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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

LUCAS TEIXEIRA PEREIRA

DI CAVALCANTI:

IMPORTÂNCIA DE SUAS OBRAS NA REVOLUÇÃO SOCIAL


DO BRASIL

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LUCAS TEIXEIRA PEREIRA

DI CAVALCANTI:

IMPORTÂNCIA DE SUAS OBRAS NA REVOLUÇÃO SOCIAL


DO BRASIL

Trabalho apresentado junto


ao Curso de Artes Visuais, da
Universidade Cruzeiro do sul
de como exigência parcial da
disciplina Projeto
Experimental I

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DI
CAVALCANTI:
IMPORTÂNCIA DE SUAS OBRAS NA REVOLUÇÃO SOCIAL
DO BRASIL

LUCAS TEIXEIRA PEREIRA

RESUMO
O estudo sobre Di Cavalcanti, se dar pela importância dele na cultura Brasileira
Através de suas obras.
Di Cavalcanti foi um dos maiores ícones do movimento modernista da década de
1920 no Brasil, com estilo e técnicas usadas no cubismo, buscava construção de
uma identidade nacional em suas obras como temas caracteristicamente Brasileiros,
tais como o carnaval, as mulatas, os operários, as favelas.
Di Cavalcanti, em sua produção, atenta para a criação de um repertório visual
ligado à realidade brasileira, compreendendo a arte como uma forma de inclusão
social.
Neste Trabalho será apresentado de forma contextual sua vida e obras, e a sua
construção social e artiticas para a cultura do popular brasilseira e no mundo onde
ficou conhecido como uns dos grandes modesnista do Brasil.

Palavras chaves: Di Cavalcanti, Pintura no Brasil, Realidade Brasileira em Pinturas.

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INTRODUÇÃO
O Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo nasceu no Rio de Janeiro,
em 06 de setembro de 1897,onde faleceu em 26 de outubro de 1976. O artista foi
um dosidealizadores da Semana de Arte Moderna e uma referência importantíssima
para todo o grupo modernista e, desde então, para a história das artes plásticas no
Brasil.
O desenho sempre foi parte essencial no percurso estético de Emiliano Di
Cavalcanti. Seus desenhos precederam à pintura, na sua trajetória como artista e,
depois, continuaram como parte estruturante no seu exercício pictórico diário,
marcado pelo traço e pelos contornos que subjugaram a cor na composição de suas
telas.
Sua estreita ligação com as artes gráficas praticamente o conduziu à pintura e,
mais tarde, ao Modernismo. Seus desenhos revelam sua personalidade e todo o seu
repertório.
Deu início à sua carreira muito jovem ainda: em 1914, aos 17 anos, a revista Fon-
Fon publicava seus desenhos de caricaturas e, em 1916, participou de uma
exposição.
coletiva no Salão dos Humoristas. Matriculou-se na Faculdade de Direito e, em
1917, mudou-se para São Paulo, não terminando o curso.
Conviveu com Mario e Oswald de Andrade, Tarsila, Anita e Brecheret. Interessado
em pintura, frequentou, em São Paulo, o ateliê do pintor George Elpons, um alemão
de influências impressionistas. É considerado, entretanto, um autodidata por se
instrui por esforço próprio, sem a ajuda de mestres.
Participou da organização da Semana de Arte Moderna de 1922, sendo
responsável pelos catálogos e programas e expondo 12 pinturas. Di Cavalcanti já
era um artista de talento bastante reconhecido nessa época, e sua atuação em 1922
foi essencial para o sucesso da mostra.
Realizamos nossa pesquisa, com o intuito de descobrir a história por trás das
obras que conhecemos atualmente do pintor Di Cavalcanti. Analisamos o movimento
como um todo, criando uma ligação entre a arte, os aspectos culturais e sociais, que
foram à base para sua jornada artiticas, estudamos as diversas formas da arte que o
artista produziu durante sua jornada Pintor, ilustrador, caricaturista, gravador,
muralista, desenhista, jornalista, escritor e cenógrafo.

