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Marilda Santanna1
Resumo: O presente artigo se propõe a ilustrar de forma panorâmica o Goethe Institut - ICBA
nas gestões de Roland Schaffner como espaço fértil das práticas artísticas, particularmente no
período da década de 1970 ainda sob o jugo da Ditadura militar e o seu retorno na década de
1990,período em que a Indústria do Carnaval assume o proscênio no governo ACM; ao mesmo
tempo em que busca compreender as reverberações da Contracultura que ainda se mostrava
presente no primeiro período de sua primeira gestão neste ambiente de intercâmbio cultural e
centro de produção e acesso às artes.
Abstract: This article aims to illustrate how the Goethe Institut overview - ICBA during the
administrations of Roland Schaffner as fertile ground of artistic practices, particularly during the
1970s while still under the yoke of military dictatorship and its return in the 1990s, a period
Industry in which the Carnival takes the foreground in government ACM, while aiming to
understand the reverberations of the counterculture that still showed itself in the first period of
his first term in this environment and cultural exchange center for production and access to the
arts.
1 Introdução
1 Doutora em Ciências Sociais – UFBA. Professora do Instituto de Humanidades, Artes e Ciência Prof. Milton
Santos. IHAC-UFBA. Cantora e perfomer . E-mail: marilda_santanna@yhaoo.com.br
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Diálogos & Ciência – Revista da Faculdade de Tecnologia e Ciências – Rede de Ensino FTC. ISSN 1678-0493, Ano 9,
n. 25, mar. 2011. www.ftc.br/dialogos
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mesmo com o cerceamento imposto pelo Regime Militar à liberdade de expressão em todos os
âmbitos. Ainda no primeiro momento, o conceito de Contracultura como modus vivendi destes
jovens atores que protagonizaram este momento, tão “vigiado” e ao mesmo tempo tão fértil, será
de suma importância.
Num segundo momento, na década de 1990, tomamos o ambiente do Governo ACM e
uma política Cultural voltada particularmente para o turismo e para o mercado da Indústria do
Carnaval. Convém também destacar no presente artigo um personagem importante para o
florescimento deste centro de experimentação das Artes, o diretor Rolland Schaffner, nas duas
administrações supra citadas.
Impossível falar no ICBA da década de 1970 sem pronunciar o nome do seu diretor no
período, Rolland Schaffner. Um alemão já residente no Brasil desde 1966 com passagem pelo
Goethe Institut do Rio de Janeiro no cargo de vice diretor. Chega a Salvador em 1969 e entra em
contato com o ambiente criado por Edgar Santos nos anos 1950 nas Escolas de Música e Artes
Cênicas e na Escola de Belas Artes. No entanto, sua atuação frente ao ICBA no cargo, se efetiva
em 1972, depois de circular pelo ambiente cultural e conhecer alguns expoentes que se tornarão
futuros parceiros como pode ser ilustrada na declaração de Guido Araujo: “Ao contrário dos
diretores anteriores, que vinham divulgar a cultura deles, Schaffner quis trabalhar com artistas
baianos”. (DIAS, 2010, p. 22).
Neste sentido, Schaffner com a parceria dos artistas baianos e da comunidade acadêmica
possibilitou a atualização artística e cultural não só dos artistas baianos, mas do público em geral.
Nomes como Juarez Paraiso, Guido Araújo, Chico Liberato, João Augusto, Lindembergue
Cardoso, Ernst Widmer, Lia Robatto, tornam-se no primeiro momento parceiros na criação de
festivais, encontros, conferências, seminários, mesas redondas, oficinas, cursos, feiras, jornadas,
dentre outros, numa usina de criatividade e resistência.
Na sua segunda gestão que será abordada mais adiante, o panorama local se encontra
completamente sucateado pelo Governo ACM que une a pasta da Cultura e do turismo
transformando a Bahia em um cartão postal e terra da alegria com a Indústria do Carnaval.
