Você está na página 1de 41

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

PLENÁRIO - 08-09-2015

: "A Retomada do Crescimento do Setor Automotivo no Sul Fluminense"

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Bom dia a todos. Senhoras e


Senhores, sob a proteção de Deus damos início ao evento “Alternativas para a
Retomada do Crescimento Cluster do Setor Automotivo Fluminense”, uma
proposição de iniciativa do Fórum Permanente de Desenvolvimento
Estratégico do Estado, Fórum Jornalista Roberto Marinho.

Para compor a Mesa, o Presidente Sr. Wesley Custódio; Vice-Presidente da


Firjan, Dr. Carlos Mariani; Presidente da Fetranspor, Dr. Lelis Marcos
Teixeira; a nossa Deputada, e quem propôs esta iniciativa, Ana Paula
Rechuan; cumprimentando também o Deputado Dr. Julianelli, que se interessa
por este tema, o desenvolvimento da região; o Prefeito Rechuan.

Queremos convidar neste momento o Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio


de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. O Governador já está presente, está
acabando de atender ao telefone e já vem.

Antes de prosseguir, solicito aos interessados em fazer algum questionamento


que se inscrevam com o Cerimonial.

Agradeço também a presença do Presidente da Comissão de Tributação,


Deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha; do Sr. Bernardo Hauch Ribeiro de
Castro, Gerente do Departamento de Indústria Metal-Mecânica e Mobilidade
do BNDES; do Dr. Domingos Vargas, Presidente da AgeRio. Representando
o Secretário de Fazenda, Dr. Júlio Bueno, a Dra. Roberta Maia, aqui presente
entre nós; o Gerente do Sebrae/RJ, Renato Regazzi, representando neste ato o
Sr. Cezar Vasquez.

Agradeço a presença de cada um dos senhores e das senhoras, agradeço à


imprensa aqui presente, a todas as entidades participantes do Fórum. Hoje são
37 as entidades que compõem o Fórum de Desenvolvimento Estratégico do
Estado do Rio de Janeiro. Na verdade, o Fórum é formado pela sociedade
civil, o Parlamento só entra como coordenador. São entidades, universidades,
o Clube de Engenharia, a Federação das Indústrias, as associações comerciais,
a Câmara Americana de Comércio, a Fetranspor, a Fecomércio, os sindicatos.
São 37 entidades que representam o conjunto da sociedade carioca e
fluminense.
Agradeço a presença do Prefeito de Três Rios, nosso companheiro Vinícius
Farah. São representantes das indústrias, do Sindicarga, da Peugeot, da
Citroën, da MAN. A Ana Paula, quando for falar, fala de todas as indústrias
aqui presentes.

Estamos só aguardando o Governador Luiz Fernando Pezão para darmos


continuidade. (Palmas)

Obrigado, Governador.

Hoje a convocação do Fórum, Governador, uma proposição da Deputada Ana


Paula Rechuan, tem a finalidade de tratar de um setor que gera 12 mil
empregos diretos e mais do que o dobro de empregos indiretos. Tendo em
vista uma situação que é conhecida por todos os brasileiros, o momento que
vive o Brasil, é preciso enfrentá-la e encontrar alternativas de voltar a crescer.
O que o povo brasileiro espera do Governo, seja do Poder Executivo, do
Poder Legislativo, do Poder Judiciário, das outras instituições consideradas do
Estado, do Ministério Público, dos Tribunais de Contas é que trabalhem em
harmonia, respeitada a independência dos Poderes, e com a sociedade civil.
São trabalhadores de um setor produtivo que gera emprego.

O que o Brasil espera e o Rio de Janeiro espera para atravessar essa fase
difícil da vida nacional é que sejamos capazes de sentar à mesa, e mesmo num
momento de muita dificuldade, encontrar caminhos para a retomada do
crescimento, para recuperação de empregos, pois já se perdem centenas de
milhares de empregos mensalmente no País. Isso é muito ruim para o povo
brasileiro e é preciso recuperar.

Aqui no Rio de Janeiro, o Poder Executivo, o Poder Legislativo, o Poder


Judiciário, o Ministério Público e o Tribunal de Contas têm trabalhado
diuturnamente na busca de soluções conciliadas, saindo muitas vezes do
dissenso, das divergências, para o consenso mínimo, o consenso que permita o
Estado do Rio de Janeiro avançar e superar uma crise que não começa nem
termina no Rio de Janeiro, que é uma crise, sobretudo, nacional, sem falar nos
aspectos internacionais.

O que nós esperamos do Governo brasileiro, do Poder Executivo, do


Congresso Nacional, representado pelas duas Casas, Senado e Câmara, do
Poder Judiciário Nacional, é que também sentem à mesa em busca de uma
solução negociada que faça 204 milhões de brasileiros e brasileiras sofrerem
menos. Isso é o que esperamos para o País. E, deixados a ânsia de poder e
vaidade de lado, todos sentem à mesa, num país democrático, um país que já
viveu seus anos duros de ditadura e sabe o valor da democracia, e a
democracia se consolida no diálogo, se consolida no respeito às instituições,
se consolida na imprensa livre, se consolida nas instituições de Estado
cumprindo seu papel constitucional. A Polícia Judiciária, quer federal, quer
estaduais, podendo cumprir seu dever independente de interferência do Poder
Executivo. Que o Ministério Público cumpra o seu dever na forma
constitucional. Que o Congresso Nacional faça sua parte. Que as Casas
Legislativas estaduais ou municipais cumpram o seu dever. E quem for eleito
para governar, num regime presidencialista e republicano que é o brasileiro,
tem que governar, não pode ter ausência de governo. O Governador Pezão tem
sido muito ciente disso.

Quero agradecer, Governador, porque todas as vezes que esta Casa precisou
abrir o diálogo com V.Exa. teve as portas abertas, todas as vezes que foram
chamados aqui técnicos do Governo, sejam secretários, diretores,
superintendentes, presidentes de órgãos, todos vieram a esta Casa, seja nas
Comissões Técnicas, seja no Colégio de Líderes, e esta Casa, independente de
composição plural, diversificadas nos mais diversos partidos, partidos de
oposição, partidos independentes e partidos que são da base do Governo, não
há diferença. Na hora de pensar, o Estado do Rio de Janeiro têm pensado
igualmente, independente das posições ideológicas, das posições políticas,
porque os 70 Deputados são cientes de que devemos colaborar com altivez,
evidentemente, com harmonia, mas em busca de soluções negociadas para
fazer essa travessia neste momento difícil.

Então, esta convocação do Fórum, uma sugestão da Deputada Ana Paula


Rechuan e do setor automotivo, tem a finalidade de verificar, junto ao
BNDES, nós temos demandas, por exemplo, de financiamento, da ordem de
dois milhões de reais para os novos ônibus do BRT Transolímpico e
Transbrasil. Vai melhorar a vida de milhões de pessoas na região urbana do
Rio de Janeiro.

A retomada de crédito, de financiamento do setor automotivo, certamente o


Governador – a quem passarei a palavra – terá também sugestões a dar para
que a indústria automotiva possa vender mais, e assim gerar mais emprego e
renda para o povo do Estado do Rio de Janeiro.

O meu muito obrigado. Agradeço a presença de todos.

Com a palavra, o Sr. Governador Luiz Fernando Pezão (Palmas)

O SR. LUIZ FERNANDO PEZÃO – Bom dia, Sr. Presidente, Deputado Jorge
Picciani. Quero saudar a Deputada Ana Paula Rechuan; saudar o nosso
Deputado Dr. Julianelli, é um prazer imenso vê-lo aqui; saudar a Dulce
Ângela, representando Márcio Capute; o Prefeito de Quatis, Bruno; o Prefeito
de Resende, Rechuan; o Prefeito de Três Rios, Vinícius Farah; saudar o Sr.
Wesley Custódio, presidente do Cluster Automotivo; saudar o Lelis,
Presidente da Fetranspor; Carlos Mariano, Vice-presidente da Firjan; a
Eugênia de Melo, Superintendente Nacional Estratégia para Micro e Pequeno
Empreendedor da Caixa Econômica Federal; Bernardo Hauch, Gerente de
Departamento do BNDES; meu querido Domingos Vargas; a Roberta Maia e
o Renato Regazzi, Gerente do Sebrae.

Saudar também o Deputado Luiz Paulo, os demais Deputados presentes e


dizer que é um prazer imenso estar aqui.

O Governo do Estado vem em todos esses meses com dificuldade que passa a
indústria nacional, preocupada com aquela região que se tornou o segundo
polo automotivo do País. Estamos procurando incentivar, pelos mecanismos
do Governo do Estado. Tenho discutido quase que mensalmente com o setor.
Conseguimos algumas vitórias na pauta de reivindicações do setor na
infraestrutura. Está para começar a nossa segunda pista de descida da Serra
das Araras, que é um transtorno.

Conseguimos incluir na renovação da CCR a questão das vias marginais de


vão de Quatis até Itatiaia. Uma região que está crescendo muito mesmo com
dificuldade: Itatiaia, Resende, Porto Real com diversos empreendimentos, mas
não tem deixado de ter empresas chegando àquela região. E outras questões
que estamos levando a Brasília, hoje.

Vou levar mais um documento, quinta-feira, ao Ministro Armando Monteiro,


que é a fábrica de carro elétrico da Nissan. Pode ser mais uma fonte de
empregos e tecnologia naquela região. Estamos chegando à palavra final com
o Ministério de Minas e Energia, com o Medic, com a área fazendária para
observar a questão do que impacta essa fábrica no setor automotivo. É uma
conquista importante para aquela região.

Coloco-me à disposição da Assembleia Legislativa. Agradeço ao Presidente,


Deputado Jorge Picciani, por estar sempre discutindo, pelo Fórum, essas
questões do Estado do Rio de Janeiro.

O Fórum tem tido contribuições importantes para vida do Estado do Rio de


Janeiro. Diversas medidas que tomamos saíram daqui.

Quero aproveitar e agradecer ao Presidente, Deputado Jorge Picciani, e aos


Deputados, porque se não fosse a Assembléia Legislativa com as leis
econômicas que aprovamos dificilmente estaríamos, hoje, vivenciando – com
toda dificuldade – esses momentos e ainda conseguir pagar os funcionários
em dia, ter antecipado 50% do 13° salário, com toda a crise econômica. E isso
eu agradeço muito, principalmente, pelas seis leis econômicas que aprovamos
aqui, na Assembleia Legislativa.
Quero me colocar à disposição – nós, o nosso Governo, a nossa área
econômica, a nossa área de incentivo, Picciani. Estamos estudando e acho que
seria uma maneira de estarmos dando um presente à cidade, aproveitando o
mote dos Jogos Olímpicos, que seria ajudarmos, com linhas de financiamento,
por intermédio da AgeRio, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, do
BNDES. Já há impostos desonerados e incentivados, mas nós poderíamos
aproveitar e renovar toda a nossa frota de táxi, com carros fabricados aqui no
Rio. Não sei se é possível fazer, diante dessa questão de se discutir
Uber versus táxi. Acho que seria uma maneira de melhorarmos e renovarmos
toda a nossa frota com o argumento e com o motivo das Olimpíadas aqui. E
isso iria gerar emprego na nossa região, na nossa cidade.

Assim como outras propostas que eu tenho feito, como à Volks. Com nossos
impostos, poderíamos ver para comprar ônibus escolares para ajudar os
municípios. Nós estamos desenvolvendo diversos projetos que esperamos
ajudar a indústria, também o Governo do Estado, a nossa população e os
trabalhadores.

Picciani, você é uma pessoa que eu tenho certeza de que sempre está sempre
preocupado com a prosperidade, com o emprego, com a renda. Temos que
fazer os ajustes que são necessários na máquina pública, mas não podemos
deixar de crescer, de pensar no emprego, de pensar na prosperidade. E eu
quero colocar o Governo do Estado aqui também nessa sintonia com
Assembleia para vermos formas de incentivar o emprego e a renda dentro do
Estado.

Meu muito obrigado. Tenho que sair porque hoje estamos instalando, e há
Deputados que estarão lá presentes, a nossa Agência Metropolitana e
anunciando um plano diretor, com o nosso querido Jaime Lerner e com o
escritório de Barcelona, para toda a Região Metropolitana do Rio fazer um
planejamento estratégico, ver as áreas, discutir com as Câmaras, com o
Parlamento Legislativo e com os prefeitos uma forma melhor de
desenvolvermos a Baixada, São Gonçalo, Niterói, Itaboraí e toda a nossa
Região Metropolitana.

Agradeço. Muito Obrigado, Sr. Presidente. Coloco-me à disposição para


colocarmos este Estado para crescer. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Quero agradecer a presença do


Governador e desejar sucesso hoje na instalação da Agência Metropolitana. É
extremamente importante para o desenvolvimento integrado da Região
Metropolitana. Quero parabenizá-lo pela iniciativa e agradecer.

