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História p/ ENEM 2016

Professor: Sergio Henrique


CIÊNCIAS HISTÓRIA P/ENEM
HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
TEORIA E EXERCÍCIOS COMENTADOS
Prof. Robson Papandréa – Aula 04

Aula 04:
Aula 4 – Introdução a Era Moderna – (1453-1789)

SUMÁRIO PÁGINA
Introdução a Era Moderna (1453-1789) 3
1. Apresentação 3
2. O Estado Nacional Moderno 5
2.1. Introdução 6
2.2. As transformações no Sistema Feudal 8
2.3. A formação do Estado Nacional Moderno 9
2.4. O fortalecimento do Estado Nacional Moderno: a 12
crise dos séculos XIV e XV
3. O absolutismo 13
3.1. As teorias de justificação do poder absolutista dos 14
reis
4. Mercantilismo 16
5. Revolução Comercial 18
6. Expansão marítima e comercial europeia 20
6.1. Introdução 20
6.2. As condições da expansão marítima 20
6.3. Consequências da expansão marítima e comercial 23
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europeia
7. As Reformas Religiosas 25
7.1. Introdução 25
7.2. Causas direta da Reforma 26
7.3. O humanismo e a Igreja 27
7.4. O Estado Nacional e a Igreja 27
7.5. A burguesia e a reforma 28
7.6 A Reforma Luterana 28
7.7. A Reforma Calvinista 29

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7.8. A reforma anglicana 31


8. A Contrarreforma ou Reforma Católica 32
8.1. O Concílio de Trento (1545-1563) 32
8.2. O Tribunal da Santa Inquisição 33
8.3. Considerações finais 34
9. Conclusão 34
10. Questões 35
11. Questões Comentadas 43
Gabarito 57

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Introdução a Era Moderna – (1453-1789)


Johannes Gutenberg, o inventor da imprensa. Disponível em: https://pt. Wikipedia.
Org/ wiki/Idade Moderna. Acesso em 18 fev 2016.

Johannes Gutenberg foi gráfico, gravador e inventor da prensa


de tipos móveis, em 1439. O aperfeiçoamento dessa prensa produziu
livros mais rápido e favoreceu a circulação de ideias e conhecimentos.
Essa combinação de informação em larga escala com ideias
revolucionárias vai ser a essência da Era Moderna, que vai “abalar
os tronos e derrubar os altares” com as revoluções burguesa.

O primeiro livro impresso pelo método inventado por Gutenberg foi a Bíblia Sagrada,
em 1455. Um exemplar da Bíblia de Gutenberg na Biblioteca do Congresso em
Washington D.C. Disponível em: https: //pt.wikipedia.org/wiki/Johannes_Gutenberg.
Acesso em 18 fev 2016.

1. Apresentação

”A leitura faz um homem completo e a escrita, um homem


exato”. “O homem pode tanto quanto sabe”. “Saber é poder”. Caro
aluno, com essas citações do filósofo inglês Francis Bacon considerado
o “pai” da ciência moderna; iniciamos nossos estudos da unidade 4 e
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os conceitos de experiência, leitura, escrita, exato, saber,


conhecimento, representação, parlamento, constituição, Estado
Nacional e poder serão os balizamentos da abordagem da Era Moderna
a Era de Transição.

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Francis Bacon (1561-1626). Disponível em: https://plus.google. com/u/0/+ Sirfran


cisbaconNet. Acesso em 18 fev 2016.
Esses conceitos ligados a conhecimento, ciência, progresso,
poder, Estado Nacional e desenvolvimento são a essência do
pensamento burguês para implantar uma nova ordem cultural, social,
econômica e política estruturada no:
 Direito natural,
 Representatividade,
 Igualdade perante a lei,
 Liberdade de associação, de produção, pensamento, religião,
imprensa e de comércio e indústria.
Na Era de Transição esses ideais se fortalecem até criarem as
condições para a eclosão das revoluções burguesas e derrubar o
Sistema Feudal e implantar o Sistema Capitalista.
Mas o que significa Era de Transição? A resposta a esse
questionamento é o objetivo desta aula 04, estudar a Era de Transição
ou Era Moderna, que abrange o período de 350 anos onde ocorre a
coexistência do velho com o novo. Mas o que é o “velho” e o que
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representa o “novo”? Para a Época Moderna o velho era tudo que


representava o Sistema Feudal e o “novo” as instituições estruturadas
pela burguesia na formação do capitalismo comercial.
Dessa forma a Era Moderna ou Idade Moderna é o período da
História do Ocidente que vai de 1453 a 1789. É importante destacar
que essa divisão da história é eurocêntrica, isto é, considera a história
da Europa Ocidental como o centro. Essa abordagem é o resultado de
nosso Estado Nacional Moderno ser fundado sobre as instituições

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trazidas da Europa pelos colonizadores no processo de exploração


imposto pelo sistema colonial tradicional dos séculos XVI ao XVIII.

2. O Estado Nacional Moderno

A nobreza na formação do Estado Nacional Moderno. Disponível em: http ://


historiadomundo.uol.com.br/idade-moderna/estado-nacional-moderno.htm. Acesso
em 18 fev 2016.

O banqueiro e sua mulher. Disponível em: https://www .google.com.br/search?q =


imagem+da+burguesa+na+era+moderna. Acesso em 18 fev 2016.

As imagens acima representam a nobreza do Estado Nacional e


a burguesia, forças que unidas formaram, fortaleceram e impuseram o
Estado Nacional Moderno a sociedade feudal, no período que vai dos
séculos XIV ao XVIII.

O Estado Moderno é uma forma de Ordenamento político surgido

na Europa a partir do século XIII até os fins do século XVIII ou inícios


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do XIX, e que tem como características o poder centralizado, território

definido, um exército permanente, uma burocracia estatal e autonomia

e soberania para exercer o poder dentro de suas fronteiras e impor o

reconhecimento pelos demais estados.

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2.1. Introdução

Caro alunos, como vimos na unidade anterior a desintegração do


Império Romano do Ocidente, no século V, pelos bárbaros germânicos,
realizou a fusão de instituições romanas com instituições germânicas,
e o aparecimento diversos reinos germânicos na Europa Ocidental.
Caracterizados pela instabilidade, conflitos internos, curta duração,
fragilidade do poder central, descentralização, ruralização e
estagnação econômica e cultural.

Os reinos bárbaros na Europa Medieval e suas localizações: Fonte: https : //


www.google.com.br/search?q=reinos+romano+germanicos. Acesso em 18 fev 2016.

Os reinos romanos-germânicos:04178253905

- Reino dos Suevos – região noroeste da Península Ibérica.


- Reino dos Anglo-Saxões – faixa leste da Grã-Bretanha
- Reino dos Vândalos – ilhas da Córsega, ilha da Sardenha e costa norte
da África.
- Reino dos Ostrogodos – territórios da atual Itália, Áustria, Sérvia,
Eslovênia, Montenegro e Albânia.
- Reino dos Visigodos – região central e norte da Península Ibérica.
- Reino dos Burgúndios – região central da Europa (região sul da atual
Alemanha e Suíça).

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- Reino dos Francos – atuais França e Bélgica.


Esses reinos efêmeros (de curta duração) fazem parte da fase de
transição do escravismo para o feudalismo (séculos V ao X) onde
ocorre a decomposição do Estado e da monarquia centralizada como
instituições políticas nacionais. O fim do poder central que é substituído
pelo poder locar dos senhores feudais.

O Castelo de Évora Monte, distrito de Évora, no Alentejo, em Portugal. Disponível


em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_%C3%89vora_Monte. Acesso em: 18
fev 2016.
O castelo acima é o símbolo da fragmentação política que reduziu
a sociedade na Idade Média a microunidades de poder independentes
denominadas feudo. O feudo é a sede do poder, a unidade de produção
com as seguintes características:
 Rural;
 Autossuficiente; 04178253905

 Agrário;
 Estruturado nas relações de suserania e vassalagem entre os
senhores feudais;
 Com uma realeza simbólica (com poder restrito a seu próprio
feudo).

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2.2. As transformações no Sistema Feudal.

O Renascimento das Cidades. Disponível em: https://www .google .com. br/search?


q =renascimento+das+cidades&espv. Acesso em: 18 fev 2016.

