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PLAY’ART: Constatações do uso de jogos teatrais e dramáticos

em intervenção de estágio básico com adolescentes

PLAY’ART: Findings on the use of theatrical and dramatic


plays in a basic stage intervention with adolescents
Renata Cristina Siqueira Lopes1
Liara Rodrigues de Oliveira2

Resumo: O presente artigo mostra resultados de um projeto de estágio de psicologia de núcleo básico que se
utilizou de dinâmicas, jogos teatrais e jogos dramáticos. Constatou-se no projeto que estes recursos, adjuntos a
conhecimentos científicos da psicologia, foram norteadores de transformações em que se estimulou a capacidade
dos adolescentes refletirem sobre si mesmos e sobre o outro, dentro de diversos temas nos quais estes se encon-
tram com dificuldades ou defasagens de desenvolvimento. Este artigo também evidência o papel do psicólogo
como agente gerador de transformações a partir de sua postura em campo, em especial com adolescentes no
campo educacional.
Palavras-chave: Adolescentes. Jogos teatrais. Jogos dramáticos. Educação. Desenvolvimento.

Abstract: The present article shows results of a basic core psychology internship project that used dynamics, theatrical
games and dramatic games. It was found in the project that these resources, together with the scientific knowledge
of psychology, guided the transformations in which the adolescents’ ability to reflect on themselves and on each
other was stimulated, in several subjects in which they had difficulties or a developmental problem.. This article also
evidences the role of the psychologist as an agent to generate transformations based on his attitude in the field,
especially with adolescents in education.
Keywords: Adolescents. Theater plays. Dramatic games. Education. Development.

1 INTRODUÇÃO lhes condições de desenvolvimento psicossociais, com-


O projeto Play’Art tratou-se de um estágio de in- plementando a ação da família, da escola e da comunida-
tervenção de núcleo básico de psicologia com adoles- de. A instituição oferece serviços em diversos âmbitos:
centes de uma instituição pública, o qual se utilizou de orientação educacional; oficinas de pintura em tecido; ofi-
jogos teatrais e jogos dramáticos para desenvolver e es- cina de crochê; banda marcial; inclusão digital; aulas de
timular o respeito, a coletividade, a sociabilidade, o tra- futebol e ações desenvolvidas pelo serviço social.
balho em equipe, habilidades sociais, faculdades inte- A partir da observação diagnóstica da instituição,
lectuais e o autoconhecimento. constatou-se que, mesmo com todos os serviços ofereci-
A instituição onde se desenvolveu o projeto, é sem dos, as crianças e os adolescentes, em determinados pe-
fins lucrativos, destinada a atender crianças e adolescen- ríodos ficam ociosos, sem atividades, e por tratar-se de
tes na faixa etária de 11 a 17 anos de idade, oferecendo- uma instituição pública, há uma defasagem de habilida-

1
Graduanda de Psicologia, pelo Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins.
2
Mestre em Psicologia da Educação, PUC-SP. Especialista em Psicologia Hospitalar, Faculdade de Medicina da USP-SP. Docente no
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins e Faculdades Integradas de Jaú.

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des sociais desenvolvidas, falta de interesse pelos estu- contradas na instituição. Dentro da psicologia, os jogos
dos, dificuldades de foco e atenção e também dificulda- possuem um papel fundamental para o desenvolvimen-
des de sociabilidade por parte das crianças e dos adoles- to humano. Neves (2006, p.70) ressalta a influência dos
centes. jogos na psicologia:
Com esses dados, percebeu-se uma necessidade Percebe-se, portanto, a presença do elemento
e uma demanda de intervenção, para as quais o projeto JOGO na teoria piagetiana; suas definições, fun-
de estágio Play’Art visou ser um facilitador para promo- ções, conseqüências e contribuições para o desen-
ver mudanças, a partir do uso dos jogos teatrais e jogos volvimento psíquico (cognitivo) infantil. O jogo
dramáticos, pois na atualidade tem-se em grande relevân- está diretamente ligado às fases do desenvolvimen-
to da criança e à sua relação com o mundo do co-
cia o uso do teatro como coadjuvante nos processos de
nhecimento. Nesse sentido, as contribuições de
aprendizagem e desenvolvimento humano (VIEIRA, Piaget atingem muito mais o âmbito pedagógico
2010, p. 279). que o terapêutico (da subjetividade).
Na atualidade, muitos autores e educadores rea- E complementa:
firmam e comprovam em suas ações a relevância
do teatro como coadjuvante nos processos de Jacob Levi Moreno (1959), psiquiatra nascido na
aprendizagem e desenvolvimento humanos. Con- Romênia, estabelecido na Áustria e em seguida nos
cebido como uma produção cultural e histórica EUA, pesquisou a função terapêutica do teatro,
tipicamente humana, o teatro é visto como uma acompanhada de experimentos psicoterápicos.
prática passível de, a partir da imaginação dramá- Descobriu um valor terapêutico do teatro na cura
tica, capacitar a pessoa a estabelecer relações en- de distúrbios do comportamento, por meio do Psi-
tre as idéias e sua interação, se reconhecer na obra, codrama e do Sociodrama (MORENO, 1959 apud
e sintetizar todo esse processo na busca de com- NEVES, 2006, p. 83).
preensão e apreensão de seu mundo. Portanto, essas são contribuições da psicologia,
representada pela Psicologia Cognitiva, pela Psi-
canálise e pelo Psicodrama, que apontam os jogos
2 DESENVOLVIMENTO
como objeto de estudo da ciência, suas possibili-
dades de variações, o que inclui os jogos dramáti-
2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA cos/teatrais, e suas possibilidades terapêuticas e
O jogo teatral utiliza-se do lúdico e de regras; o pedagógicas (NEVES, 2006, p. 85).
jogo dramático se utiliza do “faz-de-conta”, da imagi- Os jogos se tornam um facilitador para promo-
nação, todos são atores dentro dos jogos dramáticos; e ver o desenvolvimento de diversos temas que por vezes
nos jogos teatrais os sujeitos que jogam podem ser divi- os adolescentes não tiveram a chance de desenvolver,
didos em times quando um time pode ser o público/ por falta de oportunidade ou de algo, ou alguém que os
observadores, enquanto o outro time são os atores, e vai levasse a refletir sobre determinados assuntos. Tezani
se alternando isso entre os grupos. (2006, p. 4) fala sobre isso:
Os jogos teatrais são procedimentos lúdicos com Segundo Vygotsky, as aprendizagens se dão em
regras explícitas. A palavra teatro tem sua origem forma de processos que incluem: aquele que apren-
no vocábulo grego theatron que significa “local de de, aquele que ensina e, mais, a relação entre essas
onde se vê” (platéia). A palavra drama, também pessoas. O processo desencadeado num determi-
oriunda da língua grega, quer dizer “eu faço, eu nado meio cultural – aprendizagem – vai desper-
luto” (SLADE,1978, p.18). No jogo dramático entre tar os processos de desenvolvimento internos no
sujeitos (Faz-de-conta) todos são “fazedores” da indivíduo. Assim, o desenvolvimento não ocorre
situação imaginária, todos são “atores”. Nos jogos na falta de situações que propiciem um aprendi-
teatrais o grupo de sujeitos que joga pode se divi- zado.
dir em “times” que se alternam nas funções de
“atores” e de “público”, isto é, os sujeitos “jogam” Os jogos são uma frente de atuação em diversos
para outros que os “observam” e “observam” ou- campos que podem proporcionar a interação entre o
tros que “jogam”. Na ontogênese, o jogo brincar, com o aprendizado, entre a criatividade, com a
dramático (faz-de-conta) antecede o jogo teatral
capacidade de respostas rápidas frente a uma situação,
(SLADE, 1978, p.18 apud JAPIASSU, 1998).
entre as regras do jogo, com o desenvolvido do respeito
Estes podem ser recursos para trabalhar diversos e do saber conviver de forma sociável com todos.
temas e promover discussões após os jogos juntamente
Portanto, é no jogo que se cria, antecipa e inquie-
com a psicologia, quando torna-se possível obter resul-
ta, assim, transforma-se, levantam-se hipóteses e
tados positivos frente às necessidades de demanda en- traçam-se estratégias para a busca de soluções. No

