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Boletim IG. Instituto de Geociências, USP, V.

4 : 87 - 95 -1973

GEOLOGIA DA REGIÃO DE URANDI, ESTADO DA BAHIA

por

Ellaristo Ribeiro Filho

Departamento de Geologia Econômica e Geofisica Aplicada

ABSTRACT RESUMO

The area studied is situated in the south- No presente trabalho são apresentados os
west part of the state of Bahia, Brazil. resultados do estudo geológico da região de
From Urandi to Brejinho das Ametistas, Urandi, cidade localizada no sudoeste do Esta-
about 70 kilometers to the north, occurs an do da Bahia.
elongated sequence of metamorphic rocks. It De Urandi para o norte, até Brejinho das
forms part of the major geotectonic unit Ametistas, estende-se uma faixa de rochas me-
known as the Espinhaço Geosyncline. This tamórficas, com aproximadamente 70 quil~
part of the Brazilian Platform was probably metros de extensão. Esta faixa da Plataforma
formed during the Brazilian Orogenic Cycle. Brasileira provavelmente se formou so~ a in-
The ages of the rocks in this region, fluência do Ciclo Orogênico Brasiliano.
based on K/ Ar determinations, lie in the range As análises geocronológicas de rochas do
520 to 790 m.y.. These ages correspond to Precambriano da área estudada, usando-se o
the youngest rocks situated in the east of the método K - Ar, revelaram idades entre 520 e
São Francisco craton. 790 milhões de anos, valores que correspon-
The Precambrian rocks of the area com- dem às rochas mais modernas situadas a leste
prise a lower sequence of gnaisses, schists and do crato do São Francisco.
amphibolites and an upper sequence of phyl- As rochas precambrianas da área formam
lites, green schists, metaconglomerates, quart- uma sequência inferior com gnaisses, gnaisses
zites and limestones. graníticos, xistos e anfibolitos sobre a qual re-
The lense like shaped deposits of manga- pousa a sequência superior constituída de fili-
nese ore are always intercaleted between the tos, xistos verdes, xistos, metaconglomerados,
schists and phyllites. The lenses are conforma- quartzitos e lentes de rochas carbonáticas.
ble with the regional schistosity which strikes Os depósitos lenticulares de manganês,
northeast and dips SE. dispostos concordantemente com a xistosidade
regional nordeste, mergulhando para sudoeste,
bem como as concentrações originadas por en-
riquecimento supérgeno, estão associadas pre-
dominantemente aos xistos e mitos e subordi-
nadamente aos quartzitos, anfibolitos, gnaisses
ou mango-dolornito.