Passemos a ilustrar o primeiro momento de Schaffner à frente do ICBA quando ainda
reverberava entre os jovens herdeiros da Contracultura o slogam de “Paz e Amor”. Antes,
porém, passemos a uma rápida digressão do que foi a Contracultura neste período.
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Tema movediço e plural, a Contracultura pode servir de ambiente para este fim a que se
propõe. Não sem antes pontuar de forma superficial, já que não é este o foco da discussão, o que
antes da Contracultura ainda na década de cinqüenta foi denominada de geração beatniks
É neste principio que surgem nos bairros boêmios dos Estados Unidos poesias beat
representadas por nomes tais como Allen Ginsberg e seu famoso poema Uivo e Jack Kerouac
autor do Best Sellers On the Road. Esta rebeldia marginalizada dos anos 50 já dialogava com as
doutrinas orientais que,
Neste sentido, podemos considerar a geração beatnik como um dos precursores para
compreender o comportamento dos jovens da Contracultura na década de 1960.
Assim, a Contracultura pode ser considerada a “libertação do sujeito para que dela surja a
libertação social como um todo” (GONÇALO JUNIOR, 2009, p. 3). O caráter da subjetividade
do sujeito presente no ambiente da Contracultura passa pelo rompimento a partir de dentro da
subjetividade deste sujeito. Daí o uso de drogas, da proliferação de correntes filosófico-religiosas
orientais, o Ocidente que se orientaliza com suas vestimentas indianas, sua alimentação
macrobiótica e vegetariana, seus incensos, suas práticas de meditação por meio da yoga, dentre
outras “trocas culturais”.
Além do caráter da subjetividade do sujeito, a Contracultura trouxe para os jovens
americanos que reverbera via intelsat para os jovens do mundo “coisas como o orientalismo, as
drogas alicinógenas, o pacifismo, o movimento das mulheres, a ecologia, o pansexulaismo, os
discos voadores, o novo discurso amoroso, etc.” (RISÉRIO, 2005. p. 26)
Importante lembrar que a Contracultura se situa, historicamente, num grande momento de
conflito não apenas em nível nacional, mas também em nível mundial. No Brasil a ditadura
militar sufoca todo tipo de liberdade de expressão, nos Estados Unidos a guerra do Vietnã envia
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jovens para batalhas sangrentas, na França o maio de 68 provoca conflitos que transcendem a
questão política. Pois o contingente de jovens convocados para este fim, ao mesmo tempo em
que revoltou muitos culminando com o slogan acima citado “Paz e Amor” e o movimento hippie,
provocou também uma desestabilização nos valores da sociedade americana pregados até então.
Para Almeida (2010) “com a Contracultura politiza-se a Cultura e o cotidiano e culturaliza-se a
política” (p.57).
Por outro lado, o que interessa à Contracultura é o “poder das idéias, imagens e da
expressão artística, não a obtenção de poder pessoal e político”.(GOFFMAN; JOY, 2007, p.13).
Nesse sentido, traz-se a tona como representação deste ideal no Brasil, a Tropicálias e seu
mentores, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Rogério Duprat, Os Mutantes; bem como
outros artistas baianos/brasileiros que se afinavam com este discurso, a exemplo de Glauber
Rocha e o cinema Novo, as artes visuais/performáticas de Lígia Clark e Hélio Oiticica, o teatro
Oficina de Zé Celso Martinez, a poesia de José Carlos Capinam, Torquato Neto, dentre outros.
Ao contrário do que se chegou a proclamar, “a Contracultura se expandiu no Brasil não por
causa, mas apesar da ditadura” (Risério, 2005, p.26- Grifo do autor)
Também considera-se a Contracultura como uma ruptura com a tradição. Por outro lado,
ela se configura numa espécie de tradição que rompe com a tradição. “Dessa forma, a
Contracultura pode ser uma tradição que ataca e dá inicio a quase todas as outras tradições”
(JOY; GOFFMAN, 2003:13)
Assim, ainda para Goffman;Joy “A contracultura não pode ser construída ou produzida:
precisa ser vivida”. (2003, p. 17). Seu lema é “Levar a vida como uma experiência artística em
progresso” (2003, p.17).