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jogar, o desejável passa a ser algo obtido através trais, foi relatado por uma adolescente que conseguiam
da sua imaginação, onde o abstrato se concretiza soltar o que estava preso, que o jogo permitia uma liberdade de
e resulta no processo de construção do conheci-
se expressarem, de fazer algo que era leve, divertido e que per-
mento. Pelo fato de as situações de jogos atuarem
no imaginário e estabelecerem regras, proporcio- mita se expressar de um modo geral. Duarte (2001, p. 6) des-
nam desenvolvimentos, na medida em que impul- creve o teatro como um desencadeador de um processo
sionam conceitos e processos em desenvolvimen- de aprendizagem, de descoberta:
to. Nesse sentido, importa analisar os jogos como
estratégias de ensino, por meio das quais, ao agir, a Na área do teatro – como arte dramática – es-
criança projeta seus sentimentos, vontades e dese- pecialmente com ênfase na improvisação, a expe-
jos, buscando, assim, a afetividade na aprendiza- riência também é valorizada e pode propiciar a
gem. Acredita-se, dessa forma, que os jogos tam- auto-descoberta, desencadear o processo do apren-
bém possam resgatar o desejo pela busca de conhe- der a aprender e levar ao encontro do aluno consi-
cimento e tornar a aprendizagem mais prazerosa, go mesmo e à busca dos elementos que podem pro-
por meio da qual a criança passe a gostar, cada vez piciar a Aprendizagem Significativa. Para Viola
mais, de aprender (TEZANI, 2006, p. 14). Spolin, 7, trata-se da capacidade do indivíduo de
experienciar: “penetrar no meio-ambiente em um
envolvimento orgânico total, os níveis intelectual,
2.2 OBJETIVOS GERAIS E OBJETIVOS físico e intuitivo (TELLES, 1991, p. 81 apud DU-
ESPECÍFICOS ARTE, 2001, p. 6).
Dos objetivos gerais, teve-se por meta desenvol-
No 3º e 4º encontros realizou-se intervenção com
ver entre os participantes o respeito, a coletividade, a
jogos teatrais e o primeiro contato com os jogos dramá-
criatividade, a sociabilidade, o trabalho em equipe, a
ticos. Estimulou-se com os jogos teatrais foco, respeito,
capacidade de obter resposta rápida diante de uma situ-
disciplina e uso da criatividade/imaginação; com o jogo
ação apresentada e até mesmo o desenvolvimento do
dramático procurou-se possibilitar aos adolescentes ex-
senso crítico.
ternalizarem emoções. Desenvolve-se a criação de uma
Nos objetivos específicos, teve-se por meta esti-
improvisação de cena, em que os adolescentes escolhe-
mular os participantes do projeto através dos jogos tea-
ram os personagens e a trama envolvida. Os adolescen-
trais e dramáticos a se conhecerem melhor e conhece-
tes trouxeram o tema de violência, que continha perso-
rem suas capacidades, assim como desenvolver também
nagens e locais como: estuprador, bandidos, assalto, ti-
habilidades sociais e até mesmo adquirir melhoras nas
roteios; dentro de um metrô. Perguntou-se a eles o mo-
relações com o outro e também no desenvolvimento es-
tivo da escolha dos personagens e do contexto envolvi-
colar.
do, e estes responderam que são coisas comuns, que sempre
se vê na TV, e responderam que, caso presenciassem algo
2.3 METODOLOGIA
do tipo, ou com alguém próximo a eles teriam a reação
Atenderam-se em média 23 adolescentes, na fai-
de se vingarem, bater no estuprador, e outros que tentariam
xa etária entre 11 a 15 anos de idade, sendo uma turma
antes entender se o rapaz tinha problema ou não. A improvi-
de 13 adolescentes do sexo masculino às sextas-feiras, e
sação trouxe em cena a violência, o caos que permeia a
uma turma de 9 adolescentes do sexo feminino às quar-
sociedade, a falta de segurança, o que para os adoles-
tas-feiras. Os adolescentes foram selecionados pela res-
centes se dava como uma forma de elaborar isso, de ex-
ponsável por estagiários da instituição, os quais se en-
por em cena suas considerações sobre a violência. Tho-
contravam nesses períodos sem atividades para fazer.
maz (2007, p. 46) mostra que nos jogos dramáticos há
Foram realizados 17 encontros, com duração de
uma liberdade de trazer em cena elementos que permei-
1h30min cada, dentro do período de setembro a novem-
am o contexto social:
bro de 2017.
O fato é que com seus corpos, gestos e vestimen-
2.4 ARTICULAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA tas os jogadores, através de uma quantidade signi-
ficativa de cenas por eles criadas livremente, sem
DOS ENCONTROS nenhuma interferência do orientador, permitiram
No 1º e 2º encontro realizou-se apresentação do o emergir de imagens arquetípicas que denotam o
projeto de estágio com jogos teatrais para os grupos de espaço social em que e como vivem: pavor, angús-
adolescentes. Houve o primeiro contato com alguns jo- tia, luta, medo, morte etc.
gos teatrais. Ambas as turmas se mostraram participati- As adolescentes trouxeram em cena, no jogo cria-
vas em tudo que lhes era proposto. Em um momento de ção de uma improvisação de cena, a manifestação do
discussão sobre o primeiro contato com os jogos tea- desejo de serem “vistas”, de serem “conquistadas”, o