Na baixa Idade Média ocorreu o renascimento do comércio, o


ressurgimento (ou renascimento) das cidades e a formação da
burguesia na Europa Ocidental. Este processo inicia as transformações
das estruturas do Sistema Feudal. Transformações para superar o
particularismo dos senhores feudais e os privilégios da nobreza que se
tornavam um entrave para o crescimento das cidades, à expansão dos
negócios e ao crescimento do comércio.
A burguesia é dedicada ao comércio – principalmente,
organizada nas associações de mercadores -, e ao artesanato –
organizada nas corporações de ofício -, e tem suas atividades restritas
pelo feudalismo que possuía os seguintes entraves ao seu
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desenvolvimento:
 As cidades eram controladas pelos feudos;
 Os burgueses dominados pelos nobres;
 O comércio a longa distância prejudicado pela estreiteza dos
mercados locais;
 Pluralidade de moedas e pedágios;
 Multiplicidade de alfandegas;
 Diversidade de leis (baseadas em costumes locais);

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 Insegurança nos negócios, ataques de salteadores nas estradas,


extorsão dos senhores feudais, entre outras violências.
2.3. A formação do Estado Nacional Moderno
A burguesia pragmática, empreendedora e dinâmica decide que
para remover os obstáculos do feudalismo e ampliar seus negócios
a uma escala nacional necessitava de um poder centralizado, forte,
regulador, estável, confiável e legítimo. E todos esses atributos a
burguesia encontrou na monarquia feudal.

Rainha Elizabeth I (1592) Disponível em: https://pt. wikipedia.org/wiki/Idade


Moderna#/media/File:Elizabeth1592.jpg. Acesso em 18 fev 2016.

A burguesia faz uma aliança com as monarquias nacionais e


presta seu apoio e recursos para que os reis tivessem o poder de
fato e forneceu os seguintes apoios para a monarquia centralizar o
poder:
 Recursos humanos através de tropas auxiliares, funcionários
para a administração, que se criava, e especialistas - os
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legistas no Direito Romano, usado como fonte para justificar


o poder monárquico nascente;
 Recursos financeiros, para financiar o recrutamento de forças
militares (manutenção de um exército permanente,
profissional e sob o comando direto do rei) e a utilização de
armas de fogo.

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O apoio da burguesia fortaleceu as monarquias nacionais e a


nobreza feudal perde seu poder em consequência:
 Os castelos feudais deixaram de ser invulneráveis com o
desenvolvimento da artilharia;
 Os exércitos profissionais, comandados pelo rei, subjugam a
principal instituição militar - a cavalaria – da nobreza que se
tornou inútil diante da infantaria com arcabuzes e mosquetes.
A monarquia nacional centralizada apoiada em um exército
profissional, permanente e equipado com as mais modernas
tecnologias das armas de fogo – compradas com os recursos da
burguesia – se impõe com força e autoridade e elimina a independência
dos feudos, submete a nobreza, promove a unificação territorial do
país, impõe a obediência à sua população e da proteção a burguesia.
Respaldada por um exército permanente e uma administração
centralizada, a realeza pode:
 Decretar impostos regulares;
 Cunhar uma moeda padrão;
 Editar uma legislação uniforme;
 Agilizar o funcionamento da justiça;
 Incrementar a prosperidade do comércio;
 E criar um mercado nacional.
O Estado Nacional Moderno nasce na Europa Ocidental com as
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seguintes características:
 Um só poder – que vai se fortalecendo até chegar ao absolutismo
monárquico de direito divino no apogeu dos estados nacionais
modernos.
 Um só exército – profissional, permanente e equipado com armas
de fogo e comandado pelo rei;
 Uma só administração;

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 Autoridade soberana em todo o território- obedecida por todos


os seus habitantes;
 Uma única justiça: a justiça real;
 Uma ideologia de legitimação baseada no direito divino dos reis;
 Delimitação de fronteiras;

 Manutenção dos privilégios da nobreza que forma a corte de


assessoramento e composição dos ministérios;
 Unificação de pesos e medidas;
 Unificação dos impostos com o fim das alfandegas e pedágios
feudais.

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Estado Nacionais da Europa no século XVI. Disponível em: https:// historiativa net .
files.wordpress.com/2010/08/mapa-europa-reyes-catolicos.gif. Acesso em: 18 fev
2016.

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2.4. O fortalecimento do Estado Nacional Moderno: a crise dos séculos


XIV e XV
As transformações que construíram o Estado Nacional Moderno
desde os séculos XII foram aceleradas pelos eventos dos séculos XIV
e XV:
 A crise do feudalismo nos séculos XIV e XV (a peste negra, a guerra
dos Cem Anos e a fome) e a elevação geral dos preços
no século XVI (resultado da enorme quantidade de ouro e prata
levados da América pelos espanhóis que provocou a desvalorização
da moeda – inflação - e a nobreza que recebia rendas fixas de suas
terras vai perder recursos ao mesmo tempo que as guerras a
enfraquecia e autodestruía;
 O Humanismo e o Renascimento (assunto que vimos na aula 3)
operaram uma revolução intelectual, onde a livre critica estimulava
a Razão em detrimento da Fé e da Força, abalando a ascendência
da Igreja e da nobreza feudal;
 Os Descobrimentos Marítimos possibilitaram a Revolução Comercial,
propiciando a valorização dos bens móveis e a ascensão social e
econômica da burguesia; (vimos em parte na aula 00 e aula 01);
 A Reforma rompeu com a concepção da universalidade cristã
(fundamento teórico da supremacia da Igreja) e fortaleceu ·os
sentimentos nacionais; identificados com os reis, apresentados
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teoricamente como a encarnação viva da nação. (Os reis exercem


seu poder sobre a Igreja nomeando os principais cargos que são
oficializados pelo papado).

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3. O absolutismo monárquico

Luís XIV, Luís, o Grande ou O Rei Sol, foi o Rei da França 1643 a 1715, é o símbolo
do apogeu do absolutismo de direito divino. Disponível em: https:// www.Google.
com .br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=luis+xiv
fran%C3%A7a. Acesso em 18 fev 2016.

A centralização do poder real e a unificação do território com


fronteiras bem definidas realizados pelos Estados Nacionais, vai gerar
um fortalecimento do poder pessoal dos monarcas que evolui para o
absolutismo.
Este é um regime do governo no qual o Rei possui de direito e
de fato os atributos da soberania:
 Poder de decretar leis;
 Prestar justiça;
 Arrecadar impostos;
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 Manter um exército permanente;


 Nomear funcionários.

Em resumo o rei reunia em sua pessoa os poderes executivo,


legislativo e judiciário e o comando de um exército profissional
permanente.

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3.1. As teorias de justificação do poder absolutista dos reis

As teorias que legitimavam o poder absolutista se dividem em


dois tipos: teoria leiga e teoria religiosa.
a) A teoria leiga teve como principais autores:
 Nicolau Maquiavel (1469-1527) no livro “O Príncipe” defende a
que a obrigação suprema do governante é manter o poder e a
segurança do país que governa e afirma que o “Príncipe” não
deve temer a adoção de meios que o capacitam a realizar a
adoção dos meios quaisquer que sejam eles.

Nicolau Maquiavel. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_Maquiavel.


Acesso em 18 fev 2016.

 Thomas Hobbes (1588-1679), no seu livro “Leviatã” defende que


a concentração do poder nas mãos do Rei, porque “o homem é o
lobo do homem” dessa forma, os homens devem entregar a sua
liberdade ao soberano que deve administrar a nação com “mãos
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de ferro” e organizá-la através de leis que obriguem os homens


a viverem em paz, ordem, justiça e fraternidade.
 Hugo Grotius (1583-1645), considerava que só uma autoridade
ilimitada nas mãos do monarca possibilitaria a manutenção da
ordem interna do Estado.