- 87 -
INTRODUÇÃO nada Serra das ~as, na qual as altitudes má-
ximas chegam a 1.100 metros.
A Platafonna Brasileira, Almeida (1967), O sistema de drenagem da região abrange
corresponde a urna unidade geotectônica con- rios que pertencem à bacia do rio São Francis-
solidada a partir do Ciclo Brasiliano, entre o fi- co, limitada a leste pelo divisor fonnado pe-
nal do Precambriano e o Ordoviciano. la cordilheira, e por rios menores que correm
Os estudos e mapeamentos geológicos re- diretamente para o Atlântico. Entre os rios da
ferentes ao Precambriano brasileiro, atualmen- vertente oeste podem ser mencionados o rio
te mais numerosos e também mais infonnativos Dágua e córrego da Mandioca, ambos afluentes
e objetivos, embora representem um acúmulo do rio Verde Pequeno, situado na divisa da
enonne de conhecimentos, são ainda insuficien- Bahia com Minas Gerais. Os rios Tamboril,
tes para dar soluções defmitivas à problemática Paiol e rio do Salto são tributários do rio Ga-
evolução da Platafonna Brasileira. vião, um dos afluentes do Rio das Contas, o
A extensa área ocupada por rochas da qual se dirigindo rumo a leste vai alcançar o
Platafonna Brasileira, bem como seus proble- Atlântico à altura de Itacaré, no litoral baiano.
mas geotectônicos e estratigráficos constituem, Nas partes elevadas das serras quartzíti-
sem dúvida, um dos desafios mais difíceis e cas, entre Urandi e Licínio de Almeida são co-
atrativos da Geologia do Brasil. muns os cursos de água subsequentes, isto é,
O presente trabalho sobre a geologia do que acompanham o acamamento com direção
Precambriano da região de Urandi, tem por ob- nordeste. Nas regiões menos acidentadas do
jetivo o fornecimento de dados que possam terreno os rios não seguem este controle estru-
contribuir para compreensão da evolução geo- tural.
lógica desta parte do Estado da Bahia, impor- O clima da reglao, segundo Galvão,
tante tanto pela situação geológica, quanto pe- (1966), pode ser classificado como tropical
la ocorrência de vários depósitos de manganês. quente de seca média. A vegetação predomi-
nante é do tipo cen-ado, com modificações 10-
eais nas zonas de maiores altitude~ e nos vales
SITUAÇÃO E FISIOGRAFIA
em que há circulação perene de água. Nas gran-
des altitudes predominam arbustos e nos vales
A área dos nossos trabalhos geológicos es-
irrigados aparecem as matas de galeria em que
tá situada a sudoeste do Estado da Bahia e
são comuns árvores com porte superior a 5 me-
acha-se encravada no complexo cristalino que
tros.
faz parte da grande unidade geotectônica c0-
nhecida como Geossinclíneo do Espinhaço. O acesso à região pode ser feito por estra-
N9SSOS estudos estão restritos à região sul da da de ferro a partir de Salvador via Brumado,
faixa de rochas metamórficas, limitada me ri- Caculé, Licínio de Almeida, Urandi ou a partir
dionalmente pela cidade de Urandi, nos limites de Belo Horizonte via Montes Claros, Monte
da Bahia com Minas Gerais e ao norte por Bre- Azul, Espinosa. Utilizando-se estrada de roda-
jinho das Ametistas. Esta sequência de rochas gem pode-se atingir Urandi através do itinerá-
metamórficas que se estende aproximadamente rio Vitória da Conquista, Brumado, Caculé,
por 70 km de extensão e 15 km de largura, Tauape, Licínio de Almeida ou também atra-
contém numerosos afloramentos de minerais vés de Belo Horizonte via Montes Claros, Mon-
rnanganesíferos. te Azul, Espinosa. A partir de Belo Horizonte
Os quartzitos, em virtude da maior resis- por estrada de rodagem, o percurso através de
tência que opõem à erosão, formam as partes Governador Valadares, via Vitória da Conquis-
altas, que se destacam no planalto serrano da ta, oferece melhores condições durante o ano
cordilheira. Este apresenta altitude entre 600 todo.
a 900 metros, correspondentes a degraus da A estação da estrada de ferro em Urandi
Cordilheira do Espinhaço, localmente denomi- está a 810 km de Salvador.

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MAPA GEOLÓGICO DA REGIÃO DE URANDI

~------------------- SERRA DO ESPINHAÇO - BAHIA

LEGENDA

~
/ o " Quartzitos

PRÉ -€( D/ ,,/ Xistos. Filitos

~ Quartzito com Hematita

~
,/ +./ Gnoiss ••

\. .0 Atitude da Xistosidade

""-
/
Xistosidode Vertical
Rumo do Coimento do Eixo de Dobros
~ Contactos Obs.trvados ou Inferidos
". ...... ---'" Contoctos Incertos

it Jazidos de Manganês
.. ~5& Idade K- Ar em 10 6 Anos

~ Eltrado de Ferro
~ Estrada de Rodagem

MAPA DA LOCALIZAÇÃO

~I I~

N.V.