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desejo de “namorar”; o que condiz com a fase da sexu- fosse possível ressignificarem seus conteúdos, seus con-
alidade na adolescência. ceitos.
Na adolescência, na opinião de Miguel (1994), a Este espaço, em que as energias podem e devem
sexualidade manifesta-se de uma forma mais in- ser liberadas, pode ser também o lugar de ressigni-
tensa e clara, e o adolescente começa a estabele- ficar conceitos, valores, ações e expressões através
cer a ligação entre a sexualidade e a afectividade. da experiência projetada, dando forma às percep-
É no período da adolescência que os jovens de ções do mundo, do outro, de si próprio, expres-
ambos os sexos passam a sentir o desejo intenso sando as angústias, inquietudes, incertezas, divi-
de estabelecer com outra pessoa uma relação afec- dindo e compartilhando (TOSTA, 2007, p. 55).
tiva especial. Quando este desejo é correspondi-
do, leva à formação de um par. A esta relação cha- No 6º encontro direcionou-se com dinâmicas,
ma-se tradicionalmente namoro (SOUSA, 2000, jogos e reflexões assuntos solicitados pelas adolescen-
p. 40). tes, referentes a ciúmes, ansiedade e relacionamentos.
O jogo dramático auxilia a trazer em cena questões que O tema ansiedade que se debateu com as adolescentes
possibilitou uma troca de informações, em que elas re-
muitas vezes não foram elaboradas, vivenciadas de for-
lataram sentimentos vividos, sintomas que tiveram an-
ma que se encontre uma razão para aquilo, onde se con-
siga encontrar a solução do problema experenciado. teriormente, como dor de barriga, crises, choro, pensa-
mentos catastróficos, pensamentos ruins sobre si pró-
Notou-se que ambos os grupos de adolescentes, em seus
prias, pensamentos de querer se mutilar para aliviar a
diferentes temas levantados, conseguiram trazer em cena
aquilo que precisavam vivenciar e, através disso, encon- crise de ansiedade, etc. Para Brito (2011, p. 208), a ansieda-
de na adolescência está muito ligada às transformações
trar uma solução.
que os adolescentes enfrentam:
Ele possui duas características importantes: a sin-
ceridade (momento de pura verdade e espontanei- As profundas transformações vividas pelo adoles-
dade infantil em relação ao jogo que se está jogan- cente provocam nele um sentimento de inquieta-
do) e a absorção (envolvimento total por parte da ção, de estranheza em relação a si próprio. [...] A
criança naquilo que está fazendo). Mas para que ansiedade é uma emoção frequente, sinal de alar-
essas características sejam alcançadas é preciso que me perante uma situação que pode constituir uma
o adulto ofereça espaços agradáveis para que as ameaça. O adolescente sente-se ameaçado pelas
crianças criem, explorem sua individualidade e o grandes alterações que lhe estão a acontecer: no
mundo que as cerca. Esse tipo de jogo é importan- seu corpo, que não controla, na relação com os
te para a criança, pois ele a auxilia no exercício de pais, em que os conflitos de dependência/autono-
solução de problemas por meio do improviso e do mia são constantes, nos receios que sente em rela-
desempenho de papéis (BASTOS; MORAIS; ção às suas competências sociais, escolares e na
CORDEIRO, 2015, p. 77). relação com os pares.

