de cargo em regime
de dedicação exclusiva, mas apenas dos reajustes
gerais objeto do art. 37, X, da Constituição Federal”.
Entendeu-se, em resumo, que o valor correspondente a
vantagem remuneratória extinta por lei, embora possa
ser excluído de futuros aumentos sem ofensa ao direito
adquirido do servidor ou ao princípio da
irredutibilidade de vencimentos, sujeita-se à revisão
geral prevista no art. 37, X, da CF. ADIn 938-BA, rel.
Min. Octavio Gallotti, 11.11.96.

Vício de Iniciativa e Usurpação de Poder


Declarada a inconstitucionalidade dos artigos 18 e
25 da Lei 159/91 do Distrito Federal. Em relação ao
primeiro dispositivo resultante de emenda parlamentar
versando matéria estranha ao projeto de iniciativa do
Poder Executivo , o Tribunal acolheu a alegação de
ofensa ao art. 61, § 1º, II, a e c, da CF, por entender
que o legislador local se aproveitara indevidamente do
projeto governamental para contornar o obstáculo da
reserva de iniciativa prevista no citado art. 61, § 1º.
Quanto ao segundo que impunha ao Poder Executivo
o dever de submeter à Câmara Legislativa, no prazo de
45 dias, projeto de lei reformulando tabelas de
remuneração de diversas carreiras do serviço público ,
afirmou-se, também com base no § 1º do art. 61 da CF,
a impossibilidade de o Legislativo fixar prazo para o
exercício do poder de iniciativa do Chefe do
Executivo. Precedentes citados (a propósito da
observância pelos Estados do art. 61, § 1º, da CF):
ADIn 774-RS (DJ de 05.08.94); ADIn 805-RS (RTJ
152/71); ADIn 822-RS (RTJ 150/482); ADIn 873-RS
(RTJ 148/701). ADIn 645-DF, rel. Min. Ilmar Galvão,
11.11.96.

PRIMEIRA TURMA
Prisão de Militar e Perda da Graduação
O militar condenado a pena restritiva de liberdade
tem direito a permanecer preso em estabelecimento
militar, enquanto não for excluído da força pública
através do procedimento específico previsto no art.
125, § 4º, da CF. Aplicação do disposto no art. 71, § 3º,
do Estatuto da Polícia Militar do Estado do Rio de
Janeiro, que encerra preceito equivalente ao da alínea
c do art. 73, par. único, da Lei 6880/80 (“São
prerrogativas dos militares: c) cumprimento de pena
de prisão ou detenção somente em organização militar
da respectiva Força cujo comandante, chefe ou diretor
tenha precedência hierárquica sobre o preso,...”) Com
esse fundamento, a Turma deferiu habeas corpus
impetrado em favor de militar condenado por
homicídio qualificado a 12 anos de reclusão, mas ainda
não submetido ao citado procedimento, contra acórdão
do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro que
determinara a sua transferência para o sistema
penitenciário estadual. Precedentes citados: HC 72785-
PB (DJ de 08.03.96); RE 121533-MG (RTJ 133/1342).
HC 74.575-RJ, rel. Min. Sydney Sanches, 12.11.96.

Escala Progressiva de Adicionais


A Lei 6628/89, do Estado de São Paulo que
revogou a escala progressiva de adicionais por tempo
de serviço adotada pela legislação anterior (5%,
10,25%, 15,76%, 21,55% e assim por diante até
47,75%, conforme o número de quinqüênios
completados pelo servidor) aplica-se retroativamente
para limitar ao percentual nela fixado (5% por
quinquênio de serviço) os adicionais adquiridos pelos
servidores antes do início de sua vigência, nos termos
do art. 17 do ADCT (“Os vencimentos, a
remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como
os proventos de aposentadoria que estejam sendo
percebidos em desacordo com a Constituição serão
imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes,
não se admitindo , neste caso, invocação de direito
adquirido ou percepção de excesso a qualquer
título.”). Com esse entendimento, a Turma confirmou
decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
que julgara improcedente ação ajuizada por servidores
públicos locais contra a aplicação da citada lei às
situações constituídas sob a vigência da legislação por
ela revogada. RE 172.614-SP, rel. Min. Ilmar Galvão,
12.11.96.

Depositário Infiel
Dando provimento a recurso extraordinário
interposto pelo Ministério Público Federal, a Turma
cassou decisão do STJ que, afirmando a diversidade
entre a condição jurídica do devedor na alienação
fiduciária e a do depositário, concedera habeas corpus
para afastar a prisão civil do paciente decretada em
ação de busca e apreensão convertida em ação de
depósito. Precedente citado: HC 72131-RJ (Pleno,
23.11.95; v. Informativo nº 14). RE 206.086-SP, rel.
Min. Ilmar Galvão, 12.11.96.