Geolooia por : EVARISTO RIBEIRO FILHO


1973

ESCALA
o 2000 4000 ..etrOI

DlS . I. • .
GEOLOGIA REGIONAL gião estão nos cortes da Estrada de F erro Leste
da Bahia, nos trechos compreendidos entre
Urandi e Licínio de Almeida.
Guimarães (1961-65) é de opinião que
os mitos, quartzitos e itabiritos que afloram Os gnaisses listrados, migmatitos e gnais-
entre Urandi e Brejinho das Ametistas podem ses parcialmente granitizados afloram nos cor-
ser correlacionados à Série Minas, do Pré-Cam- tes da estrada de ferro nas imediações da esta-
briano. Admite a existência de minério secun- ção da E.F.L.B. de Urandi. Na estrada de Lid-
dário de manganês, formado pela dissolução nio de Almeida para a mina Pedra Preta e tam-
e precipitação do 6xido de manganês contido bém na barragem do rio do Salto, próximo à
em minerais de filito clorito-hematítico. Tauape, os gnaisses estão sobrepostos por xis-
Campbell et ai. (1965) mencionam os fi- tos e quartzitos sem discordância aparente.
litos, xistos verdes, quartzitos e quartzitos mi- Os quartzitos brancos e diaclasados, com
cáceos da serra entre Licínio de Almeida e acamamento proeminente, formam as escarpas
Urandi, indicando a semelhança destas rochas que se salientam nas partes mais elevadas, m0-
com aquelas já descritas na Série Minas. Reco- delando a serra do Espinhaço.
nheceram os gnaisses e granito-gnaisses que Os afloramentos de sericita-xistos, grafi-
afloram ao pé da serra. Quanto aos dep6sitos ta-xistos, granada-xistos, filitos e metaconglo-
de manganês, julgam-os formados a partir de merados, geralmente apresentam-se em avança-
sedimentos manganesíferos, por processo de do estádio de decomposição. Os corpos de ao-
enriquecimento superficial que gerou minério fibolito formam lentes concordantes com as
de pouca profundidade. rochas em que estão encaixados.
Pflug (1967) num mapa geológico esque- Os dep6sitos lenticulares de manganês,
mático, reconhece ao norte-noroeste de Urandi dispostos concordantemente com a xistosidade
gnaisses da Série Pré-Minas e quartzitos da Sé- regional, bem como as concentrações de man-
rie Minas. ganês originadas por enriquecimento supérge-
De acordo com o critério aceito por al- no, estão associadas predominantemente aos
guns ge610gos, poder-se-ía correlacionar os xis- xistos e filitos e subordinadamente aos quart-
tos e filitos que ocorrem nesta porção da cor- zitos, anfibolitos, gnaisses ou mangano-dolomi-
dilheira do Espinhaço à Série Minas e os quart- to.
zitos sobrejacentes à Série Itacelomi. Os gnais- Embora sejam conhecidas numerosas
ses e migmatitoscorresponderiam à Série Pré- ocorrências de manganês, que se estendem por
Minas. 70 quilômetros, aparentemente não há concen-
As classificações estratigráficas das ro- trações com dimensões comparáveis aos gran-
chas do Pré-Cambriano brasileiro são ainda in- des depósitos em exploração no mundo. Mes-
certas, e baseadas em poucos dados de idade . mo nas jazidas lenticulares, a expressão superfI-
absoluta, nem sempre conclusivos. Aliando es- cial dos depósitos consiste em minério rolado
tas considerações ao fato de que as rochas pré- que circunda a área de minério de sub-superfí-
cambrianas são geralmente correlacionadas ~ cie.
bre grandes distâncias, levando-se em conta
principalmente suas características litogenéti- Todas as rochas pré-cambrianas da região
cas, preferimos distinguir na área dos nossos es- sofreram esforços e deformações durante o
tudos, uma seqüência inferior de gnaisses, processo metam6rfico a que estiveram sujeitas,
gnaisses graníticos com xistos e anfibolitos in- e por isto .mesmo exibem áreas intensamente
tercalados, sobre a qual repousa a seqüência dobradas. Em algumas destas áreas o acama-
superior constituída de filitos, xistos verdes, mento original está ainda preservado, mas ge-
xistos, metaconglomerados, quartzitos e lentes ralmente mostra-se obliterado pela xistosidade,
de rochas carbonáticas. da qual dificilmente pode ser distinguido.
As melhores exposições das rochas da re- As direções mais frequentes da xistosida- .