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b) A teoria leiga do direito divino dos reis teve como principais


autores:
 Le Bret, jurista francês; no Tratado da Soberania do Rei (1632)
expos a doutrina de que o rei recebeu seus poderes diretamente
de Deus e por isso devem ser sem limites, e suas ordens devem
ser acatadas, mesmo quando injustas;
 Jean Bodin (1530-1596), francês e autor da Republica, onde
expos a doutrina da origem divina da autoridade do rei que tem
"o poder supremo sobre cidadãos e súditos, sem restrições
determinadas pelas leis";
 Jacques Bossuet, preceptor de Luís XIV e considerado o maior
teórico do absolutismo; na obra Política segundo a Sagrada
Escritura afirmou que "como não há poder público sem a vontade
de Deus, todo governo, seja qual for. Sua origem, justa ·OU
injusto, pacifica OU violento, e legitimo; todo depositário da
autoridade, seja qual for, e sagrado; revoltar-se contra
ele e cometer um sacrilégio".

Em resumo o Absolutismo caracterizou a História Moderna como o


período dos grandes reis e eles concedia uma posição de máxima
importância social e política e eram encarados também como
representantes de Deus na Terra.
Importante: as teorias tanto a leiga quanto a religiosa enfatizam
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que o poder absoluto dos reis não deve ter limites. Mas, na realidade
o poder dos reis absolutistas era limitado pelas condições
materiais da época em que vivia, pelas regulações da economia,
da sociedade, das classes sociais, das tradições religiosas e
culturais e por ele mesmo – o rei -, pertencer a nobreza. O rei
na realidade era um árbitro prestigiado entre as classes sociais, as
forças econômicas e as políticas do Estado Nacional que governava.

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4. Mercantilismo

Quadro de Claude Lorrain que representa um porto de mar francês de 1638, no


momento fundamental do mercantilismo. Disponível em: https: //pt. Wikipedia.
org/wiki/Mercantilismo. Acesso em 20 fev 2016.

O mercantilismo é a denominação do conjunto de práticas


econômicas executadas pelos estados nacionais modernos e se
caracteriza pela intervenção do Estado na economia com o objetivo de
evitar a concorrência, proteger os mercados nacionais e promover a
riqueza do estado nacional. É uma política de nacionalismo econômico
ligado ao Estado Nacional Moderno, ao fortalecimento do poder real e
ao Absolutismo. O lema básico do mercantilismo é: “ouro, poder e
glória”.

O conjunto de práticas mercantilista variou de estado nacional para


estado nacional e do período de sua prática, no entanto, em linhas
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gerais teve os seguintes princípios básicos:

 Metalismo: abundância de ouro e prata é a riqueza de um pais e o


principal meio de conseguir recursos para uma nação carente de
ouro e prata é o desenvolvimento do comercio;
 Balança Comercial Favorável: o saldo da balança comercial
favorável é fundamental para aumentar acumulação de metais
preciosos. Vender máximo e comprar o mínimo.
 Colonialismo: As colônias devem ser mercados consumidores para
as exportações de manufaturas metropolitanas e fontes de

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abastecimento de matérias-primas e metais preciosos; as colônias


só podem abastecer a metrópole a que pertençam, sendo proibidas
as manufaturas nas colônias, para não concorrem com o artigo
metropolitano; todo o comercio colonial deve ser monopolizado pela
metrópole.
 Industrialismo: o incentivo à produção de matérias primas para
atender ao mercado interno e concorrer no mercado externo para
contribuir com a balança comercial favorável, o acumulo de metais
preciosos e abastecer as colônias.
A ampliação dos mercados e a disponibilidades de capitais
abriram a possibilidade da ampliação da produção transformando as
oficinas artesanais em grandes unidades manufatureiras (destacamos
que enquanto o artesanato é a produção individual de cada unidade de
produção a manufatura organiza-se na divisão do trabalho
empregando grande número de operários especializados em cada
etapa da produção. Concomitante com o aperfeiçoamento das
manufaturas a necessidade de abastecimento das cidades que
cresciam provoca melhorias técnicas na agricultura – como os
cercamentos dos campos, introdução de novos cultivos como a batata
e o tomate, correção do solo e rodízios de cultura.
Ao mesmo tempo a economia em expansão aumenta a
arrecadação de impostos e os recursos para as monarquias nacionais
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que consolidam o absolutismo monárquico.


A riqueza móvel (capital) crescente nas mãos da burguesa
favorece a criação de uma ideologia que justifica o lucro, a acumulação
de riquezas e legitima a ação da burguesia comercial, produz revolução
comercial e consolida o capitalismo.

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5. A Revolução Comercial

As rotas de navegação do século XVI. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_de_Magalh%C3%A3es. Acesso em 19
fev 2016.

Revolução Comercial foi um grande movimento da Europa


Ocidental. Ela deslocou as bases do comércio do plano local e regional
da Idade Média para a escala mundial com as navegações em todos os
oceanos e continentes. Alterou a ideologia dominante com a
valorização do comércio, do lucro, da acumulação de riquezas e
estabelece a concorrência como a base da produção e do comércio.
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A Revolução Comercial produziu:


 Ascensão da burguesia ao poder econômico,
 O início da europeização do mundo
 O restabelecimento da escravidão moderna - por volta do ano
1.000 a escravidão havia praticamente desaparecido da
civilização européia.

As transformações na estrutura da sociedade da Europa


Ocidental desencadeadas pela Revolução Comercial prepararam o

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caminho para a Revolução Industrial. A Revolução criou uma classe


de capitalistas interessados em aplicar recursos em novos
empreendimentos, uma política mercantilista de proteção das
indústrias e à produção de mercadorias para exportação, que
promove um forte estímulo ao desenvolvimento das manufaturas.
E a Revolução consolida a fundação dos impérios coloniais que
transferem para a Europa novas matérias-primas e aumenta o
suprimento de produtos até então considerados como de luxo (o
exemplo clássico é o açúcar).

As rotas do comércio global dos navegadores portugueses. Disponível em: https://


www.google. com.br/search?q=rotas+de+navegação+do+seculo. Acesso em 19 fev
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2016.

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6. Expansão marítima e comercial europeia

A expansão marítima e comercial europeia é a denominação do


movimento que rompeu o isolamento da Europa Ocidental de suas
fronteiras continentais com a saída para Oceano Atlântico, a exploração
das costas da África, a implantação da colonização na América e do
comércio com as fontes das especiarias do Oriente.
6.1. Introdução
O comércio com o Oriente, nos séculos XIII e XIV, era
monopolizado pelas cidades italianas – especialmente Veneza, Florença
e Gênova. Esse lucrativo comércio de especiarias, tapetes, tecidos de
seda e joias era realizado através da compra de produtos que vindos
da China e da índia, chegavam aos portos do Mar Mediterrâneo.
Nesse contexto a crise do século XIV é agravada com a tomada
de Constantinopla pelos turcos otomanos que aumenta os preços dos
produtos orientais, sufoca os mercados europeus e aprofunda a
estagnação econômica.
Essas condições obrigam a busca de soluções para superar a
crise que se traduz na necessidade de:
 Novas rotas comerciais para a burguesia para quebrar o
monopólio árabe-italiano no Mediterrâneo;
 Fontes de metais preciosos metais preciosos para a cunhagem
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de moedas;
 Conquista de novos mercados para as manufaturas;
 Terras para produção de alimentos.

6.2. As condições da expansão marítima e comercial europeia


A expansão marítima realizada pelas viagens oceânicas de longo
curso (grandes distâncias) e a consequente exploração ou colonização
ultramarina exigiam grandes recursos econômicos e humanos. O

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investimento nesse empreendimento era de alto risco e só viável com


a coordenação, controle, liderança e direcionamento realizado por um
poder forte e centralizado do Estado Nacional Moderno, materializado
na monarquia nacional. Essa precondição só existia em Portugal (que
como vimos na aula 00 no estudo da formação do Estado Nacional
Português e o seu pioneirismo nas grandes navegações).
Dessa forma, Portugal com uma localização geográfica
privilegiada, domínio de equipamentos e técnicas de navegação,
contando com um dinâmico e empreendedor grupo de mercadores, um
governo centralizado em uma realeza forte, legitimada e interessada
em promover as viagens de navegação reúne todos os elementos
necessários e sai na frente da expansão.
Enquanto Portugal realizava suas viagens de exploração, como o
mapeamento e estabelecimento de feitorias no Oceano Atlântico; seu
vizinho realizava a centralização do poder, a expulsão dos mouros de
seu território e a unificação dos reinos de Aragão e Castela, prepara-
se para concorrer nas grandes navegações.