SEGUNDA TURMA
Assistente de Acusação: Intervenção em HC
À falta de previsão legal, não se admite a
intervenção do assistente de acusação no habeas
corpus, processo no qual o próprio Ministério Público
não atua como órgão acusador, mas como fiscal da lei.
Com base nesse entendimento, a Turma confirmou
despacho que não conhecera de pedido de cassação de
liminar concedida em habeas corpus formulado pelo
assistente de acusação. Precedente citado: HC 72710-
MG (DJ de 27.10.95). HC 74.203-DF (AgRg), rel.
Min. Marco Aurélio, 12.11.96.

Supressão de Instância
Anulado acórdão do STJ que, em julgamento de
recurso especial fundado na alegação de negativa de
vigência aos incisos I e II do art. 535 do CPC
(hipóteses de cabimento de embargos declaratórios),
não apenas entendeu cabíveis os embargos
declaratórios que o tribunal a quo rejeitara, como
julgou desde logo o seu mérito. Por maioria de votos, a
Turma, entendendo que essa decisão suprimira uma
instância ao resolver a matéria suscitada nos embargos,
deu provimento ao recurso extraordinário contra ela
interposto com base nos incisos LIV e LV do art. 5º da
CF (ofensa aos princípios do devido processo legal,
contraditório e ampla defesa). Vencidos os Ministros
Marco Aurélio e Carlos Velloso que não conheciam do
recurso por falta de prequestionamento. RE 190.104-
RJ, rel. Min. Néri da Silveira, 12.11.96.

Seqüestro e Cárcere Privado


Não configura o crime de privação de liberdade
mediante seqüestro ou cárcere privado (CP, art. 148) a
retenção da vítima no interior do veículo roubado, por
determinado período de tempo, com o fim de impedir a
notícia imediata do delito. Habeas corpus deferido
para excluir da condenação imposta pelo Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo a pena relativa ao
crime de seqüestro e cárcere privado, mantida a
condenação por crime de roubo qualificado. HC
74.594-SP, rel. Min. Marco Aurélio, 12.11.96.

Nulidade: Alegação Extemporânea


As nulidades relativas ao julgamento em que se
anula a sentença absolutória e se submete o acusado a
novo júri devem ser argüidas antes desse novo
julgamento, sob pena de ficarem superadas. Com base
nesse fundamento e contra o parecer do Ministério
Público Federal , a Turma indeferiu pedido de habeas
corpus impetrado sob a alegação de que o defensor
público encarregado da defesa do paciente não fora
pessoalmente intimado do acórdão que, havendo
anulado o primeiro veredicto, ordenara a sujeição do
réu a novo julgamento pelo do Tribunal do Júri.
Precedentes citados: HC 69080-PE (RTJ 143/147);
RHC 58341-PB (RTJ 97/199); HC 65782-RJ (DJ de
16.09.88); HC 71370-RJ (DJ de 02.02.96). HC 74.418-
PE, rel. Min. Maurício Corrêa, 12.11.96.

P R E C E D E N T E S
citados

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 22.164-SP


RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EMENTA: (...)
- O postulado constitucional do due process of law, em sua
destinação jurídica, também está vocacionado à proteção da
propriedade. Ninguém será privado de seus bens sem o devido
processo legal (CF, art.5º, LIV). A União Federal - mesmo tratando-
se de execução e implementação do programa de reforma agrária -
não está dispensada da obrigação de respeitar, no desempenho de sua
atividade de expropriação, por interesse social, os princípios
constitucionais que, em tema de propriedade, protegem as pessoas
contra a eventual expansão arbitrária do poder estatal. A cláusula de
garantia dominial que emerge do sistema consagrado pela
Constituição da República tem por objetivo impedir o injusto
sacrifício do direito de propriedade.
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E VISTORIA
EFETUADA PELO INCRA.
A vistoria efetivada com fundamento no art. 2º, § 2º , da Lei nº
8.629/93 tem por finalidade específica viabilizar o levantamento
técnico de dados e informações sobre o imóvel rural, permitindo à
União Federal - que atua por intermédio do INCRA - constatar se a
propriedade realiza, ou não, a função social que lhe é inerente.
O ordenamento positivo determina que essa vistoria seja
precedida de notificação regular ao proprietário, em face da
possibilidade de o imóvel rural que lhe pertence - quando este não
estiver cumprindo a sua função social - vir a constituir objeto de
declaração expropriatória, para fins de reforma agrária.
NOTIFICACAO PRÉVIA E PESSOAL DA VISTORIA.
A notificação a que se refere o art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.629/93,
para que se repute válida e possa conseqüentemente legitimar
eventual declaração expropriatória para fins de reforma agrária, há
de ser efetivada em momento anterior ao da realização da vistoria.
Essa notificação prévia somente considerar-se-á regular, quando
comprovadamente realizada na pessoa do proprietário do imóvel
rural, ou quando efetivada mediante carta com aviso de recepção
firmado por seu destinatário ou por aquele que disponha de poderes
para receber a comunicação postal em nome do proprietário rural,
ou, ainda, quando procedida na pessoa de representante legal ou de
procurador regularmente constituído pelo dominus.
O descumprimento dessa formalidade essencial, ditada pela
necessidade de garantir ao proprietário a observância da cláusula
constitucional do devido processo legal., importa em vício radical,
que configura defeito insuperável, apto a projetar-se sobre todas as
fases subseqüentes do procedimento de expropriação,
contaminando-as, por efeito de repercussão causal, de maneira
irremissível, gerando, em conseqüência, por ausência de base
jurídica idônea, a própria invalidação do decreto presidencial
consubstanciador de declaração expropriatória.
(...)