-89-
de estão entre N100E e E-O, com mergullio de idade entre 520 e 790 milliões de anos, va-
de 25 a 80 graus para SE. lores estes que, de acordo com Távora et al.
As rochas regionais, quando dobradas, (1967), correspondem às rochas mais moder-
apresentam os eixos das dobras com direções nas situadas a leste do crato do São Francisco.
entre N15 0 E e N300E, com caimento para Cordani, et al. (1968) referem-se à possível
NE. existência de uma faixa metamórfica que esta-
ria nos limites leste e sudeste de área cratôni-
Os veios de quartzo que cortam concor- ca, onde as idades determinadas pelos proces-
dante e discordantemente as rochas regionais sos K-Ar e Rb-Sr de minerais, oscilam entre
são abundantes. Alguns destes veios contêm 1.1 00-1.400 milliões de anos.
manchas verdes e esparsas de malaquita. No
morro do Egeu, situado a -sudoeste da mina Confrontando-se os dados geocronológi-
Pedra Preta, aflora calcário dolomítico e na cos da área estudada com as considerações so-
mina Barreiro do Campo o minério de manga- bre as idades das rochas regionais num sentido
nês está associado a protominério carbonático. mais amplo, há de se concordar com Cordani
et al. (1968) quando afrrmam que os resulta-
ROCHAS DO PRÉ-CAMBRD\NO dos são ainda insuficientes para se estabelece-
rem conceitos plenamente definidos.
Dados Geocronológicos As rochas com idades entre 520 e 790
m.a. tanto podem corresponder a um ciclo
Távora, et ai (1967) datando várias ro- orogenético corr~lacionável ao metamorfISmo
chas em Boquira e imediações, na região cen- que afetou os metassedimentos do Grupo Mi-
tral da Bahia, pelo método potássio-argônio, nas, como podem equivaler ao rejuvenescimen-
puderam distinguir três grupos de idade, cujos to das rochas do crato do São Francisco, sob a
resultados são tidos somente como idades mí- influência do ciclo Orogênico Brasiliano. Per-
nimas: tenceriam ainda à possível faixa metamórfica
Rochas muito antigas com pelo constituída de rochas com idade entre 1.100
menos 1,8 billiões de anos. e 1.400 milliões de anos.
2 Rochas com idades intermediárias, O ciclo Orogênico Brasiliano caracteriza-
próximas de 1 bilhão de anos. se por eventos entre 650 e 450 m.a., com in-
3 Rochas afetadas por tectonismo fluência muito intensa a sudeste da região de
há cerca de 500 milhões de anos. Urandi, de onde se estende para o sul, ao lon-
Segundo os autores citados, os resultados go da costa da América do Sul, até o Uruguay.
indicam que nesta região da Bahia há evidên- _ Cordani (1973), acredita que a inflexão
cias de uma transição gradual de duas unidades apontada das estruturas para noroeste, a partir
geotectônicas: o crato do São Francisco com da região de Salto da Divisa, leva a influência
rochas mais antigas, situado a oeste, e outra re- do ciclo Brasiliano até as regiões de Caculé, Pa-
gião mais moderna, com estrutura aproximada ramirim, Brotas de Macaúbas, e explica as de-
norte-sul e localizada a leste da primeira. terminações K - Ar encontradas por Távora et
Entre Espinosa, que se encontra no limi- aL' (1967), em sua grande maioria referentes ao
te norte de Minas Gerais, Urandi e Tauape, am- intervalo 450- 650 m.a..
bas localizadas na Bahia, foram coletadas amos-
tras para determinações geocronológicas. F oi Petrografia
usado o método do potássio-argônio aplicado
a cristais de biotita e hornblenda e também o As rochas pré-cambrianas da área estuda-
de análise de rocha total. Os resultados cons- da se caracterizam pela grande variação de fá-
tam da tabela 1. cies com que se apresentam. Rochas granito-
Pelos dados da tabela 1 observa-se que gnáissieas de alto grau de metamorfismo, conti-
todas as rochas analisadas revelaram resultados das na seqüência inferior, estão intercaladas