Em meio a toda a ideologia de liberdade e experimentação alardeada pelos seguidores da
Contracultura, O Brasil e vários países da América Latina sofriam toda sorte de cerceamento
como veremos na próxima seção.
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2Com base em Pereira (2009) e Dunn (2008) Tomo aqui contracultura como um conjunto de manifestações culturais
novas, atitudes idéias e práticas que floresceram não só nos Estados Unidos e Europa, mas também, em países da
América Latina de forma idiossincrática, que ousaram se contrapor ao regime conservador vigente.
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destas duas montagens do grupo residente, segue-se o ensaio de A exceção e a regra de Brecht e Os
sete pecados da cidade da autoria de Conceição Paranhos concebido para ser apresentado em praça
pública em 1973.
Como convidado, o ICBA recebe João das Neves um dos fundadores do teatro Opinião do
Rio de Janeiro para montar em Salvador Um homem é um homem de Bertolt Brecht numa tentativa
de estabelecer as bases do grupo em Salvador. A montagem realizada em 1974 comemora os dez
anos do grupo Opinião que também teve vida curta em Salvador.
Toma-se também como exemplo deste celeiro cultural a parceria do ICBA com a Escola de
música e Artes Cênicas promovendo o primeiro espetáculo Interarte em outubro de 1971
outros; No teatro recém inaugurado, músicos tais como Jorge Alfredo e a banda elétrica
Kamaiurá, Chico Evangelista, grupo Sangue e Raça, dentre outros, também apresentavam suas
produções artísticas. Grupos de teatro importantes do período se apresentavam inicialmente para
a censura, como era de praxe, lotando a audiência normalmente com criações coletivas com
temas que de forma velada se reportava a falta de liberdade de expressão. Grupos como o
Carranca tendo à frente o diretor Luiz Marfuz; Avelãz y Avestruz sob a direção de Márcio Meirelles;
Amador Amadeu, grupo amador de teatro com muito sucesso na época, dentre outros, se
apresentavam de forma freqüente no teatro. Os grupos de dança já citados acima tinham também
uma produção muito grande.
As artes visuais se faziam representar por exposições, oficinas e concursos tais como o 500
anos do artista alemão Durer e o concurso Bahia década de 70; além de cursos experimentais de arte
coordenados por Juarez Paraiso e Francisco Liberato. Exposições como a Expo Bahia e Artistas do
Rio e do artista Cearense Bené Fonteles em 1975, fizeram parte da história do Goethe Institut na
primeira gestão de Schaffner. Mas, a culminância desta produtividade de arte visual acontece em
1975. Uma parceria do ICBA com artistas plásticos como Renato da Silveira, Chico Liberato, que
migrou para o cinema de animação, Juarez paraíso, Sonia Rangel, Jameson Pedra criam a
cooperarte.
Entretanto, toda efervescência artística-cultural no ICBA foi supostamente interrompida
por perturbações e agressões físicas recorrentes acontecidas, particularmente, no pátio do
Instituto, culminando com o afastamento do então diretor acusado pelo regime militar de
envolvimento no tráfico de drogas. Aliás, álibi bastante recorrente na época. Para Schaffner sobre
o fato “isso não foi nada anormal. [...] Estavam era de saco cheio das atividades do ICBA”
(DIAS, 2010, p. 24). Assim, a ditadura militar também fecha o ICBA de Salvador e o diretor
embarca com a família4 para Calcutá, na Índia para mais uma tarefa Cultural.
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eleição e o impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo que governou o país de
1990-1992.