No 5º encontro enfocou-se com dinâmica uma Através das discussões estabelecidas, das ativida-
reflexão sobre pensar e respeitar o próximo; estimula- des que se realizaram, do exercício de respiração, possi-
ram-se com os jogos teatrais e dramáticos a concentra- bilitou-se que as adolescentes refletissem sobre o tema
ção, a comunicação através do olhar e o raciocínio rápi- de ansiedade, ciúmes e relacionamento, levando-as a te-
do. Com os adolescentes, o tema de violência era muito rem comportamentos de calma, equilíbrio em situações
recorrente, tanto em seus comportamentos, com brinca- adversas.
deiras e maneiras de se tratarem com agressividade, No 7º encontro estimularam-se com jogos o res-
quanto ao desenvolverem um jogo, em que se encontra- peito entre os adolescentes, a diminuição do uso de pa-
va em cena bandidos, fugitivos, policias, tiroteios. E Tosta lavrões, as habilidades sociais e competências intelectu-
(2007, p. 59) fala que o espaço do jogo é permissivo para ais. O objetivo que se propôs nesta intervenção era le-
as expressões de violência social, pois o jogo traz um vantar regras a fim de combater o uso de palavrões usa-
ambiente seguro à exposição de afetos e sentimentos dos pelos adolescentes em grande frequência. Heckler
ameaçadores. Porém, com a recorrência com que o tema (2016, p. 107) fala que o uso de palavrões não é bem
surge no contexto de vida destes, acaba inferindo nas visto por nossa sociedade, por ser considerado indecen-
suas relações interpessoais de diversas maneiras, com te, imoral, ofensivo, chulo e obsceno. A defasagem das
palavrões, gestos agressivos, intolerâncias e preconcei- habilidades sociais e do respeito pelo outro notava-se
tos. Notou-se necessário reforçar através das atividades clara com os adolescentes, e neste encontro trabalhou-
desenvolvidas a capacidade dos adolescentes em refleti- se, então, com esses dados.
rem sobre essas questões levantadas por eles, para que

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Comportamento socialmente habilidoso implica O que acontece, na realidade, é que desde muito
as seguintes capacidades: iniciação e manutenção criança o indivíduo adapta-se a um mundo em que
de conversações; falar em grupo; expressar amor, não é permitido expressar todas as suas emoções.
afeto e agrado; defender os próprios direitos; so- Esta adaptação consiste em reprimir o fluxo de
licitar favores; recusar pedidos; fazer e aceitar sensações advindas do interior do corpo no senti-
cumprimentos; expressar as próprias opiniões, do da expressão, já que muitas vezes é necessário
mesmo os desacordos; expressar justificadamen- que ele se proteja da provável negligência no aten-
te quando se sentir molestado, enfadado, desa- dimento das suas necessidades de contato. Durante
gradado; saber se desculpar ou admitir falta de a adolescência esse indivíduo revive a rebeldia vi-
conhecimento; pedir mudança de comportamen- venciada na infância diante da submissão ao po-
to do outro e saber enfrentar as críticas recebidas der dos pais sobre ele.
(CABALLO, 1996 apud BOLSONI-SILVA; MAR-
TURANO, 2002, p. 228). No 9º encontro enfatizaram-se com dinâmicas e
jogos teatrais o respeito, a diminuição do uso de pala-
No 8º encontro enfocaram-se com jogos teatrais vrões, e o desenvolvimento das habilidades sociais e com-
a expressão de emoções, reações e sentimentos, muitas petências intelectuais. Ao reforçar conteúdos de habili-
vezes reprimidos pelas adolescentes. Realizou-se o jogo dades sociais, respeito, e um vocabulário livre de pala-
caixa das emoções, que no teatro é chamado de rasabo- vrões, notaram-se dentro do que foi proposto ganhos po-
xes, criado por Richard Schechner (MORAES et al. sitivos com os adolescentes. Observou-se uma reflexão
2011, p. 4), em que cada emoção é uma rasa (uma cai- por parte dos adolescentes a respeito de si mesmos e a
xa), a fim de levar as adolescentes à possibilidade de se respeito do outro, enquanto se realizavam as dinâmicas
expressarem, de terem uma liberdade de reações, senti- de respeito e habilidades sociais. Minto et al. (2006, p.
mentos muitas vezes reprimidos. 566-567), ressaltam que:
Seja como resultado de nosso treinamento cultu- As técnicas grupais possibilitam vivências que, ao
ral ou teatral ou de nossas histórias individuais, serem refletidas e partilhadas, proporcionam um
muitos de nós têm acesso limitado à experiência aprendizado pessoal e grupal, favorecendo o au-
ou expressão de certas emoções. Nós observamos toconhecimento, o desenvolvimento da consciên-
o poder de rasaboxes para libertar performers (nós cia crítica, o exercício de escuta e compreensão
mesmas incluídas) para experimentarem e desen- do outro como um ser diferente e a tomada de
volverem uma ampla gama de expressividade, da decisão de modo consciente e crítico.
atuação mais sutil do cinema ao histrionismo ope-
rístico ou grotesco, sem sacrificar “sinceridade” ou Com os jogos teatrais estabeleceu-se o estimulo
“verdade” (MORAES et al., 2011, p. 5-6). da memória, em que os adolescentes mostram boa ca-
Percebeu-se com o jogo que as adolescentes mos- pacidade e habilidade com os jogos de memória, pensa-
traram maior desenvoltura ao expressarem a emoção em mento rápido e criatividade. Notou-se que os adolescen-
cada caixa, escrevendo ou desenhando, do que expres- tes se empenhavam para memorizar elementos que sur-
sando com seus corpos e com suas reações, expressa- giam nos jogos, e também pode-se notar o seu contenta-
rem, sentirem, se permitirem dentro da caixa, onde se mento em conseguirem se lembrar de tudo e de fazerem
ficou mais contido. Notou-se que algumas adolescentes o jogo aumentar o seu nível de dificuldade.
conseguiram maior expressividade do que outras, algu- As relações interpessoais são, assim, privilegiadas
mas choraram em determinada caixa, riam com vonta- nos jogos teatrais e o grupo estimula a ação e a
de em outra, permitiam expressar-se. Segundo Freire e participação de todos em direção à experiência. A
competição passa a ser “do aluno consigo mes-
Tavares (2011, p. 185):
mo” e não uma competição nociva. Os alunos se
A supressão emocional, por sua vez, inibe o com- sentem livres de atitudes judiciosas e respeitados
portamento emocional expressivo, mas não a ex- em sua capacidade de participação (DUARTE,
perienciação da emoção negativa. Suprimir a ex- 2001, p. 7).
pressão das emoções parece conduzir à menor
experienciação de emoções positivas e à maior Neste encontro houve uma situação de reprodu-
experienciação de emoções negativas, a um afas- ção de conteúdo vivenciado, como reflexo dessa vivên-
tamento social, a níveis mais elevados de sinto- cia. Ao realizar-se o jogo dramático “Criação de cenas
matologia depressiva e a níveis reduzidos de satis- curtas”, mais uma vez o tema violência entrou em cena,
fação com a vida, autoestima e otimismo. em uma das cenas criadas pelos adolescentes, e, em ou-
E Anselmo (2006, p. 82) também fala sobre as tra, uma situação de desvalia e por consequência agres-
expressões reprimidas: são verbal com um personagem como resultado da des-