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ASPECTOS CONCEITUAIS
O surgimento de movimentos políticos e culturais nacionais está,
indiscutivelmente, ligado aos acontecimentos do período que o antecede e por isso,
é de fundamental importânciacaracterizar o contexto político e cultural do Brasil e do
restante do mundo no período entre ofim do século XIX até a Semana da Arte
Moderna de 1922 para compreender o movimento modernista brasileiro.
O início do século XX foi movimentado e conturbado para o mundo, marcado por
mudanças de paradigmas no plano econômico, político e ideológico.
Os acontecimentos foram de conflitos regionais até conflitos mundiais, como foi o
caso da I Guerra Mundial, de 1914 a 1918.
Ademais, vivia-se o acelerado crescimento da industrialização, dos meios de
produção e da urbanização. No século XIX a Europa vivenciava um de seus
períodos mais poderosos, A Belle Époque, conhecida como época de ouro, marcada
pelo progresso, esperança de paz entre os países.
Contudo, logo no início do século XX ocorreu a I Guerra Mundial, conflito que
envolveu todos os países do globo, seja direta ou indiretamente, dando fim à Belle
Époque. Assim, a Europa se viu na necessidade de destruir velhos paradigmas e se
reinvendar, vista a condição de fragilidade em que se encontrava e o medo do futuro
que batia à porta.
Dentro desse contexto de guerra que gera pessimismo, crises econômicas e
políticas e disputa entre países.
O nacionalismo ressurge com força nessa época marcada por tanta dificuldade e
miseria, causadas principalmente pela guerra mundial. A arte foi uma das áreas que
precisou se reinventar dentro do novo contexto e assim surgiram novas vanguardas
europeias, com o objetivo de representar a industrialização, a urbanização e também
às angústias e o espírito caótico e violento que se instalou na Europa.
Dessa forma, alguns países europeus desenvolveram movimento pioneiro das
artes, como o futurismo na Itália, o expressionismo na Alemanha, entre outros.
O Brasil, de certa forma, também sofreu as consequências da I Guerra Mundial,
passou por muitas mudanças, visto que era um País ainda muito dependente de
Portugal, mas que buscava aos poucos se desvincular. A partir desses conceitos
historicos, sobre os principais acontecimentos ocorridos do fim do século XIX até a
Semana da Arte Moderna.

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“A Semana de Arte Moderna de fevereiro de 1922
realizada em São Paulo representa um marco na
arte contemporânea do Brasil comparável à chegada
da Missão Francesa no Rio de Janeiro no século
passado (AMARAL, 1979: p.15)”

CONTEXTO HISTÓRICO
Arte Brasileira no seu longo período foi se modificando de acordo com cenário que
se mostrava diantes das conquistas e derrotas nas áreas politícas e economicas,
dentro desse cenario podemos destacar conquista de 1891 foi elaborada uma nova
Constituição, inspirada na norte americana, que estabeleceu o Brasil como uma
República Federativa com o sistema de governo presidencialista.
O fato de o Brasil ter se tornado uma República Federativa fez com que os Estados
passassem a gozar de grande autonomia e com o fim da superioridade dos militares
no poder e valorização das elites fazendeiras, ocorreu no Brasil à política do café
com leite, na qual havia a alternância de presidentes da república de São Paulo,
representante do café, ora de Minas Gerais, representante do leite. Tal política foi de
extrema importância para São Paulo, pois possibilitou que a cidade conseguisse
consolidar seu poder econômico e político, se fortalecendo como pólo industrial
brasileiro e atraindo investimentos nacionais e estrangeiros para si.
A cidade de São Paulo, sede da Semana de Arte Moderna, não foi escolhida em vão.
Foi escolhida ao invés da efervescente e cultural cidade do Rio de Janeiro por
diversos motivos. São Paulo era no século XX o símbolo da mistura racial e da
modernidade, era a cidade onde diversos traços culturais e origens se misturavam
devido à onda de imigrantes e por ser o local da urbanização crescente e da
mentalidade industrial (grande tema do modernismo) (CAMARGOS, 2002).