Para Rubim (2007) as políticas públicas no Brasil apresentam um quadro de ausência,
autoritarismo e instabilidade. Neste sentido, “o afã neo liberal de Collor desmonta quase todas as
instituições culturais do país” (Rubim 2007, p. 3). No governo Fernando Henrique Cardoso ao
lado do Ministro da Cultura Francisco Wefford a “Cultura passa a ser considerada um bom
negócio” (Rubim, 2007, p. 4). O que deveria ser considerado como política de Estado com a
criação do Ministério da Cultura em 1985,
Não implicou em uma descentralização e nacionalização dos equipamentos e, por
conseguinte, da atuação do órgão. Ele continuou sendo um ministério que opera de
modo muito localizado e desigual. (RUBIM, 2007, p. 8).
Com a posse do presidente Lula e do ministro da Cultura Gilberto Gil em 2003, se alarga
o conceito de Cultura como pode ser ilustrado no discurso de Gil que afirma “formular políticas
públicas para a cultura é também produzir Cultura” (GIL, 2003, p.11); além de retomar o papel
do Estado como espaço para formulação e atuação da Cultura numa dimensão simbólica,
econômica e cidadã.
O governo Lula/Gil traz a conexão entre políticas culturais e políticas de comunicação
numa dimensão “Glocal”. Alguns descompassos permanecem como a falta de pessoal
qualificado, o entrave da máquina administrativa do Estado, a procura maior que a demanda,
dentre outros.
Neste sentido, as tradições baianas têm reproduzido o modelo das dinâmicas nacionais.
Nos 16 anos do governo ACM o papel da Cultura se torna indissociável do turismo tendo à
frente durante todo este período o Secretário Paulo Gaudenzi cuja gestão privilegia grupos e
artistas em consonância com a proposta do governo no que se refere a turismo e Cultura numa
mesma pasta; além disso, não se pode deixar de pontuar a relação com a indústria do Carnaval e
Axé music cooptada como cartão de visitas da cidade.
Outro fator importante se refere a idéia de uma Bahia una, sem diferenças, privilegiando
apenas o Recôncavo e seu entorno.
Este panorama serve apenas como pano de fundo para compreender a segunda
administração de Schaffner à frente do ICBA. Voltemos ao tema situando em linhas gerais o
comportamento dos jovens da década de 1990.
A Cultura jovem assume novos contornos com diferentes tribos circulando num universo
social muito diverso. A Identidade se dá pela diferença. O culto de piercings e tatuagens e o
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consumo de drogas como ectasy, além do culto da cultura rave e o aumento da violência nos
Centros Urbanos, marcam esta década.
Enquanto o Rock na década de 1960 pode ser considerado o gênero musical muito
próximo a Contracultura, na década de 1990 no Brasil, a música sertaneja e a axé music e o
pagode assumem a dianteira da indústria da música. Mas voltemos ao segundo momento na
gestão de Schaffner.
Depois de uma passagem pelo Goethe Institut de Belo Horizonte Schaffner retorna a
Salvador em 1992, recebe o título de cidadão soteropolitano e reassume o cargo de diretor. No
entanto, como já apontado acima, se depara com o governo ACM e a Indústria do Carnaval em
comunhão com a Cultura e o Turismo, provocando assim um achatamento de outras
manifestações artísticas e uma classe desmobilizada com as leis de Incentivo a Cultura, o Faz
Cultura, elegendo alguns poucos privilegiados que conseguiam parcerias empresas-Estado para a
realização de suas produções artísticas.
O panorama desmotivado e sucateado da Cultura se torna mais uma vez um grande desafio
para Roland Schaffner que promove novos encontros e intercâmbios com a classe musical,
teatral, em produções alternativas e intercâmbios, particularmente com o músico Alemão Harald
Weiss que monta o espetáculo Ade-Até com elenco baiano. Ainda em parceria com o músico
alemão apóia o Núcleo de Teatro do Teatro Castro Alves na montagem de Medeia com Rita
Assemany no papel título.