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Tratado de Tordesilhas (1494). Disponível em: https:// pt.wikipedia .org /wiki /


Tratado_de_Tordesilhas. Acesso em 19 fev 2016.

No intuito de conquistar espaço a Espanha financia a viagem do


genovês Cristóvão Colombo, que navega no sentido Leste-Oeste, para
fazer a circunavegação e atingir as fontes de especiarias no Oriente.
Como Colombo não sabia que entre a Europa e a Ásia existe a América,

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Colombo chega as terras americanas – nas Ilhas da Antilhas -, e


provoca com a notícia de sua chegada nas Índias – falsa porque chegou
nas terras da América – um conflito com Portugal, resolvido com a
assinatura do Tratado de Tordesilhas. (Como vimos na aula 01).

Mapa com as quatro viagens de Colombo. Disponível em: https: //pt.


wikipedia.org/wiki/Crist%C3%B3v%C3%A3o_Colombo. Acesso em: 19 fev 2016.

Os demais países europeus (França e Inglaterra) entram na


“corrida” das grandes navegações com atraso porque enfrentam os
efeitos da Guerra dos Cem Anos, das guerras civis e a Holanda (da
guerra de independência com a Espanha).
Com atraso no processo da expansão marítima e comercial a
França, Holanda e Inglaterra são excluídos pelo Tratado de Tordesilhas,
que não reconhecem com legítimo e utilizando suas próprias marinhas
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ou ação de corsários atacam as colônias e navios de Portugal e


Espanha.

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6.3. Consequências da expansão marítima e comercial europeia


A expansão marítimo e comercial com a dinamização das
atividades mercantis provocou e acelerou profundas transformações
nos países da Europa Ocidental, com destaque:
 A expansão das rotas comerciais a uma escala mundial;
 O deslocamento do eixo econômico do Mediterrâneo para a
Atlântico (com a observação de que o comércio com o
Mediterrâneo continuou a existir. O que ocorreu é que o volume,
a variedade e o valor do comércio de longo curso no Atlântico,
Índico e Pacífico superaram em muito o do Mediterrâneo).
 A multiplicação das companhias de comércio privilegiadas com
monopólios e concessões oferecidas pelos Estado Nacionais
Modernos Absolutistas na aplicação do mercantilismo;
 O aperfeiçoamento e expansão das instituições financeiras que
operando em escala mundial desenvolveram os bancos, bolsas
de valores e demais instrumentos do mercado financeiro;
 As cidades italianas perderam o monopólio do comercio oriental,
sendo superadas Lisboa (na primeira fase como centro
revendedor das especiarias que os portugueses traziam do
Oriente) e depois por Sevilha, eixo de convergência dos
metais preciosos – ouro e prata -, que vinham da América;
 A consolidação do capitalismo comercial com o grande volume
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de metais preciosos vindos da América e da circulação de moedas


que estimularam a economia de forma global;
 A alta geral de preços decorrente do enorme volume de metais
preciosos vindos da América (inflação).

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As rotas das grandes navegações. Disponível em:https://www.google.com.br/


webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=as+grandes+nave
ga%C3%A7%C3%B5es. Acesso em 18 fev 2016.

A nau portuguesa Santa Catarina do Monte Sinai, construída em 1512, nos estaleiros
de Cochim, na Índia. Foi o maior navio do mundo em sua época e um dos mais
poderosos, um símbolo da pujança portuguesa no início do século 16. Tinha 38
metros de comprimento e mais de 100 peças de artilharia. Serviu aos portugueses
por quase um século até ser capturado pelos holandeses em 1603, em Singapura.
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Disponível em: http://www.historia-brasil.com/seculo-15.htm. Acesso em 20 fev


2016.

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7. As Reformas Religiosas

Lutero em 1529 por Lucas Cranach. Disponível em: https://pt.wikipedia.


org/wiki/ Martinho_Lutero. Acesso em 21 fev 2016.

7.1. Introdução
A Reforma é a denominação da série de contestações ao
predomínio da Igreja Católica Romana no século XVI e que resultou na
ruptura da unidade cristã do Ocidente e no surgimento de novas igrejas
cristãs.
As reformas foram responsáveis pela quebra do monopólio
espiritual exercido pela Igreja Católica na Europa sobre a
intermediação entre o homem e Deus e pelo nascimento de uma série
de novas doutrinas cristãs que diferiam dos padrões estabelecidos pela
Igreja romana.
As novas religiões ficaram conhecidas como religiões
protestantes, em decorrência do tom de protesto destas novas
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vertentes.
A Reforma expressou mais que um sentimento de protesto ao
controle da Igreja Católica aos corações e mentes através do domínio
da cultura, da educação e do controle exercido em todas as atividades
da civilização da Europa.
O movimento é a expressão do contexto de superação das
estruturas feudais com emergência de novas forças políticas
representadas pelo fortalecimento do Estado Moderno e sociais com a

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ascensão da burguesia mercantil de um mundo em transformação com


a Revolução Comercial, Revolução das ciências e a expansão marítima.
A Reforma materializa a crise que desde os finais da Idade Média
demonstra a inadequação da Igreja à nova realidade, caracterizada
pelo (a):
 Decadência do feudalismo;
 Renascimento das cidades e do comércio;
 Centralização do poder político nas mãos dos reis;
 Ascensão da burguesia;
 Eclosão das reformas produzidas Renascimento, que contestam
o monopólio cultural exercido pela Igreja Católica.
As produções intelectuais dos filósofos, artistas e escritos do
Renascimento suscitam a discussão de novas visões de mundo
diferentes daquelas impostas pela Igreja.
As relações entre o Renascimento e o advento das reformas são
estreitas, pois assim como o primeiro, elas também representaram
uma adequação de novos valores e concepções espirituais às
transformações econômicas, sociais e culturais as quais a Europa do
Ocidente passava na época.

7.2. As causas diretas da Reforma Protestante.


As causas imediatas do movimento de reforma protestante são
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a contestação ao:
 Poder temporal, aos dogmas, a riqueza, ao luxo e opulência do
clero, detenção de grandes propriedades de terra e poder político
como beneficiária da decadente estrutura feudal;
 A práticas abusivas da boa-fé da população, como a venda de
indulgências (absolvição dos pecados) e a simonia (realização de
favores divinos e venda de relíquias sagradas por dinheiro),

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 Ao desvirtuamento das regras de vida religiosa entre os


eclesiásticos;
 Na prática das chamadas investiduras leigas (a investidura de
cargos eclesiásticos por determinação de um leigo, normalmente
um rei)
7.3. O Humanismo e a Igreja
O movimento intelectual do humanismo apresenta um novo
conceito de homem diferente do elaborado pela Igreja e estabelece um
espírito crítico fundamentado a razão, na ciência, na experimentação e
na valorização do homem.
Os filósofos humanistas, como Erasmo de Roterdã e Thomas
Morus, criticavam o apego aos bens materiais por parte da Igreja e
propunham reformas, como o retorno às antigas origens do
cristianismo e evidenciavam os anseios de uma população insatisfeita
com os dogmas e o materialismo da Igreja.

7.4. O Estado Nacional e a Igreja.


O fortalecimento e centralização do poder do Estado Nacional
Moderno entra em choque com a Igreja que representa uma ameaça
as monarquias nacionais.
A concentração do poder real possibilita o rompimento com a
Igreja de Roma e a fundação de uma nova Igreja sob o controle do
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Estado (como no caso de Henrique VIII na Inglaterra) ou coloca as


novas igrejas protestantes sob a proteção real, como fizeram alguns
príncipes alemães – tanto para o rei inglês quanto para os nobres
alemães, o confisco das amplas posses de terra eclesiásticas e a
diminuição de interferências de ordem religiosa na política atendia ao
interesse da centralização e unificação dos seus estados nacionais.
No quadro de transformações da sociedade da Europa Ocidental
o humanismo renascentista é mais que o ressurgir das letras greco-

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latinas. E a construção de um novo conceito de homem e de mundo,


diferente daquele preconizado pela Igreja e desenvolveu um agudo
espírito crítico, sobretudo em relação aos problemas da sociedade.