Passo a palavra à nossa Deputada Ana Paula Rechuan.


A SRA. ANA PAULA RECHUAN – Bom dia a todos. Inicialmente, quero
agradecer a presença do Governador, que muito se sensibilizou frente ao tema;
e do nosso Presidente, Jorge Picciani, que abriu as portas desta Casa para essa
discussão, que se iniciou com a visita do nosso querido Marco Saltini,
representante da MAN, diante da preocupação, há alguns meses, em virtude
da crise, de ter que colocar 700 funcionários à disposição do FAT.

Diante dessa demanda, o nosso Presidente, Deputado Jorge Picciani,


sensibilizado, preocupado com a manutenção dos empregos e com as famílias
dessas pessoas, abriu esse espaço de discussão para que juntos nós
pudéssemos encontrar caminhos para enfrentar esse momento de uma forma
mais amena, mantendo a empregabilidade.

Não tem como eu deixar também de agradecer a presença dos representantes


das empresas da nossa região. O nosso polo automotivo, hoje, tem 18
empresas, entre montadoras e fábricas. E nós estaremos, recentemente,
recebendo a Jaguar Land Rover, aqui também representada.

Nós temos aqui, hoje, a Fernanda, representando a Peugeot-Citröen; o Marco


Saltini, representante da MAN; o Sr. Adílson Dezoto, vice-Presidente do
Cluster; a Sra. Sarah Bonadio, representante da Jaguar Land Rover; e o nosso
amigo Wesley Custódio, hoje Presidente do Cluster Automotivo.

Na Mesa, estão o Sr. Carlos Mariani, vice-Presidente da Firjan; o Sr. Lélis


Marcos Teixeira, Presidente da Fetranspor; a Sra. Eugênia de Melo,
representante da Caixa Econômica Federal; e Sra. Dulce Ângela, da Secretaria
de Desenvolvimento, representando o Governo do Estado.

Quero também de agradecer a presença dos prefeitos: o meu marido, José


Rechuan, Prefeito de Resende; o Bruno, nosso amigo de Quatis; o Vinícius
Farah, também nosso amigo da região de Três Rios.

Também quero agradecer aos nossos Secretários municipais aqui


representados e aos nossos Deputados Paulo Ramos, Dr. Julianelli e Luiz
Paulo, que também vieram contribuir nessa discussão.

Nós sabemos que a indústria automobilística, dez anos atrás, cresceu de forma
importante. Mas desde 2104 esse mercado já vem sofrendo. Nós tínhamos, em
2013, 15 mil empregos na indústria automobilística. E hoje nos só temos 12
mil. Houve uma queda de 3 mil empregos.

Algumas pessoas, da Peugeot, da MAN, já vêm tomando atitudes para o


enfrentamento da crise do ano passado para cá, como demissões voluntárias
que ocorreram na Peugeot de 622 funcionários, e também 700 funcionários da
MAN que estão colocados no FAT. E o que nós queremos aqui é encontrar
alternativas para que esses empregos permaneçam. Para isso nós estamos
discutindo.

E o que queremos discutir aqui antes de tudo são formas de diminuir os custos
das empresas. Uma delas, melhorando a logística dos funcionários, que, hoje,
no ir e vir para suas empresas, dependem de transporte fretado. E também do
transporte de cargas, que precisa ser reavaliado. Nós queremos propor uma
nova forma de transporte desse funcionário, criando linhas alternativas de
ônibus que possam entrar no polo automotivo para diminuir o custo que essas
empresas hoje têm nessa questão.

Queremos também discutir junto aos bancos, ao BNDES, formas de incentivo


de crédito para compra de caminhões e de carros. O mercado de caminhão é o
mais vem sentido a crise. A queda em vendas, nos primeiros seis meses deste
ano, foi em torno de 42%. No mês de agosto sofreu uma queda de 57%. E no
mercado de ônibus, a queda foi em torno de 60%. A queda acumulada dos
carros, nesse primeiro semestre, foi de 21%. Ou seja, o mercado de caminhão
e ônibus é o que mais sente.

Então nós queremos propor linhas de crédito para essas compras e até redução
de IPVA quando essas compras foram coletivas.

Também precisamos pensar a questão da burocratização, porque uma das


dificuldades na relação de venda é a que o comprador tem com a
burocratização do processo perante os bancos. Então, precisamos ver como
facilitar isso para quem quer comprar.

Essas são algumas das questões que nós queremos colocar aqui porque a nossa
preocupação, antes de tudo, é com as pessoas, com as famílias. Hoje, nós já
estamos sofrendo a diminuição do comércio local, a diminuição de vagas,
lojas sendo fechadas, empresas que hoje já estão fechando na nossa região.
Hoje, nós já estamos enfrentando também diminuição de pessoas com plano
de saúde, impactando de forma importante na nossa unidade pública de saúde.

Assim como nós, Governo do Estado, Prefeitura e Deputados, nos juntamos


para fazer essas empresas chegaram à nossa região, agora nós temos que dar
as nossas mãos para juntos pensarmos o problema e construirmos juntos uma
forma alternativa e inteligente de passar por esse momento. Eu não estou aqui
para questionar a crise. Nós estamos aqui para, juntos, tomarmos uma atitude
concreta de passarmos por esse momento com seriedade, com pactos que nós
possamos fazer entre Governo do Estado, entre os Deputados e com a
sociedade e as indústrias para conseguirmos passar por esse momento de uma
forma mais tranquila.
Então, espero que nesse Fórum nós possamos construir novas alternativas e
caminharmos para frente, mantendo os empregos, mantendo as escolas dessas
famílias, mantendo essas crianças, que são filhos desses pais que estão
empregados, mantendo a oportunidade de ter as suas creches, a sua escola e a
qualidade de vida, o que até hoje é proposto por essas indústrias e por esses
empregos.

Muito obrigada. Um bom dia a todos. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, Deputada Ana Paula


Rechuan.

Quero convidar o Deputado Paulo Ramos, Presidente da Comissão de


Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social desta Casa Legislativa, para
fazer parte da Mesa.

Agradeço a presença dos Deputados Zito e Márcio Canella; do Vinícius Farah,


Prefeito de Três Rios; do Raimundo de Souza, Prefeito de Quatis; do Antônio
César e Silva, Secretário de Desenvolvimento Econômico de Barra Mansa; do
Jayme Muniz, Secretário de Indústria e Tecnologia de Resende; do Lourenço
de Souza Filho, Secretário de Trabalho e Renda de Resende; do Eduardo
Linhares, Secretário de Desenvolvimento Econômico de Porto Real,
representando o Prefeito; do Rogério Duarte Nogueira, Secretário Municipal
de Trabalho e Renda de Resende; do Aguinaldo Guimarães, Diretor de
Comércio da Prefeitura de Itaguaí; do Paulo Alcântara Gomes, Presidente do
Conselho Diretor da Redetec; do Renato Mansur, Diretor do Sescon–RJ; da
Vitória Maria, Presidente do Conselho Regional de Contabilidade; do Eduardo
Rebuzzi, Presidente da Fetranscarga; do Joaquim Gomes da Silva, Presidente
do Sindicato da Indústria de Móveis do Rio de Janeiro; do Alexandre Muniz
da Costa, Secretário Executivo do Sinfrerj; do Rui Pollastri, do Ibap-RJ; do
Jorge Cunha, Superintendente de Projetos Estruturais de Desenvolvimento; do
Alexandre Serfiotis, Deputado Federal; do Alexandre de Almeida,
Conselheiro do Crea-RJ; do Domingos Vargas, Presidente da AgeRio; do
Pedro Paulo Rosário, diretor da Codin; do Eduardo Duprat, Superintendente
da Secretaria de Transportes; do Michel dos Santos, Analista Executivo da
Seplag; do Rodrigo Ribas, Superintendente da Secretaria Estadual de
Desenvolvimento Econômico; da Eliete Bouskeia, Diretora de Tecnologia da
Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia; do Jorge Luiz Bittencourt,
membro do Clube de Engenharia; do Adilson Dezoto, vice-Presidente da
Cluster Automotivo; do Marco Saltini, Diretor de Relações Governamentais;
do Taman; da Sra. Sarah Bonadio, Relações Governamentais da Land Rover;
da Fernanda Villas Bôas, Diretora de Relações Externas da PSA Peugeot; do
Márcio de Oliveira Fregaça, Assessor de Relações Externas da PSA Peugeot;
do Sr. Mário Borghini, Diretor da Manix Consultoria e Negócios; do Felipe
Mello, Relações Governamentais da Michelin; do Cláudio Luís Ribeiro,
Gerente de Relações Institucionais da Wilkinson; do André Luís Almeida,
Presidente do CDL de Resende.

Passo a palavra ao Sr. Wesley Custódio, representando o setor automotivo.

O SR. WESLEY CUSTÓDIO – Bom dia a todos. Agradeço ao Governador


Pezão, que já passou por aqui e que tem nos dado um apoio muito forte na
Região Sul Fluminense, no setor automotivo; ao Presidente da Alerj Jorge
Picciani, que tem nos apoiado nesta causa; a Deputada Ana Paula Rechuan
que tem, junto com todas as empresas, defendido fortemente a região; e aos
demais Deputados, Secretários e autoridades presentes, que estão junto
conosco nesta briga para nos fortalecer, não só da Região Sul Fluminense,
mas para fortalecer o Brasil, que é o que precisamos.

Tenho alguns slides para contar a história da Região Sul Fluminense e da


indústria automobilística. A Deputada Ana Paula Rechuan está bem por
dentro do que acontece conosco, já disse alguns números, mas eu quero
mostrar um pouco do que passa a indústria automotiva brasileira e como nós,
na Região Sul Fluminense, temos enfrentado este difícil momento da
economia.

A Região Sul Fluminense conta com cinco grandes montadoras e mais de 20


autopeças, ou seja, temos mais de 25 empresas que trabalham no setor,
empregando pessoas desde Volta Redonda, Resende, Quatis, Itatiaia, Barra
Mansa e outras cidades que também têm trabalhadores nessas empresas.

O setor automotivo representa 23% do PIB industrial, aproximadamente 5%


do PIB total, com faturamento acima de 110 bilhões de dólares; emprega 1,5
milhões de pessoas em toda a cadeia produtiva; gera tributos na casa de 178
bilhões de reais.

O investimento no setor, entre 1994 e 2012, somou 68 bilhões, ou seja, é uma


indústria que investe pesado e que consolida o Brasil como o oitavo maior
produtor e o quarto maior mercado consumidor.

Quando vamos para Região Sul Fluminense, estamos falando que, hoje, na
região, representamos hoje, no ano e 2015, 6,1% dos cerca de 1.3 bilhão de
veículos e caminhões produzidos até julho.

O Estado tem potencial para ser o segundo maior polo automotivo nacional,
como disse o Governador Pezão. O setor industrial já representa quase 50%
do PIB da Região Sul Fluminense, quase 26% do PIB do Rio de Janeiro.
Aproximadamente sete bilhões foram investidos na região nos últimos anos.
Hoje, essa indústria opera com uma ociosidade de 65% da sua capacidade
produtiva, uma ociosidade extremamente grande, o que gera diminuição de
empregos, que a Deputada Ana Paula Rechuan mencionou, e também outros
que as empresas estão conseguindo contornar diante da crise.

Nós temos também um grande potencial exportador.

Falando um pouco de números, olhamos aqui, nos últimos dois anos:


automóveis e comerciais leves. De 2013 para 2014, a indústria caiu 17,2%;
entre 2014 e 2015, mais 16,5. Isso falando da indústria nacional.

A parte de caminhões, caiu 20,7%, entre 2013 e 2014; agora, tem uma queda
mais acentuada de 45,4%.

Quando olhamos na Região Sul Fluminense, a situação não é diferente do que


acontece no Brasil.

Entre 2013 e 2014, a indústria de automóveis e comerciais leves teve uma


queda de 15,3%; entre 14 e 15, outros 25%.

Caminhões – teve 16% entre 2013 e 2014 e 42% entre 2014 e 2015.

Ou seja, diante de um cenário tão drástico, como que a empresa está se


consolidando para atravessar essa crise e continuar forte, para quando o País
crescer?

Nós temos uma redução, no cenário nacional, entre julho de 2014 e julho de
2015 de quase 13.400 empregos, ou seja, uma queda de 9,7% somente na
indústria automotiva, entre 2014 e 2015. Hoje, o setor automotivo, na Região
Sul Fluminense, emprega em torno de 12 mil empregados. Como Ana Paula
mencionou isso, no passado, foi 15 mil. Então, nós já temos uma redução de
três mil.

No próximo slide, eu gostaria de mostrar o que as empresas têm feito diante


dessa forte crise na demanda, para que consigamos sobreviver, para que
consigamos manter ainda pessoas empregadas.

Então, nós tivemos algumas ações que todas as empresas da região adotaram
para manutenção do emprego.