-90-
de mitos, quartzitos, anfibolitos, quartzitos
<I '" o o
hematíticos e rochas carbonáticas. Na seqüên-
~
1I'l01l'l lI'l
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e!, e!, e!, e!, tituem as rochas predominantes, são também
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dos, xistos verdes e anfibolitos, rochas que em
conjunto correspondem ao fácies de xistos ver-
des.
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nos cortes da estrada de ferro compreendidos
entre a cidade de Urandi e o marco quilométri-
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\O ;:) chas de granulação média a fina, texttira gran~
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o... Os componentes mineralógicos principais
são microclínio, albita, quartzo, biotita e epí-
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quartzo. A sericitização dos cristais de albita
é muito pronunciada. Os cristais de biotita,
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Quando alongados, os cristais de biotita estão
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sas irregulares de rocha granitizada. Nesta rO-
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decréscimo na porcentagem de quartzo e enri-
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passagem gradual de gnaisse fitado a rochas
• • graníticas.

- 91 -
TABELA 2: Rochas Pré-Cambrianas da Região de Urandi.

~ Veios de <partzo
,~ Veios de quartzo com Rocha
'"2 'granada, rodonita e predominante
-c diopsídio
,
-Quartzitos -
Sericita-xistos - Com minério de Xisto
e
manganês
Quartzito
Sequência lenticular
Superior Xistos Granada-xistos
Grafita-xistos
Xistos verdes
~ .....
..
(,)
I.:l
'o Pré-Cambriano
Filitos
Anfibolitos
...e
C<S
Metaconglomerados
'--
~ -
Xistos
Quartzitos
Lentes Carbonáticas
.
Sequência
Inferior Anfibolitos Gnaisses
Gnaisses fitados
Gnaisses graníticos
Migmatitos
'--

Gnaisse granítico. Esta rocha pode ser ramentos há em que o gnaisse granítico ad-
observada num extenso afloramento do km quire gradualmente composição granodiorítica
7,5 da estrada de rodagem entre Urandi e Li- por enriquecimento em albita.
cínio de Almeida, ou em cortes da E.F .L.B. Anfibolito. Quanto ao tipo de rochas
entre as estações de Urandi e Engenheiro a que estão associados, os anfibolitos da se-
Ornar. Trata-se de rocha clara, de granulação qüência pré-cambriana inferior da região estu-
média e textura granoblástica com orientação dada se assemelham muito, apesar da distância
incipiente imprimida pelos microcristais de que os separa no espaço. Um dos anfibolitos
quartzo. As dimensões dos cristais de feldspato aflora na mina Barreiro dos Campos, localizada
são bem diferentes das do quartzo. Nos felds- no limite sul da área investigada. Aquí o anfi-
patos as dimensões estão entre 1 a 2 mm, en- bolito está encaixado entre xistos e rochas
quanto para o quartzo verificou-se tamanho carbonáticas que estão em contato com gnais-
médio de 0,20 mm. ses. As outras ocorrências de anfibolito estão
Alguns cristais maiores de quartzo se nas imediações de Tauape, localizando-se uma
apresentam circundados por microcristais tam- na mina Barnabé e a outra às margens do rio
bém de quartzo, sendo que em conjunto exi- do Salto, ao lado da estrada de Tauape para
bem extinção ondulante. Os cristais de micro- Caculé.
clínio estão sempre mais límpidos que os de O anfibolito da mina Barreiro dos Cam-
oligoclásio, que, além de possuírem aspecto pos é de textura granoblástica e de granulação
embaçado, estão intensamente sericitizados. fma. Os cristais de hornblenda, albita e quarto
Além de feldspato e quartzo, esta rocha con- zo são eqüigranulares e estão alongados segun-
tém biotita, epídoto, alanita, muscovita, apati- do a xistosidade. Subordinadamente, a rocha
ta, titanita, zircão, granada e magnetita. Aflo- contém epídoto, titanita, granada e apatita.