Erasmo de Roterdã: um dos mais destacados filósofos do Humanismo Renascentista.


Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Erasmo_de_Roterd%C3%A3o. Acesso
em: 19 fev 2016.

7.5. A burguesia e a reforma


A doutrina da Igreja contrária ao desenvolvimento do comércio,
a condenação à usura (empréstimos a juros) e ao lucro eram um
obstáculo às transações comerciais burguesas; que para legitimar suas
atividades de novo grupo social ascendente se engaja no movimento
reformista para eliminar os entraves impostos pelo cristianismo
romano.
A burguesia adota a nova religião que considera suas práticas
comerciais dignificantes ao homem, legitimas e agradáveis aos olhos
de Deus. 04178253905

7.6 A Reforma luterana


O monge agostiniano Martinho Lutero em 1517, fixou na porta
da catedral de sua cidade um documento intitulado 95 Teses Contra as
Indulgências.
Nesse documento Lutero criticava não somente a venda de
indulgências (denunciando que o dinheiro das indulgências era usado
para financiar o luxo do clero) mas também os dogmas da Igreja. Ao
afirmar que as indulgências eram incorretas, pois o fiel se salvaria não

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pelos atos que praticava, mas somente pela fé, Lutero incorria numa
negação à doutrina católica e praticava uma heresia do ponto de vista
da Igreja, expondo-se assim à ação da Inquisição.
Lutero defendia que a bíblia deveria ser traduzida para os
idiomas vulgares – deixando, portanto, de ser exclusiva sua leitura
àqueles que dominam o latim –, a relação direta entre o homem e Deus
e a diminuição da importância da Igreja como uma intermediária à
salvação.
Excomungado pelo papa como herege em 1520, com o apoio dos
príncipes alemães Lutero foge da condenação da Igreja, traduz a Bíblia
do latim para o alemão, numa forma de tornar seu conhecimento mais
difundido entre a população.
Os príncipes alemães declararam-se adeptos da nova religião
proposta por Lutero e a Alemanha mergulha em um período de guerras
que terminam como o triunfo do luteranismo, que em seguida passou
a ser adotado também na Suécia, em 1527, e na Dinamarca e Noruega,
em 1536, como forma de afirmação dos poderes reais contra a
interferência da Igreja de Roma.

7.7. A reforma calvinista

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João Calvino. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki /Jo%C3%A3o_Calvino


#/media/File: John_Calvin_-_best_likeness.jpg. Acesso em 20 fev 2016.

João Calvino fugindo da perseguição aos adeptos do luteranismo


na França refugiou-se na Suíça e em 1536 e publica sua obra

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Instituição da Religião Cristã, na qual aprofunda o rompimento com os


dogmas da Igreja Católica.
Segundo as formulações de Calvino a salvação só se alcançava
pela fé, todavia, ela poderia ser concedida por Deus a alguns eleitos
(teoria da predestinação), uma vez que, o homem era pecador por
natureza e só Deus poderia livrá-lo dessa condição.
A exemplo do luteranismo, dos sacramentos católicos somente o
batismo e a eucaristia foram conservados.
As concepções religiosas de Calvino iam diretamente ao encontro
das aspirações da sociedade burguesa de Genebra, por exaltar as
qualidades do trabalho e o sucesso econômico como práticas bem
vistas aos olhos de Deus. As ideias de Calvino difundiram-se
rapidamente, muito mais do que as ideias luteranas, o que é outra
mostra de sua consonância com a sociedade urbana da época. Na
França, os calvinistas foram chamados de huguenotes. Na Inglaterra,
pelo tipo de comportamento preconizado pelos calvinistas, marcado
pela austeridade, inclusive no vestir e pela dedicação fundamental ao
trabalho, eles foram chamados de puritanos. Na Escócia, onde as ideias
calvinistas foram introduzidas por John Inox, a Igreja calvinista foi
organizada a partir de conselhos de pastores, os presbíteros, daí a
designação de presbiterianos.
Tanto no Calvinismo quanto no Luteranismo predomina a ideia
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de que o livre-arbítrio e a razão foram concedidos aos homens por


Deus, tornando ilógica a premissa de que Deus fosse condená-lo por
agir racionalmente e livremente, desde que não ferisse o próximo ou
violasse seus ensinamentos.

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Igreja Anglicana. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Anglicana.


Acesso em: 18 fev 2016.

7.8. A reforma anglicana


A reforma anglicana é o rompimento da monarquia inglesa com
a Igreja Católica e foram provocadas por questões políticas da dinastia
Tudor, no reinado de Henrique VIII. Basicamente o rei queria que a
Igreja Católica anulasse seu casamento com Catarina de Aragão,
alegando que ela não lhe dava filho homem para sucedê-lo.
Ante a recusa papal, o rei inglês anulou por conta própria seu
casamento, desposando, em seguida, Ana Bolena. Excomungado pelo
papa, em 1534, Henrique VIII decretou o Ato de Supremacia, por meio
do qual ele criou uma Igreja nacional chamada Igreja Anglicana e
tornara-se seu único chefe. Além disso, confiscou os bens do clero
católico na Inglaterra, distribuindo-os especialmente entre a gentry, a
camada de pequenos e médios proprietários rurais, o que lhe
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assegurou uma ampla base de apoio. A Reforma anglicana completou-


se no reinado de Elizabeth I (1558-1603) com a Lei dos 39 Artigos de
1563. Adotou-se o calvinismo como conteúdo doutrinário, mas
manteve-se a forma católica, preservando-se a hierarquia episcopal e
parte da liturgia.

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O Concílio de Trento reformulou as posições da Igreja Católica frente ao avanço


protestante. Disponível em: http:// mundoeducacao .bol.uol .com.br /
historiageral/contra-reforma.htm. Acesso em: 18 fev 2016.

8. A Contrarreforma Católica
A Contrarreforma ou Reforma Católica foi a reação da Igreja
Católica a expansão do protestantismo por toda Europa. Essa reação
da Igreja impôs uma reforma para moralizar o clero e intensificar com
novos métodos, o combate às novas religiões.
O principal instrumento da Reforma Católica foi a Companhia de
Jesus, fundada por Ignácio de Loyola, em 1534, os Jesuítas ou
Soldados de Cristo, como ficaram conhecidos, que devotavam uma
cega obediência ao papa e, visando a reforma da Igreja,
encarregaram-se de organizar um concílio, o Concílio de Trento (1545-
1563).
8.1. O Concílio de Trento (1545-1563)
O concílio reuniu-se, em três diferentes sessões ao longo de 18
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anos, entre 1545 e 1563, com representantes de toda Igreja como o


objetivo reformar a mesma.
O Concílio confirmou os dogmas católicos e o princípio da
salvação pelas boas obras; o culto à Virgem e aos santos foi
reafirmado; a infalibilidade papal e o celibato clerical e a
indissolubilidade do casamento foram mantidos.
Com a Igreja revigorada, os católicos dedicaram-se à
Contrarreforma com o sistemático combate às religiões protestantes.

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A Igreja buscou reconquistar, por meio da educação, as áreas perdidas


para o protestantismo, com a coordenação dos jesuítas, vários colégios
fundados na Europa ficaram encarregados do ensino primário. O maior
êxito da Contrarreforma se deu pela difusão do catolicismo entre os
povos pagãos, por meio da catequese. Graças ao controle ibérico sobre
a maior parte da América, as populações indígenas foram convertidas,
e os esforços, especialmente dos jesuítas, conseguiram novas
conversões na China e no Japão, embora com resultados mais
modestos e passageiros.
8.2. O Tribunal da Santa Inquisição
Em 1542, o papa Paulo III (1534-1549) reativou a Inquisição (ou
Tribunal do Santo Ofício), que controlada pelos dominicanos,
utilizando-se de métodos violentos conseguiu – especialmente a
tortura e a execução na fogueira -, conter o avanço protestante na
Itália, na Espanha e em Portugal.
Nos países ibéricos, o apoio das casas reais foi fundamental para
conter o avanço do protestantismo.
E para controlar a cultura e a educação a Igreja impôs, em 1543, o
Index LibrorumProhibitorum, um catálogo que descriminava obras de
leitura proibida aos católicos – entre estes muitos livros de autores
clássicos como Aristóteles e Platão, muito valorizados pelos
humanistas do Renascimento.
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A Reforma Católica tem como características:


 Rígida disciplina e hierarquia;
 Intolerância;
 Irracionalidade;
 Absoluta autoridade do papa;
 Fanatismo;
 Violência

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 Controle da educação e da cultura – com a imposição da censura


em todas as manifestações artísticas e culturais;
 Imposição do medo através do Tribunal do Santo Ofício;
 Catequese nas áreas coloniais.

