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Autoimunidade: é a resposta imune dirigida a antígenos fossem mortos, permitindo que estes escapem para a

pertencentes ao tecido do hospedeiro – não fazendo periferia


distinção se a resposta foi induzida por um antígeno
estranho ou um autóctone (próprio corpo) – causada pela Tolerância periférica: LT autorreativos que escapam da
resposta imune adaptativa = linfócitos B e T seleção negativa no timo tem o potencial para causar
lesões autoimunes, a não ser que sejam eliminados ou
Variam de respostas direcionadas a determinado órgão ou controlados na periferia – 3 mecanismos possíveis: a
tipo celular, resultando em dano localizado (ex: DM1) e inativação funcional (anergia), a supressão por células-T
doenças que envolvem diversos sistemas associadas a reguladoras e a deleção (morte celular induzida por
múltiplos autoanticorpos (ex: LES), ou mediadas por ativação)
células-T contra múltiplos autoantígenos (ex: artrite
reumatoide) Anergia: ocorre pois os linfócitos T virgens precisam de no
mínimo dois sinais para sua proliferação e diferenciação
em células efetoras: 1o sinal é sempre o antígeno, mas é
necessário co-estimuladores expressos nas APCs em
respostas ao MO (no caso dos autoantígenos nos tecidos
normais, esses co-estimuladores não estariam presentes)
>Mecanismos da autoimunidade: doenças causadas por
mutações de um único gene nos mecanismos de
autotolerância ajudam a compreender a importância que
cada ponto dessas vias – porém as doenças por estas
mutações monogênicas são raras, a grande maioria das
doenças autoimunes não pode ser explicada por defeitos
em um único gene
Acredita-se que a falha da autotolerância =
autoimunidade resulte de combinação de genes
suscetíveis e fatores ambientais, como infecções ou danos
teciduais, que alteram a apresentação de antígenos
próprios
>Fatores genéticos: tendem a afetar famílias, e maior
incidência em gêmeos monozigóticos que dizigóticos
Diversas doenças autoimunes estão ligadas aos genes do
Pessoas normais são tolerantes, ou seja, não-responsivas HLA (especialmente a MHC classe II) existindo alelos de
aos seus próprios antígenos (self) e a autoimunidade HLA em particular que predispõem certas doenças
resultaria de uma falha na tolerância imunológica autoimunes
>Tolerância imunológica: é a ausência de resposta imune O risco relativo (chances daquele alelo em particular
a um antígeno com sua exposição a linfócitos específicos desenvolver a doença comparada a indivíduos que não o
para ele herdaram) é 3-4x para artrite reumatoide, de mais de
100x para espondilite anquilosante
Sabendo que os receptores de reconhecimento dos
linfócitos B e T surgem randomicamente por rearranjos Porém, não é claro como os genes que codificam as
dos genes que os fazem, obviamente neste processo proteínas do MHC poderiam influenciar a autoimunidade,
surgem receptores que reconhecem antígenos próprios pois elas não têm a capacidade de distinguir entre
fragmentos peptídicos próprios e estranhos
Por isso, existem mecanismo de segurança para evitar o
desenvolvimento desses linfócitos autorreativos: (1) Aliás, maioria dos indivíduos com estes alelos do HLA
tolerância central e (2) tolerância periférica relacionados à suscetibilidade não desenvolvem doença
autoimune, e por outro lado, indivíduos sem estes genes
Tolerância central: apoptose dos LT em desenvolvimento podem desenvolvê-la
no timo e das B na medula óssea que respondam a
autoantígenos Ou seja, a expressão de determinado gene MHC é apenas
uma das variáveis que contribuem para autoimunidade
Como isso ocorre? Descoberta recente do regulador
autoimune (Aire) que é uma proteína expressa na medula >Infecções e lesão tecidual: microrganismos podem
do timo que é um fator de transcrição – que leva a induzir reações autoimunes por meio de alguns
transcrição de milhares de proteínas que normalmente mecanismos
estão presentes apenas nos tecidos periféricos –
mutações do gene Aire é causa da poliendocrinopatia Antígenos de vírus, bactérias e outros MO podem
autoimune, uma síndrome rara apresentar ligação cruzada com antígenos do hospedeiro
= mimetismo molecular
Infelizmente, este processo não é perfeito pois diversos
autoantígenos podem não estar presentes no timo
assegurando que linfócitos que reagiriam contra eles
A cardite reumática pós faringite estreptocócica é o células, e a remoção inadequada do núcleo delas, em
melhor exemplo – a proteína M do S. pyogenes parte por defeitos genéticos dos mecanismos de limpeza,
compartilha epítopo idênticos ao da miosina cardíaca resulta em grande carga de antígenos nucleares
causando reação cruzada
Como também temos polimorfismos que geram defeitos
Além disso, as infecções causam necrose e inflamação em manter a autotolerância, os linfócitos B e T são
tecidual, que podem estimular moléculas co-
estimuladoras nas APCs dos tecidos, favorecendo ruptura
no mecanismo de anergia

Uma variedade de outros insultos ambientais poderia


alterar a exposição de antígenos teciduais – como a
radiação UV que provoca morte celular e pode levar a
exposição de antígenos nucleares (explicação para
associação do lúpus com exposição à luz solar)
estimulados pelos antígenos nucleares
Lúpus eritematoso sistêmico (LES): doença autoimune
que afeta diversos órgãos = comportamento clínico
variável, imprevisível, recorrente, de início súbito ou
insidioso
Pode acometer virtualmente qualquer órgão, tendendo a
afetar pele, rim, serosa, articulações e coração (PARSC) e
está associada a diversos autoanticorpos, incluindo
classicamente os anticorpos antinucleares (AAN)
Manifestações em comum com outras doenças como
artrite reumatoide, polimiosite etc, por isso existem
critérios diagnósticos para o LES (4 ou mais critérios)
>Patogenia: fatores genéticos e ambientais – defeito
principal é a incapacidade de manter a autotolerância,
com produção de diversos autoanticorpos que danificam
os tecidos, diretamente ou na forma de depósitos de
complexos imunes
Fatores genéticos: familiares têm risco aumentado de
lúpus, em gêmeos monozigóticos (25%) e dizigóticos (3%),
há associação com mutações específicas do HLA que
podem aumentar 3x o risco entre outros inúmeros genes
relacionados ao sistema imune
Fatores ambientais: radiação UV, tabagismo, hormônios
sexuais (é 10x mais comum em mulheres em idade fértil
comparada aos homens de mesma idade, e 2-3x mais
comum em mulheres na infância ou após 65 anos)
>Autoanticorpos: um grande espectro pode ser
Acredita-se que insultos ambientais levam à apoptose das identificado no LES, desde contra componentes do núcleo
e do citoplasma, antígenos de superfícies das células
sanguíneas e também contra fosfolipídios
Os anticorpos antinucleares podem ser contra o DNA,
contra histonas, contra outras proteínas não-histona e
contra antígenos nucleolares
O método mais utilizado para detecção deles é a
imunofluorescência indireta (IFA) – extremamente
sensível (>95% dos pcts com LES vão dar positivo, porém
pouco específico pois é positivo em outras doenças
autoimunes, infecções crônicas e câncer)

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