Então, isso gerou: antecipação de férias – ou seja, nós já temos empresas


trabalhando com férias de 2016 e 2017; parada de produção com
compensação futura – esses são os famosos day-off; suspensão dos contratos
de trabalho; redução da jornada de trabalho.
Com isso, há hoje uma retenção ao equivalente de três mil empregos, ou seja,
três mil pais de família que hoje poderiam estar desempregados, nós estamos
conseguindo mantê-los ligados à fábrica, com o emprego, com a carteira
assinada, mas em algum dessas saídas que as empresas adotaram.

No PDV, nós tivemos uma adesão de 1.200 pessoas, que também


consideramos como que salvaram o emprego de outras pessoas que poderiam
hoje estar desempregadas.

Quais são as alternativas que as indústrias enxergam – e também a Ana Paula


já mencionou alguma coisa – que nós enxergamos, para que possamos
continuar mantendo esses empregos, para que possamos continuar sendo
competitivos e quando o mercado retornar.

Então, nós listamos aqui. Eu tenho três slides.

No primeiro, falamos do aumento na venda de veículos. Uma seria a redução


de IPVA para grupos alvos – taxistas e frentistas – com veículos
comercializados por montadoras instaladas no Estado do Rio de Janeiro.

Também incentivos para empresas fluminenses que comprem veículos


produzidos no Estado do Rio de Janeiro para sua frota, ou terceiros que gerem
frota a serviço do Governo do Estado do Rio de Janeiro ou governos
municipais fluminenses.

Renovação da frota de veículos registrados no Estado do Rio de Janeiro e


renovação de frota de ônibus urbanos, utilizando o Programa Pró-Transporte
da Caixa Econômica Federal.

Então, essas seriam ações para que aumentemos a venda de veículos e isso
também interfere diretamente na manutenção dos empregos.

No próximo slide, nós temos ações com relação à competitividade das


empresas da região.

Nós temos hoje um custo de energia elétrica extremamente alto. Só para se ter
uma ideia, o custo da energia, o megawatt no Brasil é o dobro da média dos
países mais industrializados. Então, nós temos uma energia extremamente
cara para o nosso setor produtivo.

Logística, transporte fretado, criar lei que facilite a criação de linhas


intermunicipais que atendam às diferentes fábricas e dê incentivos às
empresas de transporte que ofereçam esse serviço. Essa seria uma ideia para
que sejamos mais competitivos com os outros polos automotivos brasileiros.
Criação de programa para uso de créditos acumulados de ICMS em
investimentos realizados no Estado à proporção de 50% do valor do
investimento, e incentivar os produtores de insumos, fornecedores do setor
automotivo instalado no Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, as
siderúrgicas, de modo a permitir a redução dos custos de produção para as
empresas fluminenses. E uma última, reavaliar o cálculo de acúmulo de
crédito do ICMS para produtos exportados. Essas seriam ações que manteriam
ou até mesmo aumentariam a competitividade da região Sul Fluminense, das
indústrias localizadas naquela região.

E nós temos uma terceira, que é o fortalecimento da infraestrutura, ou seja,


nós sempre estamos pensando no que fazer quando o País voltar a crescer, não
só na manutenção desses empregos, ou seja, as empresas mantêm hoje parte
dos seus empregados, sempre pensando numa retomada, para que estejamos
aptos a produzir quando o mercado voltar a ser comprador, mas nós temos que
pensar na infraestrutura.

Então, nós temos hoje dois gargalos, um é a energia elétrica. A interligação da


rede de 500KVA é de suma importância, porque hoje, se as empresas
estivessem em plena carga, o risco de falta de energia seria muito grande. Nós
temos hoje picos e quedas na energia, no fornecimento de energia na região.
Em agosto nós tivemos seis, em junho foram 22, e cada queda ou cada pico de
energia gera uma parada nas fábricas, ou seja, gera perda. E também na parte
viária o Pezão mencionou aquilo que foi negociado com a ANTT. Precisamos
dessas ações, que é a priorização das ações de Estado na ANTT, para que na
retomada do crescimento sejamos competitivos e possamos escoar a nossa
produção de maneira rápida, eficaz e barata.

Então, são estes os slides que eu tinha com relação às empresas da região Sul
Fluminense, setor automotivo.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Quero agradecer a excelente


exposição do Sr. Wesley Custódio.

Quero agradecer a presença do Deputado Waldeck, Presidente da Comissão


de Economia, Indústria e Comércio desta Casa; do meu companheiro de Mesa
Diretora, 2º Secretário, Deputado Samuel Malafaia; do Luiz Henrique de
Carvalho, do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda; do Carlos
Alberto Santana, também do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda; e
do Renê Soares, também do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda.

Quero convidar, para fazer uso da palavra, o Vice-Presidente da Firjan, o Dr.


Carlos Mariani.
O SR. CARLOS MARIANI – Bom dia a todos e todas. Cumprimento o
Presidente da Casa, Deputados Estaduais, Deputados Federais, me escusando
de citá-los nominalmente, uma vez que o Presidente já o fez.

Em falando ao Presidente, eu, como representante da Firjan nesta reunião,


quero transmitir-lhe, Sr. Presidente, o nosso total apoio à análise que o senhor
fez da situação, porque todo esse problema vivido pelo Sul Fluminense não é
nada mais do que o que estão vivendo muitos e muitos e muitos municípios do
Brasil, em função da situação que o senhor tão claramente e tão objetivamente
nos apresentou hoje. Cumprimento-o pela forma como foi feito.

Em seguida, quero deixar clara a posição da Firjan em relação à


industrialização do Estado do Rio de Janeiro como um todo, que sempre foi de
vanguarda, sempre trabalhou, especialmente nos últimos vinte anos, eu diria,
em relação à recuperação da economia industrial do estado, da qual todos
nesta Casa certamente nos congratulamos, que foi muito positiva e avançada.

O grande setor que representa essa nova situação do Estado do Rio de Janeiro
é o setor de óleo e gás, em função de a natureza nos ter dotado dessas grandes
reservas e, ao mesmo tempo, podemos treinar – e aí vem o papel da Firjan – as
pessoas para essa atividade. E o setor automobilístico certamente, na análise
de todos nós, é um setor chave do Estado do Rio de Janeiro.

Nós, na Firjan, eu tenho até pequenas notas aqui, para não errar, fizemos um
investimento de mão de obra qualificada. O Sistema Firjan entregou ao setor
duas escolas do Senai com tecnologia de ponta, uma em Volta Redonda,
equipada com simuladores de solda, empilhadeiras, diversos laboratórios,
metrologia, hidráulica e pneumática. E o Senai de Resende foi modernizado e
adaptado para atender às demandas de qualificação profissional do setor
automotivo, e está instalado numa área de 9.000 m2, contando com 38 salas
de aula, capacidade para formar 8.000 alunos por ano, equipadas com
simuladores, soldas.

A escola passou a oferecer, recentemente, o Curso Técnico de Mecatrônica. E


por que fez isso? Porque enxergou, enxerga e continua enxergando a atividade
localizada nessa microrregião dos municípios em torno do município de
Resende – Itatiaia, Porto Real e outros –, de que não podemos nos ausentar
desse movimento que está sendo coordenado pelo Cluster.

Aí dou um salto atrás, no tempo, Sr. Presidente, e a Firjan esteve presente


desde o primeiro encontro de alguns pioneiros – e eu os vejo aqui sentados –
da formação do Cluster. Tenho muito orgulho de dizer que fui eu que
representei a Firjan nesse movimento, que nos deu a entidade representativa
da indústria, uma nova figura aqui em relação à indústria do Rio de Janeiro.
Apoio totalmente a manifestação do Presidente do Cluster. Ele foi muito
objetivo: o que interessa e o que não interessa;3 o que é difícil, o que é fácil e
o que é impossível fazer. Porque é um desafio e temos aqui as diversas
representações envolvidas, cada uma responsável por determinado setor da
atividade, e simplesmente estamos participando de um momento hostil à
economia: hostil ao investimento, ao emprego e às manifestações de vontade
de coisas novas.

Por quê? Porque estamos vivendo a sensação, ainda não de um quarto de


horrores, mas de algo que nos preocupa muito – ao Brasil, ao Estado do Rio
de Janeiro e ao Cluster Automobilístico de Resende. Mas a Firjan se põe
totalmente à disposição a apoiar medidas na linha de se conseguir sair das
melhorias parciais que sejam, para não perdermos esse patrimônio industrial e
acima de todos os patrimônios, o patrimônio humano.

Não podemos deixar esse grupo. Já vi que perdemos três mil empregos, mas
vamos procurar formas de cooptar novas ideias.

Sr. Presidente, ouvindo as manifestações anteriores, lembrei também que


temos tido na Firjan uma possibilidade, um desejo de retreinamento. Então, se
você tem a perda de empregos aqui ou ali numa fábrica tal, um especialista
desta ou daquela natureza, fazendo ser retreinado, e mesmo que ele saia do
município para ir trabalhar em outras atividades, você está beneficiando o
Estado do Rio de Janeiro.

Sr. Presidente, é essa colocação que gostaria de fazer, especialmente nessa


área da industrialização, porque nos últimos 15 ou 20 anos da minha vida
tenho trabalhado muito nisso aqui, inclusive com algumas pessoas que estão
aqui do lado: a Dulce Ângela, o nosso Secretário Júlio Bueno. Tivemos
atuação que nos deu muito gosto fazer.

Muito obrigado pela atenção de todos, e mais uma vez a Firjan está à
disposição da indústria, à disposição do Estado.

Muito obrigado. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Quero agradecer ao Dr. Carlos


Mariani, à Firjan.

O Fórum Movimento Estratégico Jornalista Roberto Marinho nasceu num


momento difícil da economia Fluminense, em 2003, quando tínhamos o 13º
salário dos funcionários atrasado, o mês de dezembro não pago, as Contas do
Estado bloqueadas pela União, por não ter pago o serviço da dívida, falta de
interlocução do Poder Executivo com a sociedade civil. O Fórum ficou de pé
com a enorme ajuda da Firjan.
Quero agradecer muito à Firjan. Naquele momento, a Câmara Americana do
Comércio, presidida, à época, pelo Dr. João Fortes; a Associação Comercial,
tendo na presidência do Conselho, o Dr. Humberto Mota e o Ministro
Marcílio Marques Moreira; na presidência executiva o Dr. Lázaro Brandão, o
Dr. Trabuco, Olavo Monteiro e outros, compondo a Diretoria. E todas as
outras entidades, as nossas universidades: a Uerj foi extremamente
importante; a Fundação Getúlio Vargas; a PUC, a UFRJ, a UFF, a Uenf, a
Fetranspor, o Clube de Engenharia.

Quer dizer, foram tantos que compuseram num momento em que o Rio de
Janeiro precisa reunir suas entidades e a sociedade civil para dizer o seguinte:
a população está à frente dos governos, está acima dos interesses individuais
do Parlamento, dos Poderes Executivos, e temos que encontrar soluções para
o Rio de Janeiro.

Acredito que a imprensa, tanto que o Jornalista Roberto Marinho deu nome ao
Fórum, foi fundamental para que viéssemos fazendo essa transição e o Rio de
Janeiro voltasse a crescer.

Tivemos um momento muito bom, durante, pelo menos, seis anos da nossa
economia crescendo na faixa de 7% real, portanto acima da inflação, ou seja,
um momento muito auspicioso.

De 2013 para cá, já não vivemos momentos tão bons e somos pegos muito,
como o Dr. Carlos Mariani pegou pelo perfil da nossa economia muito
centrada, 1/3 do nosso PIB está na indústria de óleo e gás, e aí vem a indústria
automotiva, metalúrgica, siderúrgica, polo cervejeiro, mas tudo isso está
atingido por essa crise nacional.

O povo é trabalhador, tem uma força de trabalho enorme. O Brasil é maior do


que qualquer crise. Tem riqueza. Precisa tomar algumas medidas corajosas na
área do meio ambiente, por exemplo, que entrava o desenvolvimento do País.
É fácil dizer o que não pode, mas é difícil dizer o que pode, e o poder público
tem o dever de dizer o que pode. Acho que nós temos várias formas de
reativar a economia brasileira. É preciso, primeiramente, harmonia entre os
Poderes.

Quero agradecer muito à Firjan. Na verdade, a relação do Parlamento do Rio


com a Firjan ultrapassa isso. Nós discutimos aqui uma agenda legislativa
trazida pelas indústrias. Fazemos isso de forma transparente, sem nenhum tipo
de constrangimento por a indústria nos dizer o seguinte: isso onera, isso
prejudica a atividade econômica.

Sempre digo: aqui, o Presidente não inibe nenhuma iniciativa de nenhum


parlamentar, mas nós temos responsabilidade com o conjunto da sociedade.
Então, nós recebemos todos os órgãos representativos da sociedade com a
maior transparência, na mesma mesa em que discutimos com o Poder
Executivo, com o Poder Judiciário, com o Ministério Público, sempre com a
presença dos líderes desta Casa. O Fórum tem esta característica.