RECLAMAÇÃO Nº 399-PE
RELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: RECLAMAÇÃO: HIPÓTESE DE
ADMISSIBILIDADE E PROCÊDENCIA PARA SALVAGUARDA
DA AUTORIDADE DE DECISÃO CAUTELAR OU DEFINITIVA
EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
A jurisprudência do Supremo Tribunal admite reclamação
para assegurar a autoridade de suas decisões positivas em ação direta
de inconstitucionalidade, quando o mesmo órgão de que emanara a
norma declarada inconstitucional persiste na prática de atos
concretos que lhe pressuporiam a validade (cf. Recls. 389, 390 e
393).
No caso, dado que a medida cautelar na ação direta tem
eficácia ex nunc, o seu deferimento não afetou a do ato concreto
anterior, em relação ao qual não se conheceu da ação direta: da
decisão liminar para frente, no entanto, o efeito útil da suspensão
cautelar da resolução impugnada foi precisamente o de impedir que
se continuassem a praticar atos concretos derivados do seu conteúdo
normativo.

ADIn 822-RS
RELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Processo legislativo: tendência da jurisprudência do
STF no sentido de observância compulsória pelos Estados membros
das linhas básicas do modelo federal do processo legislativo, em
particular, as que dizem com as hipóteses de iniciativa reservada e
com os limites do poder de emenda parlamentar: conseqüente
deferimento de medida cautelar suspensiva de vigência de
dispositivos legais estaduais oriundos de emendas parlamentares a
projeto do executivo que implicaram aumento da despesa proposta,
na linha de precedentes (ADIns 766 e 774).

HABEAS CORPUS Nº 72.785-PB


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Habeas corpus. Praça da Polícia Militar do Estado
da Paraíba. Condenação a pena de doze anos de reclusão, em regime
fechado, como incurso no art. 205, § 2º, incisos I e IV, do Código
Penal Militar. Recolhimento a presídio civil para cumprimento da
pena. 2. Constituição Federal, art. 125, § 4º, “in fine”. Perda de
Graduação das praças: subordina-se à decisão do tribunal
competente, mediante procedimento específico, não subsistindo, em
conseqüência, em relação aos graduados, o art. 102 do CPM, que a
impunha como pena acessória da condenação criminal a prisão
superior a dois anos. Trata-se de garantia constitucional. 3. Em
decorrência disso, enquanto não excluído da força pública, não pode
o graduado, embora a condenação, ser recolhido a presídio civil para
cumprimento da pena. Lei nº 6880/1980, art. 73, parágrafo único,
alínea “c”, aplicável à espécie, não obstante omisso o Estatuto da
Polícia Militar do Estado. 4. Habeas corpus deferido, a fim de que o
paciente não seja recolhido ao Presídio do Roger, em João Pessoa,
para cumprimento da pena imposta, enquanto não for excluído da
força pública do Estado, na forma de direito, devendo, entretanto,
permanecer recolhido ao xadrez do 1º BPM, a disposição da
autoridade judiciária competente.

HABEAS CORPUS Nº 72.719-MG


RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - Direito Penal e Processual Penal. "Habeas Corpus".
Intervenção de Assistente de Acusação. Sustentação oral.
Inadmissibilidade. (...)
1. No processo de "Habeas Corpus" não é admissível a
intervenção do Assistente da Acusação, mesmo que este haja
sido admitido no processo da ação penal pública condenatória. Pela
mesma razão não tem direito a sustentar oralmente suas razões
contrárias à concessão do "writ".
Precedentes. (...)