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valia sofrida inicialmente na cena criada. Esta segunda tras mudanças que se passam nessa fase. Senna e Des-
cena criada pelos adolescentes trouxe uma história inte- sen (2012, p. 104), falam sobre características e papeis
ressante. Na cena o personagem filho chegava em casa e desenvolvidos pelos adolescentes:
encontrava o personagem pai assistindo televisão. O fi- Neste modelo, o adolescente, como qualquer pes-
lho então tenta conversar com o pai, que o ignora e con- soa, apresenta características próprias – individu-
tinua vendo TV. Após muitas insistências do filho em ais, psicológicas e biológicas – além de uma for-
atrair a atenção do pai, este se irrita e grita: “CALA A ma própria de lidar com suas experiências de vida.
BOCA, e vai para teu quarto.” Então chega mais tarde Ele é visto como um sujeito ativo, produto e pro-
dutor do seu desenvolvimento (Bronfenbrenner,
outro personagem, um amigo do filho, e este pede para
1999), que ocorre na interação com o contexto (C).
entrar na casa ao pai do menino, que permite. Quando O contexto é definido por uma hierarquia de siste-
ele chega no quarto e dá oi, o personagem filho grita: mas interdependentes – micro, meso, exo e ma-
“CALA A BOCA” ao seu amigo. Claramente notou-se crossistemas – e é composto pelas atividades, pa-
uma reprodução do personagem pai no personagem fi- péis e relações interpessoais presentes, por exem-
plo, nas suas famílias, nos grupos de amigos, na
lho. E isso mostra um reflexo da realidade social dos
vizinhança, na comunidade, e nas instituições edu-
adolescentes, pois, segundo Tosta (2007, p. 52), cacionais e de saúde, sociais e políticas.
as manifestações da violência, trazidas pelas crian-
No 13º encontro realizou-se a intervenção a par-
ças por intermédio dos jogos teatrais, são expres-
sões que representam a realidade social da cidade tir da proposta sugerida pelas adolescentes de fazer ma-
em que vivemos e o espaço do jogo pode, ao mo- quiagem teatral. A atividade foi realizada como forma
bilizar aspectos racionais e corporais, tensio- de recompensa, de estimulo pelo bom comportamento
nar a realidade que as crianças trazem e permitir das adolescentes durante os encontros, e também como
experiências que gerem reflexão e debate de idéi- uma forma de estimular e incentivar a criatividade e a
as, requisitos fundamentais para a prática de uma
espontaneidade que elas tiveram ao solicitar algo dife-
educação preocupada com a articulação do hu-
mano, do ambiental e do social. rente, quando foi possível perceber que se notou um bom
vinculo estabelecido no decorrer dos encontros. Rossa
No 10º, 11º e 12º encontro enfocou-se o resgate da
(2011, p. 8) fala sobre a importância de estimular os ado-
infância através da pintura facial, de brincadeiras e de
lescentes:
músicas infantis, por conta do dia das crianças. Preten-
deu-se reforçar a importância de se viver cada fase da vida, Mais estímulos precisam ser oferecidos aos ado-
lescentes. Estímulos positivos e saudáveis, como
principalmente a infância, que é a base fundamental para
se espera de um ambiente escolar mais próximo
o desenvolvimento humano. Conrado (2012, p. 11) fala do ideal. A diminuição da sensibilidade do siste-
sobre a aceleração das fases, como consequência da so- ma de recompensa acarreta um ônus à escola: ge-
ciedade em que vivemos, que anseia pela agilidade: rar novos estímulos e intensificar os já existentes.
Novidades são estimulantes naturais para os ado-
Tem-se visto nas escolas que as crianças estão pu- lescentes, por isso, nesta fase, os comportamentos
lando a fase da infância, encontrando-se, muita de risco tornam-se mais observáveis.
precocidade em atitudes e comportamentos. A
maturidade antecede a idade cronológica e men- Ao final deste encontro, foi necessário limpar a
tal, ou seja, crianças estão sendo transformadas sala onde se realizavam a intervenção, e, ao iniciar a
em pequenos adultos e, em muitos casos, são esti- limpeza, notou-se a voluntariedade das adolescentes em
muladas pelas próprias famílias.
ajudar, sem que fosse pedido. E, mesmo sendo uma ta-
O brincar é fundamental para o desenvolvimento refa de limpeza, continuaram alegres e se divertindo.
humano das crianças. Colhante (2006, p.146) fala que Constatou-se que o estimulo oferecido, através da ativi-
na Lei de Diretrizes e Bases da Educação destaca-se o dade sugerida pelas adolescentes foi bem aproveitado, e
brincar como uma das atividades fundamentais para o fato de ajudarem a limpar o ambiente da intervenção
desenvolvimento da identidade e da autonomia. Tendo- era uma forma de agradecimento e participação espon-
se em vista a importância da infância para o desenvolvi- tânea delas.
mento humano, realizou-se o resgate, através da pintura
Já fomos adolescentes; alguns mais ou menos con-
facial e de brincadeiras infantis, o que levou as adoles- testadores, mais ou menos acomodados. Já vive-
centes a relembrarem o prazer do brincar, do imaginar, mos as dificuldades de buscar prazeres de diferen-
do criar, de desenhar, de sentir, de sonhar, etc., permiti- tes naturezas nesta fase em que o cérebro se reca-
do no mundo das crianças. Pois na adolescência tem-se libra para a maturidade estrutural e funcional.
Guiar os jovens para o caminho do bem depende
uma perda do corpo infantil para um novo, e muitas ou-