Convido o Presidente da Fetranspor, Dr. Lélis Marcos Teixeira, para fazer as


suas considerações. Por favor.

O SR. LÉLIS MARCOS TEIXEIRA – Bom dia a todos. Bom dia,


particularmente, ao Presidente Jorge Picciani. É um prazer e uma honra estar
aqui.

Quero cumprimentar, na pessoa da Deputada Ana Paula, todos os Deputados


presentes, os Prefeitos, todos envolvidos diretamente no Fórum Permanente
de Desenvolvimento.

Eu não poderia iniciar sem falar do Fórum, Presidente. Quero cumprimentar a


Assembleia por este papel maior que ela traz para a sociedade, convidando
todas as lideranças, todas as entidades representativas, produtivas de bens,
produtos e serviços, e a inteligência deste Estado, por meio de seus centros
acadêmicos, para discutir permanentemente estratégias de desenvolvimento
para o nosso Estado. Esse é um papel relevante, que ultrapassa e transcende o
que vemos em Legislativos de outros Estados.

Dito isto, quero começar as minhas reflexões e a contribuição que podemos


dar para o desenvolvimento ao setor automotivo no Sul fluminense. Iniciamos
a nossa reflexão por aquilo que todos sabem – nada temos de novo –, falando
da situação crítica que temos no País, mas quero acentuar a diferença de
tratamento entre todos os Estados, em todas as Cidades. A crise chega, mas o
tratamento que se dá a ela pode ser diferente a partir do empenho, a partir da
participação de toda a sociedade na solução dessa crise.

Aqui no Estado do Rio de Janeiro, temos uma taxa de desemprego bastante


elevada, obviamente, afetada na área de petróleo e gás, com o petróleo caindo
a menos de 40 dólares o barril, quando já esteve a mais de 140, e também na
parte da indústria automotiva. Temos que ter soluções criativas, inovadoras.
Nós, da Federação de Transportes, responsáveis que somos pelas 220
empresas associadas, com dez sindicatos e que empregamos 110 mil pessoas
neste Estado, sabemos o quão importante é a manutenção dos empregos, o
caráter social que damos para que isso não reflita em todas as atividades.

Conseguimos manter até agora os 910 mil empregos diretos e, obviamente,


pretendemos contribuir para aqueles indiretos da cadeia produtiva do setor
automotivo. Que ele possa, em nosso Estado, permanecer ativo, dinâmico.
Aqui nós temos algumas sugestões, algumas propostas.
Sabemos que estamos trabalhando com 14 municípios na região Sul
fluminense, com mais de um milhão de habitantes. Os senhores sabem que,
quando falamos de mais de um milhão de habitantes, seria o equivalente dessa
população agregada àquela como sendo a segunda, se somada a população do
Estado do Rio, só temos São Gonçalo, um milhão e pouco. Essa é uma região
importante, uma das oito administrativas deste Estado. Sabemos que a
economia é baseada, hoje, na indústria automotiva, no setor metal mecânico,
metalurgia, siderurgia, turismo, agropecuária. São setores que podem ter um
dinamismo maior, se nos propusermos trabalhar com eles.

A indústria automobilística tem um peso – trago um exemplo – estamos


falando em todo o País. Em 1990, não tínhamos na região Sul Fluminense ou
no Estado do Rio nenhuma participação nessa produção de veículos. Quando
chegamos em 2011, já aparece o Rio. Em 2012 e, principalmente, 2013,
passamos de 6% considerando a nova fábrica com a entrada da Land Rover.
Uma participação importantíssima na matriz econômica do nosso Estado.
Precisamos preservá-la. Precisamos estimulá-la. Precisamos encontrar saída
para que possa continuar importante assim.

Quando falamos do setor, existe uma cadeia produtiva muito ampla desde a
siderurgia, desde a fábrica de pneus, desde setores envolvidos no Sul
Fluminense temos mais 300 mil empregos formais. São dados oficiais
elaborados a partir da RAIS de 2014. O peso da economia Sul Fluminense é
muito importante para que não tenhamos medidas ativas, pró-ativas para
manter esse emprego formal nessa região.

Não vou falar do informal. Sabemos por estatística maior do IBGE que é um
peso muito grande o emprego informal em toda a economia brasileira.

Vejam só. Os dados e previsão que teríamos até há algum tempo previam que
teríamos a possibilidade de chegar a R$ 37 bilhões de faturamento dentro das
empresas todas. Chegaríamos a mais de 30 mil empregos só para o setor.
Projeções que mostram a perspectiva, a possibilidade de que vem conduzindo
o processo de desenvolvimento regional e chegarmos a ser o segundo polo
automotivo do país, como bem disse o nosso Governador há pouco. Tem uma
importância que não pode ser subestimada, ao contrário, bastante estimulada.

Para sermos objetivos trouxemos algumas alternativas. Como já foi muito


bem dito, na análise muito bem colocada pela Deputada Ana Paula Rechuan,
algumas possibilidades: falamos na desoneração tributária. Veja por quê. O
setor que represento aqui tem 22 mil ônibus rodando em todas as 92 cidades
do Estado teve uma queda brutal, que seguiu no contexto brasileiro ajuste
fiscal, queda do financiamento: chegamos a ter 100%, 90% do financiamento
com taxa TJLP. Passou para taxas muito abaixo de financiamento 50%
basicamente pela taxa Selic. Isso impediu a renovação da frota. Impediu a
renovação de um número enorme de veículos, no caso, venda de ônibus.

A estatística anterior, mostrada pelo nosso diretor Cluster, o Wesley, coloca


caminhões junto com ônibus. Na realidade, o ônibus tem um setor econômico
à parte de muita importância, porque transporta pessoas, conduz vidas. Precisa
estar moderno. Precisa estar com boa manutenção. Precisa estar renovado para
prestar bom serviço evitando acidentes; evitando maiores transtornos a
população. Isso se consegue com a renovação.

O que colocamos? O setor poderia ter uma desoneração de ICMS


condicionado àquele crédito a compra de veículos novos das indústrias
fluminenses. Temos aqui três grandes fábricas todas têm alta capacidade, boa
tecnologia. Poderiam fornecer para o setor para as nossas 120 empresas aqui
no Estado. Já houve um caso semelhante quando dos Jogos Pan-Americanos
houve um projeto de incentivo.

Gostaria de deixar para vocês a mensagem que o IPVA somente no Estado do


Rio cobra 2%. Na maioria dos Estados brasileiros não se cobra por uma
simples razão: quando você cobra o IPVA você está transferindo uma tarifa.
Você está trazendo para o bolso da população.

O setor hoje tem uma carga tributária de 32%, o que significa que, da tarifa
cobrada, se recolhem 32%; de cada 1 real, 30% vão para as várias entidades
governamentais, desde o Governo Federal até o Governo Estadual. Esse daí
poderia ser pelo IPVA que não existe na maioria dos Estados, ou pelo ICMS,
numa política de incentivo à compra de veículos no Estado do Rio de Janeiro.

O que trouxe esse decreto de investimento? Antigamente, comprávamos


ônibus com 10% de entrada, 90% do BNDES e a taxa de 6% TJLP. Hoje, para
comprarmos, damos 50% de entrada e a participação é uma taxa de juros pela
Selic, praticamente. Hoje, mudaram as regras e mudam as condições.

Lembramos que ônibus é um bem de capital e você precisa de alto


investimento, alavancar recursos, para manter viável o funcionamento da
estrutura de transportes.

No Estado, na matriz, somos responsáveis por 74% do transporte de pessoas


no Estado do Rio de Janeiro.

Outro ponto muito importante que observamos: além da Via Dutra, quando se
fala em transporte se fala muito na ponta final de toda uma cadeia produtiva.
Quando se fala em ônibus, metrô e trem tem que se olhar previamente a
infraestrutura que está por detrás. Se você comprar o melhor veículo e deixar
parado num posicionamento, não terá um bom transporte.
Por isso, os projetos de BRT da Cidade do Rio de Janeiro são uma proposta
que fazemos também para a Região Metropolitana. É um sistema que custa
menos de 8% de outros sistemas, de outros modais; é barato, rápido e dá para
fazer em dois anos.

Na Cidade do Rio de Janeiro, para os Jogos Olímpicos, conseguimos ter uma


rede de transporte ancorada num sistema de BRT, trens e metrô, que tem sua
importância e também deve ser considerada, mas é uma relação de custo-
benefício que torna exequível ou não a possibilidade de ter uma boa condição
de transporte.

Na Região Sul Fluminense tem um aspecto importante. A Via Dutra, nessa


região, virou uma via urbana, praticamente uma rua. Eu sei que, além da
energia, o transporte é um ponto crítico, mas como resolver isto?

O Governador já disse que há um acordo com a CCR de fazer vias laterais,


viadutos de acesso e tal. Feito isso, podemos contribuir - e volto às palavras da
Deputada Ana Paula Rechuan - com sistemas mais baratos. Por exemplo, ao
invés de fretamento, termos o vale-transporte, que é legislação federal,
atendendo a toda aquela região. Ficaria muito mais em conta para as empresas
trabalhar direto do que com o sistema de fretamento. Uma via com a
infraestrutura adequada, entendo que criamos condições imediatamente, o que
não prescinde de estudar a ampliação de linhas intermunicipais que circulem
no centro.

Na medida em que o transporte pode induzir a ocupação do solo urbano, por


meio de um planejamento urbano adequado, ele também tem que se adequar
às realidades industriais, à nova ocupação, a novas linhas de desejo que a
população passou a necessitar para trabalhar nas indústrias do Sul Fluminense.

Estamos à disposição, de portas abertas para estudar as novas linhas, o perfil


para fazer linhas urbanas com alto nível de conforto, ônibus com ar-
condicionado, e também fazer por meio do vale-transporte.

Colocamos à disposição dos prefeitos e da senhora, Deputada, toda a nossa


equipe de mobilidade para continuar os estudos que já iniciamos.

Um ponto importante também é que, na Região Metropolitana, temos o


principal instrumento de inserção social, que é o Bilhete Único do Estado. Ele
tem uma demanda enorme, cadastramos mais de quatro milhões de pessoas,
mais dois milhões de pessoas usam, e entendo que ele tem um papel
importantíssimo na distribuição de renda porque tem um efeito social
progressivo – quanto mais distante mora a pessoa, mais ela tem benefícios; ele
não tem efeito regressivo.
O que propusemos - e já temos um projeto pronto - é fazer o Bilhete Único
intermunicipal para o Sul Fluminense. Temos mais de dezenas de tarifas, que
podem ser resumidas.

Fizemos 705 mil viagens semanais com 130 tarifas diferenciadas, e nossa
proposta é reduzir para 17 de maneira neutra e que possa viabilizar a
introdução. Temos também a previsão de fazer ali simulações do que poderia
ser feito, dependendo do valor ele atingiria uma curvação de 12 %, o número
de pessoas pode ser de três milhões em viagens ou até de 14milhões, o que
mais se adequar à realidade econômica que o Estado defina a seguir.

O Bilhete Único também representou menor custo para as indústrias, porque o


custo do transporte passou a ser em muito bancado pelo Estado. Todo
trabalhador na Região Metropolitana tem acesso ao benefício Bilhete Único,
basta cadastrar seu CPF. O Estado subsidia ao cidadão – que fique claro, não
às empresas. Aliás, não posso esquecer as contribuições fundamentais que esta
Casa Legislativa deu, colocando 72 Emendas na Lei do Bilhete Único, que
criou o sistema que entendo como mais moderno, mais avançado,
beneficiando diretamente o cidadão e não as empresas, porque é ele que
recebe.

Temos o cadastro de cada cidadão com CPF, nome, endereço, local em que
trabalha e prestamos conta on-line, diariamente, ao governo estadual de cada
viagem que ele realiza para a partir daí ele fazer o pagamento da diferença
daquela viagem que ele realizou.

O que propomos é reduzir o custo de transporte na região Sul Fluminense.


Como fazemos isso? Um ganho que poderíamos ter é a redução e o controle
maior do sistema, e como fariam isso? A implantação de um sistema
biométrico que pode ser facial e ele não tem nenhuma restrição do idoso de
poder ter que colocar a sua digital. É um sistema mais moderno do que o
utilizado pela Justiça Eleitoral: a pessoa é fotografada quando entra no
veículo, são seis fotos tiradas; umsoftware bastante sofisticado. As fotos são
cruzadas com aquela tirada no ônibus e ele passa normalmente, não há
nenhuma restrição. A partir daí, cruzamos com o nosso computador e
podemos comprovar, inclusive judicialmente, que aquele que não usou não era
aquela pessoa, porque às vezes um homem usa por uma mulher e vice-versa.
Tem a prova por meio da foto.