- 92 -
TABELA 3: Análises modais de gnaisses e granito-gnaisses
-- - --
MINERAIS . AMOSTRAS
1 2 3 4 5
r----'"
Microc1ínio 47,63% 14,23% 46,97% 17,41% 30,69%
Oligoc1ásio - - 27,51 - 25,82
Albita 24,79 21,14 - 53,96 -
Quartzo 22,04 17,57 17,35 17,01 33,27
Biotita 3,24 44,10 3,65 9,06 7,65
Epídoto 2,30 2,96 4,52 1,24 1,25
Apatita pr pr pr pr pr
Alanita pr pr pr pr pr
Titanita pr pr pr 1,32 pr
Magnetita pr pr pr pr pr
Granada pr pr pr pr pr
Muscovita pr pr pr pr 1,32
Clorita pr pr pr pr pr
SOMA 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
1 Gnaisse fitado 4 - Gnaisse granítico
2 Gnaisse fitado, banda escura 5 - Gnaisse granítico, 7,5 km a nordeste de Urandi
3 Gnaisse granitizado pc - presente em porcentagens inferiores a 1%

TABELA 4: Análises modais de anfibolitos O anfibolito da mina Barnabé é a rocha


AMOSTRAS encaixante do minério lenticular de manganês,
MINERAIS que contém jacobsita. Este anfibolito, embora
1 2 esteja muito alterado e substituído por óxidos
de soluções descendentes ricas em manganês,
Hornblenda 72,82% 47,32%
tem ainda as marcas de uma rocha nitidamente
Oligoclásio 4,10 - bandeada. Tanto os cristais de hornblenda co-
Albita - 36,23
Quartzo 16,71 13,74 mo os minerais secundários de manganês estão
Epídoto - orientados segundo a xistosidade. Hornblenda
Biotita 1,37
. 1,71
- quartzo, feldspato, minerais do grupo o( Mn02
Granada - 0,50 e jacobsita foram identificados nesta rocha.
Titanita 5,00 0,50 Ainda na mina Barnabé, no contato deste
Apatita pr pr anfibolito descrito com o minério lenticular de
Opacos pr pr manganês, aparecem manchas de dolomito
SOMA 100,00 100,00 eqüigranular rico em hornblenda e diopsídio.

Amostra 1 Rio do Salto Na seqüência pré-cambriana superior foi


Amostra 2 Barreiro dos Campos. encontrado apenas um afloramento de anfiboli-
to, que está situado à altura do quilômetro 779
da E.F.LB., entre Urandi e estação Engenheiro
O anfibolito do rio do Salto possui textu- Ornar. Está encaixado concordante mente entre
ra granoblástica, granulação média e cristais xisto e quartzito com xistosidade entre 100 -
com dimensões diferentes. Os cristais de hom- 200NE e mergulho de 650 para sudeste.
blenda são de cor verde intensa e estão orienta- Esta rocha; que é composta principal-
dos de acordo com a xistosidade. Na composi- mente de hornblenda, biotita, clorita, albita,
ção mineralógica, além da elevada porcentagem epídoto e titanita, mostra textura granoblásti-
de hornblenda, contém quartzo, titanita, oligo- ca e granulação média. Os cristais de hornblen- _
clásio, biotita, apatita e magnetita. da, clorita, biotita e albita estão intensamente