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PLAY’ART: Constatações do uso de jogos teatrais e dramáticos em intervenção de estágio básico com adolescentes

de nossas escolhas, de nosso planejamento de aula, nham disponível, e notou-se também a coletividade, ao
daquilo que oferecemos como modelo e prática se ajudarem nas dificuldades com o vocabulário nos jo-
de cidadania para nossos alunos. Quando somos
gos. Pessoa (2015, p. 103) fala sobre a teoria de Vygotsky
capazes de vislumbrar prazer e vontade de engaja-
mento naquilo que proporcionamos aos nossos de como se dá o processo de aprendizagem, o qual se-
alunos, adolescentes em especial, sabemos que gundo ele está relacionado com as relações do sujeito
contribuímos para a formação de estruturas cere- com o meio e com o outro.
brais importantes (ROSSA, 2011, p. 9).
A aprendizagem na teoria de Vygotsky (2003) se
Rossa (2011, p. 11) define a responsabilidade que passa através da experiência social que por sua vez
temos como atuantes transformadores na vida de ou- torna-se uma mediação entre a linguagem e a ação.
tras pessoas, o que no campo da psicologia é algo muito Partindo desse pressuposto, pode-se airmar que o
sujeito subjetivo na teoria de Vygotsky não é um
importante, ser passivo. O sujeito age ativamente nesse pro-
Nós somos responsáveis pela construção de me- cesso de interação com o meio e com as suas rela-
mórias, somos transformadores de cérebros, temos ções. A forma com que o sujeito age em suas rela-
o privilégio e a responsabilidade de “salvar” vidas ções faz com que a sua interação modifique e trans-
no ambiente onde passamos mais de uma década forme a si mesmo e ao outro, sendo assim ele con-
aprendendo a ser cidadãos. Estes pensamentos segue aprender e apreender por meio de suas rela-
devem servir de motivação, devem ser capazes de ções. Para a teoria de Vygotsky não há a possibili-
ativar todo o sistema de recompensa de nosso cé- dade da existência do “eu” sem a existência do
rebro e inundá-lo de dopamina. Há prazer anteci- outro. Então, a consciência de si mesmo se dá par-
pado e há recompensas quando sabemos que so- tindo do pressuposto de que o sujeito é um ser so-
mos “modeladores” de cérebros. cial que interage com o seu meio. O sujeito é um
ser social e é com o outro que ele aprende
No 14º encontro estimularam-se com jogos tea- (VYGOTSKY, 2003, apud PESSOA, 2015, p. 103).
trais o vocabulário e a fala, a fim de desenvolver um rap
Com os demais jogos que se realizaram, estimu-
com os adolescentes. Teve-se por objetivo neste encon-
lou-se mais uma vez a concentração e também o racio-
tro estimular o vocabulário dos adolescentes, a familia-
cínio rápido. No teatro muitas coisas podem ser estimu-
ridade e a flexibilidade com palavras, e levá-los a faze-
ladas. A intenção dos jogos era justamente levar os ado-
rem uma música de rap, e ver o conteúdo que se teria a
lescentes a relacionarem o seu repertório de vocabulá-
partir disso. Dentro dos jogos teatrais, muitas coisas
rio com um raciocínio ágil, para usarem em seu favor
podem ser trabalhadas e estimuladas, e o vocabulário é
nas situações de seu dia a dia.
uma delas. Ter um bom vocabulário, ter familiaridade e
flexibilidade com palavras é muito importante, pois é O teatro é extremamente motivador para crianças
algo fundamental para o desenvolvimento do sujeito e adolescentes; afeta-os nos aspectos emocional,
cognitivo, motor e social. Exige também mobili-
como ser social.
zação da atenção, da percepção e da memória,
A linguagem é algo fundamental para o sujeito compreensão textual, capacidade de jogar com as
enquanto ser que tem a necessidade de se relacio- palavras; trabalha a expressividade e a imagina-
nar com o meio em que vive. Azevedo (2007) afir- ção. Esses aspectos referentes à realidade juvenil
ma que “a linguagem tem a qualidade de tornar são comumente desconsiderados como significa-
presentes pessoas e/ou situações ausentes, trans- tivos (OLIVEIRA; STOLTZ, 2010, p. 89).
cendendo completamente o imediato” (AZEVE-
DO, 2007, p. 26). Ela facilita a comunicação entre
Após os jogos teatrais, o objetivo era que os ado-
as pessoas. E a mesma autora diz que a linguagem lescentes fizessem um rap, que criassem uma letra e o
é uma transposição do real para o simbólico. é atra- ritmo do rap, porém o que fizeram foi escrever um rap
vés da linguagem que o sujeito adquire riquezas que já existe. Quando li o que escreveram, o conteúdo
que lhe serão importantes durante todo seu pro- do rap me deixou intrigada, pois não havia proximidade
cesso de aprendizagem, passa a ter conhecimento
do que foi escrito com a realidade mostrada pelos ado-
acerca de si mesmo e do mundo (PESSOA, 2015,
p. 103). lescentes nos encontros anteriores. Pelo contrário, era
muito distante. A música que eles escreveram foi a “Sem
Pensando nesta necessidade de se estimular o Graça” do Haikaiss, que fala sobre uma mulher, com
vocabulário e a linguagem dos adolescentes, foram rea- um conteúdo bem forte, um pouco romântico, que fala
lizados jogos teatrais que trabalharam a concentração, de sexo, sobre bebidas alcoólicas, sobre um certo pessi-
a criatividade e por fim o vocabulário. Notou-se que os mismo em algumas falas e também uma desvalorização
adolescentes exercitaram bastante o vocabulário que ti- da mulher. A escolha da música foi por uma identifica-