Os ganhos que teríamos com isso, implantando no Bilhete Único


intermunicipal, seriam suficientes para bancar todos os custos do Bilhete
Único do Sul Fluminense; reduziria em muito o custo que teriam,
beneficiando o cidadão fluminense como um todo, não só aqueles da Região
Metropolitana, mas todos os do Estado, como de direito é, pois todos somos
fluminenses aqui.
É um sistema com grandes vantagens, não é um sistema que iniba direitos,
que restrinja, que constranja; é um modelo que precisamos, sim, a partir daí
ter segurança jurídica para implantar, e faremos esse esforço.

As empresas de transporte do Estado, tal como arcaram com o concurso de


implantação da bilhetagem, estão dispostas a contribuir com um sistema
imune a fraudes, que é o sistema de biometria.

O recurso adicional poderia dar essa economia. Calculamos um custo bastante


elevado baseado na experiência que tivemos na implantação na região de
Niterói e São Gonçalo. Tivemos uma economia no cadastramento, 45 pessoas
deixaram de ir lá se cadastrar porque provavelmente o sistema era falso; ele
usava cartão de outras pessoas, usava CPF de outras pessoas.

É um processo moderno, que não constrange, não inibe direito de idosos e


que, implantando no sistema de Bilhete Único intermunicipal, podemos, com
os recursos que calculamos em mais de 40milhões, naquela região foi 10,
podemos ampliar e uma parte do Estado adeque esses recursos e outra para
implantar o sistema.

Basicamente, são três ou quatro ideias que colocamos aqui. É isso que eu
queria mostrar: que os resultados são significativos; a projeção de redução, se
fizermos aqui no Bilhete Único, dará um ganho muito grande; e a
transparência do recurso público, mostrando ele claro, usado para quem de
direito, com a foto de cada usuário do Bilhete Único intermunicipal, que nós
poderíamos levar para outras regiões do Estado.

Sei que tem aqui nesta Casa alguns Deputados que já propuseram para outras
regiões, Região dos Lagos, Região Serrana, e pode se viabilizar sim, através
de um maior controle da imunidade à fraude sem constrangimento. Então, é
uma questão que levantamos que é de todo interesse da sociedade fluminense.

Dito isto, quero agradecer a oportunidade. Espero ter colocado algumas ideias
para reflexão dos Srs. Deputados e Prefeitos.

Muito obrigado. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, Dr. Lélis Teixeira.

Antes de prosseguir, aos presentes interessados em fazer algum


questionamento a qualquer um dos debatedores, favor se inscrever com o
Cerimonial.

Quero agradecer a presença dos Srs. Deputados Dr. Sadinoel, Zaqueu


Teixeira, Pedro Augusto, Tio Carlos e Jair Bitencourt. Agradecer também ao
Vereador Davi de Jesus, de Resende. Sejam bem-vindos.
Passo a palavra à Dra. Eugênia de Melo, Superintendente Nacional de
Estratégia para Micro e Pequeno Empreendedorismo da Caixa Econômica
Federal.

A SRA. EUGÊNIA DE MELO – Bom dia a todos e todas. Também quero


cumprimentar o Presidente da Mesa e os senhores prefeitos, senhores
empresários que aqui estão. Agradeço, em nome da Caixa Econômica Federal,
a oportunidade de estar neste evento para que possamos ter a oportunidade de
repassar a vocês as nossas soluções, o nosso apoio ao setor e falar um
pouquinho sobre o convênio que a Caixa fez no último dia 18 de agosto.

Fizemos um convênio com a Anfavea, o Sindipeças e a Fenabrave, e esse


convênio teve bastante repercussão. Queríamos conversar um pouquinho com
vocês sobre ele, colocar quais são as linhas de crédito que a Caixa está
disponibilizando para o setor e colocar o nosso apoio neste momento, onde
ouvimos aqui de toda dificuldade que o setor passa, mas a Caixa neste
momento está disposta a ajudar, fizemos esse convênio, de fato, com o
objetivo maior de ajudar as empresas a atravessarem este momento.

Esse convênio, que foi assinado no dia 18 de agosto, com a Anfavea,


Sindipeças e Fenabrave, em princípio, teve o seguinte objetivo: assinamos o
convênio com essas entidades, mas esse convênio de nada vai adiantar se ele
não chegar a quem mais precisa dele, que são as empresas da base, que são os
fornecedores das grandes corporações, das grandes montadoras. Então, este
evento para nós da Caixa é bastante importante porque nos dá essa
oportunidade de fazer com que possa chegar a mais pessoas o nosso real
objetivo.

Em princípio, a Caixa desenhou esse convênio com o apoio em três linhas, em


três frentes, vamos dizer assim. A primeira delas, e foi pedido que a gente
falasse um pouquinho, foi na linha de renovação de frota, na linha do Pró-
Transporte, estamos também disponibilizando linhas de capital de giro para as
empresas, e também na linha de financiamento de máquinas e equipamentos.
O nosso objetivo, até houve certa confusão em relação a isso, mas estamos
atendendo apenas as grandes empresas, apenas as montadoras, apenas as
grandes empresas do setor. O nosso objetivo é atender a todas as empresas da
cadeia do setor automotivo, da micro e pequena empresa até a grande
empresa. Temos linhas adequadas a cada um dos tamanhos de empresas, de
porte de empresas, e o mais importante, apesar das linhas que vamos falar
aqui, é o seguinte: se tiver alguma dúvida, hoje, todas as agências da Caixa,
em todo o Brasil, estão aptas a dar informação tanto sobre as linhas de crédito
quanto sobre o convênio também.
Em princípio, sobre a linha do Pró-Transporte, na região do Sul Fluminense
temos uma superintendência regional, que fica localizada na Cidade de Volta
Redonda.

E todas as concessionárias do serviço público, as permissionárias que tiverem


interesse, de fato, nessa linha do pré-transporte, a nossa indicação é que
procure a superintendência regional. Porque são projetos e os projetos
precisam ser selecionados pelo Ministério das Cidades. Mas, de fato, as
condições, hoje, para renovação de frota, via essa linha de pré-transporte, que
é FGTS, são linhas bastante atrativas. A taxa de juros máxima é de TR+9% ao
ano.

Os prazos da operação, eles variam de acordo com o projeto que vai ser
financiado. Então, aqui, eu não poderia falar “o prazo é de 60 meses ou é de
96 meses”. Vai depender do projeto a ser financiado. Mas a superintendência
regional ou as agências da Caixa, elas estão, sim, preparadas para que ajudem
a avaliar o projeto e verificar as melhores condições.

Mas é importante dizer isso: a taxa de juros máxima é de TR+9% ao ano. E os


recursos são recursos do FGTS. E é importante dizer que esse projeto precisa
ser selecionado pelo Ministério das Cidades nesse momento.

Outra linha que foi, outra frente que a gente lançou, nesse convênio assinado,
com a Anfavea, Sindipeças e Fenabrave, foi no sentido de conhecer capital de
giro, solução de capital de giro para as empresas, de qualquer porte de
empresa.

E essa linha de capital de giro, a gente segregou em outras duas linhas, vamos
dizer assim. A primeira delas vai diretamente atender a fornecedores da cadeia
de setor automotivo, no seguinte sentido: cada montadora associada à
Anfavea, ou cada grande sistemista associado, por exemplo, ao Sindipeças, ele
vai fazer uma adesão ao convênio assinado e, a partir desse momento, todos
os seus fornecedores passam a ser beneficiados nesse convênio assinado.

E aí, se esse fornecedor tem um recebível da empresa, da grande empresa, da


grande corporação, se esse recebível for creditado na Caixa, a gente vai poder
oferecer uma linha de capital de giro, vinculada a esse contrato, e aí,
evidentemente, pela condição de garantia, de melhor garantia desse contrato, a
gente consegue uma taxa de juros melhor, a gente consegue uma condição
melhor, consegue um prazo de acordo com o contrato que foi assinado. Então,
é uma linha bastante interessante, tanto para contratos performados, quanto
contratos a performar, firmados entre o fornecedor e a montadora ou
sistemista.
Então, assim, para toda a cadeia produtiva do setor automotivo, essa linha está
disponibilizada. E aí, o que a gente precisa é que a montadora ou sistemista
faça a adesão ao convênio, que já foi assinado com a Anfavea, entre a Caixa e
Anfavea e o Sindipeças e a Fenabrave.

Também com a assinatura desse convênio e com a adesão dessas montadoras


e dos sistemistas, a gente pede que nos repassem o banco de dados com esses
fornecedores. Passando pra gente esse banco de dados, a gente vai ter
condições de ser mais ágeis na avaliação dessas empresas, o que também é
uma das questões que a gente sabe que o setor tem pressa.

Então, se a gente tiver o banco de dados das empresas, a gente vai poder agir
com mais rapidez na avaliação das empresas e dar uma solução mais rápida.
Então, esse convênio também teve esse objetivo.

Outra linha, então, além da antecipação dos contratos firmados, a gente sabe
que, neste segundo semestre, para a maioria das empresas, e não só do setor
automotivo, mas a maioria das empresas, a gente sabe que o segundo semestre
é bastante custoso para as empresas. São vários compromissos financeiros que
as empresas têm: pagamento do 13°; pagamento de tributos, de impostos;
formação de estoque.

Então, a Caixa também lançou, em especial para o setor automotivo também,


a gente lançou linhas especiais de capital de giro, que podem oferecer, por
exemplo, uma carência de até seis meses para o início do pagamento. Ou seja,
toma o recurso agora e começa a pagar em fevereiro. Então, isso é para dar
esse apoio, nesse momento, quando a gente sabe que é mais difícil o
pagamento. Mas a empresa vai ter outros compromissos.

Então, a carência no pagamento pode ajudar bastante a pagar.

Também está disponível para toda a cadeia produtiva, para a empresa de


portes até 90 milhões de faturamento anual. Então, a gente consegue atender a
um grande número de empresas nessa linha.

Taxas de juros. A gente tem taxa de juros que parte de TR + 0,83% ao mês -
evidentemente que com recurso direcionado, recurso PIS, que é recurso finito
-, até taxa de juros variando de acordo com o risco da empresa, de acordo com
o prazo da operação. Mas a gente tem certeza de que as nossas taxas de juros
estão adequadas, estão corretas, vamos dizer assim.

E a gente também tem condições especiais para cada empresa que neste
momento firmar um compromisso com a gente de se esforçar a não demitir.
Evidentemente, a gente não tem o compromisso de não demitir. A gente sabe
que há condições em que não é possível. Mas a gente está pedindo um
compromisso de mais esforço para que não faça a demissão. É uma forma que
a Caixa tem também de apoiar nesse momento e de contribuir para que a gente
tenha uma final de ano melhor, com menos demissões, possibilitando essa
carência, essa taxa de juros - as nossas taxas de juros estão adequadas -, esse
prazo alongado, com prazo de até 60 meses para pagar. Carência de seis
meses também para começar a pagar.

Além disso, linhas de financiamento. Estamos operando também três tipos de


linhas. Somos repassadores do recurso do BNDES em várias linhas que eles
possuem. A gente opera com recursos do FAT, via linha Proger, onde a gente
tem taxa de juros de TJLP + 5% ao ano. Então, a gente tem recurso. Estamos
operando com essas linhas do Proger.

E temos também linhas de financiamento com o próprio recurso Caixa, pelas


quais podemos também chegar a 60 meses de prazos e carência de até 6
meses. Nessa linha de recurso Caixa podemos inclusive financiar
equipamentos usados, coisa que a gente não consegue em recursos
direcionados do BNDES ou recurso FAT. Sendo necessário, existe essa
condição também.

E a gente sabe que nesse momento de crise, às vezes, é necessário fazer algum
investimento. E é esse o nosso objetivo, preparar-nos para uma condição
melhor. “Ah, estou gastando muito em energia. Então será que se eu fizer
algum investimento aqui eu vou melhorar minha condição?” Então, é nesse
sentido que a gente está oferecendo também linhas de investimento para o
setor.

Em princípio, quando a gente lançou o convênio, quando a gente assinou o


convênio, disponibilizamos uma dotação de 5 bilhões. Mas podemos ir além,
se houver demanda.

E, assim, quero dizer para vocês que a Caixa inteira, de Norte a Sul do Brasil,
em especial para a região do Sul Fluminense, e a gente está aqui convidado
por vocês, está à disposição para qualquer necessidade, qualquer
esclarecimento e realmente à disposição de vocês para apoiar no que for
preciso. A Caixa está à disposição. A gente acha que é essa uma solução, todo
mundo junto, unido, para sair dessa crise.

Obrigada a todos. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Eu quero agradecer a Sra.


Eugênia de Melo, superintendente nacional de estratégia para micro e pequeno
empreendedorismo da Caixa Econômica Federal. Parabéns e obrigado pela
exposição.
Quero agradecer a presença entre nós do reitor da nossa Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, professor Ricardo Vieiralves. Seja bem-vindo,
professor. Está quietinho ali no canto.