Ainda na gestão supramencionada, realiza o primeiro salão de Arte Digital, o primeiro
núcleo de vídeo baiano e a montagem de Merlin com direção de Carmen Paternostro e com o ator
Lúcio Tranchesi no papel titulo.
Vale lembrar que nesta época, mais uma vez o pátio do ICBA serviu de laboratório de
criação e experimentação da música com a Jam Sessiom às sextas-feiras durante um tempo grátis,
e mais tarde a preço popular de dois reais. Instrumentistas como o guitarrista Mou Brasil,
Jurandir Santana, o baixista Ivan Bastos, o baterista Ivan Huol, o saxofonista Letieres Leite e
muitos outros, se encontravam às sextas-feiras para experimentações sonoras sob a anuência de
uma platéia que se deleitava com os chorus de cada improviso.
Em 1999 Roland Schaffner se afasta da direção do Instituto e morando em Salvador se
dedica a escrever suas experiências interculturais a ser publicada pela EDUFBA.
Atualmente o Instituto mantém uma programação cultural sem muito vigor, a não ser em
período de festivais quando o espaço é ocupado por um maior número de espetáculos e maior
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afluência de público. A exibição de filmes, work shop e exposições são pontuais e o site5 da
instituição se limita apenas a informar períodos de aulas e intercâmbios.
7 Aspectos Conclusivos
Com base no exposto, sinaliza-se a importância do Goethe Institut nos dois períodos para
a cultura de Salvador em suas diferentes linguagens no ambiente da Contracultura e a figura
impar do seu diretor nas duas gestões. No entanto, leva-se em consideração a predisposição,
criatividade e experimentação dos artistas protagonistas desse momento que souberam tão bem
alimentar e retroalimentar este caldeirão, mesmo sofrendo toda sorte de censura nos anos de
chumbo. Por outro lado, no segundo momento desta gestão 1992-1997, outro cerceamento se
apresentava de forma bastante fecunda, a política do governo ACM e sua estreita visão de
Cultura. Período em que a economia da Cultura é representada em grande parte pela Indústria do
Carnaval e da Axé music. Assim, a tríade Goethe Institut, Roland Schaffner e a classe artística
arregaçaram as mangas mais uma vez em defesa da liberdade de expressão e da experimentação, e
de mais espaço para a diversidade de propostas artísticas, provando mais uma vez que o artista é
um ser político que necessita se expressar, mesmo enfrentando as adversidades.
Referências
LEÃO, Raimundo Matos de. Transas na cena em transe: Teatro e Contracultura na Bahia.
Salvador: EDUFBA, 2009
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PEREIRA, Carlos Alberto M. O que é Contracultura. São Paulo: Brasiliense, 2009. (Coleção
Primeiros Passos).
RISÉRIO, Antônio. Anos 70: trajetórias. São Paulo: Iluminuras. Itaú Cultural, 2005.
VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. São Paulo: Cia das letras, 2008.
Notas
1 Maiores informações deste tema em Izabel de Fátima Cruz e Melo. “Cinema é mais do que filme: Uma história do
cinema baiano através das jornadas de cinema na Bahia dos anos 70”. Dissertação de mestrado. Programa de Pós
graduação em História UFBA. 2009.
3O primeiro grupo residente de teatro foi o teatro Cooperativa dirigido por outro alemão, também prof. Da Escola
de Teatro Ewald Hackler.
4 Roland Shaffner se casa com a dançarina Carmen Paternostro com quem tem um filho. Carmen teve uma
participação muito importante no ICBA nos dois momentos da gestão do diretor. No primeiro momento, como
dançarina e coreógrafa do grupo residente, Intercena; e no segundo momento, como diretora de espetáculos teatrais.
5 http://www.goethe.de/ins/br/sab/ver/ptindex.htm
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