8.3 Considerações finais


A Reforma Religiosa constituiu-se em uma verdadeira revolução
espiritual que foi produzida pela fé e pelas condições econômicas,
sociais, políticas e intelectuais do século XVI.
Essencialmente um movimento de fé o movimento protestante
expandiu-se ao encontro das necessidades de segmentos sociais,
políticos e econômicos em conflito com a Igreja Católica, como a
burguesia e os Estados Nacionais.
A Contrarreforma fundamentada na rígida disciplina, hierarquia,
poder absoluto do papa, na violência e no controle da educação e
da cultura colocou a Igreja Católica em condições de novamente
liderar a cristandade e exerceu sua força reformista apoiada pela
Companhia de Jesus e pelo Tribunal do Santo Ofício.
As reformas afetam toda a conjuntura política europeia
provocando as guerras de religião e no plano econômico acentuam
o avanço do capitalismo, especialmente pela doutrina calvinista da
salvação relacionar-se com a riqueza individual.
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9. Conclusão

A História Moderna é fruto de inovações que começaram a se


desenvolver ainda durante a Idade Média e fez nascer uma nova classe
social, os burgueses, que conduziriam as alterações do nascente
capitalismo.

Esse período tem como marcos: as Grandes Navegações, a


Revolução Comercial, o Renascimento e o Humanismo, a Reforma e a

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Contrarreforma, o Estado Nacional Moderno, o Absolutismo, que


formam o Antigo Regime.
O Antigo Regime apresenta um novo sistema formado a partir da
desintegração do feudalismo e da consolidação do sistema capitalista
de produção e é composto pelos seguintes elementos: Estado
absolutista; sociedade estamental; mercantilismo; expansão
ultramarina e comercial e tem sua expressão política no absolutismo,
a econômica no mercantilismo e a social na nobreza e na burguesia.

“O homem que move montanhas começa carregando pequenas


pedras”.

10. Questões

1. (Enem/2015) A natureza fez os homens tão iguais, quanto às


faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre
um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais
vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em
conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente
considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum
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benefício a que outro não possa igualmente aspirar. HOBBES, T.


Leviatã. São Paulo Martins Fontes, 2003
Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, quando dois
homens desejavam o mesmo objeto, eles
a) entravam em conflito.
b) recorriam aos clérigos.
c) consultavam os anciãos.
d) apelavam aos governantes.
e) exerciam a solidariedade.

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2. (Enem/2015) Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é


preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja diretamente o devido
fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo
impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, se por
indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um
fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém,
agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria
diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa
o homem de um dirigente para o fim.

AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre.


Escritos políticos de São Tomas de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995
(adaptado). No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia

como o regime de governo capaz de:

a) refrear os movimentos religiosos contestatórios.

b) promover a atuação da sociedade civil na vida política.

c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum.

d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística.

e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.


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3. (Enem/2014) Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado


sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto ter podido
escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinação;
tanto mais que há tantos outros acidentes que diariamente podem aí
ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí navegam querer pô-
los todos diante dos olhos quando querem empreender suas viagens.
J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux. 1600. In:
DELUMEAU, J. Historia do medo no Ocidente: 1300·1800. São Paulo:
Cia. das Letras, 2009 (adaptado).

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Esse relato, associado ao imaginário das viagens marítimas da época


moderna, expressa um sentimento de:

a) gosto pela aventura.

b) fascínio pelo fantástico.

c) temor do desconhecido.

d) interesse pela natureza.

e) purgação dos pecados.

4. (Enem/2014) Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que


nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra Um Paraíso com
harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me
de júbilo, o outro me aterra. VILLON, F. In: GOMBRICH, E. História da
arte. Lisboa: LTC, 1999.
Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens
presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as
imagens eram usadas com o objetivo de

a) refinar o gosto dos cristãos.

b) incorporar ideais heréticos.

c) educar os fiéis através do olhar.


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d) ao divulgar a genialidade dos artistas católicos.

e) valorizar esteticamente os templos religiosos.

5. (Enem/2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado


que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas
seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro
ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque
dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos,

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volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes


fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a
vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas
quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de
Janeiro: Bertrand, 1991. A partir da análise histórica do
comportamento humano em suas relações sociais e políticas.
Maquiavel define o homem como um ser:
a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos
outros.

b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na


política.

c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e


inconstantes.

d) naturalmente racional, vivendo em um estado présocial e portando


seus direitos naturais.

e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.

6. (Enem/2013) De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e


muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande,
porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com
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arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos
saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro;
nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém
o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta
gente. Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A; BERUTTI, F.;
FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto,
2001. A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto
colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o
seguinte objetivo:

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a) valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.


b) descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.
c) transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial
econômico existente.
d) realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a
superioridade europeia.
e) criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a
ausência de trabalho.

7. (Enem/2012) Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos


testemunhos, e é que vi nesta terra de Veragua (Panamá) maiores
indícios de ouro nos dois primeiros dias do que na Hispaniola em quatro
anos, e que as terras da região não podem ser mais bonitas nem mais
bem lavradas. Ali, se quiserem podem mandar extrair à vontade.
(Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503. Apud AMADO
J.; FIGUEIREDO, L. C. Colombo e a América: quinhentos anos depois.
São Paulo: Atual – 1991 – Adaptado.) O documento permite identificar
um interesse econômico espanhol na colonização da América a partir
do século XV. A implicação desse interesse na ocupação do espaço
americano está indicada na

a) expulsão dos indígenas para fortalecer o clero católico.


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b) promoção das guerras justas para conquistar o território.

c) imposição da catequese para explorar o trabalho africano.

d) opção pela policultura para garantir o povoamento ibérico.

e) fundação de cidades para controlar a circulação de riquezas.

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8. (Enem/2012)

ENEM

(Charge anônima. BURKE, P. A fabricação do rei. Rio de Janeiro: Zahar,


1994.)

Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto
de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de
soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra

a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os


adornos próprios à vestimenta real. 04178253905

b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a


vestimenta real representa o público e sem a vestimenta real, o
privado.

c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do


público a figura de um rei despretensioso e distante do poder político.

d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes


reais em relação aos de outros membros da corte.

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e) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei,


pois o corpo político adornado esconde os defeitos do corpo pessoal.

9.(Enem/2012) Esclarecimento é a saída do homem de sua


menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a
incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro
indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa
dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão
e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem
coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, que é o lema do
esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma
tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os
libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom
grado menores durante toda a vida. KANT, I. Resposta a pergunta: o
que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado). Kant
destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a
compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento,
no sentido empregado por Kant, representa

a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como


expressão da maioridade.

b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das


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verdades eternas.

c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de


forma heterônoma.

d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da


falta de entendimento.

e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas


pela própria razão.

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10. (Enem/2012) Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que


o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa
opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes
transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais
escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar
inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a
sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite
o controle sobre a outra metade. MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília:
EdUnB, 1979 (adaptado). Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o
exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra
o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista
ao

a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do


seu tempo.

b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.

c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação


humana.

d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de


aprendizagem.

e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.


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11. Questões Comentadas

1. (Enem/2015) A natureza fez os homens tão iguais, quanto às


faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre
um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais
vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em
conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente
considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum
benefício a que outro não possa igualmente aspirar. HOBBES, T.
Leviata. São Paulo Martins Fontes, 2003
Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, quando dois
homens desejavam o mesmo objeto, eles

a) entravam em conflito.

b) recorriam aos clérigos.

c) consultavam os anciãos.

d) apelavam aos governantes.

e) exerciam a solidariedade.