HABEAS CORPUS Nº 69.089-PE


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: "Habeas Corpus". Júri. Absolvido o réu, no
primeiro julgamento pelo Júri, o Tribunal de Justiça proveu apelação
do M.P. e determinou fosse o acusado submetido a novo
julgamento, do qual resultou a condenação do paciente à pena de
sete anos de reclusão, como incurso no art. 121, § 2º, IV, do Código
Penal. "Habeas Corpus" impetrado para anular o acórdão que
determinou o segundo julgamento. Se o aresto houvesse violado
a norma do art. 593, § 3º, III, letra "d", do CPP, a nulidade do
julgamento da apelação haveria de ser argüida, antes da nova
decisão soberana do Júri. Código de Processo Penal, art. 571,
VIII. Não é admissível deixe o réu transitar em julgado o
acórdão, que ordena o novo julgamento, para somente após a
manifestação desfavorável do Júri, no segundo julgamento, vir
alegar que este não podia ter acontecido, pleiteando, em
conseqüência, prevaleça a primeira decisão absolutória do tribunal
popular. "Habeas Corpus" indeferido.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 13.11.96 11 e 14.11.96 33


1ª Turma 12.11.96 ------ 124
2ª Turma 12.11.96 ------ 96

CLIPPING DO DJ
14 de novembro de 1996

ADIn N. 1481-1 - medida liminar


RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
SUBSTITUIÇÃO - DESEMBARGADOR. Exsurge a relevância
do pedido de concessão de liminar, no que o Regimento Interno da
Corte reserva ao desembargador, que pretenda afastar-se do ofício
judicante, em gozo de licença, a indicação do substituto, pouco
importando que o nome seja submetido ao crivo do Colegiado. O
risco de manter-se a norma com plena eficácia decorre da
circunstância de se ter convocações ao arrepio da disciplina própria,
revelada pelo artigo 118 da Lei de Organização da Magistratura
Nacional, com a redação decorrente da Lei Complementar nº 54/86,
em que prevista a livre atuação do Colegiado, sem estar jungido a
nome da preferência do desembargador substituído. O preceito
encerra a escolha e não a simples aprovação do nome.

ADIn N. 1502-8 - medida liminar


RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. CONVÊNIOS ICM Nº 46/89 E
ICMS Nº 38/89 (PARÁGRAFO ÚNICO DAS RESPECTIVAS
CLÁUSULAS SEGUNDAS), QUE ESTARIAM A IMPEDIR O
PRESTADOR DE SERVIÇO DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO
DE UTILIZAR CRÉDITOS FISCAIS RELATIVOS A ENTRADAS
TRIBUTADAS, COM OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA
ISONOMIA, DA NÃO-CUMULATIVIDADE E DA
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA ESTADUAL. REQUERIMENTO
DE CAUTELAR.
Dispositivo que, ao revés, se limita a estabelecer compensação
automática para a redução da carga tributária operada por efeito da
cláusula anterior, como parte do sistema simplificado de
contabilização e cálculo do tributo incidente sobre as operações sob
enfoque, constituindo, por isso, parte do sistema idealizado e posto à
livre opção do contribuinte.
Assim, eventual suspensão de sua vigência, valeria pela
conversão do referido sistema em simples incentivo fiscal não
objetivado pelos diplomas normativos sob enfoque , transformado,
por esse modo, o Supremo Tribunal Federal em legislador positivo,
papel que lhe é vedado desempenhar nas ações da espécie.
Conclusão que desveste de qualquer plausibilidade os
fundamentos da inicial.
Cautelar indeferida.
HABEAS CORPUS N. 70576-6
RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Habeas Corpus. Homicídio. Júri.
Desaforamento. 2. Desaforamento diretamente para a comarca da
Capital do Estado, sem justificativa quanto à exclusão das
comarcas mais próximas do distrito da culpa. 3. Orientação da
jurisprudência do STF sobre a matéria. 4. Precedentes. 5. Não cabe,
desde logo, se necessário o desaforamento, fazê-lo diretamente
para a comarca da Capital do Estado, se existem outras comarcas
mais próximas do distrito da culpa, onde não subsistem os
motivos do desaforamento. 6. Habeas corpus deferido, em parte,
para cassar o acórdão que desaforou o feito diretamente para a
comarca da Capital, sem justificar os motivos da exclusão das
comarcas mais próximas, devendo o Tribunal de Justiça indicar
comarca mais próxima do distrito da culpa, ou apontar os motivos de
exclusão de todas as que se encontram nessa situação; somente,
aí, será possível designar a comarca da Capital.