Quero agradecer a presença de Conceição Rabha, Prefeita de Angra dos Reis,


e do Sílvio da Fonseca,Vereador de Resende.

Passo a palavra ao gerente do departamento de indústria metalmecânica e


mobilidade do BNDES, Sr. Bernardo Hauch Ribeiro de Castro.

O SR. BERNARDO HAUCH RIBEIRO DE CASTRO – Bom dia a todos.

Quero cumprimentar o Deputado Jorge Picciani, a Deputada Ana Paula


Rechuan, na pessoa de quem eu cumprimento todos os demais presentes.

Quero parabenizar pela excelente oportunidade, pelo convite feito ao BNDES.


Eu acho que esse tipo de Fórum é muito importante para a discussão das
políticas de desenvolvimento local, para uma maior integração com a questão
federal, que eu estou representando neste momento.

O BNDES se distingue da maior parte dos bancos por um trabalho forte de


análise setorial. Nós estamos divididos setorialmente. No meu caso, a gente
trabalha exclusivamente com a indústria de mobilidade, não só com a
indústria automotiva - caminhões, ônibus, automóveis e toda a cadeia de
autopeças e fornecedores -, como também com a parte metroferroviária e a
indústria aeronáutica.

Então, nós somos responsáveis pela indústria de mobilidade. Temos o cuidado


de acompanhar o desenvolvimento dessa indústria, retrospectivamente e
prospectivamente, olhando as tendências tecnológicas, para onde está indo
essa indústria e tentando pautar as nossas ações em cima desse diagnóstico.
Frequentemente esse diagnóstico se traduz em publicações que estão
disponíveis no nosso site, que eu convido os senhores a visitar.

Na minha agenda aqui, vou me poupar de falar um pouco do contexto da


indústria, que eu acho que já foi exaustivamente explorado pelos demais
oradores, e vou falar diretamente sobre o apoio do BNDES ao setor
automotivo, um pouco sobre tendências e perspectivas na nossa visão, e, no
que me foi solicitado, uma sugestão não exaustiva de temas para tratar aqui no
âmbito do Rio de Janeiro.

Um ponto a se ressaltar é que a ação do BNDES, ou até a ação do Governo do


Estado do Rio de Janeiro, não é e não pode ser isolada. Temos que lembrar
que há um ecossistema de políticas públicas. Para o setor de transporte, então,
caminhões e ônibus também, talvez até mais, é fundamental uma coordenação
de políticas. Em função disso, conversando frequentemente com os
Ministérios em Brasília, tentamos trazer também uma ação para conversas no
âmbito local, estadual e em determinados comitês.

Um ponto a se chamar a atenção é que o BNDES é muito mais do que a


Finame. Eu sei que a Finame foi citada aqui diversas vezes, e é um
instrumento importante que deve gerar em torno de um terço dos desembolsos
feitos pelo banco, mas ele é muito mais que isso. Se vocês puderem ver, uma
das possibilidades que a gente trabalha é o financiamento, a capacidade
produtiva e a engenharia de novos modelos. Isso tem se tornado cada vez mais
uma ação do BNDES em torno da agregação de valor local.

Fora isso, além do incentivo ao desenvolvimento de novos produtos e


aumento de capacidade, nós também temos uma linha de ação voltada à
melhoria da infraestrutura, via construção de BRTs, mencionados aqui, e
melhoria da logística, que acaba desencadeando também compra de ônibus e
caminhões. Além disso, a Finame, em si, financia os compradores de ônibus e
caminhões, bem como as exportações de veículos para outros países.

O que quero ilustrar é que a ação do BNDES é muito mais ampla do que a
venda pura e simples de caminhões e ônibus. Nós temos o financiamento para
investimento. Nós atuamos em todos os pontos.

Falando um pouco sobre Finame, de fato, nós temos uma presença muito
importante nas vendas de veículos pesados. O que a gente pode ver no gráfico
ali mostrado, a curva azul são os desembolsos do BNDES, em reais de 2014; a
curva vermelha são os emplacamentos de ônibus e caminhões. Vemos uma
correlação altíssima. De fato, é grato ao BNDES ver, é uma contribuição
relevante para a modernização do maquinário no Brasil.

Importante salientar que, na nossa visão, financiamento é um dos elos, mas é


um elo que não pode ser problemático, mas que não vai responder por tudo.
Não adianta eu zerar a taxa de juros e achar que o empresário, no dia seguinte,
vai comprar um monte de caminhões. Se ele não tiver o que transportar, ele
não vai comprar.

O financiamento não pode ser um problema, mas também não é a completa


solução de todos os males.

Trouxe algumas taxas com que trabalhamos, mais para mostrar que, além da
venda pura e simples de ônibus e caminhões, que hoje a gente trabalha no PSI,
eu quero ressaltar que temos dimensões que diferem a nossa taxa conforme
priorizações do banco. Uma delas é o trabalho com micro e pequenas
empresas, isso sempre tem um custo melhor no BNDES; outra é a dimensão
social. Temos a linha do pró-caminhoneiro, porque caminhoneiros e
microempresários podem fazer compras com taxas menores.

Por fim, a vertente tecnológica, exclusivamente para ônibus híbridos e


elétricos, nós temos uma linha diferenciada, tentando promover a difusão
desse tipo de veículo mais eficiente aqui no Brasil.

Falamos um pouco da vertente em números absolutos. Em participação


relativa, de fato a nossa participação é bastante relevante, talvez até acima do
que deveria ser.

O ponto que se destaca é que nós não financiamos qualquer caminhão: o


caminhão tem que ser fabricado localmente, principalmente comprando peças
localmente. Desta forma, asseguramos que haja uma dinamização da cadeia de
fornecedores.

Todos os caminhões ou ônibus financiados pelo BNDES têm que atender a


um índice mínimo de conteúdo local de 60% em valor e em peso.

Hoje, como consequência, as importações de caminhões e ônibus são ínfimas,


bastante pequenas se comparadas com importações de outras indústrias, até
com a parte de automóveis.

Saindo um pouco da parte da Finame, que responde por esse quadro azul,
gostaria de destacar que somos o maior financiador de inovação e engenharia
na indústria automotiva. Essa é uma das grandes prioridades do banco, a
inovação.

Hoje, financiamos inovação de mais empresas do Cluster Sul Fluminense e


acumulamos desembolso de quase três bilhões, desde que começamos a
operar diretamente com linhas voltadas à engenharia automotiva.

Também somos o maior financiador da ampliação de capacidade nos últimos


ciclos de investimento, respondendo por cerca de 56% do aumento de
capacidade – 56% foram financiados pelo banco. E somos grandes
financiadores da exportação de veículos pesados, financiando com cerca de
13%. E também grandes financiadores de projetos de mobilidade urbana e
logística.

Especificamente sobre o Rio de Janeiro, o que a gente vê é um grande


crescimento dos desembolsos para o Estado. Esses números são exclusivos da
indústria automotiva. Saímos, do triênio 2006-2008, com cerca de 350
milhões de desembolso, para quase 820 milhões no último triênio, em valores
presentes, de 2014, se não me engano, o que mostra um crescimento de mais
do dobro, aliado ao crescimento da indústria, um crescimento da importância
da indústria automotiva no Rio de Janeiro.

Olhando relativamente, os desembolsos para a indústria automotiva feitos pelo


BNDES, o Rio de Janeiro passou de 2.5% para 4.6%.

Mesmo em termos relativos, praticamente dobrou sua importância na nossa


carteira.

Apenas de forma sintética, num trabalho prospectivo que acabamos fazendo lá


dentro do banco, nós enxergamos três grandes vertentes que devem delinear o
futuro da indústria. Então, a maior parte das ações das montadoras, falando
em pesquisa, desenvolvimento e inovação, vai estar guiada por uma dessas
vertentes, que passo a expor.

Pelo aumento da eficiência. De que estamos falando com isso? Do uso de


combustíveis alternativos, uso de biocombustíveis, uso de veículos elétricos,
assim como uso de novos materiais e melhorias - redução de peso,
principalmente - dos veículos que são produzidos.

Uma segunda vertente, relacionada à segurança, com a incorporação cada vez


maior de dispositivos de segurança ativa e passiva nos veículos. Hoje, os
veículos de carga representam boa parte dos acidentes que acontecem.

A última vertente, relacionada à conectividade. O que temos hoje é uma parte


importante de gestão de frotas e uma atenção cada vez maior ao conceito de
mobilidade inteligente. Então, uma das nossas frentes de trabalho é trabalhar
com esse conceito de mobilidade inteligente, dentro de um guarda-chuva
maior de cidades inteligentes. Temos trabalhado fortemente com essa linha de
ação e devemos lançar alguma novidade nos próximos meses.

Como perspectivas, vimos lá que a indústria automotiva trabalha em ciclos de


investimentos, e esse último ciclo de investimento está em desaceleração,
normalmente, porque isso acontece exatamente dessa forma. Então, não temos
como nos prender agora, nos próximos anos, e achar que vão ter várias outras
montadoras querendo se instalar no Estado do Rio. Muito pouco provável que
isso aconteça, dado que temos uma capacidade ociosa muito acima do normal.

Mas temos uma grande oportunidade de trazer fabricantes de componentes


locais para ampliação do conteúdo dessas fábricas que já estão instaladas.
Mais do que isso: temos um campo aberto enorme para atividades de
engenharia local. O Rio de Janeiro tem o privilégio de ter uma ampla
capacidade de pesquisa, tanto em nível federal, quanto em nível estadual, que
o coloca em posição de vantagem, se houver iniciativas para ampliação das
atividades de engenharia local. Talvez esse seja um dos pontos para o qual eu
chame mais a atenção. Esse é o cenário que vemos para os investimentos, nos
próximos anos.

Exclusivamente sobre caminhões, nossa perspectiva é de que haja uma


retomada da economia, dado que temos um direcionamento. Nossa matriz é
ainda excessivamente rodoviária e qualquer outro projeto de alteração de
matriz vai levar tempo para ser implementado. Logo, ainda seremos muito
dependentes de caminhões, tanto de caminhões mais pesados, principalmente
para transporte de safra, quanto de caminhões mais leves, destinados ao
transporte urbano. Então, melhorando as condições, enxergamos que haverá
uma retomada das vendas de caminhões.

Na parte de ônibus, é um mercado, como o Dr. Lélis falou, muito diferente do


de caminhões e muito dependente do poder público, dado que ele especifica o
ônibus que vai circular na cidade e especifica a tarifa. Isso meio que já orienta
todas as ações da indústria.

Os automóveis, embora nós não financiemos a venda de automóveis no banco,


financiamos a ampliação de capacidade para produção de automóveis.

Diferentemente dos outros dois, é um bem de consumo. Então, ele está muito
atrelado à melhoria das condições macroeconômicas, especificamente de
emprego e renda. Afinal, quem é que vai se endividar para comprar um novo
automóvel, se está enxergando que nos próximos dias pode perder o emprego?
Então, a melhoria das condições é fundamental.

Por fim, já encerrando minha apresentação, eu quero fazer algumas sugestões


não exaustivas para trabalho aqui, no Estado do Rio de Janeiro, já me
colocando à disposição, colocando a equipe do BNDES à disposição para
conversar, para voltar aqui ou participar de outros fóruns, para, enfim,
esmiuçar algumas propostas de atuação e estruturar ações do banco que
possam atendê-las.

Nós vemos que há um espaço muito grande para a capacitação de


fornecedores. Para políticas para micro e pequenas empresas, fornecer é um
eixo importante. O incentivo à infraestrutura de PID em engenharia, não só
pública, como privada, nas empresas pode ser fundamental neste momento.
Ter uma política de aumento de eficiência energética no transporte rodoviário
e urbano é fundamental para a melhoria do transporte, não só local, como
melhorando a produtividade nacional. E uma política destinada a cidades
inteligentes, aí eu estou puxando a parte de mobilidade, pode ter um impacto
relevante na redução de congestionamentos, na melhoria da acessibilidade do
transporte e da gestão desse transporte, tendo impactos em toda a cadeia
produtiva.
Por fim, a adoção de uma política de renovação de ônibus. Ela já existe, na
verdade, quando os municípios e as regiões metropolitanas aqui limitam a
idade máxima dos ônibus que circulam. Isso nada mais é do que uma
renovação de frota. Então, é fundamental que isso seja espalhado para os
outros municípios. Já fechando, o incentivo à profissionalização do
caminhoneiro autônomo pode ser muito importante neste momento em que a
frota mais antiga se encontra junto com os caminhoneiros autônomos. E, por
fim, o incentivo à exportação.

Era isto o que eu tinha para dizer. Quero agradecer novamente o convite e me
colocar à disposição para perguntas e para o que eu puder ajudar nos próximos
passos. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Quero agradecer ao Dr.


