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Arquitetura da Destruição

O documentário apresentado em sala, dirigido por Peter Cohen, trata acerca da arte e da
estética para Hitler e a Alemanha Nazista. Com o objetivo de purificar o povo alemão, em uma
metáfora em que a comunidade seria o “corpo” e Hitler a “cabeça”, vários grupos minoritários
foram perseguidos pelas instituições nazistas, com base em uma política de higienização, onde
inclusive judeus eram comparados a ratos.

O documentário busca associar essa política de higienização étnica como um esforço “artístico”
de apelo estético, no sentido de considerar a “raça” branca superior biologicamente e
esteticamente. O fascínio de Hitler pela arte, bem como todo seu histórico de vida é posto em
plano para sustentar esse argumento.

Tendo Adolf Hitler lutado pela Alemanha na Primeira Guerra Mundial, e tendo sido contrário a
rendição bem como suas consequências para os alemães, foi amante da arte tendo tentado
entrar para Academia de Artes de Viena, porém sem sucesso. Essa postura de artista frustrado
é constantemente salientada no documentário.

Assim como acusava o sangue alemão estar degenerado, estava também a arte moderna,
segundo Hitler. O que corroborava seu interesse pela antiguidade, e comparando a arte
moderna como representação das doenças congênitas de uma suposta raça inferior. Sua
obsessão por Richard Wagner é também elemento constante da narrativa do documentário,
bem como sua falta de dom para arte.

Podemos associar essa perspectiva avaliada por Peter Cohen a um momento especifico ao vivido
no Brasil pós Golpe de 16, que ficou conhecido como o Caso MAM. Em uma onda de contestação
por grupos conservadores, dentre o MBL e outros, acerca do status de arte do que fora exibido
no Museu de Arte Moderna na exposição Queermuseu. Uma insurreição da direita se levantou
contra a exposição em uma verdadeira censura a artistas, como em um regime antidemocrático.
Para além disso, o regime nazista representou a total intervenção político-militar da própria
instituição estatal na liberdade dos indivíduos. Status que se aproxima o estado do Rio de Janeiro
após a intervenção militar autorizada este ano.

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