HABEAS CORPUS N. 71303-3


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA *
EMENTA: - Habeas corpus. 2. Progressão do regime
fechado de cumprimento da pena para o regime semi-aberto. 3.
Paciente condenado a 60 anos, 3 meses e 16 dias de reclusão, pelos
crimes previstos no art. 157, § 2º (22 vezes), no art. 129 (2 vezes) e
no art. 155, § 4º, todos do Código Penal. 4. Código Penal, art. 33, §
2º, e Lei nº 7210/1984, art. 112, in fine. 5. Hipótese em que está
satisfeito o pressuposto objetivo referente ao cumprimento de um
sexto da pena total a que condenado o paciente. 6. A sentença e o
acórdão afirmaram, porém, a falta de comprovação atualizada
quanto ao preenchimento dos requisitos subjetivos à concessão do
benefício pretendido pelo paciente, "diante do longo período de pena
a ser cumprida e das infrações já cometidas no cárcere." 7. Em
princípio, não cabe decidir, em habeas corpus, desde logo, sobre
progressão de regime de cumprimento de pena, pois depende de
prova complexa a ser apreciada no juízo das execuções criminais. 8.
O acórdão, no caso, teve como "prematuro" o exame criminológico
realizado no paciente, com conclusões favoráveis à progressão. 9.
Sem contraditar, em habeas corpus, essa matéria, porque importaria
reapreciar os termos do laudo respectivo e a posição do acórdão que
o interpretou, é, entretanto, aqui, viável reconhecer que a progressão
ao regime semi-aberto não pode, desde logo, ser negada ao paciente.
Se o acórdão teve como não definitivas as conclusões do exame
criminológico, pelo tempo já decorrido desde sua realização, cumpre
se garanta ao paciente, que já satisfez amplamente o requisito
objetivo, o direito de submeter-se a novo exame criminológico para
a verificação atualizada dos pressupostos subjetivos à progressão do
regime prisional. 10. Deferido, em parte, o habeas corpus, para
determinar seja o paciente submetido a novo exame criminológico a
fim de verificar o atendimento atual dos requisitos subjetivos à
progressão do regime fechado ao semi-aberto.

* Relator originário, Min. Marco Aurélio

HABEAS CORPUS N. 72992-4


RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EMENTA: HABEAS CORPUS - CASO "ABÍLIO DINIZ" -
(...)
- Os sentenciados têm direito público subjetivo à fundamentação
individualizadora das penas que venham a sofrer por efeito de
condenação criminal.
- Satisfaz integralmente a exigência constitucional de motivação dos
atos decisórios a condenação penal, que, ao optar pelo limite
máximo das penas impostas, expõe os elementos de fato em que se
apoiou o juízo de especial exacerbação da pena, explicitando dados
da realidade objetiva aos quais se conferiu, com extrema
adequação, a pertinente valoração judicial procedida com estrita
observância dos parâmetros fixados pelo ordenamento positivo. (...)
- O crime de quadrilha constitui modalidade delituosa que ofende a
paz pública. A configuração típica do delito de quadrilha ou bando
deriva da conjugação dos seguintes elementos caracterizadores : (a)
concurso necessário de pelo menos quatro (4) pessoas (RT 582/348 -
RT 565/406), (b) finalidade específica dos agentes voltada ao
cometimento de delitos (RTJ 102/614 - RT 600/383) e (c) exigência
de estabilidade e de permanência da associação criminosa (RT
580/328 - RT 588/323 - RT 615/272).
- A existência de motivação política subjacente ao comportamento
delituoso dos agentes não descaracteriza o elemento subjetivo do
tipo consubstanciado no art. 288 do CP, eis que, para a configuração
do delito de quadrilha, basta a vontade de associação criminosa -
manifestada por mais de três pessoas -, dirigida à prática de delitos
indeterminados, sejam estes, ou não, da mesma espécie.
- O crime de quadrilha é juridicamente independente daqueles que
venham a ser praticados pelos agentes reunidos na societas
delinquentium (RTJ 88/468). O delito de quadrilha subsiste
autonomamente, ainda que os crimes para os quais foi organizado o
bando sequer venham a ser cometidos.
- Os membros da quadrilha que praticarem a infração penal para cuja
execução foi o bando constituído expõem-se, nos termos do art. 69
do Código Penal, em virtude do cometimento desse outro ilícito
criminal, à regra do cúmulo material pelo concurso de crimes (RTJ
104/104 - RTJ 128/325 - RT 505/352). (...)
- A utilização de arma por qualquer membro da quadrilha constitui
elemento evidenciador da maior periculosidade do bando, expondo
todos que o integram à causa especial de aumento de pena prevista
no art. 288, parágrafo único, do Código Penal. Para efeito de
configuração do delito de quadrilha armada, basta que um só de
seus integrantes esteja a portar armas. (...)

HABEAS CORPUS N. 73729-3


RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
(...)
CITAÇÃO - EDITAL - RÉU PRESO. Uma vez constatado
que o réu encontrava-se sob a custódia do Estado, impõe-se a
declaração de nulidade do processo. O interrogatório procedido após
o decreto condenatório não afasta a pecha. Há de viabilizar-se a
ciência da ação penal ao Réu, portanto, o acompanhamento
pertinente, oportunizando-se a prática dos atos alusivos à defesa.