Bernardo, Gerente do Departamento de Indústria Metal Mecânica e
Mobilidade do BNDES, que nos trouxe aqui informações extremamente
importantes.

Passo a palavra ao Dr. Domingos Vargas, da AgeRio, só pedindo para a


exposição ser o mais breve possível. Estamos chegando aí ao final.

O SR. JOSÉ DOMINGOS VARGAS - Sr. Presidente Jorge Picciani, é um


prazer estar nesta Casa mais uma vez. Sra. Deputada Ana Paula Rechuan,
parabéns pela iniciativa. Quero cumprimentar também a Geiza pela
coordenação do Fórum.

O Governo do Rio de Janeiro vem, desde 2007, apostando no polo


automotivo, em função do Rio além do petróleo, desde o Governo Sérgio
Cabral, em 2007, e agora, no Governo Pezão, tem sido intensificada essa
atuação.

A AgeRio atua de duas formas bem distintas. Uma, junto com a Sedeis, que é
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e
Serviços, e a Codin, na atração das empresas. Temos aqui diversos clientes, a
Peugeot, a Mantz, etc. Essa cadeia automotiva vem dando muito certo, vem
colocando o Rio de Janeiro em condições de ser brevemente o segundo polo
automotivo do Brasil. Agora, inclusive, em março já podemos comemorar a
plena condução da Land Rover, começa já agora em março.

Quero ser bem objetivo, dizer que nós atuamos diretamente, como eu disse,
atraindo as grandes empresas para o Rio de Janeiro, e indiretamente com as
micro e pequenas empresas. Somos agentes financeiros da Finep. Portanto,
podemos propiciar, para inovação, um financiamento diferenciado. Por
sermos agentes exclusivos da Finep, temos taxas de juros diferenciadas.
Nossas taxas de juros vão de 6,5% a 7,5%.
Com relação a máquinas e equipamentos, financiamos com recursos do
BNDES, somos agentes financeiros do BNDES. Podemos atuar de 7% a
9,5%, também é um diferencial. Estamos desenvolvendo com a indústria de
fundos, no momento, um FIDC que vá de encontro a um velho pleito da
cadeia produtiva, com o objetivo de fazer uma operação similar ao desconto
de títulos. Também atuamos na AgeRio como o agente que ajuda na
assessoria de projetos. Estamos à disposição dos empreendedores para
trabalhar junto aos projetos, identificar a melhor forma de desenvolvê-los. E
também trabalhamos de maneira associada, sindicalizando operações, tanto
com o BNDES quanto os bancos privados, a Caixa e o Banco do Brasil. É
importante dizer que a agência de fomento no Rio de Janeiro trabalha de
forma transversal, procurando identificar as melhores oportunidades.

Quero colocar a AgeRio à disposição, não só em recebê-los aqui em nossa


sede, como também em agenda, lá no Sul Fluminense teremos muito prazer de
estarmos presentes lá.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Muito obrigado, Dr. Domingos


Vargas, presidente da AgeRio.

Quero agradecer a presença do Deputado Carlos Macedo, 4º vice-presidente


desta Casa, do Deputado Gilberto Palmares, do Secretário de
Desenvolvimento de Volta Redonda, Jessé Holanda.

Passo a palavra à nossa Secretária Estadual, em exercício, de


Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio de Janeiro, Dra. Dulce
Ângela.

Por favor.

A SRA. DULCE ÂNGELA – Muito obrigada, Sr. Presidente, é um prazer


para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico estar aqui. Falo em nome
do nosso Secretário Marco Capute, que não pode estar presente – está no que
mais gosta de fazer, que é atrair investidores para o nosso Estado, está fora e
tenho certeza de que na semana que vem terá ótimas notícias para nós todos.

Muito obrigada, mais uma vez, à Deputada Ana Paula. Cumprimento os


prefeitos - Conceição, Bruno, Vinícius -, queridos amigos de todas as horas,
outros companheiros aqui da Mesa, e em particular o meu queridíssimo
Deputado Paulo Ramos em quem cumprimento todos os Deputados, pela
antiguidade de nossa amizade, pela nossa parceria tão antiga, então em atos
inesquecíveis para mim, quando gritava “legenda para Paulo Ramos”. É
inesquecível em minha vida inteira, Sr. Deputado. Muito me honra estar aqui
neste momento com o senhor. Obrigada.

Muito obrigada aos colegas aqui presentes.

Quero lembrar alguns aspectos que a Secretaria tomou a frente, junto com os
dois Governadores - tanto Sérgio Cabral quanto agora Pezão -, que estiveram
à frente, tanto é que as ideias que o Governador Pezão aqui expôs em relação
à infraestrutura, que está ainda levando mais assuntos para Brasília, ainda esta
semana, são parcerias que vêm dessa organização do Cluster, e aproveito para
cumprimentar o atual presidente do Cluster, e os outros também – Saltini,
Fernanda, Adilson, que acho que estava também aí, que foi presidente do
Cluster -, e nós fizemos parte desde o primeiro momento do Cluster,
exatamente para ver os gargalos e as dificuldades.

Na época, o Secretário Júlio Bueno colocou plenamente à AgeRio, aqui já


falada pelo Dr. Domingos Vargas, e temos tido essa parceria constante. O
Governador Pezão tem se reunido lá na região também – não é, Deputada? -, a
Deputada tem acompanhado, o Prefeito Rechuan também.

O que quero lembrar aqui um pouquinho o 2008, a crise. A crise internacional


de 2008 pegou o setor automotivo internacional em cheio. Nós, aqui no Rio de
Janeiro, passamos, não digo a largo, mas conseguimos passar exatamente pela
união que tivemos, e em 2010 já tivemos produção positiva. E assim será
também esse momento.

Eu estava vendo os dados de exportação, Sr. Presidente, e acho que esta Casa
terá um papel preponderante para levar às negociações com outros países,
sobretudo às negociações bilaterais, abrindo novos mercados para exportação
do Rio de Janeiro.

Estamos vendo aqui, por exemplo, que em Resende, de janeiro a julho, houve
aumento de exportação de veículos, enquanto, naturalmente, Porto Real sofreu
uma queda e Itatiaia aumentou também. Então, é um novo mercado, é um
mercado que se abre sem dúvida alguma agora para os produtos de qualidade
e com competência profissional que nós temos aqui pelo nosso parque já
demonstrado.

Outro ponto de estratégia importante, para nós, que eu quero frisar é a questão
da exportação, quero frisar também que a Secretaria está pronta, não só pronta
como vem fazendo todas as análise possíveis de incentivo de trás para a
frente, de frente para trás, da melhor maneira de encontrar a saída e a
melhoria. Estamos aqui com alguns prefeitos que sabem bem como nós
trabalhamos, e o Sr. Presidente é testemunho, eu espero, desse trabalho
conjunto que fazemos.
Vamos sair, sem dúvida alguma, desse momento difícil, tenho certeza disso.
As estratégias estão para serem discutidas, avalizadas, consensualizadas, na
medida do possível, como tão bem disse o senhor, no início.

E este é o melhor Fórum, é a melhor Casa, porque vamos precisar, sem dúvida
alguma, de leis específicas, vamos ter que ter o apoio desta Casa - como foi
bem lembrando pelo Governador Pezão, nós já tivemos este ano seis medidas
aprovadas, já leis aprovadas que dizem respeito à economia, exatamente para
nos ajudar e ajudar o Poder Executivo e o Estado, como um todo, a saírem
desse momento.

O setor automotivo nos honra muito. Hoje, somos 5% do mercado brasileiro


na produção. E já temos outras indústrias interessadas a virem para cá, além
de estarmos com uma cadeia de fornecedores forte e se instalando ao longo
desse tempo.

Desde 2003, nós trabalhamos com essa vertente: a atração de investimentos.


Foi a partir daí, sim, que nós mergulhamos no setor automotivo e contamos
com eles, com o Cluster tão bem cuidado e uma excelente governança, que
levam à possibilidade de melhorarmos nesse caso.

Sr. Presidente, quero frisar mais uma vez que a nossa estratégia passa por esta
Casa, sem dúvida alguma. Aumentar a exportação, e aumentar significa
trabalhar junto ao Governo federal para aumentar as negociações de governo
para governo, abrir mercados novos. Temos possibilidade de tê-los hoje e
tanto o mercado interno também.

Hoje, o Brasil tem apenas seis pessoas por veículos, enquanto a Argentina,
nossa vizinha, tem quatro por veículos. Então, nós temos um mercado grande
a aumentar, a melhorar e será, sim, com a batuta dos senhores, tanto do Sr.
Presidente, da Sra. Deputada Ana Paula Rechuan, que também seguem esse
setor, como também do nosso Governador Pezão.

Quero dizer que o Marco Antonio Capute está absolutamente aberto, à


disposição, juntamente - acho que posso falar, não é Roberta? - com o nosso
Secretária da Fazenda, Júlio Bueno, para tratar dos assuntos e das aberturas
possíveis de todos os incentivos mais justos e permitam maior emprego e uma
geração de renda melhor para a nossa população.

Muito obrigada pela oportunidade. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Quero agradecer a Dra. Dulce


Ângela, pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico.
Antes de passar às considerações finais, quero cumprimentar os Vereadores de
Iguaba Grande, Marcelo do Regional e Nilton Amorim.

Temos uma pergunta que acredito, Roberta, que é para você. Você ficou
caladinha aí, não quis falar, mas agora segue uma pergunta que acredito seja
para você. A pergunta é feita pelo André Luiz Amêndola, presidente do CDL
de Resende.

“Sabemos que o imposto estadual ICMS que compõe o custo dos produtos
automotivos e que a taxa do mesmo no Estado do Rio de Janeiro é de 19%,
uma das maiores do país, qual seria a possibilidade e o impacto de se
equiparar aos 12% praticados no Estado limítrofe à região Sul fluminense e a
São Paulo, mesmo que por um período determinado?”

Vou fazer chegar às suas mãos, Roberta. O som, por favor. Vê se esse está
funcionando, por favor.

A SRA. ROBERTA MAIA – Sim, já está funcionando.

Bom dia a todos! Bom dia, Presidente!

Peço desculpas pelo compromisso do Júlio Bueno, mas – a Dulce disse muito
bem – nós estamos sempre juntos construindo soluções para melhorar a
situação do Estado, mantendo a competitividade.

Então, sobre a matéria acerca de reduzir a carga tributária, nós estamos


dispostos a sentar junto com a Secretaria de Desenvolvimento, que é a maior
parceira da Secretaria de Fazenda, e construir, analisando o setor e vendo a
possibilidade de realmente aplicar essa redução da carga tributária.

Estou à disposição lá para o que vocês precisarem.

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Perfeito, Roberta. Quero


agradecer. É evidente que, nesse tema de desoneração, sobretudo no setor
automotivo, em que há imposto retido na fonte nos outros Estados, que gera
um crédito, que tem uma competitividade, talvez o caminho da indústria do
Rio de Janeiro não passe muito por aí, até porque todas as indústrias
receberam incentivos tributários, ou de diferimento ou de alongamento,
capitalizando-se até 75%, às vezes mais, do ICMS devido pelos primeiros
anos de instalação.

Essa questão tributária é rigorosamente complexa, tem que ser estudada caso a
caso. Eu complementaria a fala da Roberta dizendo que o Governo do Estado
tem sempre estado presente. Hoje mesmo, teremos uma rodada de negociação
aqui sobre o Fundo Estadual de Desenvolvimento de Habitação, Econômico e
Social do Estado do Rio de Janeiro, com a presença do Secretário da Casa
Civil e, provavelmente, de outros Secretários e com o Colégio de Líderes.
Este debate, Presidente do CDL, é permanente entre o setor produtivo, o
Poder Executivo e o Parlamento. É isso, acho que tem que ser discutido
mesmo.

Há alguém que queira fazer mais alguma pergunta? Antes de nós encerrarmos,
eu quero ouvir aquele que recebe os trabalhadores, o Deputado Paulo Ramos,
do PSOL, que preside a Comissão de Trabalho. Ele é quem recebe o conjunto
de sindicatos e trabalhadores nesta Casa. Peço ao Paulo que faça uso da
palavra.

O SR. PAULO RAMOS – Cumprimento todos, Sr. Presidente, Deputada Ana


Paula Rechuan, retribuindo a alegria com que me saudou a Dulce Ângela,
desde os tempos da Assembleia Nacional Constituinte, manifestando a nossa
saudade também em relação ao grande Artur da Távola.

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Permita-me, Paulo,


cumprimentar o Deputado Federal Celso Jacob, que estava aqui presente, e o
Deputado Janio Mendes, 1º vice-líder do Governo Pezão. Desculpe.

O SR. PAULO RAMOS – Cumprimento todos os parlamentares na pessoa do


Deputado Dr. Julianelli, que vem também de Resende e tem manifestado, na
nossa reunião de bancada, uma grande apreensão em relação ao
desenvolvimento da região, ao desenvolvimento do Rio de Janeiro, e especial
do sul fluminense e do setor automotivo. Cumprimento todos.