Ocorreu também uma série de revoltas da população contra alguns aspectos


políticos e econômicos que havia no Brasil devido economia brasileira está
monopolizada na parte mais rica da sociedade como fazendeiros e estrageiros que
migraram para o Brasil diante do crescimento e prospero e promissos que estáva se
surgindo.
Algumas das revoltas a destacar foram a Guerra de Canudos, a Guerra do
Contestado e a Revolta da Chibata. Podemos destacar com a principal revolta no
Brasil nao mesmo importante da outras, a Guerra de Canudos que ocorreu no
interior da Bahia por conta da grave crise econômica e social em que se encontrava
a região e, principalmente, por uma onda de crença na salvação milagrosa dos
cidadãos, influenciados por Antônio Conselheiro que pregava o fim da cobrança dos

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impostos e afirmava ser um enviado de Deus para liderar revoltas contra as
injustiças sociais região, Tais conflitos demonstram que vivíamos um período de
intensa ambiguidade no Brasil, marcado pela modernidade, industrialização,
migração, quebra de paradigmas e ao mesmo tempo por revoltas da população e
profunda desigualdade social ocorridas no Brasil.
No fim do século XIX estava com todas as atenções voltadas à Europa, muito por
conta da história brasileira que foi influênciada pelo os portugueses, passou a se
voltar para o Brasil e para a ideia de ter uma identidade nacional que realmente se
identificasse com a população brasileira.
Essa preocupação veio com o repúdio da cultura europeia que havia aqui, uma
cultura conservadora e inadequada para o período temporal em que o Brasil estava
enfrentando com isso surgiu um sentimento de ressentimento, principalmente da
elite intelectual brasileira, com a Europa, no qual nos considerávamos inferiores e se
transformou na valorização de valores, que possibilitou poder criativo, surgindo
assim o movimento modernista que se propôs a renovar as artes brasileiras e dar ao
País uma identidade nacional própria e única.
Havia assim, desde o final do século XIX, todo o contexto pré surgirido para o
modernismo. Contexto que vai do acontecimento da I Guerra Mundial, do surgimento
das vanguardas europeias ao crescimento industrial do Brasil e chegada da
modernidade aqui, fazendo com que aos poucos fosse sendo criada uma nova visão
do Brasil e do que este deveria ser e representado. Contudo, este movimento
organizado passou a existi no Brasil com a Semana da Arte Moderna de 1922.
Oswald de Andrade, um dos maiores nomes do modernismo, comenta:
“Se procurarmos a explicação do por quê o fenômeno modernista se processou em
São Paulo e não em qualquer outra parte do Brasil, veremos que ele foi uma
consequência da nossa mentalidade industrial. São Paulo era de há muito batido por
todos os ventos da cultura. Não só a economia cafeeira promovia os recursos, mas a
indústria, com sua ansiedade do novo, sua estimulação do progresso, fazia com que
a competição invadisse todos os campos de atividade. (Oswald de Andrade. “O
modernismo )”

Aliado aos futuros modernistas, com os quais concebeu e realizou a Semana de


Arte Moderna de 1922 foi o autor da capa e do catálogo do programa do evento as
pinturas de Di Cavalcanti expostas durante a Semana de 1922 oscilavam entre o
Impressionismo, o Simbolismo e o Expressionismo – elas mostravam sua posição
contrária ao academismo. Sua adesão definitiva ao Modernismo se deu, entre os
anos de 1923 e 1925, quando frequentou a Academia Ranson, em Paris, e manteve

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contatos com Picasso, Braque, Léger, Matisse, De Chirico, Jean Cocteau e outros
intelectuais franceses, incorporando à linguagem vanguardista os temas nacionais.