HABEAS CORPUS N. 73912-1


RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: "Habeas Corpus".
- Se se admite a intervenção do querelante em "habeas corpus"
impetrado em favor do querelado, com mais razão é de admitir-se a
intervenção da autora em ação de alimentos em "habeas corpus"
para dar efeito suspensivo a recurso contra a decretação de prisão
civil, com relação à qual não há sequer pretensão punitiva, uma vez
que é ela meio indireto de coerção para a execução da decisão
judicial na qual a referida autora é exequente. Precedente o S.T.F.
- Em "habeas corpus" substitutivo de recurso ordinário - como foi o
impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça -, o que se ataca é o
acórdão prolatado, em "habeas corpus" originário, pelo Tribunal
inferior, uma vez que esse "writ" faz as vezes do recurso ordinário,
e, portanto, tem o mesmo objeto que este teria. Nessa hipótese, não
cabe, evidentemente, àquela Corte Superior julgar o "habeas corpus"
substitutivo como se fosse "habeas corpus" originário, para cujo
julgamento o Tribunal competente é o inferior e não ela.
- O "habeas corpus", por não poderem questões controvertidas ser
decididas em seu âmbito estrito, não é o meio processual próprio
para discutir as condições, ou não, do paciente para satisfazer a
execução, nem, ainda, a necessidade da alimentanda.
"Habeas corpus" indeferido, determinando-se a restituição ao
Superior Tribunal de Justiça dos autos do HC 4.304 que se
encontram apensados.

HABEAS CORPUS N. 73992-0


RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: (...)
1. É satisfatória a fundamentação da pena, se, não só no tópico a
isso destinada na sentença, mas, também, ao longo desta, são
indicadas as circunstâncias legais e judiciais que a justificam.
Precedentes.
2. Nulidade inexistente.
3. "Habeas Corpus" indeferido.

HABEAS CORPUS N. 74126-6


RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
(...)
ESTELIONATO - BENEFÍCIO - TERCEIRO. O fato de a
fraude ser perpetrada visando a beneficiar terceiro não afasta a
tipicidade prevista no artigo 171 do Código Penal.
ESTELIONATO - BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO -
FUNRURAL - DEFICIENTES. Longe fica de descaracterizar o
crime de estelionato o preenchimento de folha de informações, com
dados falsos, objetivando favorecer deficientes físicos. Em Direito, o
meio justifica o fim, mas não este aquele. (...)

HABEAS CORPUS N. 74215-7


RELATOR: MIN. MAURICIO CORREA
EMENTA: "HABEAS CORPUS". ESTUPRO. VÍTIMA
MENOR DE 14 (CATORZE) ANOS. PRESUNÇÃO DE
VIOLÊNCIA: AINDA QUE AFASTADA PELA SENTENÇA, NÃO
OBSTA A CONDENAÇÃO PELO ART. 213 DO CP. MUTATIO
LIBELII: INOCORRÊNCIA.
1. Se a sentença, adotando a corrente doutrinária segundo a qual é de
afastar-se a ficção jurídica de violência quando ausente a innocentia
consilii do sujeito passivo, decide que o réu não deve ser apenado na
forma do art. 224, do CP, não obsta que o condene como incurso nas
sanções do art. 213 do mesmo Código.
2. Não dá motivo à nulidade a sentença que, desconsiderando a
aplicação do art. 224 do CP, fundamenta a condenação pelo crime de
estupro, na convicção de que a vítima foi coagida a manter relações
sexuais, tendo sido deflorada pelo paciente.
3. Tendo em vista que não ocorreu nova definição jurídica do fato, e
que o réu se defendeu da prática do crime de estupro pelo qual foi
acusado, não há falar-se em mutatio libelii.
4. Habeas Corpus indeferido.

HABEAS CORPUS N. 74260-2


RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
INTIMAÇÃO - DEFENSORIA PÚBLICA - PESSOALIDADE.
A teor do disposto no § 5º do artigo 5º da Lei nº 1.060/50, acrescido
por força da Lei nº 7.871/89, "nos Estados onde a assistência
judiciária seja organizada e por eles mantida, o defensor público, ou
quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos
os atos do processo, em ambas as instâncias, contando-se-lhes em
dobro todos os prazos". A Lei nº 8.701/93, no que conferiu nova
redação à norma geral do artigo 370 do Código de Processo Penal,
não teve o condão de revogar o citado preceito, porque de natureza
especial.
INTIMAÇÃO - DEFENSORIA PÚBLICA - PESSOALIDADE
- AUSÊNCIA DE CREDENCIAMENTO PERANTE TRIBUNAL -
EFEITO. A falta de indicação dos defensores ou assistentes públicos
que atuarão perante o tribunal não afasta a obrigatoriedade de
atendimento à norma do § 5º do artigo 5º da Lei nº 1.060/50. A
formalidade é essencial, impondo-se-lhe a observância pelo simples
fato de se ter a atuação de defensor público ou de quem lhe faça a
vez. Descabe introduzir requisito não contemplado na lei, como o
relativo à comunicação prévia, ao tribunal, daqueles que, perante si,
virão a atuar.