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Renata Cristina Siqueira Lopes • Liara Rodrigues de Oliveira

ção, tanto pelo estilo musical, do qual os adolescentes (A56), as adolescentes relataram que sentiam no jogo
gostam muito, pois disseram isso quando propus a ativi- uma tensão quando quem estava pegando se aproxima-
dade, quanto por identificação que o rap tem com a rea- va, que era uma sensação forte de que seriam pegas, e
lidade social deles. Mesmo o conteúdo no todo sendo que a sensação de correr em câmera lenta era diferente,
distante do que já foi visto nos encontros anteriores pe- pois “dentro delas” sentiam que seu corpo queria correr
los adolescentes, temos alguns elementos na música que mesmo para não ser pega. “Era como se realmente esti-
trazem à tona temas já vistos, como o tema do pessimis- vesse correndo por dentro”, uma delas relatou.
mo, da desvalorização e de palavras de baixo calão. O teatro é extremamente motivador para crianças
Nas letras de rap, os autores comumente narram e adolescentes; afeta-os nos aspectos emocional,
suas experiências de vida e o cotidiano de suas cognitivo, motor e social. Exige também mobili-
comunidades, o que viabiliza um processo de iden- zação da atenção, da percepção e da memória,
tificação naqueles que compartilham da mesma compreensão textual, capacidade de jogar com as
realidade, “privação financeira, preconceito racial e so- palavras; trabalha a expressividade e a imagina-
cial” (Barbosa, 2005, p. 40), seja qual for a “que- ção. Esses aspectos referentes à realidade juvenil
brada”, o Bronx em Nova Iorque, Jardim Ângela são comumente desconsiderados como significa-
em São Paulo ou Ceilândia, Distrito Federal (TO- tivos (OLIVEIRA; STOLTZ, 2010, p. 89).
MASSELLO, 2006, p. 60).
No 16º encontro realizou-se a atividade de encer-
No 15º encontro estimularam-se, através de di- ramento de estágio, na qual foi feito com as adolescen-
nâmica e jogos teatrais, a concentração, o foco, a reso- tes um amigo secreto, sorteado no dia e o presente con-
lução de problemas e a criatividade. O objetivo através feccionado com EVA. Houve o feedback do projeto de-
da dinâmica era levar as adolescentes a refletirem e ad- senvolvido com as adolescentes. Neste último encontro
quirirem conceitos importantes sobre enfretamento de com as adolescentes, foi possível ter uma revisão de tudo
problemas ou situações adversas, pois em encontros an- o que foi feito durante o estágio através de cada fala das
teriores elas relataram sobre a ansiedade, a dificuldade adolescentes durante o feedback dado por elas, do que
de enfrentarem situações por medo, insegurança e pela experienciaram, das reflexões que tiveram com os jogos
própria ansiedade. Na dinâmica cada adolescente fala e dinâmicas, dos sentimentos que expressaram, do apren-
sobre palavras chaves, como amizade, confiança, coo- dizado que tiveram estimulando suas capacidades inte-
peração, humildade, paciência, dialogo, alegria e moti- lectuais e sociais. Tezani (2006, p. 14) fala sobre a capa-
vação, e através da fala de cada uma sobre a experiência cidade transformadora dos jogos, de criar, inquietar, tra-
e sobre as palavras elas desenvolvem reflexões para usa- zer aprendizados, gerar transformações, e dentro do pro-
rem quando preciso, levando-as a internalizarem con- jeto Play’Art isso ficou muito evidente.
ceitos importantes. Portanto, é no jogo que se cria, antecipa e inquie-
O pensamento por conceitos possibilita ao ado- ta, assim, transforma-se, levantam-se hipóteses e
lescente o mundo da “consciência social objetiva”, traçam-se estratégias para a busca de soluções. No
o mundo da “ideologia. A educação escolar de jogar, o desejável passa a ser algo obtido através
adolescentes e a formação dos conceitos científi- da sua imaginação, onde o abstrato se concretiza
cos sociais” (VIGOTSKY, 1996, p. 64) e, paralela- e resulta no processo de construção do conheci-
mente, desenvolve-se a linguagem. O adolescente, mento. Pelo fato de as situações de jogos atuarem
por meio do pensamento por conceitos, consegue no imaginário e estabelecerem regras, proporcio-
chegar a compreender a realidade em que vive, as nam desenvolvimentos, na medida em que impul-
pessoas ao seu redor e a si mesmo. O pensamento sionam conceitos e processos em desenvolvimen-
concreto começa a dar lugar ao pensamento abs- to. Nesse sentido, importa analisar os jogos como
trato e o conteúdo do pensamento do adolescente estratégias de ensino, por meio das quais, ao agir,
“[...] converte-se em convicção interna, em orien- a criança projeta seus sentimentos, vontades e de-
tação dos seus interesses, em normas de conduta, sejos, buscando, assim, a afetividade na aprendi-
em sentido ético, em seus desejos e seus propósi- zagem. Acredita-se, dessa forma, que os jogos tam-
tos” (VIGOSTSKY, 1996, p. 64; FACCI, 2004, p. bém possam resgatar o desejo pela busca de co-
71 apud ANJOS, 2017, p. 109). nhecimento e tornar a aprendizagem mais praze-
rosa, por meio da qual a criança passe a gostar,
Com os jogos teatrais estimularam-se com as ado- cada vez mais, de aprender.
lescentes a expressão corporal, o foco, a memória e tam-
No 17º encontro realizou-se com os adolescen-
bém o vocabulário, com a familiaridade e a flexibilida-
tes, atividade criativa e divertida de encerramento de
de com palavras. Em um dos jogos do fichário de Viola
estágio com massinha de modelar. Houve o feedback do
Spolin (2006), o “Câmera lenta – pegar e congelar”