Resolução

Essa questão trata de um texto do filósofo Thomas Hobbes (1588-


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1679), que no seu livro “Leviatã” defende a concentração do poder nas


mãos do Rei, porque “o homem é o lobo do homem” dessa forma, os
homens devem entregar a sua liberdade ao soberano que deve
administrar a nação com “mãos de ferro” e organizá-la através de leis
que obriguem os homens a viverem em paz, ordem, justiça e
fraternidade.
Thomas Hobbes tem concepção pessimista de ser humano. Em
estado de natureza, o homem revela uma índole egoísta, inclinado ao
conflito. Portanto, antes da constituição da sociedade civil, que para o

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pensador em questão era um pacto artificial, dominava o estado de


guerra de todos contra todos.

Dessa forma, essa questão, exige conhecimento do pensamento


filosófico de Thomas Hobbes na qual afirma que os homens são por
natureza maus e violentos e a única maneira de impor a ordem, paz,
justiça e fraternidade é entregar todos os poderes ao monarca.

Com esses conhecimentos e uma leitura atenta das assertivas a


resposta correta vem diretamente pela eliminação das demais
proposições, ou seja, quando dois homens desejam o mesmo objeto
entram em conflito.
Gabarito: A

2. (Enem/2015) Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é


preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja diretamente o devido
fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo
impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, se por
indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um
fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém,
agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria
diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa
o homem de um dirigente para o fim.
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AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre.


Escritos políticos de São Tomas de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995
(adaptado). No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia

como o regime de governo capaz de

a) refrear os movimentos religiosos contestatórios.

b) promover a atuação da sociedade civil na vida política.

c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum.

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d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística.

e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.

Resolução

A questão trata de um texto de São Tomás de Aquino no qual explicita


a opinião de que todos necessitam de um dirigente, de um governante,
um piloto, um maestro para que com a diversidade de esforços e ações
humanas se possa realizar o bem comum. A argumentação do teólogo
justifica a autoridade dos reis, pois esta era a forma de governo
predominante na Europa medieval, onde pela doutrina da Igreja o
dever do governante era sob as leis de Deus buscar a realização do
bem comum.

É uma questão que depende em grande medida da interpretação do


texto de referência e a resposta vem diretamente pela eliminação das
demais assertivas. Porque todas as demais assertivas não têm relação
com o texto apresentado.

Gabarito: C

3. (Enem/2014) Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado


sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto ter podido
escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinação;
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tanto mais que há tantos outros acidentes que diariamente podem aí


ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí navegam querer pô-
los todos diante dos olhos quando querem empreender suas viagens.
J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux. 1600. In:
DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300·1800. São Paulo:
Cia. das Letras, 2009 (adaptado).

Esse relato, associado ao imaginário das viagens marítimas da época


moderna, expressa um sentimento de:

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a) gosto pela aventura.

b) fascínio pelo fantástico.

c) temor do desconhecido.

d) interesse pela natureza.

e) purgação dos pecados.

Resolução

Essa questão trata do período da Era Moderna (1453-1789), 1600,


data da transcrição do texto, no qual ocorreram a expansão marítima
e comercial europeia e o processo de colonização, a revolução
comercial, o fortalecimento da burguesia mercantil, a consolidação do
capitalismo comercial, a concentração do poder dos monarcas com o
absolutismo e as práticas econômicas do mercantismo.

A questão exige uma leitura e interpretação do texto em referência,


que em resumo considera as viagens um terrível perigo: “Todo homem
de bom juízo, depois que tiver realizado sua viagem, reconhecerá que
é um milagre manifesto ter podido escapar de todos os perigos que se
apresentam em sua peregrinação”, assim expõe o medo, o temor que
as viagens provocavam no imaginário da população. E apesar de ser
no ano 1600, quando as viagens já estavam consolidadas, o medo do
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“Mar Tenebroso” era bem real.

A alternativa correta é encontrada pela eliminação das demais


assertivas, pois, o “temor” a que o autor se refere trata de perigos e
riscos já conhecidos, mas nem por isso menos temíveis.

Gabarito: C

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4. (Enem/2014) Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que


nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra Um Paraíso com
harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me
de júbilo, o outro me aterra. VILLON, F. In: GOMBRICH, E. História da
arte. Lisboa: LTC, 1999.

Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens


presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as
imagens eram usadas com o objetivo de

a) refinar o gosto dos cristãos.

b) incorporar ideais heréticos.

c) educar os fiéis através do olhar.

d) o divulgar a genialidade dos artistas católicos.

e) valorizar esteticamente os templos religiosos.

Resolução

Essa questão aborda a ação de controle e doutrinação da Igreja


Católica na Idade Média, que em razão da maioria da população ser
analfabeta, um instrumento importante era através de imagens e por
isso as igrejas sempre estavam cobertas de pinturas e esculturas para
servir de ensinamento aos fiéis. Naquele período, como afirmado, a
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predominância do analfabetismo dos cristãos medievais e o alcance


relativamente efêmero das pregações orais feitas pelos sacerdotes a
Igreja recorreu ao valor didático da iconografia, por meio dos vitrais e
imagens das catedrais góticas, seguidas mais tarde por afrescos como
os descritos no poema de Villon. Isso explica a persistência de figuras
pintadas ou esculpidas nos templos católicos até os dias de hoje.

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É uma questão que em razão da forma de abordagem uma metodologia


eficaz é a leitura atenta das assertivas e a exclusão das incorretas.
Dessa forma, se chega a resposta correta.

Gabarito: C

5. (Enem/2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado


que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas
seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro
ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque
dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos,
volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes
fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a
vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas
quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de
Janeiro: Bertrand, 1991. A partir da análise histórica do
comportamento humano em suas relações sociais e políticas.
Maquiavel define o homem como um ser
a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos
outros.

b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na


política. 04178253905

c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e


inconstantes.

d) naturalmente racional, vivendo em um estado présocial e portando


seus direitos naturais.

e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.

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Resolução:

Essa questão aborda um texto de Nicolau Maquiavel (1469-1527) que


no livro “O Príncipe” defende a que a obrigação suprema do governante
é manter o poder e a segurança do país que governa e afirma que o
“Príncipe” não deve temer a adoção de meios que o capacitam a
realizar a adoção dos meios quaisquer que sejam eles.
Maquiavel considerado o “Pai” da Ciência Política” sustenta uma
antropologia pessimista, muito próxima da concepção de Hobbes.
Assim, o homem e naturalmente um ser egoísta e inclinado ao conflito.
No texto, Maquiavel afirma que, em geral, os homens são ingratos e
volúveis, o que serve de justificativa, inclusiva, aos regimes
absolutistas.
Dessa forma, essa questão exige uma leitura atenta do texto de
referência e a leitura das assertivas, que por eliminação chega-se a
alternativa correta, guiado por interesses, de modo que suas ações são
imprevisíveis e inconstantes, o que o texto base afirma diretamente.
Gabarito: C

6. (Enem/2013) de ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e


muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande,
porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com
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arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos
saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro;
nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém
o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta
gente. Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A; BERUTTI, F.;
FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto,
2001. A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto
colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o
seguinte objetivo:

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a) valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.

b) descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.

c) transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial


econômico existente.

d) realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a


superioridade europeia.

e) criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a


ausência de trabalho.

Resolução:

Essa questão que aborda um fragmento da Carta de Pero Vaz de


Caminha, tem a resposta da preposição, diretamente retirada do texto,
que afirma: “Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece
que será salvar esta gente. Carta de Pero Vaz de Caminha”. Assim, é
uma questão que necessita da leitura e interpretação do texto base,
sendo que a resposta é direta, “a) Valorizar a catequese a ser realizada
sobre os povos nativos”. É importante destacar que no “espírito” da
época levar a fé cristã aos povos do novo mundo era um forte
sentimento dos exploradores, destacando-se que em todas as
expedições iam clérigos para atuar no trabalho missionário.
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Gabarito: A

7. (Enem/2012) mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos


testemunhos, e é que vi nesta terra de Veragua (Panamá) maiores
indícios de ouro nos dois primeiros dias do que na Hispaniola em quatro
anos, e que as terras da região não podem ser mais bonitas nem mais
bem lavradas. Ali, se quiserem podem mandar extrair à vontade.
(Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503. Apud AMADO
J.; FIGUEIREDO, L. C. Colombo e a América: quinhentos anos depois.