HABEAS CORPUS N. 74275-1


RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: (...)
- No concernente à incompetência ratione materiae, ela não se
deu, pois, como salientou a Corte local, o crime de falsidade
ideológica em causa foi praticado com o intuito de o ora paciente
ocultar a própria identidade, sem o propósito de lesar o Poder
Público Federal, sendo, assim, competente a Justiça Estadual, como
já decidiu este Tribunal, ao julgar o RHC 60.574.
Habeas corpus conhecido em parte, mas nela indeferido.

HABEAS CORPUS N. 74487-7


RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: HABEAS CORPUS. ATENTADO VIOLENTO AO
PUDOR. APLICAÇÃO DA PENA. LEI Nº 8.072/90, ART. 9º.
Não há nulidade na sentença que aplicou a pena-base em seu
mínimo (art. 6º da Lei nº 8.072/90), sobre ela incidindo a
circunstância legal que autoriza a exasperação, na forma do art. 9º da
referida lei.
Se os fatos descritos na denúncia enquadram-se na referida
legislação, nada impede que o juiz, diante desses mesmos fatos, ao
aplicar a pena, pronuncie-se sobre as circunstâncias legais que
autorizam a sua exasperação, mesmo que não tenha sido requerida
na peça acusatória.
Habeas corpus indeferido.

MANDADO DE SEGURANCA N. 21130-0


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Mandado de segurança. Dispensa de Função de
Assessoramento Superior (FAS). 2. Inaplicabilidade do art. 19 do
ADCT da Constituição de 1988 aos titulares de FAS, à vista do
disposto no parágrafo 2º do mesmo artigo. 3. As funções de
assessoramento superior (FAS) enquadram-se entre as funções de
confiança a que se refere o § 2º do art. 19 do ADCT. 4. Mandado de
segurança indeferido.

MANDADO DE SEGURANCA N. 21905-0


RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA:- Inquérito fundado em fatos capitulados tanto na
CLT (art. 482 a e e) como na Lei nº 8.112-90 (art. 117, IX e XV),
não sendo, portanto, a alteração do regime jurídico da servidora,
motivo bastente para eivar de ilegalidade a sua demissão.
Prescrição não ocorrente. Mandado de segurança indeferido
por maioria.
MANDADO DE SEGURANCA N. 22042-2
RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Mandado de segurança.
- Rejeitam-se as preliminares de incompetência desta Corte, de
inépcia da inicial, de ilegitimidade "ad causam" do impetrante, de
ilegitimidade "ad processum" (que abarca a falta de capacidade de
ser parte e a falta de capacidade postulatória), de ilegitimidade
passiva "ad causam" do Ministério Público do Distrito Federal, de
litispendência, da existência de outros litisconsortes passivos
necessários e de falta parcial de interesse do
impetrante para agir.
- Pedido que, por implicar consulta a esta Corte sobre questão
que irá surgir no futuro, não pode ser conhecido por impossibilidade
jurídica.
- Esta Corte, ao julgar o mandado de segurança nº 20.946, assim
decidiu: "Primeira composição do Tribunal de Justiça do Estado:
atribuição transitória e excepcional do Chefe do Poder Executivo
(art. 235, V, CF). Nomeação de magistrado federal. Alegação de
nulidade. Cessada a eficácia da norma transitória com a instalação
válida da Corte de Justiça, eventual declaração de nulidade não
conduziria à renovação do ato impugnado, mas à escolha de novo
membro na forma do art. 93, III, da Constituição".
- Tem razão, portanto, o impetrante, ao sustentar, com base
nesse precedente, que a vaga para a qual houve a nomeação deve ser
preenchida a partir de lista sêxtupla elaborada pelo Ministério
Público do Estado de Roraima, e não - como sucedeu no caso - pelo
Ministério Público do Distrito Federal, razão por que, por vício de
origem, é nula essa nomeação.
Mandado de segurança conhecido em parte e nela deferido.

AI N. 167659-1 (AgRg)
RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: - CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE
CIVIL DO ESTADO. ATO DO AGENTE PÚBLICO:
GOVERNADOR. C.F., art. 37, § 6º.
I. - No caso, o ato causador de danos patrimoniais e morais foi
praticado pelo Governador do Estado, no exercício do cargo: deve o
Estado responder pelos danos. C.F., art. 37, § 6º.
II. - Se o agente público, nessa qualidade, agiu com dolo ou culpa,
tem o Estado ação regressiva contra ele (C.F., art. 37, § 6º).
III. - R. E. inadmitido. Agravo não provido.

