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Desenvolvimento e Aprendizagem

No processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças na Educação Infantil, o lúdico, o


movimento e as brincadeiras são fundamentais. Pois é através delas, que as crianças criam
condições de desenvolver as suas capacidades, formam conceitos, criam as suas hipóteses,
selecionam ideias, estabelecem relações lógicas, integram percepções e se socializam. A
utilização de atividades lúdicas e de materiais concretos está totalmente relacionada ao
desenvolvimento cognitivo da criança.

O professor deve “proporcionar um material mais variado possível, e apresentar situações


interessantes dando o justo valor a suas interpretações, criando conflitos superáveis estimulando
o raciocínio são algumas propostas que ajudarão as crianças a avançar rumo à construção do
conhecimento matemático”.

A relação de Desenvolvimento e Aprendizagem para Vygotsky e Piaget

Tanto Vygotsky como Piaget, acreditavam no desenvolvimento e aprendizagem, embora, seus


pontos de vista sobre o relacionamento sejam diferentes. Vygotsky tinha a idéia de que a
aprendizagem é a força propulsora do desenvolvimento intelectual, enquanto que para Piaget o
próprio desenvolvimento é a força propulsora.. Piaget tinha a concepção de que o nível de
desenvolvimento colocava limites sobre o que podia ser aprendido e sobre o nível da
compreensão possível daquela aprendizagem, onde cada pessoa tem um ritmo, não podendo ir
além daquele estádio adquirido.

Vygotsky chamou de zona de desenvolvimento potencial e zona de desenvolvimento proximal. A


zona de desenvolvimento potencial é o nível de desenvolvimento em que os estudantes são
capazes de solucionar problemas de forma independente, enquanto que a zona de
desenvolvimento proximal é o nível em que os estudantes podem resolver problemas com
“apoio”,ou seja, com a modelação do conhecimento e a interação social, os estudantes podem
aprender coisas que não aprendiam sozinhos. Piaget coloca que a nova construção é sempre
realizada sobre uma construção anterior e que, com a desiquilibração, é sempre possível o
avanço das construções anteriores. Os fatores sociais, para Vygotsky desempenham um papel
fundamental no desenvolvimento intelectual. A cultura estabelece um conhecimento que é
internalizado e construído pelas crianças. As crianças por sua vez vão tornando-se indivíduos
com funções e habilidades intelectuais. Piaget, por sua vez, reconheceu infinitamente o papel
dos fatores sociais no desenvolvimento intelectual. As interações sociais foram consideradas
como uma fonte do conflito cognitivo, portanto, de desequilibração e, conseqüentemente, de
desenvolvimento. Ou seja, também desta forma, são consideradas para a construção do
conhecimento social.
Para Piaget: Trecho de "Desenvolvimento e Aprendizagem" por Jean Piaget

Primeiramente gostaria de tornar claro a diferença entre dois problemas: o problema do


desenvolvimento em geral, e o problema da aprendizagem. Penso que estes problemas são
muito diferentes, ainda que algumas pessoas não façam esta distinção.

O desenvolvimento do conhecimento é um processo espontâneo, ligado ao processo global da


embriogênese. A embriogênese diz respeito ao desenvolvimento do corpo, mas também ao
desenvolvimento do sistema nervoso e ao desenvolvimento das funções mentais. No caso do
desenvolvimento do conhecimento nas crianças, a embriogênese só termina na vida adulta. É
um processo de desenvolvimento total que devemos re-situar no contexto geral biológico e
psicológico. Em outras palavras, o desenvolvimento é um processo que se relaciona com a
totalidade de estruturas do conhecimento.

A aprendizagem apresenta o caso oposto. Em geral, a aprendizagem é provocada por situações


— provocada por um experimentador psicológico; ou por um professor, com referência a algum
ponto didático; ou por uma situação externa. Ela é provocada, em geral, como oposta ao que é
espontâneo. Além disso, é um processo limitado a um problema simples ou uma estrutura
simples.

Assim, considero que o desenvolvimento explica a aprendizagem, e esta opinião é contrária a


opinião amplamente sustentada de que o desenvolvimento é uma soma de unidades de
experiências de aprendizagem. Para alguns psicólogos o desenvolvimento é reduzido a uma série
de itens específicos aprendidos, e então o desenvolvimento seria a soma, a acumulação dessa
série de itens específicos. Penso que essa é uma visão atomísta que deforma o estado real das
coisas. Na realidade, o desenvolvimento é o processo essencial e cada elemento da
aprendizagem ocorre como uma função do desenvolvimento total, em lugar de ser um elemento
que explica o desenvolvimento. Começarei, então, com uma primeira parte tratando com o
desenvolvimento e falarei sobre aprendizagem na segunda parte.