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São Paulo: Atual – 1991 – Adaptado.) O documento permite identificar


um interesse econômico espanhol na colonização da América a partir
do século XV. A implicação desse interesse na ocupação do espaço
americano está indicada na

a) expulsão dos indígenas para fortalecer o clero católico.

b) promoção das guerras justas para conquistar o território.

c) imposição da catequese para explorar o trabalho africano.

d) opção pela policultura para garantir o povoamento ibérico.

e) fundação de cidades para controlar a circulação de riquezas.

Resolução:

Uma questão com alto grau de dificuldade e com redação da


preposição truncada. Aborda a chegada dos espanhóis na América
Central e a procura do principal objetivo da exploração, que era
encontrar ouro, prata e pedras preciosas. E, a resposta correta é
encontrada pela eliminação das demais assertivas.

Destacamos que o trecho transcrito demonstra claramente que


o interesse maior da colonização espanhola na América era a obtenção
de ouro, conforme a concepção mercantilista que então começava a se
formar. Entretanto, a alternativa escolhida não guarda relação com o
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texto, pelos seguintes motivos: 1) o ouro a ser extraído na América


não se destinava a circular na colônia, mas a ser remetido para a
metrópole; 2) em princípio, a colonização espanhola na América não
tinha interesse em multiplicar núcleos urbanconquistados até porque
um grande número de cidades dificultaria o controle fiscal exercido pela
Coroa por meio do sistema de “porto único”.

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Em conclusão a alternativa E, do gabarito oficial, é a que mais se


aproxima da resposta correta, com a ressalva, que as demais estão
totalmente incorretas.

Gabarito: E

8. (Enem/2012)

ENEM

(Charge anônima. BURKE, P. A fabricação do rei. Rio de Janeiro: Zahar,


1994.)

Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto
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de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de


soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra

a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os


adornos próprios à vestimenta real.

b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a


vestimenta real representa o público e sem a vestimenta real, o
privado.

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c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do


público a figura de um rei despretensioso e distante do poder político.

d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes


reais em relação aos de outros membros da corte.

e) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei,


pois o corpo político adornado esconde os defeitos do corpo pessoal.

Resolução:

Uma questão que aborda o absolutismo monárquico da Era Moderna,


regime no qual o rei encarnava todos os atributos da soberania, isto é,
os poderes executivos, legislativo, judiciário, o comando dos exércitos
e a nomeação de funcionários de todos os níveis. Esse regime colocava
o rei em um patamar elevado, sendo que em alguns países, um
governante de direito divino, assim, a imagem do rei era produzida
repleta de luxo, majestade, poder e glória. Para isso, durante essa
época Moderna, o absolutismo monárquico fez largo uso de
representações simbólicas para manifestar seus valores e papeis
sociais. O próprio monarca, de acordo com a charge, apresenta uma
dupla manifestação: inicialmente seu corpo é mostrado sem a
indumentária que o caracteriza como soberano, ou seja, um corpo
mortal; em seguida, o rei e apresentado com toda sua dignidade
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absolutista, na qual suas características físicas deixam de ser


ressaltadas, suprimindo seus eventuais defeitos. O uso político da
figura do monarca sacralizado torna-se assim mais relevante que sua
condição meramente humana.

Com essas considerações a resposta correta é encontrada por


eliminação, destacamos, que essa questão não é especificamente de
História, mas uma interdisciplinaridade com a sociologia e a filosofia, o
que leva a resposta correta: “e) a importância da vestimenta para a

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constituição simbólica do rei, pois o corpo político adornado esconde


os defeitos do corpo pessoal”.

Gabarito: E

9. (Enem/2012) Esclarecimento é a saída do homem de sua


menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a
incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro
indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa
dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão
e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem
coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, que é o lema do
esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma
tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os
libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom
grado menores durante toda a vida. KANT, I. Resposta a pergunta: o
que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado). Kant
destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a
compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento,
no sentido empregado por Kant, representa

a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como


expressão da maioridade.
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b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das


verdades eternas.

c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de


forma heterônoma.

d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da


falta de entendimento.

e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas


pela própria razão.

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Resolução:

Uma questão que aborda a corrente filosófica que defende a


razão, a ciência, a autonomia do pensamento, a busca do
conhecimento, o rompimento com a tradição, com as verdades
impostas. A defesa do esclarecimento do homem. O texto do filósofo
Immanuel Kant, acerca do esclarecimento, afirma que ele é “a saída
do homem de sua condição de menoridade”, que é a incapacidade de
fazer uso de seu entendimento. Portanto, esclarecimento empregado
pelo filosofo refere-se à reivindicação de autonomia como capacidade
racional que expressa sua maioridade. Esse padrão de pensamento que
surge com o humanismo e sua materialização em produções
intelectuais no Renascimento, avança no Revolução Científica até
concluir no Iluminismo, do século XVIII a sua trajetória de consolidação
de uma ideologia fundada na razão e na ciência.

É uma questão de nível médio de dificuldade necessitando da


interpretação do texto base e a atenta leitura das assertivas que por
eliminação chega-se a correta, “Esclarecimento é a saída do homem
de sua menoridade”, de acordo como o afirmado na letra a:
“reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão
da maioridade”.
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Gabarito: A

10. (Enem/2012) Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que


o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa
opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes
transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais
escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar
inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a
sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite
o controle sobre a outra metade. MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília:

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TEORIA E EXERCÍCIOS COMENTADOS
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EdUnB, 1979 (adaptado). Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o


exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra
o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista
ao

a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do


seu tempo.

b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.

c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação


humana.

d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de


aprendizagem.

e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.

Resolução:

Uma questão que aborda o movimento intelectual de fins da Idade


Média e começo da Idade Moderna, o Humanismo, com a apresentação
de um texto da obra “O Príncipe” de Maquiavel, considerado o “Pai” da
Ciência Política e um defensor do absolutismo laico – aquele que é
justificado por sua necessidade política – (enquanto o absolutismo de
direito divino é justificado com base nas Sagradas Escrituras).
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Maquiável, rejeitando o pensamento dominante imposto pela Igreja


que o governante deve governar segundo as leis da Igreja e na busca
do bem maior de todos, defende um governante pragmático que tem
como objetivo a defesa, a segurança, a prosperidade e o
desenvolvimento de seu Estado, não se limitando a restrições morais
– o famoso os fins justificam os meios. Dessa feita, o texto extraído da
obra “O Príncipe”, de Maquiavel, refletindo sobre o exercício do poder
em seu tempo, apresenta a relação existente entre o pensamento
político e o humanismo próprio do renascentismo. Assim, afirma a

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confiança na razão autônoma quando aborda a questão do livre-


arbítrio. A sorte não pode decidir sozinha nossos atos, deve ser
corroborada pela razão. Esse pensamento também é uma ruptura com
a mentalidade medieval de que tudo era controlado pela providência
divina e o homem nada podia fazer a não ser se resignar e aceitar o
que lhe impunha o destino.

É uma questão de nível médio de dificuldade que com uma leitura


atenta, o conhecimento básico dos pressupostos do humanismo e a
uma realizando a exclusão das assertivas, chega-se a resposta: “c)
afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação
humana”. Razão autônoma que é a essência desse modelo de visão do
mundo produzido pelo humanismo, pela Revolução Científica e
consagrado como hegemônico pelo Iluminismo.

Gabarito: C

Observação: caro aluno, a resolução das questões acima, demonstra a


formatação das provas do Enem de 2009 para cá. O que quero dizer é
que é uma prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias que exige
leitura atenta, intepretação do texto, das imagens ou gravuras e que
de maneira geral transita da História para a Sociologia, para a Filosofia
e vice-versa. E no caminho para uma eficaz e eficiente preparação de
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você para o Enem 2016, vamos para a aula 5.

Bons estudos e vamos em frente. E para refletir uma frase de


Guimarães Rosa: “Junto dos “bão” a gente “mióra”,

M GABARITO

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A C C C C A E E A C

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