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PLAY’ART: Constatações do uso de jogos teatrais e dramáticos em intervenção de estágio básico com adolescentes

projeto desenvolvido com os adolescentes. Com os ado- práticas estreitamente dependentes do teatro
lescentes foi muito perceptível o que conseguiram ab- (THOMAZ, 2007, p. 50).
sorver, o que conseguiram aprender e internalizar atra-
vés de suas falas a respeito do projeto, quando relata- 5 CONCLUSÃO
ram que foi “muito legal”; que trouxe muitos ensina- Constatou-se com o projeto que o uso de dinâmi-
mentos como o “não falar palavrões”, mesmo sendo cas, jogos teatrais e jogos dramáticos podem ser gerado-
difícil para eles, ensinamentos também sobre “honesti- res de transformações, ainda que pareçam pequenas ou
dade”, “confiança”, que foi bem “educativo”; que tra- pouco perceptíveis, ainda mais quando adjuntos a co-
balhou a “concentração e foco” e que “queriam tudo de nhecimentos científicos da psicologia para desenvolver
novo”. e estimular a capacidade dos adolescentes de refletirem
Mesmo que os resultados de algumas mudanças sobre si mesmo, e sobre os outros, dentro de diversos
de comportamento não ficaram tão visíveis, eles conse- temas nos quais estes se encontram com dificuldades ou
guiram internalizar os conceitos e continuam refletindo defasagens de desenvolvimento.
sobre o que foi passado através do projeto Play’Art. Dol- Contatou-se também a responsabilidade do pa-
ci (2017, p. 72) faz uma citação de Boal (1996) sobre a pel do psicólogo com agente gerador de transformações
capacidade que o teatro tem de trazer conhecimento a partir de sua postura em campo, principalmente com
sobre si mesmo como ser que é e que pode ser, de se ver, adolescentes, no âmbito educacional. Heckler (2016,
de se identificar. p. 108) fala que “o principal meio de expor a questão de
valores, de escolher bem as palavras para expressar-se é
Segundo Boal (1996, p. 27), “o Teatro nasce quan-
dar e ser exemplo, e que o mestre tem que cativar, mos-
do o ser humano descobre que pode observar a si
mesmo: ver-se em ação. Descobre que pode ver-se trar que aquilo o que ele diz é bom, verdadeiro, digno de
no ato de ver – ver-se em situação”. Com isso ao ser seguido.” Heckler (2016, p. 113) também fala que “o
ver-se, percebe o que é, o que não é e imagina o adulto deve ser exemplo positivo para a criança de hoje,
que pode vir a ser. Sendo assim, existe um reco- com o intuito de que essa tenha inspiração para prosse-
nhecimento de si próprio, pois o Teatro permite guir com um excelente trabalho e promova melhorias
ao sujeito observar a si mesmo, em ação, em ativi-
sociais.” O uso dos jogos teatrais e dramáticos trouxe
dade. Permite-lhe também imaginar situações e
modos ao seu agir, analisar alternativas. Desse uma demanda característica de cada grupo por parte dos
modo, o autor aborda que o aluno-ator percebe adolescentes, quando se possibilitou, através dos jogos,
onde está, descobre onde não está e imagina onde ressignificarem conceitos e desenvolverem um novo
pode ir com a sua aprendizagem e construção do olhar sobre diversos temas. Tezani (2006, p. 14) fala so-
conhecimento (DOLCI, 2017, p. 72).
bre a capacidade transformadora dos jogos, de criar, in-
Quando mencionado sobre o palavrão, “mesmo quietar, trazer aprendizados, gerar transformações, e isso
sendo difícil”, percebe-se nessa fala que há uma tentati- dentro do projeto Play’Art ficou evidente.
va, e quando mencionaram sobre a “honestidade” so- Os adolescentes ressignificaram conceitos, o que
bre a “confiança” foi um retorno positivo contra algo os levou a uma inquietude capaz de gerar mudanças no
que foi muito trabalhado no estágio contra os temas decorrer do desenvolvimento do projeto como indiví-
violentos, as cenas criadas onde o conteúdo era crime, duos, como construtores positivos em seus contextos
bandidos, armas; os adolescentes conseguiram refletir sociais. Os jogos teatrais e dramáticos são norteadores
sobre a importância de serem honestos, de serem con- de resultados proveitosos em que se permeiam reflexões
fiáveis e passarem a imagem de alguém confiável. e vivências para os adolescentes, levando-os a se devol-
As aulas de teatro poderão ampliar o espaço em
verem melhor, a se tornarem adultos com competências
que a educação ocorre, passando-o da dimensão sociais, intelectuais, físicas e emocionais mais elabora-
cognitiva, psicológica para a dimensão simbólica. das e mais positivas, e esses aprendizados então pode-
Nesse sentido, a educação ultrapassaria o proces- rão ser refletidos, seja no ambiente escolar, familiar ou
so de formação do indivíduo, alcançando o pata- demais contextos sociais.
mar de toda a humanidade. Importa, também, fa-
Conforme Heckler (2016, p. 113): “O adulto deve
zer das vivências e das práticas um momento má-
gico, a permissão para a invenção espontânea, a ser exemplo positivo para a criança de hoje, com o intui-
abordagem sensível do real, incitando os jogado- to de que essa tenha inspiração para prosseguir com um
res a viverem e a exprimirem o que sentem na re- excelente trabalho e promova melhorias sociais”. As-
lação com eles mesmos e com os outros, além de sim, concluindo tudo que representou o projeto desen-
reviver e representar as imagens do mundo como volvido, cita-se Thomaz (2007, p. 50), que descreve de

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Renata Cristina Siqueira Lopes • Liara Rodrigues de Oliveira

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Nesse sentido, a educação ultrapassaria o proces-
so de formação do indivíduo, alcançando o pata- FREIRE, Teresa; TAVARES, Dionísia. Influência da autoes-
mar de toda a humanidade. Importa, também, fa- tima, da regulação emocional e do gênero no bem-estar sub-
zer das vivências e das práticas um momento má- jetivo e psicológico de adolescentes. Rev. Psiquiatr. Clín.,
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