AI N. 169323-1 (AgRg)
RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: - CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
SERVIDOR PÚBLICO. ASSISTENTE SOCIAL. PROFISSIONAL
DE SAÚDE: ACUMULAÇÃO DE DOIS CARGOS. ADCT à
Constituição do Estado do Rio de Janeiro, art. 11, § 2º. C.F., art. 17,
§ 2º, ADCT.
I. - Possibilidade de acumulação de dois cargos de assistente social,
em exercício nas unidades de saúde, tendo em vista que a
Constituição do Estado do Rio de Janeiro, art. 11, § 2º, ADCT,
considera o cargo de "assistente social, em exercício nas unidades
de saúde, como profissional da área de saúde." Aplicabilidade, em
decorrência, da disposição inscrita no § 2º do art. 17, ADCT à CF.
II. - RE inadmitido. Agravo não provido.

CARTA ROGATORIA N. 6529-9 (AgRg)


RELATOR: MINISTRO PRESIDENTE
EMENTA: Carta rogatória: equívoco procedimental que levou à
intimação por edital da requerida, quando existente nos autos
notícia de seu novo endereço: impugnação que, não obstante e
embora posterior ao deferimento do exequatur, foi examinada pelo
Presidente do Tribunal, que lhe repeliu os fundamentos: conseqüente
inadmissibilidade, à falta de prejuízo, da anulação do processo:
conhecimento pelo Tribunal da impugnação como agravo regimental
contra a concessão do exequatur e seu desprovimento, dada a
improcedência das objeções formuladas (competência relativa da
Justiça brasileira, que não impede o exequatur e alegações de
decadência e prescrição que hão de ser suscitadas perante a Justiça
rogante).

RECLAMACAO N. 596-8 (AgRg)


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Reclamação. Competência. 2. Ação direta de
inconstitucionalidade de lei estadual em face de norma da
Constituição do Estado, que constitui mera repetição de dispositivo
da Constituição Federal. 3. Competência do Tribunal de Justiça do
Estado e não do STF, para processar e julgar originariamente a ação,
na hipótese referida, cabendo, entretanto, da decisão definitiva da
Corte local, recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, se
a interpretação da norma constitucional estadual, que reproduz a
norma constitucional federal, de observância obrigatória pelo
Estado-membro, contrariar o sentido e o alcance desta. 4.
Precedentes do STF. 5. Indeferida cautelar pleiteada na reclamação,
interpôs-se agravo regimental. 6. O agravo regimental não afastou os
fundamentos do despacho agravado, examinando, entretanto, o
mérito da controvérsia posta na ação. 7. Agravo regimental
desprovido.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 148260-5


RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO *
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRÂNSITO. RODOVIAS
ESTADUAIS: ACESSO DIRETO. Lei 4.885, de 1985, do Estado de
São Paulo.
I. - A Lei 4.885, de 1985, do Estado de São Paulo, art. 1º,
não dispõe sobre matéria de direito comercial. Dispõe, sim, sobre
matéria de direito administrativo, já que disciplina a autorização
para dispor de acesso direto à rodovia estadual. A lei estadual apenas
estabelece que os estabelecimentos comerciais situados nos terrenos
contíguos às faixas de domínio do DER somente poderão obter
autorização de acesso direto às estradas estaduais se se
comprometerem a não vender ou servir bebida alcoólica.
II. - Inocorrência de ofensa ao princípio da irretroatividade
das leis ou do respeito ao direito adquirido.
III. - Constitucionalidade do art. 1º da Lei paulista 4.855, de
1985, regulamentado pelo art. 1º do Decreto estadual 28.761, de
26.08.88.
IV. - R.E. não conhecido.

* Relator originário, Min. Marco Aurélio. Os trechos essenciais do


acórdão foram publicados no Informativo nº 39.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 196590-8


RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Servidor Público. Decreto-Lei 2.225/85.
- Falta de prequestionamento da questão relativa ao artigo 37,
caput, da Carta Magna.
- No tocante à alegada violação ao artigo 5º, caput, da Carta
Magna, o que pretendem os recorrentes é que, com base no princípio
constitucional da igualdade, lhes seja estendida a transferência
determinada pelo Decreto-Lei 2.225/85. Ora, se esse Decreto fosse
inconstitucional nessa parte por violação do princípio da igualdade,
sua declaração de inconstitucionalidade teria o efeito de tê-lo como
nulo, não podendo, portanto, ser aplicado às categorias por ele
beneficiadas, e não o de estender a transferência por ele concedida a
outra categoria que ele não alcança. Em se tratando de
inconstitucionalidade de ato normativo, o Poder Judiciário atua
como legislador negativo, jamais como legislador positivo. Portanto,
a acolhida da pretensão dos ora recorrentes é juridicamente
impossível por parte do Poder Judiciário.
Recurso extraordinário não conhecido.

Acórdãos publicados: 241

Assessor responsável pelo Informativo


Miguel Francisco Urbano Nagib
nagib@stf.gov.br

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