DI CAVALCANTI: IMPORTÂNCIA DE SUAS OBRAS NA


REVOLUÇÃO SOCIAL DO BRASIL
Nessa luta pela valorização dos estilos artiticos e raízes brasileiras, Di Cavalcanti
elegeu como temas as praias, as festas, as favelas e os protestos populares. Em
todos os temas, o artista constantemente se colocou como espectador ou como
cronista dos eventos. A preferência pelo popular se mostrou plena em sua obra.
Di Cavalcanti foi um grande boêmio. Morou algum tempo em Ribeirão Preto,
interior do Estado de São Paulo, “onde marcava dormentes na Mogiana com seu tio
Ariosto, e frequentava os cabarés da cidade” (Daher apud Amaral, 1985, p. 169),
desenvolvendo desde cedo o gosto pela vida noturna. Porém, as noites cariocas
eram suas prediletas. Frequentador do bairro da Lapa, lugar conhecido por abrigar
bares, cafés ebordéis, Di Cavalcanti se definia da seguinte maneira: “[...] sou sempre
o vagabundo, o homem da madrugada, o amoroso de muitos amores” (Di
Cavalcanti, 1955, p. 145). Ele se tornou um cronista da vida mundana carioca e o
desenho serviu como registro dos tempos agitados de boemia, trabalho e política.
Nos seus desenhos, Di Cavalcanti era fiel ao retrato da vida cultural suas formas,
materiais e técnica, necessariamente, se adequavam aos seus temas Nunca abriu
mão da arte figurativa. Geralmente, os desenhos primaram pelo tratamento da linha,
Inscrevendo a cor, definindo os contornos, estruturando o espaço e acentuando a
expressividade do tema. Seus materiais envolveram o emprego do grafite, nanquim,
lápis de cor, crayon, pastel ou scarperboard (desenho por raspagem) todos esses
elementos surgem em 564 desenhos, dessa totalidade de desenhos, 559 foi doação
que o artista fez ao Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1952.
Dentro das características principais da produção de Di Cavalcanti, os desenhos
quetratam sobre o tema música se espalham por um período de 25 anos – de 1925
a 1950 – e fornecem apontamentos sobre o exercício do desenho e sobre a sua
preocupação em eleger a cultura brasileira como centro do seu repertório visual
denso e poético, cheio de sensualidade. Eles nos contam de homens e mulheres no
cenário musical de sua época, marcado pelo samba, pelo choro e pelo carnaval de
rua, Destaca-se aqui que Di, como boêmio, sempre esteve presente em ambientes

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musicais; nos desenhos que retratam bares e bordéis, sente-se a presença da
música envolvendo os personagens principais.

O Carnaval, retratado tantas vezes por nosso artista, quase que se torna um
Personagem, uma vez que surge como elemeto central de diversos desenhos em
todos eles a composição das figuras e as cores nos mostram a dinâmica rítmica do
carnaval e o próprio Di Cavalcanti reafirmou seu encantamento pela festa: “Do
Carnaval tirei o amor à cor, ao ritmo e à sensualidade de um Brasil original”
(Cavalcanti, 1955). Nos anos entre 1920 e 1950, a trilha sonora era o chorinho e o
samba, gêneros musicais nascidos nas áreas centrais e suburbanas do Rio de
Janeiro, as mesmas frequentadas por nosso artista.

CONCLUSÃO
Em compêndio, Di Cavalcanti foi um pintor solar, aberto, claro, sem mistério, mas
que buscou sua fonte inspiradora nos encontros boêmios e no universo íntimo do
feminino. Seus desenhos constituem uma espécie de relato de seu cotidiano. Tratou
de assuntos universais, mas sempre a partir do regional brasileiro.
Avançou a modernidade com sua arte, mas a partir da tradição e do regionalismo.
Incorporou a revolução da modernidade pela ruptura com os padrões mais
tradicionais, sendo um agente de transformador que traduziu a alma brasileira para
sua arte comprometida, de forma reflexiva e encantadora, e que lhe valeu o título de
“pintor de nossa gente”. Porém, acrescente-se a todos esses atributos a capacidade
de retratar gêneros e costumes musicais numa época em que nascia a música
popular mais característica de nosso país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Candido José Mendes de. A arte é capital – visão ampliada do
marketing cultural. Rio de Janeiro: Rocco, 1993. 79p.
AMARAL, Aracy A. Artes Plásticas na Semana de 22 – Subsídios para uma
história da renovação das artes no Brasil. 4. Ed. São Paulo: Perspectiva, 1979.
AMARAL, Aracy (org.). Desenhos de Di Cavalcanti na Coleção do MAC. São Paulo,
MAC-USP/Renes, 1985.
ANDRADE, Mário de “Artigo sobre Di Cavalcanti”, in Maria Rosetti Batista et al.

9
Brasil: 1º. Tempo Modernista. São Paulo, IEB, 1972, p. 158.
BARROS, Regina Teixeira de (org.). Arte no Brasil: Uma História do Modernismo na
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AMARAL, Aracy A., Textos do Trópico de Capricórnio: artigos e ensaios (1980-
2005) – Vol.1: Modernismo, arte moderna e o compromisso com o lugar. 1. Ed.
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BOTELHO, Isaura. Romance de Formação: FUNARTE e Política Cultural 1976-
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políticas públicas e práticas de gestão. 1. Ed. Fortaleza: Armazém da Cultura,
2014. 327p.

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