Para compreender o desenvolvimento do conhecimento, devemos começar com uma idéia que
parece central para mim — a idéia de uma operação. O conhecimento não é uma cópia da
realidade. Para conhecer um objeto, para conhecer um acontecimento não é simplesmente
olhar e fazer uma cópia mental, ou imagem, do mesmo. Para conhecer um objeto é necessário
agir sobre ele. Conhecer é modificar, transformar o objeto, e compreender o processo dessa
transformação e, conseqüentemente, compreender o modo como o objeto é construído. Uma
operação é, assim, a essência do conhecimento. É uma ação interiorizada que modifica o objeto
do conhecimento. Por exemplo, uma operação consistiria na reunião de objetos em uma classe,
para construir uma classificação. Ou uma operação consistiria na ordenação ou colocação de
coisas em uma série. Ou uma operação consistiria em contagem ou mensuração. Em outras
palavras, é um grupo de ações modificando o objeto, e possibilitando ao sujeito do
conhecimento alcançar as estruturas da transformação.

Para Vygostsky :

Para Vygotsky (1998), a aprendizagem não começa na escola, que toda situação de
aprendizagem escolar se depara sempre com uma história de aprendizagem prévia. Vygotsky
retoma o tema da zona de desenvolvimento proximal e sua relação com a aprendizagem.Ele
acredita que o ambiente social é a fonte de modelos dos quais as construções devem se
aproximar. É a fonte do conhecimento socialmente construído que serve de modelo e media as
construções do indivíduo.Vygotsky coloca que no cotidiano das crianças, elas observam o que os
outros dizem, porque dizem, o que falam, porque falam, internalizando tudo o que é observado
e se apropriando do que viu e ouviu. Recriam e conservam o que se passa ao redor. Em função
desta constatação, Vygotky afirma que a aprendizagem da criança se dá pelas interações com
outras crianças de seu ambiente, que determina o que por ela é internalizado. A criança vai
adquirindo estruturas lingüísticas e cognitivas, mediado pelo grupo.

Para Vygotsky (1987), a zona de desenvolvimento proximal representa o espaço entre o nível
de desenvolvimento real, ou seja, aquele momento, onde a criança era apta a resolver um
problema sozinha, e o nível de desenvolvimento potencial, a criança o fazia com colaboração de
um adulto ou um companheiro. A referência da zona de desenvolvimento proximal implica na
compreensão de outras idéias que completa a idéia central, tais como:

a)O que a criança consegue hoje com a colaboração de uma pessoa mais especializada, mais
tarde poderá realizar sozinha.

b)A criança consegue autonomia na resolução do problema, através da assistência e auxílio do


adulto, ou por outra criança mais velha, formando desta forma uma construção dinâmica entre
aprendizagem e desenvolvimento.

c)Segundo Vygotsky (1987), a aprendizagem acelera processos superiores internos que são
capazes de atuar quando a criança encontra interagida com o meio ambiente e com outras
pessoas. O autor ressalta a importância de que esses processos sejam internalizados pela
criança.

Vygotsky colocou que “as funções mentais superiores são produto do desenvolvimento sócio-
histórico da espécie, sendo que a linguagem funciona como mediador”. Lima (1990), por isso
que a sua teoria ficou conhecida como sócio-interacionista.

Não se pode ignorar o papel desempenhado pelas crianças ao se relacionarem e interagirem


com outras pessoas, que sejam professores, pais e outras crianças mais velhas e mais
experientes. A mediação é a forma de conceber o percurso transcorrido pela pessoa no seu
processo de aprender. Quando o professor, se utilizando a mediação, consegue chegar a zona de
desenvolvimento proximal, através dos “porquês” e dos “como”, ele pode atingir maneiras
através das quais a instrução será mais útil para a criança. Desta forma, o professor terá
condições de não só utilizar meios concretos, visuais e reais, mas, com maior propriedade, fazer
uso de recursos que se reportem ao pensamento abstrato, ajudando à criança a superar suas
capacidades.

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