-93-
alterados. Os cristais ripiformes e geminados ferior os xistos formam lentes pouco espessas,
de albita estão caoticamente distribuídos na intrometidas entre os gnaisses. Na seqüência su-
rocha. Hornblenda e biotitas encurvadas e fra· perior formam pacotes espessos que se esten-
turadas evidenciam textura cataclástica inci- dem por extensa área, onde aparecem diversifi-
piente. cados em xistos verdes, sericita-xistos, grafita-
A gênese destes anfibolitos descritos não xistos e granada-xistos. Todos estes tipos de
pode ser deduzida conclusivamente da compo- xistos estão geralmente em avançado estádio
sição mineralógica. Entretanto, a associação de decomposição, o que, aliado ao fato de se
de tais anfibolitos com metassedimentos nos repetirem no espaço passando gradualmente
quais estão encaixados concordantemente indi- de um a outro, constitui sério obstáculo para
ca que podem ser para-anfibolitos. Esta hipóte- se estabelecer uma coluna estatigráfica padrão.
se aplica-se melhor para o caso dos anfibolitos Metaconglomerados. Afloram no trecho
de Barreiro dos Campos e da mina Barnabé, da estrada de ferro compreendido entre os qui-
pois ambos, por estarem em contato com lômetros 778 e 779,nas imediações da estação
mármores, poderiam ter-se originado de dolo- Engenheiro Ornar, situada a meio caminho en-
mitos impuros. Em Barreiro dos Campos os tre Urandi e Licínio de Almeida. São metacon- ,
anfibolitos se repetem e se alternam entre len- glomerados lenticulares que se alternam repeti-
tes carbonáticas. tidas vezes entre filitos, xistos e quartzi-
Quartzitos. Estão intercalados nas ro- tos. ApresentaQ1 orientação segundo a xistosi-
chas xistosas, formando pacotes de quartzito dade, evidente tanto na matriz xistosa como
com porcentagens variáveis de minerais micá- nos seixos alinhados conforme o maior eixo.
ceos, quartzitos hematíticos, e quartzitos im- Predominam os seixos de quartzito, além dos
pregnados por óxidos de manganês. quais existem também os de quartzo leitoso.
Estes seixos são geralmente arredondados e mal
O quartzito hematítico aflora na estrada
selecionados, com dimensões variáveis de milí-
para Guanambi, 3 km ao norte de Urandi. É
metros até 20 centímetros de diâmetro.
uma rocha listrada constituída de camadas de
quartzo que se alternam regularmente com Lentes Carbonáticas. Camadas lenticu-
bandas de hematita e magnetita. O bandea- lares de calcários ocorrem nas minas de manga-
mento corresponde à xistosidade regional com nês Pedra Preta, Barnabé e Barreiro dos Cam-
direção nordeste e mergulho para sudeste. pos. Em Pedra Preta trata-se de calcário dolo-
Quartzito feldspático aflora na estrada de ferro mítico cinza claro, de granulação muito fma.
entre Urandi e Licínio de Almeida à altura do Na mina Barnabé as camadas lenticulares
km 784. de calcário estão em contacto com as camadas
Na seqüência pré-cambriana superior os de minério de manganês. Não constituem pro-
quartzitos constituem pacotes de grande espes- tominério de manganês, mas são mangano-do-
sura, que, em virtude da resistência que ofere- lomitos e mármores macro-granulares que con-
cem à meteorização e erosão, formam o relevo têm porcentagens variáveis de jacobsita. Na
acidentado das partes mais altas da serra das mina Barreiro dos Campos a rocha carbonática
Almas. São rochas de granulação fina com dis- é o protominério. Este protominério carboná-
tribuição granulométrica heterogênea. Nas cha- tico está constituído de mineral semelhante à
padas da região de Jacaraci dão origem a solos dolomita, segundo os resultados do exame de
arenosos de pequena espessura, e que por isto difração de raios-X, utilizando-se o método do
mesmo só permitem o desenvolvimento de po- pó.
bre vegetação. Os quartzitos, por se apresenta-
rem intensamente diaclasados, são bons aqüí- Por outro lado, o índice de refração,
feros que alimentam os cursos de água com cir- no = 1,697, bem como os dados de análise
culação perene. térmica diferencial, não correspondem aos de
dolomita. Trata-se provavelmente de mangano-
Xistos. Na seqüência pré-cambriana in- dolomita ou de kutnahorita.

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Veios de qUartzo. Ocorrem repetidas quartzo com cristais · centimétricos de granada
vezes na região, cortando concordante ou dis- foram encontrados somente na mina Barreiro
cordantemente as rochas xistosás. Veios de dos Campos.

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