Presidente, precisamos incluir naquela faixa do Fórum Permanente de


Desenvolvimento representações dos trabalhadores também. Há essa lacuna
que pode ser preenchida. Temos aqui representantes do Sindicato dos
Metalúrgicos de Volta Redonda e de outros sindicatos, e tenho certeza de que
V. Exa. vai acolher esta minha proposição de imediato.

Muitas vezes, as dificuldades surgem, os problemas aparecem e a solução


depende sempre de alguém, que acusa: falta vontade política. Estamos
percebendo, hoje, que não falta vontade política. Foram muitas as sugestões.

Fiquei feliz com a abertura da Caixa Econômica Federal. Falam assim: falta
dinheiro para investimento. Olhem, não falta. Está aqui a Caixa Econômica
Federal. Está aqui o BNDES. O Dr. Lelis estava dizendo: “Olha aqui vamos
ver se...” Vamos agarrar esse crédito oferecido pelos nossos órgãos públicos
de financiamento.

Os bancos privados estão experimentando grandes lucros e não vemos, em


relação aos bancos privados, esse compromisso com o investimento - uma
espécie de retribuição para o desenvolvimento. Falam: “Ah, mas o Brasil vai
perder o grau de investimento.” Embora o Brasil seja o sexto país do mundo
que recebe investimento direto em atividades diretamente produtivas sem a
mediação de qualquer organismo financeiro internacional.

Vejo que há vontade política. A crise é muito grande. Temos que admitir que
muitos problemas surgem e também os fatos foram acontecendo sem o
planejamento devido para amenizar situações.

Sr. Presidente, quero aproveitar a oportunidade porque tenho feito uma


propaganda de algo e já que o Dr. Lelis está aqui, falei: “Vamos votar, hoje, o
nosso projeto – o meu e do Presidente – em relação à prevenção a roubo e
furto de carro.” Está ali o representante do setor. Vamos votar hoje.

Sr. Presidente, tenho debatido nesta Casa – aí sai do Sul do Estado –, Dr.
Lelis, uma proposta que envolve a revitalização da Zona Portuária. Temos a
Baía de Guanabara e já que o Governador, hoje, está inaugurando a Agência
para o Desenvolvimento Metropolitano, tenho discutido – friz um documento
que já foi aprovado – para que o Governo faça um estudo de viabilidade.

Não é possível que a Baía de Guanabara não seja aproveitada mais ainda para
o transporte de massa. A Praça XV fica congestionada. Temos no início da
Av. Brasil, no final da Av. Rodrigues Alves, dois Armazéns – não se pode
dizer que não tenha calado, porque tem – para criar um novo terminal de
barcas para trazer os trabalhadores, principalmente, de quase todos os
municípios praticamente da Região Metropolitana. Então, vamos aproveitar.
Tem sido muito difícil fazer esse estudo de viabilidade. Mas precisamos tomar
essa iniciativa, porque a Região Metropolitana precisa e merece.

De qualquer maneira, em relação ao setor automotivo essa questão que


envolve agora o Sul do Estado, há vontade política. Várias ideias foram
apresentadas, até transporte intermunicipal, já que vários municípios têm seus
trabalhadores se deslocando para a indústria automobilística.

Acredito que, com a liderança do nosso Presidente, seguramente vamos


caminhar bem.

Acredito que não só a preservação dos postos de trabalho, mas o


desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro como um todo estará a exigir a
afirmação dessa vontade política que vem acentuada aqui.

Um abraço a todos. Dulce, um beijo, meu amor. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, Paulo. Chamo de


Paulinho. São muitos anos de luta política em defesa do Estado do Rio de
Janeiro.
Quero agradecer muito a todos. Farei um agradecimento especial a presença
de cada um, mas muito especialmente também àqueles que fizeram as
exposições. Serão muito úteis na continuidade daquilo que esta reunião se
propõe, que é abrir canais de negociação que permitam, de fato, não só ser
prazerosa, mas que possamos ter eficiência em bater à porta do BNDES, da
AgeRio, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, da Caixa Econômica
Federal e do Banco do Brasil – que não está presente.

O Paulo lembra muito bem os bancos privados. Por que não? Verificamos
que, por exemplo, o Dr. Lelis faz conta ali de que os juros subiram, e subiram
mesmo. Infelizmente a inflação subiu, subiram os juros, subiu o dólar em
relação ao real. A situação é delicada do ponto de vista macroeconômico, é
delicada do ponto de vista político e, se não tivermos cuidado, ela caminha
para uma crise institucional – seria um retrocesso no País.

Somos contra qualquer retrocesso democrático, pois achamos que, quando o


povo se pronuncia, temos que respeitar o resultado das urnas. Eu já venci e
perdi muitas eleições, e nas últimas eleições presidenciais apoiei o candidato
que perdeu no segundo turno – eu e o Deputado Comte Bittencourt, Presidente
da Comissão de Educação desta Casa. Mas ambos temos a opinião de que,
depois que o povo se pronuncia, devemos respeitar o resultado das urnas.

Esta é uma Casa política, por isso peço licença para falar sobre o que vejo no
Brasil hoje. É responsabilidade de quem venceu as eleições governar.

O regime presidencialista é gerador de crise e exige composição que leve à


formação de maioria, pois não se governa sem maioria; é dever de quem se
propôs a governar o País, o Estado ou o Município buscar alternativa para
compor maioria. Mas também sou contra qualquer tipo de retrocesso
institucional, pois acredito que, quem venceu no voto popular, tem que ficar
no cargo.

O Brasil não é uma republiqueta onde se derruba Presidente a cada dois anos;
o Brasil precisa avançar, sentar á mesa e construir soluções. O Congresso
Nacional teme essa responsabilidade, junto com o Poder Executivo, o Poder
Judiciário e a sociedade civil.

Tivemos aqui a presença da Firjan, e há duas semanas estive em um almoço


com a Direção do órgão para falar um pouco sobre isso, sobre meu sentimento
de que devemos ajudar a retomar o caminho de um Brasil que tem 204milhões
de brasileiros e brasileiras - Brasil que está acima de tudo e de todos.

Os governantes são passageiros, os mandatos são passageiros, são


temporários. Vocês, funcionários, são permanentes, e nós inclusive
defendemos que a idade para a aposentadoria compulsória aumente de 70 para
75 anos, de forma a diminuir o peso na Previdência.

A situação do Rio de Janeiro é gravíssima: teremos entre 16 e 17 bilhões para


pagar 260mil aposentados e pensionistas no próximo ano; temos mais de
7bilhões de serviços da dívida; nossa receita líquida tributária é a de maior
queda no País. E isso não se dá por falta de trabalho da equipe do Dr. Júlio
Bueno e da Roberta, porque todos têm trabalhado intensamente. É que a
economia do Rio de Janeiro está sendo atingida de forma contundente.

Quando a Petrobras deixa de investir ou perde capacidade de investimento é


muito grave para a economia nacional, é muito grave para mais de 51mil
fornecedores da empresa, que é a maior empresa brasileira – pode estar
enfrentando um problema de subvalorização, mas é a maior empresa e é
estratégica para o desenvolvimento nacional; ela, assim, atinge a economia
brasileira como um todo, mas atinge na alma a economia do Estado do Rio de
Janeiro.

Recebemos o Cônsul-Geral dos Estados Unidos na semana passada e


conversamos sobre o fato de o quadro mundial não ser de preços altos para o
petróleo nos próximos anos.

Isso é bom por um lado, ruim por outro, mas também não podemos ficar
apostando em receita com preço alto dos produtos. Mas sabemos que há um
desequilíbrio nessa questão do Pré-Sal. A situação para o Rio de Janeiro é
extremamente grave. O Rio de Janeiro, em boa hora, procurou diversificar sua
base econômica, Dulce.

Vocês têm feito ao longo desses últimos oito, nove anos, um trabalho
excepcional, mas não é suficiente. Nós precisamos alargar mais, por isso que
está sendo discutindo agência de desenvolvimento da Região Metropolitana,
por isso o Dr. Júlio virá a esse Fórum no dia 16 para discutir uma nova lei de
incentivo fiscal que atinja a todos os 92 municípios, que atinja a recuperação,
por exemplo, Paulo, da Avenida Brasil, de empreendimentos comerciais e de
serviços ao longo da Avenida Brasil, que está degradada, além de todos os
municípios, estudando para não cometer o equívoco de fazer uma
concorrência predatória. Não adianta se instalar uma nova indústria ou uma
nova empresa do setor comercial que venha em detrimento de uma que já
esteja instalada. Toda essa questão é muito sensível, mas distribuir a riqueza
de forma mais universalizada no território do Estado do Rio de Janeiro é
fundamental para um desenvolvimento equilibrado, você evitar essa migração
que houve, sobretudo dos anos 70 e 80, quando as pessoas se deslocaram do
interior, do campo, no Brasil inteiro, criando megalópoles, grandes
metrópoles, nós temos que evitar isso e isso se faz com desenvolvimento mais
sustentável.
Este Fórum não tem nenhuma pretensão de resolver nada, ele tem a pretensão
de que o Parlamento é para intermediar, para ouvir, para conversar, aqui a
gente tem buscado sempre um caminho muito mais propositivo.

Nós estamos discutindo a questão da Petrobras no eixo do que o Rio de


Janeiro perde com a Petrobras mais fraca, como é que pode se recuperar a
capacidade de investimento da Petrobras. Estamos discutindo a crise hídrica
num viés não de ver de quem é a culpa, mas o que fazemos daqui para frente,
como equilibramos isso no Estado do Rio de Janeiro. Este é o Parlamento que
permite partidos com as mais diversas posições, sejam ideológicas, sejam de
entendimento da sociedade, sejam de divisão econômica, divisão social,
conviverem com suas diferenças e saindo de dissensos para consensos
mínimos possíveis para o Rio de Janeiro avançar. Por isso, Dulce, que o
Governador Pezão diz que ele tem tido o apoio desta Casa, mas tem tido
dentro de um amplo debate. Esta Casa não tem aberto mão de interferir, de
modificar o texto, e tem tido um governo muito proativo. Por exemplo, nessa
matéria tributária que é muito difícil, o Dr. Júlio Bueno e a equipe vêm aqui e
não têm nenhum nível de arrogância em ceder em posições dos mais diversos
parlamentares no sentido de que o Parlamento entende que pode aperfeiçoar
aquilo que foi concebido pelos técnicos. Mas também não há nesta Casa
nenhuma prevenção em achar que o que tem sido feito pelos técnicos está na
base da tecnocracia e devemos votar contra, eliminar. Quer dizer, essa
capacidade de diálogo é que eu aponto como eixo de recuperação do País. Eu
acho que as lideranças nacionais, dos mais diferentes partidos, têm que
respeitar o mandato da Presidente Dilma, e falo isso com a maior
tranquilidade, porque tentei derrotá-la até às 5 horas da tarde do domingo no
segundo turno das eleições, no primeiro turno das eleições, mas acho que
depois que povo se pronuncia, devemos respeitar o resultado, unir forças.

Aqui no Rio de Janeiro, o meu partido ganhou algumas vezes, perdeu muitas
outras, e nós continuamos trabalhando da mesma forma aqui, pensando no
desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro.

Então, desejo melhor sorte ao País.

Quero agradecer aos meus colegas aqui presentes, parabenizar a Ana Paula
por essa iniciativa; parabenizar o Julianelli, que é lá do Sul, também lutando
por essa mesma bandeira; os Deputados Federais Alexandre Serfiotis e o
Celso Jacob, que são daquela região; os Prefeitos Rechuan, Vinícius Farah e
Bruno, que são da mesma região, que estão aqui também apoiando esta causa.
Mas quero agradecer muito aos convidados, à nossa representante da Caixa
Econômica Federal; ao nosso representante do BNDES; da AgeRio; da
Secretaria de Fazenda; da Secretaria de Desenvolvimento Econômico; e ao
Governador.
O Governador já estava na segunda agenda; nós já tínhamos vindo de uma
agenda com o Presidente do Tribunal de Justiça, com o Presidente do Tribunal
de Contas, com o Procurador-Geral de Justiça e técnicos, discutindo a questão
do orçamento do Estado, que chega a esta Casa no final deste mês. O
Governador teve que voltar para a questão da Agência.

Nós vamos ter agora a Reunião da Mesa Diretora da Casa. Está aqui o nosso
reitor da Uerj, que vai tratar de assunto específico da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro conosco. E, logo a seguir, temos reunião do Colégio de
Líderes, para discutir o Fundo de Habitação Social do Estado do Rio de
Janeiro. E, logo a seguir, às 15 horas – espero que dê tempo de o Paulo Ramos
almoçar -, Sessão Ordinária.

Então, o meu agradecimento a todos. Muito obrigado. Está encerrada a


Sessão.

Você também pode gostar